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UNIVERSIDADE DE PASSO FUNDO FACULDADE DE DIREITO Disciplina: DIREITO PROCESSUAL PENAL II Prof. Me. Vinícius Francisco Toazza CONTEÚDO: 1- Teoria geral da prova, ônus da prova, sistemas de avaliação. 2- Provas em espécie. Do interrogatório. Das perícias em geral. Da confissão. Das perguntas ao ofendido. Das testemunhas. Do reconhecimento de pessoas e coisas. Da acareação. Dos documentos. Dos indícios, Da busca e apreensão. 3- Sujeitos processuais penais: juiz, Ministério Público, acusado e defensor, assistentes e auxiliares da justiça. 4- Citações e intimações. Das notificações. 5- Prisão: definitivas e cautelares, prisão temporária, prisão em flagrante, prisão preventiva, liberdade provisória e fiança. 1- TEORIA GERAL DA PROVA 1.1 CONCEITO: Prova é tudo aquilo que contribui para o convencimento do juiz, ou seja, o que é levado ao seu conhecimento pelas partes, que detém a expectativa de convencê-lo acerca da realidade dos fatos inerentes ao respectivo processo. Portanto, é possível afirmar que as provas são os instrumentos pelos quais se busca reconstruir um fato passado, com o intuito de trazer à tona o que realmente ocorreu em determinada situação delituosa. "O termo prova origina-se do latim – probatio –, que significa ensaio, verificação, inspeção, exame, argumento, razão, aprovação ou confirmação. Dele deriva o verbo provar – probare –, significando ensaiar, verificar, examinar, reconhecer por experiência, aprovar, estar satisfeito com algo, persuadir alguém a alguma coisa ou demonstrar"(NUCCI; Guilherme de Souza, 2014, p.338). Art. 155. O juiz formará sua convicção pela livre apreciação da prova produzida em contraditório judicial, não podendo fundamentar sua decisão exclusivamente nos elementos informativos colhidos na investigação, ressalvadas as provas cautelares, não repetíveis e antecipadas. Parágrafo único. Somente quanto ao estado das pessoas serão observadas as restrições estabelecidas na lei civil. Observação: Juiz de Garantias – provas antecipadas (Artigo 3-B, VII, CPP). 1.2 FINALIDADE DA PROVA O OBJETIVO da prova é “a formação da convicção do juiz sobre os elementos necessários para a decisão da causa”. 1.3 NATUREZA JURÍDICA A natureza jurídica é de direito subjetivo. As normas referentes às provas são normas processuais, ou seja, de aplicação imediata, no qual os crimes ocorridos antes da vigência de uma nova lei poderão ser demonstrados pelos novos meios de prova. 1.4 DESTINATÁRIOS a) destinatário direto ou imediato: trata-se da autoridade judiciária. b) destinatários indiretos ou mediatos: são as partes, no qual quanto maior for o conteúdo probatório, maior será a probabilidade delas se convencerem e, se elas se convencem, consequentemente aceitarão com mais tranquilidade a decisão, minimizando assim o risco da vingança privada. 1.5 PRINCÍPIO DA COMUNHÃO DE PROVAS (Aquisição Processual) O princípio da comunhão de provas determina que a prova produzida passa a ser do processo, ainda que produzida por iniciativa de uma das partes, ou até mesmo pelo juiz de ofício. A prova nunca pertence a uma ou outra parte, mas ao juízo. Assim, pode ser utilizada por todos os participantes da relação processual, destinando-se a apurar a verdade dos fatos alegados e contribuindo para o julgamento da causa pelo juiz. Ressalte-se que não há um titular de uma prova mas tão somente o proponente. Em outras palavras, significa dizer que não se admite que a prova tenha uma identidade subjetiva, pouco importando quem tenha sido responsável pelo seu requerimento ou produção. As testemunhas de acusação, por exemplo, não são arroladas pelo promotor unicamente para prejudicar o réu; do mesmo modo as testemunhas de defesa não estão obrigadas a prestar declarações integralmente favoráveis ao acusado. Conforme ressaltado, uma vez inserida no processo, a prova tem a finalidade de evidenciar a verdade real, não mais servindo ao interesse de uma ou de outra parte. Desta feita, a ideia central do princípio encontra-se justamente na comunhão da eficácia probatória, sendo aqui entendido o termo "eficácia", como condição de gerar efeitos no caso concreto. Uma prova produzida dentro do processo passa a gerar efeitos - benéficos ou prejudiciais - para todos os sujeitos processuais, não sendo possível ao magistrado valorar uma prova de forma diferente para sujeitos processuais diferentes somente porque um foi o responsável por sua produção e o outro não. JURISPRUDÊNCIA E M E N T A - HABEAS CORPUS - DIREITO DE DEFESA - ELEMENTOS PROBATÓRIOS DOCUMENTADOS, PRODUZIDOS E FORMALMENTE INCORPORADOS AOS AUTOS DA PERSECUÇÃO PENAL - PRINCÍPIO DA COMUNHÃO DE PROVAS - GARANTIA CONSTITUCIONAL - ORDEM CONCEDIDA. Segundo o princípio da comunhão da prova, consectário lógico dos princípios da verdade real e da igualdade das partes na relação jurídico- processual, a prova, uma vez produzida, é comum às partes, podendo ser utilizada por qualquer das partes, independente de quem à introduziu no processo. (TJ-MS - HC: 14070647620178120000 MS 1407064-76.2017.8.12.0000, Relator: Des. Manoel Mendes Carli, Data de Julgamento: 25/07/2017, 1ª Câmara Criminal). 