Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
1 PLANEJAMENTO TRIUTÁRIO 1 Sumário NOSSA HISTÓRIA .................................................................................. 2 1- INTRODUÇÃO ............................................................................ 3 1.1- METODOLOGIA ...................................................................... 4 2- PLANEJAMENTO ....................................................................... 6 2.1- ESTRATÉGIA .......................................................................... 8 3- PLANEJAMENTO TRIBUTÁRIO ................................................. 8 3.1- ELISÃO FISCAL ..................................................................... 10 3.2- TRIBUTO ............................................................................... 10 3.3- REGIME TRIBUTÁRIO .......................................................... 13 3.4- ANÁLISE TRIBUTÁRIA .......................................................... 18 3.5- INFLUÊNCIA DO REGIME TRIBUTÁRIO NO CUSTO .......... 19 3.6- PLANEJAMENTO TRIBUTÁRIO COMO FATOR COMPETITIVO ............................................................................................. 20 4- O SISTEMA TRIBUTÁRIO BRASILEIRO .................................. 21 5- ABORDAGENS PARA EXERCÍCIO DO PLANEJAMENTO TRIBUTÁRIO ................................................................................................ 24 6- CLASSIFICAÇÃO DO PLANEJAMENTO TRIBUTÁRIO ........... 26 7- ABRANGÊNCIA E ASPECTOS DO PLANEJAMENTO TRIBUTÁRIO ................................................................................................ 27 8- ELISÃO E EVASÃO FISCAL – LIMITES AO PLANEJAMENTO TRIBUTÁRIO ................................................................................................ 29 9.1- LIMITES AO PLANEJAMENTO TRIBUTÁRIO ....................... 35 9- O PARÁGRAFO ÚNICO DO ART. 116 DO CÓDIGO TRIBUTÁRIO NACIONAL 43 2 ...................................................................................................................... 47 10- CONSIDERAÇÕES FINAIS ...................................................... 47 11- REFERENCIAS ......................................................................... 49 NOSSA HISTÓRIA A NOSSA HISTÓRIA, inicia com a realização do sonho de um grupo de empresários, em atender à crescente demanda de alunos para cursos de Graduação e Pós-Graduação. Com isso foi criado a INSTITUIÇÃO, como entidade oferecendo serviços educacionais em nível superior. A INSTITUIÇÃO tem por objetivo formar diplomados nas diferentes áreas de conhecimento, aptos para a inserção em setores profissionais e para a participação no desenvolvimento da sociedade brasileira, e colaborar na sua formação contínua. Além de promover a divulgação de conhecimentos culturais, 3 científicos e técnicos que constituem patrimônio da humanidade e comunicar o saber através do ensino, de publicação ou outras normas de comunicação. A nossa missão é oferecer qualidade em conhecimento e cultura de forma confiável e eficiente para que o aluno tenha oportunidade de construir uma base profissional e ética.Dessa forma, conquistando o espaço de uma das instituições modelo no país na oferta de cursos, primando sempre pela inovação tecnológica, excelência no atendimento e valor do serviço oferecido. 1- INTRODUÇÃO Direito e Contabilidade são parceiros de longa data na evolução da civilização. Para falar em Planejamento Tributário faz-se necessário conhecer os princípios constitucionais, bem como os princípios contábeis. No Brasil deste a época da colonização portuguesa, a carga tributária era considerada elevada, pelos brasileiros, esse fato é real e histórico e está registrado na história brasileira, através da inconfidência mineira, movimento que contestou a forma de cobrar impostos pelos portugueses. Atualmente a representatividade dos impostos no PIB – Produto Interno Bruto, é alarmante, pois representa mais de 34% deste. O planejamento Tributário tornou-se de fundamental importância para as empresas, devido à legislação tributária brasileira, adotar um número excessivo de leis e de constantes alterações. Portanto passa a ser vista como complexa, o que