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- -1 GESTÃO E PLANEJAMENTO EM SERVIÇO SOCIAL UNIDADE 2 - COMPETÊNCIAS E HABILIDADES GERENCIAIS DO ASSISTENTE SOCIAL Maria Francenilda Gualberto de Oliveira - -2 Introdução Nesta unidade, vamos estudar as competências gerenciais do assistente social e avaliação no processo de gestão social. A atuação profissional no âmbito da gestão e da avaliação configuram a possibilidade de redirecionamento das políticas sociais, tendo em vista a busca de melhorias constantes e sistemáticas. Dessa forma, vamos partir dos seguintes questionamentos: quais as competências dos assistentes sociais estruturadas a partir do Código de Ética da profissão? Quais as diretrizes gerenciais que o assistente social deve se apropriar? Quais os elementos que compõem o processo de gestão e avaliação das políticas sociais? Tais questões nos direcionam para compreender o processo de formulação, gerenciamento e processos de avaliação de políticas sociais em planos, programas e projetos sociais, sobretudo no que se refere à sistematização do trabalho do assistente social. O processo de gestão envolve o conhecimento da realidade social, o que exige sistematização, tendo em vista que a partir da apreensão dessa realidade é possível pensar em ações estratégicas para o enfrentamento das desigualdades sociais. Além disso, você irá aprender acerca da dinâmica do processo de gestão, destacando-se que as ações no cotidiano das políticas sociais operacionalizadas por meio de elaboração de projetos sociais, de forma a atender à dinâmica, planos, programas e projetos, tendo em vista que os planos se referem às diretrizes macro de uma política social; os programas definem as ações estratégicas e os projetos se referem à execução das ações de forma direta. O propósito desta unidade é possibilitar que você apreenda a dinâmica do processo de gestão, de forma a desenvolver competências e habilidades para a elaboração de planos, programas e projetos. Bons estudos! 2.1 Serviço Social e competências gerenciais O Serviço Social possui uma formação genérica do assistente social voltada para atuação nos diversos espaços sócio-ocupacionais como: saúde, educação, previdência, movimentos sociais, assistência social, seja em órgãos públicos ou privados. Nessa direção, o assistente social em seu fazer profissional possui duas dimensões: investigativa e interventiva. A investigativa se configura como um processo de conhecimento dos fundamentos e processos que envolvem a prática profissional, sobretudo conhecendo e analisando a realidade social. A dimensão interventiva se configura como uma dimensão instrumental, com vistas a identificar as demandas sociais e propor ações de intervenção social, na busca de equacionar as desigualdades expressas nas sociedades capitalistas. No processo de gestão, a dimensão investigativa envolve a necessidade de conhecer as demandas, os recursos VOCÊ O CONHECE? Samira Kauchakje é assistente social formada pela Pontifícia Universidade Católica de Campinas e doutora em Educação. Coordena o grupo de pesquisa Gestão de Políticas Públicas e Movimentos Sociais, tem diversas publicações no campo de políticas públicas, com enfoque em gestão social, participação social, cidadania e direitos. A autora tem contribuído diretamente na discussão no âmbito da gestão social, compreendendo esta como gestão de ações sociais públicas, seja pelo Estado, seja pelo setor privado. - -3 No processo de gestão, a dimensão investigativa envolve a necessidade de conhecer as demandas, os recursos disponíveis, habilidade em articular forças políticas para a formalização de parcerias, bem como compreender como se relaciona o mercado estado sociedade civil, tendo em vista que a implementação das versus versus políticas sociais sofre influências diretas da dinâmica do mercado. Na dimensão interventiva, é exigido do profissional o desenvolvimento de habilidade para gerenciar, elaborar e implementar planos, programas e projetos; e a articulação das políticas numa perspectiva intersetorial. Dessa forma, diretrizes de atuação profissional do assistente social são atendidas, a de contribuir para consolidar direitos. Com base nas diretrizes de formação acadêmica e profissional, o assistente social possui como competências no âmbito da gestão os seguintes pontos, de acordo com o Código de Ética (CFESS, 2012, p. 44-45): [...] II - Elaborar, coordenar, executar e avaliar planos, programas e projetos que sejam do âmbito do Serviço Social com participação da sociedade civil; [...] VI - Planejar, organizar e administrar benefícios e Serviços Sociais; VII - Planejar, executar e avaliar pesquisas que possam contribuir para a análise da realidade social e para subsidiar ações profissionais; [...] X – Planejamento, organização e administração de Serviços Sociais e Unidades de Serviço Social; [...]