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1 LARISSA RODRIGUES SANTOS ENDOMETRIOSE, ADENOMIOSE E MIOMA ENDOMETRIOSE É definida pela presença de tecido endometrial "ectópico" em um local fora do útero. Esse tecido anormal inclui mais comumente tanto as glândulas endometriais quanto o estroma, mas pode consistir apenas em estroma em alguns casos. Ocorre nos seguintes locais, em ordem descendente de frequência: (1) ovários; (2) ligamentos uterinos; (3) septo retovaginal; (4) fundo de saco; (5) peritônio pélvico; (6) intestinos grosso e delgado, e apêndice; (7) mucosa do colo uterino, vagina e tubas uterinas; e (8) cicatrizes de laparotomia. A endometriose cobra um preço caro a quem é atingido; frequentemente causa infertilidade, dismenorreia (menstruação dolorosa), dor pélvica e outros problemas. O distúrbio é principalmente uma doença de mulheres na vida reprodutiva ativa, mais frequentemente na 3ª e 4ª décadas, afetando aproximadamente de 6% a 10% das mulheres. Menos frequente, ela pode "invadir" e se "espalhar", comportamentos que frequentemente contribuem para significativas complicações. PATOGENIA: Ainda permanece difícil de ser compreendida. As origens das lesões endometrióticas são classificadas em duas categorias principais: aquelas que propõem uma origem a partir do endométrio uterino e aquelas que propõem uma origem a partir de células fora do útero, que têm a capacidade de fazer surgir tecido endometrial. As teorias mais aceitas são: 2 LARISSA RODRIGUES SANTOS • Teoria Regurgitante: propõe que o tecido endometrial se implanta em locais ectópicos, via fluxo retrógrado do endométrio menstrual. A menstruação retrógrada pelas tubas uterinas ocorre regularmente mesmo em mulheres normais e poderia explicar a distribuição da endometriose dentro da cavidade peritoneal. • Teoria das metástases benignas: sustenta que o tecido endometrial do útero pode se "espalhaar" para locais distantes "ex: ossos, pulmão, cérebro) através dos vasos sanguíneos. • Teoria Metaplásica: sugere que o endométrio surge diretamente do epitélio celômico (mesotélio da pelve ou abdome), a partir do qual são originados os ductos de Muller e por fim o próprio endométrio durante o desenvolvimento embrionário. Além disso, os remanescentes mesonéfricos podem sofrer diferenciação endometrial e gerar tecido endometrial ectópico. • Teoria das células-tronco/progenitoras extrauterinas: é uma ideia recente que propõe que as células-tronco/progenitoras da medula óssea se diferenciam em tecido endometrial. A teoria da regurgitação fornece uma explicação plausível para a localização anatômica do tecido endometrial ectópico na grande maioria dos casos. Entretanto, não consegue explicar todos os casos, como a endometriose em mulheres com amenorreia devido a uma variedade de etiologias subjacentes (p. ex., disgenesia gonadal); a endometriose no trato urogenital de homens tratados com altas doses de estrogênio para o câncer de próstata; e a endometriose em locais distantes como o cérebro, o pulmão e os ossos. Além disso, a incidência relativamente baixa de 3 LARISSA RODRIGUES SANTOS endometriose, apesar da ocorrência comum de menstruação retrógrada (até 90% das mulheres), sugere que fatores adicionais devem estar envolvidos na patogenia do distúrbio. Liberação de fatores pró-inflamatórios, e outros, incluindo PGE2, IL-1β, TNFα, IL-6 e -8, NGF, VEGF, MCP-1, MMPs e TIMPs. Um destaque especial para prostaglandina. Aumento na produção de estrogênio pelas células estromais endometrióticas, devido em grande parte aos altos níveis da enzima-chave esteroidogênica, a aromatase, ausente no estroma endometrial normal. O estrogênio aumenta a sobrevida e a persistência do tecido endometriótico, e os inibidores da aromatase são benéficos no tratamento de endometriose. Uma ligação entre a inflamação e a produção de estrogênio é sugerida pela capacidade de estimulação da síntese local de estrogênios pela prostaglandina E2. 4 LARISSA RODRIGUES SANTOS Evasão da depuração imunológica: Normalmente o tecido endometrial em refluxo é eliminado do peritônio pelo sistema imunológico. Desregulação desse mecanismo de depuração tem sido implicada na predisposição ao implante e crescimento de células endometriais. O endométrio de mulheres com endometriose é mais resistente à lise por células natural killers (NK) do que o endométrio de mulheres sem doença. A expressão desses fatores contribui para a sobrevivência do tecido endometrial ectópico ao promover a invasão e o estabelecimento de redes neurovasculares, e ao diminuir a remoção imune. Além disso, têm sido descritas alterações epigenéticas que levam ao aumento de resposta ao estrogênio e à diminuição de resposta à progesterona, alterações que promovem a proliferação e a sobrevivência endometrial. Essas anormalidades estão presentes não somente no tecido endometriótico ectópico, mas também, embora em menor grau, no endométrio uterino de pacientes com endometriose, sugerindo que haja um defeito fundamental no endométrio. Foi notada uma associação entre a endometriose e o câncer dos ovários dos tipos de células endometrioides e claras (ver adiante) em um grande número de estudos epidemiológicos, com um aumento de aproximadamente três vezes em mulheres com endometriose. Estudos moleculares mais recentes têm demonstrado mutações compartilhadas por genes específicos (PTEN e ARID1A) nos cistos endometrióticos, endometrioses atípicas (ver adiante) e carcinomas associados. Esses estudos sugerem uma origem comum para o tecido endometriótico anormal e para os cânceres ovarianos em alguns casos. 5 LARISSA RODRIGUES SANTOS Macroscopicamente: Em áreas de endometriose, o sangue é mais escuro e confere aos pequenos focos de endometriose a aparência grosseira de "queimaduras em pó". Microscopicamente: As glândulas endometriais, juntamente com o estroma, são vistas com alta ampliação na parede muscular lisa do cólon. A endometriose é sintomática durante os anos reprodutivos, quando os pacientes podem apresentar dismenorreia, dor pélvica e infertilidade. 6 LARISSA RODRIGUES SANTOS Os sinais clínicos clássicos incluem dismenorreia grave, dispareunia (dor na relação sexual) e dor pélvica decorrente do sangramento intrapélvico e das aderências periuterinas. ADENOMIOSE É definido como a presença de tecido endometrial no interior da parede uterina (miométrio). A adenomiose permanece em continuidade com o endométrio, suspostamente significando crescimento para baixo do tecido endometrial na direção, e entre, dos fásciculos de músculo liso do miométrio. 7 LARISSA RODRIGUES SANTOS Invasão benigna do endométrio no miométrio, produzindo um útero difusamente aumentado que exibe microscopicamente as glândulas endometriais ectópicas, não neoplásicas, endometriais e estroma cercados pela hipertrofia e miométrio hiperplásico. Sintomas: menorragia, dor pélvica e dismenorreia. Pode estar presente junto com a endometriose. Microscopicamente: glândulas e estroma endometriais são encontrados no miométrio, não apenas no endométrio a que pertencem. Esta condição leva ao aumento uterino e sangramento irregular. LEIOMIOMAS Neoplasias pélvicas mais comuns em mulheres (risco de até 80% ao longo da vida). São neoplasias benignas de músculo liso, que podem ocorrer de forma isolada ou podem ser múltiplos. Recentemente, as mutações no gene MED12 foram identificadas em até 70% dos leiomiomas uterinos. O gene MED12 codifica o complexo Mediador, um complexo multiproteico que estimula a expressão genética servindo de ponte entre os elementos de longo alcance de controle de DNA (os chamados acentuassomos) e os genes promotores. O efeito das mutações do MED12 na expressão genética dos leiomiomasé uma área ainda sendo atualmente investigada. 8 LARISSA RODRIGUES SANTOS Macroscopicamente: Leiomioma presente no fundo do útero superior. Este é um leiomioma submucoso. Podem ser a causa de sangramento irregular com menometrorragia , se presentes em uma localização submucosa, como visto aqui. Leiomiomas maiores também podem causar sangramento ou desconforto pélvico. Leiomiomas de tamanho variável. São massas brancas firmes, benignas e bem circunscritas. Microscopicamente: indica que as células musculares bem diferenciadas, fusiformes associada com hialinizações. Não variam muito em tamanho e forma e se assemelham a células normais do músculo liso. 9 LARISSA RODRIGUES SANTOS Aspectos Clínicos: Os leiomiomas são assintomáticos • Diagnóstico feito por métodos de imagem (p. ex., ultrassonografia). • Manifestações clínicas: dependem do número de tumores, de sua localização no miométrio (submucoso, intramural e/ou subseroso) e do tamanho. Apenas uma minoria requer tratamento. • Sinais e sintomas mais comuns: sangramento uterino anormal, especialmente menorragia, dismenorréia e sensação de peso na pelve. HPV, CONDILOMA E LESÕES PRECURSORAS NEOPLÁSICAS 10 LARISSA RODRIGUES SANTOS HPV Lesões verrucosas e papilomatosas 1933 isolado o agente 1963 conhecida estrutura viral 1970 etiologia câncer 1980 HPVs 16 e 18 como câncer cervical 1987 publicação primeiro dao epidemiológico 1995 HPV 16 e 18 considerados carcinogênicos 2006 Vacina aprovada PATOGENIA: Os HPVs de alto risco são de longe o fator mais importante no desenvolvimento do câncer do colo uterino. O HPV-16 sozinho representa quase 60% dos casos de câncer cervical, o HPV-18 outros 10%. Além disso, os HPVs de alto risco também estão associados nos carcinomas de células escamosas que surgem em muitos outros locais, incluindo a vagina, a vulva, o pênis, ânus, tonsilas palatinas e outros locais da orofaringe. Já os HPVs de baixo risco são causa de verrugas vulvares, perinais transmitidas (condiloma acuminado). 