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Brazilian Journal of Development ISSN: 2525-8761 31676 Brazilian Journal of Development, Curitiba, v.7, n.3, p. 31676-31694 feb/mar 2021 O trabalho do consultor e as ferramentas de gestão: um ensaio teórico. The consultant's work and management tools: a theoretical essay. DOI:10.34117/bjdv7n3-744 Recebimento dos originais: 29/02/2021 Aceitação para publicação: 29/03/2021 Elane Moutinho Silva Especialista em Formação de Consultores Universidade Estadual de Santa Cruz Rod. Ilhéus-Itabuna, km. 16 E-mail:emoutinho@gmail.com Murilo Barreto Santana Doutor em Administração Universidade Estadual de Santa Cruz Rod. Ilhéus-Itabuna, km. 16 E-mail: mbsantana@uesc.br Amarildo José Morett Mestre em Administração Universidade Estadual de Santa Cruz Rod. Ilhéus-Itabuna, km. 16 E-mail: ajmorett@uesc.br Risia Kaliane Santana de Souza Doutora em Administração Instituto Federal Baiano Uruçuca-BA E-mail: risiakaliane@gmail.com RESUMO A consultoria vem ganhando bastante espaço no meio acadêmico e cada dia mais o tema é explorado por intermédio da literatura nacional e internacional. Este artigo objetiva, com foco nas atividades de planejamento e diagnóstico, compreender como a necessidade de trabalhos específicos em cada uma das fases do trabalho do consultor influenciam a escolha pelas principais ferramentas de gestão. Utilizou-se de pesquisa bibliográfica e análise de conteúdo qualitativa. Como resultados observou-se que cada uma das diferentes fases do trabalho do consultor demandas distintas características do profissional, mas também influenciam diretamente na escolha pelas principais ferramentas de gestão. Conclui-se que essa influência é resultado das necessidades e imperativos de cada fase. Palavras-chave: Consultoria, Características do consultor, Ferramentas de gestão. ABSTRACT The consultancy has been gaining a lot of space in the academic environment and the theme is increasingly explored through national and international literature. This article Brazilian Journal of Development ISSN: 2525-8761 31677 Brazilian Journal of Development, Curitiba, v.7, n.3, p. 31676-31694 feb/mar 2021 aims, with a focus on planning and diagnosis activities, to understand how the need for specific jobs in each phase of the consultant's work influences the choice of the main management tools. Bibliographic research and qualitative content analysis were used. As a result, it was observed that each of the different phases of the consultant's work demands different characteristics from the professional, but also directly influences the choice of the main management tools. It is concluded that this influence is the result of the needs and imperatives of each phase. Keywords: Consulting, Characteristics of the consultant, Management tools. 1 INTRODUÇÃO Em momentos de crise econômica como a que está sendo enfrentada em função da pandemia do COVID-19, em que as empresas podem ter significativo prejuízo financeiro e precisam atender a normas específicas de segurança orientadas pela Organização Mundial de Saúde, a gestão dos negócios fica mais comprometida. Tendo o isolamento social como uma realidade imposta, as empresas viveram e vivem momentos difíceis em que a reinvenção, a gestão de riscos e controle de custos se tornou ainda mais importante. Momentos como esse aceleram ainda mais a necessidade por profissionais especializados nas mais diversas áreas para driblar a crise e se adaptarem a nova realidade que se impõe. A consultoria, como uma das possíveis maneiras de melhorar o desempenho das organizações, existe há centenas de anos e cada vez mais oportuniza especialistas para as diversas áreas de atuação. Os profissionais da consultoria, nesse sentido, precisam desenvolver distintas características (em especial características de comportamento, conhecimento e habilidades) para desenvolver cada uma das suas fases de trabalho. O serviço de consultoria exige que o consultor seja capaz de lidar com diferentes demandas organizacionais e desenvolva capacitações específicas para cada situação. Além disso, esse profissional pode se utilizar de diversas ferramentas de gestão, a exemplo das ligadas ao planejamento e diagnóstico do problema, como Matriz SWOT, Matriz GUT, Método 5W2H e Ciclo PDCA. Consideradas essas questões, esta pesquisa busca responder ao seguinte questionamento: Com foco nas atividades de planejamento e diagnóstico, como a necessidade de trabalhos específicos em cada uma das fases do trabalho do consultor influenciam a escolha pelas principais ferramentas de gestão? Para tanto, o artigo se propõe a descrever quais os tipos de trabalhos específicos mais comuns e identificar as Brazilian Journal of Development ISSN: 2525-8761 31678 Brazilian Journal of Development, Curitiba, v.7, n.3, p. 31676-31694 feb/mar 2021 principais características necessárias aos consultores para então compreender como as principais especificidades do trabalho incentivam a escolha de determinada ferramenta de gestão. Como forma de chegar aos resultados esperados utilizou-se de pesquisa bibliográfica, que permitiu a construção de um arcabouço teórico como forma de desenvolver uma análise qualitativa dos dados. Além dessa introdução este artigo apresenta mais quatro seções. A seção seguinte é composta pelo referencial teórico que apresenta a base teórica a respeito do assunto pesquisado. A terceira seção apresenta os principais resultados da pesquisa demonstrando a possível influência dos trabalhos específicos do consultor sobre a escolha das ferramentas de gestão. Por fim, na quarta e última seção são apresentadas as considerações finais. 