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UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CAMPUS RUSSAS CURSO DE ENGENHARIA MECÂNICA DISCIPLINA DE MECANISMOS – RUS0132 TURMA 01 LUCAS FELIPE AGUIAR MAIA (402783) TALLES BRENER SANTIAGO DE MATOS (485379) JOSÉ EURISMAR DE FREITAS E SILVA JÚNIOR (400851) PROJETO 02: CURSOR BIELA-MANIVELA RUSSAS – CEARÁ 2021 LUCAS FELIPE AGUIAR MAIA (402783) TALLES BRENER SANTIAGO DE MATOS (485379) JOSÉ EURISMAR DE FREITAS E SILVA JÚNIOR (400851) PROJETO 02: CURSOR BIELA-MANIVELA Este trabalho é referente ao desenvolvimento de um projeto CAD para a segunda nota parcial da disciplina de Mecanismos do curso de Engenharia Mecânica da Universidade Federal do Ceará - Campus Russas. Prof. Dr. Pedro Helton Magalhães Pinheiro. RUSSAS – CEARÁ 2021 RESUMO Este relatório tem por objetivo apresentar o conjunto cursor-biela-manivela e suas aplicações, além de um protótipo elaborado por meio de um programa CAD (Solid Edge) e executado pela equipe, contendo seu desenho técnico, análise cinemática e código gerado em linguagem de programação Scilab. Em vista disso, o trabalho foi desenvolvido buscando apresentar as mesmas características do mecanismo proposto inicialmente; tal que, de forma adicional, foi determinada a adaptação de uma manivela para acionamento manual. Desta maneira, o protótipo teve seus comprimentos máximos respeitados (300x300x300) mm, funcionamento adequado e, como resultados, foram plotados gráficos de posição, velocidade e aceleração do mecanismo. Palavras-chave: Cursor Biela-Manivela. Solid Edge. Análise Cinemática. Protótipo. SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO........................................................................................................05 2 APLICAÇÕES DO MECANISMO...........................................................................06 3 METODOLOGIA.....................................................................................................09 3.1 Síntese do mecanismo......................................................................................09 3.2 Pares cinemáticos.............................................................................................10 3.3 Eixos e centros instantâneos de rotação........................................................12 4 ANÁLISE CINEMÁTICA ....................................................................................... 15 4.1 Determinação da equação para a posição do mecanismo............................15 4.2 Determinação da equação para a velocidade do mecanismo.......................17 4.3 Determinação da equação para a aceleração do mecanismo.......................18 5 DESENVOLVIMENTO........................................................................................... 19 5.1 Projeto CAD....................................................................................................... 19 5.2 Desenhos técnicos............................................................................................ 24 5.3 Código – Scilab.................................................................................................. 24 5.4 Representação gráfica...................................................................................... 25 6 CONCLUSÃO........................................................................................................ 