11 LARISSA RODRIGUES SANTOS A maioria é assintomática e não causa qualquer alteração do tecido, não sendo, consequentemente, detectados no teste de Papanicolau. Tem seu pico em mulheres entre idades de 20 e 24 anos, uma relação direta com o início da atividade sexual, enquanto a subsequente diminuição na prevalência reflete a aquisição de imunidade e a preferência por relações monogâmicas com a idade. A duração da infecção é relacionada ao tipo de HPV; em média, as infecções com alto risco de HPV duram mais que as infecções com HPVs de baixo risco oncogênico (13 meses contra 8 meses, respectivamente). A infecção persistente aumenta o risco de desenvolvimento das lesões precursoras do colo uterino e do carcinoma subsequente. A capacidade de o HPV agir como carcinógeno depende das proteínas virais E6 e E7, que interferem na atividade das proteínas supressoras de tumores, que regulam o crescimento e a 12 LARISSA RODRIGUES SANTOS sobrevivência das células. A replicação viral ocorre durante a maturação das células escamosas, normalmente essas células maduras são detidas na fase G1 do ciclo celular, mas elas continuam a progredir ativamente através do ciclo ao serem infectadas com o HPV, que usa maquinaria de síntese de DNA da célula hospedeira para replicar seu próprio genoma. A proteína viral E7 se liga a forma hipofosforilada (ativa) do RB e promove sua degradação através da via do proteossomo, e também se liga e inibe a p21 e p27, dois inibidores de cinase dependentes de ciclina, sendo que a remoção desses controles aumento a progressão do ciclo celular, mas também atrapalha a capacidade das células de reparar o dano ao DNA. Esse efeito na reparação do DNA é exacerbado pelas proteínas virais E6 dos subtipos de alto risco de HPV, que se ligam à proteína supressora de tumores p53 e promovem sua degradação pelo proteossomo, e além disso, a E6 aumenta a expressão dos telômeros, que leva à imortalização das células. 13 LARISSA RODRIGUES SANTOS O efeito prático é o aumento da proliferação das células das células com propensão a adquirir mutações que podem resultar no desenvolvimento de câncer. Em contraste com os HPVs de alto risco, as proteínas E7 com baixo risco de HPV se ligam a RB com baixa afinidade, enquanto a proteínas E6 de HPV de baixo risco não conseguem se ligar completamente à p53, e parecem desregular o crescimento e sobrevivência ao interferir com a via de sinalização Notch. Outra coisa que contribui para transformação maligna pelo HPV, é o estado físico do vírus. "O DNA viral está integrado no genoma da célula hospedeira na maioria dos cânceres. Essa configuração aumenta a expressão dos genes E6 e E7, e também pode desregular os oncogenes próximos aos locais de inserção viral, como o MYC. Em contraste, o DNA viral é extracromossômico (epissomal) nas lesões precursoras associadas com os HPVs de alto risco e nos condilomas associados com os HPVs de baixo risco. 14 LARISSA RODRIGUES SANTOS Dessa forma, outros fatores como a exposição a cocarcinógenos e o estado imune do hospedeiro influenciam se uma infecção por HPV regride ou persiste, e, enfim, evolui para um câncer. NEOPLASIA INTRAEPITELIAL CERVICAL (LESÕES INTRAEPITELIAIS ESCAMOSAS) O sistema anterior classificava essas lesões como apresentando displasia leve em uma extremidade e displasia/carcinoma grave na outra. O sistema de classificação mais antigo classificava as lesões como apresentando displasia leve em uma extremidade e displasia/carcinoma grave na outra. Isto foi seguido pela classificação de neoplasia intraepitelial cervical (NIC), com a displasia leve chamada de NIC I, a displasia moderada de NIC II, e a displasia grave chamada de NIC III. 15 LARISSA RODRIGUES SANTOS Já que a decisão relativa à conduta para a paciente tem dois níveis (observação versus tratamento cirúrgico), o sistema de classificação de três níveis foi simplificado recentemente para um sistema de dois níveis, com NIC I renomeada para lesão intraepitelial escamosa de baixo grau (LSIL, do inglês, low-grade squamous intraepithelial lesion) e NIC II e NIC III combinadas em uma categoria citada como lesão intraepitelial escamosa de alto grau (HSIL, do inglês, high-grade squamous intraepithelial lesion). A LSIL é associada com a infecção de HPV produtiva, onde ocorre um alto nível de replicação viral e apenas pequenas alterações no crescimento das células hospedeiras. Ela não progride diretamente para carcinoma invasivo, e, na verdade, em muitos casos, regride espontaneamente. Ou seja, ela não é tratada como uma lesão pré-maligna. Já a HSIL, por outro lado, ocorre uma desregulação progressiva do ciclo celular pelo HPV, que resulta em aumento de proliferação celular, diminuição ou parada da maturação epitelial e uma menor taxa de replicação viral. Esse dessaranjo do ciclo celular na HSL pode se tornar irreversível 16 LARISSA RODRIGUES SANTOS e resultar em um fenótipo maligno totalmente transformado, possuindo um alto risco de progredirem para um carcinoma. Morfologia: O diagnóstico de SIL (do inglês, squamous intraepithelial lesion) se baseia na identificação de atipia nuclear caracterizada por aumento nuclear, hipercromasia (coloração escura), presença de grânulos grosseiros de cromatina e variação dos tamanhos e formas nucleares. As mudanças nucleares são frequentemente acompanhadas por halos citoplasmáticos. No nível ultraestrutural, esses halos consistem em vacúolos perinucleares, uma mudança citopática criada em parte por uma proteína codificada no HPV chamada E5 que se concentra nas membranas do retículo endoplasmático. As alteraçõesnucleares e o halo perinuclear associado são chamados de atipia coilocitótica. A classificação de SIL em baixo ou alto grau se baseia na expansão da camada de células imaturas a partir de sua localização basal normal. Se as células escamosas imaturas estiverem confinadas ao terço inferior do epitélio, a lesão é classificada como LSIL; se houver expansão para dois terços da espessura epitelial, é classificada como HSIL. As características histológicas da LSIL se correlacionam com a replicação do HPV e com as mudanças no crescimento das células hospedeiras e na expressão genética. 17 LARISSA RODRIGUES SANTOS Diagnóstico: • Citologia • Colposcopia 18 LARISSA RODRIGUES SANTOS CONDILOMA ACUMINADO São verrugas genitais benignas causadas por HPVs de baixo risco oncogênico, principalmente os tipos 6 e 11. Eles podem ser solitários, mas são mais frequentemente multifocais, podendo envolver as regiões vulvar, perineal e perianal, bem como a vagina e, menos comumente, o colo uterino. As lesões são idênticas àquelas encontradas no pênis e ao redor do ânus em homens. No exame histológico, elas consistem em eixo conjuntivo arborescente, exofítico, papilar, coberto por epitélio escamoso espessado. O epitélio superficial exibe as características alterações citopáticas virais denominadas de atipia coilocitótica, que se manifestam como um aumento nuclear, hipercromasia e um halo citoplasmático perinuclear (veja também “Colo Uterino”). Os condilomas acuminados não são considerados lesões pré-cancerosas. 19 LARISSA RODRIGUES SANTOS Patogenia - semelhante ao de alto risco porém não se integra ao DNA hospedeiro - mantem-se extracelular. Fatores de Risco: • Idade: pessoas sexualmente ativas entre 15 e 30 anos, com múltiplos parceiros e que habitualmente não fazem uso do preservativo. • Sistema imunológico deprimido: gestantes, portadores de HIV/Aids, transplantados, pacientes recebendo quimioterapia ou radioterapia, por exemplo, são mais vulneráveis à infecção pelo HPV e ao aparecimento das verrugas genitais. • Tabagismo Quadro Clínico • A infecção pelo HPV normalmente causa verrugas de tamanhos variáveis. • No homem, é mais comum na cabeça do pênis (glande) e na região do ânus. • Na mulher, os sintomas mais comuns surgem na vagina, vulva, região do ânus e colo do útero. • As lesões também podem aparecer na boca e na garganta. 20 LARISSA RODRIGUES SANTOS • Tanto o homem quanto a mulher podem estar infectados pelo vírus sem apresentar sintomas. Morfologia: Diagnóstico: • Observação verrugas 21 LARISSA RODRIGUES SANTOS • PCR identificação qual o tipo de HPV • Diferencial de condiloma plano da sifilis e carcinomas Tratamento/Vacina • Uso tópico ou sistêmico de medicamentos para fortalecer o sistema imune, conter o crescimento das verrugas e a proliferação do vírus HPV (antivirais); • Procedimentos cirúrgicos, como a crioterapia utilizando nitrogênio líquido, a cauterização e a aplicação de lase • Bivalente - tipos 16 e 18 • Quadrivalente - tipo 6, 11, 16 e 18 CÂNCER DE COLO UTERINO A parte mais externa do colo é uma epitélio escamoso estratificado (resistente, em contato com as bactérias, durante a penetração está em contato com o pênis), já a região mais interna do colo é um epitélio glandular onde estão as glândulas que produzem o muco cervical. A idade média das pacientes com carcinoma cervical invasor é de 45 anos. O carcinoma de células escamosas é o subtipo histológico mais comum, representando aproximadamente 80% dos casos. O segundo tipo tumoral mais comum é o adenocarcinoma, que representa aproximadamente 15% dos casos de câncer cervical e se desenvolve a partir de uma lesão precursora chamada adenocarcinoma in situ são de difícil diagnóstico com avaliação complicada da colposcopia difícil. Os carcinomas adenoescamosos e neuroendócrinos são tumores cervicais raros que representam 5% dos casos restantes. Todos os tipos tumorais citados previamente são causados por HPVs de alto risco oncogênico. O tempo de progressão a partir da forma in situ até o carcinoma adenoescamoso e o carcinoma neuroendócrino é mais curto do que no carcinoma das células escamosas, e os pacientes com esses tumores frequentemente se apresentam em estágios avançados das doenças, tendo um prognóstico menos favorável. 