2 REFERENCIAL TEÓRICO 2.1 A CONSULTORIA E O CONSULTOR Segundo Pereira (1999) a consultoria pode ser considerada uma das ações mais antigas do mundo. Para Quintella (1994 apud Alves et al. 2015), registros indicam “consultorias bíblicas” como a de Arão, irmão de Moisés, e antes disso, Jetro que aconselhou Noé na construção da arca. Crocco e Guttmann (2005) citam exemplos dos druidas, magos, rabinos e sacerdotes. Pessoas consideradas sábias da época, que além de prepararem poções e aconselharem os chefes sobre diversos assuntos, orientavam os povos com o seu conhecimento, representando uma forma primitiva da consultoria. Assim, a ideia da consultoria surge a partir do aconselhamento. Surge inicialmente o tipo de consultoria de forma mais rudimentar com conselhos de como agir diante de determinado conflito diante da existência de um mercado constituído apenas pelo Estado absolutista, artesãos e comerciantes. Mas com o início da industrialização e das prestações de serviços, além da queda do estado absolutista, faz-se necessária uma evolução dessa consultoria rudimentar para uma consultoria mais técnica. (CROCCO e GUTTMANN, 2005) Com a revolução industrial, surgimento de máquinas e equipamentos para auxiliar na produção, e diante da necessidade de profissionais capacitados e qualificados para desenvolver as tarefas, o empirismo vai sendo substituído pelas pressuposições teóricas e científica. Pinto (2013, p. 01) afirma que “a primeira empresa reconhecida como consultoria de gestão foi criada em 1890 por Arthur D. Little, inicialmente especializada Brazilian Journal of Development ISSN: 2525-8761 31679 Brazilian Journal of Development, Curitiba, v.7, n.3, p. 31676-31694 feb/mar 2021 em pesquisa técnica, que mais tarde obteve especialização no que passou a ser conhecida como engenharia de gestão”. A consultoria empresarial começa a ser desenvolvida em maior escala e evoluindo ao longo dos anos. Com o fim da segunda guerra mundial a globalização estimulou ainda mais a sua importância, bem como influenciou a criação de diversas ferramentas, métodos e produtos que foram disseminados a todomundo. (PINTO, 2013). Crocco e Guttmann (2005) descrevem um pouco dessa evolução da consultoria e seus focos durante os anos após a Segunda Guerra Mundial, a mostram a preocupação das empresas e a resposta para cada problema enfrentado ao longo de diferentes épocas. Os autores, baseados nos conceitos do Institute of Management Consultants (1974, p. 27), consideram a consultoria como o serviço de “identificação e investigação de problemas que digam respeito a política, organização, procedimentos e métodos, de forma a recomendarem a ação adequada e proporcionarem auxílio na implementação dessas recomendações”. Crocco e Gutmann (2005) ainda afirma que para cada momento da vida da empresa existe uma preocupação que precisa ser respondida. E alcançado os resultados almejados em cada fase dessa, uma nova preocupação existirá, com novas respostas a serem atendidas. Todavia, os focos anteriores não são reduzidos ou descartados, eles são cumulativos, e passam a ser controlados a partir de atividades rotineiras que a empresa passa a adotar. Com o passar do tempo a consultoria ganha ainda mais importância. Os ambientes mercadológicos mais complexos, a exigência dos consumidores, o foco das empresas na qualidade e redução de custos, a preocupação com a imagem da empresa, e o controle financeiro e tributário são algumas das demandas que denotam a relevância da consultoria. (PINTO, 2013). A consultoria, bem como a figura do consultor, ganham aos poucos destaque nas literaturas nacionais e internacionais. Block (2001) assevera que consultor é aquele que exerce posição de influência sobre um indivíduo, grupo ou organização, no entanto não tem poder direto para criar as mudanças ou programas de implementação. O autor ainda declara que a partir do momento que o indivíduo assume a posição de consultor e passa a ter ação direta sobre as ações da organização, ele está agindo como um gerente. Conforme Holtz, 1997, p. 22 apud Silva 2011, p. 08 “a consultoria não é uma profissão em si mesma, mas uma maneira de exercer uma profissão. Elas simplesmente modificam a maneira e, muitas vezes, o tipo de indivíduos e de organizações aos quais prestam os seus serviços.” Brazilian Journal of Development ISSN: 2525-8761 31680 Brazilian Journal of Development, Curitiba, v.7, n.3, p. 31676-31694 feb/mar 2021 Crocco e Guttmann (2005) acrescentam algumas importantes características do consultor, como perícia escrita e verbal, capacidade analítica, autenticidade e ética que determinam as características do consultor. Conforme os autores, os atributos básicos dos consultores podem ser divididos em três: Comportamento- Trata-se de como o consultor se apresenta, sendo alguns dos comportamentos desejados: interatividade, proatividade, racionalidade, valores consolidados, comprometimento; Conhecimento- Trata-se dos saberes necessários para a consultoria, sendo divididos em conhecimentos comuns (sustentação conceitual e prática, raciocínio lógico, inteligência empresarial, tratamento da informação e administração do tempo para execução das atividades necessárias) e conhecimentos específicos (experiência, educação formal e de extensão, idiomas e outras formas de conhecimento e, os diferenciais que o diferencia dos demais profissionais; Habilidade- Trata-se do conhecimento específico do consultor, suas técnicas, comunicação, relacionamento humano, administração do tempo, físico e financeiro para alcance dos resultados e, motivação. Por sua vez, Block (2001) versa a respeito das principais habilidades, dividindo em habilidade técnica, a habilidade interpessoal e a habilidade de consultoria. A habilidade técnica diz respeito a especialização que o consultor tem para prestar seus serviços. Trata-se do conhecimento técnico que o profissional consultor precisa para executar o trabalho e ajudar seu cliente. Por sua vez, a habilidade interpessoal, se refere às qualificações que o consultor carece para o trato com pessoas. Habilidades interpessoais como assertividade, ser bom ouvinte, dar apoio ou discordar de forma razoável, bom relacionamento, boa comunicação, são capacidades interpessoais que um consultor eficaz deve possuir. E por último está a habilidade de consultoria. Que nada mais é do que realizar uma boa consultoria executando as fases envolvidas no processo de forma competente. 