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1 SUPERVISÃO E ORIENTAÇÃO EDUCACIONAL 2 3 Material didático acessível com a utilização dos softwares Google Chrome NVDA VLIBRAS https://www.google.com.br/chrome/browser/desktop/ https://sourceforge.net/projects/nvda/?source=typ_redirect https://chrome.google.com/webstore/detail/vlibras/pgmmmoocgnompmjoogpnkmdohpelkpne?hl=pt-BR 4 5 Francisca Francirene Tomaz Parente Francisca Neide Camelo Martins Rodrigues Osmar Hélio Alves Araújo SUPERVISÃO E ORIENTAÇÃO EDUCACIONAL 1ª Edição Sobral/2017 6 7 Sumário Apresentação do Professor Sobre os autores UNIDADE I: ENTENDENDO A SUPERVISÃO EDUCACIONAL NO BRASIL: CONCEITOS E FUNÇÕES. Introdução a Supervisão Educacional no Brasil: conceitos e funções Trajetória histórica da Supervisão Educacional Legislação educacional que regula a supervisão escolar UNIDADE II: PROCESSO DE PROFISSIONALIZAÇÃO DO SUPERVISOR EDUCACIONAL Introdução ao processo de Profissionalização do supervisor educacional Formação e atuação do supervisor educacional no contexto da sociedade contemporânea Prática pedagógica do supervisor escolar UNIDADE III: A SUPERVISÃO EDUCACIONAL NO PROCESSO EDUCATIVO DA GESTÃO DEMOCRÁTICA Introdução à supervisão educacional no processo educativo da gestão democrática Supervisão escolar: compromisso e responsabilidade com a qualidade da educação. Princípios e valores da supervisão educacional: agente da educação Escolar UNIDADE DE ESTUDO IV: ALGUMAS DEFINIÇÕES CLÁSSICAS SOBRE QUEM É O ORIENTADOR EDUCACIONAL Introdução Quem é o Orientador Educacional UNIDADE DE ESTUDO V: ALGUMAS DEFINIÇÕES CLÁSSICAS SOBRE O QUE FAZ O ORIENTADOR EDUCACIONAL Introdução 8 O que faz o orientador educacional? UNIDADE DE ESTUDO VI: O TRABALHO DO ORIENTADOR EDUCACIONAL ENQUANTO SUJEITO DA EQUIPE DA GESTÃO ESCOLAR Introdução Construindo o debate Bibliografia Bibliografia Web 9 Apresentação do Professor Prezado (a) aluno (a) seja bem-vindo aos estudos! Este material didático pedagógico apresenta conhecimentos teórico e prático da disciplina Supervisão e Orientação Educacional. Desenvolvemos este módulo com o intuito de promover várias fontes de pesquisas nos seus estudos, facilitando sua aprendizagem de forma autônoma e eficiente, abordando conteúdos que atendam a demanda da formação pedagógica com uma linguagem de fácil compreensão para facilitar o desenvolvimento dos estudos. Lembre-se que estamos juntos, buscando o mesmo objetivo que é a aprendizagem significativa! Cada esforço dedicado o torna mais próximo do seu objetivo, juntos formaremos conceitos e valores que ajudarão na nossa evolução pessoal e profissional aprendendo de forma significativa, colaborando assim para participarmos de forma mais ativa. Dificuldades são naturais durante o processo de formação, mas não impossíveis de serem encaradas de forma compreensiva quando se estuda a respeito delas. O material foi construído de forma atualizada sintonizada, com a realidade social e educacional para tornar seu estudo prazeroso, esperamos poder contribuir com o desenvolvimento de sua aprendizagem. Bons Estudos! 10 Sobre os autores Francisca Francirene Tomaz Parente, mestre em Ciências da Educação conferido pela Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias ULHT de Lisboa-Portugal (2012). Possui graduação em Pedagogia pela Universidade Estadual Vale do Acaraú (2004) e graduação em Gestão Escolar pela Universidade Estadual do Ceará (2003). Graduou-se também em Português e Inglês pela Universidade Estadual Vale do Acaraú (1987). Atualmente é coordenadora do curso de Pedagogia presencial do UNINTA- Centro Universitário INTA. Francisca Neide Camelo Martins Rodrigues. Mestranda em Ciências da Educação pela Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias-ULHT- Lisboa/Portugal. Licenciada em Pedagogia pela Universidade Estadual Vale do Acaraú (1989), especialista em Magistério de 1º Grau pela Universidade Estadual Vale do Acaraú (1994). Atualmente Pró-Diretora de Supervisão Institucional – Centro Universitário UNINTA. Osmar Hélio Alves Araújo, doutorando em Educação pela Universidade Federal da Paraíba (UFPB), mestre em Educação pela Universidade Federal do Ceará (UFC); graduando em Pedagogia; graduado em Letras; especialista em Supervisão e Orientação Educacional pela Universidade Cidade de São Paulo (UNICID). Atualmente integra os Grupos de Pesquisas do CNPq: Formação Docente, História e Política Educacional da Universidade Federal do Ceará (UFC) e Educação, Trabalho e Formação de Professores (GEPET) na Universidade Regional do Cariri (URCA). Está vinculado à Universidade Regional do Cariri (URCA) como professor temporário. É membro da Associação Nacional de Política e Administração da Educação (ANPAE) e da Associação Nacional pela Formação dos Profissionais da Educação (ANFOPE). Pesquisa e escreve sobre os seguintes temas: Didática e Pedagogia, trabalho docente e práticas pedagógicas, formação de professores, organização e gestão da escola. 11 ENTENDENDO A SUPERVISÃO EDUCACIONAL NO BRASIL: CONCEITOS E FUNÇÕES 1 12 13 Introdução a Supervisão Educacional no Brasil: conceitos e funções Fundamentada nas definições do dicionário, supervisão significa “ação ou efeito de supervisionar”, é o ato de orientar, guiar, motivar e gerenciar as práticas docentes dos membros envolvidos no processo de ensino e aprendizagem. Rangel (2011) afirma que “supervisão” encaminha o sentido de “visão sobre”, necessária a todas as atividades a serem supervisionadas. Na história da educação, a supervisão nem sempre teve os mesmos conceitos e funções, foram se modificando no decorrer do tempo e espaço em que foi desenvolvida a educação. A supervisão está historicamente ligada à ideia de controle, de garantia da execução de uma proposta planejada. A palavra supervisão é formada pelos vocábulos super (sobre) e visão (ação de ver). Indica atitude de ver com mais clareza uma ação qualquer. Como significação estrita do termo, pode-se dizer que significa olhar de cima, dando uma visão global. Neste sentido pode- se partir de um conceito geral, que, aliás, se aplica a vários campos de atividade: Nesse aspecto pode ser entendida como um processo pelo qual uma pessoa possuidora de conhecimentos e experiência, assume responsabilidade de fazer com que outras pessoas que possuem menos recursos, executem determinado trabalho. (ANDRADE, 1976, p. 9). Sabe-se que a escola não é formada somente para professores e alunos, mas também pela direção, orientação educacional, coordenação pedagógica, pais, pois é com o trabalho coletivo que se alcança as metas educacionais com êxito. Em 1931 aconteceu o primeiro argumento legal sobre a atuação do supervisor escolar no Brasil. Estes profissionais executavam as normas ‘prescritas’ pelos órgãos superiores, e eram chamados de ’orientadores pedagógicos’ ou ‘orientadores de escola’, tendo como função básica à inspeção escolar. (ANJOS, 1988). Neste momento da história as atribuições deste profissional deveriam ser exercidas para inspecionar como forma de garantir a execução das atividades na escola. 14 Baseado nas fundamentações teóricas de Saviani (2003, p. 26), a função de supervisor escolar surge: “[...] quando se quer emprestar à figura do inspetor um papel predominantemente de orientação pedagógica e de estímulo à competência técnica, em lugar da fiscalização paradetectar falhas e aplicar punições [...]”. Devemos trabalhar com pessoas que preparam professores e alunos para a vida com a proposta de melhor desenvolver as atividades pedagógicas de ensinar e aprender considerando as vocações e as exigências das demandas do mercado de trabalho. O trabalho do supervisor educacional deve está sintonizado com o ritmo das mudanças tecnológicas do mundo moderno que ocorrem com muita rapidez exigindo habilidade e competência no exercício da profissão, pois neste processo os conceitos se alteram, variando os valores dos conhecimentos. Nesta perspectiva de renovação o supervisor escolar representa uma figura de inovação, o profissional que assume o papel fundamental de identificar e entender as reais necessidades, tanto da escolar como do mundo, contribuindo para formar e desenvolver normas educacionais no contexto escolar como forma de garantir o sucesso da aprendizagem do aluno. No século XXI não cabe mais no contexto escolar o supervisor como um fiscalizador e sim como um formador, um profissional que trabalha em grupo focalizado na aprendizagem do aluno e sua formação integral. A Pedagogia surge para conduzir o processo de ensino-aprendizagem na área de atuação, enquanto pedagogo exerce um papel em escolas como professor orientador e supervisor. O pedagogo não fica atrelado para atuar somente no espaço da escola, mas também exerce a profissão em situações variadas como nas empresas, órgãos públicos, movimentos sociais, hospitais, órgãos culturais, etc. Portanto, o supervisor educacional deve usufruir dos espaços internos e externos da escola, envolvendo o aluno em todo contexto social. Para entender a função atual do supervisor na escola do século XXI, adota-se a terminologia de supervisor pedagógico, pois, segundo Rangel (Apud ALARCÃO, 2001 p. 12), a supervisão passa a ser pedagógica quando se caracteriza por um trabalho de acompanhamento do professor, desde o planejamento, a prática docente 15 e a avaliação do processo de desenvolvimento do ensino relacionando com o nível da aprendizagem dos alunos. PARA SABER MAIS: Leia o artigo: O desafio atual da supervisão escolar na formação continuada de professores. O material objetiva