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resumo - Câncer de Colo Uterino

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CANCER DE COLO UTERINO!
Câncer de colo uterino representa cerca de 23% das 
neoplasias ginecológicas malignas, apenas precedido 
pelo câncer de mama como maior incidente; 
E P I D E M I O L O G I A 
acomete, em média, mulheres entre 40 e 50 anos, 
principalmente nas regiões brasileiras mais carentes de 
recursos e com baixos indicadores de saúde; 
terceira causa de morte por câncer no sexo feminino; 
estima-se que a progressão da NIC para o câncer 
invasor ocorra em torno de 7 anos; aproximadamente 
60% das mulheres que desenvolvem câncer cervical 
não haviam realizado o rastreamento há 5 anos ou 
mais; 
possui diagnóstico acessível e de baixo custo, o que 
favorece a prevenção por meio do rastreamento pela 
citologia oncótica (Papanicolaou) e a educação sexual, 
visando à redução do principal fator de risco: 
contaminação genital pelo papilomavírus humano (HPV) 
F A T O R E S D E R I S C O 
— principais fatores de risco estão direta ou 
indiretamente ligados à infecção pelo HPV, presentes 
em mais de 99% dos casos — 
Início precoce de atividade sexual: maior risco de 
exposição aos diversos subtipos do HPV, 
principalmente os mais oncogênicos; 
Multiparidade: múltiplos mecanismos de lesão e 
reparação/cicatrização do colo uterino, assim como 
maior exposição ao HPV; 
Número elevado de parceiros sexuais: chance 
aumentada de contrair Infecções Sexualmente 
Transmissíveis (ISTs), que são portas de entrada para o 
HPV; 
Tabagismo: alteração de resposta imune genital, 
levando à diminuição das capacidades de combate ao 
HPV e dos mecanismos de reparação celular; 
Imunossupressão: transplantadas, doenças do 
colágeno e autoimunes; 
Infecção pelo vírus HIV: imunodeficiência; 
Infecção pelo vírus HPV – principalmente os 
subtipos 16 e 18: considerada o principal fator 
etiológico da doença; 
Antecedentes de ISTs: as ISTs costumam estar 
associadas à coinfecção por HPV; 
Deficiência de alfa-1-antitripsina: única alteração 
genética relacionada ao câncer de colo uterino. 
Q U A D R O C L I N I C O 
— as lesões precursoras do colo uterino (neoplasias 
intraepteliais cervicais) podem ser assintomáticas ou 
oligossintomáticas — 
Sintomas da forma invasora da doença ——— 
 1. Sinusorragia – sangramento às relações 
sexuais; 
 2. Corrimento fétido; 
 3. Sangramento genital irregular; 
 4. Caquexia; 
 5. Disúria, oligúria e perda involuntária de urina 
por fístulas; 
 6. Dispareunia; 
 7. A tríade clínica que demonstra o 
acometimento da parede pélvica é formada por edema 
unilateral do membro inferior, lombociatalgia e 
hidronefrose, todos ipsilaterais ao crescimento tumoral. 
