Buscar

Aula 1 O Papel do nutricionista e dietoterapia

Prévia do material em texto

O Papel do nutricionista:
o alimento e a dieta como componente
terapêutico
Profª. Sthefânia Cunha Rezende
5º período/ Dietoterapia I
Nutrição/2021
Princípios da Atenção Nutricional 
A atenção nutricional ou atenção dietética inclui:
Avaliação do estado nutricional, para determinação do diagnóstico nutricional e das necessidades nutricionais;
Desenvolvimento do plano de ação nutricional;
Implementação da dietoterapia, determinada pelo cálculo da dieta e conteúdo de macro e micro nutrientes;
Educação nutricional, envolvendo conceitos básicos de saúde e alimentação;
Avaliação da eficiência da intervenção. Estas ações são traçadas para dar suporte profissional em todos os aspectos relacionados ao cuidado nutricional.
Prática Clínica
Na prática clínica, o nutricionista deverá demonstrar interesse em todos os aspectos relacionados a alimentação do paciente. Deverá saber desvendar os fatores ambientais e antecedentes genéticos que representam a enfermidade que está passando. Sem omitir a responsabilidade do paciente no tratamento, é preciso estabelecer relação de cumplicidade e parceria, visando atingir os objetivos propostos.
Cabem ao nutricionista e paciente papéis distintos, definidos, porém inter-relacionados.
A eficiência da intervenção depende do entendimento dos diversos aspectos determinantes da patologia e da complexidade do tratamento, principalmente no que se refere à adesão.
Avaliação Nutricional
A avaliação do estado nutricional é fundamental para a identificação daqueles pacientes sob risco nutricional. Inicialmente, deve-se buscar na história clínica as informações a cerca do diagnóstico e intercorrências clínicas, que podem afetar o estado nutricional do paciente ou serem consequências dele.
 
