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1 Beatriz Machado de Almeida Farmacologia – Aula 10 - Antiplaquetários Fármacos antiplaquetários Hemostasia • A hemostasia compreende uma série de eventos provocados por mecanismos endógenos altamente regulados que envolvem uma serie de substancias, fatores, reações enzimas que são necessárias para mantem a fluidez do sangue, livre de coágulos, em veias e artérias normais íntegras, sem que a parede arteriolar esteja com alguma lesão. • Lesão vascular é um importante gatilho para formação rápida do coágulo. Então, algumas substancias que estão contidas abaixo do endotélio quando expostas a circulação sanguínea estimulam a ativação de plaquetas. Fisiologicamente é um objetivo bem conhecido e que visa impedir a perda de sangue e permitir a cicatrização do local lesionado. • Fluxo sanguíneo anormal também estimula a coagulação. Depende da velocidade do fluxo sanguíneo, intensidade de choque do fluxo sanguíneo com as paredes vasculares. Então, além de uma possível alteração vascular, alterações nesse fluxo sanguíneo, um sangue mais viscoso como em pacientes com diabetes, ou seja, anormalidades no fluxo sanguíneo. Então, nosso sistema homeostático envolve a coexistência de fatores coagulantes, e fatores anticoagulantes. A fibrinólise, como o balanço entre ativação desses fatores e a desconfiguração do coagulo formado. Trombose – Tríade de Virchow • Lesão vascular; • Estase ou turbulência no fluxo sanguíneo; • Hipercoagulabilidade. • A Tríade de Virchow lista os três principais parâmetros envolvidos na formação de um trombo, a trombose. • A Hipercoagulobilidade, Lesão vascular e estase ou turbulência ou anormalidades no fluxo sanguíneo. • Esses parâmetros estão interligados, independentemente do parâmetro inicial, há um a grande probabilidade do aparecimento de outro acontecimento desse. Sendo que estes elementos “conversando entre si” levam a formação do trombo vascular. Hemostasia PRINCIPAIS COMPONENTES: • Parede vascular (endotélio); • Plaquetas (ADP, TXA2, 5-HT – substâncias liberadas pelas plaquetas); • Cascata de coagulação, famosas vias intrínsecas e extrínsecas; A partir da modulação desses importantes componentes a hemostasia consegue ser mantida ou alterada, dependendo do parâmetro que foi modulada, seja uma lesão ou um fármaco. Endotélio • Quando íntegro produz de fatores que inibem a adesão de plaquetas: Prostaciclinas e NO2. (Lembrando que falamos de prostaciclinas na aula de AINES, que elas são fatores anticoagulantes. Fatores liberados no endotélio que servem como regulação do tromboxano, pró-coagulante). Então, enquanto há integridade das células dos vasos produzem e liberam prostaciclinas e óxido nítrico - fatores portanto, que inibem a adesão plaquetária, visto que, se esse endotélio está íntegro não é necessário a formação de um tampão plaquetário, que evitar o extravasamento sanguíneo de uma possível lesão. • No entanto, alguns fatores podem levar à ativação endotelial, sendo que este epitélio deixa de liberar ou reduz a liberação de prostaciclinas e óxido nítrico e passa a produzir e liberar substâncias ou fatores que favorecerão a agregação plaquetária. Esta ativação pode ser provocada por uma lesão no endotélio, inflamação, infecção, forças hemodinâmicas (alteração da viscosidade sanguínea). Na figura abaixo tem alguns parâmetros interessantes produzidos pelo endotélio e expostos ao fluxo sanguíneo, para que as plaquetas interajam com estes fatores expostos e entendam que naquela região do vaso é necessária uma reparação – ativação plaquetária – 2 Beatriz Machado de Almeida Farmacologia – Aula 10 - Antiplaquetários ativação do trombo, da rede de fibrinogênios pra eliminação do possível extravasamento sanguíneo. E, tem alguns fatores que são liberados pelo endotélio pós lesão, são eles: ❖ Fator de von Willebrand (vWF): Induz a agregação plaquetária – ela ancora as primeiras plaquetas entre o endotélio e subendotélio (?), depois de liberado se liga a rede subendotelial e capta, através de um receptor e interagindo com o Fator de Vwf, dando início ao início da agregação plaquetária. ❖ Fator tecidual: induz ativação da coagulação ❖ O fator tecidual que são proteínas que estarão presentes nas células endoteliais vizinhas à lesão. PLAQUETAS – importantíssimo para que a coagulação aconteça. ❖ Fragmentos celulares anucleados provenientes de megacariócitos da medula óssea. Esses fragmentos do megacariócito circulam no nosso corpo de forma inativada. A ativação vai ocorrer em encontro com os fatores, como vWF. Uma vez que esses fatores se encontram com os fatores teciduais ocorrem modificações intracelulares nessas plaquetas e algumas sinalizações que vão ativar outros receptores. Estes outros receptores ativados, serão fundamentais para a propagação da formação do coágulo. Então, uma plaqueta ativada vai se ligar a uma outra, que vai ativar outra, e outra, outra...e assim, se tem uma cascata de ativação plaquetária. Importante: esses fragmentos celulares concentram os fatores de coagulação, que é uma reação em cadeia que envolvem a ativação de inúmeras substâncias proteínas, sendo que a grande maioria delas são produzidas e liberadas pelas próprias plaquetas quando estão ativadas. Aqui tem um esquema que vai desde a ativação plaquetária passando pela liberação dos sinalizadores que irão estimular a ativação de mais plaquetas – a aglutinação plaquetária – até a formação do tampão de fibrina e uma possível fibrinólise posterior. IMPORTANTE PRESTAR ATENÇÃO NO PASSO A PASSO! No quadro 1: Temos os atores responsáveis pela coagulação sanguínea – as plaquetas, que neste momento estão em repouso (azuladas e arredondadas); O subendotélio e as fibras colágenas. Além disso, as células endoteliais. Então em situações normais temos as plaquetas circulando pelo organismo em repouso, células endoteliais intactas e sadias, a camada subendotelial e as fibras de colágeno, sem contato direto com as plaquetas. Essas plaquetas quando inativas tem basicamente esse comportamento, a manutenção da inativação delas depende dos fatores que serão ditos posteriormente. Lembrando que as células endoteliais intactas produzem e liberam prostaciclinas e óxido nítrico. Então, a produção e liberação dessas substâncias na circulação sanguínea interagem com receptores de prostaciclinas presentes nas paredes das plaquetas. Estes receptores acoplados com a proteína G quando estimulados pela prostaciclina leva a formação de AMP cíclico (AMPc), então é uma adenilato ciclase. Essa adenilato ciclase quando ativada transforma ATP (travou) em AMPc, que é uma substancia que dentro das plaquetas diminui a liberação de cálcio, sendo este, um íon essencial para a cascata de coagulação, na ativação dos fatores. Além disso, o AMPc gerado pela ativação da adenilato ciclase via receptores de prostaciclinas acoplados a proteína G, leva a uma inativação dos receptores GP2B3A. 3 Beatriz Machado de Almeida Farmacologia – Aula 10 - Antiplaquetários Então, como a prostaciclina mantém uma plaqueta inativa? Se ligando a receptores de prostaciclina, que estão acoplados à proteína G, que por sua vez ativa a adenilato ciclase convertendo ATP em AMPc. Quanto mais prostaciclina se tem, ligando e ativando esse receptor, mais AMPc terá dentro da plaqueta, e por consequência, menos cálcio a plaqueta será capaz e liberar, reduzindo então o estímulo à cascata de coagulação. Se não bastasse, o AMPc também inativa os receptores de GP2B3A. Em breve veremos que o GP2B3A é fundamental para agregação plaquetária. É através deles que uma plaqueta se une a outra. Então, se tem inativação desse receptor terá uma deficiência da agregação plaquetária. Pergunta: E essa prostaciclina foi produzida noendotélio? Sim, no endotélio sadio. Todo esse processo homeostático de prostaciclinas, inativação da ativação plaquetária ela começa a ser perturbada quando se tem uma lesão endotelial. Então, com a lesão