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Nutrição e Dietética
Aula 3: Recomendações nutricionais
Apresentação
As recomendações nutricionais estipulam valores de nutrientes para o cálculo e para a análise de dietas. Nesta aula,
vamos discutir o que são as recomendações e os valores para os macronutrientes.
Objetivos
Explicar as de�nições de recomendações nutricionais;
Descrever as recomendações de macro e micronutrientes, �bras alimentares, frutas e vegetais para adultos sadios.
 Necessidades nutricionais humanas
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O alcance das necessidades nutricionais faz parte do planejamento de uma dieta equilibrada, na qual o objetivo do
nutricionista é satisfazer as necessidades nutricionais humanas do, entre elas:
Crescimento corporal.
Manutenção do funcionamento orgânico.
Reparo tecidual.
Desgaste orgânico.
As necessidades energéticas e nutricionais variam de acordo com: Idade, sexo, estatura, peso, estado �siológico e
nível de atividade física. E, portanto, é essencial que o nutricionista consiga diferenciar dois conceitos importantes na
hora de avaliar um paciente ou propor um plano alimentar:
1. Necessidade nutricional: As necessidades nutricionais representam os valores �siológicos individuais
necessários para satisfazer e permitir a realização das suas funções �siológicas normais e, desta forma, prevenir
sintomas de de�ciências. São expressas na forma de médias para grupos semelhantes da população.
2. Recomendação nutricional: As quantidades de energia e de nutrientes que devem conter os alimentos
consumidos para satisfazer as necessidades de quase todos os indivíduos de uma população saudável. Assim, as
recomendações nutricionais baseiam-se nas necessidades de 97,5% da população.
 Fonte: Shutterstock
 Dietary Teference Intakes (DRIs)
Para auxiliar o nutricionista nestes cálculo e análise, temos as Dietary Teference Intakes (DRIs).
Mas do que são DRIs? E desde quando utilizamos estes conceitos para
planejar um cardápio?
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Clique nos botões para ver as informações.
As Dietary Reference Intakes (DRIs) são um conjunto de valores de referência para nutrientes especí�cos. Para os DRIs,
um requisito é de�nido como menor nível de ingestão contínua de um nutriente que, para um indicador especí�co de
adequação, irá manter o indivíduo nutrido em relação a este nutriente.
O que são as DRIs? 
As DRIs são usadas para o planejamento de dietas, para de�nição de rotulagem e planejamento de programas de
educação nutricional. Sendo abrangente e essencial para a determinação de valores de nutrientes, buscando a redução
do risco de doenças crônicas não transmissíveis, baseando-se em dados de segurança e e�cácia, estabelecendo níveis
superiores de ingestão.
Como as DRIs são utilizadas? 
Um pouquinho de história para que você possa entender como chegamos a este padrão de prescrição. Em 1941, as
recomendações nutricionais (Recommended Dietary Allowances — RDAs) foram estabelecidas pela Food and Nutrition
Board/National Research Council. As RDAs são conhecidas como níveis de ingestão de nutrientes essenciais e
adequados para atingir as necessidades de nutrientes dos indivíduos saudáveis.
História da prescrição das DRIs 
 Categorias de valores de referências para consumo de
nutrientes
Para aperfeiçoar o uso do conceito das recomendações nutricionais, em 1997, o Institute of Medicine dos Estados Unidos
(IOM) e a agência Health, no Canadá, desenvolveram um conjunto de valores de referência para a ingestão de nutrientes
(Dietary Reference Intakes — DRIs) a serem utilizados no planejamento e na avaliação das dietas de indivíduos e populações
saudáveis, substituindo, dessa forma, as RDAs. As DRIs são apresentadas em quatro categorias de valores de referências
para consumo de nutrientes.
Estas categorias são:
ULs são úteis devido ao aumento da disponibilidade de alimentos forti�cados e ao aumento do uso de suplementos
dietéticos. Estão baseados na ingestão total de um nutriente do alimento, água e suplementos, se o efeito adverso estiver
associado com a ingestão total.
Entretanto, se os efeitos adversos estiverem associados apenas com a ingestão de suplementos ou de alimentos
forti�cados, o valor de UL será baseado na ingestão do nutriente apenas destas fontes, não na ingestão total. UL se aplica a
uso diário crônico.
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Categorias de
valores para
consumo de
nutrientes
Estimated
Average
Requirement
(EAR)
(Necessidade Média Estimada): Este valor corresponde à média das necessidades de um nutriente em
um grupo de indivíduos saudáveis de mesmo sexo e estágio de vida, atendendo às necessidades de
50% da população.
Recommended
Dietary
Allowance
(RDA )
(Ingestão Dietética Recomendada): Essa categoria de valores deve atender às necessidades de um
nutriente entre 97 a 98% dos indivíduos saudáveis. É importante lembrar que a RDA é um valor de
referência utilizado como meta de ingestão na elaboração da dieta para indivíduos saudáveis.
