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AVALIAÇÃO DA VITALIDADE FETAL

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Rayane Aguiar Costa 
Ginecologia e obstetrícia- 1ª AF 
1 
 
AVALIAÇÃO DA VITALIDADE FETAL 
INTRODUÇÃO 
Os métodos de avaliação do bem-estar fetal tem por objetivo minimizar os riscos maternos, leva-se a gestação mais 
próxima ao termo e, assim, pode-se escolher o melhor momento para o parto de forma segura para o binômio 
materno-fetal. 
A propedêutica para avaliação da vitalidade fetal inclui, além de métodos clínicos como a observação de 
movimentação fetal, a cardiotocografia, o perfil biofísico fetal e a Dopplervelocimetria. 
Assim, com exceção da observação dos movimentos fetais e da ausculta dos batimentos cardíacos fetais, que ocorrem 
em todas as consultas médicas durante o pré-natal, os métodos descritos aplicam- se ao acompanhamento de 
gestações de alto risco. 
Os testes são não invasivos e se utilizam da predição do sofrimento fetal, e não da confirmação desse diagnóstico; 
Resultados normais dos exames de vitalidade fetal asseguram a continuidade da gestação até o mais próximo possível 
do termo, o que depende ainda do controle clínico materno. Resultados anormais desses testes deverão levar a um 
raciocínio clínico que inclua sempre a reflexão sobre eventuais danos decorrentes da hipoxia e da prematuridade. 
INDICAÇÕES 
Os exames para a avaliação da vitalidade fetal são indicados em situações em que exista risco de comprometimento 
da oxigenação fetal e podem ser apresentados em três grupos: 
Doenças maternas: doenças maternas que representam a grande maioria das indicações de avaliação da vitalidade 
fetal. Nas demais doenças, deve-se avaliar cada caso, considerando- se o risco de sofrimento fetal. 
*Síndromes hipertensivas: hipertensão arterial crônica, doença hipertensiva especí!ca da gestação (DHEG), 
hipertensão arterial crônica com DHEG sobreposta, síndrome HELLP, iminência de eclâmpsia e eclâmpsia. 
*Endocrinopatias: diabetes mellitus e doenças tireoidianas. 
*Cardiopatias: congênitas e adquiridas. 
*Pneumopatias: asma e en!sema pulmonar. 
*Doenças do tecido conjuntivo: lúpus eritematoso sistêmico (LES), artrite reumatoide e dermatomiosite. 
*Nefropatias: insu!ciência renal crônica, síndrome nefrótica e transplante renal. 
*Hemopatias: anemias carenciais, anemias hemolíticas (hemoglobinopatias), anemia falciforme e coagulopatias. 
*Trombofilias: congênitas e adquiridas. 
*Desnutrição materna. 
*Neoplasias malignas. 
 
Intercorrências da gestação: Restrição do crescimento fetal (RCF). Pós-datismo. 
 
Antecedentes obstétricos desfavoráveis: 
*Natimorto de causa desconhecida, RCF e descolamento prematuro de placenta (DPP). 
*Alterações do volume de líquido amniótico: oligoâmnio e polidrâmnio. 
*Rotura prematura de membranas ovulares (RPMO). 
*Gemelidade, síndrome da transfusão feto-fetal e gêmeos discordantes 
* Placenta prévia. 
 
Doenças fetais: 
*Anemias fetais: aloimunização Rh e hidropsia fetal não imune. 
*Cardiopatias fetais: bloqueios cardíacos (bloqueio atrioventricular total), arritmias e malformações cardíacas. 
*Malformações e infecções fetais. 
 
 
Rayane Aguiar Costa 
Ginecologia e obstetrícia- 1ª AF 
2 
 
MÉTODOS BIOFÍSICOS DA AVALIAÇÃO 
Os principais métodos biofísicos para avaliação da vitalidade fetal são a Dopplervelocimetria, a cardiotocograFIa e o 
perfil biofísico fetal. A Dopplervelocimetria tem por objetivo a avaliação indireta da função placentária (visando ao 
diagnóstico de insuficiência placentária) e da resposta fetal à hipoxemia. As alterações na cardiotocografia e no perfil 
biofísico fetal representam diminuição da oxigenação do sistema nervoso central (SNC). 
