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Embrio- Primeira a Oitava semana gestacional

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Arthur Cella Medicina Unisul @arthurcella 
Resumo da primeira semana 
• Os oócitos são produzidos pelos ovários (oogênese) e são expelidos deles durante a ovulação (Fig. 2-20). As fímbrias da tuba 
uterina varrem o oócito para a ampola, onde ele pode ser fecundado. Geralmente somente um oócito é expelido na ovulação. 
FIGURA 2-20 Resumo do ciclo ovariano, fecundação e desenvolvimento embrionário durante a primeira semana. O estágio 1 do 
desenvolvimento começa com a fecundação na ampola da tuba uterina e termina com a formação do zigoto. O estágio 2 (dias 2 
a 3) compreende o estágio inicial da clivagem (de 2 até aproximadamente 32 células, a mórula). O estágio 3 (dias 4 a 5) é a fase 
do blastocisto livre. O estágio 4 (dias 5 a 6) é representado pela implantação do blastocisto na parede posterior do útero, local 
normal da implantação. O blastocisto está seccionado para mostrar a estrutura interna dele. 
• Os espermatozoides são produzidos nos testículos (espermatogênese) e armazenados nos epidídimos (Fig. 2-12). A ejaculação 
do sêmen resulta na deposição de milhões de espermatozoides na vagina. Várias centenas deles passam através do útero e entram 
nas tubas uterinas. 
• Quando um oócito é penetrado por um espermatozoide, ele completa a segunda divisão meiótica (Fig. 2-1). Como resultado, 
um oócito maduro e um segundo corpo polar são formados. O núcleo do oócito maduro constitui o pronúcleo feminino (Fig. 2-
14B e C). 
• Após o espermatozoide entrar no oócito, a cabeça dele se separa da cauda e aumenta para se tornar o pronúcleo masculino 
(Figs. 2-13 e 2-14C). A fecundação se completa quando os pronúcleos masculino e feminino se unem e os cromossomos maternos 
e paternos se misturam durante a metáfase da primeira divisão mitótica do zigoto (Fig. 2-14D e C). 
• À medida que o zigoto passa ao longo da tuba uterina em direção ao útero, sofre clivagens (uma série de divisões mitóticas) em 
várias células menores, os blastômeros. Aproximadamente três dias após a fecundação, uma esfera de 12 ou mais blastômeros (a 
mórula) entra no útero (Fig. 2-20). 
• Uma cavidade se forma na mórula, convertendo-a em blastocisto, que é formado pelo embrioblasto, pela cavidade blastocística 
e pelo trofoblasto (Fig. 2-16D e F). O trofoblasto encapsula o embrioblasto e a cavidade blastocística e depois irá formar estruturas 
extraembrionárias e a porção embrionária da placenta. 
• Quatro a 5 dias após a fecundação, a zona pelúcida desaparece e o trofoblasto adjacente ao embrioblasto se adere ao epitélio 
endometrial (Fig. 2-16E). 
• O trofoblasto do polo embrionário se diferencia em duas camadas, uma externa, o sinciciotrofoblasto e outra interna, o 
citotrofoblasto (Fig. 2-19B). O sinciciotrofoblasto invade o epitélio endometrial e o tecido conjuntivo adjacente. 
Concomitantemente, forma-se uma camada cuboidal de hipoblasto na superfície inferior do embrioblasto. Ao final da primeira 
semana, o blastocisto está superficialmente implantado no endométrio (Fig. 2-19B) 
Resumo da implantação 
A implantação do blastocisto no endométrio uterino inicia- se no fim da primeira semana (Capítulo 2, Fig. 219B) e é completada 
no final da segunda semana (Fig. 3-2B). Os eventos moleculares e celulares relacionados com a implantação são complexos. A 
implantação pode ser resumida como se segue: 
• A zona pelúcida se degenera (dia 5). O desaparecimento dela resulta do crescimento do blastocisto e da degeneração causada 
por lise enzimática. As enzimas líticas são liberadas pelo acrossoma dos espermatozoides que rodeiam e parcialmente penetram 
a zona pelúcida. 
• O blastocisto adere ao epitélio endometrial (dia 6). 
• O trofoblasto se diferencia em duas camadas, o sinciciotrofoblasto e o citotrofoblasto (dia 7). 
• O sinciciotrofoblasto provoca a erosão do tecido endometrial e o blastocisto começa a se implantar ao endométrio (dia 8). 
• Surgem lacunas cheias de sangue no sinciciotrofoblasto (dia 9). 
• O blastocisto penetra o epitélio endometrial e a falha é preenchida por um tampão (dia 10). 
• Ocorre a formação da rede lacunar pela fusão de lacunas adjacentes (dias 10 e 11). 
• O sinciciotrofoblasto provoca a erosão dos vasos sanguíneos endometriais, permitindo que o sangue materno entre nas redes 
lacunares e saia delas, estabelecendo, assim, a circulação uteroplacentária (dias 11 e 12). 
• A falha do epitélio endometrial é reparada (dias 12 e 13). 
