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BRONQUIOLITE · É uma infecção respiratória aguda, de etiologia predominantemente viral · Compromete as vias aéreas de pequeno calibre (bronquíolos), através de um processo inflamatório agudo, levando a um quadro respiratório do tipo obstrutivo com graus variáveis de intensidade. · Mais frequente em crianças de até um ano de idade, sendo as apresentações mais graves nos primeiros seis meses de vida e especialmente em prematuros · É a causa mais frequente de hospitalizações em lactentes. · Ocorre mais frequentemente no inverno · A duração média dos sintomas é de doze dias. PROPENSÃO DOS LACTENTES · A resistência ao fluxo de ar · É inversamente proporcional à quarta potência do raio · Qualquer inflamação da mucosa e acúmulo de secreção nas vias respiratória corresponde a grande aumento na dificuldade de passagem do ar. · A parede torácica · Muito complacente do lactente · Possibilita que, durante a inspiração, a pressão negativa exercida produza um colabamento das vias aéreas e consequente atelectasia. · Número de células de defesa · Maior número de linfócitos, neutrófilos e, principalmente, mastócitos e eosinófilos no conteúdo alveolar · A produção de mediadores inflamatórios (histamina, leucotrienos e interleucinas) deflagrada por uma agressão infecciosa é também mais proeminente. ETIOLOGIA · O Vírus Sincicial Respiratório (VSR) é responsável por mais de 50% dos casos. · Parainfluenza · Adenovírus 7 e 21 (importante agente causador da bronquiolite obliterante) · Outros: metapneumovírus e o bocavírus humano (isolado ou em coinfecção com o VSR). TRANSMISSÃO · A fonte de contaminação é geralmente um membro da família ou outra criança da creche. · A forma de transmissão ocorre através do contato com secreções da pessoa contaminada. · A disseminação de partículas virais através de aerossol não é uma via de contágio importante para o VSR. · Indivíduo permanece assintomático por três a cinco dias e então inicia os sintomas de vias aéreas superiores. FATORES DE RISCO · Sexo masculino · Mães que fumaram durante a gestação · Idade menor que seis meses · Baixo peso ao nascer · Prematuridade · Doença pulmonar crônica (broncodisplasia) · Desnutrição · Aglomeração · Aleitamento artificial. FISIOPATOLOGIA · Nem todas as crianças infectadas desenvolvem a doença. · Alterações anatômicas e imunológicas participam de forma importante na determinação da gravidade. · Caracterizada por obstrução inflamatória dos bronquíolos (edema, muco, acúmulo de fibrina e debris celulares). · Ocorre uma alteração na relação ventilação/perfusão, com consequente hipoxemia, retenção de CO2 e acidose respiratória. · A resistência à passagem é maior durante a expiração, resultando em sibilância e em uma obstrução valvular, dificultando a eliminação do ar e aumentando o volume residual, com hiperinsuflação. · Se a obstrução for completa, o ar aprisionado será progressivamente reabsorvido, resultando em atelectasias. MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS E DIAGNÓSTICO · O quadro é autolimitado, com resolução em 5 a 7 dias. A tosse pode durar até 2 semanas · Pródromos 3-4 dias antes, com sintomas leves de vias aéreas superiores, como espirros e rinorreia. · Taquipneia, tosse paroxística, sibilos difusos (principalmente expiratórios, mas que em casos de maior gravidade podem também ser inspiratórios associado a diminuição do murmúrio vesicular) · A criança é sempre taquipneica · Retrações intercostais, subcostais, retração de fúrcula e Batimento de asa de nariz · Dispneia · Dificuldade de aceitação da dieta · Hipoxemia é comum, mas cianose é rara · Sinais de insuficiência respiratória são ascendentes: · Nos casos mais leves há tiragem subdiafragmática e intercostal · Nos moderados associa-se tiragem de fúrcula · Nos casos mais graves batimento de asa de nariz, respiração paradoxal, gemência, alteração do nível de consciência, sonolência ou irritabilidade. · Febre, quando presente, é de cerca de 38,5-39 · A apneia pode ser um sintoma mais comum que a sibilância em lactentes menores de dois meses · Síndrome pós bronquiolite: episódios recorrentes de sibilâmcia e desconforto pós bronquiolite · Devido a alteração de mobilidade ciliar temporária após quadro respiratório agudo inicial · Exame físico: · Sibilos (inspiratórios ou bifásicos, dependendo do grau de obstrução) · Prolongamento do tempo expiratório. · Sinais de estresse respiratório: ex.: batimento de aletas nasais, retrações