DOOPLERVELOCIMETRIA 
A Dopplervelocimetria é um estudo ultrassonográfico da velocidade do fluxo sanguíneo nos vasos do corpo humano, 
arteriais ou venosos, baseado no princípio físico do efeito Doppler. Tem sido utilizada para avaliar a circulação materna 
(artérias uterinas), fetoplacentária (artérias umbilicais) e fetal (artéria cerebral média – ACM, aorta abdominal, artérias 
renais, ducto venoso e seio transverso). Estudo da hemodinâmica fetal em resposta ao dé!cit de oxigenação. 
O estudo por meio do Doppler registra o movimento do sangue no sistema cardiovascular. 
Doppler pulsado: O Doppler pulsado é usualmente empregado em conjunto com a ultrassonogra!a bidimensional, em 
tempo real. 
Mapeamento colorido do !uxo sanguíneo: O mapeamento colorido do !uxo sanguíneo permite a avaliação 
hemodinâmica qualitativa, que inclui a identificação da presença do fluxo sanguíneo e a direção deste. 
OBS: Verificar se a frequência cardíaca fetal se situa em níveis normais (de 110 a 160 bpm). A bradicardia e a ta 
quicardia podem alterar os sonogramas, falseando seus resultados. 
Modificações fisiológicas observadas na Dopplervelocimetria de artérias umbilicais durante a gestação 
Na avaliação da Dopplervelocimetria de artérias umbilicais no primeiro trimestre, habitualmente não se observa fluxo 
diastólico. Espera-se que, após a 14a semana de gestação, o fluxo diastólico já tenha se tornado positivo, refletindo a 
diminuição da resistência placentária de corrente da primeira onda de invasão trofoblástica. Com a evolução da 
gestação e, portanto, da placentação, ocorre gradual aumento do fluxo diastólico. 
Indicações e aplicabilidade da Dopplervelocimetria 
A Dopplervelocimetria dos vasos que destinam seus fluxos à placenta (artérias uterinas e umbilicais) é utilizada para 
estudo da função desse órgão. Sua indicação está reservada às gestações que possam evoluir com insuficiência 
placentária. 
A utilização da Dopplervelocimetria de artérias umbilicais foi associada com uma tendência a redução nas mortes 
perinatais. Dentre as doenças maternas que mais se relacionam à insuficiência placentária, pode-se citar: hipertensão 
arterial em todas as suas formas; diabetes mellitus tipos 1 e 2; trombofilias congênitas e adquiridas; cardiopatias, 
principalmente as cianóticas e aquelas com grave comprometimento funcional desse órgão; lúpus; e pneumopatias 
restritivas graves. No entanto, estudos em gestações de baixo risco demonstraram não haver benefícios para o 
prognóstico fetal ao se utilizar essa tecnologia como rotina na assistência pré-natal. 
Assim, a função placentária pode ser investigada por meio da circulação uteroplacentária (representada pelas artérias 
uterinas) e da circulação fetoplacentária (representada pelas artérias umbilicais. Dopplervelocimetria de artérias 
uterinas é usualmente realizada na 26a semana de idade gestacional e a primeira avaliação das artérias umbilicais, em 
torno de 20 a 26 semanas. 
Dopplervelocimetria de artérias uterinas 
Os resultados anormais na Dopplervelocimetria das artérias uterinas ocorrem devido a invasão trofoblástica 
inadequada e determinam manutenção de alta resistência vascular. Essas anormalidades relacionam-se a maior 
frequência de casos de RCF e de pré-eclâmpsia. 
Dopplervelocimetria das artérias umbilicais 
Rayane Aguiar Costa 
Ginecologia e obstetrícia- 1ª AF 
3 
 
A Dopplervelocimetria das artérias umbilicais reflete a resistência placentária, que pode estar aumentada por 
placentação inadequada, infartos e/ou tromboses no leito placentário. Essas alterações podem ser dimensionadas 
pelos altos valores nos seus índices Dopplervelocimétricos (índice de pulsatilidade, relação sístole/diástole) e ainda, 
em análise qualitativa do sonograma, pela diminuição ou ausência de fluxo diastólico !nal ou até mesmo por fluxo 
diastólico reverso nas artérias umbilicais. 
