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Resenha - Capacitação de Gestores em Programa de Prevenção da Violência Comunitária

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Resenha - Capacitação de Gestores em Programa de Prevenção da Violência
Comunitária.
RODRIGUES, Anelise Lopes; SARRIERA, Jorge Castellá. Capacitação de Gestores em
Programa de Prevenção da Violência Comunitária. Disponível em: http://www.scielo.br
 Acesso em: 22 mar. 2016.
Para os profissionais atuantes em políticas sociais aliar teoria e prática é uma tarefa
muito difícil. E isso tem sido motivo de preocupação recorrente entre os envolvidos nesse
processo.
Rodrigues e Sarriera abordam em seu artigo "Capacitação de Gestores em Programa de
Prevenção da Violência Comunitária" (2015), aspectos teórico-metodológicos da psicologia
comunitária abrangendo um Programa de Prevenção da Violência do Estado do Rio Grande do
Sul.
 No artigo os autores apresentam a realização de um diagnóstico situacional numa
comunidade socialmente vulnerável trazendo um espaço de reflexão aos gestores, contribuindo
assim para a elaboração de um olhar crítico em substituição ao estigmatizado.
De acordo com os autores, no Brasil, o enfrentamento das desigualdades sociais tem
alcançado transformações significativas através das políticas públicas que promovem
programas e projetos sociais que visam prevenir combater ou mesmo minimizar os efeitos de
problemas sociais.
Profissionais da área de saúde têm sido atraídos para esse contexto, notoriamente os da
área de psicologia incluindo os que estão em formação (estagiários), tendo como via de acesso o
campo das políticas públicas e sociais no viés da transformação social.
Nesse contexto é possível observar um crescente interesse despertando nos alunos dos
cursos de Psicologia, Assistente Social, Enfermagem e Medicina (Graduação, Extensão e
Especialização) nas temáticas que se referem à Intervenção Psicossocial e Saúde Comunitária.
O intuito deles é adquirir ou aprimorar conhecimentos de caráter teórico-prático para atender
demandas exigidas em: Centro de Atenção Psicossocial (CAPs), Centro de Referência de
Assistência Social (CRAS), Estratégia de Saúde de Família (ESF), Unidades Básicas de Saúde
(UBS), etc.
Segundo os autores, os estudantes demonstram certa ânsia e urgência para aquisição de
novos conhecimentos através de o questionamento a seguir: “Como articular os conceitos e
/pdf/fractal/v27n2/1984-0292-fractal-27-2-0145.pdf
pressupostos teóricos, visto em sala de aula, e aplicá-los na prática vivenciadas cotidianamente
em estágios ou ambiente de trabalho?”.
Para os autores, diante do papel de educadores, eles se sentem provocados com o
questionamento retro citado. Então, partem para a busca de contribuições teórico-metodológica
da Psicologia Comunitária, do planejamento e execução de políticas sociais e fazem isso
demonstrando um recorte da consultoria técnica em Psicologia Comunitária prestada à
UNESCO, através do Programa de Prevenção da Violência entre Julho de 2009 a Julho de 2010.
O Programa de Prevenção da Violência no Rio Grande do Sul
No campo da saúde coletiva, as ações de política de prevenção à violência são vistas
como importantes enfrentamentos das violências em comunidade vulneráveis.
Rodrigues e Sarriera não especificam e nem classificam os tipos de violência, mas
apresentam um conceito que abrange as violências de forma geral.
Eles citam Minayo e Souza (1997-1998, p. 8) para reforçar o caráter multicausal desse
fenômeno.
[...] a violência se aplica tanto às estruturas organizadas e institucionalizadas
da família como aos sistemas econômicos, culturais e políticos que conduzem
à opressão de grupos, classes, nações e indivíduos, aos quais são negadas
conquistas da sociedade, tornando-os mais vulneráveis que outros ao
sofrimento e à morte.
Os autores apostam em novos modelos de ação social pautados na valorização de ações
em nível local, na participação e no protagonismo de seus moradores. Acreditam ainda que o
apoio de parcerias público-privadas, a participação ativa do terceiro setor (sociedade civil
organizada), a autogestão e descentralização de ações, a criação de conselhos e comitês de
gestão (para promover participação ativa de comunidade), são as marcantes características
desse novo modelo. Rodrigues e Sarriera percebem a violência como problema de saúde
pública.
O Programa de Prevenção da Violência foi lançado em 2007 no Estado do Rio Grande
do Sul através da Coordenação da Secretaria Estadual de Saúde, pautado na proposta de um
trabalho de caráter preventivo.