22 LARISSA RODRIGUES SANTOS A lesão inicial é o HPV, e após ele ocorrem as lesões percursoras de baixo ou alto grau, sendo que se for de baixo grau, ocorre uma auto limpeza de 6 meses a 2 anos por ser uma lesão inicial. Já quando o HPV provoca uma lesão de alto grau, em cerca de 10-15 anos ocorrerá um resposta neoplásica invasiva chamada de câncer do colo uterino. Lembrando que a E7 faz o bloqueio do RB que aumenta a concentração de E2F livre no citoplasma, sendo um fator de transcrição que promove a proliferação celular e a E6 promove a quebra do p53 que não irá mais fazer o controle do ciclo celular e além disso, ocorrerá o aumento dos telômeros, podendo provocar a imortalização dessa célula. Os fatores de risco são: Tabagismo (diminuição da qualidade do LTCD8), Imunossupressão (ex: HIV), início precoce da atividade sexual e número de relacionamentos sexuais/parceria sexual com IST. A prevenção pode ser primária com vacinação e uso de preservativos ou secundária através do colpocitologia oncótica. Aspectos Clínicos: As mulheres com lesões percursoras são assintomáticas, por isso a necessidade do papanicolau, através da visualização da lesão por solução de Lugol (iodo) e ácido acético, sendo a área branca de Lugol o alterado e a área marrom normal, já o ácido acético precipita proteínas tornando-o branco no patológico. Com o aumento da proliferação celular, ocorre a diminuição de glicogênio e aumento de proteínas. Em estágio avançado, pode ocorrer sangramento vaginal (sinussosrragia), sensação de peso/incômodo, dor e dispareunia (dor na relação sexual). 23 LARISSA RODRIGUES SANTOS O sistema de classificação mais antigo classificava as lesões como apresentando displasia leve em uma extremidade e displasia/carcinoma grave na outra. Isto foi seguido pela classificação de neoplasia intraepitelial cervical (NIC), com a displasia leve somente na lâmina basal chamada de NIC I e é sem progressão para o carcinoma invasivo com tratamento expectante, somente 10% evolui, a displasia moderada de NIC II, e a displasia grave chamada de NIC III com 30% de regressão, 60% de persistência e 10% se transformando em câncer, sendo necessário então um tratamento cirúrgico. Morfologia: O diagnóstico de SIL (do inglês, squamous intraepithelial lesion) se baseia na identificação de atipia nuclear caracterizada por aumento nuclear, hipercromasia (coloração escura), presença de grânulos grosseiros de cromatina e variação dos tamanhos e formas nucleares. 24 LARISSA RODRIGUES SANTOS As mudanças nucleares são frequentemente acompanhadas por halos citoplasmáticos. No nível ultraestrutural, esses halos consistem em vacúolos perinucleares, uma mudança citopática criada em parte por uma proteína codificada no HPV chamada E5 que se concentra nas membranas do retículo endoplasmático. As alterações nucleares e o halo perinuclear associado são chamados de atipia coilocitótica. A classificação de SIL em baixo ou alto grau se baseia na expansão da camada de células imaturas a partir de sua localização basal normal. Se as células escamosas imaturas estiverem confinadas ao terço inferior do epitélio, a lesão é classificada como LSIL; se houver expansão para dois terços da espessura epitelial, é classificada como HSIL. As características histológicas da LSIL se correlacionam com a replicação do HPV e com as mudançasno crescimento das células hospedeiras e na expressão genética. CARCINOMA ESCAMOSO DE COLO DE ÚTERO O carcinoma cervical invasor pode se manifestar como massa vegetante (exofítico) ou infiltrativa. O carcinoma de células escamosas é composto por ninhos e projeções de epitélio escamoso maligno, queratinizado ou não queratinizado, invadindo o estroma cervical subjacente). 25 LARISSA RODRIGUES SANTOS ADENOCARCINOMA Os adenocarcinomas são caracterizados pela proliferação de epitélio glandular composto por células endocervicais malignas com núcleos grandes, hipercromáticos, e citoplasma com relativa diminuição de mucina, resultando em um aspecto escuro das glândulas, em comparação ao epitélio endocervical normal. Os carcinomas adenoescamosos são tumores compostos por uma mistura de epitélio maligno glandular e escamoso. O carcinoma cervical neuroendócrino tem uma aparência similar à do carcinoma de pequenas células do pulmão, mas a diferença é que ele é positivo para HPVs de alto risco. 26 LARISSA RODRIGUES SANTOS O carcinoma cervical avançado se estende por disseminação direta para envolver tecidos contíguos, incluindo os tecidos paracervicais, a bexiga, os ureteres (resultando em hidronefrose), o reto e a vagina. A invasão linfovascular resulta em metástases de linfonodos locais e distantes. As metástases distantes também podem ser encontradas no fígado, pulmões, medula óssea e outros órgãos. ESTADIAMENTO Vias de disseminação: • Contiguidade • Linfática • Hematogênica O câncer cervical é estadiado da seguinte forma: Estádio 0 — Carcinoma in situ (NIC III, HSIL) Estádio I — Carcinoma confinado ao colo uterino 27 LARISSA RODRIGUES SANTOS Ia — Carcinoma pré-clínico, ou seja, diagnosticado apenas por microscopia Ia1 — Invasão do estroma não mais profunda que 3 mm e não mais larga que 7 mm (o chamado carcinoma microinvasor) Ia2 — Profundidade máxima de invasão do estroma acima de 3 mm e não mais profundo que 5 mm, considerado a partir da base do epitélio; invasão horizontal de no máximo 7 mm Ib — Carcinoma histologicamente invasivo confinado ao colo uterino e maior que o estágio Ia2 Estádio II — O carcinoma se estende além do colo uterino, mas não até a parede pélvica. O carcinoma envolve a vagina, mas não o terço inferior. Estádio III — O carcinoma se estende para a parede pélvica. Ao exame retal não existe um espaço sem câncer entre o tumor e a parede pélvica. O tumor envolve o terço inferior da vagina. Estádio IV — O carcinoma se estende além da pelve verdadeira ou envolve a mucosa da bexiga ou do reto. Esse estádio também inclui câncer com disseminação metastática. 28 LARISSA RODRIGUES SANTOS Aspectos de Normalidade e infecções (vaginites, vulvovaginites e Bartholenites) ESQUEMA EPITÉLIO VAGINAL 29 LARISSA RODRIGUES SANTOS 30 LARISSA RODRIGUES SANTOS 31 LARISSA RODRIGUES SANTOS 32 LARISSA RODRIGUES SANTOS HERPES VÍRUS: Os HSVs são vírus DNA que incluem dois sorotipos, o HSV-1 e o HSV-2. O HSV- 1 tipicamente resulta em infecção orofaríngea, enquanto o HSV-2 geralmente envolve a mucosa genital e a pele; contudo, dependendo das práticas sexuais, o HSV-1 pode ser detectado na região genital e o HSV-2 também pode causar infecções orais. Por volta dos 40 anos de idade, aproximadamente 30% das mulheres são soropositivas para anticorpos contra HSV-2. Em torno de um terço dos indivíduos infectados é sintomático. As lesões se desenvolvem tipicamente de 3 a 7 dias após a transmissão, e são frequentemente associadas a sintomas sistêmicos como febre, mal-estar, e linfonodos inguinais sensíveis. O início das lesões geralmente consiste em pápulas vermelhas que evoluem para vesículas, e então para úlceras coalescentes dolorosas. Essas lesões são facilmente visíveis na pele e mucosa vulvares, enquanto as lesões 33 LARISSA RODRIGUES SANTOS cervicais ou vaginais apresentam secreção purulenta intensa e dor pélvica. As lesões ao redor da uretra podem causar micção dolorosa e retenção urinária. As vesículas e úlceras contêm numerosas partículas virais, explicando a taxa de transmissão elevada durante a infecção ativa. As lesões de mucosa e de pele cicatrizam espontaneamente em 1 a 3 semanas; porém, durante a infecção aguda, o vírus migra para os gânglios nervosos lombossacrais regionais, estabelecendo uma infecção latente. Devido à latência viral, as infecções por HSV persistem indefinidamente, e qualquer redução da função imunológica, bem como o estresse, o trauma, a radiação ultravioleta e as alterações hormonais, pode desencadear a reativação do vírus e a recorrência das lesões da pele e mucosa. Como esperado, as recorrências são muito mais comuns em indivíduos imunossuprimidos. Não existe um tratamento eficaz para HSV latente; contudo, agentes antivirais como aciclovir ou fanciclovir podem reduzir a duração da fase sintomática inicial e recorrente. Morfologia: Lesões múltiplas. Secreção purulenta, pápulas vermelhas que evoluem para vesícula – as vesículas coalescem e ficam dolorosas. Exsudato inflamatório consiste em células escamosas multinucleadas contendo inclusões eosinofílicas a basofílicas com aspecto de vidro fosco. 