ressaltar o desafio atual da supervisão escolar na formação continuada de professores. Acesse: http://fapb.edu.br/media/files/2/2_350.pdf Trajetória Histórica da Supervisão Educacional No Brasil imperial quem exercia a função de supervisor era o inspetor, sendo um fiscal que acompanhava as escolas, enquanto no período republicano o supervisor exercia as funções de orientador, controlador e fiscalizador. Os Departamentos e Ministérios da Educação e Saúde surgem na década de 20 onde o supervisor era considerado como técnico na ação de agir ativamente no processo escolar. Na década de 30 o Brasil passa por várias transformações sociais e políticas onde a educação passa a ter uma característica mais técnica e assim, valorizar as formas de organização dos serviços educacionais. Em 1964 na Ditadura Militar, a educação passa a ser oferecida nos modelos da Pedagogia Tecnicista a partir dos princípios de racionalidade, eficiência e produtividade. A ação tradicional conservadora do supervisor escolar é caracterizada como inspetor que controla, executa e faz cumprir as atividades limitadas que lhe eram determinadas como forma de garantir o desenvolvimento do que foi estabelecido criando estratégias para os docentes reproduzirem, em suas aulas, o modelo padronizado, sem liberdade de opinião e prática do pensamento. Nesse contexto o educador passa a ser apenas um condutor do conhecimento. http://fapb.edu.br/media/files/2/2_350.pdf 16 Precisam ser ampliadas as atribuições legais da supervisão educacional para além das ações burocráticas, superando a visão restrita que tem caracterizado a atuação do inspetor escolar no Brasil durante o período republicano (1889-1945). Desta forma, entendemos que: [...] a tarefa maior do inspetor escolar é superar a burocrática atuação que lhe prevê a legislação educacional, dirigindo seus esforços no sentido de adquirir a visão de totalidade e interdependência necessária ao exercício de uma função que, no interior do sistema, permita-lhe compreender suas iniciativas e limitações e, ainda assim, não desfigure a importância da ação solidária de um trabalho de equipe sempre compreendido com as finalidades mais amplas e significativas da educação. (SANTOS, 2004, p. 38). Segundo Saviani (2008) a Pedagogia Tecnicista defende a reorganização do processo educativo de forma objetiva e ativa, tendo como elemento principal a organização dos meios operacionais onde os professores e alunos eram considerados secundários sem qualquer relação com o contexto social. Na Pedagogia Tradicional o centro das atenções era voltado somente para o professor onde o aluno era simplesmente um mero receptivo das informações. Na Pedagogia Nova a dedicação passou para o aluno, enquanto na Pedagogia Tecnicista o elemento principal passou a ser a organização lógica dos meios, ocupando o professor e o aluno posição secundária. A organização do processo visava à segurança da competência, procurando corrigir as carências do professor e potencializando os resultados de sua intervenção. A função do supervisor educacional retrata a trajetória histórica do período identificado pelo desenvolvimento do país e pela estabilidade das políticas burocráticas, mecanicistas e programáticas. Na década de 80, os professores lutam pela conquista do direito de participar da identificação política educacional, buscando o resgate da escola pública. Nesse período, a educação estava centrada na formação do homem, na realização da sociedade e comprometida com interesses dos menos beneficiados. 17 Para relatar o processo histórico em que surgiu o serviço de supervisão educacional e o seu desenvolvimento deve-se estabelecer relações com o contexto sócio-político e econômico brasileiro de cada tempo. Desde os primórdios da civilização humana, o trabalho está presente na história, sendo seu objetivo inicial, a sobrevivência. A partir daí surgem às fábricas e, consequentemente, o aumento da produção. Várias inovações tecnológicas foram desenvolvidas modificando a sociedade a partir do século XVIII, provocando mudanças através da passagem da economia agrária e artesanal para um modelo de economia industrial. Desta forma surgiram novas maneiras de organizar o trabalho produtivo nos centros das cidades, promovendo a necessidade de um trabalho orientado para sustentar a qualidade da produção. Nesse sentido, baseado na divisão técnica do trabalho fabril e, consequentemente, no aumento da produção no contexto da concentração de riquezas nas mãos dos grandes proprietários capitalistas, é identificada a necessidade da supervisão empresarial dando suporte a origem da supervisão educacional. Espelhando-se na indústria, a supervisão estendeu-se para outros segmentos da organização social, chegando ao âmbito educacional. No decorrer dos anos o trabalho pedagógico do supervisor educacional esteve centrado no controle da prática educativa como forma de assegurar a efetivação das propostas educacionais. Saviani (2002) conceitua que a função supervisora ganha força e, no decorrer do tempo alcança a valorização da profissão através do parecer do Conselho Federal de Educação nº 252/69. A lei nº 5.540/68, da reforma universitária, reformulou o curso de Pedagogia, sugerindo a especialização do educador em uma função, embora as universidades estejam ainda em constante construção da sua identidade na sociedade brasileira. São criadas as habilitações de inspeção, administração, supervisão e orientação. Compreende‐se melhor esse contexto da supervisão escolar na missão, no exercício, no desafio e na perspectiva de desenvolveruma educação de qualidade de forma liberal e progressista. 18 Esta nova estrutura do curso de Pedagogia criava a compreensão de profissionalização da supervisão educacional, através das condições consideradas básicas para se estabelecer a atividade com importância da profissão. Seria a validação da necessidade social, considerando a realidade do mercado de trabalho permanente e a preparação dos novos profissionais através do curso de Pedagogia reconstituído para formar, entre os vários técnicos, o supervisor educacional. Segundo Lima, (2008 apud SAVIANI 1988 p. 15): [...] como as demais habilitações educacionais criadas e oficialmente institucionalizadas na educação brasileira, a partir da regulamentação da lei 5540/68, a supervisão escolar passa a ter sua formação em cursos de graduação, sendo processada a partir da linha em que se davam os cursos promovidos pelo Pabaee (Programa de Assistência Brasileiro-Americana ao Ensino Elementar ) e Pamp (Programa de Aperfeiçoamento do Magistério Primário. Isto é, fundamentada nos pressupostos da pedagogia tecnicista – que se apoia na neutralidade científica e se inspira nos princípios da racionalidade, eficácia e produtividade do sistema. Os cursos de Pedagogia são reformulados que ao invés de formar o técnico em educação com várias funções, eram oferecidas habilitações do curso como administração, inspeção, supervisão e orientação e o magistério de disciplinas profissionalizantes dos cursos normais. A forma de reconhecer a profissionalização do supervisor educacional no sistema de ensino deve ser através da construção da identidade profissional, disponibilizando as condições favoráveis para sua formação e atuação profissional especializada. A partir daí vários movimentos foram criados primando por melhorias no sistema e nos cursos de formação de educadores, se expandindo até o final da década de 70 onde aconteceu o encontro nacional de supervisores de educação quando, na ocasião, defendia-se uma ideia de que a função do supervisor além de ser técnica também é política. O trabalho é considerado uma qualidade própria do homem, sendo uma “[...] atividade proposital, orientada pela inteligência, onde o ser social, ao agir sobre o mundo externo, transforma-o, faz cultura e, ao mesmo tempo, modifica a sua 19 natureza.” (AGUIAR, 1991, p. 37). Dessa forma, o trabalho do supervisor educacional pode ser entendido como a realização do homem no seu processo de interação com o meio social para a evolução da humanidade, partindo do princípio da educação como essência da humanidade. Na década de 80 a prática do supervisor educacional foi considerada sob o aspecto técnico e burocrático do ensino, aquele profissional que somente compreendia a escola de forma indiferente, sem iniciativa, negando-se a estimular o caráter dinâmico e evolutivo das instituições educacionais. Assim, o supervisor foi entendido como aquele profissional que não tinha o caráter ativo de forma que levasse à inovação, correndo o risco de eliminá-lo do sistema educacional. Historicamente, a supervisão educacional tem sido uma das funções exercidas pelo pedagogo. Nos vários estados brasileiros e nas diferentes redes de escolas, este profissional recebe denominações e exerce atividades variadas. Tal diversidade descaracteriza da real dimensão da prática pedagógica do supervisor educacional. Os cursos de Pedagogia têm formado profissionais para o exercício de funções ligadas à gestão educacional: gestores escolares, orientadores educacionais e supervisores de ensino. Estes profissionais, muitas vezes, ao mudarem de instituição de ensino, encontram realidades profissionais diferentes e, em muitas delas, o seu campo profissional apresenta-se restrito, sem valorização profissional. Segundo Rangel (2011), a supervisão educacional tem uma definição mais ampla, excedendo das atividades da rotina escolar podendo estender sua atuação no sistema da educação brasileira. O supervisor educacional é um sujeito incentivador de práticas educativas visando à qualidade da formação humana para o pleno exercício da cidadania. O acompanhamento e o controle do processo de ensino e aprendizagem são considerados fundamentais no sistema de supervisão através da compatibilidade de ideias entre aqueles que planejam, executam e avaliam a educação a partir de relações sociais que estruturam o processo educativo. 