27 REFERÊNCIAS......................................................................................................27 ANEXOS 5 1 INTRODUÇÃO Um mecanismo é um conjunto de elementos de máquinas ligados de forma a produzir um movimento específico. Podem ser subdivididos conforme suas aplicações: mecanismos com elementos mecânicos, hidráulicos, pneumáticos, elétricos ou combinados. Nosso interesse localiza-se nos mecanismos com elementos mecânicos, os quais podem ser subdivididos de uma maneira geral, em: Mecanismos de movimento uniforme: Engrenagens, rodas de atrito, de acoplamento flexível (correias, correntes, etc.) Mecanismos de movimento periódico: mecanismos de barras, mecanismos de cames. Os mecanismos de movimento uniforme são comumente fornecidos como unidades completas de montagem. Seu estudo cinemático é mais simples, e seus problemas de aperfeiçoamento localizam-se nos materiais e na manufatura. Já os mecanismos de movimento periódico fazem parte integrante de uma máquina, e não são fornecidos como unidades pré-fabricadas e sim projetados, devido ao fato de as exigências variarem de acordo com as circunstâncias, de caso a caso de projeto. Distingue-se, neste caso, o mecanismo de 4 barras, também chamado de quadrilátero articulado, pois é o mais utilizado devido sua simplicidade e robustez. O mecanismo de quatro barras ou quadrilátero articulado é, sem dúvida, o mais simples e comum dos sistemas articulados. Os demais mecanismos podem ser obtidos a partir do mecanismo de quatro barras. Esta característica, aliada ao fato de o mecanismo de quatro barras apresentar diferentes relações geométricas entre as barras e, concomitantemente, diferentes relações entre o tipo de movimento de entrada e de saída, justifica a sua popularidade. O mecanismo de quatro barras encontra inúmeras aplicações no âmbito da mecânica, como por exemplo, em mecanismos de acionamento de prensas, mecanismos de acionamento de sistemas de projeção de filmes, mecanismos de retorno rápido, entre outros. No grande grupo dos mecanismos de quatro barras, dispõe deste o mecanismo de transformação de movimento cursor-biela-manivela que é um mecanismo emblemático da Engenharia Mecânica, provavelmente um dos mais utilizados devido à sua simplicidade e versatilidade. Usualmente associado à máquina a vapor de pistões, é ainda hoje muito utilizado em motores de combustão interna, compressores e outras máquinas. 6 Figura 1. Exemplo de um cursor-biela manivela Fonte: H.H. Mabie/ F.W. Ocvirk – Mecanismos 2°Ed – 1980 Legenda: Peça 1 → Suporte ou base → Bloco. Peça 2 → Manivela → Virabrequim. Peça 3 → Biela → Biela. Peça 4 → Cursor → Pistão. Formalmente, a consideração de um comprimento infinito para a ligação movida de um mecanismo de quatro barras, faz com que o par que une a ligação intermédia à ligação movida tenha um movimento retilíneo de vai e vem. Na prática, a ligação movida toma a designação de corrediça (ou pistão), sendo constrangida por guias (ou cilindro) - de forma a mover-se segundo uma linha reta - e a ligação com movimento rotativo é designada por manivela. A ligação intermédia toma o nome de biela. 2 APLICAÇÕES DO MECANISMO O mecanismo biela-manivela é largamente utilizado em sistemas mecânicos para transformar movimento de rotação em movimento de translação retilínea, ou vice-versa. Uma das suas principais aplicações é em motores de combustão interna, como se ilustra em esquema na figura 2. Nestes motores, a corrediça representa o pistão sobre o qual os gases exercem pressão, a qual é transmitida à manivela por intermédio da biela. Nos motores de combustão interna, as fases de ponto morto, correspondentes às posições extremas do pistão, são superadas pela introdução de um volante de inércia no eixo da manivela. 