2.2 FASES DA CONSULTORIA É importante saber que independentemente do tipo ou do tempo estimado para conclusão, a consultoria é um processo que deve seguir uma sequência respeitando cada fase desse processo. (BLOCK, 2011). Essas etapas da consultoria são classificadas de forma diferente por diversos autores, porém a essência é a mesma. Este trabalho destaca as fases propostas por Block (2011). São elas: Fase 01 – Entrada e Contrato; Fase 02 – A Coleta de Dados e o Diagnóstico; Fase 03 – Feedback e Decisão de Agir; Fase 04 – Engajamento e Implementação; Fase 05 – Extensão, Reciclagem ou Término. Brazilian Journal of Development ISSN: 2525-8761 31681 Brazilian Journal of Development, Curitiba, v.7, n.3, p. 31676-31694 feb/mar 2021 2.2.1 Fase 01 – Entrada e Contrato Trata-se do contato inicial do consultor com a empresa cliente. Entenda como contato inicial também, toda a pesquisa feita pelo consultor sobre a organização antes da primeira reunião com o cliente. Oliveira (2001, apud Jacintho 2004) classifica essa fase como Identificação, em que o consultor faz uma sondagem e reconhecimento da empresa em que fará seu trabalho. Para Block (2001) é na fase de Entrada e Contrato que o consultor identificará os problemas da empresa, determinará as expectativas do cliente e definirá como iniciar o projeto. É preciso ser claro na negociação, tanto cliente como consultor para que o projeto corra da melhor forma possível. O cliente demostrará seus desejos e o consultor mostrará as ofertas. A relação cliente consultor precisa ser de parceria, pois o objetivo de ambos é alcançar a melhora da empresa. É fundamental estabelecer os limites da consultoria, deixando claro o que será trabalhado e o que não é previsto no contrato. Block (2001) expõe alguns elementos que devem conter em um contrato, especialmente se tratando de um projeto importante. São eles: (i) Limites da sua análise – deixar claro o que será trabalhado; (ii) Objetivos do projeto: estabelecer quais as melhorias esperadas com a consultoria; Informações que você busca, explicitar as informações necessárias para desenvolver o projeto é fundamental, sejam dados técnicos, fluxos de trabalho, responsabilidades técnicas ou atitudes das pessoas em relação ao trabalho; (iii) Seu papel no projeto – definir como quer trabalhar com o cliente, manifestando suas intenções; (iv) Produto oferecido – especificar o que será feito no projeto, com prazos, relatórios a serem realizados, recomendações, como será a implantação e todos os passos que envolvam o projeto; (v) Apoio e envolvimento do cliente – esclarecer o que o cliente precisa fazer para um projeto bem sucedido. Os pontos devem ser claros no que diz respeito ao papel do cliente; (vi) Cronograma – deixar claro data de início e término do contrato, identificando datas que considera importante, como exemplo entrega de relatórios e reuniões; (vii) Confidencialidade – especificar quem deve ter acesso ao projeto e aos relatórios e quais informações devem ser fornecidas; e (viii) Feedback para o consultor – um elemento opcional, mas que vale a pena ser pensado, para saber por exemplo, quais os resultados da empresa, seis meses após a consultoria. 2.2.2 Fase 02 – A Coleta de Dados e o Diagnóstico É nessa fase que o consultor colhe as informações necessárias para ter um diagnóstico da situação do negócio. E a depender da área de atuação do consultor, este Brazilian Journal of Development ISSN: 2525-8761 31682 Brazilian Journal of Development, Curitiba,v.7, n.3, p. 31676-31694 feb/mar 2021 determinará que tipo de dados deverá ser coletado. É importante saber, que o consultor precisa analisar o clima organizacional, identificando os hábitos e costumes de seu cliente e que “nem todos os dados são necessários, logo, devem ser considerados que tipos de dados serão utilizados, e isso depende do senso do consultor e do cliente e da percepção que estes tenham da situação vivida.” (ANDRADE, 2010, p.23) É importante também saber diferenciar o problema apresentado do problema real. O problema apresentado é o que o cliente expõe, e o problema real é definido após a coleta de dados e análise do consultor. Block (2001) afirma que normalmente os problemas são diferentes, pois o problema apresentado partiu de uma definição incompleta do problema que um gerente de linha, por exemplo, informou. E um dos papeis do consultor é redefinir o problema inicial para o cliente. O autor ainda faz alusão aos problemas apresentados pela empresa como se fossem camadas da cebola em que o consultor precisa descamar o problema. Quanto mais fundo ele for, maior a probabilidade de achar a causa e as colocações acionáveis do problema. Para Crocco e Guttman (2005, p. 114), “o objetivo do diagnóstico é revelar que virtudes e problemas e suas causas a organização do cliente tem naquele momento e contexto, bem como mobilizar as pessoas para uma ação.” É trabalhar com soluções para cada problema revelado, mas estabelecendo prioridades. É preciso focar nos fatos e dados colhidos e observados, sem um julgamento de valor antecipado para não criar resistência dos envolvidos, mas mostrando as forças e fraquezas observadas com a coleta de dados e sempre usando uma linguagem simples e comum as pessoas envolvidas, considerando a cultura organizacional e como o problema está sendo gerenciado. O consultor precisa mostrar ao cliente que independente da área de atuação, ele poderá fazer mudanças sem necessariamente depender de sua especialidade. 