34 LARISSA RODRIGUES SANTOS CANDIDA ALBICANS: são extremamente comuns; na verdade, as leveduras fazem parte da microflora vaginal normal de muitas mulheres e o desenvolvimento de candidíase sintomática é tipicamente o resultado de uma perturbação no ecossistema microbiano vaginal da paciente. Diabetes melito, antibióticos, gravidez e condições que resultem em comprometimento da função dos neutrófilos ou da célula T TH17 são permissivos com a infecção fúngica sintomática, que se manifesta por prurido vulvovaginal acentuado, eritema, inchaço e secreção vaginal semelhante a leite coalhado. A infecção grave pode resultar em ulcerações da mucosa. O diagnóstico é feito encontrando-se os pseudoesporos ou hifas fúngicas filamentosas, ao se adicionar solução de KOH na lâmina preparada com a secreção ou no esfregaço de Papanicolaou. Embora a transmissão sexual da infecção por leveduras tenha sido documentada, a candidíase não é considerada uma doença sexualmente transmissível. Morfologia: Corrimento vaginal branco, grumoso e espesso tipo requeijão/ leite coalhado Inodoro Forma placas aderente à parede vaginal, Eritema, Edema, Fissuras vulvares, Ardor e prurido. 35 LARISSA RODRIGUES SANTOS Hiperplasia epitélio de revestimento pavimentoso estratificado queratinizado. Infiltrado inflamatório crônico, Trichomonas vaginalis: é um protozoário ovoide flagelado de grande tamanho, geralmente transmitido pelo contato sexual, que se desenvolve de 4 dias a 4 semanas. As pacientes podem ser assintomáticas ou podem se queixar de uma secreção vaginal amarela e espumosa, desconforto vulvovaginal, disúria (dor ao urinar), e dispareunia (dor na relação sexual). As mucosas vaginais e cervicais tipicamente apresentam aspecto vermelho-vivo, com acentuada dilatação dos vasos da mucosa cervical resultando em um aspecto colposcópico característico de “colo uterino em morango”. A patogenia é pela adesão epitelial - se transforma em forma amebóide. Morfologia: Corrimento vaginal espumoso amarelado (>70%) Eritema vulvar (vermelho vivo) Vaginite Colo de framboesa/morango 36 LARISSA RODRIGUES SANTOS Diagnóstico: achado clínico, microscopia, pH >4,5 37 LARISSA RODRIGUES SANTOS Gardnerella vaginalis: é um bacilo Gram-negativo que está associado como a principal causa de vaginose bacteriana (vaginite). As pacientes tipicamente apresentam uma secreção vaginal fina, verde-acinzentada, com odor desagradável(de peixe). Os esfregaços de Papanicolaou revelam células escamosas superficiais e intermediárias recobertas por cocobacilos com aspecto piloso. As culturas bacterianas nesses casos revelam G. vaginalis e outras bactérias, incluindo peptoestreptococos anaeróbicos e estreptococos α-hemolíticos aeróbicos. Em pacientes grávidas, a vaginose bacteriana foi implicada em trabalho de parto prematuro. Morfologia: Células escamosas superficiais e intermediárias recobertas com cocobacilos aspecto piloso – “clue cells” ou células-alvo no fluído ou esfregaços vaginais. Secreção vaginal fina, leucorréia fluída, homogêneo com bolhas esparsas, cinza ou branca, verde acinzentada, desagradável de peixe. BARTHOLINITE: A infecção da glândula de Bartholin produz uma inflamação aguda (adenite) e pode resultar em abscesso. Os cistos do ducto de Bartholin são relativamente comuns, ocorrem em todas as idades, e resultam da obstrução do ducto por um processo inflamatório. Esses cistos 38 LARISSA RODRIGUES SANTOS são geralmente revestidos por epitélio transicional ou escamoso. Podem crescer até 3 a 5 cm de diâmetro e produzir dor e desconforto local. Os cistos do ducto de Bartholin são excisados ou abertos permanentemente (marsupialização). • Geralmente Escherichia coli) ou na nossa pele (geralmente Staphylococcus aureus, estreptococos) ou patogênicas como: Neisseria gonorrhoeae (que causa a Gonorreia), Chlamydia trachomatis (Clamídia) • A abertura dessas glândulas pode ficar obstruída por alguma razão, fazendo com que o líquido produzido fique preso nela, formando o Cisto de Bartholin, que pode ser assintomático, onde é observado um carocinho no início do canal vaginal • A Bartholinite é quando o cisto fica infectado com pus. • Inflamação na região, onde causa muita dor local, vermelhidão, inchaço, dor ao sentar, caminhar e durante a relação sexual; • O tratamento pode ser medicamentoso ou cirúrgico, onde é feito uma drenagem local, mas em alguns casos é preciso retirar a glândula, tudo irá depender do caso da paciente 39 LARISSA RODRIGUES SANTOS 40 LARISSA RODRIGUES SANTOS CERVICITES E DOENÇA INFLAMATÓRIA PÉLVICA São doenças que produzem um alto corrimento. CERVICITES No início da menarca, a produção de estrogênios pelo ovário estimula a maturação da mucosa escamosa cervical e vaginal e a formação de vacúolos de glicogênio intracelular nas células 41 LARISSA RODRIGUES SANTOS escamosas. À medida que essas células descamam, o glicogênio fornece um substrato para microrganismos vaginais endógenos aeróbios e anaeróbios, mas particularmente para os lactobacilos, que são a espécie microbiana dominante na vagina normal. Os fatores de risco é o não uso de preservativo, múltiplos parceiros, mulheres abaixo de 25 anos, uso de anticoncepcional. Os lactobacilos produzem ácido lático, que mantém o pH vaginal abaixo de 4,5, suprimindo o crescimento de outros organismos saprófitas e patogênicos. Além disso, em pH baixo, os lactobacilos produzem peróxido de hidrogênio (H2O2) bacteriotóxico. Se o pH se tornar alcalino devido a sangramento, relação sexual ou uso de ducha vaginal, a produção de H202 pelos lactobacilos diminui. A terapia com antibióticos que suprime os lactobacilos também pode fazer com que o pH aumente. Normalmente 70% a 80% dos casos é assintomático mas pode ocorrer dor, sangramento pós-coito, corrimento vaginal (alto), dispareunia (dor na relação sexual), disúria/polaciúria presente em 20-30% das mulheres. No exame físico, caso ocorra o toque no colo uterino, a paciente sente muita dor pois é uma região altamente inflamada. Em cada uma dessas condições, o ambiente vaginal alterado promove o crescimento excessivo de outros microrganismos, o que pode resultar em cervicite ou vaginite. Algum grau de inflamação cervical pode ser encontrado em virtualmente todas as mulheres, e geralmente tem poucas consequências clínicas. Contudo, infecções por gonococos, clamídia, micoplasma e vírus do herpes simples podem produzir cervicite aguda ou crônica significativa, e sua identificação é importante devido à sua associação com doenças do trato genital superior, complicações durante gravidez e transmissão sexual. Uma inflamação cervical pronunciada produz alterações reparadoras e reativas no epitélio e descamação de células escamosas de aparência atípica, e, portanto, podem causar um resultado anormal e inespecífico no exame de Papanicolaou. 42 LARISSA RODRIGUES SANTOS Presença de infiltrado de neutrófilos com bactérias diplococos gram-negativo intracelular (Neisseria gonorrhoeae) e geralmente não se faz diagnóstico por meio de cultura só se faz quando os tratamentos não estão dando resultados. A Gonorreia apresenta tropismo pelo TGU, sendo que na mulher causa cervicite e no homem causa uretrite e bebês podem desenvolver a conjuntivite e nas articulações pode ocorrer a artrite séptica. Facilita a co-infecção com HIV, Hepatite C e B e sífilis mas principalmente o HIV. Presença de vacúolos com bacilos gram-negativos intracelulares de Clamydia e os diagnósticos por meio de cultura também só será realizado caso ocorra uma ineficácia do tratamento. Não são diferenciados os tipos de bactéria, ocorre o tratamento com dois antibióticos para as duas bactérias (ceftriaxona e azitromicina). A Clamydia apresenta tropismo pela conjuntiva dando 43 LARISSA RODRIGUES SANTOS conjuntivite no bebê, no homem causar a uretra e gosta do endocérvice, trompa, endométrio. Ela apresenta 17 sorotipos, sendo os que dão a cervicite os tipos D, E, F, G e K. DOENÇA INFLAMATÓRIA PÉLVICA (DIP) A DIP é uma infecção que começa na vulva ou na vagina e se espalha para cima de modo a envolver a maioria das estruturas do sistema genital feminino, resultando em dor pélvica, sensibilidade dos anexos, febre e secreção vaginal. Ela é iniciada pela Clamídia mas durante a infecção ela vira um polimicrobiana, afeta as mulheres sexualmente ativas (15 a 25 anos), sendo uma inflamação da mucosa acima do óstio interno e o nome é dado conforme o local da inflamação como endométrio (endometrite), trompa de Falópio (salpingite) e ovários (ooforite). Os fatores de risco é o não uso de preservativo, múltiplos parceiros, mulheres abaixo de 25 anos, uso de anticoncepcional (mas ele pode dar uma proteção contra as bactérias mas o problema está em deixar de usar o preservativo). Tuberculose pode causar uma DIP crônica com a presença de granuloma caseoso ou actinomicose através do DIU contaminado que pode causar uma DIP. A Neisseria gonorrhoeae continua a ser uma causa comum da DIP, a complicação mais séria da gonorreia em mulheres. A infecção por Clamydia é outra causa bem reconhecida de DIP. As infecções após abortos espontâneos ou induzidos e partos normais ou anormais (chamadas infecções puerperais) também são causas importantes de DIP. Nessas situações, as infecções são tipicamente polimicrobianas e podem ser causadas por estafilococos, estreptococos, coliformes e pelo Clostridium perfringens. Com o gonococo, as alterações inflamatórias começam a aparecer aproximadamente 2 a 7 dias após a inoculação. A infecção inicial envolve mais comumente a mucosa endocervical, mas ela também pode começar na glândula de Bartholin e em outras glândulas vestibulares ou periuretrais. A partir de qualquer um desses lugares, os organismos podem se disseminar para cima e envolver as tubas uterinas e a região tubo-ovariana. As infecções bacterianas não gonocócicas que seguem um aborto induzido, dilatação e curetagem do útero, e outros procedimentos cirúrgicos se disseminam a partir do útero para cima, pelos canais linfáticos ou venosos, e não pela superfície mucosa. Portanto, essas infecções tendem a produzir mais inflamação dentro das camadas mais profundasdos órgãos do que as infecções gonocócicas. 