1.6 OBJETO DA PROVA: São “todos os fatos, principais ou secundários, que reclamem uma apreciação judicial e exijam uma comprovação” (TOURINHO FILHO, p. 222). É o que de fundamental deve estar conhecido e demonstrado para viabilizar o julgamento. Há dois tipos de objeto: o objeto da prova, que se refere aos acontecimentos relevantes ao desvendamento da causa e; o objeto de prova, que está relacionado ao que é pertinente provar, ou seja, aos elementos que a lei não desobriga de provar. * Pode-se analisar que não é objeto de prova, ou seja, não depende de prova, segundo Nestor Távora (2013): a) Direito federal: tendo em vista que o juiz o conhece a sua existência e vigência, mas de forma excepcional poderá ser exigida a demonstração probatória quanto a vigência e também quanto a existência do direito estadual, municipal, consuetudinário (costumes) e estrangeiro; b) Fatos Notórios - "Verdade Sabida": são de domínio de grande parte da população medianamente informada. Exemplo: feriados nacionais (25 de dezembro é Natal). c) Fatos Axiomáticos ou Intuitivos: que se auto demonstram pela sua obviedade. Têm força probatória própria (a prova está no próprio fato). Exemplo: o artigo 162 CPP, que em seu parágrafo único dispensa o exame interno cadavérico quando as lesões externas presentes no cadáver permitirem precisar a causa da morte, como ocorre no caso da decapitação. d) Fatos Inúteis: que são fatos irrelevantes para a demonstração da verdade. Exemplo: é desnecessário, em certos casos, provar a cor do chão do local onde ocorreu determinado homicídio. http://www.jusbrasil.com.br/topicos/10666144/artigo-162-do-decreto-lei-n-3689-de-03-de-outubro-de-1941 http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/1028351/c%C3%B3digo-processo-penal-decreto-lei-3689-41 e) Presunções legais: que são conclusões extraídas da própria lei. As presunções legais podem ser: presunções absolutas (juris et de jure), nas quais dispensam a produção de prova e não admitem prova em sentido contrário ou; presunções relativas (juris tantum), sendo que estas invertem o ônus da prova, ou seja, admitem prova em sentido contrário. Exemplo: presunção de violência nos crimes contra os costumes – art. 224 CP. *Fatos incontroversos: são aqueles fatos alegados por uma parte e reconhecidos pela outra parte, dependem de prova, onde é preciso obedecer ao princípio da investigação oficial e da verdade material. "Consideram-se incontroversos os fatos incontestes, ou seja, que não foram refutados ou impugnados pelas partes. Estes, ao contrário do que ocorre no processo civil (art. 334, III, do CPC), não dispensam a prova, podendo o juiz, inclusive, a teor do art. 156, II, do CPP, determinar, no curso da instruçãoou antes de proferir sentença, a realização de diligências para dirimir dúvida sobre ponto relevante. E não poderia ser diferente. Afinal, se a própria confissão do crime pelo acusado não é suficiente, por si, para um juízo condenatório, exigindo sempre confronto com os demais elementos de prova angariados ao processo (art. 197 do CPP), é evidente que a simples ausência de contestação quanto a atos, fatos e circunstâncias não tem força suficiente para elidir a produção probatória." (AVENA, 2014, p.490). 1.7 MEIOS DE PROVA Os meios de prova são instrumentos utilizados para produzir a prova e levá-la ao conhecimento do magistrado. Ou seja, é tudo aquilo que pode ser usado, direta ou indiretamente, para demonstrar o que se alega no processo. Quanto aos meios, as provas podem ser: a) Provas nominadas: referem-se aos meios de produção previstos em lei, mais especificamente, nos artigos 158 a 250 do CPP. b) Provas inominadas: tratam dos meios de produção não disciplinados em lei, como por exemplo, o clichê fônico (identificação da voz), filmagens ou fotografias. Ambas as espécies de provas supracitadas são aceitas e podem ser usadas, pois o princípio da verdade real permite o uso de meios probatórios atípicos, desde que moralmente legítimos e legais (não afrontadores do próprio ordenamento). Portanto, há um embasamento principiológico para a ampla utilização da prova e os princípios que autorizam essa ampla utilização da prova são: PRINCÍPIO DA VERDADE REAL (OU MATERIAL): que estabelece que o processo penal almeja reconstruir aquilo que realmente ocorreu quando o crime foi praticado, sendo que o juiz criminal não irá se conformar com meras ficções de verdade e, por isso, é possível utilizar vasto material probatório para demonstrar o que realmente aconteceu quando o crime foi praticado. A verdade real é importante porque no direito processual penal a sanção para o ilícito praticado é privação da liberdade do indivíduo; PRINCÍPIO DA LIBERDADE NA PRODUÇÃO DA PROVA: no qual aduz que admitido às partes produzir provas nominadas e também provas inominadas, já que se está em busca da verdade real. REGRA: liberdade probatória no processo penal. EXCEÇÃO: demonstração do estado civil das pessoas, onde o artigo 155 do CPP, em seu parágrafo único, preleciona que: Somente quanto ao estado das pessoas serão observadas as restrições estabelecidas na lei civil. Portanto, conclui-se que devemos seguir as limitações do Código Civil, de forma que a demonstração do estado civil será feita por certidão, como por exemplo, no casamento será feita por certidão de casamento. A respeito da menoridade do réu, o Enunciado 74 do STJ determina que ela deve ser provada por documento hábil. 