Inicialmente foram 5 municípios-piloto com índices significativos de morte por causas
externas. Em 2009, esse número subiu para 45 municípios atendidos pelo trabalho direto de
consultoria prestada aos gestores municipais, que compreendia: gestores públicos e técnicos das
áreas de Segurança Pública, Saúde, Educação, Assistência Social e outros. A meta era a
construção de um Diagnóstico Situacional da Violência nos municípios em questão, seguido de
um Plano de Ação para o enfrentamento das violências detectadas pelo diagnóstico.
Os autores apresentam então, um recorte do processo de capacitação dos gestores sob a
perspectiva da Psicologia Comunitária, entendida neste contexto como “Intervenção
Psicossocial” conforme Sarriera (2009, p. 17): “um tipo de intervenção cujo foco e conteúdo são
as relações interpessoais, a construção de redes de apoio, a coesão, as lideranças, as crenças, as
representações sociais”.
Fundamentos para Elaboração do Diagnóstico Situacional
É imprescindível, segundo os autores, um adequado planejamento para que sejam
estabelecidos parâmetros claros para a ação. De igual forma, objetivos e metas realísticos.
O planejamento deve possuir sustentação teórico-conceitual aliado ao conhecimento da
realidade da comunidade envolvida. Ou seja: sua história, seus costumes, seu cotidiano,
evolução, cultura etc.
Logo, a 1ª Etapa de planejamento é o levantamento e análise das necessidades a serem
enfrentadas. Por isso, para o diagnóstico inicial deve ser considerado segundo Sarriera (2010, p.
142): “Quais problemas (conflitos, dificuldades) afligem essa comunidade? Que necessidades
são sentidas, percebidas, inferidas por essa população? Quais recursos institucionais, pessoais,
redes dispõem para a solução desses problemas e necessidades?”.
Para efetivar essa ação, os autores optaram pela adoção do Método de Planejamento
Estratégico Situacional (PES) que foi criado pelo chileno Carlos Matus (1997). Segundo esse
autor, “o diagnóstico de uma situação é a base para a definição das ações em um plano
estratégico ou de ação.”
O PES possui enfoque participativo e eminentemente estratégico e, por isso, essencial
para a avaliação de um quadro ou processo social.
Para Matus (1997), de acordo com os autores do artigo, o foco de uma ação estratégica
implica em “planejar para construir viabilidade”, mantém-se a atenção no que é mais importante
para atingir os objetivos traçados. Daí a importância do planejamento.
E sob o ponto de vista da Psicologia Comunitária, estar embasado numa teoria aliada a
uma metodologia que apontam objetivos e metas com clareza vai permitir superar um dos
grandes entraves que vem dificultando a eficácia das intervenções em comunidades, a saber: a
incoerência entre o pensar e o fazer, o uso frequente da “metodologia do ensaio-erro ou da
intuição profissional” (SARRIERA, 2010, p. 27).
Levantamento e Análise de Dados sobre Violência Comunitária
Segundo os autores, na concepção de Rolim (2008), o Brasil é considerado um país
violento, porém, eles fazem uma crítica à inconsistência nas elaborações dos registros que são
feitos na maioria das vezes através dos Boletins de Ocorrência Policial, tamponando assim as
amplas taxas de subnotificações de violência. O que traz uma imagem equivocada do real
problema da violência. E ainda outra crítica é feita e ela diz respeito à falta de padronização dos
registros, pois não há diálogo entre as bases de dados coletados nas diferentes agências.
Em virtude dessa dificuldade, os autores buscaram “outro paradigma” para a produção
do diagnósticosobre a violência, pautado na orientação de Freitas (1998) que vê importância da
associação de métodos quantitativos e qualitativos na elaboração do diagnóstico, e a
participação da comunidade nesse processo.
Assim, o modelo de diagnóstico com o qual os gestores foram capacitados, constitui-se
de duas etapas:
→ Um levantamento quantitativo a partir de coleta e análise de dados estatísticos de
notificações diversas de violência através dos hospitais, escolas, polícia de trânsito e urbana,
etc.
→ Um levantamento qualitativo, coleta de informação junto à comunidade local.
Processo de Capacitação: Descrição da Proposta Teórico-Metodológica
Nada mais é do que o fortalecimento dos grupos de profissionais com o intuito de
construírem juntos, ações para a resolução de problemas e transformações almejadas. Consiste
numa ação organizada onde vão:
[...] esclarecer, acolher, sensibilizar e envolver as equipes (...) quanto maior o
envolvimento das equipes no processo de formação, maior será seu
comprometimento com a ação em busca da transformação (...) mudar envolve
rever a cultura, os valores, os hábitos e as rotinas previamente estabelecidas
(NOLETO, 2008, p. 65).