44 LARISSA RODRIGUES SANTOS Geralmente as mulheres apresentam uma descarga vaginal purulenta (50% das pacientes) - alta, dor abdominal baixa (pé da barriga) e febre em 30-40% dos casos pela liberação de citocinas inflamatórias como IL-6 e TNF-alfa. O diagnóstico é feito através por dois critérios maiores ou um maior e dois menores, sendo os maiores a dor abdominal infraumbilical ou dor pélvica, dor à palpação dos anexos, dor à mobilização do colo uterino e os critérios menores que são febre, secreção purulenta, massa pélvica (abscesso), leucocitose, aumento de PCR e VHS. As complicações podem ser: • Aguda: Abscesso tubo-ovariano e de parede abdominal Síndrome de Fitz-Hugh-Curtis - bactéria que estava no útero cai no peritôneo e sobe para o fígado podendo causar fibrose gerando aderência em cordas de violino Peritonite e bacteremia que pode resultar em endocardite, meningite e artrite supurativa 45 LARISSA RODRIGUES SANTOS • Crônica: Dor pélvica crônica Gravidez ectópica Infertilidade Obstrução intestinal devido a aderências entre o intestino e os órgãos pélvicos Nos estágios iniciais, as infecções gonocócicas são facilmente controladas com antibióticos, embora lamentavelmente tenham emergido cepas resistentes à penicilina. As infecções que ficam enclausuradas nos abscessos tubo-ovarianos são difíceis de erradicar com antibióticos, e às vezes é necessário remover os órgãos cirurgicamente. As DIPs pós-aborto e pós-parto também são responsivas ao tratamento com antibióticos, porém seu controle é muito mais difícil devido ao amplo espectro de patógenos que podem estar envolvidos. 46 LARISSA RODRIGUES SANTOS Morfologia: A infecção gonocócica é caracterizada pela inflamação aguda acentuada das superfícies mucosas envolvidas. PÓLIPOS UTERINOS, HIPERPLASIA ENDOMETRIAL E CARCINOMA ENDOMETRIAL 47 LARISSA RODRIGUES SANTOS PÓLIPOS UTERINOS São massas exofíticas de tamanho variável que se projetam para a cavidade endometrial. Podem ser únicos ou múltiplos, e geralmente são sésseis, medindo de 0,5 a 3 cm de diâmetro, mas ocasionalmente são grandes e pediculados. Os pólipos podem ser assintomáticos ou podem causar sangramento anormal (intramenstrual, menometrorragia, ou na pós-menopausa) se sofrerem ulceração ou necrose, Sua organização é muito similar com àquelas encontradas em outros tumores mesenquimais benignos e sugerem que o estroma do pólipo é neoplásico, e que as glândulas associadas são reativas, e são simplesmente como acompanhantes. As glândulas nos pólipos podem ser hiperplásicas ou atróficas, e podem ocasionalmente demonstrar alterações secretoras (pólipos funcionais). Os pólipos podem tornar-se hiperplásico em associação com a hiperplasia endometrial generalizada, e respondem ao estrogênio, mas mostram pouco ou nenhuma resposta à progesterona. 48 LARISSA RODRIGUES SANTOS Têm sido observados pólipos endometriais em associação com a administração de tamoxifeno, que é usado geralmente na terapia de câncer de mama, devido à sua atividade antiestrogênica nas mamas. Já os pólipos atróficos, que em grande parte ocorrem em mulheres na pós- menopausa, provavelmente representam o que sobrou de pólipos anteriormente hiperplásicos e raramente surgem adenocarcinomas no interior de pólipos endometriais. A aromatase é uma enzima da família do citocromo P-450, sendo que a mulher que possui essa enzima têm a facilidade de transformar androgênios (testosterona) em estrógeno. Por exemplo, em mulheres obesas onde acontece isso no tecido adiposo perifericamente, pois o aumento da quantidade de tecido adiposo, aumenta a exposição de aromatase. Morfologia: Forma polipóide, estroma fibroso com células fusiformes, por vezes hialinizadas e anormalidade arquitetural glandular diferente do endométrio circundante. 49 LARISSA RODRIGUES SANTOS Aspectos Clínicos: Os pólipos podem ser assintomáticos ou podem causar sangramento anormal (intermenstrual*, menometrorragia** ou na pós-menopausa) se sofrerem ulceração ou necrose. HIPERPLASIA ENDOMETRIAL É uma causa importante de sangramento anormal, e uma precursora frequente dos tipos mais comuns de carcinoma endometrial. É definida como um aumento da proliferação das glândulas endometriais relativas no estroma, resultando em maior proporção de glândulas para estroma em comparação ao endométrio proliferativo normal. Ele apresenta um potencial maligno da hiperplasia endometrial e o conceito de uma sequência contínua de lesões glandulares proliferativas, culminando, em alguns casos, em carcinoma. A hiperplasia endometrial está associada a estimulação estrogênica prolongada do endométrio, que pode ser decorrente de anovulação, aumento da produção de estrogêneio a partir de fontes endógenas, ou devido a estrogênio exógeno. As condições associadas são: obesidade (conversão periférica de androgênios em estrogênios), menopausa, síndrome do ovário policístico, tumores de células granulosas funcionais do ovário, função cortical ovariana excessiva (hiperplasia 50 LARISSA RODRIGUES SANTOS estromal cortical) e administração prolongada de substâncias estrogênicas (terapia de substituição de estrogênio). A inativação do gene supressor de tumores PTEN é uma alteração genética comum tanto nas hiperplasias endometriais quanto nos carcinomas endometriais. Em um estudo mais recente, a hiperplasia é dividida em quatro categorias: hiperplasia simples sem atipia; hiperplasia complexa sem atipia; hiperplasia atípica simples e hiperplasia atípica complexa. Morfologia: Aparência microscópica do endométrio proliferativo normal no ciclo menstrual. A fase proliferativa é a parte variável do ciclo. Glândulas tubulares com células colunares e estroma denso circundante. 51 LARISSA RODRIGUES SANTOS As glândulas endometriais são irregulares em tamanho e forma, com ramificações e bolsas. Há atipia citológica moderada. CARCINOMA ENDOMETRIAL É o câncer invasor do trato genital feminino mais comum. Tem origem nas células de revestimento interno do útero (endométrio). Derivado de uma hiperplasia endometrial está associada à estimulação estrogênica prolongada do endométrio. A principal queixa é hemorragia pós-menopausa. Além disso, tem associações com: obesidade, diabetes, hipertensão, infertilidade, estimulação estrôgenica sem antagonismo. Ocorre cerca de 280 mil novos casos por ano. Existem dois tipos, o I e II: 52 LARISSA RODRIGUES SANTOS Tipo I (Endometrioide): é o tipo mais comum, respondendo por mais de 80% dos casos. A maioria é bem diferenciada e imita as glândulas endometriais proliferativas, e como tais, são chamados de carcinomas endometrioides. Eles surgem nas condições de hiperplasia endometrial, e são associados a obesidade, diabetes (tolerância anormal à glicose é encontrada em mais de 60%), hipertensão, infertilidade e estimulação estrogênica sem antagonismo. Normalmente está associada com mulheres em idade pós-menopausa. O desenvolvimento dele envolve a aquisição em etapas de várias alterações genéticas nos genes supressores de tumores e oncogenes. Ocorre tanto hiperplasia atípica quanto carcinoma, as mutações do PTEN foram identificadas em cada componente, apoiando a ideia de que a hiperplasia atípica é precursora do carcinoma, e que as mutações no PTEN ocorrem antes do desenvolvimento evidente do carcinoma. 53 LARISSA RODRIGUES SANTOS Morfologia: O carcinoma endometrióide pode tomar a forma de um tumor polipoide localizado, ou de um tumor que infiltra difusamente o revestimento endometrial. 54LARISSA RODRIGUES SANTOS A disseminação geralmente ocorre através de invasão do miométrio, seguida pela extensão direta a órgãos/estruturas adjacentes. Nos últimos estádios, o tumor pode se disseminar para os pulmões, fígado, ossos e outros órgãos. Tipo II (Seroso): Geralmente ocorre em mulheres que são em torno de 10 anos mais velhas do que aquelas com os carcinomas tipo I; em contraste com o carcinoma tipo I, geralmente surge no contexto de atrofia endometrial. Por definição, os tumores tipos II são pouco diferenciados (grau 3) e representam aproximadamente 15% dos casos de carcinoma endometrial. O subtipo mais comum é o carcinoma seroso, citado deste modo devido à sua sobreposição morfológica e biológica com os carcinomas serosos do ovário. As mutações no supressor de tumores TP53 estão presentes em pelo menos 90% dos carcinomas endometriais serosos. A maioria são mutações com troca de sentido (missense) que resultam em acúmulo da proteína alterada. O precursor do carcinoma seroso, o carcinoma intraepitelial endometrial seroso, consiste em células idênticas às do carcinoma seroso, porém não possui invasão estromal identificável. O carcinoma seroso supostamente começa como uma neoplasia epitelial de superfície, que se estende para estruturas glandulares adjacentes, e mais tarde invade o estroma endometrial. 55 LARISSA RODRIGUES SANTOS Morfologia: O adenocarcinoma seroso não está relacionado à estimulação estrogênica, e a maioria dos casos tem mutações no p53. Surgem no contexto de atrofia endometrial. Histologia do tumor. (a) A histologia do adenomioma polipóide atípico foi caracterizada por glândulas irregulares estruturadas ao acaso em um estroma de músculo liso (HE, 40×). (b) Carcinoma seroso contínuo com adenomioma polipóide atípico (HE, 40×). (c) Imunocoloração positiva de p53 de carcinoma seroso (× 200). 