intercostais e subcostais). · Estertores subcreptantes · Oximetria de pulso é possível avaliar o grau de hipoxemia. · Radiografias de tórax evidenciam sinais hiperinsuflação, como: · Aumento do diâmetro anteroposterior do tórax · Retificação dos arcos costais e do diafragma · Aumento da transparência pulmonar. · Achados como infiltrados reticulonodulares · Áreas de atelectasia são também bastante comuns. · O leucograma em geral não demonstra alterações · A gasometria arterial é útil na avaliação de hipoxemia e hipercapnia. · Teste rápido: Efetivo na detecção precoce do VSR em aspirado de nasofaringe · PCR GRUPO DE RISCO PARA BRONQUIOLITE GRAVE · Os prematuros (< 32 semanas) · Broncodisplásicos · Cardiopatas · Lactentes < 3 meses · Aqueles que apresentam saturação de oxigênio menor que 95% em repouso e FR > 70 irpm. · Condição social ruim · Recusa alimentar, ingestão reduzida e ou/sem diurese por 12 horas DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL · Asma: · O principal diagnóstico diferencial · A infecção pelo VSR é a principal causa de sibilância durante os três primeiros anos de vida e pode contribuir para o desenvolvimento da hiper-responsividade das vias aéreas, característica da asma. · Cerca de 60% dos bebês chiadores nunca mais apresentarão broncoespasmo após os seis anos. · Existem três modelos de bebês chiadores: · Chiadores precoces transitórios: 19,9% · Aqueles que têm no mínimo um episódio de broncoespasmo antes de três anos e depois nunca mais apresentarão sibilância; · Chiadores persistentes: 13,7% · Aqueles que apresentam episódios recorrentes de sibilância antes dos três anos · Aos seis anos, continuam sibilando; · Chiadores tardios: 15% · Não apresentaram broncoespasmo antes de três anos, mas o fazem após os seis anos. · A outra metade das crianças nunca terá nenhum episódio de broncoespasmo. · Os fatores de risco para asma persistente são: · Asma materna, tabagismo materno, Rinite ou eczema atópico em menores de um ano. · Coqueluche · Causada pela B. pertussis, de curso e duração muito prolongados. · Classicamente, a dividimos em três fases clínicas: · Fase catarral, Fase Paroxística, Fase de convalescença · Fase catarral: 1-2 semanas · Hiperemia conjuntival, lacrimejamento, rinorreia, espirros e febre baixa; · Intensa leucocitose (15.000 a 100.000 céls/mm³) com linfocitose; · Fase Paroxística: 2-6 semanas · Tosse, que é seca e irritativa inicialmente, e evolui com seus paroxismos inexoráveis; · Fase de convalescença: ≥ 2 semanas · Redução da tosse em duração, intensidade e frequência de paroxismos. · Lactentes menores de três meses o quadro pode ser bem diferente do acima descrito: CUIDADO!! · Fase catarral pode passar despercebida, e então eles começam com engasgos, tosse, batimento de extremidades e rubor de face. · A cianose pode se seguir a estes episódios. · Algumas vezes, apenas a apneia é verificada. · Paradoxalmente, é na fase de convalescença que a tosse se torna mais alta e proeminente. · Fibrose Cística. · Deve ser suspeitada sempre que: · Os sintomas de sibilância forem persistentes e refratários ao tratamento broncodilatador; · Houver dificuldade de ganho ponderal; · Sintomas de má absorção; · Anormalidade hidroeletrolíticas; · Baqueteamento digital, denotando doença pulmonar crônica. · Cardiopatias Congênitas. · Cursam com hiperfluxo pulmonar, levam a edema pulmonar e ingurgitamento do leito linfático e venoso. · Provoca uma obstrução dos bronquíolos por compressão, que clinicamente manifesta-se como broncoespasmo. · Refluxo Gastroesofágico. · Comum nos lactentes e pode provocar broncoespasmorecorrente · Pode ser pelo conteúdo ácido estomacal ou um reflexo vagal pode desencadear o aumento da resistência nas vias aéreas inferiores. · Pneumonia Bacteriana. · Importante descartar · A presença de febre elevada e presença de consolidação pneumônica no RX sugerem TRATAMENTO *Cerca de 1 a 2% dos casos necessitam de internação hospitalar · Cabeceira Elevada em 30° e pescoço em leve extensão · Proporciona maior conforto para o paciente. · Fisioterapia respiratória: Não recomendado · Oxigenoterapia · A oxigenoterapia é a única terapia que é comprovadamente benéfica · Oferecer oxigênio umidificado e aquecido, de alto fluxo através de cânula nasal · A saturação deve ser mantida acima de 92%. · Suporte · Controle da temperatura · Aporte hídrico e nutricional adequados · Limpeza das vias aéreas superiores com salina fisiológica com cuidado. · Corticoide: · Tanto oral, como inalatório