. Essas competências se pautam em: Conhecer as funções de administração nas esferas públicas e privadas que subsidiam o processo de gestão social, tendo em vista que a administração pública exige a estruturação com a organização de recursos para atender às demandas da sociedade; Compreender o contexto em que ocorre o processo de tomada de decisão a partir da realidade na qual estão inseridas as organizações, pois ao se identificar as demandas, faz-se necessário definir ações estratégicas; Compreender os modelos gerenciais na organização do trabalho e nas políticas sociais; Compreender como ocorre a construção dos modelos de gerenciamento no âmbito das organizações que desenvolvem a implementação de planos, programas e projetos; Compreender o processo do planejamento social, sua concepção, etapas e os projetos de ação; Debater acerca do planejamento social como mecanismo da gestão social de serviços nas diversas áreas sociais; Formular projetos sociais para atender à demanda de uma dada realidade institucional; Planejar as atividades de intervenção de projetos sociais. Tais competências sistematizam a prática do assistente social, de modo a construir e materializar ações interventivas para o equacionamento e enfrentamento da questão social nos diversos espaços ocupacionais do assistente social, sobretudo no âmbito da gestão, quando o profissional ocupa cargos de gestão. Nesse sentido, na dimensão interventiva, é fundamental que o profissional desenvolva competências gerenciais, pois, ainda que no âmbito micro do exercício profissional, há necessidade de sistematizar de forma planejada a prática profissional. Porém, faz-se necessário compreender que o contexto das instituições se configura, como aponta Faleiros (2015, VOCÊ SABIA? O processo de avaliação de planos, programas e projetos no âmbito das organizações pode ser um “problema” para os dirigentes, sejam governantes ou de instituições privadas, pois os resultados podem causar constrangimentos públicos, tendo em vista que podem expressar falta de gerenciamento, falta de transparência, desvio das metas propostas, falta de competências e habilidades dos gestores, dentre outros fatores. As informações e os resultados podem ser usados pelo público e pela imprensa para criticar os gestores. - -4 Porém, faz-se necessário compreender que o contexto das instituições se configura, como aponta Faleiros (2015, p. 48), em “[…] instrumento das políticas sociais” e a “[…] ação profissional subsidiária da ação política”, o que coloca o assistente social frente a um significativo desafio: não normatizar e burocratizar os procedimentos com foco apenas na eficiência e eficácia. Dessa forma, a ação política e técnica se articula para a busca de efetivação das políticas, devendo considerar as informações da realidade social, os contextos a serem modificados, as metas a serem alcançadas e quais os impactos esperados. Para tanto, faz-se mister reconhecer que a sistematização racional das ações não deve burocratizar o processo, tendo em vista que a sistematização das ações tem como objetivo garantir a efetividade das ações. Com isso, no processo de sistematização do planejamento, elemento importante no âmbito da gestão,exige alguns questionamentos iniciais: com quem se está planejando? Onde atua? O que faz? Quem são os sujeitos envolvidos? Além disso, do ponto de vista das competências gerenciais, o assistente social precisa compreender que a administração dos processos em sua responsabilidade exige reconhecer que esse processo envolve colocar em prática decisões sobre objetivos e utilização de recursos, sobretudo no que se refere à análise e resolução de um problema, ou seja, atender a uma dada demanda social. Vale destacar que o cunho político e a intencionalidade dos objetivos profissionais devem ficar expressos