dificulta aos empresários a promover a interpretação, assim como se manter atualizados 4 em virtude dos diversos influenciadores na gestão empresarial de forma específica. A influência que os tributos representam no resultado econômico das empresas tem estimulado um significativo número de pesquisadores a direcionarem esforços de forma a identificar maneiras de minimizar o nível de representatividade quando da apuração do resultado. O planejamento tributário é a atividade pela qual os contribuintes procuram, sem infringir o ordenamento jurídico, organizar suas atividades econômicas e negociais de forma a provocar a incidência da menor carga tributária possível. O direito à prática do planejamento tributário não é objeto de controvérsia, nem na doutrina, nem na jurisprudência; tampouco é objeto de polêmica a assertiva de que o direito ao planejamento tributário tem fundo constitucional e decorre da liberdade e da autonomia privada. Mas a polêmica é inevitável quanto à definição dos limites desse planejamento, vale dizer, quanto a como definir e aplicar aos casos concretos os critérios que separam o campo do planejamento lícito e eficaz (chamado no Brasil de elisão fiscal) do campo do planejamento ilícito e ineficaz. O Planejamento Tributário é uma ferramenta de gestão empresarial pouca utilizada, principalmente nas micro e pequenas empresas. O presente estudo faz uma abordagem sobre o sistema tributário brasileiro, definição, princípios e classificação, bem como sobre aspectos legais. Retrata a origem dos tributos federais, bem como as principais formas de tributação, em face da gestão organizacional, com o propósito de encontrar a melhor forma de tributação no âmbito federal. 1.1- METODOLOGIA Para a construção deste material, foi utilizada a metodologia utilizada de pesquisa bibliográfica e descritiva, com o intuito de proporcionar um levantamento de maior conteúdo teórico a respeito dos assuntos abordados. Segundo Gil, a pesquisa bibliográfica consiste em um levantamento de informações e conhecimentos acerca de um tema a partir de diferentes materiais bibliográficos já publicados, colocando em diálogo diferentes autores e dados. 5 Entende-se por pesquisa bibliográfica, a revisão da literatura sobre as principais teorias que norteiam o trabalho científico. Essa revisão é o que chamamos de levantamento bibliográfico ou revisão bibliográfica, a qual pode ser realizada em livros, periódicos, artigo de jornais, sites da Internet entre outras fontes. Outro método utilizado foi à metodologia de ensino Waldorf, esta metodologia é uma abordagem desenvolvida pelo filósofo Rudolf Steiner. Ele acreditava que a educação deve permitir o desenvolvimento harmônico do aluno, estimulando nele a clareza do raciocínio, equilíbrio emocional e a proatividade. O ensino deve contemplar aspectos físicos, emocionais e intelectuais do estudante. A pesquisa é descritiva, de campo e histórica, apoiada em técnicas de análise documental sobre a legislação e os planos de ensino obtidos, bibliográfica (MALHOTRA, 2006; COOPER; SCHINDLER, 2003; VERGARA, 2003; LUNA, 2002), e de análise de conteúdo (BARDIN, 2004). O planejamento e a revisão da literatura ocorreram durante o segundo semestre de 2007; a coleta dos dados, a análise e a apresentação dos resultados ocorreu durante 2008. Ainda para a construção deste, foi utilizado a etnometodologia, pela fenomenologia e pelo legado de Wittgenstein, além de alguns elementos marxistas e outros pensamentos mais contemporâneos, como os desenvolvidos por Pierre Bourdieu e Anthony Giddens. Segundo Nicolini, Gherardie Yanow (2003) a noção de prática, na sua essência filosófica, está baseada em quatro grandes áreas do saber - na tradição marxista, na fenomenologia, no interacionismo simbólico e no legado de Wittgenstein -, das quais podem ser citados fenômenos como: conhecimento, significado, atividade humana, poder, linguagem, organizações, transformações históricas e tecnológicas, que assumem lugar e são componentes do campo das práticas para aqueles que delas compartilham. Com tudo, o intuito deste modelo é possibilitar os estudos e contribuir para a aprendizagem de forma eficaz, clara e objetiva. 