a plaqueta que estava em repouso, em contato com fatores teciduais e Fator de Von Willebrand, elas se ativam. Estando ativada começa a produzir e liberar substancias que vão estimular mais plaquetas a se ativarem. Quadro 4: Então, na imagem mostra o início da formação do tampão plaquetário, com adesão plaquetária. E agora que essas plaquetas estão ativadas passam a liberar mais substâncias (tromboxano A2, ADP, Serotonina, e fator de agregação plaquetária – mediadores químicos que vão ativar mais e mais plaquetas). Com a liberação de substâncias neste local da lesão vascular, mais plaquetas serão ativadas e se ligam as plaquetas que já estão presentes neste tampão plaquetário, formando a chamada aglutinação plaquetária. Mas, como essas plaquetas saem do estado de inativação para ativação? Quadro 5: Esses mecanismos de ativação, via tromboxano A2, via trombina, via ADP. Então, são substâncias liberadas por plaquetas que estimulam a ativação de outras plaquetas. Todas essas substancias tem o principal objetivo de aumentar os grânulos plaquetários, que contem cálcio e outros ativadores: cálcio, trombina, ADP, tromboxano, serotonina, PAF. Dentre os mecanismos de ativação, além da liberação de mediadores, o famoso receptor de GP2B3A se torna ativado (Quadro 6). Com a ativação da plaqueta há uma mudança conformacional e isso faz com que esse receptor tenha afinidade com uma molécula chamada fibrinogênio. Esta é uma molécula fundamental na agregação porque ela vai fazer uma ponte entre os receptores de GP2B3A ativo de uma plaqueta com um receptor GP2B3A de outra plaqueta. O cálcio elevado leva a liberação dos grânulos plaquetários, ativação da síntese de tromboxano e ativação dos receptores de GP2B3A. (Quadro 8) Mas, a formação do coágulo não depende apenas da agregação plaquetária. Existe também uma proteína insolúvel chamada fibrina que é produzida a partir do fibrinogênio, a mesma molécula responsável por uma ligação de uma plaqueta a outra pelo receptor GP2B3A é uma proteína que quando metabolizada pela trombina se transforma em fibrina, e esses polímeros de fibrina interagem entre si e com as plaquetas formando uma rede de proteína insolúvel, e isso faz com que esse tampão ganhe resistência, força, impedindo que o quadro não se desfaça. Como controle de formação de fibrina tem-se o processo de fibrinólise. Existe o fator ativador de plasminogênio tecidual que é responsável por converter o plasminogênio (substancia que circula no plasma) em plasmina. Esta, regula o crescimento do tampão. Imaginem que tem um vaso lesionado e, e então se inicia toda a sequência de eventos celulares de ativação. As plaquetas começam a se depositar. Mas qual o mecanismo de controle de ativação plaquetária e principalmente da formação da rede de fibrina? este tampão tende sempre a aumentar chegando até a prejudicar o fluxo sanguíneo?! Sim, por isso é importante ter um controle que ocorre através da ativação do plasminogênio, que o fluxo de plasmina ativado nessa região vai clivar essas moléculas de fibrina em pequenos peptídeos, delimitando o processo de formação do coágulo naquela região que precisa de fato ser tamponada. É como se fosse uma “lixa” que vai modulando o crescimento do tampão de fibrina. É importante deixar claro que o processo de coagulação é um processo complexo envolvem diferentes células e fragmentos celulares, substâncias e vias. Isso permite 4 Beatriz Machado de Almeida Farmacologia – Aula 10 - Antiplaquetários pensar que existem fármacos que atuarão em diferentes regiões da coagulação. Aderência e agregação plaquetária Fator de von Willebrand medeia a aderência das plaquetas ao subendotélio através de sua ligação à glicoproteína GPIb da membrana plaquetária e ao colágeno subendotelial exposto. Durante a agregação plaquetária, o fibrinogênio estabelece ligações cruzadas entre as plaquetas, através de sua ligação a receptores GPIIb-IIIa nas membranas plaquetárias. O fármaco antiagregante plaquetário vai agir nos fatores de agregação plaquetária. Por isso, é necessário entender como os fatores funcionam para saber como os fármacos podem agir neles. A primeira interação entre plaqueta ativada e o subendotélio (após endotélio lesionado) é através do fator de von Willebrand (liberado pelas células vizinha), mediando a aderência das plaquetas, através da ligação com glicoproteína ao GPIb. Durante o processo de agregação, o fibrinogênio é a molécula responsável por fazer a ligação cruzada entre as plaquetas. Em resumo: fator de com Willebrand liga a plaqueta ao subendotélio (receptor GPIb). O fibrinogênio liga a plaqueta a outra plaqueta (receptor GPIIb-IIIa). As plaquetas ativadas têm sua forma modificada e liberam o conteúdo de seus grânulos; formam-se agregados plaquetários à medida que plaquetas adicionais são recrutadas e ativadas. O recrutamento das plaquetas é mediado pela liberação de fatores plaquetários solúveis, incluindo ADP e tromboxano A2 (TxA2). O fator tecidual, expresso no endotélio ativado, é um componente iniciador crítico da cascata da coagulação. As membranas das plaquetas ativadas fornecem uma superfície para a ocorrência de várias reações críticas da cascata da coagulação, incluindo a conversão da protrombina em trombina. Quando a plaqueta está ativada, ela tem uma mudança de forma. Além disso, libera conteúdo de seus grânulos, que, além de cálcio, possuem outros fatores. São essas moléculas liberadas que vão facilitar o recrutamento de novas. O fator tecidual é expresso e exposto no endotélio ativado (vizinho a lesão) é fundamental no processo inicial da cascata de coagulação. A membrana plaquetária ativada consegue desempenhar um papel de enzima (catalítico). Algumas glicoproteínas são expostas nessa membrana e substâncias importantes no processo de formação do trombo interagem com essas proteínas expostas, fornecendo mais substâncias importantes para a formação do trombo, como a trombina. Ativação de plaquetas – TXA2 Tromboxano A2 é uma das substâncias que participa do processo de ativação plaquetária. A inibição da cascata de coagulação, via TXA2 é uma via farmacológica. Então, os fármacos dessa linha limitam toda a cascata apontada acima. Em um processo de iniciação de formação do trombo: Uma plaqueta ativada (a partir com a interação com fatores de von Wilibrand ou com fator tecidual) começa a produzir e liberar substancias, dentre elas o TXA2. O TXA2 se liga aos receptores de tromboxano, que são transmembrana, acoplados à proteína G do tipo q. Se é uma proteína do tipo Gq, ela estimula a ação da fosfolipase C, que converte o fosfato inositol difosfato 5 Beatriz Machado de Almeida Farmacologia – Aula 10 - Antiplaquetários (PIP2) em diacilglicerol (DAG) e inositol trifosfato (IP3). O efeito sinalizador do TXA2, via a receptor de tromboxano acoplado à proteína G, é fornecer para a célula DAG e IP3. A partir dessas duas moléculas, outras cascatas de evento vão acontecer dentro das plaquetas, para levar ao efeito da ativação. OS EFEITOS SÃO: ❖ IP3: é uma molécula que estimula a liberação citosólica e cálcio, ou seja, liberação de cálcio pelas plaquetas. O cálcio é importante para ativar a fosfolipase A2. ❖ DAG: ativa a proteinocinase C (PKC). O PKC, junto com o cálcio, ativa a fosfoliapse A2, que ativa o receptor GPIIb-IIIa. GPIIb-IIIa ativado tem capacidade de interagir com fibrinogênio. Dessa forma, essa plaqueta tem a capacidade de se liga a outra plaqueta que tenha o GPIIb-IIIa ativado, dando origem à agregação plaquetária. Se houverum fármaco que impeça a formação de TXA2 pelas plaquetas, que funcione como antagonista GPIIb- IIIa, serão potenciais antiagregante plaquetários. Ativação de plaquetas – ADP e trombina Também ativam plaquetas. O ADP ocorre por uma via diferente. E a trombina será por uma via similar ao TXA2. Mecanismos responsáveis pela agregação plaquetária (3 mecanismos e 2 moléculas): ADP Liberado por moléculas ativas. Se ligam ao receptor