• As vilosidades coriônicas primárias se desenvolvem (dias 13 e 14). 
 
Arthur Cella Medicina Unisul @arthurcella 
Resumo da segunda semana 
• Assim que o blastocisto completa a implantação no endométrio uterino ocorre uma rápida proliferação e diferenciação do 
trofoblasto. 
• As mudanças no endométrio resultantes da adaptação desses tecidos em preparação para a implantação são denominadas de 
reação decidual. 
• Concomitantemente, forma-se a vesícula umbilical primitiva e ocorre o desenvolvimento do mesoderma extraembrionário. O 
celoma (cavidade) extraembrionário forma-se a partir de espaços presentes no mesoderma extraembrionário. Posteriormente, 
o celoma se torna a cavidade coriônica. 
• A vesícula umbilical primitiva diminui e desaparece gradativamente conforme ocorre o desenvolvimento da vesícula umbilical 
secundária. 
• A cavidade amniótica aparece entre o citotrofoblasto e o embrioblasto. 
• O embrioblasto se diferencia em um disco embrionário bilaminar formado pelo epiblasto, voltado para a cavidade amniótica, e 
pelo hipoblasto, adjacente à cavidade blastocística. 
• O desenvolvimento da placa pré-cordal, um espessamento localizado no hipoblasto, indica a futura região cranial do embrião e 
o futuro local da boca; a placa pré-cordal também é um importante organizador da região da cabeça. 
Resumo da terceira semana 
• O disco embrionário bilaminar é convertido em um disco embrionário trilaminar durante a gastrulação. 
Essas alterações começam com o aparecimento da linha primitiva, que surge no início da terceira semana como um espessamento 
do epiblasto na extremidade caudal do disco embrionário. 
• A linha primitiva resulta da migração de células do epiblasto para o plano mediano do disco. A invaginação das células 
epiblásticas a partir da linha primitiva dá origem as células mesenquimais que migram ventral, lateral e cranialmente entre o 
epiblasto e o hipoblasto. 
• Logo que a linha primitiva começa a produzir células mesenquimais, o epiblasto passa a ser conhecido como ectoderma 
embrionário. Algumas células do epiblasto deslocam o hipoblasto e formam o endoderma embrionário. As células mesenquimais 
produzidas pela linha primitiva logo se organizam em uma terceira camada germinativa, o mesoderma intraembrionário ou 
embrionário, ocupando a área entre o antigo hipoblasto e as células do epiblasto. As células do mesoderma migram para as bordas 
do disco embrionário, onde se unem ao mesoderma extraembrionário que reveste o âmnio e a vesícula umbilical. 
• Ao final da terceira semana, o embrião é um disco embrionário oval e achatado (Fig. 4-2H). O mesoderma existe entre o 
ectoderma e o endoderma do disco em toda a sua extensão, exceto na membrana bucofaríngea; no plano mediano, ocupado pela 
notocorda e na membrana cloacal (Fig. 4-8E). 
• No início da terceira semana, as células mesenquimais da linha primitiva formam o processo notocordal, entre o ectoderma e o 
endoderma embrionário. O processo notocordal se estende do nó primitivo até a placa pré- cordal. Formam-se aberturas no 
assoalho do canal notocordal, que logo coalescem, formando a placa notocordal. Essa placa se invagina para formar a notocorda, 
o eixo primitivo do embrião ao redor do qual se forma o esqueleto axial (p. ex., a coluna vertebral). 
• A placa neural aparece como um espessamento do ectoderma do embrião, induzido pelo desenvolvimento da notocorda. Um 
sulco neural longitudinal se desenvolve na placa neural, e é margeado pelas pregas neurais. A fusão das pregais neurais forma o 
tubo neural, o primórdio do SNC (Figs. 4-9A e 4-10). 
• À medida que aspregas neurais se fusionam para formar o tubo neural, as células neuroectodérmicas formam a crista neural 
entre o ectoderma superficial e o tubo neural. 
• O mesoderma de cada lado da notocorda se condensa para formar colunas longitudinais de mesoderma paraxial, que, até o 
final da terceira semana, dão origem aos somitos 
. • O celoma (cavidade) no interior do embrião surge como espaços isolados no mesoderma lateral e no mesoderma cardiogênico. 
As vesículas celômicas em seguida coalescem formando uma única cavidade, em formato de ferradura, que, posteriormente, 
originam as cavidades do corpo (Fig. 4-9E). 
• Os vasos sanguíneos aparecem primeiro na parede da vesícula umbilical, do alantoide e do córion. Eles se desenvolvem no 
interior do embrião logo em seguida. As hemácias fetais se desenvolvem a partir de precursores hematopoiéticos diferentes. 
Arthur Cella Medicina Unisul @arthurcella 
• O coração primitivo é representado pelos tubos cardíacos endocárdicos pareados. Até o final da terceira semana, os tubos 
cardíacos se fundiram, formando um coração tubular, que está unido aos vasos sanguíneos do embrião, da vesícula umbilical, do 
córion e do pedículo de conexão, formando um sistema cardiovascular primitivo (Fig. 4-12). 