20 De acordo as ideias de Ferreira (2009) um novo conteúdo se impõe hoje para a supervisão educacional: Novas relações e compromissos desafiam os profissionais da educação não só voltada para a qualidade do trabalho educativo e suas rigorosas formas de realização, mas também e, sobremaneira, compromissada com a construção de um novo conhecimento – o conhecimento emancipação que permita desenvolver seres humanos fortes intelectualmente, ajustados emocionalmente, capazes tecnicamente e ricos de caráter na convivência sadia que se dá através do diálogo e do respeito na construção coletiva de uma sociedade democrática verdadeiramente humana. (FERREIRA, 2009, p. 113). Segundo a autora o trabalho do supervisor deve buscar uma educação ideal de solidariedade humana, tendo como finalidade o desenvolvimento do educando, sua formação integral como cidadão qualificado para inserir no mercado de trabalho. Desta forma no desenvolvimento de suas atividades pedagógicas desde o planejamento, gestão e avaliação da administração da educação, o supervisor educacional deve ser um profissional dinâmico e orgânico que atua nas políticas e no planejamento, por meio da construção coletiva do projeto acadêmico/educacional que é de todos os profissionais que trabalham na escola (FERREIRA, 2003). Um dos assuntos mais discutidos atualmente e que vem sendo muito estudado no mundo do conhecimento é a educação, no seu sentido de formação de conceitos e valores humanos. As transformações do mundo são decorrentes das ações dos homens, fazendo surgir efeitos de seus pensamentos. Desta forma, a educação deve ser supervisionada nos contextos escolares de forma democrática e participativa em prol de uma educação de qualidade. O supervisor escolar é aquele que direciona o trabalho pedagógico baseado nas propostas curriculares relacionando pessoas e processos. Hoje o supervisor deve desenvolver um trabalho articulador com todas as áreas educativas da escola e comunidade oferecendo subsídios para a elaboração das políticas educacionais e das novas formas de gestão da educação a fim de 21 acompanhar as transformações do conhecimento no mundo globalizado em que vivemos. Baseado nestas informações reais, o supervisor educacional deve estar inserido no contexto escolar e social, articulando novas práticas educativas, favorecendo o desenvolvimento de uma proposta curricular multicultural que atenda às diferenças culturais e a demanda social visando o crescimento profissional docente e à melhoria do processo ensino-aprendizagem. Segundo Saviani (2002, p.14) “[...] a ação supervisora passa dá condição de função para a de profissão, pela mediação da ideia de supervisão”. A ação supervisora acompanha o ato educativo desde suas origens e passa por esses três momentos. Nas comunidades primitivas já se fazia presente, no momento em que os adultos educavam as crianças de forma indireta, a função supervisora, por meio de uma vigilância discreta, como uma simples ajuda por parte de outros adultos (SAVIANI, 2002a). Segundo Saviani (2002b) na Antiguidade e na Idade Média, a divisão de classes se refletia na educação e, nesses dois períodos, apesar de a escola se constituir uma estrutura simples, limitada à relação de um mestre com seus discípulos, a função supervisora se fazia presente e assumia claramente a forma de controle, de conformação, de fiscalização, de velar sobre alguma coisa ou sobrealguém a fim de, assegurar a regularidade de seu funcionamento ou de seu comportamento. Para Saviani (1999, p. 24) “[...] a ideia da supervisão ganha contornos mais nítidos ao mesmo tempo em que condições objetivas começam a abrir perspectivas para se conferir a essa ideia estatuto de verdade”. Na gestão educacional busca-se planejar, organizar, dirigir e gerenciar os projetos educacionais acompanhando as propostas pedagógicas, curriculares e metodológicas da escola, a fim de atingir os objetivos planejados, buscando a melhoria do ensino e da aprendizagem. 22 PARA SABER MAIS: Leia sobre: Supervisão escolar: perspectiva de ação face ao processo de avaliação da aprendizagem. Acesse: http://www.webartigos.com/artigos/supervisao-escolar/49292/ Atualmente o cargo de supervisor escolar se mostra bem mais extenso e o profissional é considerado aquele que desenvolve ações articulando os elementos que envolvem o processo educacional. O supervisor do mundo educacional de hoje é aquele profissional consciente da importância da pesquisa no contexto escolar e assim contribuir para a qualidade do trabalho docente, pois a equipe conta com a sua orientação e apoio pedagógico para alcançar as metas educacionais. Segundo Ferreira (2009) o supervisor atual sabe que precisa se dividir em muitas habilidades e criar elos entre as atividades de supervisionar, orientar e coordenar, desenvolvendo relações verdadeiramente democráticas no contexto escolar. PARA SABER MAIS: Assista ao vídeo: Evolução Histórica da Supervisão Educacional. Neste vídeo a professora Eloíza Oliveira aborda sobre o surgimento da Supervisão Educacional e sua contemporaneidade na história da educação. Acesse: https://www.youtube.com/watch?v=I9IlgPzVfX8 Legislação educacional que regula a supervisão escolar Os supervisores do sistema educacional brasileiro devem demonstrar a sintonia do planejamento com o exercício profissional do supervisor escolar buscando na mesma dimensão pedagógica a melhoria da qualidade do ensino, podendo repercutir na aprendizagem significativa do aluno, criando condições http://www.webartigos.com/artigos/supervisao-escolar/49292/ https://www.youtube.com/watch?v=I9IlgPzVfX8 23 necessárias para que se promovam uma gestão participativa visando à formação integral do aluno. Desde a década de 1960 até os dias de hoje a supervisão educacional tem sido incorporada pela formação, competência e pesquisa, visando o desenvolvimento profissional do educador. A supervisão escolar orienta a formação e atuação docente daquele profissional que trabalha com capacidade de pensar como membro responsável no desenvolvimento do processo educativo. A primeira Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional 4024/61 reconhece a importância da especialização de profissionais para orientar as atividades pedagógicas nas escolas como forma de desenvolver as políticas educacionais idealizadas pelos sistemas de ensino. A LDB 5.692/71, no artigo 10 indica que: "será instituída obrigatoriamente a orientação educacional, incluindo aconselhamento vocacional em cooperação com os professores, a família e a comunidade". O supervisor como um especialista em educação exercia função como regulador do processo de produção, como membro intercessor entre o sistema educacional e a escola. A lei 5.692/71 é caracterizada como profissionalizante, com a finalidade de preparar a mão-de-obra para trabalhar na máquina do governo e no mercado, e ainda preparar os trabalhadores para atender as iniciativas da propriedade privada. Esta lei consolidou a obrigatoriedade do supervisor educacional nos estabelecimentos de ensino. Na Lei Federal nº 5692, de 11 de agosto de 1971 é reforçado a responsabilidade do profissional com relação à prática pedagógica exercida na escola: Institucionaliza a supervisão, ao referir-se à formação de administradores, planejadores, orientadores, inspetores, supervisores e demais especialistas em educação. A supervisão passa a introduzir modelos e técnicas pedagógicas atualizadas; o supervisor, contudo, não perde o vínculo com o poder administrativo das escolas. Agora o seu papel é o de assegurar o sucesso no exercício das atividades docentes, 24 professores, regentes de classe. O supervisor escolar possui legalmente um poder instituído que determina suas ações frente ao corpo docente e à proposta pedagógica da escola, e a partir de então, sendo reconhecido como profissional da educação, passando a ter suas atribuições definidas pelos órgãos superiores. (Lei Federal 5.692/71, Capítulo V). Devido à omissão das reais competências e campo de atuação dos supervisores educacionais na Lei 9.394/96, Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, existem nomenclaturas diferenciadas que são utilizadas pelos sistemas de ensino brasileiro como o supervisor educacional, o orientador pedagógico, o inspetor escolar e o coordenador pedagógico que desenvolvem atividades semelhantes de acordo com as demandas de cada escola. Desta forma, alguns autores caracterizam a função do supervisor educacional como aquele que planeja, avalia e reformula as diversas etapas do processo ensino e aprendizagem que coordena, supervisiona e acompanha a equipe docente. A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB 9.394/96) dispõe no artigo 64 sobre a função de supervisor: A formação de profissionais de educação para administração, planejamento, inspeção, supervisão e orientação educacional para a educação básica, será feita em cursos de graduação em Pedagogia ou em nível de pós-graduação, a critério da instituição de ensino, garantida, nesta formação, a base comum nacional. (LDB, 9.394/ 96, artigo 64). Entende-se que a formação continuada do supervisor representa um avanço para toda