6 2- PLANEJAMENTO A condição básica para qualquer realização de um trabalho que visa atender a um objetivo é a realização de um bom planejamento, que é usado como ferramenta para visão estratégica futura e obtenção de maior lucratividade. “O planejamento nasce a partir dos grandes objetivos que a organização quer atingir, demandando reavaliação constante e sólido trabalho em equipe” (FERREIRA et al., 2005, p. 36). Para Robbins (2000), o planejamento compreende na definição das metas de uma organização, o estabelecimento de uma estratégia global para alcançar essas metas e o desenvolvimento de uma hierarquia de planos abrangentes para integrar e coordenar atividades. Diz respeito, portanto, aos fins (o que será feito) e também aos meios (como será feito). Os planos estratégicos e planos operacionais diferem-se quanto ao prazo e objetivo. Os planos operacionais especificam os detalhes de como devem ser alcançados os objetivos organizacionais globais e tendem a cobrir períodos, mais curtos de tempo. Os planos mensais, semanais e diários de uma organização, por exemplo, são quase todos operacionais. Os planos estratégicos que se aplicam à organização como um todo, estabelecendo seus objetivos globais e posicionando-a em termos do ambiente tendem a abranger um período extenso de tempo que normalmente e de cinco anos ou mais. Cobrem também uma área mais ampla e lidam menos com particularidades. Os planos operacionais possuem objetivos mais estreitos e mais limitados. O planejamento da direção reduz o impacto da mudança, minimiza desperdício e a redundância e fixa os padrões para facilitar o controle. O planejamento estabelece um esforço coordenado. Dá direção aos gerentes e a não gerentes, pois quando todos os envolvidos sabem para onde vai a 7 organização e qual a sua contribuição individual para alcançar o objetivo, podem começar a coordenar suas atividades cooperar entre si e trabalhar em equipes. A falta de planejamento pode fomentar „ziguezagues‟, impedindo que uma organização se movimente eficientemente rumo aos seus objetivos. Ao obrigar os gerentes a olhar para frente, antecipar-se e considerar o impacto da mudança e desenvolver respostas apropriadas, logo o planejamento reduz a incerteza e esclarece as consequências das medidas que os gerentes podem tomar com respeito à mudança, (ROBBINS, 2000). Para Lima; Teixeira (2000), isolando o elemento planejamento, precisa-se entender a abordagem temporal de gestão das empresas. Admitindo que planejamento é uma ação do presente para um futuro desejado a longo, médio e curto prazo, sendo o planejamento institucional a longo prazo, o planejamento setorial á médio prazo e o planejamento operacional à curto prazo. Para Chiavenato e Sapiro (2003), o planejamento estratégico está relacionado com os objetivos de médio e longo prazo da organização, que podem afetar sua direção, viabilidade e resultados. Com relação às empresas no Brasil normalmente os recursos de pequena e média empresa são limitados, por isso o planejamento é mais essencial ainda, pois ele auxilia essas empresas a utilizarem melhor suas capacidades e minimizar a perda de energia em atividades que não dirigem para o caminho correto. (FERREIRA et al., 2005, p.35) Surge o planejamento na organização a partir da necessidade de se atingir os grandes objetivos, devendo ser reavaliado constantemente e, através do trabalho em equipe, realizar estratégias que auxiliará os gestores em suas tomadas de decisões para obterem os melhores resultados e alcançarem o objetivo visado. Diante do levantamento de dados e problemas enfrentados pela a empresa é que o planejamento busca soluções através de metas, quando bem realizado faz com a empresa ganhe tempo, pois visualizará seus objetivos e caminhos de forma clara, e saberá como agir, até mesmo diante de obstáculos que poderão aparecer durante a execução. 8 2.1- ESTRATÉGIA Chiavenato e Sapiro (2003) definem estratégia empresarial como sendo um padrão de objetivos e políticas a serem seguidas pela empresa, que definirá seu negócio e o tipo de empresa que é, ou ainda deverá ser. De acordo com Costa (2006), estratégia significa se transportar ao futuro desejado e olhar para trás, para o hoje, e analisar o que ainda deve ser feito para que o idealizado se concretize. Possuir uma visão do que a empresa é atualmente e aonde se quer chegar é essencial. Para se alcançar um objetivo é necessário ter conhecimento de todos os caminhos a serem seguidos e os riscos que poderão enfrentar, pois com a ausência dos mesmos a empresa pode se perder e ser prejudicada. 