P2Y (receptor de ADP), que é acoplado à proteína Gi. A fração alfa i é responsável por inativar o adenilato ciclase. O adenilato ciclase é responsável por converter ATP em AMPc. Com a inativação pela porção alfa, haverá MENOS AMPc (pois ocorreu menos conversão). Com menos AMPc, tem menos PKA. Essa diminuição do PKA leva a ativação de atividade plaquetária. Então, o PKA é responsável pela inibição da plaqueta. Menos AMPc → menos PKA na plaqueta → maior ativação plaquetária. Além disso, existe o receptor P2Y1, que fica acoplado a proteína Gq, que ativa a fosfolipase C. TROMBINA Tem um receptor específico (receptor de trombina) na parede plaquetária, que é acoplado à proteína Gq. Proteína Gq ativada ativa fosfolipase C (PLC). Há o mesmo mecanismo do TXA2: formação de DAG e IP3, com a ativação do receptor GPIIb-IIIa, estimulando a agregação plaquetária. Se houver fármacos que antagonizam o receptor P2Y ou P2Y1, haverá diminuição da ativação. Se houver um fármaco que antagoniza o receptor de trombina, também será um antiagregante. Cascata de coagulação Alguns fatores importantes: 1. A cascata de coagulação é uma sequência de eventos enzimáticos, onde as enzimas circulam em sua forma inativa; É uma sequência de reações enzimáticas em que as moléculas são ativadas, conforme o estímulo inicial (ex: exposição tecidual). Mas é necessário um evento inicial para dar start à cascata. 2. As principais reações de ativação da cascata ocorrem em locais onde houve formação de um complexo proteína-proteína; A existência dessas reações é importante para evitar que ocorra hipercoagulabilidade sistêmica. Mas as principais reações de ativação ocorrem no local onde houve a formação do complexo proteína-proteína. É naquele microambiente que a cascata vai ocorrer. 3. Praticamente todos os fatores são ativados mediante a presença de cálcio. Os grânulos plaquetários liberam grande quantidade de cálcio, além dos outros fatores importantes para o recrutamento e ativação de outras plaquetas. O cálcio participa como se fosse um cofator em inúmeras reações enzimáticas. (imagem marcada pelo professor apontando onde o cálcio participa). 6 Beatriz Machado de Almeida Farmacologia – Aula 10 - Antiplaquetários É por isso que o EDTA é um anticoagulante. Não é farmacológico, já que existe outras substâncias menos agressivas a outros sistemas, mas é anticoagulante in vitro (tubo de ensaio). Tem alta capacidade quelante, pois captura os íons do sangre. Sem os íons cálcio dispostos no sangue coletado para que a cascata de coagulação aconteça, in vitro não terá a formação do trombo. Ou seja, não haverá a separação do soro e coágulo sanguíneo. A cascata de coagulação é dividida em duas vias didáticas: intrínseca e extrínseca. Essas vias conversam a partir do fator X ativado, que, independente se surgir de via intrínseca ou extrínseca, vai seguir por uma via comum que irá: ❖ Ativar trombina; ❖ Formar fibrina e coágulos; ❖ Formação da rede polimérica de fibrina (ligações cruzadas de fibrina). Não iremos focar na cascata, mas é necessário atenção ao fator inicial (start), que é a ATIVAÇÃO DO FATOR VII, através da ligação do fator VII ativado, fator tecidual e cálcio. Esse complexo de 3 substâncias (duas proteínas e um íon cálcio) leva a ativação do fator X, fator IX, que vai dar sequência à cascata. Resulta na conversão da trombina. Em sequência, de forma fundamental à manutenção do coágulo, a trombina faz a conversão de fibrinogênio (proteína solúvel) em fibrina (proteína insolúvel), possibilitando a formação de polímero de fibrina (através do fator XIIIa), por ligações cruzadas, o que deixa a rede mais rígida. Até esse momento, vimos fatores pró estimulantes. Fatores anticoagulantes São fatores endógenos reguladores da formação do trombo, dentre eles: ❖ Prostaciclina (PGI2); ❖ Antitrombina III; ❖ Proteína C e S; ❖ Inibidor do fator tecidual (TFPI); ❖ Ativador de plasminogênio tecidual; Eles também são, potencialmente, alvos farmacológicos. Se o efeito for mimetizado, haverá uma ação anticoagulante. Necessário atentar que a TROMBINA é uma substância chave na coagulação. Ela estará em praticamente todos os eventos de responsáveis pela ativação plaquetária (pró coagulatória): ❖ Ativações dos fatores de coagulação; ❖ Ativação da célula endotelial; ❖ Participação de processos importantes na ativação plaquetária. ❖ Participação na transformação de fibrinogênio em fibrina; ❖ Participa da ativação do fato XIII. O fator XIII ativado que estimula a formação de polímeros de fibrina com ligações cruzadas. A trombina é oriunda da protrombina, que é o fator II. A trombina pode ser chamada de fator II ativado. 7 Beatriz Machado de Almeida Farmacologia – Aula 10 - Antiplaquetários PROSTACICLINA OBS: relembrar o que já foi dito sobre homeostasia da não ativação plaquetária. A prostaciclina é liberada pelo endotélio integro. As células endoteliais produzem PGI na corrente sanguínea e, as plaquetas quando passam nessas regiões ricas em PGI, se mantem na forma inativada. Essas prostaciclinas se ligam a proteína Gs, que estimulam a adenilato ciclase, causando o aumento dos níveis de AMPc dentro da plaqueta. Quanto mais AMPc, maior a inibição da agregação, por conta da manutenção da inativação dos receptores GPIIb-IIIa, sendo maior a inibição da liberação dos grânulos plaquetários (que tem diversas moléculas ativados, além do cálcio). ANTITROMBINA III É o outro fator anticoagulante. Ela funciona em associação com a molécula heparina, que é um famoso fármaco anticoagulante. O nosso corpo também produz heparina, que é um anticoagulante endógeno. Então, nós produzimos heparina e administramos também como fármaco. A heparina também é secretada por células endoteliais intactas. A grande maioria dos processos anticoagulantes provem de uma resposta a saúde das células endoteliais. Quando as células endoteliais estão intactas, liberam diferentes tipos de fatores anticoagulantes. O que menos queremos no processo circulatório saudável é a formação de trombos. Daí conseguimos ligar eventos cardiovasculares ou trombolíticos a, por ex., formação de placas de ateroma, má alimentação, colesterol alto, aumento da viscosidade sanguínea provocada por uma glicemia descontrolada. Conseguimos ver toda a fisiopatologia dessas doenças, porque se tem uma alteração nesse endotélio intacto, deixa de ter uma produção de fatores anticoagulantes ideais, e passo a ter a formação de fatores pró- coagulantes. Então, uma lesão vascular, a formação de um trombo, uma inflamação nos vasos, isso tudo estimula a formação de trombos, e o paciente pode vim a ter infarto, AVC, embolia pulmonar. Tanto a antitrombina III quando a heparina, elas precisam interagir quimicamente entre si, para que ai de fato elas possam retirar de circulação fatores de coagulação que estão ativos. Quando a antitrombina III interage com a heparina (reação química), a heparina possui um sitio de ligação que se encaixa na antitrombina III. Quando essa reação acontece, modificou o sítio de interação da antitrombina III com o que vai ser responsável para interagir com os demais fatores de coagulação ativos. Isso significa que sem a heparina, a antitrombina III não é capaz de inativar fatores de coagulação já ativos. A formaçãodesse complexo heparina – antitrombina III é capaz de sequestrar fatores de coagulação já ativados, como: trombina, fator X ativado, fator IX ativado, fator XI ativado, fator XII ativado, que agora sim são capazes de interagir com a antitrombina III. A partir do momento que tem a interação trombina – antitrombina III, fato X – antitrombina III, ou os demais fatores com antitrombina III, a heparina se desliga desse complexo e vai ficar livre para agir em 8 Beatriz Machado de Almeida Farmacologia – Aula 10 - Antiplaquetários outra antitrombina III. E esse complexo formado já é um complexo que inativa definitivamente todos esses fatores que antes estavam ativados. Acerca da inativação desses fatores, o efeito é basicamente bloquear a cascata de coagulação. Agora, quando inativa a trombina, vai agir em todos os fatores (mostrados na imagem). PROTEÍNA C E PROTEÍNA S Essas proteínas, destacadas de verde e azul claro (imagem), são fatores de “segunda linha” na inativação da coagulação, porque são fatores que são responsáveis por inativar apenas os fatores V e VIII. Aqui na imagem mostra um processo pró-coagulatório (marcado em verde), com ativação do fator Xa, ativação do fator VIIIa, Va, enfim, formação de trombina. Entra em destaque aqui a proteína C, que é uma proteína que complexa a trombina com a trombomodulina. Então, capta a trombina, formando esse complexo, e, como consequência, tem a inativação dos fatores Va e VIIIa (marcado em laranja na imagem), bloqueando a cascata de coagulação principalmente. Também reduz a trombina, mas vai atuar principalmente reduzindo a cascata de coagulação. INIBIDOR DA VIA DO FATOR TECIDUAL (TFPI) Essa substância se liga ao fator Xa, bloqueando o inicio da via comum da cascata de coagulação e inativa a formação desse complexo (imagem). 