2.2.3 Fase 03 – Feedback e Decisão de Agir É nessa fase que o consultou demostrará o trabalho feito na fase anterior estabelecendo metas e escolhendo como seguirá na ação ou mudança. (BLOCK, 2001). Crocco e Guttman (2005) corroboram dizendo que a realimentação (feedback) é um dos pontos culminantes do processo e que ambas as partes, consultor e cliente estão envolvidas nessa realimentação. Quando o processo de consultoria é bem conduzido, a decisão de agir surge de forma natural. Crocco e Guttman (2005) ainda explicam alguns critérios para um bom feedback: expor as informações de forma simples e concisa; evitar linguagem técnica, Brazilian Journal of Development ISSN: 2525-8761 31683 Brazilian Journal of Development, Curitiba, v.7, n.3, p. 31676-31694 feb/mar 2021 difícil de entender, usar analogias e exemplos do dia-a-dia, se for o caso; expor dados sobre o negócio e as pessoas: apresentar os dados relativos aos processos de negócio e sociais, considerando resultados, relacionamentos, estilo gerencial e sentimentos; gerenciar a interação: cumprir as etapas de forma racionalmente estruturada, de modo a chegar naturalmente às decisões necessárias; concentrar-se no momento (aqui e agora) da interação: observar o processo, lidando com resistências, desdobramentos e sentimentos, atendendo às necessidades manifestadas pelo cliente; e não assumir a resistência como pessoal: essa é a etapa em que há maior possibilidade de resistência, que não deve ser assumida de forma pessoal pelo consultor. É preciso centrar a atenção no que realmente o consultor pretende trabalhar, pois não adianta centrar a atenção em várias informações se não conseguirá trabalhar com todas. Focar nas respostas que conseguirá dar e fazendo os responsáveis reconhecerem as responsabilidades e assumi-las é um dos papeis do consultor em seus projetos. E por falar em projetos, todo o projeto de consultoria deve analisar os problemas técnico- administrativos, como esses problemas estão sendo gerenciados e as prováveis recomendações. Isso deve ser apresentado ao cliente e discutido de que forma será trabalhado. Por isso a importância dessa fase na construção do projeto. É preciso trabalhar as informações colhidas na fase anterior e saber como passar o feedback ao cliente sem gerar um impacto emocional. (CROCCO E GUTTMAN, 2005). 2.2.4 Fase 04 – Engajamento e Implementação A fase do engajamento e implementação só será bem sucedida se as fases anteriores também forem. Para Block (2001) a implementação é, teoricamente, o propósito da consultoria. Crocco e Guttman (2005, p. 122) seguem a mesma linha e concordam que “a implementação é a parte decisiva do processo de consultoria". Block (2001) apresenta dois aspectos que existem na fase de implementação na consultoria: um é o aspecto técnico que o consultor irá desenvolver de acordo com sua área de formação e especialização, é o conhecimento adquirido com os estudos e as práticas; e o outro é o aspecto de como o consultor irá promover a mudança necessária para a melhora do processo de trabalho do cliente. Uma das grandes dificuldades dos consultores é a implementação de novas ações para seus clientes, pois muitas vezes, por envolver diversas áreas e pessoas, o processo de mudança provoca conflitos e falhas de comunicação entre os envolvidos. Além disso, o consultor precisa entender as diferentes culturas do ambiente organizacional. Desta Brazilian Journal of Development ISSN: 2525-8761 31684 Brazilian Journal of Development, Curitiba, v.7, n.3, p. 31676-31694 feb/mar 2021 forma, o engajamento torna-se parte fundamental dessa implementação, onde a cooperação e comunicação entre setores e departamentos será o diferencial para o sucesso dessa fase. (CROCCO E GUTTMAN, 2005; BLOCK, 2001) É preciso estar atento aos objetivos da consultoria e entender que o envolvimento com as equipes é fundamental. O consultor deve se apresentar como alguém disposto a ensinar os agentes de mudança e não só gerar a mudança. Envolver a equipe é parte da implementação. Então é importante ter transparência e colocar as intenções de mudanças para os envolvidos e trabalhar junto para desenvolver as ações de modificações nas áreas. (CROCCO E GUTTMAN, 2005; BLOCK, 2001) 2.2.5 Fase 05 – Extensão, Reciclagem ou Término Feito o engajamento com a equipe e a implementação dos novos procedimentos é preciso uma avaliação do que foi desenvolvido para entender a próxima fase, a fase da extensão, reciclagem ou término. É preciso verificar se o problema foi resolvido após o processo e/ou se será necessária uma reciclagem, um novo contrato, ou até mesmo estender o projeto para um novo segmento da empresa. Mas uma coisa deve ser clara nesse processo: o consultor precisa finalizar o contrato de consultoria, deixando claro ao cliente que o projeto foi concluído e deixando as portas abertas para futuros contratos. Ter um bom relacionamento durante todo o processo, facilita um novo contato. É preciso entender que, o que o cliente busca numa