3- PLANEJAMENTO TRIBUTÁRIO Conforme aborda Chaves (2008), o planejamento tributário é uma necessidade básica para pessoas físicas e jurídicas, reduzindo os tributos através do planejamento de seus negócios. O profissional deve manter-se sempre atento às alterações constantes da legislação para não cometer um crime contra a ordem tributária. A organização que realiza o planejamento tributário, que é um instrumento de estratégia empresarial e que auxilia os gestores em sua tomada de decisão, possui vantagem competitiva entre os seus concorrentes, buscando menor gasto tributário em sua atividade econômica, sempre observando a legislação tributária. De acordo com Fabretti (2003), ao contrário do que muitos empresários pensam não há mágica no planejamento tributário, é uma relação custo/benefício que deve ser elaborado por profissionais qualificados e muito bem avaliado, pois exige bom-senso do planejador para encontrar quais as alternativas mais adequadas. 9 “Planejamento tributário é o meio legal de redução da carga tributária. Nos tempos atuais, é a ferramenta necessária não só a qualquer empresa, como também aos contribuintes pessoas físicas” (CHAVES, 2008, p. 8). É de grande importância as empresas realizarem o planejamento tributário junto a um profissional contábil para que identifiquem o melhor regime tributário para se enquadrarem, de acordo com suas atividades, e reduzirem sua carga tributária de forma legal. Chaves (2008) afirma que, o planejamento tributário pode ser classificado três categorias: conservador, moderado e agressivo. O primeiro aplica-se o que está na lei ordinária. O segundo é necessário maior conhecimento da legislação tributária, Constituição Federal, Código Tributário Nacional e acompanhamento das matérias polêmicas do Poder Judiciário. O terceiro é a base somente no Código Tributário Nacional e na Constituição Federal, onde escolhe uma ação que não é autorizada na lei ordinária. 10 3.1- ELISÃO FISCAL O aproveitamento ou redução de carga tributária de forma lícita, prevista na legislação, é denominada elisão fiscal. Para isso é direito da organização entender a gestão de tributos para buscar o menor impacto possível dentro dela, pagando o menor tributo justo perante a lei. Para Padoveze (2006), a elisão fiscal é lícita quando praticada sem que esteja revestida por nenhuma prática simuladora, obtendo a menor carga tributária permitida em lei. 3.2- TRIBUTO Segundo a Lei nº 5.172/66, de 25 de outubro de 1966, em seu artigo 3º, “tributo é toda prestação pecuniária compulsória, em moeda ou cujovalor nela se possa exprimir, que não constitua sanção de ato licito, instituída em lei e cobrada mediante atividade administrativa plenamente vinculada” (BRASIL, 1966, p. 1). Assim, o tributo é uma prestação que contribuintes jurídicos ou físicos pagam para o estado e não como forma de punição nem pena, e sim através de lei que são cobradas pela administração pública, fisco, que segue procedimentos também determinados em lei. 11 Os tributos podem ser divididos em impostos, taxas e contribuições. Apesar do impulsivo crescimento na arrecadação das contribuições, os impostos ainda são os tributos que mais arrecadam no Brasil. Tributo é uma exigência do Estado que deve constar em lei para que os indivíduos, através de seu pagamento, contribuam para o custeio das despesas coletivas. Conforme afirma Amaro (2014), o tributo resulta de uma exigência do Estado que se funda na lei como expressão da vontade coletiva, e antigamente, nos primórdios da história fiscal, decorria da vontade do soberano de acordo com a lei. Fabretti (2006) resume o conceito de tributo como sendo uma forma normal de extinção da obrigação tributária, pelo pagamento compulsório em moeda. De acordo com Portal Tributário (2016), atualmente o Brasil conta com 92 tributos dentre eles Impostos, taxas, contribuições e contribuições de