9 Beatriz Machado de Almeida Farmacologia – Aula 10 - Antiplaquetários A via do fator tecidual (linha laranja) é inibida pelo inibidor da via do fator tecidual. Ele inibe se ligando ao fator Xa, inativando-o, e inativando o complexo fator tecidual e fator VIIa. Então, através desses dois mecanismos que ele consegue reduzir a cascata de sinalização e reduzir o potencial coagulatório da via. Se pensarmos em um fármaco que é um análogo do TFPI, que mimetiza a sua ação, seria um fármaco que bloqueia a via Xa e inativar o complexo fator tecidual, fator VIIa. ATIVADOR DO PLASMINOGÊNIO TECIDUAL O plasminogênio fica circulando no organismo, até que em um local de formação de trombo, tenha a presença ou a conversão desse plasminogênio em plasmina, que vai degradar os polímeros de fibrina. Quem converte o plasminogênio em plasmina é o ativador de plasminogênio tecidual. Esse ativador do plasminogênio tecidual precisa de um mecanismo de controle, senão não conseguiríamos formar a nossa rede polimérica de fibrina. Para essa regulação, temos a molécula inibidor do ativador do plasminogênio, e o α2-antiplasmina. O inibidor do ativador do plasminogênio é uma molécula que inibe a conversão do plasminogênio em plasmina, e o α2-antiplasmina é uma molécula que interage com a plasmina já formada, inativando-a, e impedindo que ela tenha seu efeito fibrinolítico. Hipercoagulação Existem alguns fatores que interferem no controle perfeito do organismo, para que nossa circulação sanguínea se mantenha fluída, sem a formação de trombos. Os processos de hipercoagulação podem se obtidos a partir de algumas causas principais, que pode ser: • Adquirida: seja por uma lesão tecidual ou estase (falência cardíaca, trauma), sempre estimulando as cascatas e reações hipercoagulatórias; • Anticoncepcionais orais e gravidez: estado hiperestrogênico – aumento da síntese hepática de fatores de coagulação e redução de fatores de coagulação e redução de fatores trombolíticos, então, a balança regulatória da coagulação sanguínea também está alterada; • Medicamentos: COXIBES ou também chamado de anti-inflamatório seletivos para COX2, porque quando inibimos seletivamente a COX2, inibe a produção de prostaciclinas (molécula anticoagulante) sem inibir a produção de tromboxanos (substâncias pró-coagulantes), alterando essa balança; • Obesidade e tabagismo – fatores que estimulam a hipercoagulação (mecanismo desconhecido); • Idade: pacientes idosos tem uma diminuição da produção de prostaciclinas, consequentemente é um favorecimento para o balanço tromboxano, redução de PGI2, aumento da agregação plaquetária e formação de trombos. Lesão vascular endotelial É o principal processo de uma coagulação após infarto do miocárdio, aterosclerose, trauma e inflamação, como por ex., uma vasculite. Essa formação de trombos pode acontecer em diferentes regiões do coração, do encéfalo, levando ao infarto e ao AVE. 10 Beatriz Machado de Almeida Farmacologia – Aula 10 - Antiplaquetários Terapia antitrombótica Quadro para entender a amplitude do tratamento anticoagulante. ETAPAS DA TROMBOGÊNESE E ONDE CADA FÁRMACO PODE ATUAR: Inicia-se a partir de uma lesão endotelial, que leva a uma adesão e ativação plaquetária, levando a formação de trombina e fibrina (rede polimérica que vai dar sustentação, força, resistência ao trombo). Para desfazer essa rede de fibrina quando o trombo não é mais necessário, ou para impedir o crescimento descontrolado desse trombo, tem a formação de plasmina e fibrinólise (quebra da fibrina). TERAPIAS CATEGORIZADAS PARA CADA EVENTO TROMBOGÊNICO: A terapia para evitar a lesão endotelial não é uma terapia farmacológica, e sim a redução de fatores de risco, como redução do tabagismo, perda de peso, atividade física. Os de baixo, são fármacos que afetam a trombogênese a nível celular. • Antiplaquetários: classes de fármacos que são responsáveis por impedir a adesão e a ativação plaquetária; • Anticoagulantes: fármacos que reduzem a formação de trombina e fibrina; • Fibrinolíticos: fármacos que favorecem a formação de plasmina e fibrinólise. Fármacos que quebram a rede complexa polimérica de fibrina. Então, podemos atuar nessas três etapas, farmacologicamente falando. Fármacos antiplaquetários São fármacos que atuam na etapa de adesão e ativação plaquetária. Na imagem temos uma representação de uma plaqueta e os inúmeros alvos farmacológicos. Alguns envolvidos no processo de formação de trombo, outros não. As classes de antiplaquetários são 4 classes: • Inibidores de COX: vai reduzir a formação de tromboxano. Quanto menos tromboxano tiver sendo liberado pela plaqueta, menos tromboxanos vão se ligar aos receptores de tromboxano, tendo assim, uma menor ativação dos receptores GP IIb/IIIa, menor agregação plaquetária. Assim que os inibidores de COX, como os AINES ou a aspirina, funcionam; • Inibidores de PDE: fármacos que vão manter níveis de AMP-c alto dentro da célula. Quanto mais AMP-c tiver na célula, menos ativada será essa plaqueta. A fosfodiesterase converte AMP-c em GMP ou AMP, ou seja, é uma enzima que reduz níveis de AMP-c, e se bloquear a ação da fosfodiesterase, vai manter níveis de AMP-c mais altos, que são a via anticoagulatória da prostaciclina. • Inibidores dos receptores de ADP: o P2Y e o P2Y12, são receptores de ADP. Se há o uso de antagonista ou inibidor de ADP, impede a ligação ADP com os receptores P2Y e P2Y12, o que diminui a ativação da adelitado ciclase e toda castata de ativação será reduzida. • Antagonistas dos receptores GP IIb/IIIa: são receptores que vão interagir com outras plaquetas para formar a agregação das mesmas. 11 Beatriz Machado de Almeida Farmacologia – Aula 10 - Antiplaquetários Aspirina (AAS) A aspirina por ser inibidor da COX tem 2 usos: analgésico para dor leves a moderadas como cefaleia, mialgia, artralgia. E possui uma característicaimportante que é a acetilação da COX 1 e da COX2 de forma irreversível pois é um AINE não seletivo. Por se ligar irreversivelmente à COC 1 das plaquetas faz com que estes fragmentos tenham sua via de ativação e agregação plaquetária (via tromboxano) inativada por toda a s vida útil. Os outros AINES tb fazem isso, porém reagem de forma reversível com a COX. A potência do efeito antiagregante da aspirina é maior que a a dos demais AINES pelo fato da inativação irreversível. Por esse motivo a aspirina é utilizada com fins antitrombogênicos quando usados em baixas doses. Entre 50-100 mg/dia o paciente tem uma proteção contra IAM e AVE. E mesmo com todos seus efeitos adversos como: gastrointestinal, renal e outros quando usado em baixas doses pode ser usada cronicamente por muito tempo sem causar nenhum tipo de eventos adversos. Esses riscos que falamos estão associados com doses analgésicas e não com causas antitrombóticas. Contudo, tem um efeito interessante que é a ASMA Sensível