1.8 PROVAS PROIBIDAS/VEDADAS/ILEGAIS: As provas proibidas (ou vedadas ou inadmissíveis) são gênero e têm como espécies as provas ilícitas e ilegítimas. Constituem a segunda exceção à liberdade na produção da prova (artigos 5, LVI, da CF e 157 do CPP). http://www.jusbrasil.com.br/topicos/10704036/artigo-334-da-lei-n-5869-de-11-de-janeiro-de-1973 http://www.jusbrasil.com.br/topicos/10703911/inciso-iii-do-artigo-334-da-lei-n-5869-de-11-de-janeiro-de-1973 http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/91735/c%C3%B3digo-processo-civil-lei-5869-73 http://www.jusbrasil.com.br/topicos/10666954/artigo-156-do-decreto-lei-n-3689-de-03-de-outubro-de-1941 http://www.jusbrasil.com.br/topicos/10666885/inciso-ii-do-artigo-156-do-decreto-lei-n-3689-de-03-de-outubro-de-1941 http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/1028351/c%C3%B3digo-processo-penal-decreto-lei-3689-41 http://www.jusbrasil.com.br/topicos/10662671/artigo-197-do-decreto-lei-n-3689-de-03-de-outubro-de-1941 http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/1028351/c%C3%B3digo-processo-penal-decreto-lei-3689-41 http://www.jusbrasil.com.br/topicos/10666685/artigo-158-do-decreto-lei-n-3689-de-03-de-outubro-de-1941 http://www.jusbrasil.com.br/topicos/10658566/artigo-250-do-decreto-lei-n-3689-de-03-de-outubro-de-1941 http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/1028351/c%C3%B3digo-processo-penal-decreto-lei-3689-41 http://www.jusbrasil.com.br/topicos/10667014/artigo-155-do-decreto-lei-n-3689-de-03-de-outubro-de-1941 http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/1028351/c%C3%B3digo-processo-penal-decreto-lei-3689-41 http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/111983995/c%C3%B3digo-civil-lei-10406-02 http://www.jusbrasil.com.br/topicos/10641516/artigo-5-da-constitui%C3%A7%C3%A3o-federal-de-1988 http://www.jusbrasil.com.br/topicos/10728274/inciso-lvi-do-artigo-5-da-constitui%C3%A7%C3%A3o-federal-de-1988 http://www.jusbrasil.com.br/topicos/10666854/artigo-157-do-decreto-lei-n-3689-de-03-de-outubro-de-1941 http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/1028351/c%C3%B3digo-processo-penal-decreto-lei-3689-41 A respeito do tema, menciona a Magna Carta que: São inadmissíveis, no processo, as provas obtidas por meios ilícitos (art. 5.º, LVI, CF). Já o artigo 157, "caput", do CPP indica que: São inadmissíveis, devendo ser desentranhadas do processo, as provas ilícitas, assim entendidas as obtidas em violação a normas constitucionais ou legais. Esse dispositivo não distingue provas ilícitas de provas ilegítimas, mas tão somente considera como ilícita a prova que viola a norma constitucional ou infraconstitucional, pouco importando tratar- se de norma de direito material ou processual, englobando-se os princípios. a) PROVAS ILÍCITAS: são aquelas para cuja obtenção, violam princípios constitucionais penais ou normas de direito material, como o Código Penal e a Legislação Penal Especial. Exemplo: a confissão obtida mediante tortura (Lei 9.455/1997); apreensão de objetos obtidas com violação do domicílio sem mandado (art. 5º, XI, CF); interceptação telefônica sem autorização judicial (art. 5º, XII, CF); quebra de sigilo bancário sem autorização. b) PROVAS ILEGÍTIMAS: são aquelas obtidas ou introduzidas com violação de princípios constitucionais processuais ou normas de direito processual, como o Código de Processo Penal, a Legislação Processual Especial. Exemplo: realização do exame de corpo de delito, na falta de perito oficial, por somente uma pessoa não portadora de diploma de curso superior preferencialmente na área específica, infringindo assim o artigo 159, § 1 do CPP; utilização no Plenário de Júri de prova juntada nos três dias que antecedem o julgamento (art. 479 CPP), oitiva de testemunha que está proibida de depor (art. 207 CPP); inversão da ordem da oitiva das testemunhas (art. 400 CPP); justada extra temporal de documentos. *OBSERVAÇÃO: O Pacote Anticrime incluiu o § 5º “O juiz que conhecer do conteúdo da prova declarada inadmissível não poderá proferir a sentença ou acórdão”. 1.8.1 TEORIAS SOBRE A UTILIZAÇÃO DAS PROVAS ILÍCITAS: a) Teoria da proporcionalidade ou razoabilidade ou do sacrifício Conforme aduz essa teoria, na ponderação de bens jurídicos, o magistrado deve dar prevalência ao bem jurídico de maior importância. Logo, entre a formalidade na produção da prova e o "status libertatis do réu", este último deve prevalecer, sendo a prova ilícita utilizada para inocentá-lo. Acerca da possibilidade de utilização da prova ilícita no processo penal, alguns doutrinadores admitem o uso da prova ilícita em favor do acusado, para demonstrar a sua inocência. Afirmam que entre o "jus puniendi estatal" e a legalidade na produção probatória, em conflito com o "status libertatis do réu", deve-se prevalecer o bem de maior importância, que é o "status libertatis" do acusado, sendo a prova, mesmo que ilícita, utilizada em seu benefício e para obtenção da sua inocência. Nesse sentido, vale observar que a prova ilícita não pode ser utilizada para demonstrar a culpa de outrem, pois seus efeitos são limitados à obtenção da inocência do réu. Para Nestor Távora (2013) a teoria da proporcionalidade deve ser invocada para preservar os interesses do acusado, em favor da absolvição (concepção da prova ilícitautilizada "pro reo"). De outra banda, há doutrinadores que admitem uso da prova ilícita para condenar o acusado. A respeito do princípio da proporcionalidade "pro societate": "(...) consiste na admissibilidade das provas ilícitas, quando demonstrada a prevalência do interesse público na persecução penal, a tendência atual da jurisprudência dos Tribunais Superiores é a da sua não adoção. De acordo com esse entendimento, a não admissão de mecanismos de flexibilização das garantias constitucionais tem o objetivo de preservar o núcleo irredutível de direitos individuais inerentes ao devido processo legal, mantendo a atuação do Poder Público dentro dos limites legais. As medidas