comunidade escolar. No âmbito educacional o supervisor foi considerado durante muito tempo como vigiador das ações pedagógicas, por isso é muito importante discutir sobre as práticas pedagógicas desse profissional. A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, LDBEN nº 9394/96 define as linhas da política educacional brasileira baseada no princípio da autonomia escolar, abrangendo os aspectos pedagógicos, fundamentada no conceito de que todos são capazes de aprender e que é tarefa da escola favorecer situações de 25 aprendizagem valorizando as experiências dos alunos no processo de democratização do ensino público. O perfil do supervisor que a educação pretende formar é aquele capaz de atuar nas práticas pedagógicas como forma de garantir a educação escolar de qualidade como direito de todos, de desenvolver o trabalho cooperativo e integrador da supervisão nos espaços intra e interescolares, de contribuir para a mediação na construção da identidade e autonomia da escola e enfim para o desenvolvimento profissional dos educadores que atuam na escola. O supervisor educacional deve ser aquele educador capaz de entender, elaborar e desenvolver técnicas de estudo voltadas para a realidade escolar e o rendimento estudantil e daí criar métodos de ensino para o desenvolvimento dos projetos educacionais. Deverá ser capaz de desenvolver e adotar projetos educacionais que atendam a demanda real da escola na perspectiva de formar sujeitos autônomos, capazes de entender as relações das leis com os comportamentos humanos. O supervisor tem uma função que envolve todo conhecimento da rotina escolar embasada nos fundamentos da educação, através da integração dos diversos componentes curriculares e gerações com perspectivas de vidas diferentes, primando sempre pela inclusão social. PARA SABER MAIS: Leia a Entrevista com uma supervisora escolar concedida ao Blog Gestão 2 - Polo Itaguaí/ RJ. Nesta entrevista é abordado que a supervisão escolaré indispensável na comunidade escolar, na medida em que o mesmo participa do processo de gestão democrática. Acesse: http://gestao2itg.blogspot.com.br/2012/05/entrevista-com-uma-supervisora- escolar.html http://gestao2itg.blogspot.com.br/2012/05/entrevista-com-uma-supervisora-escolar.html http://gestao2itg.blogspot.com.br/2012/05/entrevista-com-uma-supervisora-escolar.html 26 27 PROCESSO DE PROFISSIONALIZAÇÃO DO SUPERVISOR EDUCACIONAL 2 28 29 Introdução ao processo de Profissionalização do supervisor educacional Atualmente, vive-se um momento de muitas mudanças no cenário educacional onde é preciso repensar a função social da escola nesse contexto de transformações de conceitos e valores, levando em consideração a diversidade cultural existente. O supervisor sendo um dos profissionais responsáveis pelo desenvolvimento de projetos educacionais deve promover uma prática democrática envolvendo alunos e professores. A educação é um processo de transformação do homem, promovendo suas potencialidades de acordo com o ambiente familiar, social e cultural em que vive. O ser humano adquire diferentes maneiras e hábitos como o modo de ser, agir, pensar e sentir no processo constante de transformação de conceitos e valores. Com o avanço tecnológico o supervisor educacional deve ocupar espaços na escola para desenvolver projetos educacionais que envolvam os valores éticos e morais, saberes que fundamentam a vida social. A profissionalização do supervisor educacional promove a orientação do grupo de professores, motivando e despertando neles o prazer de ensinar focalizados na aprendizagem significativa do aluno. O supervisor é o profissional que organiza o trabalho pedagógico desenvolvido pelos professores baseado nos resultados das avaliações internas e externas da escola. Revisando os procedimentos das avaliações, o supervisor deve reorientar o professor na prática docente para propiciar os melhores resultados da aprendizagem dos alunos considerando o processo de ensino e aprendizagem na sala de aula. A profissão do supervisor se desenvolve através da educação e precisa estar comprometida com as mudanças educacionais, não somente ter a licenciatura em Pedagogia, mas ser consciente do processo histórico na sociedade e na escola. Ele precisa entender a escola brasileira no contexto da sociedade capitalista buscando a transformação, tendo clareza das suas posições políticas e educativas. 30 O supervisor escolar deve ser habilitado e capacitado para desenvolver suas atividades de assessoria ao professor desde o planejamento, o desenvolvimento curricular e o processo avaliativo através do processo contínuo de ação-reflexão- ação. Na formação do supervisor educacional é importante sensibilizar o grupo para as mudanças educacionais, seu fazer deve considerar as diferenças para mediar os conflitos através de diálogo aberto. A função supervisora deve ser entendida como a promotora do projeto de educação onde deve reconhecer a trajetória de sua atuação para melhor conhecer e saber ressignificar seu papel como um profissional comprometido com a efetivação das aprendizagens. A gestão da supervisão educacional requer capacidade como elo de integração no desenvolvimento do projeto político pedagógico compreendendo a responsabilidade junto à comunidade escolar, assumindo o compromisso pela efetivação da aprendizagem. Na comunidade escolar é fundamental a atuação do Supervisor escolar, pois sua contribuição é de grande importância para o desenvolvimento da aprendizagem. PARA SABER MAIS: Leia o Projeto de Lei 290/2003 nº 290/2003 que regulamenta o exercício da profissão de Supervisor Educacional, ou Supervisor Escolar. Acesse: http://www.al.rs.gov.br/Diario/Proposicoes/PROP1695.htm Portanto, o supervisor escolar tem como missão de trabalho o aprender do aluno e o ensinar do professor, o foco maior de trabalho do supervisor é a aprendizagem do aluno através da mediação do professor, onde ambos trabalham numa mesma dimensão pedagógica, sendo o grande harmonizador do ambiente escolar. http://www.al.rs.gov.br/Diario/Proposicoes/PROP1695.htm 31 Formação e atuação do supervisor educacional no contexto da sociedade contemporânea Para a escola desenvolver sua função social é preciso elaborar projetos educativos que atendam a demanda da realidade dos segmentos escolares onde o projeto político pedagógico corresponda com as exigências do meio social. As mudanças sociais, políticas e econômicas que acontecem atualmente em ritmos acelerados exigem do supervisor escolar o compromisso de raciocínio lógico com habilidade na liderança de pessoas e grupos visando à formação humana e técnica no processo educacional. A democratização escolar depende de muitos fatores, tais como: desenvolver atividades pedagógicas de forma participativa envolvendo os gestores, professores, funcionários, pais e alunos e, sobretudo, os supervisores de Ensino que são os responsáveis por coordenar, apoiar, estimular e orientar o processo de discussão e elaboração da proposta pedagógica, metodológica e curricular da escola. As mudanças no campo educacional ocorrem frequentemente, surgindo novos objetivos educacionais, novas metas de ensino, novas exigências de atendimento da demanda do mercado de trabalho, buscando diferentes formas de ensino e novas práticas pedagógicas que afetam diretamente o trabalho do supervisor educacional. Baseado nessas possibilidades, a ação supervisora não pode se esgotar nos limites da unidade escolar, precisando se articular para além dos muros da escola, procurando conhecer as políticas educacionais para harmonizar as leis que regem a educação com a prática da rotina de ensinar e aprender no cotidiano escolar. No espaço escolar as contribuições do supervisor se fazem presentes em vários momentos desde o planejamento, o acompanhamento e a avaliação do processo ensino-aprendizagem. A aprendizagem passa a ser objeto de estudo e trabalho do supervisor que a problematiza, discute e acompanha junto com o professor as propostas dos conteúdos escolares, as condições de ensino dos professores e o nível de aprendizagem dos alunos. O papel do supervisor é definido com base em seu objeto de trabalho, e o resultado da relação que ocorre entre o professor que ensina e o aluno que aprende. 32 Libâneo (2002) faz referência ao supervisor educacional como um agente de mudanças, um mediador entre o conhecimento, o professor, o aluno e a família, um profissional capaz de fazer a articulação entre equipe de educadores, educandos e demais integrantes da comunidade escolar para colaborar no desenvolvimento integral do aluno e, principalmente na formação ética e solidária do cidadão. Baseado nas reflexões de Libâneo (2002) é possível compreender que o supervisor educacional necessita desenvolver no espaço escolar uma visão crítica e construtiva do seu saber e do fazer pedagógico, trabalhando de forma democrática e participativa com os gestores, professores e alunos. Esta relação possibilita a melhoria da qualidade de ensino podendo repercutir na aprendizagem significativa. O mundo atual exige do supervisor escolar uma avaliação contínua do seu compromisso profissional, de forma que oriente suas atividades pedagógicas e conduza ao processo de formação profissional permanente. Outra atividade importante do supervisor escolar está ligada à execução, acompanhamento e avaliação do planejamento do currículo escolar, isso fortalece a elaboração de novos projetos que promovam a melhoria do processo ensino- aprendizagem através de uma gestão liberal e progressista. PARA SABER MAIS: Outra fonte de pesquisaimportante para agregar em seus conhecimentos, leia a obra: Administração, supervisão e orientação educacional de Heloísa Lück. A autora Lück estuda as funções da gestão educacional na integração do processo de ensino-aprendizagem. Essa inclusão acontece através dos relacionamentos da escola e da comunidade. A autora relata o processo de gestão na escola como motivo de inserção dos trabalhos entre gestores, professores e alunos. Ela explica que a liderança corresponde a um conjunto de ideias, ações e comportamentos assumidos para intervir no desempenho escolar visando à realização dos objetivos organizacionais e as propostas educacionais. (LÜCK, 2008). 