• As vilosidades coriônicas primárias se tornam vilosidades coriônicas secundárias quando adquirem um eixo central 
mesenquimal. Antes do final da terceira semana, ocorre o desenvolvimento de capilares transformando- as em vilosidades 
coriônicas terciárias (Fig. 4-14C). As extensões citotrofoblásticas das vilosidades-tronco se unem para formar uma capa 
citotrofoblástica que ancora o saco coriônico no endométrio. 
Resumo da quarta à oitava semana 
• No início da quarta semana, os dobramentos nos planos mediano e horizontal convertem o disco embrionário trilaminar 
achatado em um embrião cilíndrico, em forma da C. A formação da cabeça, da eminência caudal e das pregas laterais é uma 
sequência contínua de eventos que resultam na constrição entre o embrião e a vesícula umbilical. 
• Com a cabeça dobrando-se ventralmente, parte da camada endodérmica éincorporada na região da cabeça do embrião em 
desenvolvimento, como o intestino anterior. O dobramento da região da cabeça também resulta no deslocamento da membrana 
bucofaríngea e do coração ventralmente, tornando o encéfalo em desenvolvimento a parte mais cranial do embrião. 
• Com a eminência caudal dobrando-se ventralmente, parte da camada germinativa endodérmica é incoporada à extremidade 
caudal do embrião formando o intestino posterior. A parte terminal do intestino posterior se expande para formar a cloaca. O 
dobramento da região caudal também resulta no deslocamento da membrana cloacal, do alantoide e do pedículo de conexão 
para a superfície ventral do embrião. 
• O dobramento do embrião no plano horizontal incorpora parte do endoderma ao embrião formando o intestino médio. 
• A vesícula umbilical permanece unida ao intestino médio pelo estreito ducto onfaloentérico (pedículo vitelínico). Durante o 
dobramento do embrião no plano horizontal, o primórdio das paredes lateral e ventral do corpo são formadas. Como o âmnio se 
expande, envolve o pedículo de conexão, o ducto onfaloentérico e o alantoide, formando, assim, o epitélio de revestimento do 
cordão umbilical. 
• As três camadas germinativas se diferenciam em vários tecidos e órgãos, de modo que, ao final do período embrionário, já estão 
estabelecidos os primórdios dos principais sistemas de órgãos. 
• A aparência externa do embrião é grandemente afetada pela formação do encéfalo, do coração, do fígado, dos somitos, dos 
membros, das orelhas, do nariz e dos olhos. 
• Em função do início da formação das estruturas internas e externas mais essenciais ocorrerem durante a quarta semana, esse é 
o período mais crítico do desenvolvimento. O desenvolvimento de distúrbios durante esse período pode levar a grandes anomalias 
congênitas. 
• Estimativas razoáveis da idade dos embriões podem ser determinadas a partir da data do início do UPMN, do momento estimado 
da fecundação, das medidas ultrassonográficas do saco coriônico e do embrião e pelo exame das características externas do 
embrião. 
Resumo do período fetal 
• O período fetal se inicia 8 semanas após a fecundação (10 semanas após o UPMN) e termina no parto. Ele se caracteriza por um 
rápido crescimento corporal e diferenciação dos tecidos e sistemas de órgãos. Uma alteração óbvia no período fetal é a relativa 
redução da velocidade do crescimento da cabeça em comparação com o restante do corpo. 
• No início da 20ª semana, o lanugo (pelos finos e aveludados) e o cabelo surgem e a pele é coberta pelo verniz caseoso (uma 
substância gordurosa semelhante a queijo). As pálpebras permanecem fechadas durante a maior parte do período fetal, mas 
começam a se reabrir por volta de 26ª semana, aproximadamente. Nesse momento, o feto geralmente é capaz de uma existência 
extrauterina, principalmente devido à maturidade do seu sistema respiratório. 
• Até a 30ª semana, o feto tem um aspecto avermelhado e enrugado devido à fina espessura da sua pele e à relativa ausência de 
gordura subcutânea. A gordura geralmente se desenvolve rapidamente entre a 26ª e a 29ª semana, dando ao feto um aspecto 
macio e saudável (Fig. 6-9). 
• O feto é menos vulnerável aos efeitos teratogênicos de fármacos, vírus e radiação, mas esses agentes podem interferir no 
crescimento e no desenvolvimento funcional normal, especialmente do encéfalo e dos olhos. 
• O médico pode determinar se um feto apresenta uma doença em particular ao nascer pelo emprego de diversas técnicas 
diagnósticas, tais como a amniocentese, a CVC, a ultrassonografia e a RM. 
Arthur Cella Medicina Unisul @arthurcella 
• Em determinados casos, tratamentos podem ser dados ao feto, tais como fármacos para corrigir arritmias cardíacas ou distúrbios 
tireoidianos. A correção cirúrgica de alguns defeitos congênitos in utero (Fig. 6-16) também é possível (p. ex., ureteres que não se 
abrem na bexiga podem ser cirurgicamente corrigidos).

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