7 Figura 2 Fonte: Cinemática de Mecanismos - Paulo Flores/J.C. Pimenta Claro O mecanismo biela-manivela encontra ainda aplicação frequente em compressores de ar (figura3), onde a manivela é o órgão motor que recebe o movimento de rotação, por exemplo, de um motor eléctrico, sendo transformado em movimento alternativo de translação que comprime o ar. Deve notar-se que neste tipo de aplicação não existem fases de ponto morto. Contudo, as fases de ponto de mudança podem existir sempre que a biela e manivela tenham o mesmo comprimento. Figura 3 Fonte:https://www.maquinasamc.com.br/51596-large_default/compressor-ar-20-apv-rch-250l-cmt- 5hp-220380v-ip21-690-chiaperini.jpg 8 Máquina de Costura Manual: Figura 3: Máquina de costura manual (Fonte: Clasf, 2018) Locomotiva: Figura 4: Locomotiva Fonte: http://www.vli-logistica.com.br/wp-content/uploads/2019/04/SD70BB_Divulgacao-VLI.jpg 9 Serra Tico-Tico: Figura 5. Serra tico-tico (Fonte: Ultra Máquinas) 3 METODOLOGIA Neste referido tópico inicia-se a abordagem sobre a síntese do mecanismo biela-manivela e a análise visual das restrições de movimento a partir dos parâmetros cinemáticos, dos eixos, e centros instantâneos de rotação (CIR). 3.1 Síntese do Mecanismo Antes de decidir as dimensões dos componentes, é necessário ter em mente como a relação “L/R” e a altura do pistão/cursor influenciam no funcionamento do mecanismo. Para Oliveira (2009) os valores comuns e considerados como bons para a relação “L/R” situam-se entre 3,0 e 3,5, onde L é o comprimento da biela e R é o comprimento da manivela. 3,0 < L/R < 3,5 Para definir o tamanho das barras a seguinte condição deveria ser satisfeita para que possibilitasse o movimento esperado. R<L Sabendo disso, como o protótipo estava limitado em 300 mm, adotamos um valor justo para L de 150 mm. Então, pela primeira relação, e adotando um valor intermediário do intervalo de 3,3, determinados o valor de R: 150 R < 3,3 → R = 150 3,3 → R = 45,45 ≅ 45 mm 10 Outro fato importante que é bom ressaltar, é que o deslocamento do cursor/deslizante fica limitado a ser duas vezes o comprimento da manivela (NORTON, 2010, p. 205). Ou seja, D=2R → D=2R = 2x45 mm=90mm Além disso, sabemos que o comprimento máximo que foi proposto o protótipo é de (300x300x300) mm, ou seja, deveria caber em uma caixa, ou está numa base de tais dimensões. Logo o comprimento máximo a ser atingido por pela manivela, biela e o ponto máximo do cursor deve ser: Ponto de Xmáx: Quando q = 0° ou 360° R + L < 300 mm → (45 + 150) mm = 195 mm < 300 mm Ponto de Xmín: Quando q = 180° Xmín = (150 – 45) mm = 105 mm Figura 06 Fonte: https://biztechbrz.files.wordpress.com/2012/03/031212_0153_determinaod210.png?w=640 3.2 Pares Cinemáticos Um par cinemático é uma conexão entre dois objetos físicos que impõe restrições ao seu movimento relativo. Franz Reuleaux introduziu o par cinemático como uma nova abordagem para o estudo de máquinas que proporcionava um avanço sobre o movimento de elementos constituídos por máquinas simples. Os pares cinemáticos podem classificar-se segundo três critérios básicos, a saber: Quanto à forma; Quanto ao contato; 11 Quanto ao movimento permitido. Se a forma dos elementos é tal que, supondo um deles fixo, as trajetórias de todos os pontos do órgão a que o outro elemento pertence são completamente determinadas, o par diz-se fechado (e.g. mecanismo biela-manivela). Se assim não for, o par diz-se aberto (e.g. mecanismo came-seguidor), sendo, neste caso, necessária uma força exterior para manter o contato permanente entre os dois elementos. Quanto ao contato, os pares cinemáticos