consultoria é conhecimento para resolução de problemas, então é preciso ensinar o cliente a resolver os problemas que o fizeram desejar a consultoria, para que ele se sinta à vontade a buscar novos conhecimentos numa próxima dificuldade. (CROCCO E GUTTMAN, 2005; BLOCK, 2001) Crocco e Guttman (2005, p. 123) afirmam que o desligamento deve ser preparado através dos relatórios finais e que são consolidações propriamente ditas, mas também incluem: envolvimento e preparação prévia de colaboradores e tomadores de decisão do cliente para assumir as tarefas desempenhadas pelo consultor; redução gradual da participação do consultor durante a fase final do projeto, para que o cliente se acostume a resolver seus problemas sem sua ajuda; planejamento desde o início de um resultado final da colaboração, como um relatório, artigo ou outra publicaçãoque marque o fim do projeto; acerto de um plano mínimo de manutenção e apoio, como visitas ou reuniões, com periodicidade definida, para o acompanhamento e acerto de uma celebração para comemorar as realizações resultantes da colaboração. Brazilian Journal of Development ISSN: 2525-8761 31685 Brazilian Journal of Development, Curitiba, v.7, n.3, p. 31676-31694 feb/mar 2021 O fim do projeto acaba com os relatórios finais e deve ser tratado também como uma ação de pré-venda. O consultor deve expor seu portfólio e manter o vínculo através de outros trabalhos como palestras, treinamentos, encontros e até mesmo convites para festividades. (CROCCO e GUTTMAN, 2005) 2.3 FERRAMENTAS DE GESTÃO Ferramentas de gestão referem-se a métodos e/ou recursos que possibilitam a organização de atividades, processos e tarefas com maior facilidade. “A partir delas, é possível a utilização de técnicas conhecidas, que reduzem os riscos e aumentam a assertividade nos negócios.” (SMARTALK, 2020). Essas ferramentas podem ser utilizadas para auxiliar o consultor a passar por essas fases com maior controle do projeto e com maior êxito. É importante saber que cada consultoria tem suas particularidades. As ferramentas servem como um instrumento para o consultor entender o cliente e os problemas que precisarão ser solucionados. São diversas as ferramentas que podem ser utilizadas numa consultoria, como técnicas de negociação, técnicas de entrevista e reunião, listas de verificação, fluxogramas, cronogramas, enfim, são muitas ferramentas que podem auxiliar em um projeto de consultoria, mas nesse trabalho serão demostradas ferramentas mais voltadas para o planejamento e diagnóstico do problema. Algumas dessas ferramentas são: Matriz SWOT, Matriz GUT, Método 5W2H e o Ciclo PDCA. 2.3.1 Matriz SWOT “A análise SWOT, sigla que foi originada dos termos em inglês, strenghts, weaknesses, opportunities e threats, resulta na avaliação global das forças, fraquezas, oportunidades e ameaças da organização.” (KOTLER, 2000 apud BARBOZA e ROJO, 2015) Daychoum (2012) afirma que a análise SWOT pode ser utilizada em qualquer tipo de análise de cenário pela sua simplicidade. A matriz visa permitir uma visão geral tanto o ambiente interno como o ambiente externo à empresa. Essa ferramenta permite observar no ambiente externo as ameaças e oportunidades e no ambiente interno as forças e fraquezas. Apesar do ambiente externo não estar sobre o controle do cliente ou consultor, entender e monitorá-lo com frequência para aproveitas as oportunidades e evitar as ameaças é de suma importância. (DAYCHOUM, 2012) Brazilian Journal of Development ISSN: 2525-8761 31686 Brazilian Journal of Development, Curitiba, v.7, n.3, p. 31676-31694 feb/mar 2021 Daychoum (2012, p. 14) assevera que a importância da análise SWOT “no apoio à formulação de estratégias deriva de sua capacidade de promover um confronto entre as variáveis externas e internas, facilitando a geração de alternativas de escolhas estratégicas, bem como de possíveis linhas de ação”. E para fazer a análise desses ambientes, a Matriz SWOT auxiliará no cruzamento das informações dos ambientes observados que podem resultar em quatro tipos de situações segundo Daychoum (2012): Oportunidade X Ponto Forte = Alavanca, pois se o cliente tem pontos fortes para a oportunidade, esse cenário deve ser aproveitado; Oportunidade X Ponto Fraco = Restrição, pois o cliente possui pontos fracos para a oportunidade existente, não a aproveitando; Ameaça X Ponto Forte = Defesa, pois o cliente possui pontos fortes para se defender da ameaça externa, podendo amenizar a situação desse cenário; Ameaça X Ponto Fraco = Problema, pois a ameaça irá tornar o ambiente interno vulnerável, já que ele possui pontos fracos para esse cenário. 2.3.2 Matriz GUT A matriz GUT é utilizada para ajudar o gestor e/ou consultor na priorização das ações que precisam ser realizadas por ordem de Gravidade, Urgência e Tendência, quando surgirem vários problemas a serem solucionados. Desta forma, os problemas devem ser relacionados e avaliados. Periard (2011 apud Faveri e Silva 2016) desenvolvem as seguintes definições para os aspectos a serem observados: Gravidade – impacto do problema. É preciso verificar seus efeitos a médio e longo prazo; Urgência – prazo para solucionar o problema. Deve-se perguntar: “A resolução deste problema pode esperar ou deve ser realizada imediatamente?”; Tendência – potencial de crescimento do problema. Deve-se perguntar: “Se eu não resolver esse problema agora, ele vai piorar pouco a pouco ou vai piorar bruscamente?”