excepcionais de constrição de direitos não podem, assim, ser transformadas em práticas comuns de investigação." (CAPEZ, Fernando; COLNAGO, Rodrigo, 2015, p.185) No caso de crime praticado por organizações criminosas adverte que "(...) desde que haja prévia, fundamentada e detalhada ordem escrita da autoridade judicial competente, sendo admitida corno meio de obtenção de prova, cuja previsão encontra-se no inciso V, art. 3º, da Lei n. 12.850/2013. Não havendo autorização, a prova somente será admitida em hipóteses excepcionais, por adoção ao http://www.jusbrasil.com.br/topicos/10641516/artigo-5-da-constitui%C3%A7%C3%A3o-federal-de-1988 http://www.jusbrasil.com.br/topicos/10728274/inciso-lvi-do-artigo-5-da-constitui%C3%A7%C3%A3o-federal-de-1988 http://www.jusbrasil.com.br/topicos/10666854/artigo-157-do-decreto-lei-n-3689-de-03-de-outubro-de-1941 http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/1028351/c%C3%B3digo-processo-penal-decreto-lei-3689-41 http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/1033702/c%C3%B3digo-penal-decreto-lei-2848-40 http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/1028351/c%C3%B3digo-processo-penal-decreto-lei-3689-41 http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/1028351/c%C3%B3digo-processo-penal-decreto-lei-3689-41 http://www.jusbrasil.com.br/topicos/26893138/artigo-3-da-lei-n-12850-de-02-de-agosto-de-2013 http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/1035673/lei-12850-13 princípio da proporcionalidade pro societate." (CAPEZ, Fernando; COLNAGO, Rodrigo, 2015, p. 188) b) Teoria dos frutos da árvore envenenada ou "fruits of the poisonous tree" ou teoria da prova ilícita por derivação A teoria dos frutos árvore envenenada se originou no Brasil através da jurisprudência do STF e encontra previsão no artigo 157 do CPP. Essa teoria sugere que todas as provas que decorrem de uma prova ilícita também estarão contaminadas, já que a sua origem é ruim. A prova ilícita criada é reproduzida na figura de uma árvore, sendo a fonte que tem o condão de contaminar todas as provas dela decorrentes, que seriam os frutos. Logo, a ilicitude da obtenção da prova ilícita transmite-se às provas dela derivada. Exemplo: Interceptação telefônica sem autorização judicial (art. 1º da lei 9296/96), no qual se ouve que na respectiva casa do interceptado há uma quantidade de entorpecentes, com base nisso, requer o mandado de busca e apreensão, mesmo sendo lícita essa última, será considerada prova ilícita derivada, pelo nexo de causalidade (art. 157, §1º, CPP). Segundo dispõe o artigo 157, § 3 do CPP, as provas ilícitas devem ser desentranhadas dos autos do processo e preclusa a decisão de desentranhamento, haverá a destruição da prova na presença facultativa das partes. Nestor Távora (2013, p. 396) diz que "se a contaminação probatória for ampla, faltará verdadeira justa causa para a deflagração da ação penal, de sorte que a inicial acusatória deve ser rejeitada caso os elementos informadores sejam contaminados pela extensão da prova ilícita, com arrimo no art. 395 em nova redação dada pela Lei nº 11.719/08." Para que haja contaminação da prova pela ilicitude do meio de obtenção, todavia, é necessário que haja inequívoco nexo de causalidade entre ela e a ação ilegal, ou seja, é preciso constatar que a ação ilícita foi conditio sine qua non do alcance da prova. Por esse motivo, não será́ impregnada pela ilicitude a evidencia obtida por meio de fonte independente (art. 157, § 1o, do CPP). *LIMITAÇÃO À PROVA ILÍCITA POR DERIVAÇÃO (exclusionary rules): I) teoria da prova absolutamente independente ou limitação da fonte independente (artigo 157, § 1, 1ª parte do CPP): que estabelece que: "São também inadmissíveis as provas derivadas das ilícitas, salvo quando não evidenciado o nexo de causalidade entre umas e outras (...)". Com isso, não havendo nexo de causalidade (relação de dependência) entre a prova ilícita e as demais provas que decorreram da ilícita, não haverá contaminação. O processo será aproveitado se houver outras provas válidas absolutamente independentes da prova ilícita, cabendo ao juiz deferir os limites de interdependência da prova. CASO: Bynum X US (1960): ocorreu uma prisão ilegal, posteriormente foram colhidas as impressões digitais e comparadas as presentes no local do crime, vindo a serem confirmadas. A Suprema Corte decidiu por não utilizar, entretanto, o FBI havia sob sua pose as impressões do acusado em planilhas datiloscópicas, oriundas de situações anteriores envolvendo o suspeito. Logo, estas, por serem independentes, puderam servir de provas. II) teoria da descoberta inevitável ou do curso hipotético de investigação ou "inevitable discovery"(art. 157, § 1, parte final e § 2, § 3 do CPP), que aduz que as provas que decorrem de uma prova ilícita não necessariamente estarão contaminadas e serão aproveitadas se ficar demonstrado que elas inevitavelmente seriam descobertas de outra maneira, por uma outra fonte autônoma e por meio válido. Exemplo: não se deve reconhecer como ilícita as declarações de testemunha que foi descoberta mediante interceptação telefônica sem autorização judicial, se esta pessoa foi indicada por várias outras como testemunha do fato, também, não deve ser declarada a ilicitude de confissão obtida mediante tortura, quando inevitavelmente se chegaria ao autor do homicídio em razão de impressões digitais do mesmo no local do crime. Nesse caso existe liame entre a prova ilícita e as demais, mas ele não é decisivo e cabe ao juiz definir se existia