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Aula 1- CONCEITOS E ORIGENS DO EMPREENDEDORISMO

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À primeira vista, esse campo do conhecimento traduz uma excepcional diversidade conceitual. Mas o conceito moderno gira em torno do conhecimento e da informação.
Informação: São um ou mais fatos conhecidos ou que nos rodeiam, que podem ser organizados por meio de sinais e símbolos. Vivemos cercados de informações que podem ou não virar conhecimento.
Conhecimento: é a explicação/ elucidação da realidade e decorre de um esforço de investigação para descobrir aquilo que está oculto, que não está compreendido ainda. Só depois de compreendido em seu modo de ser é que um objeto pode ser considerado conhecido. Adquirir conhecimento não é compreender a realidade retendo informações, mas utilizando-se destas para desvendar o novo e avançar, porque, quanto mais competente for o entendimento do mundo, mais satisfatório será a ação do sujeito que que a detém (Lukesi 1996). 
Na realidade, os pesquisadores do empreendedorismo concordam em dizer que a origem desse conceito está nas obras de Cantillon, que era um banqueiro no século XVIII, mas que hoje seria qualificado de investidor em capital de risco. 
O interesse de Cantillon pelos empreendedores não era um fenômeno isolado na época. Este interesse harmonizava-se com o ideário dos pensadores liberais da época que exigiam, entre outros, liberdade plena para que cada um pudesse tirar o melhor proveito dos frutos de seu trabalho. Para ele, o empreendedor era aquele que comprava matéria-prima por um preço certo para revendê-la a preço incerto. Ele entendia, no fundo, que, se o empreendedor lucrara além do esperado, isto ocorrera porque ele havia inovado: fizera algo de novo e de diferente. 
Em resumo: O termo empreendedor vem do inglês entrepreneur — significa aquele que assume riscos e começa algo novo. O empreendedor é a pessoa que consegue fazer os planos acontecerem, pois é dotado de sensibilidade para os negócios, tem desenvoltura para a área financeira e além de uma capacidade de identificar as oportunidades.
O empreendedor de Schumpeter tem pouco a ver com os empreendedores que estudamos hoje em dia. Este último tem o papel de atuar como empreendedor dentro de uma organização, e o denominamos "intra-empreendedor". 
Aliás, Baumol (1993) estabeleceu uma clara diferença entre empreendedor organizador de empresa e o empreendedor inovador.
Para Peter Drucker (1986), com base na análise do ambiente, o indivíduo empreendedor procura criar novos valores e novas e diferentes satisfações, convertendo um material (informação) em um recurso (conhecimento) ou combinando os recursos existentes para uma nova configuração.
Precisamos, aqui, voltar um pouco depois de conceituar empreendedorismo, nas teorias gerais de administração. Com elas a gente adquire experiência e observa os erros. Afinal, como já ouvimos por aí: experiência é iluminar o passado.
TEORIA GERAL DA ADMNISTRAÇÃO- CONCEITOS BASICOS
Depois de vermos os conceitos de alguns autores sobre empreendedorismo temos de lembrar que o empreender está intimamente ligado a administração e gestão. Por isso apresentaremos um quadro sucinto das principais teorias sobre administração. Cada teoria predominou em um período na cultura das empresas.
 Hoje os conceitos estão atrelados a globalização e a facilidade que esta trouxe em obter informações rapidamente e com isso o empreendedor pode detectar tendências que podem ser trabalhadas a nível local.
Toda empresa tem sua organização e ao empreender você também vai organizar a sua sob algum princípio. Atualmente a administração e gestão estão centradas nas teorias que envolvem o conhecimento, como a teoria do capitalismo cognitivo.
NOVAS CONCEPÇÕES DE CAPITALISMO E TRABALHO
O conceito de Capitalismo cognitivo está ligado ao de trabalho imaterial, elaborado por Antonio Negri e Michel Hardt, no livro Multidão: “A cena contemporânea do trabalho e da produção, como explicaremos, está sendo transformada sob a hegemonia do trabalho imaterial, ou seja, trabalho que produz produtos imateriais, como a informação, o conhecimento, ideias, imagens, relacionamentos e afetos.” 