. Tendo desenvolvido os três aspectos faz-se necessário utilizar uma escala que varia de 1 a 5, em que 1 representa o problema de menor importância e 5 o de maior importância. Na visão de Periard (2011 apud Faveri e Silva 2016) existiria então para cada nível de gravidade um nível também de urgência e de tendência de piora. O nível 1 se trata de um problema sem gravidade, que pode esperar, e com tendência a não mudar; O nível 2 representa os problemas pouco graves, de pouca urgência e que irá piorar apenas a longo prazo; O nível 3 representaria os problemas graves, devendo ser resolvidos o mais rápido possível e com tendência de piora em um tempo médio; O nível quatro refere-se aos problemas muito graves, urgentes e que irão piorar em pouco tempo; e o nível 5 Brazilian Journal of Development ISSN: 2525-8761 31687 Brazilian Journal of Development, Curitiba, v.7, n.3, p. 31676-31694 feb/mar 2021 representa os problemas extremamente graves, que precisam de ação imediata, e irá piorar rapidamente. (FAVERI & SILVA, 2016). De acordo com os autores, essas notas devem ser multiplicadas gerando uma pontuação total para verificação do score dos problemas relacionados. O problema que tiver o maior valor é o que tem prioridade para ser solucionado primeiro. 2.3.3 Método 5W2H O método 5W2H é uma ferramenta que poderá ajudar o consultor a montar seu plano de ação na implementação das mudanças para seu cliente. O método, trata-se do planejamento das atividades de implementação e responde a sete perguntas básicas: O que/Qual (what) será feito? Por que (why) será implementado? Quem (who) será o responsável? Onde (where) será executado? Quando (when) será implementado? Como (how) será implementado? Quanto (how much) custará a implementação? A sigla 5W2H é justamente as iniciais dessas questões originarias do idioma inglês. Nesse ponto da consultoria, já se conhece os problemas e tem-se as soluções propostas. Agora é necessário planejar as atividades para colocá-las em prática. 2.3.4 Ciclo PDCA O PDCA é uma ferramenta que auxilia o consultor durante todo o processo de seu projeto, pois trata desde a identificação do problema até execução das melhorias. O ciclo é desenvolvidos por meio de 4 atitudes: Plan (planejamento); Do (execução); Check (verificação); Act (ação) Alves (2015) afirma que por ser um ciclo, o PDCA não possui um fim predeterminado e o objetivo é identificar as causas dos problemas e as suas soluções e atingir as metas estabelecidas no planejamento, tornando os processos mais ágeis e claros. Para melhor entendimentos dos quatro passos do PDCA, Alves (2015) os detalha: Plan (Planejamento) – esse passo é subdivido em cinco etapas, que são: identificação do problema, estabelecimento de meta (com objetivo, prazo e valor), análise do problema detectado, análise das causas e o plano de ação; Do (Execução) – esse passo é subdividido em duas etapas, que são: treinamento dos envolvidos e execução do plano de ação. É importante o registro de todas as ações e resultados independente do sucesso da ação para o próximo passo; Check (Verificação) – esse passo pode ser feito em dois momentos, durante a execução e/ou após. É nesse passo que se identifica as falhas eerros do projeto para revisões e correções; Act (Ação) – esse passo envolve a correções das falhas Brazilian Journal of Development ISSN: 2525-8761 31688 Brazilian Journal of Development, Curitiba, v.7, n.3, p. 31676-31694 feb/mar 2021 encontradas no passo anterior para repetição do ciclo; e se as ações foram bem sucedidas, é nesse passo que se padroniza os processos. 3 RESULTADOS Como forma de chegar ao objetivo proposto, foram analisados os principais tipos específicos de trabalho do consultor nas diferentes fases do seu trabalho, bem como as características demandadas ao profissional. Em seguida examinou-se a influência dos tipos específicos de trabalho sobre a escolha das principais ferramentas de gestão ligadas ao planejamento e diagnóstico do problema. Inicialmente foram observados quais ações exclusivas que devem ser desenvolvidas pelos consultores no exercício de sua função. A primeira fase, a fase da contratação, em que há o primeiro contato com o cliente, o consultor precisará negociar desejos, enfrentar motivações conflitantes, lidar com preocupações relativas à exposição e à perda de controle, estabelecer contrato triangular e retangular. Na segunda fase também denominada de fase do diagnóstico, o consultor faz o trabalho de coleta de dados e diagnóstico, aplicando vários níveis de análise, lidando com climas políticos, resistindo à necessidade de dados mais completos e tendo a entrevista como uma intervenção. Por sua vez, a terceira fase refere-se ao feedback, em que o consultor deverá condensar as informações obtidas com a coleta de dados e identificar e trabalhar nas resistências que serão encontradas com as informações fornecidas, o consultor deve apresentar seu relatório com dados pessoais e organizacionais. A quarta fase, ou fase do engajamento e implementação demanda do consultor colocar em prática o planejamento proposto na fase anterior, é um momento de decisão, em que precisará conduzir reuniões em grupo, deve focas nas escolhas urgentes e não encarar as reações como algo pessoal. Por fim, na fase de extensão, reciclagem ou término, o consultor deve iniciar com uma avalição do que foi desenvolvido na fase anterior, e decidir se o processo deve estender para outra área da empresa. Às vezes é preciso repensar o processo após a implementação, quando observasse com mais clareza o problema real, desta forma é necessário uma reciclagem da consultoria e um novo contrato deve ser feito. O término deve ser legítimo, fim de contrato é fim de contrato, o consultor deve finalizar seu envolvimento com o projeto ao se encerrar o contrato, mas deve manter um bom relacionamento com seu cliente. O