33 Considerando o mundo diversificado de culturas e saberes onde exige conhecimentos e competências no processo de desenvolvimento da educação, o supervisor deve conhecer os fundamentos da educação escolar, o processo de organização do trabalho pedagógico, as relações destes conhecimentos com o contexto histórico-social. Todos estes saberes teóricos dão sustentabilidade no ensino e na aprendizagem com ideias e valores orientadores da prática pedagógica. O perfil do supervisor educacional é aquele que entende as normas e diretrizes que orientam os níveis e modalidades de ensino, socializando e conduzindo as práticas pedagógicas e as possíveis interferências no cotidiano escolar. Outra atividade do supervisor é promover a formação continuada dos educadores valorizando o perfil de aluno que a instituição pretende formar. O supervisor educacional deve ser aquele capaz de entender as demandas da escola e da sociedade, direcionando atividades que respondam as demandas que fazem parte de uma sociedade que está em constantes transformações, pois a reestruturação de novos conceitos visam à implementação de mudanças na qualidade educacional. A supervisão educacional caracteriza-se como uma função comprometida com a qualidade do ensino e da aprendizagem através da articulação do projeto político pedagógico da escola com os elementos que compõem a sociedade, interagindo de forma interdisciplinar. É função de o supervisor mediar à relação professor, aluno e conhecimento, com foco nos resultados dos indicadores educacionais da escola comprometidos com a qualidade do ensino com foco no nível de aprendizagem dos alunos. O supervisor deve ser comprometido com os resultados das propostas educacionais da escola com habilidade de diálogo sabendo que a educação escolar não se resume na sala de aula e torna viável pela ação articulada com todos os agentes escolares. Esse educador hoje é um dos integrantes da equipe gestora, devendo apoiar e orientar a prática pedagógica baseado no projeto político pedagógico da escola compreendendo os desafios e, articulando soluções para os mesmos. 34 Práticas pedagógicas do supervisor escolar A orientação educacional auxilia a escola no processo de socialização com o corpo docente e os alunos, orientando na reconstrução dos projetos pedagógicos e nas práticas educacionais, propiciando o conhecimento e a relação de valores que promovem as atitudes éticas e morais no âmbito do convívio escolar e social. A supervisão escolar soberana desenvolve as práticas pedagógicas buscando o respeito às opiniões próprias, a liberdade de expressão, a compreensão dos conceitos e valores humanos e a criatividade que promove o desenvolvimento e a aprendizagem. O trabalho desenvolvido pelo supervisor escolar deve ser ações democráticas, onde as tomadas de decisões envolvam todos os responsáveis pelo processo educativo. A supervisão escolar é uma atividade pedagógica que requer conhecimento dos fundamentos da educação e da organização do trabalho pedagógico para desenvolver um processo dinâmico, contínuo e sistemático no processo de ensino e aprendizagem. O supervisor é um dos gestores escolares responsável pela melhoria do processo de ensino e aprendizagem. Portanto, o supervisor é idealizado como um profissional que tem a função de instruir e prestar assessoria aos professores nos aspectos pedagógicos, sociais e educacionais. O supervisor escolar deve ser aquele profissional que age como intermediário no desenvolvimento das atividades educativas do professor. O supervisor educacional é aquele que orienta, aprende e ensina que requer uma liderança pedagógica, tornando-se um parceiro no processo educativo. Para contribuir para um processo de ensino e aprendizagem significativo e contextualizado, o supervisor educacional deve desenvolver atividades pedagógicas que promovam o pleno conhecimento do processo didático como suporte de apoio aos professores com interação, diálogo, acompanhamento da prática docente e troca de experiências. A ação do supervisor é fundamentada nos objetivos educacionais, visando os melhores indicadores educacionais, buscando sempre se aperfeiçoar no embasamento teórico e prático, de forma ativa e progressista. 35 A supervisão educacional deve auxiliar a escola na promoção do convívio social, reconstruindo as ações pedagógicas e educacionais, proporcionando a articulação de valores que resultem em atitudes éticas no âmbito do convívio escolar e comunitário. As atividades pedagógicas do supervisor educacional devem ser focalizadas nas etapas e instrumentos da avaliação escolar, no rendimento dos alunos, na observação da mudança de comportamento dos educandos, no entendimento e análise dos indicadores educacionais alcançados e na sugestão de estratégias para melhorar as deficiências levantadas em todo o processo de ensino e aprendizagem. Uma das atividades muito importante do supervisor educacional é realizar serviços de ouvidoria dos alunos, professores e pais, serviços administrativos com o objetivo de entender as reações dos comportamentos humanos dentro e fora do contexto escolar, e assim com maior segurança, permite orientar de forma mais segura sendo conhecedora das razões dos fatos. PARA SABER MAIS: Leia o artigo: A importância do supervisor pedagógico na organização escolar. O presente artigo tem como objetivo analisar por meio de embasamento teórico específico a função/importância do supervisor pedagógico na organização escolar para as exigências da sociedade na atualidade. Acesse: http://perquirere.unipam.edu.br/documents/23456/192396/A++import%C3%A2ncia+d o+supervisor+pedag%C3%B3gico.pdf http://perquirere.unipam.edu.br/documents/23456/192396/A++import%C3%A2ncia+do+supervisor+pedag%C3%B3gico.pdf http://perquirere.unipam.edu.br/documents/23456/192396/A++import%C3%A2ncia+do+supervisor+pedag%C3%B3gico.pdf 36 37 A SUPERVISÃO EDUCACIONAL NO PROCESSO EDUCATIVO DA GESTÃO DEMOCRÁTICA 3 38 39 Introdução à supervisão educacional no processo educativo da gestão democrática Ainda hoje, o supervisor escolar tem dificuldade em articular as ações coletivas da escola na organização do trabalho pedagógico como forma de atender às necessidades reais da comunidade escolar. O desafio atual está no nível da formação e atuação do profissional do ensino, atribuindo assim uma prática fundamentada no conceito modificador da educação, trabalhando como mestre de transformação da escola com visão macro da educação no país e com visão micro dos elementos integrantes que formam a escola. Baseado na gestão democrática entende-se que o supervisor escolar não deve apenas limitar sua ação ao fazer burocrático, precisa buscar e construir fundamentações teóricas que deem suporte à sua prática de educador, sendo um educador empenhado no processo coletivo de produção, apropriação e distribuição dos conhecimentos teóricos e práticos. A gestão democrática contribui para que a profissão do supervisor encontreno processo de ressignificação dos conceitos e atitudes escolares a participação de todos que fazem parte da instituição de ensino, fundamentando o processo da gestão participativa através da gestão democrática na tomada de decisões pedagógicas. Nesta perspectiva o novo papel do supervisor educacional amparado pela Lei nº 9394/96 sob a denominação de pedagogo, profissional da educação, desenvolve a função e a profissão no ambiente escolar firmado nos princípios da gestão democrática. A ação do supervisor educacional deve ser baseada nos princípios constitucionais, fazendo as alterações do processo educacional de acordo com as transformações sociais ocorridas em tempos e espaços cada vez mais variados e constituídos de culturas diversas, fundamentando assim as práticas pedagógicas da escola. 40 A gestão democrática do supervisor educacional pressupõe a possibilidade de participação dos membros da comunidade escolar nos processos decisórios que dizem respeito ao cotidiano, vinculados ao processo de ensino e aprendizagem. Assim, busca-se a defesa de uma sociedade mais igualitária, na qual as oportunidades e direitos sejam os mesmos para todos. O paradigma qualitativo da gestão democrática no processo educativo requer da prática administrativa e pedagógica uma intervenção conceituada na ação coletiva. A supervisão escolar democrática é considerada aquela em que o desempenho do supervisor é baseado na autonomia de fala, atitude, respeito, compreensão e criatividade. O trabalho desenvolvido é feito de forma democrática, onde a tomada de decisões envolve todos os responsáveis no processo educativo. Nérici (1978) defende que o supervisor democrático é considerado aquele que tem habilidade de respeitar a individualidade de cada profissional, incentivando a criatividade dos professores em aplicar possíveis normas de relacionamentos humanos, incentivando o trabalho de grupo entre os atores principais que desenvolvem o processo de ensinar e aprender nos espaços intra e extraescolar. A supervisão escolar é um processo dinâmico, contínuo e sistemático. O supervisor é um dos principais líderes do processo educativo, ou seja, é um dos grandes responsáveis pela melhoria do processo ensino-aprendizagem. A respeito do conceito de democracia, Oliveira (2002), destaca que a democracia pressupõe uma possibilidade de participação dos integrantes que formam a sociedade em todos os processos decisórios que envolvem a vida escolar. Para se entender uma determinada formação social como democrática, deve-se considerar o conjunto dos entendimentos, das falas, das decisões, dos comportamentos em todo contexto social do país. A educação é abordada na Constituição Federal no artigo 206 onde descreve que a gestão democrática do ensino público deve ser desenvolvida baseada nos princípios básicos da educação de qualidade. 