podem ser superiores ou inferiores, conforme aquele é pontual ou linear, ou superficial. Como é evidente, na prática não existem pares superiores em virtude das deformações que ocorrem nas zonas de contacto. No que diz respeito ao tipo de movimento permitido, vários são os tipos de par cinemático dos quais se salientam: Rotóides: que permitem aos órgãos rodar ou oscilar num só plano e são habitualmente denominados de articulações; Deslizantes: quando o movimento relativo dos dois órgãos é de translação; o órgão fixo designa-se de guia e o móvel de corrediça. Os pares cinemáticos representam-se, usualmente, por uma letra maiúscula, que simboliza o tipo de movimento permitido, seguida pelos números das ligações correspondentes. É com base nesta notação que se classificam os pares cinemáticos dos mecanismos biela-manivela e came-seguidor. Assim, por exemplo, R12 representa um par cinemático rotóide entre as ligações 1 e 2, e T34 simboliza um par cinemático translacional ou deslizante entre as barras 3 e 4. Os pares cinemáticos do mecanismo biela-manivela do esquema caracterizam-se da seguinte forma: Figura 7 12 Fonte: https://biztechbrz.files.wordpress.com/2012/03/031212_0153_determinaod310.png?w=576 Par cinemático R12: rotóide inferior fechado; Par cinemático R23: rotóide inferior fechado; Par cinemático R34: rotóide inferior fechado; Par cinemático T14: deslizante inferior fechado. 3.3 Eixos e Centros Instantâneos de Rotação Quando um corpo roda no espaço tridimensional em relação a outro corpo pode considerar-se a existência de um eixo comum de rotação, cuja posição relativamente aos dois corpos pode ou não variar de instante para instante. A estes eixos dá-se o nome de eixos instantâneos de rotação. Para movimentos planos, os eixos instantâneos de rotação são sempre perpendiculares ao plano do movimento e intersectam os corpos num ponto que se designa de centro instantâneo de rotação (CIR). Sabe-se que a velocidade de um ponto de um corpo rígido relativamente a outro ponto do mesmo corpo tem direção perpendicular ao segmento de reta que une os dois pontos considerados. Este teorema pode demonstrar-se recorrendo ao método de redução ao absurdo, provando que a velocidade relativa de dois pontos de um corpo rígido não pode ter componente segundo o segmento que os une. As principais propriedades dos CIR’s resumem-se deste modo: CIR é um ponto de um corpo em torno do qual roda o outro corpo; A velocidade do CIR é a mesma quer se considere o ponto pertencente a um ou outro corpo; O conhecimento da posição do CIR permite calcular imediatamente a velocidade de qualquer ponto da ligação; Inversamente, conhecidas as velocidades de dois quaisquer pontos de um corpo, a posição do CIR determina-se facilmente pela intersecção das normais aos vectores velocidade tirados nesses pontos. O número de CIR’s de um mecanismo é igual ao número de combinações binárias que se pode estabelecer entre os seus corpos. Assim, se (n) for o número de corpos, o número de CIR’s é dado pela seguinte expressão: 13 ⅈ = 𝐶2 𝑛 = 𝑛(𝑛 − 1) 2 A determinação da posição dos CIR’s pode ser feita por simples inspeção, pelo teorema dos três centros ou de Aronhold-Kennedy combinado com o teorema da normal comum. Figura 8: Exemplos onde a localização dos centros instantâneos de rotação se determina por simples inspeção direta. Fonte: UNIVERSIDADE DO MINHO (core.ac.uk) A determinação e localização dos CIR’s do mecanismo biela-manivela baseia-se nos conceitos referidos anteriormente. Assim, aplicando a expressão, o número de centros instantâneos de rotação é: ⅈ = 𝐶2 4 = 4(4 − 1) 2 = 𝟔 e que são: O12, O23, O34, O14, O24 e O13. 