levantamento dos principais tipos de trabalho específicos dos consultores demanda dos profissionais características peculiares ligadas ao comportamento, Brazilian Journal of Development ISSN: 2525-8761 31689 Brazilian Journal of Development, Curitiba, v.7, n.3, p. 31676-31694 feb/mar 2021 conhecimento e habilidades. O comportamento se refere a apresentação do consultor, em que espera-se desejáveis níveis de interatividade, proatividade, racionalidade, valores consolidados, comprometimento. Por sua vez, as características ligadas ao conhecimento dizem respeito tanto a um conhecimento comum ou geral quanto a um conhecimento mais específico. Dentro os comuns é possível citar sustentação conceitual e prática, raciocínio lógico e analítico, saber aproveitar de informações e gerir o tempo de execução. Como conhecimentos específicos citam-se a própria experiência desenvolvida no trabalho da consultoria, educação formal, idiomas e capacitações particulares dos indivíduos. No que tange às habilidades, estas se referem ao conhecimento exclusivo do consultor, suas técnicas, comunicação, relacionamento humano, gestão do tempo, foco nos resultados, motivação. Foram consideradas para este trabalho as habilidades habilidade técnica, a habilidade interpessoal e a habilidade de consultoria, conforme descrito por Block (2001). A habilidade técnica se refere ao conhecimento técnico necessário ao desenvolvimento do trabalho do consultor. A habilidade interpessoal diz respeito às qualificações que o profissional deve ter ao se relacionar com demais membros da organização, a exemplo da assertividade, ser bom ouvinte, ter bons relacionamentos e uma comunicação sem entraves. Por fim, a habilidade de consultoria está ligada ao trabalho desenvolvido de forma competente em todas as fases do trabalho de um consultor. Para além de demandar características peculiares dos consultores, os tipos específicos de trabalho exercem também influência sobre a escolha das principais ferramentas de gestão. Este trabalho foca nas ferramentas de gestão voltadas ao planejamento e diagnóstico do problema. O referencial teórico demonstrou que existem quatro principais ferramentas de gestão nesse foco. São elas: Matriz SWOT, Matriz GUT, Método 5W2H e o Ciclo PDCA. A matriz SWOT refere-se a uma análise dos principais aspectos internos e externos que são positivos para a empresa (pontos fortes e oportunidades, pontos fracos e ameaças). Está, portanto, ligada a um levantamento de informações trazendo um diagnóstico holístico da situação da empresa, ainda que seja uma análise inicial, sem grandes aprofundamentos. Por sua vez, a matriz GUT faz um diagnóstico específico dos problemas da organização, entende o nível de gravidade de cada problema e prioriza os problemas mais relevantes. Trata-se de uma análise não tão inicial, visto que já se sabe quais são os problemas enfrentados. Brazilian Journal of Development ISSN: 2525-8761 31690 Brazilian Journal of Development, Curitiba, v.7, n.3, p. 31676-31694 feb/mar 2021 O método 5W2H não se trata apenas de diagnosticar os entraves organizacionais, mas se refere a um planejamento da ação. Para utilização desse método os problemas já devem ser conhecidos e as soluções já devem estar planejadas. Já o ciclo PDCA se apresenta de maneira mais completa. Ao contrario dos demais, este não envolve apenas planejamento, diagnóstico ou planejamento de ação. O ciclo contempla ainda objetivos ligados à execução e avaliação das ações, por exemplo. Entendidas as principais ferramentas de gestão, esta pesquisa sinaliza para a influência dos tipos específicos de trabalho sobre a escolha dessas ferramentas. As atividades específicas realizadas em cada uma das fases do trabalho do consultor acabam por incentivar a utilização de determinada ferramenta de gestão em detrimento de outras. Para a fase 01, também conhecida como fase de entrada e contrato, se requer que o consultor faça uma identificação inicial das condições perpassam a organização. Ademais, se faz necessário que este identifique os principais problemas da empresa, bem como demonstre quais as melhorias que são esperadas por intermédio de suas ações. Esta fase demanda ferramentas de gestão como a matriz SWOT que trará as informações iniciais necessárias a formatação do trabalho do consultor. Durante a fase 2 denominada de fase de coleta de dados e diagnóstico se faz necessária a coleta de dados internos e externos como forma de entender a situação do negócio. Aqui trata-se mais uma vez dos problemas organizacionais em todos os seus níveis como forma de desenvolver soluções e estabelecer prioridades. Por requerer o estudo do problema em diferentes níveis, a matriz GUT parece ser bastante adequada a esta fase. A matriz possibilitará privilegiar os principais problemas organizacionais. Na fase 03 de feedback e decisão de agir o consultor estabelecerá metas e escolhe um caminho a seguir como forma de solucionar os problemas. Com o feedback das informações coletadas anteriormente forma-se a decisão de agir. O consultor pode e deve ouvir os colaboradores, mas também deve centrar suas atenções no que pretende melhorar. O método5W2H pode ser bastante útil nesse sentido, pois foca no planejamento da ação de desenvolvimento ou planejamento da mudança, de como ela ocorrerá. Ou seja, ela é capaz de induzir a decisão de agir. Por sua vez, a fase 04 de engajamento e implementação refere-se a parte mais decisiva do processo de consultoria. O processo de mudança é necessário, mas passível de conflitos e falta de comunicação. Por isso além de muito importante, requer um cuidado para que as intenções possam ser