ou venoso, não tem indicação no tratamento de BVA, sendo os riscos maiores que o benefício · Aporte hidroeletrolítico: · A hidratação oral deve ser estimulada · Hidratação por sonda nasogástrica ou venosa para lactentes que não conseguem VO · Se presença de quadros obstrutivos mais graves, necessitarão que a infusão de fluidos seja restrita a aproximadamente dois terços da ração hídrica diária de manutenção, com uma monitorização laboratorial constante dos seus eletrólitos, visto que existe a presença de fatores mecânicos predispondo a formação de edema pulmonar · Nutrição: · A alimentação por via oral deve ser cuidadosa e evitada nos lactentes taquipneicos. · Em casos de taquidispneia moderada, a dieta poderá ser passada por sonda orogástrica ou enteral. · Nos casos mais graves, permanecer em dieta zero, e a hidratação deverá ser feita por via parenteral. · Nebulização com beta-agonista · Pode realizar um teste terapêutico (se melhorar os sinais/sintomas = mantém) · Alguns estudos demonstraram que os broncodilatadores melhoram a função pulmonar: · Após a primeira dose de salbutamol: Há diminuição do uso da musculatura acessória e aumento da saturação de oxigênio. · Após uma segunda dose de salbutamol: O esforço respiratório e a taquipnéia são ainda mais reduzidos sem, no entanto, modificar a saturação de oxigênio. · Sulfato de metaproterenol foi efetivo na reversão da angústia respiratória, apresentando uma resposta variável de acordo com idade da criança, sendo mais pronunciada em crianças mais jovens -12 meses ou menos - com infecção pelo VSR. · Ho e cols, demonstraram uma queda da SaO2 maior e mais prolongada nos pacientes em uso de salbutamol, que nos pacientes que utilizaram solução salina por via inalatória. · Resumindo: é controverso · Epinefrina · Agente alfa e beta-adrenérgico, que tem efeito broncodilatador. · Alguns estudos são a favor do uso de epinefrina nebulizada em casos graves de BVA, descrevendo melhora nos sintomas, apesar de não afetar a resolução da doença ou necessidade de hospitalização. · Outras pesquisas não acusam melhora clínica com a epinefrina e não indicam seu uso rotineiro. · Nebulização com salina hipertônica: · Pode ter algum resultado · Usado em pacientes com critérios para internação · Pode reduzir o tempo de internação · Antiviral: Ribavirina · Lactentes com cardiopatia congênita e naqueles com doença pulmonar crônica da prematuridade · Bronquiolite grave por VSR · Antibióticos sistêmicos · Só se suspeita de coinfecção bacteriana · Alguns sinais de alerta são essenciais para se pensar em infecções secundárias, como: · Necessidade de fração inalada de oxigênio (FiO2 ) maior que 50% · Febre alta (superior a 39 graus °C) · Piora clínica progressiva, apesar dos cuidados de suporte adequados. · Imunização Passiva. · Imunoglobulina hiperimune contra o VSR (RespiGam) · Anticorpo monoclonal humanizado (Palivizumab – Synagis): NÃO É UMA VACINA!! · MS do Brasil disponibiliza o palivizumabe em todo o território segundo os seguintes critérios: · Portadoras de doença pulmonar crônica da prematuridade · Prematuros ≤ 29 semanas (A SBP considera até 32 semanas) · Bebês com cardiopatia congênita com repercussão hemodinâmica · 1 X ao mês, por 5 meses (15mg/kg/dose) no primeiro ano de vida · 1° dose a ser realizada um mês antes do início da estação do vírus · Lavar as mãos · Isolamento · A secreção nasal contaminada por VSR pode permanecer infectante por mais de 6 horas. · Pode se manter viáveis em luvas por 1 hora e meia, aventais por até 30 minutos e mãos por 25 minutos. · Pacientes hospitalizados, portadores de infecção por VSR, podem liberar vírus por longos períodos (média: 6,7 dias, com variações de 1 a 21 dias) COMPLICAÇÕES AGUDAS DA BRONQUIOLITE · As principais complicações são infecções bacterianas secundárias (otite média aguda e pneumonia) · Acidose metabólica · Hipoxemia · Falência respiratória · Insuficiência respiratória · Pneumotórax · Atelectasias · Infecção bacteriana secundária. · A taxa de fatalidade é menor que 1%. · Bronquiolite obliterante pode ser decorrente da infecção por adenovírus. · A hiper-responsividade das vias aéreas pós-viral pode contribuir para o desenvolvimento da asma Referência: Bronquiolite viral aguda - um tema ainda controvertido http://www.jped.com.br/conteudo/98-74-S37/port.pdf Atualizações no tratamento de bronquiolite viral aguda file:///C:/Users/Rog%C3%A9rio%20Resende/Downloads/v26s2a04.pdf
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