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Aspergilose A aspergilose é uma enfermidade fúngica que acomete o sistema respiratório com lesões nodulares nos pulmões. A enfermidade é mais frequente em aves de 7 a 40 dias. O fungo Aspergillus fumigatus é o principal agente causador, mas outros fungos do gênero Aspergillus também podem causar a doença, como o Aspergillus flavu s. Estes fungos são encontrados comumente na cama, solo e matéria orgânica vegetal em decomposição. As aves também podem se infectar no incubatório quando houver grande contaminação nesse ambiente. O fungo A. fumigatus cresce na cama ou na ração onde podem ser observados em colônias verdes. As aves se infectam através da aspiração em grande quantidade de esporos, e a partir dos pulmões podem produzir uma infecção sistêmica. Os principais sinais clínicos observados são: ● dispnéia; ● dificuldade respiratória; ● sonolência. A aspergilose cerebral produz sinais clínicos nervosos. As lesões podem estar presentes em grande número nos pulmões e sacos aéreos. As lesões são caracterizadas por placas esbranquiçadas de tamanho variável. Também pode-se encontrar estas placas no fígado, cérebro e nos olhos. A mortalidade é variável e de acordo com a pressão da contaminação.O diagnóstico pode ser feito através dos sinais clínicos, lesões e por cultura e identificação do fungo proveniente das lesões em laboratório. Os fungos do gênero Aspergillus constituem um dos principais causadores de infecções oportunistas em pacientes imunossuprimidos. Dentre as manifestações pulmonares que podem ser causadas por Aspergillus , a mais grave é sem dúvida a aspergilose pulmonar invasiva (API), uma infecção que vem apresentando um aumento significativo em sua frequência nos últimos anos. Levando em conta a imunossupressão do paciente e a dificuldade do diagnóstico clínico, a API apresenta um prognóstico bastante reservado, podendo inclusive levar o paciente a óbito. EPIDEMIOLOGIA Aspergillus spp são cosmopolitas e frequentemente encontradas em ambientes úmidos e “mofados”, bem como em solos férteis em que haja matéria em decomposição. A forma infectante é veiculada pelo ar. Os fungos do gênero Aspergillus são os principais agentes contaminantes da cadeia de produção da castanha-do-Brasil (Bertholletia excelsa), gerando grandes perdas comerciais, devido à síntese de substâncias tóxicas ao homem – micotoxinas. FATORES DE VIRULÊNCIA: A germinação dos esporos inalados e a invasão de tecidos pelas hifas depende de vários fatores. Há evidências de que fragmentos de fibrinogênio se unem a esporos de A. fumigatus de maneira aparentemente específica para aspergillus com potencial patogênico. Os fatores que podem ser relevantes para a virulência incluem produção de protease de elastase. Além disso, um metabólito de A. fumigatus, a gliotoxina, inibe a atividade de cílios e a fagocitose por macrófagos. A competência imunológica do hospedeiro determina fortemente o resultado da infecção. Os fatores que podem modificar a imunocompetência incluem terapia com corticosteróides e tratamento prolongado com drogas antimicrobianas. A interferência com a função de neutrófilos e com a de monócitos pode predispor à invasão tecidual. A invasão de hifas em vasos sangüíneos leva à vasculite e à formação de trombo. Granulomas micóticos podem desenvolver-se nos pulmões e, ocasionalmente, em outros órgãos internos. ABORTO MICÓTICO EM VACAS: Essa forma de aborto ocorre esporadicamente, e sua prevalência pode ser influenciada por forragem contaminada de pouca qualidade coletada em épocas úmidas. Aspergillus fumigatus podem proliferar em feno úmido, em silagem de pouca qualidade e em grãos de cevada. As infecções, que atingem o útero por via hematógena, causam placentite, levando a aborto no final da gestação. Vacas afetadas geralmente não apresentam sinais clínicos de doença sistêmica. ASPERGILOSE NASAL EM CÃES: A aspergilose nasal canina é encontrada em cães jovens e de meia idade de raças dolicocefálicas. Os sinais clínicos, que frequentemente são unilaterais, incluem descarga nasal sanguino purulenta profusa e persistente, com espirros e crises de epistaxe. Cultura e exame histopatológico do material de biópsias são essenciais para confirmação. MICOSE DAS BOLSAS GUTURAIS: Essa doença, que frequentemente está associada à infecção por A. fumigatus, em geral é unilateral. Lesões, normalmente como placas, desenvolvem-se na mucosa das bolsas guturais. Quando hifas fúngicas penetram profundamente nos tecidos, causam necrose tecidual, trombose, erosão da parede dos vasos sangüíneos e lesão neural. Os sinais clínicos incluem epistaxe, disfagia e hemiplegia da laringe. Aumento de volume pós-auricular e descarga nasal unilateral podem seguir-se ao acúmulo de exsudato inflamatório nas bolsas. O diagnóstico está apoiado nos sinais clínicos, em evidências radiográficas do acúmulo de fluido dentro da bolsa e na demonstração de lesões características por endoscopia. A confirmação está baseada na demonstração de hifas fúngicas em espécimes de biópsia e no isolamento de A. fumigatus das lesões. ASPERGILOSE EM AVES ADULTAS: A infecção em aves adultas frequentemente ocorre após a inalação de esporos carregados pela poeira oriunda de “camas” ou de alimentos contaminados. Aves domésticas, pingüins de cativeiro, aves de rapina e psitacídeos podem ser afetados. Os pingüins são suscetíveis à infecção se mantidos em ambientes inadequados sob temperaturas elevadas, enquanto as infecções em aves de rapina têm sido atribuídas a esporos de A. fumigatus na serragem de pisos de aviários. Os sinais clínicos, que são variáveis, incluem dispnéia e emagrecimento.Nódulos amarelados semelhantes a lesões de tuberculose aviária podem ser observados nos pulmões e nos sacos aéreos. A disseminação pode ocorrer para outros órgãos internos. O diagnóstico é confirmado por exame histopatológico e por cultura. PNEUMONIA DE INCUBADORA EM FRANGOS JOVENS: Essa doença afeta aves recém-chocadas expostas a grande número de esporos de A. fumigatus. Os frangos afetados desenvolvem sonolência e inapetência, e muitos podem morrer. Nódulos amarelados estão presentes nos pulmões, nos sacos aéreos e, ocasionalmente, em outros órgãos. Evidências histopatológicas da invasão tecidual pelo fungo e cultura de A. fumigatus das lesões são necessárias para confirmação. Higiene rigorosa e fumigação de rotina são medidas eficazes de controle.