à aspirina. Esse efeito alérgico pulmonar pode acontecer com outros AINES como: indometacina, naproxeno, ibuprofeno e outros. Outros usos de AAS • Tratamento profilático da isquemia transitória; • Redução da incidência de IAM recorrente • Diminuição da mortalidade nas situações e prevenção de IAM primário e secundário • Dose par inativação das plaquetas: 75 mg diários de AAS. • Dose recomendada: 50 a 325 mg/dia. A nível molecular temos os eventos descritos na mesma figura demonstrada quando foi explicado o efeito trombogênico do tromboxano. A única diferença é que aqui nesta figura está incluso a aspirina. A aspirina bloqueia a ação da cicloxigenase que é a responsável por converter ácido aracdônico em tromboxano. Desse modo se reduz a quantidade de tromboxano disponível para se ativar novas plaquetas. Se eu inibo a interação tromboxano com o receptor de tromboxano irei inibir a formação de proteína Gq, desse modo inibindo a ativação de fosfolipase C, ou seja, teremos menos IP3 e DAG e a consequência disso é: • Menos Cálcio liberado na plaqueta; • Menos fosfoquinase ativa; • E, por consequência, uma menor ativação do receptor GPIIbIIIa. Logo, se tem-se menos receptor GPIIbIIIa teremos menos interação desde com o fibrinogênio. Logo ativaremos menos plaquetas. Antiplaquetários inibidores do receptor de ADP Já vimos no início da aula como o ADP ativa plaquetas e usaremos a mesma imagem par explicar. Se eu bloqueio a ligação ADP e receptor de ADP teremos uma redução das vias de ativação. Tanto redução da via adenilato ciclase quanto a redução da via fosfolipase C, pois o ADP consegue modular por 2 modos: Módulo ativador da fosfolipase C A nível da fosfolipase C a cascata é exatamente a mesma quando se bloqueia o receptor de ADP resultando na inativação das plaquetas. Lembrando que, quando o ADP se liga a proteína Gq, ativando a fosfolipase C, daí se formará o fosfatidilinositol, que será quebrado em DAG (diacilglicerol) e IP3 (inositol trifosfato). O PKC é ativado pela DAG e cálcio, como resultado teremos a 12 Beatriz Machado de Almeida Farmacologia – Aula 10 - Antiplaquetários ativação das plaquetas. Mas, a nível de adenilato ciclase a cascata é diferente como veremos em sequência. MÓDULO INIBITÓRIO DE ADENILATO CICLASE ADP se ligando a receptor de ADP: Como a proteína ativada por esta via é inibitória, vai inibir a atividade da adenilato ciclase, vai então reduzir a quantidade de AMP cíclico e por consequência, irá reduzir a quantidade de PKA. Como resultado se dará a ativação das plaquetas. Uso do inibidor do receptor de ADP (Clopidrogrel): Quando usamos um medicamento que inibe este receptor de ADP, teremos então o contrário da situação acima. Ocorrerá que a proteína inibitória (Gi) não será ativada, logo, teremos a ativação da adenilato ciclase e consequentemente uma maior quantidade de AMPc e mais PKA ativada. Como resultado ocorrerá inativação das plaquetas. Resumo: • Falta de PKA ativado: ativa plaquetas • Presença de PKA ativado: inativa plaqueta. O clopidrogrel que é um bloqueador do receptor de ADP é um pró fármaco, logo, precisa ser metabolizado pela CYP2C19 para ter a finidade suficiente para se ligar com o receptor de ADP acoplado à proteína Gi. Aplicações clínicas: • AVE; • Infarto; • Doença arterial periférica. Aqui temos outra representação esquemática do mesmo mecanismo, lembrando que temos fármacos que se ligam de forma reversível ao receptor de ADP, como cangrelor, ticagrelor, elinogelor; e outos que se ligam de forma ireversível como o Cloprodogrel, Pazogrel. A inibição máxima da aglutinação das plaquetas é obtida em 1 a 3 horas com o ticagrelor, e de 2 a 4 horas com prasugrel, 3 a 4 dias com ticlopidina e 4 a 5 dias com clopidogrel. Continuou lendo o slide com as doses. Antiplaquetários inibidores da fosfofiesterase 4 O único representante da classe é o dipiridamol. Esta classe reduz a função da fosfodiesterase cuja função é converter AMPc em AMP e GMPc em GMP. Nós já vimos que a redução de AMPc dentro de uma célula é um fator pró coagulatório. Pouco AMP cíclico leva a pouca ativação de PKa que culmina na ativação das plaquetas. Isso significa que se aumentarmos a concentrações intraplaquetárias de AMPc vamos aumentar a atividade da PKa e consequentemente inativar as plaquetas. O Dipiridamol funciona bloqueando a fosfodiesterase e consequentemente impedindo que o AMPc seja degradado. Como isso teremos o aumento do AMPc dentro da célula, aumento da ativação de PKA e redução da ativação das plaquetas. 13 Beatriz Machado de Almeida Farmacologia – Aula 10 - Antiplaquetários O dipiridamol pode ser associado a varfarina pois inibe a formação de trombos em próteses valvares cardíacas e com a Aspirina para reduzir a possibilidade de trombose. Pergunta do professor: por que não é tão interessante associar um inibidor da fosfodiestarase com um inibidor do receptor de ADP? Resposta: Porque ambas ativarão a mesma via de inibição (aumentarão PKA que inativarão as plaquetas). Ob: Em seguida leu os slides com as doses dos medicamentos. Temos que ter sempre em mente estas 2 imagens abaixo para entender os fármacos: Se entendermos como o bloqueio das vias resultará na inativação das plaquetas. Continuação da explicação da imagem: Se eu tenho pouca quantidade de AMPcíclico, tem-se pouca ativação de PKA. Caso haja pouco PKA, há ativação das plaquetas. Atentar ao fato de que o “tracejado” na imagem, simboliza a diminuição de uma via. Adiciona-se a informação de que o dipiradamol inibe a fosfodiesterase. Se ele inibe a fosfodiesterase, aumenta-se AMPcíclico. Esse aumento proporciona o aumento da quantidade de PKA. Com o aumento do PKA, impede-se que a plaqueta seja ativada, pois é o baixo PKA que ativa a plaqueta. A imagem sinaliza que a ação do dipiradamol impede a ação. Pergunta: teve outro farmaco que fazia isso ontem? lembro do senhor explicando isso Resposta: Sim, o clopidogrel. Só que ele provoca esse efeito de aumento do AMPcíclico não via fosfodiesterase, mas sim via antagonismo com o receptor de ADP. No caso, se há antagonismo do receptor, tem-se menos inativação da adenilatociclase, com menos adenilatociclase inativa tem-se mais conversão de ATP em AMPcíclico, consequentemente mais PKA e menor a ativação plaquetária (o professor falou “maior” ativação). Por isso que não é interessante associar clopidogrel com dipiradamol, pois atuam pela mesma via. O dipiradamol também é encontrado via injetável, para infusão intravenosa. Uma infusão indicada não ser em bolus. A dose cai, assim como sinalizado acima. ANTAGONISTA DOS RECEPTORES GPIIB-IIIA Nós também podemos impedir a agregação plaquetária através do uso de antagonistas dos receptores GP IIb/IIIa. Essesreceptores são importantes para unir uma plaqueta a outra, ou seja, importantes para agregar essas plaquetas. Esses receptores são unidos através de uma molécula chamada de fibrinogênio, servindo como uma ponte de ligação entre uma plaqueta e outra. Consegue-se através de alguns fármacos, antagonizar essa ligação, bloqueando o 14 Beatriz Machado de Almeida Farmacologia – Aula 10 - Antiplaquetários receptor e impedindo que ele se ligue ao fibrinogênio. Com isso, reduz-se a agregação plaquetária. A constituição do receptor GP IIb/IIIa tem esse nome por ser composto por duas subunidades, IIb e IIIa. A subunidade IIb tem a presença de sítios de ligação com o cálcio, tendo regiões aptas quimicamente a interagir com os íons cálcio. Quando o cálcio se liga a subunidade IIb, promove uma alteração conformacional que leva a exposição de uma região ligável da subunidade IIIa. Quando falamos que o receptor GP IIb/IIIa foi ativado, que as plaquetas ativas possuem receptor IIb/IIIa, significa que foi liberado o cálcio dentro dessas plaquetas e que esse cálcio ativou, ou seja, expôs, uma sequência de aminoácidos que tem afinidade por moléculas como o fibrinogênio, que fará o gancho de um receptor IIb/IIIa com outro IIb/IIIa. ESTRATÉGIAS