nesse processo para não direcionar a uma prática burocratizada. Assim, a tarefa da administração é a de interpretar os objetivos propostos pela organização e, articulados aos objetivos profissionais, transformá-los em ação organizacional por meio de: planejamento, organização, direção e controle. Tal processo envolve ainda o gerenciamento de pessoas, uma vez que o alcance dos objetivos precisa considerar os sujeitos envolvidos como trabalhadores da organização e/ou parceiros externos (CHIAVENATO, 2010). As competências citadas exigem o desenvolvimento de habilidades como a de liderar pessoas. Para tanto, o profissional precisa ter claro os objetivos e as metas, de modo a orientar, direcionar, monitorar e acompanhar seus liderados. Além disso, é preciso que possuir capacidade de empatia na organização e, ainda que os conflitos existam, ter competências e habilidades para gerenciar os conflitos que são inerentes ao contexto organizacional, evitando assim impactos negativos no decorrer da implementação das ações propostas (CHIAVENATO, 2010). De acordo com Chiavenato (2010), as habilidades se configuram em técnicas, isto é, a capacidade de executar tarefas; humanas, que são as relações interpessoais; e conceituais, que é o conhecimento (informações, conceitos, ideias, experiências e aprendizagens constantes), articulado com a capacidade de propor ações balizadas em diagnósticos e proposição de soluções e, consequentemente, ter atitude em colocar em prática as ações propostas exercendo liderança, motivando a equipe de trabalho e desenvolvendo a comunicação, o que exige, portanto, uma visão holística da instituição. VOCÊ QUER LER? O artigo “Planejamento em Serviço Social: tensões e desafios no exercício profissional”, de Kathiuça Bertollo (2016), trata sobre o planejamento como atribuição e competência do assistente social e evidencia as tensões e os desafios na operacionalização no âmbito da implementação das políticas sociais, sobretudo no que se refere à compreensão do planejamento como competência técnica e política, com o propósito de romper com formas centralizadoras, burocráticas e funcionais no âmbito das instituições. Leia o texto disponível em: http://periodicos.ufes.br/temporalis/article/viewFile/11943/10111. - -5 O processo de gestão se configura, ainda, pelos níveis organizacionais, sendo eles: estratégico, intermediário, gerencial ou tático, e operacional. Figura 1 - Níveis e desenvolvimento das atividades em gestão, considerando a atuação no âmbito das organizações. Fonte: Elaborada pela autora, baseada em CHIAVENATO, 2010. O nível estratégico pode ser exemplificado da seguinte forma. Na Política da Assistência Social, espaço de maior concentração de assistentes sociais como gestores, o Secretário Titular ocupa o cargo estratégico, o qual deve conhecer os instrumentos legais que fundamentam e orientam a implementação e execução das políticas públicas no campo da assistência social, devendo ainda ter visão holística e estratégica, atendendo às orientações da missão organizacional. No nível intermediário, geralmente, as secretarias adotam o título de Secretário Executivo para quem tem a responsabilidade de gerenciar os processos para articular e intermediar as decisões dos níveis estratégico e operacional, garantindo o recurso para implementação das ações. No nível operacional, tem-se a prática de denominar Secretário Adjunto o profissional responsável em garantir a execução das ações propostas definidas no planejamento estratégico alinhadas aos objetivos institucionais. Partindo desse entendimento, observa-se que o processo gerencial exige que os envolvidos tenham competências e habilidades, de modo a garantir a efetividades das propostas definidas institucionalmente, pois, do contrário, se realiza um montante de atividades, mas que não subsidiarão o alcance dos objetivos. VOCÊ QUER VER? O filme , dirigido por Jorge Furtado em 2007, trata de uma vila deSaneamento Básico moradores de descendentes colonos italianos que se reúnem para articular forças para providenciar a construção de uma fossa para tratamento de esgoto. O filme expressa a forma de gestão e o uso do recurso público, o que ocorre, muitas vezes, de forma equivocada. - -6 Figura 2 - Atores sociais no processo de gestão são necessários para garantir os objetivos da organização. Fonte: Elaborada