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INFECÇÕES DO TRATO URINÁRIO As infecções do trato urinário (ITU) podem ser divididas em baixa (anexo 1) e alta (anexo 2). A primeira engloba infecção na bexiga (cistite), da uretra (uretrite), da próstata (prostatite) e do epidídimo (epididimite). Já a alta, inclui pielonefrite. No início da vida, a incidência de ITU é maior em meninos, devido à má formação da válvula de uretra posterior, uma anomalia congênita exclusiva do sexo masculino que dificulta o fluxo urinário, fazendo mais infecção. A partir desse período, passa a predominar em meninas, sobretudo na adolescência. Existem quatro possíveis vias para o agente infeccioso atingir o trato urinário: via ascendente, via hematogênica, via linfática inoculação direta por fístula vesicoenteral. A principal é a via ascendente. Felizmente, o nosso corpo possui estratégias para evitar as infecções (anexo 3). Na cistite, o paciente geralmente apresenta: disúria, polaciúria, urina turva, dor suprapúbica e urgência miccional. Outra modalidade quase indistinguível é a uretrite na mulher. No homem é possível distinguir a uretrite pela presença de corrimento uretral. Além disso, no sexo masculino precisamos lembrar de outras 2 entidades: prostatite e epididimite. A prostatite, além dos sintomas já mencionados de ITU baixa, é caracterizada por uma dor forte localizada no períneo e, em alguns casos, suprapúbica. Além disso, é marcada por um quadro mais dramático com febre associada. A epididimite é uma inflamação do epidídimo e faz diagnóstico diferencial com torção de testículo. A pielonefrite, por sua vez, é caracterizada por dor em flanco e pelo sinal de Giordano positivo. Também há sinais e sintomas inespecíficos, como febre, vômitos, náuseas. O diagnóstico é feito com quadro clínico sugestivo + urinocultura ≥ 104 UFC/ml. O conceito de bacteriúria significativa é bastante complexo. Mulheres com bacteriúria > 10² é significativa, porém, na ausência de sintomas, só vai precisar de tratamento em casos especiais (gestantes, nefropatas). Homens com qualquer forma de ITU ou mulheres com pielonefrite não complicada com bacteriúria > 10^4 é definido como significativa, assim como mulher com pielonefrite > 10^5. A refratariedade e a recorrência dos sintomas na ITU baixa refletem complicação da infecção. Uma complicação rara, porém típica dos diabéticos é a cistite enfisematosa. Nela, forma-se gás na parede da bexiga. O fato da paciente utilizar a medicação para diabetes erroneamente, a deixa mais propensa a desenvolver pielonefrite enfisematosa. Além disso, a DM faz lesão nervosa, promovendo esvaziamento inadequado da urina. A pielonefrite aguda pode ter complicações graves, como: (1) sepse; (2) obstrução urinária; (3) abscesso intrarrenal; (4) abscesso perinefrético; (5) pielonefrite enfisematosa; (6) necrose de papila renal; (7) pielonefrite crônica; (8) pielonefrite xantogranulomatosa. A bacteriúria assintomática é definida pelos critérios no anexo 4. Ela só deve ser tratada em casos especiais, como gestantes e nefropatas. A urina pode ser coletada para a realização do exame através da micção espontânea, em que se colhe a urina do jato médio, ou seja, desprezando a primeira e a última porção do jato urinário. Outro método de coleta é através de cateter vesical, em que a urina é colhida por uma agulha conectada à seringa. A punção suprapúbica também pode ser feita, geralmente em crianças. A bacterioscopia com gram é importante pois o resultado é rápido. Trata-se de um método mais grosseiro, servindo para ver a presença de bactérias e corando para saber se é gram positivo ou negativo. Já com a urocultura, é possível identificar qual é a bactéria que está causando a infecção. Em mulheres com sintomas clássicos de ITU baixa, não é necessário solicitar urocultura ou qualquer outro exame para diagnóstico. Em homens e grávidas, sempre é preciso pedir urocultura. A bacteriúria assintomática, por definição, depende do método de coleta. Em mulheres, coleta por micção espontânea ≥ 105 UFC/ml, em duas ou mais amostras, separadas por pelo menos 24h e mostrando