DE MODULAÇÃO • Anticorpos monoclonais dirigidos para o receptor; • Peptídeos com sequência RGD (arginina, glicina, aspartato) que ocorram naturalmente (veneno de cobra) ou de origem sintética, que competem com o fibrinogênio para os receptores; • Pequenas moléculas de origem sintética Essas pequenas moléculas são não peptídicas. Essa última estratégia, inclusive, permite que ela seja utilizada por via oral. No caso, tanto anticorpos quanto peptídeos não podem ser administrados via oral, porque são degradados pelas peptidases. Porém, as moléculas inorgânicas, micromoléculas, podem ser aplicados via oral, sendo uma estratégia diferente de terapia. A seguir, exemplos de estratégias de modulação farmacológica (professor leu os tópicos dos slides e complementou com poucas informações). Trata-se de um anticorpo monoclonal Espera-se imunogenicidade por tratar-se de um anticorpo quimérico. É um peptídeo isolado do veneno de cobra É interessante associar que um dos principais mecanismos de ação dos venenos de cobras é além da lise tecidual, a hemorragia. Muitos venenos de cobra tem como função provocar hemorragia a sua presa, sendo esta normalmente associado a alterações nos processos de coagulação. Não adicionou informações aos tópicos acima. Pergunta: tantas classes de antiagregantes. Por que o AAS é o “porradão”? Resposta: Uma das causas é o custo/benefício. Porém, a segurança é um dos principais. O AAS é usado há muito tempo, então já se sabe todos os riscos e benefícios da administração do AAS. A dose de aspirina utilizada como antiagregante plaquetário é de 50-100 mg/dia, uma dose que basicamente não tem efeito adverso. Caso seja utilizado como AINE, a dose é a partir de 500 mg. Correspondente a classe dos AINES, não leva a gastrite, não leva a nefropatia, etc. Logo, ao considerar um paciente hipertenso, com risco cardiovascular, com 15 Beatriz Machado de Almeida Farmacologia – Aula 10 - Antiplaquetários chance de infarto agudo do miocárdio primário, secundário, risco de AVE, esse paciente provavelmente terá que usar o antiplaquetário por toda a vida ou pelo menos por muito tempo. Assim, se o paciente utilizar a aspirina por muito tempo, praticamente não terá prejuízo, isso associado também ao custo, por ser barato. Porém, para casos mais graves, paciente com TVP, com transplante de válvula cardíaca, apenas a aspirina não é suficiente, sendo necessária a associação com outro anticoagulante. Porém, para prevenção de eventos cardiovasculares, é o mais famoso e mais utilizado. Desafio: Discutir como os antiplaquetários funcionam! Professor propôs um desafio para que os alunos raciocinassem sobra a ação dos Inibidores da COX, antagonistas dos receptores GP IIb/IIIa, inibidores do receptor de ADP e dos inibidores de fosfodiesterase. Fármacos anticoagulantes • Varfarina; • Heparinas não fracionadas e de baixo peso molecular; • Inibidores do fator Xa; • Inibidor direto da trombina. Estamos falando agora de fármacos que irão atuar na formação de trombina e na formação de fibrina. Varfarina • É UM ANTAGONISTA DA VITAMINA K A varfarina é representante da classe dos antagonistas da vit.K. É uma cumarina, assim como outros representantes dos antagonistas. Foram descobertas por acaso em 1924, observou-se que era comum em gados de uma região começarem a morrer por doença hemorrágica. E a se estudar as causas dessas mortes, notou-se que quando o gado comia, em certa época do ano, o trevo específico ele ingeria o dicumarol (substância potente anticoagulante). Em 1948, foi produzido uma substância (varfarina) que é o mais utilizado. Origem do nome: porque foi produzida pela Wisconsin Aluminum Foundry (Warfarin). Utilizada também em raticidas. E como o antagonista da vitamina K pode funcionar como anticoagulante? A vitamina K participa de processos importantes como Cofator das reações enzimáticas de ativação dos fatores da cascata de coagulação (fator II, fatorVII, fator IX, fator X) e da ativação de cofatores (proteína C e S). Alguns tipos de antagonistas de Vitamina K: ❖ Derivados da 4-Hidroxicumarina; ❖ Derivados de Indano-1,3-diona. QUAL O MECANISMO? Os antagonistas bloqueiam uma ação enzimática de γ- carboxilação. A ativação da protrombina em trombina, ativação de fator VII, IX e X depende da adição de uma carboxila aos resíduos de glutamato. Todos esses fatores, assim como as proteínas anticoagulantes, já tem um glutamato disponível para interagir com o cofator Calcio (participa da ativação de diferentes fatores da cascata de coagulação). Porém é necessária uma dupla carbonila. Resíduos de glutamato (CO-) são resíduos que normalmente são carregados negativamente de forma monovalente. Quando o fator está inativado ele tem apenas uma CO-, apenas uma glutamato. A enzima γ-carboxilação fornece outro resíduo de glutamato (CO-) para ativar os fatores, por isso sua importância. Com dois CO-tem o par perfeito elétrico para interagir: 16 Beatriz Machado de Almeida Farmacologia – Aula 10 - Antiplaquetários O ion cálcio é divalente. Assim há o encaixe eletrônico perfeito. Com a carboxilação, foi adicionado outro CO- aos fatores, deixando aptos para interagir com o cálcio. Ou seja, se houver bloqueio da Vit. K, que é fundamental para que ocorra a carboxilação, vai prejudicar a interação desses fatores com o cálcio. Começando pelo fator de coagulação não ativado (resíduo de glutamato com o COO- na ponta), ele precisa da carboxilase para adicionar uma outra carboxila. Agora tem 2 CO-. O cálcio, pode interagir perfeitamente com a dupla carboxila, deixando-os ativos. No entanto, todo os processo de carboxilação, ativação dos fatores de coagulação, dependem da vitamina K, do processo de oxidação e redução. Porém, quando a vitamina K participa do processo de carboxilação, de ativação do fator de coagulação, ela se transforma em um epóxido (oxidação), para fornecer o CO- para o fator de coagulação. Fisiologicamente, a vitamina K é reciclada. Há um mecanismo endógeno de redução, sistema NADPH/NAD+. Uma vez que essa vitamina K foi utilizada e transformada em epóxido, as vias de redução endógeno, reconverte a vitamina K para vitamina reduzida. Então, ela vai estar apta a novamente ativar mais fatores de coagulação. Atuação Varfarina: bloqueio da enzima responsável por reduzir a vitamina K. conforma a vitamina K vai sendo utilizada, e tem o bloqueio da vitamina k epóxido redutase, vai diminuir o reciclo, a reciclagem davitamina K. Se houver diminuição da reciclagem da vitamina K, vai haver menos vit, K para ativar esses fatores. Para adicionar uma nova carboxila a esses fatores. RESUMINDO: há uma importante etapa de ativação dos fatores de coagulação: adição de um grupo carboxila nos fatores inativados. A adição desses grupos carboxilas e fundamental para interação entre esses fatores e a molécula de cálcio. Porém, para que essa carboxilação e ativação ocorram, precisa-se da vitamina K. A vitamina K vai fornecer os grupamentos CO2 , que serão adicionados aos fatores para ativa-lós. O vitamina K quando fornece o grupamento químico, ela se transforma quimicamente. Ela precisa de enzima Vitamina K epóxido-redutase, para reduzi-la (reciclar) e torná-la apta para participar do processo de novo. A varfarina interfere nessa reciclagem, bloqueando a vitamina K epóxido-redutase. Diminui o processo de reciclagem. QUAL A CONSEQUÊNCIA? Menos vitamina K reduzida para participar novamente desse processo de carboxilação. Então há menos ativação dos fatores de coagulação. CARACTERÍSTICAS DA VARFARINA **O tempo de protrombina é importante pois funciona como um guia para modificação das doses da Varfarina. 