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DIABETES MELLITUS TIPO 2 – HIPOGLICEMIANTES 23/03/2021 · QUESTÕES NORTEADORAS: 1. Quais as principais classes de fármacos secretagogos e sensibilizadores e seus respectivos mecanismos de ação? 2. Qual a vantagem da associação de metformina com gliclazida? Explique. O diabetes é um grupo de doenças metabólicas caracterizadas por hiperglicemia e associadas a complicações, disfunções e insuficiência de vários órgãos, especialmente olhos, rins, nervos, cérebro, coração e vasos sanguíneos. Pode resultar de defeitos de secreção e/ou ação da insulina envolvendo processos patogênicos específicos, por exemplo, destruição das células beta do pâncreas (produtoras de insulina), resistência à ação da insulina, distúrbios da secreção da insulina, entre outros. 1. Homeostasia da glicose: -Pâncreas endócrino: Hormônios são pequenas moléculas ou proteínas produzidas em um tecido, liberadas na circulação e transportadas a outros tecidos, nos quais agem por meio de receptores para produzir mudanças nas atividades celulares. · Estado de jejum: Estado de jejum — Nos seres humanos sadios: Glicose = faixa de 4,4-5 mM, Ácidos graxos = níveis próximos de 400 μM. Fonte de glicose = fígado Fonte de ácidos graxos = tecido adiposo. Jejum = diminuição da insulina e aumento do glucagon OBS: A glicose esta armazenada no fígado de forma de glicogênio. Essa quebra de glicogênio e liberação de glicose é chamada de glicogenolise. Levar glicose do sangue para os tecidos: insulina. ESTADO JEJUM – AUMENTO DA SECREÇÃO DE GLUCAGON: leva a gliconeogese hepática e glicogenolise de fígado e músculo para obter glicose para jogar no sangue para o cérebro não fique com falta de produção de energia. ESTADO PRANDIAL – AUMENTO DA SECREÇÃO INSULINA: -Estado prandial: nutrientes produz uma elevação da glicose plasmática; insulina -Tanto a produção de glicose hepática quanto a lipólise são inibidas, e a oxidação corporal total da glicose aumenta. -O encéfalo detecta as concentrações plasmáticas de glicose e fornece impulsos aferentes reguladores que contribuem para a homeostasia energética. OBS: menor quantidade de ácidos graxos livros no momento pós prandial. COVID: usam o medicamento de prednisona: é um corticoide com o efeito colateral: aumento da glicemia. Ou seja, acaba tratando o paciente e depois vão desencadear a diabetes. 2. FATORES DE RISCO E CLASSIFICAÇÃO: -Rápida Urbanização -História familiar -Excesso de peso -Maior sobrevida dos diabéticos -Crescimento e envelhecimento populacional -Hipertensão arterial -Síndrome do ovário policístico -Etnia: afro-brasileiro -Sedentarismo · CLASSIFICAÇÃO ETIOLÓGICA DO DIABETES: · DM tipo 1 (5-10%): -Tipo 1A – deficiência de insulina por destruição autoimune das células beta comprovada por exames laboratoriais; -Tipo 1B – deficiência de insulina de natureza idiopática. · DM tipo 2 (90-95%): mais acomete. -Perda progressiva de secreção de insulina combinada com resistência à insulina. · DM gestacional (1-14%): -Hiperglicemia de graus variados diagnosticada durante a gestação, na ausência de critérios de DM prévio · Outros tipos de DM: -Monogênicos (MODY); -Diabetes neonatal; -Secundário a endocrinopatias; -Secundário a doenças do pâncreas exócrino; -Secundário a infecções; -Secundário a medicamentos. · Classificação etiológica do diabetes: 3. Fisiopatologia: · Sinais e sintomas: DM tipo 1: cansaço fácil, muita sede, aumento do apetite, emagrecimento, urina aumentada. DM tipo 2: cansaço fácil, muita sede, aumento do apetite, urina aumentada, ganho de peso. · DIABETES TIPO II: O DM2 corresponde a mais de 90% dos casos. Ele é influenciado por fatores genéticos, idade, obesidade e resistência periférica à insulina, em vez de processos autoimunes (Adaptado de Whalen et al. 2016). · Consequências da Diabetes: -Doenças cardiovasculares -Cegueira -Amputações de membros inferiores -Insuficiência renal -Doenças Cerebrovasculares 4. Diagnostico: Controle Glicêmico: -Dieta -Estilo de vida -Exercícios -Medicação Tratar condições associadas: -Dislipidemia -Hipertensão -Obesidade Monitorar complicações: -Retinopatia -Neuropatia -Nefropatia -Doença cardiovascular -Outros 5. Farmacoterapia: -Diminuir os sintomas da hiperglicemia (fadiga, poliúria, perda de peso, etc); -Prevenir e diminuir as descompensações agudas; -Prevenir e diminuir as complicações de órgãos alvo. · DINÂMICA DO TRATAMENTO DO DM: Diabetes Mellitus tipo 1: -Insulinoterapia + medidas não farmacológicas Diabetes Mellitus tipo 2: -Dieta e exercícios -Antidiabéticos em monoterapia -Antidiabéticos associados -Antidiabéticos + insulina · FÁRMACOS HIPOGLICEMIANTES: Secretagogos de insulina (hipoglicemiantes): -Sulfonilureias (ex:glibenclamida, glicazida) -Metiglinidas (ex:repaglinida) -Inibidores da DPP IV (ex:vildagliptina) -Incretinomiméticos (ex:liraglutida) Sensibilizadores de insulina (anti-hiperglicemiantes): -Biguanidas (ex:metformina) -Tiazolidinedionas (ex:pioglitazona) Moduladores da absorção de nutrientes no TGI: -Inibidores da alfa-glicosidase intestinal (ex:acarbose) Inibidores da SGLT2 (promovem glicosúria): -Dapagliflozina -Empagliflozina -Canagliflozina · SECRETAGOGOS DE INSULINA: -SULFONILURÉIAS -METIGLINIDAS · SECRETAGOGOS DE INSULINA SULFONILURÉIAS - MECANISMO DE AÇÃO: Moduladores de canais de K+ 1. Inibição dos canais de K+ sensíveis ao ATP 2. Despolarização e influxo de Ca2+ 3. Liberação de insulina - requer células beta funcionais. -Primeira geração: Clorpropamida (Diabinese®) e tolbutamina -Segunda geração: glibenclamida, glipizida, glimepirida USO CLÍNICO: -DM2 fases iniciais (presença células beta) com 50-80% de resposta em pacientes selecionados; -Glibenclamida: risco aumentado de hipoglicemia (disfunção renal), porém pouco atravessa a placenta, sendo uma escolha uma alternativa à insulina em gestantes; -Controle de glicemia em jejum e de 24h; -Alto potencial de redução da HbA1C (2%). CONTRA INDICAÇÃO: -DM1 -Gravidez e lactação -Primeira geração - IR e IH -Com exceção da gliclazida e glipizida, não devem ser utilizadas, ou utilizadas com muita cautela, em pacientes com perda significativa de função renal · FARMACOCINÉTICA: -Boa absorção V.O -Alimento interfere na absorção EFEITOS COLATERAIS: -HIPOGLICEMIA (principalmente glibenclamida e clorpropamida; cuidado com idosos e pessoas incapacitantes) -Aumentam o apetite e ↑massa corporal (cuidado pacientes obesos); -3% com sintomas TGI (náuseas e vômitos); -Icterícia colestática, erupções cutâneas; -Raramente, lesão medula óssea (agranulocitose, anemia aplástica) anemia hemolítica; -Aumento de mortalidade cardiovascular? · SECRETAGOGOS DE INSULINA - METIGLINIDAS - MECANISMO DE AÇÃO: Modulares de canais de K+ 1. Inibição dos canais de K+ sensíveis ao ATP 2. Despolarização e influxo de Ca2+ 3. Liberação de insulina - requer células beta funcionais. 4. Início de ação rápido e duração mais curta 5. Reguladores glicêmicos pós-prandiais 6. Menos potentes que as sulfoniluréias NÃO DEVEM SER ASSOCIADAS ÀS SULFONILURÉIAS HIPOGLICEMIA GRAVE · SECRETAGOGOS DE INSULINA - REPAGLINIDA (+ POTENTE) E NATEGLINIDA: -Menor tempo de ação que as sulfoniluréias, cobrindo principalmente o período pós-prandial; -Redução de 1% da HbA1c com a nateglinida e de 1,5 a 2% com a repaglinida. FARMACOCINÉTICA: -Bem absorvidos V.O, adm. antes da refeições -Metabolização pela CYP3A4 (90%) e renal (10%) -Excreção pela bile EFEITOS COLATERAIS: -HIPOGLICEMIA (baixo risco devido ação rápida e de curta duração); -Aumento de massa corporal INTERAÇÕES MEDICAMENTOSAS: -Fármacos que inibem CYP3A4: itraconazol, fluconazol, eritromicina e claritromicina -↑ efeito hipoglicemiante da