56 LARISSA RODRIGUES SANTOS ESTADIAMENTO: Prognóstico: depende fortemente do estádio clínico no momento do diagnóstico, assim como do grau e do subtipo histológico. 57 LARISSA RODRIGUES SANTOS Abordagem: Cirurgia, isolada ou em combinação com radioterapia, determina 90% de sobrevida em 5 anos se a doença estiver em estádio I (grau 1 ou 2). Essa taxa cai para aproximadamente 75% em tumores de grau 3/estádio I, e para 50% ou menos nos carcinomas endometriais estádios II e III. NEOPLASIAS BENIGNAS DO OVÁRIO Os cistos são cavidades patológicas revestidas por epitélio e preenchida por conteúdo líquido ou pastoso, já o pseudo-cisto é quando ocorre a abertura da cavidade patológica e esse cavidade não é revestida por epitélio. A maioria dos tumores acontece nas células epiteliais de superfície. As neoplasias são classificadas com base na diferenciação do epitélio, sendo as benignas, de baixo potencial de malignidade (boderline) e malignas e uma apresentação morfológica comum das neoplasias epiteliais benignas - lesão cística uni ou multilocular (cistadenoma e cistadenofibroma). CISTADENOMAS Estas neoplasias císticas incluem os tumores malignos dos ovários mais comuns, e representam aproximadamente 40% de todos os cânceres de ovário. Embora o termo seroso descreva apropriadamente o líquido do cisto, ele se tornou sinônimo do epitélio de tipo tubário desses tumores. Em conjunto, os tipos benigno, borderline e maligno representam aproximadamente 30% de todos os tumores ovarianos e um pouco mais de 50% dos tumores epiteliais ovarianos. Aproximadamente 70% são benignos ou borderline, e 30% são malignos. Tumores benignos e borderline são mais comuns entre 20 e 45 anos de idade. O carcinoma seroso ocorre, em média, mais tarde na vida, embora frequentemente um pouco mais cedo nos casos familiares. Morfologia: Parede cística lisa e brilhante, sem espessamento epitelial, ou com pequenas projeções papilares. 58 LARISSA RODRIGUES SANTOS Ao exame microscópico, os cistos são revestidos por epitélio colunar, que possui cílios abundantes nos tumores benignos. 59 LARISSA RODRIGUES SANTOS CISTOADENOFIBROMA SEROSO Cistadenofibromas são variantes pouco comuns, em que ocorre uma proliferação pronunciada do estroma fibroso subjacente ao epitélio de revestimento colunar. Esses tumores benignos geralmente são pequenos e multiloculares e possuem processos papilares simples que não se tornam tão complexos e ramificados como aqueles encontrados no cistadenoma comum. Eles contêm epitélio mucinoso, seroso, endometrioide e transicional (tumores de Brenner). Ocorrem lesões borderline com atipias celulares e, raramente, tumores com carcinoma focal, porém a disseminação metastática de qualquer um deles é extremamente rara. Apresentação clínica: achado incidental (assintomático), lesão palpável com ou sem efeito de massa (dor, compressão vesical e retal), abdome agudo (torção). Tratamento e prognóstico: remoção cirúrgica. Recorrência rara. 60 LARISSA RODRIGUES SANTOS CISTADENOMA MUCINOSO Esses tumores representam aproximadamente 20% a 25% de todas as neoplasias ovarianas. Ocorrem principalmente na vida adulta média e são raros antes da puberdade e após a menopausa. Os carcinomas mucinosos ovarianos primários são relativamente raros e representam menos de 3% de todos os cânceres de ovário. PATOGENIA: A mutação do proto-oncogene KRAS é a uma alteração genética consistente nos tumores mucinosos no ovário. Essas mutações iniciam o desenvolvimento dessas neoplasias. As mutações que contribuem para as mutações do KRAS de forma a gerar tumores mucinosos Morfologia: A supefície do ovário é raramente envolvida, e apenas 5% dos cistadenomas mucinosos e carcinomas mucinosos primários são bilaterais e possuem tendência de produzir grandes massas císticas, já tendo sido descritos alguns desses tumores pesando mais de 25 kg. Microscopicamente, são caracterizados por um revestimento de células epiteliais colunares altas com mucina apical, sem cílios. 61 LARISSA RODRIGUES SANTOS ADENOFIBROMAS ENDOMETRIOIDES E DE CÉLULAS CLARAS Podem surgir no contexto da endometriose e estão ocasionalmente associados a área de tumor bordeline, em cerca de 15% a 20% dos casos, o carcinoma endometrioide coexiste com a endometriose. Os tumores de células clara são pouco comuns, compostos por células epiteliais grandes com citoplasma claro abundante, um aspecto semelhante ao do endométrio gestacional hipersecretor e como os tumores às vezes ocorrem me associação com a endometriose ou carcinoma endometrioide do ovário, e se assemelham ao carcinoma de células claras do endométrio. Os tumores de células claras do ovário podem ser predominantemente sólidos ou císticos. Nas neoplasias sólidas, as células claras são dispostas na forma de lençóis ou túbulos, enquanto na variedade cística, as células neoplásicas revestem os espaços. O carcinoma de células claras confinado aos ovários tem uma sobrevida de 90% em 5 anos, mas na doença em estágio avançado, parece que a morfologia de células claras indica um prognóstico ruim. O carcinoma de células claras é tratado como outros tipos de carcinoma dos ovários. 62 LARISSA RODRIGUES SANTOS Os carcinomas endometrioides tipicamente apresentam-se com áreas de crescimento sólidas e císticas. Quarenta por cento envolvem os dois ovários e essa bilateralidade geralmente implica a extensão da neoplasia além do trato genital. Esses são tumores de baixo grau que revelam padrões glandulares muito semelhantes àqueles de origem endometrial. A taxa de sobrevida em 5 anos para pacientes com tumores de estádio I corresponde a aproximadamente 75%. Clínica: lesões unilaterais associadas a sintomas inespecíficos. Tratamento e prognóstico: excisão cirúrgica. Recidiva rara.NEOPLASIAS OVARIANAS BENIGNAS DE CÉLULAS TRANSICIONAIS - TUMOR DE BRENNER Contêm células epiteliais neoplásicas que se assemelham ao urotélio e são geralmente benignos. Compreendem aproximadamente 10% dos tumores epiteliais dos ovário, e também são chamados de tumores de Brenner. Também ocorrem raros carcinomas de células transicionais. Morfologia: Essas neoplasias podem ser sólidas ou císticas, geralmente são unilaterais (aproximadamente 90%) e variam em tamanho de lesões pequenas, menores que 1 cm de diâmetro, até tumores grandes, de até 20 e 30 cm de diâmetro. 63 LARISSA RODRIGUES SANTOS O estroma fibroso, semelhante ao do ovário normal, apresenta ninhos bem demarcados de células epiteliais que lembram o epitélio do trato urinário, frequentemente com glândulas mucinosas em seu centro. Mulheres, 50 anos. Lesões unilaterais, achados incidentais. Sangramento pós-menopausal - se estroma funcional presente. Comportamento biológico benigno em 95% dos casos. Tratamento e prognóstico: remoção cirúrgica. Recidivas raras. TERATOMA MADURO A maioria dos teratomas benignos é cística, e geralmente eles são chamados de cistos dermoides, pois são quase sempre revestidos por estruturas parecidas com a pele. Os teratomas císticos são geralmente encontrados em mulheres jovens durante a idade reprodutiva. Podem ser descobertos por acaso, mas algumas vezes estão associados a síndromes paraneoplásicas clinicamente importantes, como a encefalite límbica inflamatória, que pode entrar em remissão após a remoção do tumor. Lesões incidentais ou associadas com síndromes paraneoplásicas. Patogênese: transformação neoplásica do ovócito após a primeira divisão meiótica, enquanto uma minoria surge antes da primeira divisão. Cariótipo 46, XX Morfologia: Cistos uniloculares contendo pelos e material sebáceo, com uma fina parede revestida de uma epiderme opaca, branco-acinzentada e enrugada, que frequentemente 64 LARISSA RODRIGUES SANTOS apresenta pelos. No interior da parede, é comum encontrar estruturas dentárias e áreas de calcificação. Microscopicamente, a parede do cisto é composta por epitélio escamoso estratificado com glândulas sebáceas subjacentes, pelos e outras estruturas de anexos cutâneos. O struma ovarii é inteiramente composto por tecido tireóideo maduro, que pode ser funcional e causar hipertireoidismo. TUMOR DE CÉLULAS DA GRANULOSA São compostos por células que lembram as células da granulosa de um folículo ovariano em desenvolvimento. São divididos em tumores de células da granulosa tipo adulto e tipo juvenil, com base na idade do paciente, mas também em achados morfológicos. 65 LARISSA RODRIGUES SANTOS Os tumores funcionalmente ativos em meninas pré-púberes (tipo juvenil) podem produzir desenvolvimento sexual precoce em meninas. Em mulher adultas (mulheres em fase pós- menopausa), também estão associados à doença proliferativa das mamas, hiperplasia endometrial e carcinoma endometrial, que no final se desenvolvem em cerca de 10% a 15% das mulheres com tumores produtores de esteroides. Ocasionalmente, os tumores de células da granulosa produzem andrógenos, masculinizando a paciente. Níveis séricos e tissulares elevados de inibina, um produto das células da granulosa, estão associados aos tumores de célula da granulosa, sendo um marcador útil para identificar tumores de células da granulosa e outros tumores do estroma do cordão sexual, e para monitorar pacientes que estejam sendo tratadas para essas neoplasias. Mutações do gene FOXL2 em 97% dos casos, codificando um fator de transcrição importante no desenvolvimento das células da granulosa, o que presumivelmente explica sua forte associação com esse tipo de tumor. É interessante notar que as mutações no FOXL2, em um pequeno estudo, eram infrequentes no tumor da granulosa tipo juvenil, sugerindo que seja geneticamente distinto do tipo adulto. Morfologia: são tumores unilaterais e variam de focos microscópicos a grande massas encapsuladas, sólidas e císticas, exibem coloração amarela nas suas superfícies de corte, devido aos lipídios intracelulares. Microscopicamente, exibem células pequenas, cuboides a poligonais, crescem em cordões, lençóis ou faixas anastomosantes. 