14 Figura 9: Determinação e localização dos centros instantâneos de rotação do mecanismo biela- manivela. Fonte: UNIVERSIDADE DO MINHO (core.ac.uk) Os centros instantâneos de rotação podem ser fixos (tipo1), permanentes (tipo 2) ou imaginários (tipo 3). O14 e O14 são do tipo 1. São, em geral, eixos de rotação nos mecanismos, isto é, são pontos estacionários num corpo fixo em relação ao qual roda outro corpo. O23 e O34 são do tipo 2. São pontos comuns a dois corpos cuja velocidade é a mesma, quer se considerem pertencentes a um ou outro corpo, tal como nas juntas cinemáticas de rotação. O13 e O24 são do tipo 3. São pontos que, num dado instante, apresentam as mesmas características dos centros do tipo 1 ou do tipo 2. Estes pontos podem pertencer aos corpos de um dado mecanismo, ou estar situados fora dos corpos. Figura10 – Centros instantâneos de rotação do mecanismo biela-manivela Fonte: Microsoft Word - Anexo B.doc (uminho.pt) 15 4 ANÁLISE CINEMÁTICA A Cinemática é o estudo do movimento independentemente das forças que o originaram, portanto, as peças são consideradas corpos rígidos – desconsideram- se suas deformações. Na cinemática estuda-se a posição, geometria, deslocamento (translação e rotação), velocidade e aceleração. Na Cinemática Aplicada estuda-se a aplicação dos conceitos da Cinemática na Síntese e Análise dos Mecanismos. A Síntese Cinemática, ou Síntese Dimensional, considera a determinação da geometria básica das partes constituintes de um mecanismo, necessária para a realização de uma transmissão ou transformação específica do movimento. Pressupõe basicamente: Deslocamentos – O deslocamento representa a mudança de posição, independentemente do caminho percorrido. Distinguem-se os deslocamentos lineares e angulares. Trajetórias – A trajetória representa as posições sucessivas de um ponto móvel, ou seja, o caminho (lugar geométrico) deste ponto traçado no plano fixo. Na Análise Cinemática o deslocamento já não é mais considerado de ordem exclusivamente geométrica pois o tempo é introduzido como um novo parâmetro, resultando em duas novas grandezas cinemáticas: a velocidade e a aceleração 4.1 Determinação da Equação para a Posição do Mecanismo Para esse equacionamento, é desenvolvida uma análise geral iniciando-se no cálculo do número de graus de liberdade (GDL) até a solução do sistema de equações. Com isso, tomaremos a figura abaixo de um sistema biela-manivela como base ilustrativa para o dimensionamento e desenvolvimento dos cálculos. Figura 11 Fonte: Material de estudo disponibilizado pelo professor da referida disciplina. 16 Cálculo do número de graus de liberdade (GDL) Nada mais é do que o menor número de variáveis necessárias para representar um objeto no espaço. Em vista disso, define-se a mobilidade (M) como o número de GDL que um objeto possui e, que, para a análise em estudo, será definido que o corpo cinemático é rígido, tem carga pontual e é incapaz de sofrer deformações. Pelo método de Kutzbach temos que: L = número de barras = 4 J1 = número de juntas completas = 4 J2 = número de meia-juntas = 0 GL = 3. (L-1) - 2. (J1) - (J2) = 3. (4-1) - 2.4 - 0 = 1 Logo, o mecanismo tem 1 grau de liberdade. Definição do sistema global de coordenadas Como definido na figura, o sistema adotado foi o eixo x-y (+) para a direita e para cima, tendo como ponto de origem o mancal esquerdo. Identificação das medidas constantes São as medidas que não variam durante a execução do mecanismo, logo, temos que: R (comprimento da manivela), L (comprimento da