41 Segundo Fazenda, “o princípio se justifica porque a educação escolar é um direito inerente, por excelência, aos cidadãos” (FAZENDA, 2001 p.1). Assim, a educação escolar é assumida como “dever” tanto do Estado como da família, conforme regulariza a Constituição Federal de 1988 no artigo 205, a educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho. A gestão democrática da educação defende como princípio básico o ensino de qualidade, de acordo com o artigo 3º da Lei de Diretrizes e Bases de 1996, confirmando com o que está na Constituição Federal de 1988. A gestão democrática é um fundamento legal que forma o estado participativo das pessoas que entendem e fazem gerar a educação de qualidade para todos. A atual (LDB) não delimita a atuação das instituições de ensino, deixando para estas o encargo de fazer suas opções pedagógicas. Como na Constituição Cidadã, na Lei 9.394/1996, educação é “dever do Estado” e “dever da família” e se diz inspirada nos fundamentos de liberdade e solidariedade humana: Existem três finalidades da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional para o desenvolvimento da gestão democrática da educação brasileira: o pleno desenvolvimento do educando, o preparo para o exercício da cidadania e a qualificação para o trabalho. A supervisão educacional deve fundamentar-se nestes princípios legais. É importante que o supervisor saiba articular o administrativo com o pedagógico com pleno conhecimento da didática, para poder dar suporte pedagógico aos professores. O processo de interação, diálogo e troca de experiências contribui para um processo de ensino de qualidade repercutindo na aprendizagem significativa e contextualizada. 42 PARASABER MAIS: Leia a entrevista: Gestão: ação para mudança em educação. Esta entrevista Fala sobre a situação do Orientador Educacional nas instituições escolares atualmente. Acesse: http://gestao2saopedro.blogspot.com.br/ Supervisão escolar: compromisso e responsabilidade com a qualidade da educação Uma das principais funções do supervisor educacional é construir coletivamente com a comunidade escolar o Projeto Político Pedagógico da escola, pois todos devem buscar o mesmo objetivo que é a formação de cidadãos críticos, conscientes e reflexivos, preparados para entender as razões dos fatos promovidos pela própria humanidade. Nesse contexto Gadotti (2010, p. 17) indica alguns fatores que influenciam a qualidade da educação: Há necessidade de se estabelecer padrões de qualidade do ensino‐aprendizagem, há necessidade de mensuração da eficiência dos sistemas educativos, mas, para se chegar a resultados concretos em educação, um grande conjunto de indicadores de qualidade deve ser levado em conta: a qualidade tem fatores extraescolares e intraescolares; é preciso também considerar outros critérios subjetivos, sempre deixados de lado, mas que podem ser dimensionados intencionalmente. A escola deve ter a pretensão de democratizar o conhecimento, criando tempos e espaços para a formação de pessoas conscientes de seus direitos e deveres, promovendo meios para formação de novos conceitos e valores, fazendo valer as culturas que as pessoas formam na sociedade. O supervisor escolar deve ser aquele profissional criador de cultura e de aprendizagens não apenas intelectual, mas também afetiva, ética, social e política. http://gestao2saopedro.blogspot.com.br/ 43 A escola é um espaço educativo que ainda necessita de grandes mudanças para atender a demanda social, ainda se encontra no plano de suas concepções teóricas e práticas alienadas, sem iniciativa de formar fundamentações teóricas para melhor orientar e compreender a prática, ainda se encontra baseada em modelos já estabelecidos. O supervisor escolar deve desempenhar com compromisso suas funções promovendo as transformações sociais e políticas, prevendo a formação humana no processo educacional. É possível compreender que o supervisor educacional precisa desenvolver na escola uma análise crítica e construtiva do saber e do fazer pedagógico, trabalhando de forma racional e articulada com os gestores escolares, possibilitando a melhoria da qualidade da educação. O supervisor escolar deverá desempenhar sua prática pedagógica com a finalidade de aperfeiçoar os educadores podendo interagir na qualidade do ensino e assim gerar uma aprendizagem de qualidade. O supervisor escolar deve valorizar as diversidades dos saberes dos professores e alunos e as suas colaborações para o planejamento de práticas pedagógicas, respeitando a particularidade de cada um. Isso exige do supervisor escolar um processo permanente de avaliação do desempenho profissional. Desde o planejamento, desenvolvimento e avaliação do processo de ensinar e aprender o supervisorescolar deve considerar a proposta curricular, metodológica e pedagógica da escola. Segundo Lück (2008, p. 20) “a avaliação contínua é baseada na somatória de esforços que promovam ações com o sentido de desenvolver uma prática docente que garanta uma qualidade do processo de ensino e aprendizagem”. Na prática do conhecimento o supervisor deve entender a missão da escola, seus princípios e valores, sua visão de futuro, suas metas, suas relações com o contexto histórico-social e o desenvolvimento humano, seus níveis e modalidades de ensino. As ações do supervisor escolar devem envolver o estímulo dos professores de maneira que possam trabalhar de forma ativa com compromisso e ética profissional através do diálogo. O supervisor deve 44 identificar e entender as demandas da escola e a sociedade que está em processo permanente de mudanças. A educação é um processo permanente que exige cada vez mais das pessoas um compromisso que atenda as demandas sociais, políticas e econômicas, pois o mundo está evoluindo rápido requerendo profissionais cada vez mais competentes. Isso representa a necessidade da implementação de uma política educacional que atenda a demanda da escola brasileira validando suas especificidades, seus valores e seus costumes e crenças regionais dentro do contexto geral. Nesse desafio de formar pessoas para conviver e viver numa sociedade diversificada onde a educação deve ser humanizadora na transformação da realidade, ainda existem conceitos diferentes, variando de classe social. Nesse sentido o supervisor educacional deve primar pelos fundamentos teóricos e práticos que sustentam os saberes de pessoas que pensam e agem diferentes na escola. A supervisão escolar tem o compromisso educacional e a responsabilidade social com a qualidade da educação, como forma de garantir o desenvolvimento do aluno de forma lúdica e racional, capaz de fazer e entender a história em que vive e convive socialmente, entendendo as razões dos fatos e atos construídos baseados em fundamentações teóricas e práticas. Atividade de Aprendizagem: Pesquise na internet sobre gestão educacional, busque relatos de experiências nessa área para que lhe auxilie em suas reflexões. Logo após sua pesquisa faça uma resenha sobre suas descobertas e conclusões 45 Princípios e valores do supervisor educacional: agente da educação escolar Toda profissão exige seus princípios e valores próprios no processo de formação e atuação profissional, requerendo qualidade no processo que envolve muitos agentes e lugares que somam ideias e comportamentos diferentes. Segundo Fazenda (2001), tão importante quanto o produto de uma ação exercida é o processo e, mais que o processo, é necessário pesquisar o movimento desenhado pela ação exercida, somente com as pesquisas dos movimentos das ações exercidas podemos delinear seus contornos e seus perfis. Os princípios e valores éticos e morais do supervisor educacional devem ser voltados para a cooperação democrática na visão orgânica da educação e do ensino, criando processos adequados e coerentes com a realidade. O supervisor educacional deve integrar todo o processo de ensino e aprendizagem no espaço e tempo que convive com as diversidades culturais. A supervisão contínua poderá ser individual e coletiva com capacidade de avaliar seus próprios resultados e daí fazer os replanejamentos necessários. O conhecimento do novo envia-nos a uma revisão do velho com possibilidade de entender os motivos dos resultados alcançados para planejar de forma fundamentada. “[...]