66 LARISSA RODRIGUES SANTOS TUMORES DE SERTOLI-LEYDING São geralmente funcionais, e comumente produzem masculinização ou defeminilização, mas alguns têm efeitos estrogênicos. As células tumorais recapitulam, até certo ponto, as células de Sertoli ou de Leyding em vários estágios do desenvolvimento. Ocorrem em mulheres de todas as idades, embora a incidência máxima seja observada na segunda ou na terceira década de vida. Em mais da metade dos casos, as células tumorais têm mutações no DICER1, um gene que codifica endonuclease essencial para o processamento de micro RNAs e essas mutações sugerem que a gênese das células estromais com tendência a ser masculinas envolvem anormalidades da expressão genética relacionadas à desregulação de micro-RNAs. Manifestações clínicas: virilização (hirsutismo, calvície androgênica, mudanças na voz e hipertrofia de clitóris). Em jovens, bloqueio da maturação sexual secundária. 67 LARISSA RODRIGUES SANTOS Morfologia: tumores unilaterais e podem lembrar os tumores das células da granulosa. A superfície de corte geralmente é sólida e varia de cinza a um castanho-dourado. Microscopicamente, são vistos diferentes graus de diferenciação. 68 LARISSA RODRIGUES SANTOS OVULAÇÃO E SUAS AFECÇÕES Os ovários são localizados na pelve, possuem forma de amêndoa (3 x 1,5 x 1 cm), atua na produção de gametas femininos e produção de estrógeno e progesterona. 69 LARISSA RODRIGUES SANTOS Apresenta epitélio cubóide simples com estroma altamente vascularizado. O ovário é revestido por um epitélio simples cúbico ou simples pavimentoso denominado epitélio germinativo. O epitélio está apoiado sobre uma camada de tecido conjuntivo denso denominada albugínea. 70 LARISSA RODRIGUES SANTOS À direita na imagem há um grupo de folículos primordiais – alguns destacados em cor de rosa. Á esquerda um folículo primário. Este folículo está afastado da superfície do ovário. O citoplasma do seu ovócito está ressaltado em cor de rosa e o núcleo em azul. As células foliculares situadas em torno do ovócito eram inicialmente pavimentosas e se modificaram constituindo agora um epitélio simples cúbico – ressaltado em verde. 71 LARISSA RODRIGUES SANTOS O corpo albicans é o resultado da cicatrização de um corpo lúteo. Situa-se no interior estroma ovariano e é constituído por fibroblastos e por fibras colágenas Produz progesterona e estrógeno. Folículo terciário em processo de atresia. O citoplasma do ovócito está anormal, com aspecto “coagulado” e com grandes vacúolos de forma irregular. Na camada granulosa e no antro há grande quantidade de corpúsculos muito escuros, originados de núcleos picnóticos de células em processo de morte celular. Atresia folicular. - três folículos atrésicos. Citoplasma do ovócito – asteriscos – anormais e vacuolizados. 72 LARISSA RODRIGUES SANTOS O FSH irá induzir o crescimento e desenvolvimento das células foliculares e conforme essas células vão se desenvolvendo através da proliferação das células da granulosa + teca, elas vão produzindo os hormônios ovarianos. Sendo o folículo maduro mais sensível ao FSH do que o primordial, pois é estimulado cada vez por cada vez mais apresentarem receptores. Essas células irão ser liberadas para fecundação quando maturadas e formam o corpo lúteo. Cels da granulosa - produção de estrogênio, inibina e AMH.Teca - produção de progesterona e androgênios. Aproximadamente 20 folículos são estimulados ao mesmo tempo e somente um torna-se dominante e os outros sofrem atresia (degeneram) e esse efeito é por conta de substâncias que o dominante produz como AMH que impede o desenvolvimento de outros folículos, além de também possuir mais receptores para FSH. 73 LARISSA RODRIGUES SANTOS O LH nas células granulosas irá favorecer a transformação do colesterol de pregnenolona em progesterona por ação enzimática e essa progesterona na célula da granulosa irá se difundir pela lâmina basal chegando as células da teca, e elas conseguem converter progesterona em androgênios (androstenediona), a partir disso esse hormônio lipossolúvel irá se difundir para membrana e irá para célula da granulosa que consegue converter androgênios em estrogênios através do estímulo do FSH que quando se liga ao seu receptor que irá ativar um enzima chamada de aromatase (também se encontra no tecido adiposo) que transforma o androgênio em estrogênio. 74 LARISSA RODRIGUES SANTOS Esse estrogênio não fica livre na corrente sanguínea e se liga a SHBG e albumina, sendo sua fração livre somente 2% exercendo o efeito sobre o corpo da mulher. Essa grande quantidade de estrogênio irá promover uma resposta na própria célula para que ela aumente o receptor de FSH e com isso as células da granulosa ficam mais sensíveis ao FSH, aumentando a produção de estrogênio e isso vai se tornando um ciclo gerado por feedback positivo a nível local dessas células. Se esse folículo apresentar mais receptores ele irá produzir mais estrogênio e mais FSH, crescendo cada vez mais e amadurecendo se tornando o folículo maduro. 75 LARISSA RODRIGUES SANTOS Além de estrogênio, as células da granulosa estão produzindo AMH que a nível local inibe os outros folículos auxiliando ainda mais o processo de dominação e também a inibina que a nível corporal irá exercer o efeito de feedback negativo. 76 LARISSA RODRIGUES SANTOS Na fase folicular inicial, a concentração de FSH é baixa e LH é constante, já na ovulação há um pico de LH e FSH, sendo o de LH muito maior e na fase lútea se mantém um nível constante até que começa a subir de novo (fase lútea tardia). Além disso, no momento da ovulação ocorre um pico de estrogênio e um pico enorme de LH e para que ocorra o rompimento do folículo e liberação do ovócito é necessário que ocorra esse pico hormonal. Após a ovulação, as células da teca recebem lipídios e juntamente com as células da granulosa formam o corpo lúteo. Na fase folicular o FSH se mantém em uma fase constante pois está acontecendo o feedback negativo realizado pelo estrogênio induzindo beta-endorfina e pode-se perceber que o folículo dominante consegue se desenvolver com essa quantidade de FSH pois ele estimula receptores de FSH e produção de estrogênio, além da produção de AMH. Conforme se produz estrogênio, sua concentração aumenta e nesse momento ocorre a reversão para o feedback positivo, acontecendo o pico hormonal provocando a ovulação. 77 LARISSA RODRIGUES SANTOS O pico do FSH é menor que o do LH pois conforme o folículo vai crescendo ele também vai produzindo inibina e ela por sua vez, irá inibir o eixo do FSH. Ou seja, existe uma via que está inibindo mais o FSH fazendo com que ele fique mais diminuído e o LH por sua vez, tem um monte de liberação nesse momento. O LH no ovário irá aumentar a vascularização ao redor do folículo chegando mais sangue que promove o seu inchaço até que a parede vai enfraquecendo e nessa mesma parede ativa enzimas proteolíticas na parede do folículo que faz com que ocorra a liberação do ovócito. Além disso também ocorre o aumento da produção de muco que favorece a fecundação. 78 LARISSA RODRIGUES SANTOS CISTOS FOLICULARES Os cistos foliculares são muito comuns nos ovários. São originados em folículos graafianos não rompidos ou em folículos que foram rompidos e imediatamente fechado. Acomete mulheres em idade fértil, em folículos ovarianos que não se rompem, e possuem um tamanho variável entre 2 e 5 cm. Morfologia: Únicos ou múltiplos. Superfície lisa contendo líquido seroso/ hemorrágico revestidos membrana cinza-brilhante. Células tecais podem estar proeminentes maior quantidade de citoplasma (luteinização). Podem ser diagnosticados por palpação ou ultrassonografia, e podem causar dor pélvica. As células da camada granulosa, que revestem os cistos, estarão presentes se a pressão intraluminal 79 LARISSA RODRIGUES SANTOS não tiver sido grande o suficiente para causar sua atrofia. As células tecais que envolvem os cistos podem ser proeminentes devido à maior quantidade de citoplasma pálido. CISTOS LUTEÍNICOS Estão presentes nos ovários normais de mulheres em idade reprodutiva. Esses cistos são revestidos por uma borda de tecido amarelo-brilhante contendo células da granulosa luteinizadas. Ocasionalmente sofrem ruptura e causam reação peritoneal. Algumas vezes, a combinação de hemorragia antiga e fibrose pode dificultar sua distinção com os cistos endometrióticos. 2,5-10cm. Morfologia: Esses cistos são revestidos por uma borda de tecido amarelobrilhante contendo células da granulosa luteinizadas. Esses cistos são revestidos por uma borda de tecido amarelobrilhante contendo células da granulosa luteinizadas. Algumas vezes, a combinação de hemorragia antiga e fibrose pode dificultar sua distinção com os cistos endometrióticos. 