D I A G N O S T I C O 
diagnóstico baseia-se na anamnese e no exame físico 
ginecológico, além de colposcopia e biópsia da lesão; 
Anamnese —————————————— 
durante a anamnese, devem-se valorizar as queixas de 
sangramento genital irregular e/ou associado a 
relações sexuais, presença de corrimento fétido, 
aquoso contínuo, queda do estado geral com 
emagrecimento e diminuição do volume urinário por 
obstrução da via urinária – crescimento tumoral; 
principal causa de sangramento pós-coital é a ectopia, 
entretanto, em toda paciente com queixa de 
sinusorragia é necessário descartar a presença de 
câncer de colo uterino; 
Exame físico ————————————— 
exame do abdome, em geral, é pouco informativo; 
é importante pesquisar sinais clínicos de hidronefrose 
e, consequentemente, insuficiência renal, como edema 
de membros inferiores e sinal de Giordano; 
exame dos órgãos genitais internos é mais rico, 
podendo apresentar desde aumento global do colo 
uterino com preservação de seu contorno e superfície 
até a presença de massas tumorais exofíticas, 
crateriformes, vegetantes, que não guardam quaisquer 
semelhanças anatômicas com o colo uterino normal; 
presença de necrose na superfície dessas lesões é 
comum, ocasionando facilmente sangramentos e 
infecções secundárias por germes anaeróbios que 
exalam odor característico; 
avaliação retal, por meio do exame digital, é 
imprescindível, pois avalia o comprometimento dos 
ligamentos paramétricos e mucosa retal, definindo 
aspectos fundamentais do estadiamento da doença; 
— principal exame para diagnóstico do câncer de colo 
uterino é a colposcopia com biópsia — 
 P R O P A G A Ç Ã O 
O câncer de colo propaga-se por três vias principais: 
 Contiguidade: paramétrios, paracolpo – tecido 
conjuntivo ao redor da vagina –, bexiga e reto; 
 Continuidade: vagina e corpo uterino; 
 Via linfática: inicialmente, para linfonodos 
paracervicais. Em seguida, aos parametriais, 
obturadores, ilíacos internos e externos e, 
posteriormente, aos linfonodos ilíacos comuns, para-
aórticos e inguinais 
propagação hemática ocorre para o fígado, pulmões, 
cérebro, ossos e linfonodos supraclaviculares; 
A N A T O M I A P A T O L O G I C A 
tipo histológico mais comum é o carcinoma de células 
escamosas (CEC), que representa 70 a 80% dos 
casos, também é chamado de carcinoma espinocelular 
ou carcinoma epidermoide; 
existe clara tendência de elevação da prevalência do 
adenocarcinoma, que é a segunda histologia mais 
encontrada, responsável por cerca de 15 a 20% das 
neoplasias malignas cervicais; 
E S T A D I A M E N T O 
câncer de colo uterino é o único tumor genital cujo 
estadiamento ainda é clínico; 
de acordo com o estadiamento proposto pela FIGO 
(International Federation of Gynecology and 
Obstetrics) os seguintes parâmetros devem ser 
analisados: 
• Dados anatomopatológicos – conização – “nos 
casos de tumores microinvasivos; 
• Exames ginecológicos especular e 
colposcópico; 
• Toque vaginal bimanual; 
• Toque retal – avaliação parametrial; 
• Raios X de tórax – doença metastática; 
• Cistoscopia – invasão da bexiga; 
• Retoscopia – invasão do reto; 
• Urografia excretora – hidronefrose; 
Estadiamento do câncer de colo uterino ——— 
 1. 0: câncer in situ; 
 2. I: restrito ao colo uterino; 
 3. Ia: câncer invasor diagnosticado apenas por 
microscopia – invasão do espaço vascular não altera 
estadiamento; 
 4. Ib: lesão clínica confinada ao colo e maior 
do que o estádio Ia2; 
 5. Ia1: invasão de até 3 mm de profundidade, 
em relação à lâmina basal, e 7 mm de extensão 
horizontal; 
 6. Ia2: invasão de 3 a 5 mm de profundidade, 
em relação à lâmina basal, e 7 mm de extensão 
horizontal. Os estádios Ia1 e Ia2 são classificados 
como carcinoma microinvasor; 
 7. Ib1: lesão clínica não maior do que 2 cm; 
 8. Ib2: lesão clínica com 2 cm ou mais, mas 
não maior que 4 cm; 
 9. Ib3: lesão clínica com 4 cm ou mais; 
 10. II: envolvimento da vagina, mas não do 
terço inferior, ou invasão de um ou ambos os 
paramétrios sem invadir a parede pélvica; 
 11. IIa: envolvimento da vagina, sem o terço 
inferior; 
 12. IIa1: envolvimento da vagina, sem o terço 
inferior, com tumor menor do que 4 cm; 
 13. IIa2: envolvimento da vagina, sem o terço 
inferior, com tumor de 4 cm ou maior; 
 14. IIb: envolvimento dos paramétrios sem 
atingir a parede pélvica; 
 15. III: envolvimento da vagina até seu terço 
inferior, ou de um ou ambos os paramétrios até a 
parede pélvica; 
 16. IIIa: envolvimento da vagina até o terço 
inferior; 
 17. IIIb: envolvimento de um ou ambos os 
paramétrios até a parede pélvica, ou compressão 
ureteral gerando hidronefrose ou rim não funcionante; 
 18. IIIc: metástases em linfonodos pélvicos e/
ou paraórticos; 
 19. IV: extensão da neoplasia para fora do trato 
genital; 
 20. IVa: envolvimento de reto e/ou bexiga; 
 21. IVb: metástases a distância; 
F A T O R E S P R O G N Ó S T I C O S 
 Estadiamento: quanto mais precoce o 
diagnóstico, maiores as possibilidades de tratamento, 
sobrevida ecura; 
 Comprometimento linfonodal: queda na 
probabilidade de cura em cerca de 40% na presença 
de metástase nodal; 
 Tipo histológico: o CEC tem melhor 
prognóstico do que os demais tipos histológicos. 