melhoria, lista atualizada em 02 de fevereiro de 2016 baseada nos conceitos constitucionais e do Código Tributário Nacional (Apêndice G). Impostos “Imposto é o tributo cuja obrigação tem por fato gerador uma situação independente de qualquer atividade estatal específica, relativa ao contribuinte” (BRASIL, 1966, art. 16). O tipo de tributação mais conhecido na sociedade é o imposto e está presente no dia a dia de todo consumidor, direta ou indiretamente, sendo de ordem Municipal, Estadual ou Federal. Conforme Amaro (2014), o fato gerador do imposto é uma situação que não tem conexão com nenhuma atividade do Estado especificamente dirigida ao contribuinte, sendo assim, para ser exigido um imposto de um indivíduo não é necessário que o Estado lhe preste algo determinado. Segundo Sabbag (2010) há dois tipos de impostos: diretos e indiretos. O primeiro é aquele que não repercute, pois a carga econômica é suportada pelo contribuinte, como por exemplo, o Imposto de Renda. O segundo é aquele que repercute em terceira pessoa, não sendo assumido por quem realizou o fato gerador. Taxas 12 Amaro (2014) afirma que, o fato gerador da taxa é um fato do Estado e não do contribuinte, onde o Estado exerce determinada atividade e quem a aproveitou é cobrada a taxa. As taxas cobradas pela União, pelos Estados, pelo Distrito Federal ou pelos Municípios, no âmbito de suas respectivas atribuições, têm como fato gerador o exercício regular do poder de polícia, ou a utilização, efetiva ou potencial, de serviço público específico e divisível, prestado ao contribuinte ou posto à sua disposição (BRASIL, 1966, art. 77). O fato gerador e a base de cálculo da taxa são diferente ao dos impostos, não sendo também calculada pelo capital da organização. Sabbag (2010) define taxa como um tributo vinculado à ação estatal que se liga à atividade pública, e não à particular, onde seu fato gerador é um fato do estado e não do contribuinte. Para o Portal Tributário (2016), as taxas são cobradas em razão do exercício do poder de polícia ou pela utilização, efetiva ou potencial, de serviços públicos específicos e divisíveis, prestados ao contribuinte ou postos à disposição da população. Contribuições De acordo com o Gestor Total, as contribuições estão divididas em dois grupos: Contribuição Especial que é cobrada quando se destina a um determinado grupo ou atividade, como por exemplo: Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), PIS (Programa de Integração Social) e a Contribuição de Melhoria que é quando ocorre uma melhoria que resulte em benefício ao contribuinte, como por exemplo: quando é feito asfaltamento em uma rua, que consequentemente acaba aumentando o valor do imóvel por conta desta melhoria, e isso gera a contrapartida do cidadão, pois ele teve um claro benefício (Diferença entre impostos, taxas..., 2013). Segundo o Portal Tributário, os tipos de contribuições existentes são: contribuição de melhoria que é decorrente de obras públicas. As contribuições parafiscais ou especiais integram o sistema tributário nacional, já que a Constituição Federal (CF) ressalva quanto à exigibilidade da contribuição sindical (art. 80, inciso IV, Constituição Federal), das contribuições 13 previdenciárias (artigo 201 da Constituição Federal), sociais (artigo 149 da Constituição Federal), para a seguridade social (artigo 195 da Constituição Federal) e para o Programa de Integração Social (PIS) e Programa de Formação do Patrimônio do Servidor Público (PASEP) (artigo 239 da Constituição Federal) e ainda como contribuições especiais tem as exigidas a favor da OAB, CREA, CRC, CRM, CRA e outros órgãos reguladores do exercício de atividades profissionais (Tributos no Brasil, os 2016). 