. Novos movimentos, nascidos de ações e práticas bem sucedidas, geram-se em movimentos anteriores”. (FAZENDA, 2001, p.16). É relevante conhecer o que já existe para dar suporte o que se planeja pensar e fazer isto são práticas pedagógicas coletivas conscientes. A função do supervisor escolar é descentralizadora deve ouvir e falar na proporção das necessidades escolares. O supervisor escolar no exercício profissional é aquele articulador e mobilizador da equipe escolar, buscando a melhoria do fazer pedagógico da sala de aula e a melhoria no que apresenta a qualidade do ensino- 46 aprendizagem proporcionada pela escola. O supervisor escolar é considerado um sujeito histórico possuidor de uma identidade própria, e ao mesmo tempo coletiva. A identidade configura-se como uma totalidade. A construção da identidade passa por um processo complexo graças a sua história pessoal e profissional. É através do olhar e da prática de pesquisador do supervisor educacional que configura os princípios e valores da profissão, envolvendo olhares e lugares diversos que reportam seus conceitos. Pelo rigor teórico da pesquisa, integrado a complexidade da realidade, encontra-se o sentido da supervisão, da ação do supervisor escolar compreendendo os agentes e os ambientes envolvidos no processo educativo. Os valores humanos devem ser reconhecidos, entendidos e praticados através da validação do respeito mútuo e consideração às características próprias dos profissionais. Os valores relacionados com o trabalho são convicções pessoais de cada pessoa, como colaborador que manifesta seus princípios éticos e morais através do exercício de sua profissionalização. PARA SABER MAIS: Assista ao vídeo Supervisão e Orientação Educacional. Neste vídeo é relatado o papel do Orientador Educacional e contribuição no processo de ensino-aprendizagem na educação. Acesse: https://www.youtube.com/watch?v=iBFhvYL1YZg https://www.youtube.com/watch?v=iBFhvYL1YZg 47 Algumas definições clássicas sobre quem é o Orientador Educacional 4 48 49 Introdução Saiba que esta unidade de estudo tem como propósito auxiliá-lo na compreensão sobre quem é o Orientador Educacional, pois para aprender a ser um Orientador Educacional, faz-se necessário conhecimentos específicos e diferenciados sobre quem é este profissional que assume esta função no contexto escolar. Assim, espero que você tenha um excelente estudo e um bom aproveitamento desta importante unidade. Logo, para uma melhor aprendizagem, recomendo que você retome todo o conteúdo desta unidade e reveja suas anotações sempre que for necessário. Como nas disciplinas anteriores, a leitura acurada do texto teórico, a prática de assistir aos vídeos sugeridos e o desenvolvimento das atividades são práticas elementares para o bom desempenho na disciplina, pois para que você compreenda, de maneira crítica e reflexiva, as discussões teóricas aqui apresentadas, todo o material oferecido na disciplina auxilia na compreensão dos conceitos explorados, assim como na construção de novos conhecimentos. Durante a leitura, aproveite para registrar os aspectos que achar mais importantes e as dúvidas que surgirem. A princípio, é oportuno uma breve reflexão: Quem é o Orientador Educacional? Ficou curioso? Então mãos à obra, vamos ler, estudar e compreender quem é esse profissional no contexto educacional brasileiro. PARA SABER MAIS: Leia na íntegra o Artigo intitulado: “Conhecendo a história da Orientação Educacional” de Priscila Maria Romero Barbosa, pois ela enfatiza, entre outros assuntos, o início do processo de Orientação Profissional/educacional no contexto das escolas brasileiras. Acesse: http://www.educacaopublica.rj.gov.br/biblioteca/educacao/0430.html http://www.educacaopublica.rj.gov.br/biblioteca/educacao/0430.html 50 Quem é o Orientador Educacional? Gostaria de iniciar refletindo com vocês sobre o Orientador Educacional a partir das contribuições de Giacaglia e Penteado (2010), pois segundo as autoras, considerando às exigências da profissão e o grau de exposição que se impõe a esse profissional, faz-se necessárioque o mesmo seja detentor de uma apurada formação técnica, assim como certas características pessoais. Logo, é necessário que goste de tratar e conviver diretamente com todos os tipos de pessoas e, notadamente, com estudantes de diferentes idades. Entretanto, resumidamente, Grinspun (2006) diz que houve uma fase aclamada de Romântica em que se acreditava que o Orientador Educacional resolvia todos os problemas dos estudantes e de quem estava envolvido direta e indiretamente com o processo educativo. Assim, como houve outra fase chamada de Objetiva, na qual esse profissional seria uma espécie de prestação de serviços que abarcava várias ordens, a qual não permitiria que os estudantes tivessem problemas (GRINSPUN, 2006). As contribuições das autoras acima nos ajudam a compreender o trabalho executado pelo Orientador Educacional no contexto escolar. Logo, faz- se necessário reportarmo-nos as indagações que abrem esta seção acerca desse profissional, entretanto, cônscios que as definições são múltiplas e diversas, pois são inúmeros os autores que se empenham ao seu estudo, GIACAGLIA; PENTEADO (2010), GIACAGLIA (2002, 2003, 2010), GRISPUN (2001, 2011), BALESTRO (2004/2005). Entretanto, a priori, as contribuições de Giacaglia e Penteado (2010) são favoráveis aos questionamentos presentes neste corpo teórico. Vamos conferir? De acordo com Grinspun (2011), o Orientador Educacional é um dos profissionais que integra a equipe da gestão escolar. O referido profissional, segundo o mesmo autor, é o principal responsável em acompanhar o desenvolvimento pessoal do discente, ou seja, possibilitar ao estudante o apoio necessário para a sua necessária formação, o que exige do mesmo um 51 trabalho que envolva, entre outras temáticas, valores morais, éticos, entre outros. Grinspun (2011) explica ainda que o Orientador Educacional, a partir de um trabalho articulado com os professores, contribui para o processo de aprendizagem dos discentes ao auxiliar os professores na compreensão das atitudes, posturas dos mesmos, ele é diferente do professor que centra seu trabalho pedagógico, na maioria das vezes, nos conteúdos escolares, desenvolve um trabalho coadunado aos conteúdos atitudinais, abarcando, entre outros elementos, a construção de valores, relações e comportamentos sociais. Giacaglia e Penteado (2010) concordando com Grinspun (2011) sinalizam que o Orientador Educacional desenvolve um trabalho diretamente ligado aos discentes, de modo a auxiliá-los em suas necessidades escolares, ou seja, seu trabalho está notadamente articulado a contribuir para que os estudantes avancem no processo de aprendizagem, de modo a responder as expectativas da escola, da família e da sociedade em relação a sua formação escolar. Considerando o exposto, podemos compreender que Orientador Educacional é o sujeito integrante da equipe da gestão escolar que lida diretamente com os estudantes, de modo coadunado ao trabalho dos professores, auxiliando e promovendo os meios para que os mesmos avancem em seus desenvolvimentos pessoais. Logo, os comportamentos dos discentes, em relação à escola, à família e à sociedade são peças-chaves no trabalho desse profissional, para que consiga orientá-los, ouvi-los e manter um efetivo diálogo com a escola, família e sociedade, de modo geral. Placco (1994) ressalta que a atuação do Orientador Educacional tem estreita relação com o significado de ser professor, pois, segundo a autora: [...] um dos educadores da escola deverá participar de uma ação educacional coletiva, assessorando o corpo docente no desencadeamento de um processo em que a sincronicidade é desvelada, torna-se consciente, autônoma e direcionada para um compromisso com uma ação pedagógica competente e 52 significativa para os objetivos propostos no projeto pedagógico da escola (PLACCO, 1994, p. 30). É oportuno, ainda, acoplar as contribuições de Garcia (1994) ao pensamento de Placco (1994), pois segundo o referido autor a Orientação Educacional, assim como a Supervisão Educacional, é, por sua vez, uma ação educadora, posto que a intencionalidade das suas ações está diretamente ligada ao processo educativo. Entretanto, precisamos compreender que a atuação do Orientador Educacional difere da atuação dos professores em vários aspectos, como: o trabalho de sala de aula do professor está voltado essencialmente para o processo de ensino que pauta-se, na maioria das vezes, em uma das áreas do conhecimento, a saber: Geografia, Matemática; Ciências, Português, entre outras. Já o Orientador Educacional, por sua vez, não desenvolve seu trabalho a partir de um currículo específico, posto que seu foco é o desenvolvimento dos estudantes como um todo. O trabalho desse profissional abarca principalmente valores, comportamentos, sentimentos, as experiências pessoas e profissionais dos discentes de modo a analisá-las e levá-las a compreendê-las em uma perspectiva crítica e transformadora. Em uma mesma linha de raciocínio, sublinhamos que o Orientador Educacional deve atuar em uma perspectiva pedagógica buscando ser o mediador entre os aspectos importantes envolvidos nos processos educativos, como: os comportamentos, valores, crenças, atitudes e necessidades dos discentes e o trabalho pedagógico dos professores. No rastro do exposto, assinalamos aqui que é por meio do trabalho do referido profissional que os estudantes receberão auxílio no que concerne às escolhas, relacionamentos interpessoais, emoções, sentimentos, entre outros. Logo, como assinalam Giacaglia e Penteado (2010): Pode-se definir ou caracterizar o Or. E. como um profissional técnico, da área de educação, que exerce uma profissão de apoio a pessoas e, portando, de natureza assistencial. [...]