Adenocarcinoma costuma apresentar pior prognóstico; 
 Grau de diferenciação celular: quanto mais 
bem diferenciado, melhor o prognóstico da doença; 
 Diâmetro tumoral: quanto maior o tumor, 
maior a probabilidade de recidiva e de 
comprometimento linfonodal; 
 Envolvimento parametrial: o acometimento 
do paramétrio é sinal de mau prognóstico; 
 Invasão angiolinfática ou vascular: se 
presente, determina risco maior de recorrência e menor 
sobrevida; 
 Idade da paciente: o carcinoma invasor em 
jovens, menores de 40 anos, costuma ter 
comportamento mais agressivo. 
T R A T A M E N T O 
tratamento do câncer de colo uterino envolve cirurgia, 
radioterapia e quimioterapia, em associação ou 
isoladamente; 
estudamos o tratamento segundo o estadiamento do 
tumor; 
independentemente da modalidade de tratamento a que 
a paciente tenha sido submetida, cirúrgica ou 
radioterápica exclusiva, o seguimento ideal preconiza: 
 1. Avaliação por meio de citologia, colposcopia 
do fundo vaginal e toque retal – verificar 
comprometimento de paramétrios – a cada 3 meses, 
nos dois primeiros anos; 
 2. Do segundo ao quinto ano de seguimento, 
os controles indicados podem ser realizados a cada 
semestre; após o quinto ano, o controle será anual, 
com citologia e colposcopia do fundo vaginal. 
Resumo do tratamento de câncer de colo uterino 
para cada estádio ——————————— 
1. 0: conização; 
2. Ia1: prole completa: histerectomia total (Piver I); 
sem prole completa: conização; 
3. Ia2: prole completa: histerectomia total, 
parametrectomia até o cruzamento dos ureteres, 
colpectomia superior e linfadenectomia (Piver II). 
Cirurgia de Piver III – mesma que Piver II, mas 
com parametrectomia total, também chamada 
cirurgia de Wertheim-Meigs – também pode ser 
aceita. Sem prole completa: traquelectomia 
radical – amputação do colo uterino, com 
preservação do corpo, colpectomia superior, 
parametrectomia até o cruzamento ureteral e 
linfadenectomia; 
4. Ib1: Piver III. Sem prole completa: 
traquelectomia radical; 
5. Ib2: Piver III; 
6. Ib3: radioterapia e quimioterapia; 
7. IIa1: Piver III; 
8. IIa2: radioterapia e quimioterapia; 
9. IIb em diante: radioterapia e quimioterapia. 
em todos os casos, se não houver condições 
cirúrgicas, radioterapia e quimioterapia serão os 
tratamentos recomendados; 
nos casos de tumores ulcerados, que apresentam 
sangramento ativo, deve-se realizar tamponamento 
vaginal mecânico, caso não seja suficiente, indica-se 
radioterapia de urgência com o objetivo de realizar 
hemostasia;

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