3.3- REGIME TRIBUTÁRIO A escolha de um regime tributário e o enquadramento de uma empresa é que irão definir qual a incidência e como será definida a base de cálculo dos impostos. No Brasil, os regimes tributários mais utilizados são: Lucro Real, Lucro Presumido e Simples Nacional, cabe a cada empresa de acordo com suas atividades escolher em qual melhor se enquadra, observando as características específicas de cada regime, pois cada regime tributário possui uma legislação própria que define todos os impostos e procedimentos que a empresa deverá cumprir, para ficar dentro da legalidade. Regime tributário é a opção escolhida pela empresa para o recolhimento de seus tributos e contribuições ao Governo Federal. A empresa deve apenas respeitar algumas exigências para poder se enquadrar no regime desejado, pois algumas atividades não podem ser enquadradas em todos os regimes tributários, normalmente atividades específicas e que exigem um maior controle do governo. Geralmente esse regime é escolhido pelo escritório contábil contratado pela empresa, mas é de extrema importância o conhecimento e acompanhamento junto ao profissional contábil para analisar o melhor regime tributário a se enquadrar, visando sempre a elisão fiscal. Com o quadro a seguir é possível verificar pontos importantes de cada regime: Quadro 1: Principais características dos regimes tributários 14 15 Lucro Real “O lucro real é o resultado contábil (receita menos os custos e despesas), ajustado pelas adições e exclusões” (CHAVES, 2008, p. 10). A empresa que optar pelo lucro real deverá apurar o lucro contábil, que será a base de cálculo para os impostos sobre o lucro líquido. Aplica-se sobre esta modalidade os impostos de PIS – com alíquota de 1,65%, COFINS – 7,6%, o imposto de Renda e a Contribuição Social devem ser apurados somente sobre o Lucro da empresa, obtido através da DRE (demonstração do resultado do exercício) (SILVA; GOMES; SILVA, 2015, p. 6). Há dois sistemas de apuração para as empresas enquadradas neste regime tributário: Lucro Real Anual e Lucro Real Trimestral. De acordo com a Receita Federal (2016), é a base de cálculo do imposto sobre a renda apurada de acordo com os registros contábeis e fiscais e que hoje são efetuados sistematicamente de seguindo as leis comerciais e fiscais. Para realizar a apuração do lucro real é feito pelo contador responsável a parte do Livro de Apuração do Lucro Real, mediante adições e exclusões ao lucro líquido do período de apuração do imposto que pode ser trimestral ou anual 16 e das compensações de prejuízos fiscais autorizados pela legislação do imposto de renda, de acordo com as determinações contidas na Instrução Normativa da Secretaria da ReceitaFederal (SRF) nº 28, de 1978, e demais atos legais e infra legais posteriores. O lucro real das pessoas jurídicas deve ser apurado na data de encerramento do período de apuração seguindo a Lei nº 9.430, de 1996, artigos. 1º e 2º (BRASIL, 1996, p. 1). Os responsáveis pela apuração e pagamento devem se atentar, pois sem o prejuízo do balanço de que trata o art. 21, da Lei n° 9.249, de 26 de dezembro de 1995, e art. 6º da Lei nº 9.648 de 27 de maio de 1998, e sobre a responsabilidade por sucessão, o resultado do período, que servirá de base para apuração do imposto, nos casos de extinção, incorporação, fusão ou cisão da pessoa jurídica, compreenderá para realizar a apuração os fatos geradores ocorridos até a data do evento (RECEITA FEDERAL, 2016). Como o próprio nome sugere a apuração é feita com base no lucro líquido da empresa, se a mesma não possuir lucros não pagará impostos, seria a forma mais justa se analisado somente por este ângulo, pois a empresa pagaria somente se possuísse lucro no período, porém se for considerado que todos os impostos têm alíquotas mais altas se comparados com outros regimes, talvez não torne o mesmo tão vantajoso, assim o melhor é sempre realizar a análise tributária de acordo com a atividade da empresa e verificar se o lucro real será a melhor opção ou não. Lucro Presumido O lucro presumido é um regime de tributação que é autorizado para determinadas empresas, pela receita federal, desde que comprovem os requisitos mínimos exigidos para se enquadrarem. O lucro presumido ou estimado também é conceito tributário. Tem a finalidade de facilitar o pagamento do IR, sem ter que recorrer à complexa apuração do lucro real que pressupõe contabilidade eficaz, ou seja, capaz de apurar o resultado antes do último dia do mês subsequente ao encerramento do trimestre. (FABRETTI, 2003, p.224). 