17 Beatriz Machado de Almeida Farmacologia – Aula 10 - Antiplaquetários Desse modo, fornece a efetividade da varfarina, notando se precisa aumentar ou diminuir a dose. ** Vitamina K antidoto: importância clínica importante: • Para casos de sobredose de varfarina, aplica-se vitamina K; • Interação medicamentosa com alimentos. OUTRO ESQUEMA DO MECANISMO DE AÇÃO: KH2: vitamina K reduzida. KO: vitamina K quando participou do processo (epóxido). Outro fator importante: Interação entre alimentos ricos em vitamina K e Varfarina. Pacientes que estão usando Varfarina, não é recomendado consumir alimentos ricos em vitamina K: alimentos verdes escuros- alface, brócolis, pepino.... Se o paciente consome eles alimentos, ele acaba prejudicando a ação da varfarina. O efeito anticoagulante da varfarina é reduzido concomitantemente com uso de alimentos ricos em vitamina K. Orientar o paciente a não consumir esses alimentos. Outro fator importante é sua cinética e toxicidade. A varfarina tem uma estreita janela terapêutica, ou seja, um índice terapêutico baixo. Significado: intervalo de dose entre o efeito desejado e o efeito adverso é curto. Isso é ruim, por causa do sangramento, hemorragia...o paciente pode vir a óbito. E porque o tempo de meio vida é longo. Uma vez que o paciente errou a dose ou utilizou um AINE, a chance de hemorragia é muito alta. E isso tudo se torne muito ruim, porque o tempo de meia-vida se torna muito longo, demora para ser eliminada do organismo. Baixo volume de distribuição e alta ligação às proteínas plasmáticas. VALOR DE DISTRIBUIÇÃO: DOSE ADMINISTRADA/CONCENTRAÇÃO PLASMÁTICA. Quando um fármaco tem baixo valor de distribuição, significa que tem grande concentração de um fármaco no sangue. Esse fármaco é pouco distribuído para os tecidos. Há muita concentração. 18 Beatriz Machado de Almeida Farmacologia – Aula 10 - Antiplaquetários Ex: 100 mg administrados e 100 mg de concentração plasmática. Qual valor de distribuição: VD= 1. Se tiver 100 mg do fármaco administrado e 10 mg de concentração, o VD é de 10. Ou seja, 90 mg está nos tecidos e não na circulação. Quanto menor VD, maior a quantidade desse fármaco no sangue e não nos tecidos. OUTRAS CARACTERÍSTICAS IMPORTANTES: Sangramento gengival vai aparecer logo. AAS aumenta porque é um efeito sinérgico. Vai reduzir a via do tramboxano. E doença hepática porque afeta a produção dos fatores de coagulação, há menos fatores no organismo. Associado ao quadro do uso de anticoagulante. Antibióticos de amplo espectro, principalmente porque algumas bactérias da flora intestinal são fundamentais para absorção e síntese de vitamina K pós alimentação. Se eu reduzo vitamina K, potencializa o varfarina. Barbitúricos, rifampicina e cimetidina, induzem as enzimas hepáticas que metabolizam a varfarina. Então, nesse caso, reduz o efeito anticoagulante da varfarina. Varfarina - interações A tabela mostra tanto fármacos que diminuem o efeito, quanto fármacos que aumentam esse efeito. Isso é importante porque a varfarina tem um janela terapêutica bem estreita. Então, qualquer interação farmacológica pode reduzir o efeito ou aumentar, levando o paciente à hemorragia. HEPARINA E HBPM (LMWH) • A heparina consiste numa mistura heterogênea de mucopolissacarídeos sulfatados (resíduos alternados de D-glucosamina e ácido urônico), que se liga à superfície das células endoteliais. As heparinas podem ser divididas basicamente em dois tipos: As heparinas de baixo peso molecular e as heparinas convencionais, sendo que possuem propriedades diferentes. A heparina convencional é uma mistura de mucopolissacarídeos sulfatados que ficam aderidos a células endoteliais íntegras, é, portanto, uma substância endógena, nosso corpo produz, para evitar, ou reduzir, a possibilidade de ativação e agregação plaquetária em um local de integridade endotelial vascular. TIPOS DE HEPARINA A heparina não fracionada, ou heparina puramente, são preparadas a partir do pulmão bovino e da mucosa intestinal de porcos, com peso molecular de 5 a 30 kilodaltons. Enquanto a heparina de baixo peso molecular é obtida a partir da heparina convencional (não fracionada), sendo frações da mesma, por isso é chamada de heparina de baixo peso molecular, pesando entre 1 a 5 kilodaltons. A Enoxaparina e a Dalteparina são de baixo peso molecular. Qual a diferença entre elas? A heparina ativa a antitrombina III. A AT-III ativada consegue neutralizar algumas substâncias, como fatores de 19 Beatriz Machado de Almeida Farmacologia – Aula 10 - Antiplaquetários coagulação (fator X, trombina). Ao inativar esses fatores pró-coagulatórios, reduz-se o processo de coagulação. A heparina de baixo peso molecular é uma fração da heparina convencional. Embora o fato dela ser menor não afete a sua ligação com a AT-III, isso interfere na capacidade do complexo que foi formado de inativar a trombina. Ou seja, o complexo AT-III + Heparina de baixo peso molecular não inativa a trombina, inativa apenas o fator X e outros fatores que não sejam a trombina. A heparina não fracionada (heparina convencional) tem uma fração maior na molécula, permitindo que ela agregue e inative, além do fator X ativado, a trombina. Como a heparina de baixo peso molecular não tem a porção maior, não consegue “abraçar” e formar o complexo AT-III + heparina, auxiliando apenas na formação do complexo AT-III + fatores de coagulação, como o fator X ativado. As diferenças de capacidade de inativação entre os dois tipos de heparina fornecem algumas características diferentes para elas. Por exemplo, a meia- vida intravenosa da heparina é de 2 horas, enquanto a da HBPM é de 4 horas. A resposta anticoagulante da heparina não fracionada (convencional) é muito mais variável do que a da HBPM. A biodisponibilidade da heparina não fracionada é de 20%, já a da HBPM é de 90%. Dos principais efeitos adversos, os sangramentos são frequentes para as heparinas não fracionadas e menos frequentes para as HBPM. A heparina não fracionada é utilizada unicamente em hospitais, enquanto a HBPM pode ser utilizada tanto em hospitais quanto para pacientes externos. Inibidores seletivos do fator Xa e inibidores direto da trombina O inibidor seletivo do fator Xa vai se ligar à AT-III, porém será unicamente suficiente para inativar o fator Xa, como se fosse uma fração da fração da heparina de baixo peso molecular. Não é capaz de inativar a trombina ou os outros demais fatores. Inativa apenas o fator X ativado.Um representante dessa classe é o Fondaparinux. O inibidor direto da trombina (Lepirudina e Argatroban) é uma substância que se liga diretamente à trombina. Dessa forma, a inativação da trombina por estes fármacos não acontece via AT-III, acontece de forma direta, por inativação direta da trombina. 01:13:00 – Está sem o slide, mas segue o que foi dito: Estes dois aqui já foram comercializados no Brasil, mas atualmente não tem mais licença/cadastro na Anvisa para sua utilização. Então não são mais comercializados no Brasil. Dúvida – O Fondaparinux é bem semelhante à HBPM? Resposta – Sim, a diferença é que a inativação do fator X ativado (Xa), tanto pela heparina não fracionada quanto pela fracionada (que se ligam à AT-III), acontece em conjunto com a inibição de outros fatores. Já a seletiva do fator Xa bloqueia apenas o fator X ativado, a trombina e os outros fatores não serão inativados. Acerca do uso do Fondaparinux, o uso injetável é exclusivo pela via subcutânea, não devendo ser administrado via intramuscular. Os esquemas terapêuticos variam, vão aumentando, além de dependerem do peso do paciente. • Fondaparinux tem interações importantes em pacientes que tem função hepática e/ou renal 20 Beatriz Machado de Almeida Farmacologia – Aula 10 - Antiplaquetários reduzida. Atentar para as doses aplicadas nesses tipos de pacientes. USO TERAPÊUTICO DOS ANTICOAGULANTES As heparinas têm uso terapêutico para trombose aguda, enquanto a Varfarina e o inibidor de trombina são utilizados para trombose crônica. Esses medicamentos são usados também na prevenção de trombose venosa profunda (TVP), embolia pulmonar, trombose e embolização em pacientes com fibrilação atrial e trombose em válvulas cardíacas. FÁRMACOS FIBRINOLÍTICOS Os antiagregantes e os anticoagulantes são medicamentos utilizados na prevenção