biela) e C (distância y da ranhura a origem). Todavia, a distância C foi definida como zero, pois o protótipo em questão não possui desalinhamento. Definição das variáveis primárias e secundárias São as medidas de ‘entrada’ e ‘saída’ do mecanismo. São elas: q (primária), A (secundária) e X (secundária). Montagem das equações cinemáticas da posição: Segundo Norton (2010) é possível determinar a posição do deslizante do mecanismo de biela-manivela possuindo o valor do comprimento da manivela e da biela, para uma determinada angulação da manivela. Observe a Figura 11. Para um 17 comprimento de manivela (R), um comprimento de biela (L) e uma dada posição da manivela (q), é possível determinar o ângulo da biela (A). No presente estudo, admite-se que a manivela roda com velocidade constante, isto é: ω= 𝑑𝒒 𝑑𝑡 = constante, ou seja, q =ωt. Assim, atendendo à geometria da figura 11, pode escrever-se as seguintes expressões para a posição e ângulo do cursor: I. Eixo x (+): R.cos (q) + L.cos (A) – X = 0 II. Eixo y (+): R.sin (q) – L.sin (A) - C = 0, tal que C = 0 Solução do sistema de equações: Isolando os termos requeridos, X (q) para a posição e A (q) para o ângulo de saída, ficamos com: X (q) = R.cos (q) + L.cos (A) A (q) = arcsen [ 𝐑.𝐬𝐢𝐧 (𝐪) 𝑳 ] Logo, obtemos a expressão da posição do cursor em função da posição angular da manivela (q) e das dimensões da manivela (R) e da biela (L), fazendo variar o ângulo de saída A no intervalo [0, 2π]. 4.2 Determinação da equação para a velocidade do mecanismo Sabe-se que a velocidade é obtida através da derivada segunda da posição com relação ao tempo. Com isso, derivando a expressão do eixo-x (I) e a expressão do eixo-y (II) utilizando a regra da cadeia, temos que: I. Ẋ = - R.sen (q). q̇ – L.sen (A). Ȧ 18 II. R. cos (q). q̇ – L. cos (A). Ȧ = 0 → �̇� = [ 𝐑.𝐜𝐨𝐬(𝐪)�̇� 𝐋.𝐜𝐨𝐬(𝐀) ] III. Substituindo (II) em (I), eliminando os termos semelhantes e reorganizando, ficamos com: Ẋ = - R.sen (q). q̇ – L.sen (A). [ R.cos(q)q̇ L.cos(A) ] → IV. V=X ̇ = (R. 𝐪)̇ [-sen (q) – tg (A).cos (q)] Logo, obtemos a expressão da velocidade do cursor em função da posição angular da manivela (q) e das dimensões da manivela (R) e da biela (L), fazendo variar o ângulo de saída A no intervalo [0, 2π]. Tal que A é o valor obtido anteriormente, ou seja: A (q) = arcsen [ 𝐑.𝐬𝐢𝐧 (𝐪) 𝑳 ] 4.3 Determinação da equação para a aceleração do mecanismo Sabe-se que a aceleração é obtida através da derivada segunda da posição com relação ao tempo, ou derivando-se a expressão da velocidade com relação ao tempo. Com isso, derivando a expressão do eixo-x (I) e a expressão do eixo-y (II) duas vezes através da regra da cadeia, temos que: I. Ẍ = - R [cos (q).(q̇)² + sen (q). q̈] – L.[cos (A). (Ȧ)² + sen (A). (Ä)] II. R [-sen (q). (q̇)² + cos (q). q̈] ] – L.[-sen (A). (Ȧ)² + cos (A).(Ä)] = 0 Como dito no tópico 4.1, a velocidade angular é constante que, por sua vez, implica que q̈ = 0. Logo, as equações (I) e (II) tornam-se: III. Ẍ = - R [cos (q).(q̇)²] – L.[cos (A). (Ȧ)² + sen (A). (Ä)] IV. R [-sen (q). (q̇)²] – L.[-sen (A). (Ȧ)² + cos (A).(Ä)] = 0 → Ä = tg(A). (Ȧ)² - [ R.sin (q).(q̇)² L.cos (A) ] Substituindo a equação (IV) na equação (III) e organizando os termos, ficamos com: 19 V. Ẍ = - R [cos (q).(q̇)²] – L.cos (A). (Ȧ)² - L.sen (A). [tg(A). (Ȧ)² - [ R.sin (q).(q̇)² L.cos (A) ]] → �̈� = - R. (�̇�)² cos (q). – L. (�̇�)².cos (A) - 𝐭𝐠(𝐀). [L.sen (A). (�̇�)² - R.sen (q). (�̇�)²] Logo, obtemos a expressão da aceleração do cursor em função da posição angular da manivela (q) e das dimensões da manivela (R) e da biela (L), fazendo variar o ângulo de saída A no intervalo [0, 2π]. Tal que o ângulo de saída A (q) fora determinado anteriormente. 