a inevitabilidade da descoberta, ou seja, se a prova derivada poderia ser descoberta de uma outra forma. http://www.jusbrasil.com.br/topicos/10666854/artigo-157-do-decreto-lei-n-3689-de-03-de-outubro-de-1941 http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/1028351/c%C3%B3digo-processo-penal-decreto-lei-3689-41 http://www.jusbrasil.com.br/topicos/10666854/artigo-157-do-decreto-lei-n-3689-de-03-de-outubro-de-1941 http://www.jusbrasil.com.br/topicos/10666744/par%C3%A1grafo-3-artigo-157-do-decreto-lei-n-3689-de-03-de-outubro-de-1941 http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/1028351/c%C3%B3digo-processo-penal-decreto-lei-3689-41 http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/93518/lei-11719-08 http://www.jusbrasil.com.br/topicos/10666854/artigo-157-do-decreto-lei-n-3689-de-03-de-outubro-de-1941 http://www.jusbrasil.com.br/topicos/10666814/par%C3%A1grafo-1-artigo-157-do-decreto-lei-n-3689-de-03-de-outubro-de-1941 http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/1028351/c%C3%B3digo-processo-penal-decreto-lei-3689-41 CASO: Nix X Williams-Williams (EUA, 1984): acusado pela morte de um menino de 10 anos, disse onde estava o corpo do menino, entretanto, foi sem ter sido informado do seu direito ao silêncio nem tampouco tinha advogado. A prova seria ilícita, porém, haviam vários voluntários fazendo buscas na área, onde possivelmente estaria o corpo. Logo, estavam no primeiro lote realizando as buscas, era questão de tempo para encontrarem o corpo. A informação só os deslocou ao lote 3, fazendo com que a busca findasse de forma mais breve. III) teoria da Serendipidade ou encontro fortuito: trata-se do encontro de provas relativas a fato delituoso diverso daquele que é objeto das investigações inicialmente. Em diversas situações, acontece de ser deferida, pelo juiz, interceptação telefônica,com o objetivo de apurar infração penal relativamente a certo investigado, mas que, no curso da escuta telefônica, acaba a autoridade policial tendo ciência de prova ou fonte de prova relativa a delito diverso, atribuído ao mesmo investigado ou, ainda, a outra pessoa. O que resta saber é se a prova obtida fortuitamente será válida ou não: serendipidade de primeiro grau: a prova obtida fortuitamente será válida, quando houver relação de conexão ou continência; houver a comunicação imediata para a autoridade judicial da revelação de fato delituoso diverso ou de outra pessoa envolvida em regime de coautoria; o juiz aferir que o fato descoberto ou a participação de coautor segue o desdobramento histórico do ilícito penal investigado. serendipidade de segundo grau: a prova obtida não será válida, mas será fonte de prova, ou seja, considerada “notitia criminis” (notícia do crime), sendo suficiente para deflagrar outra investigação preliminar com objeto distinto, nas seguintes hipóteses: Reveladora de crime diverso daquele objeto da investigação; Crime foi cometido por pessoa diversa da investigada; O juiz verificar que o fato diverso descoberto não seguiu o desdobramento histórico do ilícito penal investigado. Quando as conversas entre o investigado e seu advogado, se a comunicação envolver estritamente relação profissional. Vale ressaltar que as provas colhidas acidentalmente (serendipidade) são aceitas pela jurisprudência do STJ, e, inclusive, a colheita acidental de provas, mesmo quando não há conexão entre os crimes, tem sido admitida em julgamentos mais recentes. c) Teoria da exclusão da ilicitude da prova: A prova, aparentemente ilícita, deve ser reputada como lícita quando a conduta do agente na sua captação está amparada pelo direito (excludentes de ilicitude). Por exemplo, caso o réu tenha que violar o domicílio de outrem, sendo tal conduta tipificada como crime nos termos do artigo 150 do CP, para produzir prova fundamental em favor de sua inocência, esta prova será tida como válida, pois o mesmo agiu em estado de necessidade (artigo 24, CP) ao suprimir bem jurídico alheio (tutela domiciliar) para salvaguardar outro bem jurídico (liberdade), em face de um perigo atual (existência de persecução penal), ao qual não deu causa, e cujo sacrifício não era razoável exigir. 1.9 SISTEMA DE VALORAÇÃO DAS PROVAS “O sistema de provas é o critério utilizado pelo juiz para valorar as provas dos autos, alcançando a verdade histórica do processo’’, conforme Paulo Rangel (2015, p. 515). Quatro principais sistemas: I- SISTEMA DAS PROVAS IRRACIONAIS (OU SISTEMA ORDÁLIO) Por esse sistema, característico do Direito Visigótico, entregava-se a decisão acerca da veracidade dos fatos a um ser sobrenatural. Uma das partes (ordálio unilateral) ou ambas (ordálio bilateral) eram submetidas a uma prova e, de acordo com o resultado, decidia-se o conflito. Ex.: submissão do acusado à prova do ferro em brasa, que devia ser seguro sem produzir queimadura; deixarem as partes com os braços estendidos, perdendo a questão aquela que primeiro os deixasse cair. II- SISTEMA DA VERDADE LEGAL OU FORMAL, OU DA PROVA TARIFADA OU DA CERTEZA MORAL DO LEGISLADOR http://www.jusbrasil.com.br/topicos/10620916/artigo-150-do-decreto-lei-n-2848-de-07-de-dezembro-de-1940 http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/1033702/c%C3%B3digo-penal-decreto-lei-2848-40 http://www.jusbrasil.com.br/topicos/10637299/artigo-24-do-decreto-lei-n-2848-de-07-de-dezembro-de-1940 http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/1033702/c%C3%B3digo-penal-decreto-lei-2848-40 Nesta modalidade, existem determinados valores para cada tipo de prova, estabelecidos