da formação de trombos, eles inibem a ativação, a agregação, a cascata de coagulação, inibem a formação do trombo. Os fármacos fibrinolíticos são responsáveis por destruir o trombo já formado, sendo assim, a sua utilização clínica é um pouco diferente quando comparada com os antiagregantes e anticoagulantes. Os fibrinolíticos entram na etapa de destruição do trombo através do estímulo da formação de plasminas, com consequente fibrinólise. Os representantes fibrinolíticos são Estreptocinase, Urocinase, Anistreplase e Alteplase. Fibrinolíticos – Atuam na destruição do trombo já formado. Mecanismo de destruição da fibrina – O plasminogênio é convertido/ativado pelo ativador do plasminogênio tecidual em plasmina, que é a responsável por quebrar os polímeros de fibrina do agregado/tampão plaquetário. Dessa forma, existem substâncias que estimulam a conversão do plasminogênio em plasmina, entre elas estão a Estreptoquinase e a Alteplase. Qual o mecanismo de ação desses dois fármacos? Aumento da conversão do plasminogênio em plasmina. Os fibrinolíticos têm como utilização clínica o tratamento inicial de oclusão vascular periférica aguda, TVP e embolia pulmonar, sendo o seu maior efeito adverso as hemorragias. Dentre as contraindicações ao uso estão a pericardite aguda, hemorragia interna ativa, AVC recente, feridas profundas em processo de cicatrização, câncer com metástases. A Estreptocinase (SK) tem uma ação muito antigênica, portanto, é um fármaco que tem a capacidade do paciente desenvolver reações imunes muito altas, porque é um fármaco proteico derivado do Streptococcus beta- 21 Beatriz Machado de Almeida Farmacologia – Aula 10 - Antiplaquetários hemolítico do grupo A. O fármaco é a mesma substância que o Streptococcus produz e libera de forma a provocar hemólise, mas essa substância foi isolada e aplicada como fibrinolítico nas doses corretas. Esse medicamento não possui atividade enzimática intrínseca, ou seja, não é ele que vai converter o plasminogênio em plasmina, apenas estimula a conversão. Após infusão intravenosa, a Estreptocinase se combina ao plasminogênio, tornando- o mais ávido à conversão em plasmina. Formação do complexo Estreptocinase-plasminogênio, que é mais ativo a ser convertido em plasmina, ou seja, há maior conversão de plasminogênio em plasmina quando o plasminogênio estiver ligado à Estreptocinase. Quanto maior a quantidade de plasmina, maior a degradação de fibrina. Em relação as doses, para a embolia pulmonar, IAM, trombose arterial, trombose venosa profunda e embolismo 1.500.000 unidades por infusão intravenosa. Já para desobstrução da cânula arteriovenosa, 2.500 (ele falou 2.500, mas no slide está 250.000) unidades em 2 mL de solução que deve ser lentamente administrado no ramo ocluído da cânula, clampear está cânula por 2 horas e depois aspirar e retirar o coágulo que estava obstruindo a cânula para, em seguida, reconectá-la normalmente. Uroquinase (01:22:50) – O slide saiu do compartilhamento. A uroquinase é purificada a partir de células renais fetais humanas, por isso o seu nome. Converte diretamente o plasminogênio em plasmina, tendo, de fato, a função enzimática. Além da função de aumento da conversão do plasminogênio em plasmina, essa enzima é capaz de degradar diretamente fibrina em fibrinogênio, portanto, tem ação dupla. Converte plasminogênio em plasmina e degrada diretamente fibrina em (e ou em? – 01:23:49) fibrinogênio. Por se tratar de uma proteína humana, não induz resposta antigênica. As posologias desse medicamento em adultos depende um pouco do quadro do paciente. Embolismo pulmonar agudo – 4.400 unidades via intravenosa por 10 minutos, seguido de uma infusão de 4.400 unidades/kilo/hora. Trombose da artéria coronária – Via intrarterial direta administrando 6.000 unidades por minuto, sendo a dose média total para dissolver coágulos na artéria coronária de 500.000 unidades. Ao atingir essas 500.000 unidades, provavelmente, o coágulo já foi desfeito. ANISTREPLASE Anistreplase é um tipo de estreptoquinase, sendo então um peptídeo modificado/sequência modificada de aminoácido, fazendo com que ela tenha também características parecidas com as da estreptoquinase, ou seja, ela irá se ligar ao plasminogênio, facilitando a sua conversão em plasmina, para a plasmina desfazer o coágulo/as redes de fibrina. O anistreplase é um pró-fármaco, dessa forma, precisa sofrer uma ação enzimática de desacetilação para se tornar ativa e estimular, de fato, o plasminogênio a se converter em plasmina. A mudança provocada pelas alterações nos aminoácidos levaram a anistreplase a ter uma meia-vida 4 vezes maior do que a estreptocinase. Assim como a estreptocinase, a anistreplase possui características antigênicas. ALTEPLASE A alteplase, também chamada de RTPA, é um ativador do plasminogênio. Se é fornecido um ativador do plasminogênio, será convertido mais plasminogênio em plasmina, consequentemente, degradando mais polímeros 22 Beatriz Machado de Almeida Farmacologia – Aula 10 - Antiplaquetários de fibrina, funcionando como a classe funciona, como um fibrinolítico. A atividade enzimática desse fármaco depende da presença de fibrina, por isso que ele ativa o plasminogênio ligado à fibrina rapidamente, em detrimento do plasminogênio livre na circulação. Imaginem uma região com um agregado plaquetário, com polímeros de fibrina, plaquetas, nessa região existe uma alta ligação de plasminogênios, que já estão ligadas a estes polímeros de fibrina prontos para serem ativados pelo fator de plasminogênio e dar início a degradação destes polímeros. A alteplase tem uma afinidade muito maior pelas moléculas de plasminogênio que estão nessa região do que por aquelas que estão circulando pelo organismo. Acredita-se que a alteplase cause menor ativação do sistema fibrinolítico, diminuindo os riscos de hemorragia, isso se deve principalmentepor conta da maior afinidade pelo plasminogênio que está no local do tampão/trombo. Dessa forma, os efeitos hemorrágicos possíveis em outros órgãos e sistemas tendem a ser diminuídos. Comparação entre a estreptoquinase e a alteplase. A estreptoquinase é o fibrolítico que vai estimular a conversão de plasminogênio em plasmina, a estreptoquinase se liga ao plasminogênio e este complexo será mais metabolizado pelo ativador. A alteplase é uma enzima que vai metabolizar o plasminogênio em plasmina, a alteplase é a enzima. Essas diferenças podem ser representadas em alguns aspectos. Antigenicidade – A estreptoquinase provém de uma bactéria, enquanto a alteplase é via recombinante. Então se tem diferentes identificações antigênicas. A alteplase tem baixa antigenicidade quando comparada com a estreptoquinase. Especificidade da fibrina – A estreptoquinase tem baixa especificidade para a fibrina, enquanto a alteplase tem alta especificidade, ou seja, ela precisa da fibrina para poder converter o plasminogênio em plasmina. Meia-vida – A estreptoquinase tem em torno de 20 minutos de meia-vida, enquanto a alteplase tem uma meia-vida bem menor, possivelmente, será preciso manter a infusão de alteplase para conseguir quebrar o coágulo. Possível efeito da HBPM no tratamento da Covid – Existem algumas hipóteses que mostram o potencial da HBPM no tratamento de pacientes com Covid grave. A HBPM consegue funcionar como um antagonista dos receptores da enzima conversora de angiotensina. Acredita-se que o SARS-COV II entre nos pulmões a partir do recepetor da ECA. Como a heparina bloqueia esse receptor, consequentemente, bloqueia/diminui a entrada do vírus no organismo. Além disso, a HBPM consegue bloquear a interação IL-6, provocada pela entrada do vírus, com as demais células, reduzindo a cascata de citocinas inflamatórias. O SARS-COV II pode provocar eventos trombolíticos (não seria trombóticos?) importantes, ao aplicar a HBPM, é possível reduzir a chance da ocorrência desses eventos pelo SARS-COV II.
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