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Mila Vitória- GO 2021.1 Síndrome dos ovários policísticos Objetivos de aprendizagem: definir SOP e conhecer os critérios diagnósticos; discutir a fisiopatologia e os achados laboratoriais; descrever as manifestações clínicas características de SOP, além das possíveis alterações do exame físico; citar os diagnósticos diferenciais da SOP; identificar os riscos a longo prazo decorrente das alterações metabólicas da SOP; discutir tratamento da SOP. É a endocrinopatia mais comum da mulher. Prevalência: 5-10% das mulheres em idade reprodutiva. Causa mais comum de hirsutismo/hiperandrogenismo. Definição inicial: é uma disfunção hormonal que provoca anovulação crônica. Associação: amenorreia + ovários policísticos bilaterais + obesidade. Relembrando a fisiologia Estrogênio: reduz FSH, aumenta LH. Na SOP, não há desenvolvimento do folículo dominante. Por isso o aspecto micropolicístico, são folículos que nem se desenvolveram e nem atrofiaram. Etiologia É desconhecida. Poligênica e multifatorial. Relacionada com os seguintes fatores: obesidade, anovulação, hiperestrogenismo, hiperinsulinemia, hiperandrogenismo, podendo ser iniciada a partir de qualquer um dos fatores. Fisiopatologia Há uma alteração na liberação de GNRH -> cria um ambiente com mais androgênio -> além disso, causa alteração na liberação de LH e FSH -> aumento da relação LH/FSH • Aumento de LH: maior estímulo nas células da teca= aumento de androgênios. • Redução de FSH (relativa): menor estímulo da aromatase nas células da granulosa= redução de conversão de androgênios em estrogênio O ovário tem dificuldade em transformar o ambiente androgênico em estrogênico • Aumento de androgênio: desenvolvimento folicular anormal -> atresia, múltiplos pequenos folículos, anovulação crônica • Anovulação crônica: clinicamente causa oligomenorreia/amenorreia. Além disso, quem não ovula não tem corpo lúteo= não produz progesterona (corpo lúteo produz, lembra?) • Redução de progesterona: endométrio só vai ser estimulado pelo estrogênio-> clinicamente: SUA/ grande proliferação -> a longo prazo: hiperplasia e risco de ca de endométrio. • Aumento de androgênios: reduz SHBG no fígado= mais testosterona livre circulante (SHBG se liga a ela). Mais testosterona circulando= será convertida em di-hidrotestosterona (é mais potente) -> surge hirsutismo. Resistência insulínica -> hiperinsulinemia (por si só já tem sinergia com LH) -> aumento de androgênios na teca. No tecido adiposo há uma aromatização periférica que produz estrona. Nas pacientes obesas essa produção aumenta. Estrona é estrogênio, que diminui FSH e aumenta LH. Outras hipóteses Resistência insulínica por disfunção metabólica -> hiperinsulinemia -> aumento de androgênios ovarianos. Adrenarca exacerbada -> hiperandrogenismo adrenal na puberdade ->aromatização periférica, estrona, redução de FSH, aumento de LH. Apresentação clínica Irregularidade menstrual, hiperandrogenismo (acne e hirsutismo), obesidade, ovários policísticos (USG), infertilidade, hiperinsulinemia. Irregularidade menstrual • Menstruações infrequentes: redução na frequência; falta de 4 ou mais períodos por ano. • Amenorreia: primária ou secundária (ausência de menstruação por 6 meses ou 3 ciclos consecutivos) Hiperandrogenismo Acne também pode ser causada por hiperandrogenismo, bem como hirsutismo, que é a presença de pelos grossos em locais tipicamente masculinos. Obs1->Hipertricose: presença de pelos finos sem padrão definido. Obs2->Virilização: associada a outras causas de hiperandrogenismo. Clitoromegalia, agravamento da voz, aumento da massa muscular, perda de tecido mamário, transpiração mal cheirosa, calvície temporal. Diagnóstico diferencial Hiperplasia adrenal congênita, tumor de adrenal, síndrome de Cushing. Manifestações de resistência à insulina Acantose nigricans, Síndrome metabólica: obesidade abdominal, PA e TG elevados, HDL diminuído. Ultrassonografia Ovário de aspecto policístico: 20 ou mais folículos em cada ovário, medindo 2-9mm e/ou aumento do volume ovariano (>10mm) Diagnóstico Critérios de Rotterdan- 2 de 3 critérios: Oligomenorreia e/ou anovulação; hiperandrogenismo clínico e/ou laboratoriais; ovários policísticos a USG. Atualmente- critérios da AES: 2 dos 3 critérios + exclusão de outras causas de anovulação e hiperandrogenismo. Consequências clínicas: obesidade visceral, baixo HDL, resistência à insulina, triglicerídeos alto, hipertensão DM2, DMG, HAS, pre-eclampsia, hiperplasia/ca de dendométrio, doença cardiovascular, dislipidemia. Tratamento É dirigo as manifestações: irregularidade menstrual, hirsutismo, acne, obesidade, infertilidade. Dieta e exercício físico, progesterona cíclica, aco combinado, espironolactona, metformina, indução da ovulação. Redução de peso: reduz a intolerância à glicose, retorno da ovulação, reduz os níveis de testosterona livre (aumenta SHBG) Contraceptivos orais combinados: reduz androgênio (aumenta SHBG), reduz câncer de endométrio, regulam o ciclo menstrual. Progestágeno cíclico: regulam o ciclo menstrual, reduz incidência de ca de endométrio, não diminuem produção androgênica. Os ACHO são as drogas de 1º linha, caso não respondam as medidas, adiciona-se antiandrogênico: espirolactona, finasterida. Indução da ovulação: • Citrato de clomifeno: 500mg/dia por 5 dias a partir do 3º ou 5º dia do ciclo. Efeitos adversos: efeitos antiestrogênicos no muco cervical e endométrio, gestação múltipla, hiperestímulo ovariano. • Agonistas de GNHR (raro): pacientes que não respondem a altas doses de clomifeno, não é recomendado para < 16 anos. Resposta: C Resposta: C Resposta: B
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