Esta ideia dos autores não invalida o trabalho braçal de milhões de pessoas, mesmo com a globalização e a informação, mas o que se coloca em questão é que estamos gerando conhecimento subjetivo.
Em entrevista exclusiva à Carta Maior, Maurizio Lazzarato:
“Capitalismo sempre foi a relação entre a tecnologia, o saber e o próprio capital. O que muda é o tipo de tecnologia e de saber envolvidos na relação. São tecnologias novas que concernem à mente, tecnologias biológicas. E o saber mudou porque diz respeito a essas relações. O Capitalismo Cognitivo trabalha contemplando todas essas relações e saberes. Também sobre as relações cognitivas, de opinião, sobre o trabalho da mente, sobre formas de comunicação.”
A perspectiva que predominava até pouco tempo, como observamos nas teorias de administração, era a linha comportamental sobre o empreendedorismo, ou seja, uma racionalidade estritamente econômica e individual, bem como de atributos pessoais do indivíduo empreendedor – para ser empreendedor o comportamento exigido era “sangue frio”, nada mais, quando empreender é gerar, além de bens materiais, novos bens imateriais, o conhecimento, a subjetividade.
Lazzarato sobre isso:
No dito capitalismo clássico, o que estava no cerne era a fabricação do objeto. Hoje, antes de fabricar o objeto é preciso fabricar o desejo e a crença. Por exemplo, vamos pensar na fabricação de um par de tênis. O calçado é produzido na China, onde o trabalho dos operários custa 2% do total. Somando o custo de tecnologia e transporte, envolvemos 50% de investimento. O restante do investimento é feito em marketing, publicidade, design, que é feito no Ocidente. O capitalismo cognitivo convive com o capitalismo clássico, a fábrica, o serviço. E há conflito entre os dois. Inclusive entre as subjetividades diferentes que vivem com capitalismos diferentes. O problema político sobre o qual é possível refletir. Não é a tecnologia que impõe. Como disse Felix Guattari, é a máquina social que produz a máquina tecnológica.”
COMO APLICAR SEU CONHECIMENTO PARA GERAR NOVOS CONHECIMENTOS 
De acordo com DRUCKER, o recurso econômico básico no mundo contemporâneo – “os meios de produção”, para usar uma expressão dos economistas – não é mais o capital, nem os recursos naturais (a “terra” dos economistas), nem a “mão de obra”. Ele é e será o conhecimento. As atividades centrais de criação de riqueza não serão nem a alocação de capital para uso produtivo, nem a “mão de obra”. [...]. Hoje o valor é criado pela “produtividade” e pela “inovação”, que são aplicações do conhecimento ao trabalho.
Os principais grupos sociais da sociedade do conhecimento serão os “trabalhadores do conhecimento” – executivos que sabem como alocar conhecimento para usos produtivos, assim como os capitalistas sabiam como alocar capital para isso, profissionais do conhecimento e empregados do conhecimento”. Por volta de 1960, esse autor criou as expressões “Trabalho do conhecimento” e “Trabalhador do Conhecimento”.
A maioria dos funcionários das empresas do conhecimento são profissionais altamente qualificados e com alto nível de escolaridade – isto é, são trabalhadores do conhecimento. Lembra do começo da nossa aula, a função deste trabalhador é transformar informação em conhecimento. 
Os ativos intangíveis hoje são muito mais valiosos que os bens tangíveis. Você pode questionar aqui que isso é uma pequena minoria. Mas observe, já foi uma minoria bem menor e hoje está se expandindo. O verdadeiro líder é aquele que sabe transmitir o conhecimento, criando novos líderes.
O “trabalhador do conhecimento”, portanto, é sobretudo alguém que incorporou ao seu modelo mental e às suas atividades uma postura mais pró-ativa. É aquele também que, tendo em vista a complexidade do mundo em que vive, sabe que ninguém mais detém sozinho o conhecimento necessário para que as coisas aconteçam. Portanto, sua autoimagem não é a de “mais uma peça na engrenagem”, um “recurso humano”, como acontecia na era industrial,mas sim a de alguém que faz a diferença.

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