Em seguida, buscam-se evidências objetivas deste estado nutricional (antropometria, avaliação clínica e dados bioquímicos), além das intervenções terapêuticas com interações nutricionais e, finalmente, a descrição do padrão alimentar ou o tipo de dieta que o paciente está ingerindo no momento da avaliação.
Avaliação Nutricional
- Outros aspectos relacionados que deverão ser verificados incluem:
Capacidade física para ingestão de alimentos;
História dietética anterior ou modificações realizadas;
Mudanças ponderais recentes;
Intolerâncias alimentares;
Possível interação droga-nutriente;
Presença de transtornos alimentares
Outras alterações, como dispepsia, constipação intestinal, etc.
	 História dietética	recordatório de consumo alimentar de 24 horas
alergias, preferências e intolerâncias alimentares
freqüência de consumo alimentar
relação com a história patológica
padrão habitual de consumo alimentar
história ponderal
	 Medidas antropométricas	Índice de Massa Corporal (IMC)
pregas cutâneas
razão cintura/ quadril (RCQ)
peso atual e usual
	 Avaliação bioquímica	eletrólitos
indicadores do estado de hidratação
indicadores de anemia e de outros micronutrientes (quando possível)
	 Exame físico nutricional	cabelo
tegumento
unhas
olhos
cavidade oral (lábios, língua, gengiva)
reserva muscular e adiposa global
Adaptado de: Marian, M., Thomson, C., Esser, M et al. Surgery Nutrition Handbook. Chapman & Hall, New York. 1996; p.2
Avaliação Nutricional
Sendo a avaliação do estado nutricional a base para se definir a melhor conduta dietética a ser adotada, os componentes essenciais da avaliação podem ser agrupados em: história dietética, medidas antropométricas, avaliação bioquímica e exame físico nutricional. 
Estes quatro componentes, permitirão o desenvolvimento de um plano terapêutico nutricional efetivo, apropriado e individualizado. 
Os dados que compõem a avaliação deverão ser monitorados e reavaliados regularmente para permitir o acompanhamento detalhado e particularizado das necessidades nutricionais dos pacientes.
Atribuição*
Assistência dietoterápica hospitalar, ambulatorial e em consultórios de nutrição e dietética, prescrevendo, planejando, analisando, supervisionando e avaliando dietas para enfermos.
Dietoterapia 
- Vários conceitos:
Ciência que promove a terapia por meio da dieta 
É a ciência que trata ou auxilia a conduta médica, no tratamento de uma patologia, através da alimentação adequada.
Objetivos da dietoterapia
Recuperar a saúde, levando o paciente às suas atividades normais.
Ajustar a dieta à capacidade do organismo em digerir, absorver e tolerar deter minados alimentos, bem como à capacidade em metabolizar nutrientes. 
Contribuir para compensar estados específicos de deficiência nutricional. 
Educar pacientes e familiares para aquisição de hábitos alimentares compatíveis com a saúde e com seu estilo de vida.
Princípios da Dietoterapia
1. Basear-se em prescrição escrita e o mais clara possível. 
2. Fundamentar a dieta, face à patologia presente. 
3. Fundamentar a dieta, face ao estado nutricional do paciente. 
4. Considerar o período evolutivo da doença. 
5.Tomar a dieta normal como padrão, afastando-se dela o menos possível e o menor período de tempo possível. 
Princípios da Dietoterapia
6. Ser flexível. 
7.Atender simultaneamente às alterações patológicas, hábitos alimentares, hábitos de exercício e trabalho, padrões culturais, situação sócio-econômica e estado psicológico do paciente, bem como às disponibilidades financeiras, materiais e humanas da Instituição que o atende. 
8.Utilizar a via oral como via preferencial de administração de alimentos ao paciente. 
9.Instruir e orientar o paciente.
Atividades do Nutricionista Clínico
Avaliação nutricional do paciente 
Elaboração da história dietética do paciente 
Estudo detalhado da anamnese médica do paciente 
Prescrição dietética 
Planejamento de cardápios, com supervisão da execução (preparo e administração)
Atividades do Nutricionista Clínico
Adaptação da atividade clínica ao setor em que atua (indústria, saúde pública, ou outros) 
Elaboração e atualização de manuais de dietas 
Acompanhamento diário da evolução do paciente 
Educação alimentar individual e/ou em grupo 
Engajamento multiprofissional (discussões, visitas em grupo, etc.).
Aconselhamento Dietético em Nutrição Clínica
Aconselhamento Dietético em Nutrição Clínica – Entrevista
1. Dados de identificação
2. Queixa principal e H.D.A. (encaminhamento?) 
3. História dietética: 
Recordatório de ingestão habitual 
Preferências e aversões alimentares 
Alergias e intolerâncias alimentares 
Alterações dietéticas em finais de semana 
Cálculo de ingestão habitual.
Aconselhamento Dietético em Nutrição Clínica – Entrevista
4. Função orgânica e uso de medicamentos 
5. Tabagismo 
6. Atividade física (trabalho e exercício físico) 
7. Antropometria 
8. Exames laboratoriais 
9. Dia gnóstico nutricional 
Aconselhamento Dietético em Nutrição Clínica – Entrevista
Avaliação Nutricional
Objetivo: identificar distúrbios nutricionais e possibilitar a intervenção nutricional adequada. 
Métodos objetivos e subjetivos: 
AVALIAÇÃO NUTRICIONAL: 
OBJETIVO E RACIOCINIO CLÍNICO 