Diástole zero ou reversa nas artérias umbilicais 
Apesar de evento raro, mesmo quando avaliadas gestações de alto risco (aproximadamente 2%), o fluxo ausente ou 
reverso nas artérias umbilicais assume importância em razão da gravidade da insuficiência placentária representada 
por essa condição. A detecção de !uxo ausente ou reverso é associada a resultado perinatal adverso, sobretudo por 
sua mortalidade, sendo relatadas taxas de óbito fetal de 170:1.000 e de óbito neonatal de 280:1.00 
Avaliação da hemodinâmica fetal 
Quando identificada a presençade anormalidades na Dopplervelocimetria de artérias umbilicais, por resultados de 
índices anormais (com fluxo diastólico ainda positivo) ou pelo diagnóstico de fluxo ausente ou reverso, deve-se 
considerar a ocorrência de insuficiência placentária. 
Pode-se, assim, inferir a existência de menor oferta de nutrientes, o que levará a RCF e diminuição da oferta de 
oxigênio com hipoxemia e consequente desencadeamento de resposta hemodinâmica fetal. As adaptações do sistema 
hemodinâmico fetal têm por primeiro objetivo a redistribuição do fluxo sanguíneo para priorizar áreas nobres como 
cérebro, coração e adrenais, em detrimento de músculos, vísceras e rins. 
Território arterial: artéria cerebral média 
O território arterial é o primeiro a se alterar diante da hipoxemia fetal. É necessária muita cautela na análise da 
centralização da circulação fetal quando se avalia isoladamente esse território. Valores anormais observados no 
estudo de qualquer um dos vasos arteriais, como aorta ou artérias renais, não são indicativos de resolução obstétrica. 
Mediante hipoxemia, observa--se, nesse vaso, aumento do !uxo sanguíneo na diástole com consequente diminuição 
dos índices de pulsatilidade. 
Território venoso: veia cava inferior, ducto venoso e veia umbilical 
A tentativa de manutenção de fluxo sanguíneo adequado para as áreas nobres é marcada não só pela vasodilatação 
de áreas essenciais, mas também pela vasoconstrição dos demais territórios. A vasoconstrição periférica leva ao 
aumento da pressão nas câmaras cardíacas, seguido de alterações no território venoso fetal. Considerando-se a 
padronização e a reprodutibilidade, a maioria dos estudos tem elegido o ducto venoso para representar o território 
venoso. As anormalidades nesse território são associadas à acidose no nascimento, o que deixa clara a importância da 
análise quando o objetivo é determinar o melhor momento para o parto. 
Acompanhamento das gestações com diagnóstico de insuficiência placentária 
Os casos com insuficiência placentária inferida pela Dopplervelocimetria que ainda exibem fluxo diastólico final 
positivo na Dopplervelocimetria das artérias umbilicais e cujos fetos apresentam ACM normal poderão ter 
acompanhamento ambulatorial duas vezes por semana, desde que a doença materna se apresente estável. 
Caso ocorra diagnóstico de centralização da circulação fetal, deve-se proceder à internação para avaliação diária da 
vitalidade fetal e controle clínico materno. Quando a idade gestacional é superior a 34 semanas, a avaliação do perfil 
biofísico fetal demonstra importante relação com a acidose no nascimento, o que reforça a importância da realização 
desse exame para essas pacientes. 
As gestantes nas quais se verifica o fluxo ausente ou reverso nas artérias umbilicais serão internadas para avaliação 
diária da vitalidade fetal ou parto. É importante salientar que, por tratar-se de gestações em que invariavelmente os 
fetos são muito prematuros, devem-se utilizar todos os métodos de avaliação da vitalidade fetal descritos a fim de 
postergar o momento do parto pelo maior tempo possível, mantendo-se a segurança de não expor o feto às sequelas 
da hipoxemia. 
