Buscar

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 5 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

FABIANA NATAL
ADVOCACIA
 Rua Martinho Francisco, 360, 1º andar – Centro – Carpina/PE 
		CEP: 55813-451 Fone: (081) 3621-0657 e-mail: fabiananataladv@hotmail.com
EXCELENTÍSSIMO SR. DR. JUIZ DE DIREITO DA XXX VARA CÍEVL DA COMARCA DE MACEIÓ/AL
ADELMO TORRES, brasileiro, casado, Professor, portador da Cédula de Identidade nº 9.313.218 SDS/AL, inscrito no CPF/MF sob o nº 107.726.494-13, residente e domiciliado na rua Gustavo Coimbra, n. 121, Bairro Novo, na cidade de Maceió/AL, vem respeitosamente à presença de Vossa Excelência, por seu advogado constituído pelo instrumento de procuração anexo e que recebe intimações de foro em geral em seu endereço profissional que consta no cabeçalho, vem respeitosamente, perante Vossa Excelência, com fulcro nos termos do art. 5º, LXXIII, da CRFB/ 88 e da Lei n. 4.7 17/65 , ajuizar a presente
AÇÃO POPULAR COM PEDIDO DE LIMINAR
em face do Sr. JOAQUIM NUNES, Presidente da Assembleia Legislativa do Estado de Alagoas, com endereço a Praça Dom Pedro II, Centro, Maceió – AL, pelos motivos que passará a expor.
1. DOS FATOS
 ADELMO TOREES, já qualificado, indignou-se ao saber, em janeiro de 2018, por meio da imprensa, que o Sr. Joaquim Nunes havia determinado a reforma total de seu gabinete, orçada em mais de R$ 3.000.000,00 (três milhões de reais), a qual seria integralmente custeada com recursos do orçamento do Poder Legislativo Estadual.
 A referida reforma incluía aquecimento e resfriamento com controle individualizado para o ambiente e instalação de ambiente físico para projeção de filmes em DVD, decoração contratada com o melhor ambientador do Brasil, com aquisição de quadros dos melhores pintores nordestinos, piso de mármore e revestimentos efetivados com materiais importados do exterior, melhorias estas que o autor considera suntuosas, incompatíveis com a realidade brasileira. 
 