pela autora, baseada em CHIAVENATO, 2010. No processo de gestão democrática, a descentralização se dá nas diversas esferas de governo, tendo como diretriz a participação social, bem como as ações de controle social. Destaca-se que um dos desafios da gestão é garantir a intersetorialidade, pois esta envolve a articulação entre as políticas, o que exige parceria entre as secretarias de saúde, educação, assistência, habitação etc. Essa articulação deve considerar a definição de ações estratégicas de forma coletiva com os representantes das políticas (por meio das secretarias e/ou órgãos), de - -7 estratégicas de forma coletiva com os representantes das políticas (por meio das secretarias e/ou órgãos), de modo a definir diretrizes, estratégias, planos, programas e projetos com responsabilidades definidas e estruturadas. Dessa forma, o processo de gerenciamento de políticas ganha materialidade. Portanto, as competências gerenciais do assistente social devem configurar as dimensões política e técnica. A dimensão política, ao considerar que a finalidade da gestão deve contribuir para a garantia dos direitos, e a dimensão técnica, ao considerar o uso racional de instrumentos técnicos para implementação das ações, a exemplo de roteiros de planos, programas e projetos. Além disso, compreender que, na lógica da sociedade capitalista, a administração pública está vinculada aos interesses de classe e, consequentemente, não atende ao interesse comum em geral, o que demanda do assistente social se atentar para a dimensão política da gestão. 2.2 Avaliação no processo de gestão social No contexto da gestão social, a avaliação tem papel fundamental para o aprimoramento das políticas sociais. Esta ganhou centralidade no contexto das políticas sociais, especialmente a partir da Constituição Federal de 1998, considerando o caráter democrático do Estado, pois passou a direcionar o processo de gestão das políticas sociais no Brasil, sobretudo no que se refere à necessidade de garantir credibilidade da gestão governamental. Assim, a avaliação envolve, portanto, o caráter transparente da gestão pública, sendo um processo contínuo e sistemático, possibilitando identificar as problemáticas ao longo do processo, ou seja, no contexto do planejado. A avaliação deve ser planejada e sistematizada com caráter técnico e político, imprimido a intencionalidade proposta na concepção de gestão democrática, a garantia dos direitos sociais, ou seja, o processo de avaliação deve ser estruturado a partir da intencionalidade de transformação da realidade social. O processo de avaliação deve considerar também todas as dimensões do planejamento proposto, articulando ações previstas e o processo de implementação. Além disso, deve considerar o aprofundamento do conhecimento, das necessidades e características do público-alvo. Destaca-se que, cotidianamente, a avalição faz parte da vida social, pois é uma ação considerada prática diária e espontânea por qualquer sujeito em sociedade sobre qualquer atividade humana, pois envolve conhecer, compreender, aperfeiçoare orientar as ações de indivíduos ou grupos, conduzido para olhar ações implementadas e, consequentemente, direcionar ações futuras. Dessa forma, a avaliação é considerada como uma forma de pesquisa social aplicada, pois envolve sistematização, planejamento e direção, uma vez que as informações precisam ser consistentes e confiáveis (JANUZZI, 2017). A discussão sobre a avaliação envolve diversas características e concepções, tendo em vista que se relaciona com a questão política. Assim, é considerada como um processo de determinação do mérito, validade ou valor de algo e não pode ser considerada apenas como uma questão de controle, mas, principalmente, com a proposta de possibilitar o redirecionamento de ações, de modo a possibilitar a transformação social (JANUZZI, 2017). Assim, é preciso considerar no momento da avaliação impactos, resultados, modificação da situação e objetivos VOCÊ SABIA? O assistente social pode atuar como consultor ou assessor de instituições públicas e privadas no processo de avaliação de políticas sociais. Para tanto, precisa conhecer as técnicas de avaliação de políticas públicas e ter conhecimento aprofundado acerca da política pública que avaliará. Além disso, deve compreender que a avaliação deve contribuir para