por lei, sendo que cabe ao juiz simplesmente obedecê-las. Conforme estabelece Fernando Capez (2015, p.180), a lei impõe ao julgador o rigoroso acatamento a regras preestabelecidas e não deixa para o mesmo qualquer margem de discricionariedade. Não há convicção pessoal do magistrado na valoração do contexto probatório, mas obediência estrita ao sistema de pesos e valores imposto pela lei. Desse sistema se origina o absurdo brocardo testis unus, testis nullus, pelo qual o depoimento de uma só testemunha, por mais detalhado e verossímil que seja, não tem qualquer valor. No Brasil vigora como exceção, em casos como o do artigo 158, CPP, onde os crimes que deixarem vestígios necessitam de realização de exame de corpo de delito para demonstrar a materialidade da infração, sendo que nem a confissão do réu supre a falta do exame de corpo de delito, estando o juiz limitado à prova pericial e do artigo 155, parágrafo único do CPP (o estado de pessoas somente é provado mediante certidão, não se admitindo a prova testemunhal) ou, ainda, a exigência de certidão de óbito para que se possa declarar a extinção da punibilidade em razão da morte do réu (art. 62 do CPP). III- SISTEMA DA INTIMA CONVICÇÃO DO JUIZ OU CERTEZA MORAL DO JUIZ Neste sistema, o magistrado tem a possibilidade de avaliar a prova com liberdade, sendo que não possui obrigação de fundamentar a sua decisão. No Brasil, tal sistema é adotado apenas em relação ao Tribunal do Júri, tendo em vista que o jurado não precisa fundamentar a sua escolha, conforme preceitua o art. 5º, XXXVIII, b, CF. IV- SISTEMA DO LIVRE CONVENCIMENTO MOTIVADO OU DA PERSUASÃO RACIONAL Este é o sistema de valoração de provas aderido pelo Brasil, nos termos do artigo 93, IX, CF c/c art. 155, CPP, sendo calcado na ideia de que o julgador possui plena liberdade de decidir, contudo, estritamente de acordo com o trazido aos autos pelas partes e com a devida fundamentação de sua decisão. Cabe ressaltar que os elementos informativos produzidos em fase policial, ou seja, pré- processual, não podem ser considerados, única e isoladamente, para fundamentar uma sentença condenatória, contudo, não são simplesmente menosprezados, servindo como elementos na formação da convicção do julgador, conforme expõe o art. 155 do CPP. Não há hierarquia entre as provas, cabendo ao magistrado imprimir na decisão o grau de importância das provas que lhe são apresentadas. Explicita Fernando Capez (2015, p.181) que esse sistema atende as exigências da busca da verdade real, rejeitando o formalismo exacerbado, e impede o absolutismo pleno do julgador, gerador do arbítrio, na medida em que exige fundamentação da decisão. *OBSERVAÇÃO: Assim, a prova obtida na fase investigativa, para servir de base à decisão, deverá, necessariamente, ser corroborada por elemento de convicção colhido em juízo, salvo se se cuidar de prova antecipada, não repetível ou cautelar, hipóteses em que a restrição em questão não se aplica. De ver-se que a lei não faz distinção em torno dessa regra. Nesse contexto, se o juiz está́ impedido, por um lado, de atribuir a autoria de determinada infração a um acusado contra quem haja, por exemplo, simples confissão extrajudicial, não poderá́, de igual modo, reconhecer a existência de álibi ou de causa de exclusão de ilicitude com base em material cognitivo não confirmado em juízo. I- Prova não repetível aquela cuja reprodução em juízo mostra-se inviável (ex.: oitiva de testemunha que faleceu após prestar depoimento na fase investigativa; provas periciais). II- Prova antecipada é aquela colhida em razão da existência de fundado receio de que já́ não exista ao tempo da instrução (ex.: oitiva de testemunha enferma ou em idade bastante avançada — art. 225 do CPP). A colheita antecipada da prova, que pressupõe a relevância do meio de prova e a urgência de sua obtenção (art. 156, I, do CPP), dispensa a posterior repetição no momento processual típico. III- Prova cautelar pode ser definida como a obtida em decorrência da adoção de providencia de natureza cautelar, como a busca e apreensão domiciliar (art. 240, § 1o, c, d, e e h, do CPP). http://www.jusbrasil.com.br/topicos/10666685/artigo-158-do-decreto-lei-n-3689-de-03-de-outubro-de-1941http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/1028351/c%C3%B3digo-processo-penal-decreto-lei-3689-41 http://www.jusbrasil.com.br/topicos/10667014/artigo-155-do-decreto-lei-n-3689-de-03-de-outubro-de-1941 http://www.jusbrasil.com.br/topicos/10666982/par%C3%A1grafo-1-artigo-155-do-decreto-lei-n-3689-de-03-de-outubro-de-1941 http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/1028351/c%C3%B3digo-processo-penal-decreto-lei-3689-41 http://www.jusbrasil.com.br/topicos/10626510/artigo-93-da-constitui%C3%A7%C3%A3o-federal-de-1988 http://www.jusbrasil.com.br/topicos/1699445/inciso-ix-do-artigo-93-da-constitui%C3%A7%C3%A3o-federal-de-1988 http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/155571402/constitui%C3%A7%C3%A3o-federal-constitui%C3%A7%C3%A3o-da-republica-federativa-do-brasil-1988 http://www.jusbrasil.com.br/topicos/10667014/artigo-155-do-decreto-lei-n-3689-de-03-de-outubro-de-1941 http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/1028351/c%C3%B3digo-processo-penal-decreto-lei-3689-41 1.10 ÔNUS DA PROVA O denominado ônus da prova consiste na incumbência que recai sobre a parte de provar a veracidade do fato alegado, ou seja, define quem deverá provar ser o agente culpado ou inocente. Segundo Renato Brasileiro de Lima (2015, p.595), há duas correntes