Rayane Aguiar Costa 
Ginecologia e obstetrícia- 1ª AF 
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O momento para término da gestação, portanto, poderá ser: 
* Imediato (não precedido da administração antenatal de corticosteroides para maturação pulmonar): impossibilidade 
de controle da doença materna (risco de morte materna), diástole reversa na Dopplervelocimetria das artérias 
umbilicais. ducto venoso com valor de índice de pulsatilidade para veias superior a 1,5, perfil biofísico fetal inferior ou 
igual a 6 (se o perfil biofísico fetal for igual a 6, o exame pode ser repetido em até 6 horas e a resolução está indicada 
se o resultado for igual ou inferior a 6), desacelerações tardias de repetição e oligoâmnio grave (índice de líquido 
amniótico – ILA – inferior a 3,0 cm). 
* Mediato (após uso de corticosteroide antenatal): ducto venoso com valor de índice de pulsatilidade para veias entre 
1,0 e 1,5 e oligoâmnio (ILA entre 3,0 e 5,0 cm). 
CARDIOTOCOGRAFIA ANTEPARTO 
A cardiotocografia é um método de avaliação de vitalidade fetal que se fundamenta na análise de parâmetros que 
possibilitam estudar os efeitos da hipoxemia no SNC e, consequentemente, no comportamento da frequência cardíaca 
fetal. 
Esse método apresenta como principais problemas na sua aplicabilidade as variações na interpretação quando se 
utiliza a análise visual e o alto custo e a imprecisão no reconhecimento de desacelerações quando se opta pela 
cardiotocografia computadorizada. É um teste útil para as situações em que existe maturidade cardíaca e neurológica 
fetal desde que haja viabilidade de condições de sobrevida extrauterina. 
Deve-se ressaltar que quedas da frequência cardíaca fetal podem ser observadas em fetos prematuros, em 
decorrência da imaturidade no equilíbrio dos sistemas simpático e parassimpático. Por outro lado, a presença de 
desacelerações – principalmente as tardias – no período anteparto e, portanto, relacionadas a contrações de Braxton 
Hicks, traduz baixa reserva fetal em oxigênio. 
Parâmentros da frequência cardíaca fetal: 
Linha de base 
A linha de base consiste na média aproximada dos valores da frequência cardíaca fetal, avaliada em qualquer 
segmento de 10 minutos do traçado cardiotocográfico excluindo-se: segmentos em que a variação da frequência 
cardíaca fetal apresente diferenças superiores a 25 bpm, acelerações e desacelerações. 
A linha de base é considerada normal quando está entre 100 e 160 bpm. Ao se observar taquicardia fetal (frequência 
cardíaca fetal superior a 160 bpm), devem-se investigar possíveis causas. A causa mais grave é a hipoxia fetal crônica 
que surge em virtude da estimulação do componente simpático do sistema nervoso autônomo. Outras situações 
associadas à taquicardia fetal são: hipertermia materna (a frequência cardíaca fetal se eleva em 10 bpm a cada grau 
centígrado de elevação da temperatura materna acima de 37ºC), infecção ovular, uso de drogas pa rassimpaticolíticas 
(atropina) e uterolíticas (isoxsuprina, orciprenalina e ritodrina), excesso de atividade fetal e taquiarritmias, nas quais 
a frequência cardíaca fetal basal geralmente apresenta valores superiores a 200 bpm. 
A bradicardia (frequência cardíaca fetal inferior a 100 bpm) tem como causas mais comuns o pós-datismo e o uso de 
drogas betabloqueadoras pela gestante. Algumas arritmias, como o bloqueio atrioventricular fetal, também cursam 
com bradicardia importante, em que se observam os níveis mais baixos de frequência cardíaca fetal (de 50 a 60 bpm). 
Nos casos terminais de sofrimento fetal, também pode ser observada bradicardia, que denota acometimento fetal 
grave. Observa-se também que o comportamento da frequência cardíaca fetal sofre in!uências da idade gestacional; 
assim, com a progressão da gestação, há, frequentemente, diminuição da linha de base e aumento na frequência e na 
amplitude de acelerações transitórias. 