. O Or. E. tem seu trabalho voltado principalmente para o bem- estar e a felicidade dos alunos matriculados na escola onde desempenha suas funções. Ele se interessa pelo aluno como 53 um todo, não apenas como um ser que deva ser adequadamente ensinado e que deva aprender (GIACAGLIA; PENTEADO, 2010, p. 60). Em uma mesma perspectiva, cabe compreendermos que o Orientador Educacional deve atuar também como o mediador na relação do estudante com o contexto social, discutindo e possibilitando aos mesmos compreenderem, a partir de uma ótica crítica-reflexiva, os dilemas e descompassos que permeiam o espaço social em suas diferentes nuances: econômico, político, cultural, entre outros. Por fim, para fechar esta primeira unidade de estudo, não pode deixar de enfatizar que o Orientador Educacional é integrante da equipe de gestão escolar/pedagógica constituída pelo gestor escolar, coordenador pedagógico e pelo próprio orientador educacional como apresentado no início deste material didático-pedagógico, os quais, em sinergia, desenvolvem um trabalho coletivo de ações e atividades pedagógicas necessárias para a concretização das finalidades do processo educativo. Sublinhamos que não somente a execução destas atividades, mas também o acompanhamento e a avaliação das mesmas devem ser compartilhados com a população docente, às famílias e a comunidade escolar, como um todo. Enfim, é necessário que compreendamos que o Orientador Educacional não deve existir na escola visando resolver todos os problemas e dificuldades que perpassam, ou até obstaculizam, o processo de aprendizagem dos estudantes. Pois, se ao longo da história, houve “Uma fase Romântica em que se achava que a Orientação resolvia todos os problemas dos alunos e de quem estava envolvido direta e indiretamente com ele”, como bem explicou Grinspun (2006, p. 111). Atualmente, ainda segundo Grinspun (2006), podemos entender que esse profissional vive uma fase crítica que busca compreender quem é o estudante, seu contexto histórico, social e cultural, entre outros. Logo,o trabalho dele deve auxiliar o estudante de modo a ajudá-lo a se descobrir enquanto sujeito histórico, indivíduo em formação, assim como enquanto cidadão com direitos e deveres específicos na sociedade. 54 PARA SABER MAIS: Assista aos vídeos: O percurso histórico e a função do Orientador Educacional “Histórico sobre o Orientador Educacional” com Roberta Guedes. Acesse: https://www.youtube.com/watch?v=NEcFJX_BxEw Entrevista com Heloíza Luck sobre: As dimensões em gestão escolar e suas competências. Acesse: https://www.youtube.com/watch?v=Ii67fV1Wp74 Professora Ana Vital aborda assuntos sobre: Orientação Educacional – implementação e importância. Acesse: https://www.youtube.com/watch?v=9C5_4t7JfKQ https://www.youtube.com/watch?v=NEcFJX_BxEw https://www.youtube.com/watch?v=Ii67fV1Wp74 https://www.youtube.com/watch?v=9C5_4t7JfKQ 55 Algumas definições clássicas sobre o que faz o Orientador Educacional 5 56 57 Introdução Nesta unidade de estudo da disciplina Orientação Educacional, vamos aprofundar nossos conhecimentos acerca do papel e atribuições do Orientador Educacional no contexto escolar. Nosso objetivo é que você execute as atividades com autonomia a partir da leitura dos textos disponibilizados na unidade de estudo em pauta, na participação no fórum de discussão. Lembre-se de que o seu desempenho depende de uma rotina de estudo organizado e, principalmente, da sua responsabilidade! Então, vamos começar? PARA SABER MAIS: Leia o artigo “A contribuição do Orientador Educacional na política da educação – um estudo na rede municipal de ensino de Pelotas – RS” da professora Margarete Hirdes Antunes. A professora Margarete Antunes enfatiza a prática profissional dos Orientadores (as) Educacionais – OE nas Escolas da Rede Pública Municipal de Pelotas/RS. Acesse: http://tede.ucpel.edu.br:8080/jspui/bitstream/tede/128/1/Margarete%20final.pdf O que faz o orientador educacional? Introduzimos brevemente esta unidade apoiando-nos nas contribuições de Grinspun (2006) ao explicitar que a Orientação Educacional deverá atender os estudantes que, por sua vez, necessitam de orientação pessoal, entretanto, não somente no âmbito da vida escolar, mas na vida particular, de modo a auxiliá-lo em contextos de problemas, dúvidas, inseguranças, medos e incertezas, entre outros. A autora enfatiza, ainda, que atividade terapêutica volta-se essencialmente para os estudantes com dificuldades de estudo ou de comportamento, os quais precisam, na maioria das vezes, de uma assistência assídua e especializada. Sobre as atividades de recuperação, a autora explica que estão voltadas para os estudantes que apresentam um déficit de http://tede.ucpel.edu.br:8080/jspui/bitstream/tede/128/1/Margarete%20final.pdf 58 aprendizagem, o qual precisa de intervenção e recuperação. Logo, esta atividade deve ser desenvolvida de modo coletivo com a Supervisão Escolar, posto que a recuperação não vise somente levar o estudante a alcançar certas notas, mas, também, a pesquisar e identificar as causas que os levaram a este comportamento de desinteresse, conflito, desajuste e funcionamento fragilizado da escola, dentre outros. Considerando as contribuições de Grinspun (2006), sublinhamos, a priori, que é de extrema importância que o Orientador Educacional tenha plena consciência das suas atribuições no contexto escolar, pois essa compreensão o possibilitará atuar com segurança, assim como investir no seu processo de formação contínua. Assim, o convidamos a discutir o papel desse profissional. Vamos lá? Deste modo, é oportuno, neste início da discussão, abordarmos as atribuições do Orientador Educacional pautando-se nos ditames constitucionais que regulamentam a profissão, delimitando, portanto, suas incumbências no espaço escolar. Assim, conheceremos abaixo a Lei nº 5.564, de 21/12/1968, regulamentada pelo decreto nº 72. 846, de 26/09/1973, mais especificamente os artigos 8º e 9º, dada a sua importância para a discussão acerca do papel do Orientador Educacional. Art. 8º São atribuições privativas do Orientador Educacional: a) Planejar e coordenar a implantação e funcionamento do Serviço de Orientação Educacional em nível de: 1 - Escola; 2 - Comunidade. b) Planejar e coordenar a implantação e funcionamento do Serviço de Orientação Educacional dos órgãos do Serviço Público Federal, Municipal e Autárquico; das Sociedades de Economia Mista Empresas Estatais, Paraestatais e Privadas. c) Coordenar a orientação vocacional do educando, incorporando-o ao processo educativo global. 59 d) Coordenar o processo de sondagem de interesses, aptidões e habilidades do educando. e) Coordenar o processo de informação educacional e profissional com vista à orientação vocacional. f) Sistematizar o processo de intercâmbio das informações necessárias ao conhecimento global do educando. g) Sistematizar o processo de acompanhamento dos alunos, encaminhando a outros especialistas aqueles que exigirem assistência especial. h) Coordenar o acompanhamento pós-escolar. i) Ministrar disciplinas de Teoria e Prática da Orientação Educacional, satisfeitas as exigências da legislação específica do ensino. j) Supervisionar estágios na área da Orientação Educacional. l) Emitir pareceres sobre matéria concernente à Orientação Educacional. Art. 9º Compete, ainda, ao Orientador Educacional as seguintes atribuições: a) Participar no processo de identificação das características básicas da comunidade; b) Participar no processo de caracterização da clientela escolar; c) Participar no processo de elaboração do currículo pleno da escola; d) Participar na composição caracterização e acompanhamento de turmas e grupos; e) Participar do processo de avaliação e recuperação dos alunos; f) Participar do processo de encaminhamento dos alunos estagiários; g) Participar no processo de integração escola-família-comunidade; h) Realizar estudos e pesquisas na área da Orientação Educacional. Precisamos compreender, sobretudo, que as atribuições do Orientador Educacional devem centrar-se, sobretudo, na orientação e acompanhamento do estudante no que concerne ao seu processo escolar. Logo, faz-se necessário o Orientador Educacional contribuir com os discentes no direcionamento que deve dar a sua formação escolar, cidadã, ajudando-o, sempre que for possível, a descobrir suas habilidades, competências, 60 preferências, motivações, predileções e colaborando, acima de tudo, para que os mesmos se descubram profissionalmente. Logo, como explicam Pascoal, Honorato e Albuquerque (2008): [...] o papel do orientador educacional deve ser o de mediador entre o aluno, as situações de caráter didático-pedagógico e as situações socioculturais. Além disso, a razão de ser da escola e da própria educação é o aluno, centro dos estudos da orientação educacional (PASCOAL; HONORATO; ALBUQUERQUE, 2008, p. 108). Faz-se oportuno acoplarmos as contribuições de Pascoal, Honorato e Albuquerque (2008) o pensamento de Grinspun (2002). Segundo a referida autora: O principal papel da Orientação será ajudar o aluno na formação de uma cidadania crítica, e a escola, na organização e realização de seu projeto pedagógico. Isso significa ajudar nosso aluno ‘por inteiro’: com utopias, desejos e paixões. [...] a Orientação trabalha na escola em favor da cidadania, não criando um serviço de orientação para atender aos excluídos (...), mas para entendê-lo, através das relações que ocorrem (...) na instituição Escola. (GRINSPUN, 2002, p. 29) Visando endossar as contribuições dos autores, convém ressaltarmos que a atuação do Orientador Educacional deve favorecer
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