Adequate
Intake (AI)
(Ingestão Adequada): Valor de referência utilizado quando o conjunto de informações científicas não é
suficiente para o cálculo da necessidade média estimada (EAR). Nesse caso, utiliza-se a AI quando os
valores de EAR ou RDA não podem ser determinados.
Tolerable
Upper Intake
Level (UL)
(Nível Máximo de Ingestão Tolerável): É o mais alto valor de ingestão diária e apresenta isenção de
riscos adversos à saúde para quase todos os indivíduos. Portanto, não é um nível de ingestão
recomendável, uma vez que se questiona os benefícios do consumo de nutrientes acima dos valores
de RDAs ou AIs.
Atenção! Aqui existe uma videoaula, acesso pelo conteúdo online
As DRIs são utlizadas como base para pro�ssionais de nutrição, sendo
representadas por valores a �m de satisfazer as necessidades nutricionais
dos indivíduos e prevenir sintomas de de�ciências.
Para prescrição das quantidades totais do macronutrientes, as DRIs sugerem a utilização da faixa de distribuição aceitável
de macronutrientes (Acceptable Macronutrient Distribution Ranges — AMDR).
Esses intervalos de distribuição de macronutrientes estão associados ao risco reduzido de doenças crônicas, proporcionando
a ingestão recomendada de outros nutrientes essenciais.
Leia, no texto a seguir, as referências recomendáveis para carboidratos, �bras dietéticas, proteínas e lipídeos.
 Valores recomendáveis
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Valores recomendáveis
Para os carboidratos
AMDR: 45 – 65% do valor calórico total (VCT)
RDA: 130 g/dia para adultos, baseado na quantidade mínima média de glicose utilizada pelo cérebro sem que exista
a necessidade de utilizar fontes alternativas de lipídio e proteína.
Açúcares: não está de�nido a UL para açúcares totais ou de adição, mas é sugerido um nível de ingestão máximo de
25%, ou menos, de energia proveniente de açúcares de adição.
A ingestão de carboidratos, no entanto, excede a esse valor para atender às necessidades de energia do organismo,
quando são consumidas quantidades aceitáveis de lipídios e de proteínas. O consumo médio de carboidratos é de
200 a 330 g/dia para homens e de 180 a 230 g/dia para mulheres.
As recomendações não levam em consideração o índice glicêmico dos alimentos, devido à falta de evidências que
comprovem seu papel na prevenção de doenças crônicas não transmissíveis.
Outro ponto importante a ser considerado diz respeito ao aumento da produção de beta-hidroxibutírico e ácido
acetoacético, popularmente conhecidos como corpos cetônicos, em dietas insu�cientes em carboidrato por tempo
prolongado. Na maioria das vezes, essas dietas acabam sendo de�cientes em vitaminas hidrossolúveis, podendo
resultar em perda óssea e aumentar o risco de litíase renal.
Para as �bras dietéticas
AI para �bra total: 38 g/dia homens e 25 g/dia mulheres com idades de 19 a 50 anos.
Não estão de�nidos AMDR e UL.
As recomendações atuais de ingestão de �bra alimentar na dieta variam de acordo com a idade, o sexo e o consumo
energético, sendo a recomendação adequada em torno de 14 g de �bra para cada 1.000 kcal ingeridas.A ingestão de �bras da dieta parece estar associada a uma redução signi�cativa dos níveis de glicose, pressão
arterial e de lipídeos séricos. Adicionalmente, há dados sobre redução de doenças crônicas, incluindo Doença
Cardiovascular (DCV), Diabetes Mellitus (DM) e neoplasia de cólon em indivíduos com maior ingestão de �bras. Em
pacientes com DM, a ingestão de �bras está associada à redução dos níveis de pressão arterial, glicose e presença
de Síndrome Metabólica (SM) e/ou seus componentes.
Em relação à in�amação de baixo grau, a ingestão parece estar associada a menores valores dos marcadores
in�amatórios e poderia ser uma ferramenta no seu tratamento. Uma ingestão de �bras de pelo menos 30 g/dia, bem
como a variedade de alimentos fontes de �bras (frutas, verduras, grãos integrais e farelos) são fatores relevantes
para que os benefícios sejam observados.
Para as proteínas
AMDR: 10 – 35% do valor calórico total (VCT)
RDA: para homens e mulheres acima de 18 anos de idade é de 0,8 g/kg/dia de proteína de boa qualidade.
Este valor foi determinado, levando em consideração que esta ingestão de proteína diária seria su�ciente para
manter equilibrado o balanço nitrogenado.
Vale relembrar o conceito de balanço nitrogenado, que é expresso pela diferença entre a quantidade de nitrogênio
ingerida e a quantidade excretada pelo organismo. Caso ele esteja positivo (ingestão maior que excreção), o corpo
está mantendo as suas proteínas e sintetizando outras novas, ou seja, em estado de anabolismo.
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Se o balanço estiver negativo (excreção maior que ingestão), indica que a proteína está sendo utilizada para a
obtenção de energia e que está havendo uma possível utilização de aminoácidos, principalmente a partir do músculo
esquelético, ou seja, em estado de catabolismo.