Rayane Aguiar Costa 
Ginecologia e obstetrícia- 1ª AF 
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Rayane Aguiar Costa 
Ginecologia e obstetrícia- 1ª AF 
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Variabilidade 
Definida como oscilação da linha de base da frequência cardíaca fetal, a variabilidade é determinada pela interação 
do sistema nervoso autônomo simpático com o parassimpático. A diminuição na variabilidade pode ser verificada em 
situações como hipoxia, sono fisiológico fetal e ação de drogas (barbitúricos, opioides e tranquilizantes). Na 
prematuridade, ela é comum por causa da imaturidade do componente parassimpático do sistema nervoso autôno 
mo. 
O aumento da variabilidade está relacionado à movimentação excessiva do feto e pode também ser verificado na 
hipoxemia aguda.O padrão sinusoidal se caracteriza por ondas em forma de sino, com amplitudes de 5 a 15 bpm, 
padrão monótono, ritmo fixo e regular, e que não se alteram mesmo após aplicação de estímulos. É comum em fetos 
hidrópicos de gestantes aloimunizadasgraves. 
Acelerações transitórias 
a aceleração transitória é definida como ascensão abrupta (intervalo entre o início da aceleração e o pico inferior a 30 
segundos) da frequência cardíaca fetal, cujo acme é superior ou igual a 15 bpm em relação à linha de base, com 
duração mínima de 15 segundos e máxima inferior a 2 minutos. Em idade gestacional inferior a 32 semanas, as 
acelerações são de!nidas quando o pico atinge 10 bpm, com duração superior ou igual a 10 segundos. Conceitua-se 
aceleração prolongada quando sua duração é igual ou superior a 2 minutos e inferior a 10 minutos. Quando superior 
a 10 minutos, é considerada mudança da linha de base. 
Rayane Aguiar Costa 
Ginecologia e obstetrícia- 1ª AF 
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Desacelerações 
As desacelarações são classificadas em: desacelerações precoces, tardias e variáveis (umbilicais). Relacionam-se com 
as contrações uterinas. As desacelerações precoces não são habituais no período anteparto, pelo fato de as contrações 
de Braxton Hicks não possuírem como característica o tríplice gradiente descendente nem a intensidade das 
contrações de trabalho de parto, o que faz com que, mesmo em condições de oligoâmnio ou membranas rotas, seja 
rara a ocorrência desse tipo de desaceleração. 
Descreve-se ainda, à semelhança da aceleração prolongada, a desaceleração prolongada, que é a queda da frequên 
cia cardíaca fetal de natureza rápida ou lenta, de amplitude variável, mas superior a 15 bpm, com duração de 2 a 10 
minutos, e posterior retorno à linha de base. Quando a desacerelação tem duração superior ou igual a 10 minutos, é 
considerada mudança na linha de base. É frequentemente associada a hipotensão materna e/ou hipertonia uterina. 
 
INTERPRETAÇÃO DA CARDIOTOCOGRAFIA 
Os parâmetros descritos podem ser interpretados utilizando- se índices que incluam a avaliação dos diversos 
componentes da frequência cardíaca fetal. 
O índice cardiotocométrico é o somatório das diversas pontuações distribuídas. Com base nesses valores, o feto é 
classificado em: ativo (índices 4 e 5 – normal), hipoativo (índices 2 e 3 – suspeito) e inativo (índices 0 e 1 – anormal). 
Cardiotocografia estimulada 
A cardiotocografia estimulada visa primordialmente alterar o estado de sono para o de vigília, sendo, portanto, 
complemento da cardiotocografia de repouso quando esta exibe resultado suspeito. Assim, teria também importância 
na discriminação de fetos com boa oxigenação que estejam apenas em período de sono daqueles que realmente 
apresentam alterações na frequência cardíaca decorrentes da hipoxemia. O estímulo ao feto poderá ser vibroacústico 
(sônico), mecânico (movimentação do polo cefálico) ou vibratório. 
Execução do teste 
Após análise do traçado basal e caracterização da hipoatividade ou da inatividade fetal, adapta-se a fonte sonora 
(buzina) sobre o abdome materno na região correspondente ao polo cefálico fetal. Pressiona-se suavemente o 
dispositivo, que é acionado por pelo menos 3 segundos. A interpretação da resposta cardíaca fetal é baseada na 
resposta cardioaceleratória. 