acerca da distribuição do ônus da prova: a corrente minoritária aponta que, no processo penal, o ônus da prova é exclusivo da acusação; a corrente majoritária distribui o ônus da prova entre a acusação e a defesa no processo penal. No tocante ao ônus da acusação, estará condicionada a provar tanto a existência do fato típico quanto a autoria ou participação do acusado neste e, ainda, o nexo causal (a relação do resultado ocorrido com a conduta praticada). Do mesmo modo, deverá demonstrar os elementos subjetivos, quais sejam, o dolo ou a culpa, que serão comprovados a partir da análise dos elementos no caso concreto. A respeito da primeira corrente, tem-se que o artigo 386, II, V e VII, do CPP aduz que a debilidade probatória da acusação em demonstrar os elementos que caracterizam o crime implica na absolvição do réu. A defesa, por sua vez, está encarregada de provar fatos modificativos, impeditivos, extintivos e até um eventual álibi. Entretanto, no tocante à corrente minoritária supracitada, Nestor Távora (2014) defende que, na verdade, a defesa não possui ônus probatório, tendo em vista que, se a acusação não obtiver êxito ao provar suas alegações, ao final do processo, em caso de dúvida, o réu deverá ser absolvido, em atenção ao princípio da presunção da inocência. Nesse sentido, o ônus da prova deve ser analisado sob a ótica do princípio citado e, portanto, a defesa ficaria inerte durante todo o processo, sendo que, ao final, em caso de dúvida, o juiz deve absolver o acusado (In dubio pro reo). O princípio nemo tenetur se detegere significa que qualquer pessoa acusada da prática de um ilícito penal tem direito ao silêncio e a não produzir provas em seu desfavor. 1.10.1 PAPEL DO MAGISTRADO O juiz, no processo penal, não possui ônus probatório, pois é inerente às partes a atribuição de provar, tendo em vista que deve se manter imparcial e inerte frente ao processo, seguindo os ditames do princípio da inércia processual. Art. 156. A prova da alegação incumbirá a quem a fizer, sendo, porém, facultado ao juiz de ofício: (Redação dada pela Lei nº 11.690, de 2008) I – ordenar, mesmo antes de iniciada a ação penal, a produção antecipada de provas consideradas urgentes e relevantes, observando a necessidade, adequação e proporcionalidade da medida; (Incluído pela Lei nº 11.690, de 2008) II – determinar, no curso da instrução, ou antes de proferir sentença, a realização de diligências para dirimir dúvida sobre ponto relevante. (Incluído pela Lei nº 11.690, de 2008) Vale observar que a atividade do magistrado na determinação da prova é complementar, não podendo o mesmo construir todas as provas que são levadas aos autos, sob pena de incorrer em impedimento (art. 254, CPP) ou suspeição (art. 252, CPP). A determinação de prova "ex officio pelo juiz" é permitida pelo princípio da busca da verdade real, que busca revelar o que realmente aconteceu quando da ocorrência do delito. Mas a constitucionalidade do artigo 156 CPP é, segundo Nestor Távora (2014), questionada por parcela da doutrina, que afirma que o mesmo infringe o sistema acusatório adotado no ordenamento jurídico brasileiro e é incompatível com o princípio da imparcialidade. http://www.jusbrasil.com.br/topicos/10643765/artigo-386-do-decreto-lei-n-3689-de-03-de-outubro-de-1941 http://www.jusbrasil.com.br/topicos/10643694/inciso-ii-do-artigo-386-do-decreto-lei-n-3689-de-03-de-outubro-de-1941 http://www.jusbrasil.com.br/topicos/10643568/inciso-v-do-artigo-386-do-decreto-lei-n-3689-de-03-de-outubro-de-1941 http://www.jusbrasil.com.br/topicos/10643497/inciso-vii-do-artigo-386-do-decreto-lei-n-3689-de-03-de-outubro-de-1941 http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/1028351/c%C3%B3digo-processo-penal-decreto-lei-3689-41 http://www.jusbrasil.com.br/topicos/10658109/artigo-254-do-decreto-lei-n-3689-de-03-de-outubro-de-1941 http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/1028351/c%C3%B3digo-processo-penal-decreto-lei-3689-41 http://www.jusbrasil.com.br/topicos/10658352/artigo-252-do-decreto-lei-n-3689-de-03-de-outubro-de-1941 http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/1028351/c%C3%B3digo-processo-penal-decreto-lei-3689-41 http://www.jusbrasil.com.br/topicos/10666954/artigo-156-do-decreto-lei-n-3689-de-03-de-outubro-de-1941 OBSERVAÇÃO: 1.12 Classificação das provas. I- Quanto à natureza: a) direta: diz-se direta a prova quando, por si só, demonstra o fato controvertido. Ex: flagrante, confissão, corpo de delito; b) indireta: é a prova que demonstra um fato do qual se deduz o fato que se quer provar, ou seja, precisa de uma ligação com outro fato para comprovar com outro. Ex: ábili, indícios, presunções e suspeitas. II- Quanto ao valor ou efeito: a) plena (perfeita ou completa): é aquela apta a conduzir o julgador a um juízo de certeza. Ex: quando a prova não se demonstrar inverossímil, prevalecerá o in dubio pro reo. b) não plena (imperfeita ou incompleta): traz apenas uma probabilidade acerca da ocorrência do fato e de sua autoria. Ex: prova para a decretação de prisão preventiva. III- Quanto à origem: a) originaria: quando não há intermediários entre o fato e a prova. Ex: testemunha presencial. b) derivada: quando existe intermediação entre o fato e a prova. Ex: testemunho do testemunho. IV- Quanto à fonte: a) pessoal: tem como fonte alguma manifestação humana. Ex: testemunho, confissão, conclusões periciais, documento escrito pela parte etc. b) real: tem como fonte a apreciação de elementos físicos distintos da pessoa humana. Ex: o cadáver, a