5 DESENVOLVIMENTO Neste tópico, abordamos sobre o projeto de construção do protótipo do mecanismo biela-manivela tal que, por sua vez, foi elaborado em programa CAD, realizados os desenhos técnicos dos componentes e do mecanismo como um todo que, no caso de uma construção do mesmo, a base tomada será os desenhos técnicos. Desta maneira, finaliza-se com a elaboração de um código de programação na linguagem Scilab que contém as equações da posição, velocidade e aceleração em função do ângulo de saída A (q) e, com isso, seus respectivos gráficos foram plotados. 5.1 Projeto CAD A partir da síntese do mecanismo no subtópico (3.1) definimos que o comprimento da manivela (R) seria de 45 mm e da biela (L) seria de 150 mm. Assim, sob a condição limitante do protótipo ser (300x300x300) mm, o mecanismo desenvolvido foi acoplado a uma base de dimensões (300x300) mm. Uma vez que a manivela possui R=45 mm, então seu diâmetro é de D=90 mm. Tal fato, gera a necessidade de elaborar uma base de altura um pouco maior que 90mm para que quando a manivela executar o movimento de rotação. Este, por sua vez, seria restringido pela placa – caso não fosse feito tal base -, o que acabaria gerando uma colisão e travandoda peça. Desse modo, com uma boa altura do mancal a manivela girará sem restrições. Consequentemente, para o cursor, este deve estar nivelado ao nível mancal-manivela para que o movimento linear seja perfeitamente executado sem que 20 haja algum desnível no mecanismo. Logo, sob uma base retangular com altura maior que 90 mm acoplamos o mancal e o cursor. Para a montagem e simulação do mecanismo, faz-se necessário criar juntas e restrições para que o mecanismo funcione de maneira correta. Para o mecanismo biela-manivela, primeiramente cria-se uma junta de revolução entre a manivela e o pino da base, para que ela tenha movimento de rotação. Em seguida, uma junta de revolução entre a manivela e a biela faz com que a biela tenha movimento de rotação. Então, cria-se uma junta de revolução entre a biela e o cursor e finalmente uma restrição faz com que a biela tenha, além da rotação criada entre a manivela e ela, também o movimento de translação. Já o cursor fica restrito ao movimento de translação. Ademais, foi solicitado a adoção de uma manivela para acionamento manual ou o acoplamento de um motor. O motor não é visível no desenho, mas ele foi adotado sob uma rotação arbitrária de 100 rpm e é perceptível ao se executar no programa, pois este executará o movimento automaticamente. Abaixo estão as ilustrações dos referidos componentes do mecanismo e o mesmo como um tudo. Todas as fontes das imagens foram elaboradas pelos autores. Figura 12 - Base Fonte: Autores 2021 21 Figura 13 - Biela Figura 14 - Cursor Figura 15 - Mancal 22 Figura 16 - Manivela Figura 17 – Parafusos do Mancal Figura 18 – Acionamento Manual 23 Figura 19 - Pinos Figura 20 – Mecanismo Biela-Manivela Figura 21 – Mecanismo Biela-Manivela 24 5.2 Desenhos Técnicos Em complemento a elaboração do projeto, desenhos técnicos das peças que compõem os mecanismos foram realizados assim como suas respectivas cotas e suas respectivas vistas. Estes, por sua vez, encontram-se nos anexos ao final do documento. 