Deter minar naquele momento o estado de nutrição e o prognóstico da possibilidade de perda de massa corporal com base no contexto clínico
Investigação dietética
Cálculo das calorias e proteínas ingeridas ou infundidas no paciente 
Pct Inter nado com Dieta Via Oral: 
R24h;
Pct Inter nado com Dieta Via Sonda Enteral ou Nutrição Parenteral ;
Calcular a quantidade de calorias e de proteína contida na solução que foi ingerida ou infundida;
Se necessário, somar os aportes.
Investigação dietética
Importante: 
 Evitar questionar sobre alimentos específicos. 
 Evitar qualquer sinal de surpresa, aprovação ou desaprovação; 
 Insistir nos detalhes sem induzir; 
 Não esquecer de questionar sobre a ingestão de outros alimentos, além dos fornecidos pelo hospital. 
 Verificar se o consumo daquele dia não foi atípico. 
Investigação antropométrica
Antropometria é um dos indicadores diretos do estado nutricional. 
 Medidas antropométricas mais utilizadas em hospitais: 
 Peso 
 Altura 
 IMC 
 CB 
 PC (tricipital e bicipital) CMB (circunferência muscular do braço).
Peso
Peso ideal ou desejável:
Situações: 
Paciente restrito ao leito 
Não se dispõe de cama balança no setor para a obtenção da altura e do peso atual 
Paciente ou familiar não informam a altura e o peso usual. 
1º Passo para o cálculo do peso ideal: 
Estimar a altura do indivíduo altura do joelho 
CHUMLEA: 
Homem: 
(2,02 x altura do joelho) – (0,04 x idade (anos)) + 64,19" 
Mulher: 
(1,83 x altura do joelho) – (0,24 x idade (anos)) + 84,88
Peso ideal ou desejável
4º Passo: Calcular a adequação do Peso (%) 
Adequação do peso (%) = peso a tual x 100 peso ideal 
1º Passo: Estimativa da Altura (Altura do Joelho) 
2º Passo: Estimativa da Compleição Óssea 
Compleição = Altura (cm)/ Circ. do punho (cm) 
Compleição: Pequena Média Grande 
3º Passo: Encontrar o P.I. na tabela ou Estimar pelo IMC ideal (avaliar caso a caso) 
Metropolitan Life Ensurance (tabela) 
Peso I deal = IMC ideal x Altura² 
Peso ideal ou desejável 
Peso ajustado
Quando o P. I . é uma meta ainda “distante”:
Corrige-se o P. I . para a determinação da necessidade energética e de nutrientes 
Situação: 
Pacientes com IMC > 27 Kg/m2 (ASPEN).
Pacientes com obesidade mórbida ou quando o PA for superior a 100% do PI (Lameu, 2005).
A adequação do peso for superior a 115% ou inferior a 95% do peso ideal (Cuppari, 2002).
É obtido por meio da equação:
Peso ajustado = (peso ideal – peso atual) x 0,25 + peso atual!
Perda de peso
Importante acompanhar, especialmente se é involuntária;
Perda de peso (%) = (peso usual – peso atual) x 100 
 peso usual
IMC
Medidas importantes:
CB 
Pregas ou Dobras Cutâneas 
CMB
Exame físico
Antropometria 
Sinais e sintomas associados à desnutrição:
- Edema, ascite, pele 
Alterações de pele, cabelos, dentes, gengivas, lábios, língua e olhos podem revelar deficiências específicas. 
Alterações GI
Investigação bioquímica:
- Parâmetros laboratoriais.
Avaliação subjetiva global
Conduta nutricional
Conduta 
Resumir; 
Anexar cópia da dieta prescrita(?) 
Informar dados nutricionais da dieta(?) 
Seguimento/Monitoramento 
Espaço para registro de informações sobre: 
Seguimento das orientações 
Nova avaliação nutricional 
Nova conduta
Conduta dietoterápica
Conceito flexível? 
Nutrição baseada em evidências
Desnutrição
Desnutrição hospitalar
Graf. 1 Prevalência da desnutrição hospitalar.
Desnutrição hospitalar
É um problema de saúde publica e está associada ao aumento de morbimortalidade;
IBRANUTRI (2010): cerca de 48% dos pacientes estão desnutridos ou em risco nutricional;
Cerca de 40% dos pacientes perdem peso durante a internação hospitalar.
Desnutrição hospitalar
Serviço de Nutrição e Dietética – SND
O Serviço de Nutrição e Dietética é responsável pelo fornecimento de refeições a pacientes internados e seus acompanhantes e garantir qualidade e segurança na assistência nutricional prestada aos clientes. 
Para os pacientes internados a dieta hospitalar é importante para prover o aporte de nutrientes e, assim, preservar seu estado nutricional pelo papel coterapêutico em enfermidades agudas e crônicas.
SND
O cardápio do Hospital é planejado e elaborado pela nutricionista responsável, e preparado pelos cozinheiros e auxiliares. O cardápio oferecido pelo setor tanto para os funcionários, médicos, pacientes e para os acompanhantes deve ter alto padrão de qualidade, sendo composto de prato principal (carnes e derivados), prato base (arroz e feijão), guarnição, saladas e sobremesas.
SND
Antigamente, era comum ouvir o termo "comida de hospital" referindo-se a alimentos insossos e ruins. No entanto, hoje, com a evolução da nutrição hospitalar, procura-se oferecer refeições balanceadas, saudáveis e saborosas, seguindo a prescrição médica e suprindo as necessidades nutricionais dos pacientes. Afinal, a sensação de saciedade experimentada pelo paciente ajuda em sua recuperação.
A nutricionista e sua equipe é responsável pela administração de toda a unidade, coordenando também o lactário, Pronto Atendimento, UTI e UTI Neonatal, assim como as Unidades de Internação. As fórmulas são preparadas pelos funcionários do SND de cada turno. 
Muito Obrigada!!!

Continue navegando