Feto reativo: quando há resposta cardíaca com aumento da frequência cardíaca maior que 20 bpm, perdurando por 
mais de 180 segundos (considera-se o término da resposta quando há retorno para a linha de base por 30 segundos 
ou mais). Quando, após essa resposta inicial, observa-se a presença de aceleração transitória, ou seja, comportamento 
Rayane Aguiar Costa 
Ginecologia e obstetrícia- 1ª AF 
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ativo, a resposta é ainda chamada de bifásica. A ausência de aceleração transitória após a estimulação constitui a 
resposta monofásica. 
Feto hiporreativo: quando a amplitude for menor que 20 bpm e/ou a duração for menor que 3 minutos. 
Feto não reativo: quando não se verifica resposta cardíaca fetal. 
 
 
Cardiotocografia com sobrecarga 
O teste de sobrecarga mais utilizado é o teste de Pose, que consiste em sobrecarga de contrações produzidas pela 
infusão de ocitocina. Tem sido cada vez menos utilizado por causa da introdução rotineira de outros métodos de 
avaliação da vitalidade fetal menos invasivos e que conferem menor risco e maior benefício para o estudo do bem-
estar fetal. 
Interpretação clínica da cardiotocografia 
Os resultados anormais na cardiotocografia são descritos como indicativos de resolução da gestação, mas sua análise 
deve ser feita com parcimônia, levando-se em consideração quadro clínico materno e fetal. Esses resultados têm 
Rayane Aguiar Costa 
Ginecologia e obstetrícia- 1ª AF 
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trazido muita discussão, sobretudo quando se trata de fetos de idade gestacional precoce, em que o parto prematuro 
iatrogênico implica risco de morte e de sequelas graves, e a cardiotocografia de repouso, utilizada de forma isolada, 
exibe taxas de falso-positivos de 50 a 60%. 
PERFIL BIOFÍSICO FETAL 
O perfil biofísico fetal é método de propedêutica do bem-estar fetal que estuda atividades biofísicas fetais e a 
estimativa do volume de líquido amniótico. Baseia-se na hipótese de que as atividades biofísicas fetais são um reflexo 
do grau de oxigenação do SNC e tem por objetivo associar variáveis antes analisadas separadamente para melhorar a 
predição do sofrimento fetal. 
Indicações 
Este método é indicado como complemento a: 
Cardiotocografias normais: resultado normal na cardiotocografia não exclui a possibilidade de oligoâmnio, tornando 
necessária a avaliação do ILA nesses casos. Quando são estudados apenas a cardiotocografia e o ILA, está-se 
executando o perfil biofísico fetal simplificado. 
Cardiotocografias suspeitas ou anormais: para diminuir os resultados falso-positivos da cardiotocografia e os partos 
prematuros iatrogênicos. Assume grande importância quando se avaliam situações nas quais as anormalidades da 
frequência cardíaca fetal são decorrentes de prematuridade extrema, arritmias cardíacas fetais ou da utilização de 
medicações pela mãe. 
Variáveis que compõem o perfil biofísico fetal 
Marcadores agudos 
Os marcadores agudos do perfil biofísico fetal são: frequência cardíaca fetal, movimentos respiratórios fetais, 
movimentos corporais fetais e tônus fetal. Esses marcadores correspondem a parâmetros que têm o seu com 
portamento controlado por áreas específicas no SNC e seu desenvolvimento completado em diferentes idades 
gestacionais. 
Segundo a teoria da hipoxemia gradual, a sensibilidade desses centros à hipoxemia respeita a ordem inversa do 
desenvolvimento embrionário, obedecendo à teoria da hipoxia gradual. Dessa forma, a frequência cardíaca fetal é o 
primeiro parâmetro a se alterar e, a seguir, os movimentos respiratórios fetais, os movimentos corporais fetais e por 
último o tônus. 