arma do crime etc. 1.13 Prova emprestada (ou trasladada): Consiste na possibilidade de utilização em um processo de prova que foi inicialmente produzida em outro, sendo o transporte da prova entre os processos feito por meio de certidão. Exemplo: o depoimento de uma testemunha ouvida no processo “A” poderá ser extraída cópia, desde que preenchidos os requisitos, que será juntada ao processo “B”, de forma documentada, ou seja, por certidão. Não custa lembrar que o exemplo em tela se refere à prova testemunhal, porém nada impede que o fenômeno tenha aplicabilidade em outras espécies de provas. De acordo com Nestor Távora e Rosmar Rodrigues Alencar na obra Curso de Direito Processual Penal: “A eficiência da instrução criminal e a colaboração da justiça levam à admissibilidade do empréstimo probatório. Compartilhar provas entre processos pode ser de grande utilidade, mas não pode se tornar um expediente de comodidade. Havendo justificativa plausível, o empréstimo será oportunizado. Pode ser patrocinado o empréstimo probatório até mesmo de um processo cível a um criminal”. (TÁVORA; ALENCAR, 2015, p. 639). Prevalecena doutrina pátria que a utilização da prova emprestada só tem cabimento se aquele contra quem ela for utilizada tiver participado do processo onde foi produzida originariamente, em respeito Ônus da prova ACUSAÇÃO DEFESA FATOS CONSTITUTIVOS: prova do fato, da autoria, dos elementos subjetivos do crime (dolo/culpa) e das circunstâncias que acarretem o aumento da pena. FATOS IMPEDITIVOS: inexistência material do fato, atipicidade, excludente da ilicitude, etc. FATOS MODIFICATIVOS: causa de diminuição da pena, benefícios penais, desclassificação de crime. FATOS EXTINTIVOS: prescrição, decadência, anistia, etc. ao princípio do contraditório. Em suma, o que se exige é que as partes sejam as mesmas em ambos os processos, seja no que empresta ou no que recebe a prova. Desse modo, a prova produzida em processo no qual o acusado não tenha participado, nada mais é do que mera prova documental, e não prova emprestada. REQUISITOS: a) Mesmas partes; b) Mesmo fato probatório; c) Contraditório no processo emprestante; d) Respeito à formalidade da produção probatória do processo emprestante. Ainda que a transferência seja feita por meio de certidão, a prova emprestada não perde o valor da prova originalmente produzida, apesar da forma documental, permanecendo inalterado o valor probante da sua essência. Isso significa que muito embora o depoimento da testemunha seja trazido ao segundo processo por uma certidão extraída do processo original, seu valor probatório sempre será o de prova testemunhal. Sobre o valor probatório da prova emprestada, esclarece Renato Brasileiro de Lima: “Quanto ao valor probatório da prova emprestada, já foi dito que ela tem o mesmo valor da prova originalmente produzida. Todavia, a jurisprudência entende que, não obstante seu valor precário, ela é admissível no processo penal, desde que não constitua o único elemento de convicção a respaldar o convencimento do julgador”. 1.14 PROCEDIMENTO PROBATÓRIO I- Proposição da prova A proposição se refere ao requerimento das provas a serem produzidas na instrução processual ou ao lançamento aos autos das provas pré-constituídas. Normalmente a acusação (Ministério Público ou querelante) propõe a prova na inicial acusatória (artigo 41 do CPP) e a defesa faz a propositura na resposta escrita à acusação (artigo 396 e 396-A do CPP). Mas no curso do processo as partes podem requerer a produção de provas ou o juiz determinar a sua realização de ofício, com exceção da prova testemunhal, que deve ser indicada na inicial ou na defesa preliminar, sob pena de preclusão. II- Admissibilidade da Prova Trata-se de ato processual do juiz, que, ao examinar as provas propostas pelas partes e seu objeto, defere ou não a sua produção. O magistrado decidirá se autoriza ou não a realização das provas requeridas pelas partes e também se admite ou não a introdução aos autos das provas pré-constituídas. III- Produção da prova e subsmissão ao contraditório "É o conjunto de atos processuais que devem trazer a juízo os diferentes elementos de convicção oferecidos pelas partes." (CAPEZ, Fernando; COLNAGO, Rodrigo, 2015, p.180) IV- Valoração A prova produzida será valorada na respectiva decisão judicial. Assim, o magistrado deve nesse momento afastar as provas ilícitas ou ilegítimas, determinado o desentranhamento das mesmas (artigo 157, § 3, CPP) e caso venha a amparar a sua decisão em prova que contraria a lei, poderá haver nulidade, em razão de evidente error in procedendo. Se o julgador valorar mal a sua decisão, ela poderá ser reformada em fase recursal, em razão de error in judicando. http://www.jusbrasil.com.br/topicos/10676044/artigo-41-do-decreto-lei-n-3689-de-03-de-outubro-de-1941 http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/1028351/c%C3%B3digo-processo-penal-decreto-lei-3689-41 http://www.jusbrasil.com.br/topicos/10641920/artigo-396-do-decreto-lei-n-3689-de-03-de-outubro-de-1941 http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/1028351/c%C3%B3digo-processo-penal-decreto-lei-3689-41 http://www.jusbrasil.com.br/topicos/10666854/artigo-157-do-decreto-lei-n-3689-de-03-de-outubro-de-1941 http://www.jusbrasil.com.br/topicos/10666744/par%C3%A1grafo-3-artigo-157-do-decreto-lei-n-3689-de-03-de-outubro-de-1941 http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/1028351/c%C3%B3digo-processo-penal-decreto-lei-3689-41
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