melhoria das políticas sociais. - -8 Assim, é preciso considerar no momento da avaliação impactos, resultados, modificação da situação e objetivos alcançados. Para tanto, é preciso avaliar o contexto das ações previstas e planejadas; os insumos, ou seja, o que deverá direcionar as ações no que se refere aos procedimentos e às decisões; os processos que acompanham a implementação das ações; e o produto, concernente aos resultados. A avaliação de políticas sociais envolve conhecer a realidade social nas suas diversas dimensões, mas, principalmente, exige o conhecimento acerca dos conceitos que envolvem esse contexto, como: questão social, política social, pobreza, desigualdade, família, governança, direitos sociais, administração, gestão, planos, programas, projetos. Conhecer esses conceitos configura a competência necessária para o processo de avaliação fundamentada. Corroborando com esse entendimento, Boschetti (2009, p. 4) afirma que “[…] a avaliação de políticas sociais públicas deve ser orientada pela intencionalidade de apontar em que medida as políticas e programas sociais são capazes e estão conseguindo expandir direitos, reduzir a desigualdade social e propiciar a equidade”. Dessa forma, o processo de avaliação de políticas não pode se configurar apenas como um conjunto de técnicas e dados coletados, tendo em vista que a dimensão política da atuação profissional do assistente social remete para a apreensão da realidade de forma crítica. Nesse sentido, a avaliação ganha relevância, uma vez que busca o aperfeiçoamento das políticas para a garantia dos direitos sociais, sobretudo no que se refere ao processo de tomada de decisões. Além disso, possibilita o redirecionamento de rotas previstas no planejamento, bem como busca a credibilidade dos planos, programas e projetos previstos no âmbito das políticas públicas. Vale destacar que um dos desafios da garantia da realização das políticas se pauta na preocupação dos gestores, uma vez que a avaliação, consequentemente, conduz para a avaliação institucional e da gestão, seja na esfera federal, estadual e municipal, portanto, possibilita o aperfeiçoamento institucional, sobretudo da gestão do gestado (BOSCHETTI, 2009). Clique nos botões a seguir e veja, segundo Boschetti (2009), que para o processo de avaliação é preciso considerar algumas questões: Como identificar se as atividades implementadas estão sendo desenvolvidas conforme o planejado? Como corrigir trajetórias se não soubermos para onde estamos indo? Como tomar decisões sobre o processo de implementação de um programa sem dispormos de informações sobre seu curso? Como melhorar as atividades se não sabemos como elas se desenvolvem? Como propor novas diretrizes a partir do acompanhamento? Com base nesses questionamentos, Boschetti (2009) destaca que a avaliação de políticas “permite avaliar o desempenho de uma política, bem como fortalecer as relações de prestação de contas para dentro e para fora do governo”. Para tanto, o processo de avaliação deve planejar e sistematizar os passos para coletar e analisar os dados e informações acerca da execução do programa. Além disso, a equipe de avaliação precisa elaborar os instrumentos próprios. Nessa perspectiva, o processo de avaliação poderá contribuir para a eficiência do programa; guiar, revisar e ajustar o desenvolvimento; possibilitar a transparência na informação e fortalecer a comunicação. No processo de avaliação, o monitoramento também ganha destaque, pois possibilita o acompanhamento das políticas públicas à medida que são implementadas, registrando a evolução, bem como conduz para o acompanhamento contínuo e sistemático do desenvolvimento dos serviços, programas, projetos, principalmente no que se refere ao cumprimento dos objetivos e metas, tendo em vista que subsidiará para (BOSCHETTI, 2009): Fortalecer as relações de prestação de contas para dentro e para fora do governo. Incrementar a transparência na gestão, principalmente no âmbito público. Conduzir para a tomada de decisão mais eficiente. Fomentar o intercâmbio de ideias e experiências sobre os programas e projetos. Conduzir à implementação de inovações e à geração de conhecimentos na administração. Ao se considerar esses elementos para o processo de avaliação, destaca-se que as políticas sociais possuem um - -9 Ao se considerar esses elementos