Caso a cardiotocografia seja normal, é possível realizar apenas a medida do ILA (marcador crônico), o que constitui o 
perfil biofísico fetal simplificado e que, neste caso, confere tão bons resultados como quando se inclui a avaliação de 
todos os marcadores agudos. 
Marcador crônico 
O marcador crônico do perfil biofísico fetal é o líquido amniótico. Após a segunda metade da gestação, os principais 
responsáveis pela produção do líquido amniótico são os pulmões e, sobretudo, os rins do feto. Diante da hipoxemia 
crônica e após o desencadeamento do fenômeno da centralização da circulação fetal, ocorre redução da perfusão 
sanguínea desses órgãos, acarretando menor diurese e, assim, diminuição do volume de líquido amniótico. O volume 
de líquido amniótico aferido originalmente pelo maior bolsão em medida vertical tem sido atualmente estimado por 
meio do ILA. 
Descrição dos parâmetros biofísicos 
Cada um dos cinco parâmetros anteriormente citados – frequência cardíaca fetal, movimentos respiratórios fetais, 
movimentos corporais fetais, tônus fetal e líquido amniótico – descritos a seguir recebe, para composição do perfil 
biofísico fetal, a pontuação 0 ou 2, o que dependerá do fato de terem sido ou não atingidos os critérios 
preestabelecidos. 
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Ginecologia e obstetrícia- 1ª AF 
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Frequência cardíaca fetal:consideram-se normais: padrão ativo (presença de pelo menos uma aceleração transitória em 10 minutos de traçado), 
padrão reativo ao estímulo sônico (aumento de pelo menos 20 bpm fetais, com duração igual ou superior a 3 minutos) 
ou padrão bifásico (no qual se observam acelerações transitórias após resposta ao estímulo sônico). 
Variáveis ultrassonográficas 
As variáveis ultrassonográficas (movimentos respiratórios fetais, movimentos corporais fetais, tônus e volume de 
líquido amniótico) deverão ser identificadas ou não em um período máximo de 30 minutos consecutivos (duração 
máxima do tempo do exame); a média de tempo necessário para a observação dessas variáveis, porém, é inferior a 5 
minutos. A observação das variáveis agudas tem por período consecutivo de 30 minutos tem por objetivo evitar as 
possíveis influências do ciclo sono/vigília e esse intervalo de tempo deverá sempre ser respeitado antes de determinar 
a anormalidade de uma dessas variáveis. 
Movimentos respiratórios fetais 
Os movimentos respiratórios fetais são considerados paradoxais, pois, ao contrário da respiração em meio aéreo, 
quando ocorre o rebaixamento do diafragma, observa- se retração, e não expansão, da caixa torácica. Esses 
movimentos do tronco fetal são facilmente observados por meio da ultrassonografia do tórax fetal (corte sagital), em 
que são visualizados os movimentos em gangorra com afastamento e aproximação dos arcos costais. É importante 
salientar que eles ocorrem em episódios intercalados por momentos de pausa respiratória e sofrem influência de 
alguns fatores: podem estar ausentes na hipoxia, na infecção ovular e na hipoglicemia, e exacerbados na hiperglicemia 
e no uso excessivo de bebidas que contenham cafeína. Considera-se normal a presença de um episódio de movimentos 
respiratórios com duração de 30 segundos. 
Movimentos corporais fetais 
A atividade motora fetal pode ser visualizada por meio de ultrassonografia no primeiro trimestre e inclui 
movimentação de tronco, membros, face e polo cefálico. Estudos que correlacionaram a visualização dos movimentos 
corporais fetais por meio de ultrassonografia e a percepção materna destes verificaram que 50% dos movimentos de 
membros e 80% daqueles que incluem o tronco e os membros são perceptíveis. Os movimentos corporais fetais 
podem ser inibidos por fatores como sono fisiológico, drogas sedativas, curare, tabagismo e hipoxia fetal, ou 
estimulados pela contração uterina e mesmo por estímulos externos como o estímulo sônico ou motor. A ocorrência 
de um movimento rápido e amplo ou de três movimentos corporais lentos caracteriza a normalidade dessa atividade 
biofísica. 