Deve-se ter atenção, contudo, à ingestão excessiva de proteína. Em alguns casos, é prejudicial, pois pode afetar o
metabolismo hepático e renal, já que muitos subprodutos do metabolismo proteico e nitrogenado têm suas síntese e
excreção nesses órgãos. Valores de ingestão proteica acima de 5 g/kg/dia podem apresentar respostas metabólicas
indesejadas, mesmo em atletas, como, por exemplo, hiperamonemia e mesmo esteatose hepática.
Para os lipídeos
AMDR: 10 – 35% do valor calórico total (VCT).
Não foram estabelecidas AI, RDA, ou UL.
A prescrição usual diária de gorduras é de 25% a 30% do valor calórico total, preferencialmente, proveniente de
alimentos vegetais e/ou de seus respectivos óleos, lembrando que, por serem ricos em calorias, devem ser
consumidos moderadamente.
Recomenda-se que os lipídios sejam estabelecidos de acordo com as metas do tratamento, distribuindo-se o lipídio
total em até 7% de ácidos graxos saturados, 10% de poli-insaturados e os ácidos graxos insaturados devem ser
complementados de forma individualizada.
Sobre os ácidos graxos essências, sugere-se a ingestão de ácido linoleico (ômega-6) em indivíduos saudáveis AI: 17
g/dia para homens; 12 g/dia para mulheres; ressaltando que as de�ciências de ômega-6 na dieta estão relacionadas
a dermatites.
Para o ácido linolênico (ômega-6), sugere-se AI: 1,6 g para homens e 1,1 g para mulheres; devido a seu papel
fundamental na membrana estrutural dos lipídios, em especial o tecido nervoso, e na retina.
É importante ressaltar que, ao avaliar uma dieta saudável, deve-se levar em consideração alguns fatores que afetam
a variação da ingestão de nutrientes, como:
Variedade e monotonia nas escolhas alimentares individuais;
Apetite — que pode estar relacionado a mudanças na atividade física, no ciclo menstrual;
Dia da semana, férias, ocasiões especiais.
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 Atividade
1. Para a avaliação do consumo alimentar do indivíduo, conforme as DRIs, a RDA é o melhor valor de referência, pois ela
atende às necessidades de 97% da população saudável.
Certo
Errado
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2. Os macronutrientes, carboidratos, lipídeos e proteínas são responsáveis pelo fornecimento de energia. A recomendação de
proteína dentro da dieta para indivíduos saudáveis, considerando a AMDR, é de:
a) 25-30%
b) 0-60%
c) 10-35%
d) 25%
e) 75%
3. São valores de referência de ingestão de nutrientes: ingestão adequada, necessidade média estimada e limite superior de
ingestão tolerável. Sobre o limite superior de ingestão tolerável, é correto a�rmar:
a) Baseia-se na ingestão experimentalmente derivada da ingestão média de um referido nutriente por um grupo populacional.
b) É utilizada para o estabelecimento da ingestão dietética recomendada.
c) Refere-se ao maior nível de ingestão, sem que ocorra efeito adverso para um determinado nutriente.
d) É o nível médio de efeito adverso não observado para um determinado nutriente.
e) É o nível médio de ingestão diária de nutrientes que causa efeito adverso à saúde.
4. Considerando a ingestão diária recomendada (IDR), é correto a�rmar que:
a) Na avaliação de adequação da dieta, caso a ingestão dietética esteja entre a necessidade média estimada (EAR) e a ingestão dietética
recomendada (RDA), haverá risco de inadequação e, provavelmente, a prescrição ainda deve ser aumentada.
b) As recomendações de nutrientes a partir da IDR foram elaboradas com base em estudos referentes à população brasileira e à norte-
americana, por isso, podemos ter confiança ao recomendar tais valores a nossa população.
c) Se a ingestão de um determinado nutriente estiver acima da ingestão dietética recomendada (RDA) e, ao mesmo tempo, um número
expressivo de dias tiver sido avaliado por meio de um inquérito dietético, é provável que a ingestão esteja inadequada.
d) O limite superior tolerável de ingestão (UL) é o valor máximo de recomendação de nutrientes sem risco de apresentar efeitos adversos à
saúde, e, portanto, apenas os médicos podem fazer suplementação com base nesses valores de referência.
e) Na avaliação da adequação do consumo alimentar de um indivíduo, é preconizada a comparação mediante a ingestão dietética
recomendada (RDA).
Notas
Referências
CUPPARI, L. Guia de nutrição: nutrição clínica no adulto. 2. ed. São Paulo: Manole, 2005.
PADOVANI, R. M.; AMAYA-FARFAN, J.; COLUGNATI, F. A. B.; DOMENE, S. M. A. Dietary reference intakes: aplicabilidade das
tabelas em estudos nutricionais. Rev. Nutr. [online], v. 19, n. 6, p. 741-760, 2006.
Próxima aula
Guia Alimentar da População Brasileira.
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