a mesma bactéria. Já nos homens, por micção espontânea ≥ 105 UFC/ml, em apenas uma amostra. Se a coleta for feita por cateter vesical ≥ 102 UFC/ml, em uma única amostra e se for por punção suprapúbica: qualquer contagem, em apenas uma amostra. A presença de sintomas, independe do resultado da bacteriúria deve ser tratada. Mulher hígida, não grávida, sem fatores de risco para ITU complicada, pode-se dar o diagnóstico apenas com a clínica apresentando sintomas clássicos (disúria + polaciúria). A hematúria (microscópica e macroscópica) pode ser observada em casos de ITU, sobretudo na cistite. Caso ela persista após a resolução do quadro agudo, devemos pensar em nefrolitíase, câncer, glomerulite, vasculite e tuberculose renal associadas. A proteinúria em níveis baixos pode ocorrer. O teste do nitrito é um dado importante. Somente os Gram-negativos entéricos (exceto Pseudomonas aeruginosa) possuem a enzima nitrato-redutase, a qual transforma o nitrato urinário em nitrito. A sensibilidade é baixa, mas a especificidade é alta, o que quer dizer que nitrito negativo não exclui o diagnóstico. Os BGN são as principais causas de ITU baixa não complicada, sendo seus principais representes: E. coli, proteus, klebsiella. Esses microorganismos respondem bem a fluorquinolona. Se não houver resposta, seja por má adesão ao tratamento, tempo de tratamento inadequado ou outro patógeno, podemos associar amoxicilina. Uma resposta adequada diz respeito a melhora significativa dos sintomas nas primeiras 24-48h. No caso da ITU baixa, podemos pensar em: (1) uretrite e não cistite; (2) bactéria resistente. No caso da pielonefrite, devemos pensar em possíveis complicações: (1) obstrução urinária; (2) abscesso intrarrenal ou perinefrético. Nestas últimas, um exame de imagem, como US ou TC, deve ser imediatamente solicitado. Os Gram-negativos entéricos da comunidade costumam ser sensíveis a vários antibióticos, como: fluoroquinolonas, fosfomicina, nitrofurantoína, amoxicilina, ampicilina e cefalosporinas de 1a geração. Todos eles se hiperconcentram na urina. Com exceção da amoxicilina e da ampicilina, todos os outros são eficazes para S. saprophyticus. A uretrite é geralmente causada por agentes sexualmente transmissíveis, tais como Chlamydia trachomatis, Gardnerella vaginalis, Mycoplasma hominis e Ureaplasma urealyticum. Esses devem ser tratados com antibióticos do grupo das tetraciclinas ou macrolídeos. A prostatite aguda em pacientes com menos de 35 anos geralmente é causada por Neisseria gonorrhoaea ou Chlamydia trachomatis, sensíveis à ofloxacina. Já em pacientes com mais de 35 anos geralmente é causada pelos Gram-negativos entéricos, incluindo a E. coli, cujo tratamento deve ser feito com uma fluoroquinolona ou sulfametoxazol-trimetoprim. A ITU hospitalar associada a um cateter vesical permanente é frequentemente causada por germes com perfil de resistência antibiótica, tais como E. coli MDR, Klebsiella spp., Proteus spp., Pseudomonas spp., Enterobacter spp., Serratia spp. e Enterococcus spp. Nesses casos, o tratamento deve ser sempre guiado pela urinocultura com antibiograma, mas de modo geral, pode-se utilizar uma fluoroquinolona de amplo espectro para Gram-negativos ou ampicilina, no caso do enterococo. Na gestante, devido ao risco de dano fetal, as fluoroquinolonas e o sulfametoxazol- trimetoprim são contraindicados. Neste caso, dá-se preferência à nitrofurantoína, às penicilinas ou às cefalosporinas. Vale ressaltar a importância do tratamento de ITU em gestante, uma vez que está associada a parto prematuro. REFERÊNCIAS: Johnson, R. J. Nefrologia Clínica. Rio de Janeiro – RJ – Brasil: Grupo GEN, 2016. 9788595156272. Disponível em: https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788595156272/. Acessoem: 09 Apr 2021 LARRY, J.J.; JOSEPH, L. Nefrologia e Distúrbios Acidobásicos de Harrison. Porto Alegre : AMGH, 2014. Grupo A, 2014. 9788580553888. Disponível em: https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788580553888/. Acesso em: 16 Apr 2021 ANEXO 1: ANEXO 2: ANEXO 3: ANEXO 4:
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