Tônus 
O tônus é a primeira atividade biofísica a se desenvolver e a última a desaparecer na avaliação por meio do perfil 
biofísico fetal. É verificado pela atitude fetal de flexão ou pela presença de movimentação corporal satisfatória. Na 
ausência de movimentos corporais fetais, deve- -se avaliar o tônus pela visualização dos movimentos de abertura e 
fechamento das mãos e pela constatação dos movimentos palpebrais ou de sucção. 
Volume de líquido amniótico 
Inicialmente, na elaboração do perfil biofísico fetal, utilizou-se para avaliação dessa variável a medida do maior bolsão 
de líquido amniótico. Para esse volume ser classificado como normal, é necessário que atinja valores superiores ou 
iguais a 2,0 cm. Uma alternativa para a avaliação do volume de líquido amniótico é a utilização do ILA, pois ele permite 
o estudo de toda a cavidade uterina. Consideram-se normais valores de ILA superiores a 5,0 cm. 
INTERPRETAÇÃO DO PERFIL BIOFÍSICO FETAL 
Para cada uma das variáveis consideradas normais, são atribuídos 2 pontos; para as anormais, 0. O valor total do teste 
varia de 0 a 10 pontos. A indicação de conduta ativa, quando os valores do perfil biofísico fetal são inferiores a 6, é 
fundamentada no fato de que, abaixo desse valor, há associação com acidose no nascimento, marcador considerado 
Rayane Aguiar Costa 
Ginecologia e obstetrícia- 1ª AF 
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padrão-ouro para diagnóstico de sofrimento fetal. Na literatura, descreve- se que a morbidade neonatal aumenta 
significativamente e de forma inversamente proporcional aos valores do perfil biofísico fetal. 
A indicação da resolução da gestação deve sempre considerar a idade gestacional e o risco de morte e de se quelas 
neonatais. Assim, os escores de perfil biofísico fetal iguais a 6 podem indicar a resolução da gestação quando a idade 
gestacional é superior a 34 semanas, mas também podem ser reavaliados após 6 horas, com utili zação de traçado de 
cardiotocografia mais longo, quando a idade gestacional é inferior ou muito próxima a 28 semanas. É importante que 
se leve em consideração o quadro clínico materno, a estabilização ou não da doença causadora das alterações e a 
coexistência de outras alterações em exames fetais, como a RCF ou outras anormalidades na Dopplervelocimetria. 
 
Considerações finais 
 
A aplicação de testes de avaliação da vitalidade fetal sempre tem por objetivo assegurar que determinada gestação 
possa continuar em segurança ou determinar a execução do parto, ainda que prematuro. Deve-se lembrar que essa 
decisão leva em conta os riscos do sofrimento fetal e, portanto, de óbito intrauterino ou de sequelas da hipoxia, bem 
como os riscos inerentes à prematuridade. Assim, quanto mais prematuro for o feto, mais testes poderão e deverão 
ser agregados para que se tenha a menor possibilidade de indicação iatrogênica de parto. Algumas anormalidades nos 
testes de avaliação da vitalidade fetal indicam a necessidade de término imediato da gestação, como desacelerações 
tardias de repetição oligoâmnio grave (ILA < 3 cm), índices de perfil biofísico fetal inferiores a 6, diástole reversa nas 
artérias umbilicais e valores de índice de pulsatilidade para veias de ducto venoso superiores a 1,5. Em outras, pode-
se considerar a utilização de corticoterapia antenatal para maturação pulmonar fetal: ILA entre 3,0 e 5,0 cm e valores 
de índice de pulsatilidade para veias de ducto venoso entre 1,0 e 1,5. Nas resoluções imediatas ou mediatas, quando 
a idade gestacional é igual ou superior a 28 semanas e o peso fetal é superior a 500 g, é relativamente tranquila a 
indicação do parto em razão da sobrevida de mais de 50% dos recém-nascidos. Torna-se, porém, difícil decidir quando 
se trata de feto com idade gestacional muito precoce, peso fetal abaixo de 500 g e anormalidades graves da vitalidade 
fetal. 
 
Referências: 
- ZUGAIB, Marcelo –Obstetrícia. Ed. Manole, 2a edição,2012

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