para o processo de avaliação, destaca-se que as políticas sociais possuem um papel imprescindível na consolidação e fortalecimento do Estado democrático de direito. Dessa forma, ao se avaliar as políticas, com um caráter crítico, é preciso considerar, de acordo com Januzzi (2017): eficiência, eficácia, impacto, efetividade, sustentabilidade, análise custo-efetividade, satisfação do usuário e equidade. Porém, é fundamental que se opere a partir de uma visão holística da realidade social. Vale destacar que o processo de avaliação remete, também, à avaliação institucional, tendo em vista que perpassa em avaliar o modo como se implementa as políticas sociais, ou seja, avalia-se o processo de gestão dos sujeitos envolvidos, bem como a infraestrutura, estrutura e recursos, especificamente ao se considerar o planejamento, o monitoramento e a avaliação propriamente dita. No que tange à eficiência, ressalta-se a forma como se utiliza os recursos. A eficácia está relacionada com o cumprimento das metas e a efetividade se relaciona com os impactos, ou seja, a mudança proporcionada em um determinado contexto social (JANUZZI, 2017). No processo de avaliação, é fundamental considerar os dados a serem utilizados no processo, de modo a identificar se a política social está alcançando os objetivos e metas propostos, os quais são avaliados por equipes internas e externas. Esses dados se pautam em qualitativos, quantitativos e acadêmicos. Figura 3 - Tipos de avaliação que definem como julgar e avaliar políticas sociais que possibilitam o redirecionamento. Fonte: Elaborada pela autora, baseada em JANNUZZI, 2017. O processo de avaliação envolve dois tipos: e . A avaliação é realizada anterior aoex-ante ex-post ex-ante processo de implementação de uma política e considera os possíveis riscos, busca identificar as melhores estratégias para implementar programas e projetos socais, considerando as diretrizes de uma determinada política. A avaliação busca identificar o grau de alcance dos objetivos, considerando o grau de alcance ex-post das metas identificadas a partir de indicadores, relacionando ainda eficácia, efetividade, impacto e custo- - -10 das metas identificadas a partir de indicadores, relacionando ainda eficácia, efetividade, impacto e custo- efetividade. Esse tipo de avaliação ocorre durante a implementação e a gestão dos projetos e considera as necessidades humanas e sociais. No processode avaliação, é preciso considerar ainda que esta é processual, contínua, mas se estrutura posteriormente à etapa do monitoramento (processo contínuo), tendo em vista que a avaliação dos resultados de uma política é analisada se os resultados e metas foram alcançados, portanto, se efetiva de forma pontual. Para tanto, a dinâmica da avaliação se processa da seguinte forma: Figura 4 - Etapas da avaliação de políticas sociais, as quais definem os passos da avaliação. Fonte: Elaborada pela autora, baseada em JANNUZZI, 2017. Ao considerar a dinâmica da avaliação, a elaboração de diagnóstico tem como propósito conhecer a realidade, de modo a identificar se um determinado programa ou plano está considerando as demandas expressas na realidade social. O mapeamento da rede de serviços sociais tem como objetivo verificar se as ações possuem um caráter intersetorial, ou seja, se as diversas políticas estão articuladas, tendo em vista que as demandas da realidade social são múltiplas. Além disso, permite identificar a capacidade de equipamentos sociais (CRAS, CREAS, UBS, maternidades, entre outras instituições) identificadas no território de implementação de programas e projetos apresentam capacidade de atendimento das demandas, possibilitando o planeamento das ações CASO O assistente social Antônio foi convidado para fazer parte da comissão de avaliação externa da Secretaria Estadual de Educação. Ao iniciar as atividades, ele precisou apresentar o Plano de Atividades ao Secretário de Educação. No plano de atividades foram propostas reuniões com a equipe de trabalho; análise do plano de ação e dos relatórios; rodas de conversa com os servidores. No decorrer da avaliação, com uso de instrumento próprio, Antônio apontou as fragilidades das ações que dificultaram o alcance das metas e debateu com a equipe as ações a serem implementadas para efetivar as metas não alcançadas, além de propôs o tempo