5.3 Código – Scilab O código em Scilab foi elaborado utilizando-se as equações desenvolvidas de posição, velocidade e aceleração nos tópicos (4.1), (4.2) e (4.3), respectivamente. Como a velocidade angular era constante, adotamos o valor arbitrário de 100 rpm ≅ 10 rad/s. clc clear clf function x=posicao(q, R, L) A=asind(R*sind(q)/L); x=R*cosd(q)+L*cosd(A); endfunction function v=velocidade(q, w, R, L) A=asind(R*sind(q)/L); v=R*w*(-sind(q)-(sind(A)/cosd(A))*cosd(q)); endfunction function a=aceleracao(q, w, R, L) A=asind(R*sind(q)/L); A_ponto=R*w*(cosd(q)/(L*cosd(A))); a=-R*(w^2)*cosd(q)- L*(A_ponto^2)*cosd(A)+(sind(A)/cosd(A))*R*(w^2)*sind(q)- L*(A_ponto^2)*(sind(A)/cosd(A))*sind(A); endfunction L= 150 //milimetros R= 45 //milimetros w= 10 //rad/s q(1)=0; for i=2:361 q(i)=q(i-1)+1; 25 end x=posicao(q,R,L); scf(0) subplot(131); plot(q,x,'r-'); xtitle("Posição (X) x Ângulo (A)", "Ângulo em Graus", "Posição (mm)"); v=velocidade(q,w,R,L); subplot(132); plot(q,v); xtitle("Velocidade (V) x Ângulo (A)", "Ângulo em Graus", "Velocidade (mm/s)"); a=aceleracao(q,w,R,L); subplot(133); plot(q,a,'g-'); xtitle("Aceleração (a) x Ângulo (A)", "Ângulo em Graus", "Aceleração (mm/s²)"); 5.4 Representação gráfica Para uma rotação arbitrária de 100 rpm ≅ 10 rad/s Para qualquer outro valor de velocidade angular, a posição X (q) será constante, tendo apenas um novo valor de V (q) e a (q), respectivamente. Gráfico 1 – X (q) x A (q) 26 Fonte: Autores 2021 Gráfico 2 – V (q) x A (q) Fonte: Autores 2021 Gráfico 3 – a (q) x A (q) Fonte: Autores 2021 27 6 CONCLUSÃO Dado o exposto, toda máquina é composta por elementos e, o conjunto destes elementos, formam os mecanismos. Tendo em vista a diversa aplicabilidade do mecanismo cursor-biela-manivela, assim como uma ampla literatura a ser consultada – o que reduziu a dificuldade do desenvolvimento do trabalho -, podemos compreender a sua importância para os projetos de máquinas, afinal, elementos de quatro barras são a base para os outros tipos de elementos. Além disso, este trabalho foi de suma importância para que pudéssemos entender um pouco mais sobre os mecanismos em geral e ainda, como realizar seus projetos desde o desenho, montagem, até realização de análises. REFERÊNCIAS Flores, Paulo. (2015). Análise Cinemática E Dinâmica De Mecanismos Com Recurso A Meios Computacionais. 10.13140/RG.2.1.4535.3449. Flores, Paulo & Claro, J.C. (2007). Análise Descritiva de Mecanismos. MABIE, H. H. & Reinholtz, C. F., Mechanisms and Dynamics of Machinery, John Wiley & Sons, 1986. SHIMOSAKA, Matheus Yoo. Estudo dinâmico comparativo entre mecanismos biela manivela e garfo escocês. 2016. 80 f. Trabalho de Conclusão de Curso (Bacharelado em Engenharia Mecânica) - Universidade Tecnológica Federal do Paraná. Pato Branco, 2016. UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ. Biblioteca Universitária. Guia de normalização de trabalhos acadêmicos da Universidade Federal do Ceará. Fortaleza, 2013. ANEXOS Universidade Federal do Ceará - Campus Russas TITLE Base SIZE A4 DWG NO: Base E Autores: José Eurismar/Lucas Felipe/Talles Brener SCALE: 1:1 10 70 280 290 20 0 24 O 10 5212 Universidade Federal do Ceará - Campus Russas TITLE Biela SIZE A4 DWG NO: Biela E Autores: José Eurismar/Lucas Felipe/Talles Brener SCALE: 1:1 10 R 15 O 15 150 180 Universidade Federal do Ceará - Campus Russas TITLE Cursor SIZE A4 DWG NO: Cursor E Autores: José Eurismar/Lucas Felipe/Talles Brener SCALE: 1:1 24 80 O 15 35 5 5 Universidade Federal do Ceará - Campus Russas TITLE Mancal SIZE A4 DWG NO: Mancal E Autores: José Eurismar/Lucas Felipe/Talles Brener SCALE: 2:1 24 76 22 12 R 15 O 15 R 3 O 10 Universidade Federal do Ceará - Campus Russas TITLE Manivela SIZE A4 DWG NO: Manivela E Autores: José Eurismar/Lucas Felipe/Talles Brener SCALE: 2:1 R 15 O 15 75 45 10
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