repaglinida -Fármacos que induzem CYP3A4: barbitúricos, carbamazepina e rifampicina -↓efeito hipoglicemiante da repaglinida SENSIBILIZADORES DE INSULINA ANTI-HIPERGLICEMIANTES - BIGUANIDAS -TIAZOLIDINEDIONAS SENSIBILIZADORES DE INSULINA BIGUANIDAS - MECANISMO DE AÇÃO Ativação da proteína quinase ativada por AMP (AMPK) Metformina 1. Inibição da gliconeogênese (hepática), síntese de ácidos graxos e colesterol;2. Melhora captação de glicose pelo músculo periférico; 3. Aumenta atividade do receptor insulina; 4. Reduz níveis séricos de lipídeos; 5. Diminuição do peso corporal; USO CLÍNICO -Diabetes Mellitus tipo 2; -Obesos resistentes à insulina; -Síndrome do ovário policístico (off label); CONTRA INDICAÇÃO Diabetes Mellitus tipo 1; -Cetoacidose diabética; - Insuficiência hepática e renal; - Contrastes iodados: pelo risco renal, descontinuar; - ICC descompensado; - Pré-coma diabético; - Gravidez: categoria de risco B; - Lactantes FARMACOCINÉTICA - absorção intestino delgado - pico de ação 2h, t1/2 4-5h; - NÃO se liga a proteínas plasmáticas - eliminação renal não metabolizada EFEITOS COLATERAIS Acidose láctica (raramente); -Diarreia; -Dispepsia; - Flatulências; - Náuseas; - Vômitos; - Deficiência de cobalamina (vitamina B12) por interferência na absorção; SENSIBILIZADORES DE INSULINA TIAZOLIDINEDIONAS (TZD) - MECANISMO DE AÇÃO Depende da presença de insulina; • Potencializam a ação da insulina nos tecidos alvo; • Diminui a liberação de glicose hepática; • Agonista potente e altamente seletivo do receptor PPARγ; • PPARγ modula a transcrição de vários genes responsivos à insulina envolvidos no controle do metabolismo da glicose e dos lipídeos; • Diminui a resistência à insulina diminuindo glicose do sangue; • Diminui TG livres (10-15%) e aumenta HDL. SENSIBILIZADORES DE INSULINA TIAZOLIDINEDIONAS (TZD) ✔Pioglitazona Único fármaco ainda no mercado (os outros com risco maior de alterações hepáticas e cardiovasculares). FARMACOCINÉTICA ❖ absorção em 2-3h e indiferente à alimentação; ❖ metabolismo hepático; ❖ Início de ação muito lento (1-3 meses) no controle da glicemia; EFEITOS COLATERAIS edema e ganho de peso (2-4Kg/primeiro ano) com aumento do risco de insuficiência cardíaca (até 2x) e de fraturas. CONTRA INDICAÇÃO ❖ Pacientes com insuficiência hepática e renal; ❖ ICC; ❖ Gestantes e lactantes; USO CLÍNICO ❖ Diabetes Mellitus tipo 2; ❖ Geralmente utilizada associada a outra medicação(metformina, sulfoniluréia, insulina); Cuidado!!! ICC e osteoporose prévias INIBIDORES DA ALFA-GLICOSIDASE MODULADOR DA ABSORÇÃO NO TGI -ARCABOSE - MIGLITOL - VOGLIBOSE INIBIDORES DA ALFA-GLICOSIDASE MECANISMO DE AÇÃO Alfa-glicosidases convertem carboidratos complexos em monossacarídeos ✔ Acarbose (Glucobay®) ✔ Miglitol (Diastabol®) Voglibose • Retarda absorção do carboidrato INIBIDORES DA ALFA-GLICOSIDASE 60 - Diabetes Mellitus tipo 1; - Gestantes e lactantes; - portadores de doença intestinal inflamatória; EFEITOS COLATERAIS - Flatulência, diarreia e dor abdominal; -Efeito antidiabético fraco; INIBIDORES DO CO-TRANSPORTADOR SÓDIO-GLICOSE SGLT2 INIBIDORES DO CO-TRANSPORTADOR SÓDIO-GLICOSE (SGLT2) RENAL - MECANISMO DE AÇÃO SGLT2 - principal transportador responsável pela reabsorção renal de glicose. Canagliflozina (Invokana®) Dapagliflozina (Forxiga®) Empaglifozina (Jardiance®) Dapagliflozina + Metformina (Xigduo XR®) USO CLÍNICO - Aumentam a excreção de glicose (glicosúria); - Perda calórica e redução de peso devido glicosúria; - Uso em associação com outras drogas VO ou insulina. - Combinação com metformina e Inibidores DPP-4 CONTRA INDICAÇÃO -Diabetes Mellitus tipo 1; - Insuficiência Renal Crônica. EFEITOS COLATERAIS Risco aumentado de infecção genital (3-5%) e do trato urinário (1-2%) -Risco de fratura? (metabolismo do Ca2+)
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