para cada atividade. - -11 e projetos apresentam capacidade de atendimento das demandas, possibilitando o planeamento das ações sociais. Figura 5 - O processo de gestão se processa no contexto socioeconômico. Fonte: Elaborada pela autora, 2020. Destaca-se que a gestão é um processo articulado e sofre influência direta das mudanças no contexto do mercado. Vale lembrar que a descentralização administrativa pode envolver parcerias com organismos externos a esfera pública, a exemplo de Organizações da Sociedade Civil, empresas, instituições, dentre outras, tendo em vista que ações precisam ser implementadas para atender às demandas da realidade social. Nesse contexto, a sociedade civil é protagonista para contribuir no processo de efetivação da política social. Clique nas abas a seguir e veja, segundo Januzzi (2017), que o processo de o monitoramento e a avaliação se balizam pelas fases da avaliação, quais sejam: • Identificação do problema• - -12 • Identificação do problema Processo de construção das ações e agenda de implementação, considerando as demandas sociais identificadas, sobretudo no que se refere ao levantamento de dados econômicos, sociais, culturais que demandarão a definição de resultados. • Formulação de objetivos A partir do problema identificado e das ações a serem implementadas, os quais precisam ser claros e articulados com a finalidade da política pública, considerando a realidade social. • Tomada de decisão Momento em que se definem as ações mais assertivas que poderão efetivamente garantir a atenção à demanda da realidade social. • Implementação/execução Momento em que se desenvolvem as ações propostas. • Avaliação de processo e/ou impacto Identifica se as ações propostas estão alcançando os objetivos e as metas propostos. • Extinção ou manutenção da política Após avaliação, identificados os impactos das ações, no que se refere a sua efetividade, define-se a continuidade ou interrupção do programa ou projeto. Partindo dos pontos debatidos, o processo de monitoramento e avaliação conduz para um processo sistemático, planejado e contínuo, pois considera apreender a problemática social, as ações estratégias para seu enfrentamento e o alcance dos objetivos. Além disso, compreende a pobreza a partir de um caráter multidimensional, ou seja, em suas diversas dimensões: carência de direito, acesso precário à água; energia elétrica; saúde e moradia, podendo ser configurada como pobreza política; carência de oportunidades, baixa escolaridade; pouca qualificação profissional; fragilidade de inserção no mundo do trabalho; carência de possibilidades, insegurança alimentar e nutricional. Assim, a pobreza pode ser medida pela insuficiência de renda, mas também pelo acesso precarizado aos diretos sociais. Conclusão No decorrer desta unidade, aprendemos sobre as competências dos assistentes sociais estruturadas a partir do Código de Ética da profissão, sobre as diretrizes gerenciais que o assistente social deve se apropriar, sobre os elementos que compõem o processo de gestão e avaliação das políticas sociais. Nesta unidade, você teve a oportunidade de: • conhecer como se dá o processo de gestão nas diversas áreas de atuação do assistente social, a partir da identificação das problemáticas e demandas sociais, considerando o caráter democrático com a participação da sociedade civil, controle social, articulação das políticas em uma perspectiva intersetorial, gerenciamento e administração; • compreender o papel do assistente social como gestor no campo de atuação profissional; • apreender sobre as competências dos assistentes sociais como gestor estruturadas a partir do Código de Ética da profissão, portanto regulamentada; • conhecer as diretrizes gerenciais para o processo de gestão do assistente social concernente sobre os • • • • • • • • • • - -13 • conhecer as diretrizes gerenciais para o processo de gestão do assistente social concernente sobre os elementos que compõem o processo de gestão e avaliação das políticas sociais; • compreender que o assistente social possui formação genérica e baseada no desenvolvimento de competências e habilidades para atuar como presidente, gerente, diretor, coordenador e outros cargos congêneres relacionados à gestão no âmbito das diversas áreas de atuação profissional. 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