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Laura dos Santos Sousa | Medicina veterinária | 6º Período PATOLOGIA DO SISTEMA CARDIOVASCULAR CORAÇÃO Os distúrbios congênitos do coração e dos grandes vasos estão entre as anomalias congênitas mais frequentes dos animais domésticos. Como qualquer doença, a gravidade dos sinais clínicos dependerá do grau de lesão, ou seja, as anomalias podem levar ao surgimento rápido de sinais clínicos e à morte do animal por insuficiência cardíaca ou podem possibilitar que o indivíduo chegue até a vida adulta mesmo com deficiências funcionais. Temos então como anomalias congênitas o desvio sistêmico pulmonar, as má formações das válvulas cardíacas, a moléstia cardíaca cianótica, anomalias vasculares, insuficiência cardíaca congestiva, alterações degenerativas, inflamatórias e cardiomiopatias nos cães e gatos. insuficiência cardíaca congestiva A insuficiência cardíaca é a incapacidade do coração de bombear o sangue necessário para atender às demandas metabólicas do organismo. O coração torna-se insuficiente devido à falha na sua capacidade contrátil ou por aumento na demanda de trabalho. Embora existam várias causas que levem à diminuição intermitente ou permanente do trabalho cardíaco, existem diversos mecanismos compensatórios limitados intrínsecos e sistêmicos. Os principais mecanismos compensatórios são: dilatação cardíaca, hipertrofia do miocárdio, aumento da frequência cardíaca, aumento da resistência periférica, aumento da volemia e redistribuição do fluxo sanguíneo para órgãos com prioridade metabólica. A cardiomiopatia compensada ocorre quando esses mecanismos compensatórios possibilitam o funcionamento adequado do coração sem maiores consequências clínicas. Contudo, fatores precipitantes (exercício físico excessivo, febre, anemia, hipertireoidismo) que ocasionem ou exijam um aumento no débito cardíaco podem suplantar esse estado compensado e desencadear um quadro de insuficiência cardíaca. A fisiopatologia da insuficiência cardíaca relata que o órgão adota mecanismos compensatórios fisiológicos ao máximo, resultando assim em um esgotamento dos mesmos, fazendo com que o bombeamento torna-se deficiente – animal em quadro de ICC. Conseguinte, quadros de hipoperfusão renal ativam o sistema renina angiotensina-aldosterona que então acarretará uma vaso constrição, aumentando a contratilidade cardíaca e quando em excesso desenvolverá a hipertrofia cardíaca e assim diminuirá as (adrenalina e catecolaminas cardíacas noradrenalina). ICC é classificada como direita ou esquerda, dependendo de qual lado do coração está afetado e do quadro clínico apresentado. Quando o processo for muito prolongado, a insuficiência de um dos lados pode resultar em insuficiência bilateral. Quando há ICC do lado esquerdo, observam-se Laura dos Santos Sousa | Medicina veterinária | 6º Período dilatação ou hipertrofia do ventrículo esquerdo, congestão e edema pulmonares. Histologicamente, os pulmões apresentam, além de congestão e edema acentuados, hemorragia, macrófagos repletos de hemossiderina, conhecidos como “células da insuficiência cardíaca”, e fibrose alveolar. Os sinais clínicos de ICC esquerda são tosse e dispneia. Na ICC do lado direito, observa-se lesão cardíaca do lado direito associada à congestão generalizada de órgãos abdominais e craniais, bem como anasarca (edema generalizado), caracterizada por hidrotórax, hidropericárdio, hidroperitônio e edema subcutâneo. A formação do edema advém do aumento da pressão hidrostática pela estase venosa e do aumento da volemia devido ao sistema renina- angiotensina-aldosterona, que promove retenção de sódio e água pelos rins. Sinais clínicos, como distensão da jugular por causa da estase sanguínea (evidente, principalmente em bovinos) e diarreia decorrente da congestão de estômago e intestino, podem ser observados. A congestão passiva crônica do fígado é uma lesão bem característica. O fígado está aumentado de volume, congesto e tem aspecto de noz moscada, decorrente de congestão e dilatação dos sinusoides, atrofia e necrose de hepatócitos da zona centrolobular. O processo pode progredir para fibrose.
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