concretizadas e os resultados melhorados. Para esta fase demanda-se uma ferramenta que se preocupe com o planejamento das ações, a Brazilian Journal of Development ISSN: 2525-8761 31691 Brazilian Journal of Development, Curitiba, v.7, n.3, p. 31676-31694 feb/mar 2021 exemplo do que faz o método 5W2H. Nessa fase os problemas já são conhecidos e as soluções já devem estar planejadas. Por fim, a fase 5 de extensão, reciclagem ou término diz respeito a uma avaliação da implementação. Pode existir indicação de uma necessidade de extensão das atividades, de reciclagem das mesmas, ou ainda pode ser recomendado o seu término. A eficiência e eficácia da implementação é quem determina qual dos três caminhos seguir. Essa fase exige, portanto, uma ferramenta de gestão que permita avaliações. Assim acaba por priorizar ferramentas como o ciclo PDCA que contempla, dentre outra ações, atuações em nível de avaliação das atividades e mudanças planejadas incialmente. O quadro a seguir demonstra e resume as principais ferramentas de gestão indicadas para cada fase específica do trabalho do consultor. Quadro 01: O trabalho do consultor e as ferramentas de gestão requeridas Fases do trabalho do consultor Requer Ferramenta de gestão indicada Fase 01: entrada e contrato Uma ferramenta que permita diagnosticar aspectos internos e externos da organização. Matriz SWOT Fase 02: coleta de dados e diagnóstico Uma ferramenta que trate e priorize os problemas organizacionais mais urgentes Matriz GUT Fase 03: feedback e decisão de agir Uma ferramenta que traga informações a respeito de qual ação desenvolver Método 5W2H Fase 04: engajamento e implementação Uma ferramenta que se preocupe com o planejamento das ações Método 5W2H Fase 05: extensão, reciclagem ou término Uma ferramenta que permite avaliações do trabalho desenvolvido. Ciclo PDCA Fonte: Elaborado pelos autores com base nos resultados da pesquisa. 4 CONSIDERAÇÕES FINAIS Este artigo visou compreender como as principais especificidades do trabalho influenciam não apenas demandam características particulares dos consultores, mas influenciam também a escolha pelas principais ferramentas de gestão. Identificou as diversas funções nas distintas fases do trabalho do consultor e as características demandas por esses profissionais para então examinar a influência dessas funções sobre a escolha das ferramentas de gestão ligadas ao planejamento e diagnóstico do problema. Conforme dados da pesquisa, o trabalho do consultor é dividido basicamente em 5 partes. E cada uma dessas partes possui funções específicas a serem executadas. Ademais, além de demandar características também específicas do consultor, o exercício da função desse profissional influencia diretamente a escolha por ferramentas de gestão que sejam capazes de auxiliá-los na melhoria do desempenho das organizações que os contrataram. Brazilian Journal of Development ISSN: 2525-8761 31692 Brazilian Journal of Development, Curitiba, v.7, n.3, p. 31676-31694 feb/mar 2021 A pesquisa demonstrou ainda que cada uma das fases do trabalho do consultor demanda por uma ferramenta que atenda às duas necessidades. Na fase 01 de entrada e contrato exige-se uma ferramenta que permita diagnosticar aspectos internos e externos da organização, a exemplo da Matriz SWOT. Na fase 02 de coleta de dados e diagnóstico requer-se uma ferramenta que trate e priorize os problemas organizacionais mais urgentes, como a Matriz GUT. Na fase 03 de feedback e decisão de agir se faz necessária uma ferramenta que traga informações a respeito de qual ação desenvolver, indicando-se a matriz GUT. Na fase 04 de engajamento e implementação demanda-se uma ferramenta que se preocupe com o planejamento das ações, como o método 5W2H. Por fim, na fase 05 de extensão, reciclagem ou término requer-se uma ferramenta que permite avaliações do trabalho desenvolvido, a exemplo do ciclo PDCA. Conclui-se, dessa forma, que as diferentes fases do trabalho do consultor e os trabalhos específicos desenvolvidos nelas não apenas exige certas características do profissional consultor, mas também influenciam diretamente a escolha pela utilização das distintas ferramentas de gestão. Essa influência gira em torno, especialmente, dos imperativos, necessidades e obrigações de desenvolvimento de trabalho relativas a cada uma das fases da consultoria. Por fim, aa escrita desse artigo foram encontradas alguns entraves por se tratar de um estudo teórico e restrito às ferramentas de gestão ligadas ao planejamento e diagnóstico do problema. Embora esse entrave seja considerado uma limitação, ele também pode ser visualizado como uma oportunidade para estudos vindouros. Como sugestão para novas pesquisas, indicam-se estudos que incluam aspectos para além do planejamento e diagnóstico do problema, bem como estudos que sejam capazes de contemplar resultados empíricos, oferecendo mais riqueza à análise. Brazilian Journal of Development ISSN: 2525-8761 31693 Brazilian Journal of Development, Curitiba, v.7, n.3, p. 31676-31694 feb/mar 2021 REFERÊNCIAS ALVES, Érika Andrade Castro. O PDCA como ferramenta de gestão da rotina. XI Congresso Nacional de Excelência em Gestão, 2015. Disponível em https://www.inovarse.org/sites/default/files/T_15_017M_7.pdf. Acessado em 04 de outubro de 2020. ALVES, Jesimar da Cruz et al. Consultoria empresarial como ferramenta estratégica de desenvolvimento em pequenas empresas. XII Simpósio de Excelência em Gestão e Tecnologia, 2015, Disponível em https://www.aedb.br/seget/arquivos/artigos15/32022351.pdf Acessado em 04 de outubro de 2020. ANDRADE, Flávio. 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