 O Sr. Presidente da Assembelia Legislativa declarara, em entrevistas, que os gastos com a reforma seriam necessários para a manutenção da representação adequada ao cargo que exerce. 
 Tendo tomado conhecimento de que o processo de licitação já se encerrara e que a obra ainda não havia sido iniciada, o Autor, temendo que nenhum ente público tomasse qualquer atitude para impedir o início da referida reforma, dirigiu-se a uma delegacia de Polícia Federal, onde foi orientado a que procurasse a Polícia Civil. 
 Supondo tratar-se de um “jogo de empurra-empurra”, o Autor preferiu procurar ajuda deste profissional de advocacia para aconselhar-se a respeito da providência legal que poderia ser tomada no caso, resolvendo por ajuizar a presente Ação Popular, instrumento hábil a anular atos lesivos ao patrimônio público.
2. DO DIREITO
 Da descrição dos fatos, resta inescusável a desproporcional lesividade ao patrimônio público potencializada pela reforma do gabinete do Sr. Deputado Estadual. Assim, como disposto na Constituição da Republica Federativa do Brasil, precisamente em seu artigo 5º, LXXIII, qualquer cidadão é parte legítima para propor ação popular que vise a anular ato lesivo ao patrimônio público ou de entidade de que o Estado participe, à moralidade administrativa, ao meio ambiente e ao patrimônio histórico e cultural. Ademais, os requisitos legais estão presentes nos artigos da Lei n.º 4.717, de 1.965 abaixo transcritos:
“Art. 1.º Qualquer cidadão será parte legítima para pleitear a anulação ou a declaração de nulidade de atos lesivos ao patrimônio da União, do Distrito Federal, dos Estados, dos Municípios, de entidades autárquicas, de sociedades de economia mista (Constituição Federal, art. 141, § 38), de sociedades mútuas de seguro nas quais a União represente os segurados ausentes, de empresas públicas, de serviços sociais autônomos, de instituições ou fundações para cuja criação ou custeio o tesouro público haja concorrido ou concorra com mais de cinqüenta por cento do patrimônio ou da receita ânua, de empresas incorporadas ao patrimônio da União, do Distrito Federal, dos Estados e dos Municípios, e de quaisquer pessoas jurídicas ou entidades subvencionadas pelos cofres públicos.
[…]
Art. 2.º São nulos os atos lesivos ao patrimônio das entidades mencionadas no artigo anterior, nos casos de:
a) incompetência;
b) vício de forma;
c) ilegalidade do objeto;
d) inexistência dos motivos;
e) desvio de finalidade.
 Cumpre destacar que houve lesão ao patrimônio público, pois foi utilizado dinheiro do Poder Legislativo Estadual para beneficiar um agente político em suas pretensões pessoais, em termos de melhorias do seu próprio gabinete, o que de forma expressa é vedado pela Constituição, nos termos do art. 37, caput, já que a administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Esta dos, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência.
 Havendo, portanto, expressa violação ao princípio da moralidade, uma vez que o dinheiro público e a máquina pública foram gastos para atender fins pessoais.
 Também pode ser aplicado ao caso em tela o disposto no art. 4º, I, da Lei n. 4.717/65, que estabelece que sejam também nulos os atos ou contratos, praticados ou celebrados por quais quer das pessoas ou entidades referidas no art. 1º da Lei n. 4.7 17/65, com o por exemplo, a admissão ao serviço público remunerado, com desobediência, quanto às condições de habilitação, das normas legais, regulamentares ou constantes de instruções gerais. 
3. DOS REQUISITOS DA AÇÃO POPULAR
 Instrumento da cidadania, a Ação Popular imprescinde da demonstração do prejuízo material, posto visar, também, os princípios da administração pública, mormente o da moralidade pública, como já sedimentado pelo Supremo Tribunal Federal. Para o cabimento da ação popular, basta a ilegalidade do ato administrativo a invalidar, por contrariar normas específicas que regem a sua prática ou por se desviar dos princípios que norteiam a Administração Pública, dispensável a demonstração de prejuízo material aos cofres públicos, não é ofensivo ao inc. LXXIII do art. 5.º da Constituição Federal, norma esta que abarca não só o patrimônio material do Poder Público, como também o patrimônio moral, o cultural e o histórico.
 No presente caso, então, aliada à real possibilidade iminente de prejuízo ao Erário, temos que o princípio da moralidade está sendo severamente afetado, mormente em época de cortes orçamentários no nosso País, com a previsão de milhões de desempregados, e, ademais, os Presidentes da Assembleia Legislativa anteriores já vinham recebendo de há muito tempo autoridades em seu Gabinete, que, certamente, a ninguém envergonhou no tocante às instalações.
4. DOS REQUISITOS DA MEDIDA LIMINAR
 A antecipação de tutela pressupõe algum efeito prático da futura sentença de mérito, reclama um juízo de verossimilhança do direito afirmado, além do fundado receio de dano irreparável ou de difícil reparação (art. 273 do CPC). 
 A melhor doutrina vem interpretando cum granus salis a exigência de prova inequívoca daquela aparência de direito, bastando ao requerente da tutela a demonstração da plausibilidade de sua pretensão à obtenção da liminar, além do fundado receio de dano irreparável ou de difícil reparação.
 O risco de dano irreparável advém na utilização do montante monetário pelo Executivo Estadual e que não terá condições repô-lo na velocidade necessária (vide caso dos precatórios). 
 A fumaça do bom direito foi amplamente debatida durante toda esta peça, que deixa de reprisá-la para evitar tautologia. Em apertada síntese, os fatos ora noticiados encontram respaldo no início de prova documental ora colacionada, ensejando a apreciação liminar – inaudita altera pars – da tutela antecipatória postulada,sob pena de irreversibilidade e grave violação aos direitos coletivos.
5. DO PEDIDO
 Ante o exposto, requer a Vossa Excelência que se digne a:
a) deferimento da tutela provisória para o propósito da assinatura do contrato de prestação de serviçõs para o inicio das obras (Art. 5º, 4º LAP + Art. 300 CPC);
b) a citação por precatória do réu, nos prazos e termos do inciso IV do art. 7.º da Lei n.º 4.717, de 1965, com cópia desta inicial e documentos juntados;
c) a oitiva do representante do Ministério Público Federal (Art. 6º, § 4º, LAP);
d) a intimação da União para se manifestar, conforme disposto no § 3.º do art. 6.º da Lei n.º 4.717, de 1965;
e) a confirmação da sentença com a anulação de quaisquer atos administrativos tomados pelo demandado na presente ação visando despesas objeto da presente ação popular e, caso já tenha havido alguma despesa, o ressarcimento por parte do réu ao erário por despesas que venham a ser efetuados e já tenham sido efetuadas ao longo do processo, com comunicação ao Ministério Público para as devidas ações penal e de improbidade que entender pertinentes;
f) requerimento de provas (Art. 369 CPC).
g) a condenação do Réu na sucumbência, a ser fixada por Vossa Excelência, nos termos do art. 12 da Lei n.º 4.717, de 1965, bem como nas custas.
Dá-se à presente causa o valor estimado de R$ 3.000.000,00 (tres milhões de reais).
Termos em que pede e espera deferimento.
Maceió, 27 de abril de 2021
Fabiana Natal
OAB n. XXX/ UF