O processo de capacitação desenvolvido pelos autores ocorreu através de duas reuniões
semanais, com 3h de duração e composta por 12 membros (diversas áreas). Os objetivos foram
delineados em:
Orientar os gestores quanto aos meios e fontes disponíveis para o
levantamento de dados e registros de violência acerca da comunidade;
instrumentalizar os profissionais para a intervenção comunitária, tendo em
vista a construção conjunta do diagnóstico situacional da violência;
desenvolver discussões acerca da problemática da violência; desmistificar
preconceitos e representações negativas acerca dos moradores de
comunidades vulneráveis; estimular a operacionalização de uma rede
municipal voltada à prevenção da violência.
Procedimentos
1º Etapa: Levantamento de Dados Quantitativos
→ Instrumentalizar os participantes para a construção do Diagnóstico Situacional da violência.
→ Orientar ONDE e COMO coletarem os dados referentes à caracterização da comunidade.
→ Participação dos gestores na “Dinâmica dos rótulos”, que visa mostrar aos participantes a
dificuldade de se trabalhar em um grupo no qual os membros se encontram previamente
“rotulados”. Com a aplicação dessa dinâmica, pode-se salientar que: “o fato de ‘rotular’ as
comunidades ou seus moradores como violentos ou perigosos, poderia impedir a observação de
suas reais características e potencialidades, dificultando assim a elaboração de um diagnóstico
adequado acerca do problema.”
Assim, de acordo com Ximenes; Paula e Barros (2009), “a problematização de leituras
estigmatizantes dos contextos comunitários e a busca por consolidar políticas assentadas na
noção de direitos sociais são consideradas compromissos fundamentais dos profissionais da
Psicologia Comunitária”.
2ª Etapa: Levantamento de Dados Qualitativos (Oficina de Definição de Demandas, junto à
comunidade).
→ Instrumentalizar os gestores para, junto à comunidade, realizar uma oficina de Definição de
Demandas.
Essa experiência produziu, em conjunto com a comunidade, um Plano de Ação para o
enfrentamento de violência.
→ Foram desenvolvidas três atividades:
Atividade 1: “Quem conta um conto, aumenta um ponto”.
Levantamento de história da comunidade. Promoção de “gincana” – fatos e
histórias significativas de violência na comunidade.
Atividade 2: Que comunidade temos?
Levantamento de aspectos da história local: projetos, programas, equipamentos
esportivos e culturais existentes.
Atividade 3: Que comunidade queremos?
Enfrentamento da violência e melhoria do bem estar e qualidade de vida local
(com divisão de faixa etária).
Considerações finais
Em suas considerações finais os autores vão dizer que a capacitação descrita no artigo,
constituiu-se num espaço de ação/reflexão aos gestores e técnicos no Programa que traz metas
ambiciosas, como o estabelecer práticas de prevenção à violência por meio do fortalecimento e
empoderamento comunitário, após realizado um mapeamento das potencialidades e
vulnerabilidades das comunidades em questões.
Os autores utilizam a fala de Vasconcelos (2004) para trazer luz sobre esse conceito
reafirmando que o “empoderamento local contribui para o surgimento de um tecido social
fortalecido pelas interações que promovem e essencialmente conferem ‘poder’ aos atores
sociais envolvidos”. E ainda complementam com Montero (2010) que diz:
[...] por meio do processo de fortalecimento comunitário (que ocorre através
da discussão e reflexão sobre os problemas, a capacitação para a organização,
a participação, liderança, entre outros processos) que seus membros
desenvolvem as capacidades e recursos imprescindíveis para que possam
efetivamente assumir o controle sobre suas próprias circunstâncias.
Como resultados Rodrigues e Sarriera vão dizer que, baseados nos formulários de
avaliação respondidos, os encontros de capacitação contribuíram para a construção de um olhar
mais crítico e menos estigmatizado acerca do problema da violência comunitária. A reflexão
conjunta entre gestores da segurança, saúde, educação, entre outros, tornou possível à
identificação dos fatores da violência comunitária.
Segundo os autores a articulação entre teoria e prática constitui-se num dos pilares
fundamentais da psicologia comunitária, tanto no que se refere à execução de projetos e
políticas públicas, quanto ao fortalecimento comunitário. E chama a atenção para o “dogma do
distanciamento” a fim de que seja superado e, dessa forma, tornar-se mais efetivas e eficazes as
ações e as intervenções.
Rodrigues e Sarriera dizem que o conhecimento teórico é uma condição tão necessária
quanto fundamental, mas não suficiente para produzir as transformações nos campos das
políticas públicas e sociais que tanto almejam os profissionais e estudantes das áreas já citadas.
É necessária a apresentação de estratégias bem delineadas para diminuir o aparente
distanciamento entre o que se aprende e o que se faz; entre o que se planeja e o que efetivamente
se realiza no dia a dia. Esse é o grande desafio para todos profissionais, educandos e educadores.

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