80 LARISSA RODRIGUES SANTOS SÍNDROME DO OVÁRIO POLICÍSTICO (SOP) A síndrome do ovário policístico (SOP) é um distúrbio endócrino complexo, caracterizado por hiperandrogenismo, anormalidades menstruais, ovários policísticos, anovulação crônica e diminuição de fertilidade. Antes chamada de síndrome de Stein-Leventhal, afeta mundialmente de 6% a 10% das mulheres em idade reprodutiva. Também é associada à obesidade, diabetes tipo 2 e aterosclerose prematura, condições que podem ser indicadores de um distúrbio metabólico subjacente. A etiologia da SOP ainda não é totalmente compreendida. É marcada por uma desregulação das enzimas envolvidas na biossíntese de andrógenos e na produção excessiva de andrógenos, o que é considerado uma característica central desse distúrbio. Além disso, as mulheres com SOP 81 LARISSA RODRIGUES SANTOS mostram resistência à insulina e metabolismo do tecido adiposo alterado, o que contribui para o desenvolvimento de diabetes e obesidade. A anormalidade central da SOP consiste em numerosos folículos císticos, ou cistos foliculares, que aumentam os ovários. Além disso, devido a um aumento nos níveis séricos de estroma livre, as mulheres com SOP estão sob o risco de hiperplasia endometrial e carcinoma. Uma das hipóteses é que ocorra alteração no pulso hormonal, e ao invés de existir um equilíbrio de FSH e LH, ocorrerá uma hipersecreção de LH e o FSH ou fica abaixo ou fica no limite. 82 LARISSA RODRIGUES SANTOS Também existe a resistência à insulina, acontecendo uma hiperinsulinemia, desencadeando uma maior ação de LH nas células da granulosa, nos receptores IGF-1 dificultando ainda mais a ação dos hormônios, ocorre também a diminuição do SHBG que é uma proteína produzida no fígado com uma função de transportar os hormônios sexuais via sanguínea e com isso ocorre um aumento da testosterona livre, provocando o hiperandrogenismo. 83 LARISSA RODRIGUES SANTOS Morfologia: Numerosos folículos císticos e foliculares. Hipertecose estromal - hiperplasia estromal cortical. Quadro Clínico: • Hirsutismo (virilização) - definido como o crescimento piloso excessivo, em padrão masculino,em mulheres • Acne • Seborréia • Alopecia • Colesterol aumentando - aumento incidência de HAS/ Doença Coronariana/ Trombose • Distúrbios menstruais (amenorréia, anovulação, oligovulação) • Disfunção ovulatória com infertilidade vida reprodutiva • Disfunção psicológica 84 LARISSA RODRIGUES SANTOS Diagnóstico diferencial: • Tumores produtores de androgênios • Síndrome de Cushing • Hipotireidoismo • Hiperplasia de adrenal congênita NEOPLASIAS MALIGNAS DO OVÁRIO Epidemiologia: O câncer de ovário é a segunda neoplasia ginecológica mais comum, atrás apenas do câncer do colo do útero. A quase totalidade das neoplasias ovarianas (95%) é derivada das células epiteliais (que revestem o ovário). O restante provém de células germinativas (que formam os óvulos) e células estromais (que produzem a maior parte dos hormônios femininos. BENIGNOS 80% - mulheres de 20 a 45 anos MALIGNOS 3% de todos os cânceres em mulheres - 5ª causa mais comum de morte por câncer nos EUA Mulheres de 45 a 65 anos TUMOR SEROSO Estas neoplasias císticas incluem os tumores malignos dos ovários mais comuns, e representam aproximadamente 40% de todos os cânceres de ovário. Embora o termo seroso descreva apropriadamente o líquido do cisto, ele se tornou sinônimo do epitélio de tipo tubário desses tumores. Em conjunto, os tipos benigno, borderline e maligno representam aproximadamente 30% de todos os tumores ovarianos e um pouco mais de 50% dos tumores epiteliais ovarianos. Aproximadamente 70% são benignos ou borderline, e 30% são malignos. Tumores benignos e borderline são mais comuns entre 20 e 45 anos de idade. O carcinoma seroso ocorre, em média, mais tarde na vida, embora frequentemente um pouco mais cedo nos casos familiares. Tumores císticos. Maioria assintomático. Fases iniciais: naúseas, dispesia, desconforto abdominal. Quando volumosos - efeitos de massa - compressão vesical, compressão retal, dor. Os fatores de 85 LARISSA RODRIGUES SANTOS risco são: niliparidade, histórico familiar e mudanças hereditárias (genéticas relacionadas a mutações). Morfologia: Lesão multicística. Contém epitélio papilar dentro de pouco cistos com paredes fibrosas massas projetando para superfície. Tumor borderline - Contém maior número de projeções papilares e irregularidades na massa tumoral,não invade estroma Bilateralidade - 20%. Tumor maligno baixo grau - atipias leve, estratificação do epitélio Tumor maligno alto grau - Padrão de crescimento complexos,infiltração generalizada, pleomorfismo, atipias, calcificações. 86 LARISSA RODRIGUES SANTOS Microscopicamente, são pouco celulares. Suas projeções papilíferas estão voltadas para o interior do cisto e são recobertas por uma só camada de células. O componente estromal (conjuntivo) é grande . Não há atipias, mitoses ou necrose. São muito mais celulares. Suas projeções papilíferas podem ocorrer dentro e fora dos cistos (no presente caso, só dentro). Há grande predomínio das células neoplásicas sobre o componente conjuntivo (o eixo conjuntivo -vascular da papila), e as células podem formar extensas arborizações papilíferas, áreas glandulares ou áreas sólidas. Quanto maior a quantidade de áreas sólidas, maior a chance de malignidade . Há atipias, mitoses e/ou necrose em quantidade variável. TUMORES MUCINOSOS Esses tumores representam aproximadamente 20% a 25% de todas as neoplasias ovarianas. Ocorrem principalmente na vida adulta média e são raros antes da puberdade e após a menopausa. Os carcinomas mucinosos ovarianos primários são relativamente raros e representam menos de 3% de todos os cânceres de ovário. 87 LARISSA RODRIGUES SANTOS PATOGENIA: A mutação do proto-oncogene KRAS é a uma alteração genética consistente nos tumores mucinosos no ovário. Essas mutações iniciam o desenvolvimento dessas neoplasias. As mutações que contribuem para as mutações do KRAS de forma a gerar tumores mucinosos. Tumores císticos. Maioria assintomático. Fases iniciais: naúseas, dispesia, desconforto abdominal. Quando volumosos - efeitos de massa - compressão vesical, compressão retal, dor. Morfologia: Grandes massas císticas até 25kg, multiloculados, cheios de fluidos gelatinosos e viscoso rico em glicoproteína. Microscopicamente: As células neoplásicas mostram atipias nucleares, nucléolos evidentes e mitoses. • Benignos - células apicais com mucina • Borderline - estratificado epitelial crescimento papilar • Carcinomas mucinosos - crescimento glângular confluente - invasão expansível (carcinoma intrapitelial) 88 LARISSA RODRIGUES SANTOS Pseudomixoma peritoneal: É marcada por extensa ascite mucinosa, implantes epiteliais císticos na superfície peritoneal, aderências e frequente envolvimento dos ovários. TUMOR DE BRENNER OU CÉLULAS TRANSICIONAIS Os tumores de células transicionais contêm células epiteliais neoplásicas que se assemelham ao urotélio e são geralmente benignos. Eles compreendem aproximadamente 10% dos tumores epiteliais dos ovários, e também são chamados de tumores de Brenner. Também ocorrem raros 89 LARISSA RODRIGUES SANTOS carcinomas de células transicionais. Entre 5ª e 7ª década. Malignos - 2-5% . São neoplasias fibroepiteliais constituídas de tecido derivado do estroma ovariano e por células epiteliais, poliédricas ou redondas. Os tumores de Brenner são geralmente detectados incidentalmente, e mesmo quando são grandes, comportam-se de forma benigna. Os tumores de Brenner malignos geralmente apresentam-se no estádio I, e para fins de prognóstico, são considerados equivalentes aos carcinomas de baixo grau (tipo I). Os incomuns carcinomas das células transicionais são considerados equivalentes aos carcinomas dos ovários de grau alto (tipo II). Eles geralmente se apresentam em estágio avançado, e são tratados como os carcinomas serosos de grau alto. Patogenia - Mutação BRCA1 - ainda em investigação - de difícil diagnóstico inicial. Morfologia: Sólido ou cístico - branco amarelado, área calcificadas. Geralmente unilateral - Lesões de 1cm a 20-30 cm. Ninhos demarcados de cél. epiteliais que lembram o trato urinário, mitoses e atipias celulares. Disposição em “grãos de café”. Microscopicamente: Área com os blocos celulares sólidos mostra células epiteliais com núcleos regulares, cromatina delicada, que apresentam freqüentes fendas longitudinais, conhecidas como núcleos em grão de café, semelhantes às células uroteliais. Malignas frequentemente - frequentemente sólidas ou císticas com área sólidas. 90 LARISSA RODRIGUES SANTOS TERATOMA MALIGNO Esses são tumores raros que diferem dos teratomas benignos pelo fato de que os tecidos componentes lembram o tecido embrionário ou imaturo. O tumor é encontrado principalmente em adolescentes pré-púberes e mulheres jovens, com a idade média correspondendo a 18 anos. Cerca de 1% dos cistos dermóides passa por uma transformação maligna, mais comumente para o carcinoma de células escamosas, mas também para outros cânceres (p. ex., carcinoma da tireoide, melanoma). O teratoma (do grego: teratoma = tumor monstruoso) é um tipo de tumor derivado de células germinais pluripotentes e constituído dos mais diferentes tipos de tecidos oriundos de uma ou mais das três camadas de células germinais. Os teratomas imaturos crescem rapidamente, com frequente penetração na cápsula e disseminação local ou a distância. Contudo, os tumores em estádio I, particularmente aqueles com histologia de baixo grau (grau 1), têm um prognóstico excelente. Os tumores de maior grau confinados ao ovário geralmente são tratados com quimioterapia profilática. A maioria das recorrências se desenvolve nos primeiros 2 anos, e a ausência de doença
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