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Cirrose hepática Conceito Lesão hepática crônica de caráter multifatorial que leva a de macronódulos de regeneração hepática circundados por fibrose gerando cicatrizes e insuficiência hepática Apresenta-se por meio de duas grandes síndromes Síndrome de hipertensão portal Insuficiência hepática Etiologia Mais frequentes Hepatite C Doença Hepática Alcoólica Esteatose não alcoólica Hepatite crônica B Hepatite crônica autoimune Cirrose biliar Hemocromatose OBS: não é infrequente que o paciente apresente cirrose hepática por duas causas Menos frequentes Medicamentos Metildopa Amiodarona Isoniazida Doenças metabólicas genéticas Deficiência de α1-antitripsina Tirosinemia Doenças do armazenamento de glicogênio Galactosemia Abetalipoproteinemia Doença de Wilson Infecções Esquistossomose Equinococose Sífilis terciária e congênita Brucelose Cardíaca Fígado de estase na ICC direita, na pericardite Fisiopatologia Agressões → Hiperatividade das células hepáticas estreladas → Aumento da deposição de colágeno no espaço de Disse → Fibrose → Destruição da arquitetura que dificulta fluxo sanguíneo dentro do fígado, em níveis cada vez maiores da periferia para o centro → Constrição dos sinusoides hepáticos → Aumento da resistência vascular → Aumento do calibre da veia porta → Hipertensão portal sinusoidal Envolvimento de múltiplos órgãos Vasodilatação esplâncnica Vasodilatação sistêmica: retenção de H2O e Na+ Vasoconstrição renal: contribui lentamente para o desenvolvimento da síndrome hepatorrenal Vasodilatação cerebral: pode levar a edema cerebral e encefalopatia hepática (uma das teorias) Por que há ⬆ do NO? É uma tentativa de vasodilatação local diante da vasoconstrição portal O problema disso é que esse aumento de NO se reflete no corpo como um todo e pior: em um individuo que já está vasodilatado sistemicamente Assim, o pulmão (entre outros locais) vai ser prejudicado, porque seus vasos estarão sendo mais estimulados ainda para vasodilatar, mesmo já estando vasodilatado. O que promove má oxigenação das hemácias e baixa oferta de O2 pros demais tecidos. Diagnóstico Anamnese + exame físico OBS: Não existem sinais patognomônicos de cirrose. Nenhum sinal isolado é capaz de diagnosticá-la Exames complementares ⬇ plaquetas Função hepática ⬆ tempo de protrombina prolongado (INR) ⬇ albumina ⬆ bilirrubina Avaliação de lesão hepática: TGO/TGP Enzimas canaliculares: fosfatase alcalina e gama GT Amônia (em pacientes com encefalopatia) Sorologias: hepatites B e C Alfa feto-proteína Exames de imagem USG com Doppler TC de fígado REMA de abdome Exames histológicos Biópsia de fígado (permite determinar a etiologia) Lóbulos completamente distorcidos com formação de nódulo Depósito muito expressivo de colágeno Tratamento Prevenir descompensações Reduzir fibrose hepática Rastrear a presença de varizes esofágicas Transplante hepático Fatores preditivos de mau prognóstico idade > 60 anos cardiopatia concomitante Paciente deve estar sem beber por pelo menos 6 meses Contraindicações Doença maligna extra-hepática ativa, incurável Sepse não tratável, ativa Doença coronariana sintomática, não passível de revascularização Hepatite alcoólica fulminante Indicações Hepatite fulminante Cirrose hepática descompensada Carcinoma hepatocelular MELD > 15 Prognóstico Critérios MELD Componentes Necessidade de diálise 2x nas duas últimas semanas (sim ou não) Bilirrubina RNI Sódio Creatinina Estima a mortalidade em 3 meses Utilizado como critério de prioridade para encaminhamento para transplante (MELD >15) Utilizado para pacientes com doença hepática descompensada Pontuação 6: chance de moralidade zero 40: paciente com praticamente 100% mortalidade Quanto maior o MELD, mais alta a posição na fila Critério de Child-Pugh Avalia o risco de descompensação de pacientes com hipertensão portal ou cirróticos Grau A (5-6 pontos): pouca chance de descompensação, grande chance de sobreviver aos procedimentos Grau B (7-9 pontos): chance relativa de descompensação e sobrevivência Grau C (10-15 pontos): sinais de descompensação e baixa chance de sobrevivência Candidato à transplante hepático Quadro clínico Exame físico Circulação venosa colateral na parede abdominal (cabeça de medusa) Sopro de Curverlier – Baumgarten Hepatoesplenomegalia Flapping Ginecomastia Atrofia testicular Virilização Contratura de Dupuytren Alterações ungueais: unhas de Muehckers e unhas de Terry Manifestações gerais Astenia Anorexia Emagrecimento Perda de massa muscular Osteoporose Prurido Equimoses fáceis Encefalopatia Sintomas congestivos Edema de membros inferiores Hepatomegalia Ascite Insuficiência hepática Icterícia e prurido Encefalopatia hepática Sangramento de TGI Sintomas cutâneos Telangiectasias Eritema palmar Aranhas vasculares Descompensacões Ascite Acúmulo de líquido livre ascítico na cavidade abdominal Avaliação laboratorial Contagem de células totais do líquido ascítico Proteínas totais e do líquido Albumina (gradiente sero-ascítico da albumina = albumina sérica - albumina do líquido ascítico) ⬆ > 1,1 g/dL → Hipertensão portal ⬇ < 1,1 g/dL → sugestivo de neoplasias Tratamento Grau I (pequeno volume)Restrição de sódio Grau II (moderado volume)Repouso no leito, restrição de sódio moderada, furosemida, espironolactona Grau III (grande volume)Paracentese de alívio, expansão de volume (albumina, dextranos e coloide) Refratária Shunt Transplante Peritonite bacteriana espontânea (PBE) Complicação comum em pacientes com ascite (o acúmulo de líquido favorece o crescimento bacteriano) Quadro clínico Assintomáticos Febre + dor abdominal + peritonite Diagnóstico ⬆ contagem de neutrófilos (> 250/mm3) Exame bacteriológico de cultura TratamentoAntibiótico Encefalopatia hepática Complicação comum em hepatopatas decorrente de uma disfunção hepatocelular e/ou shunt porti-sistêmico com acúmulo de substâncias tóxicas ao organismo (amônia, mecaptanos) Fatores precipitantes Hemorragias do TGI Aumento da ingesta proteica Obstipação Azotemia Desequilíbrio eletrolítico Medicamentos (duréticos e sedativos) Infecções Cirurgias Agressões hepáticas Diagnóstico eminentemente clínico Quadro clínico Agudo ou crônico Allterações de comportamento e personalidade Alterações da consciência Asterix: hiperreflexia + rigidez + convulsões EEG mostrando alterações típicas Tratamento Identificação e correção dos fatores precipitantes Redução dos níveis de amônia Varizes esofágicas com hemorragia Varizes não identificadas e de pequeno calibre: EDA de acompanhamento Médio calibre ou superior devem receber algum tipo de profilaxia para sangramento varicoso (ex.: betabloqueadores) Tratamento Shunt cirúrgico TIPS Icterícia Síndrome hepatorrenal Tipo 1Causa mais lesão renal aguda Tipo 2 Lentamente progressiva, especialmente em pacientes que têm ascite, se tornando intratável Desenvolvem complicações do tratamento pela terapia com diurético Síndrome hepatopulmonar ⬆ NO → vasodilatação pulmonar → passam mais hemácias do que deveriam passar pelo capilar → redução da oxigenação
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