17 Para uma empresa se enquadrar no lucro presumido deve-se atentar à receita bruta anual exigida na lei. Neste regime tributário, entende-se que o resultado que é positivo é obtido pelos percentuais aplicados ao faturamento do contribuinte. De acordo com Receita Federal (2016), é uma forma de tributação simplificada se comparada com a do lucro real, isso devido às obrigações acessórias exigidas em lei e por sua apuração que é feita de acordo com o faturamento. O Imposto de Renda (IRPJ) e a Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL) são devidos trimestralmente, (RECEITA FEDERAL, 2016). “É uma forma de tributação para determinação para determinação da base de cálculo do imposto de renda e da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL) das pessoas jurídicas que não estiverem obrigadas, no anocalendário, à apuração do lucro real”, (SEBRAE Nacional, 2016). Simples Nacional De acordo com a Receita Federal (2016), é um regime tributário diferenciado e é o mais simplificado e favorecido se comparado aos demais regimes. Existem benefícios específicos e estão previsto na Lei Complementar nº 123, de 2006, aplicáveis às Microempresas e às Empresas de Pequeno Porte, a partir de 01.07.2007. De acordo com o art. 12, a referida Lei Complementar enquadra Microempresas e Empresas de Pequeno Porte como Simples Nacional que é um Regime Especial Unificado de Arrecadação de Tributos e Contribuições. Segundo Chaves (2013), o Simples por ser um regime com menos encargos trabalhistas, costuma ser o melhor regime tributário para empresas de prestação de serviço, principalmente quando têm muitos funcionários. Como o próprio nome sugere é um regime mais simples, onde suas obrigações e alíquotas são menores, facilitando deste modo para os empresários administrarem e faz com que muitas empresas busquem se enquadrar neste regime, mas vale lembrar que nem sempre o que parece realmente acontece, pois este regime foi feito para ajudar empresas que estão começando ou que ainda não têm um faturamento elevado, caso contrário a empresa pode acabar pagando mais. 18 Considerando que os demais regimes podem ser mais vantajosos dependendo da atividade e faturamento, o empresário não pode buscar o que parece ser mais simples, deve procurar em qual regime deverá se enquadrar e assim pagar menos impostos e para isso é importante uma análise bem detalhada antes de escolher o regime tributário. 3.4- ANÁLISE TRIBUTÁRIA De acordo com Chaves (2008), para realizar o planejamento tributário a empresa deve iniciar com um processo de revisão fiscal que funciona da seguinte forma: a) Conhecer o histórico da empresa, identificando a origem de todas as transações efetuadas, e escolher a ação menos onerosa para os fatos futuros. b) Analisar os fatos geradores de tributos que foram pagos e verificar se houve recolhimento indevido. c) Fazer um levantamento para verificar se houve ação fiscal sobre os fatos geradores decaídos, pois após cinco anos é indevido o aproveitamento dos créditos. d) Verificar anualmente, o cálculo do imposto de renda e contribuição sobre o lucro, para decidir qual a melhor forma de tributação (real ou presumida) para que a empresa pague menos tributos. e) Levantar se existem créditos fiscais que não foram aproveitados pela empresa através de uma análise dos tributos pagos nos últimos dez anos. f) Identificar os incentivos fiscais existentes de acordo com a atividade da empresa, tais como isenções, redução de alíquotas. g) Buscar a melhor forma para aproveitar os créditos existentes através de (compensação ou restituição). Ainda de acordo Chaves (2008), são necessárias as seguintes ferramentas para realizar o planejamento tributário: a) Legislação tributária (Constituição, Código Tributário Nacional, etc.); 19 b) Documentação contábil da empresa; c) Livros contábeis e fiscais; d) Guias de recolhimentos e Declarações de Rendimentos, Declaração de Débitos e Créditos Tributários Federais (DCTF) e Declaração de Compensação - PER/DCOMP, Sistema Público de Escrituração Digital (SPED) e outras declarações que são obrigações próprias de cada contribuinte. Essa é a parte inicial que todas as empresas podem utilizar para iniciar o planejamento tributário, mas para identificar qual o melhor regime a mesma deve continuar com a análise, com procedimentos específicos, (CHAVES, 2008). A análise deve ser contínua, pois a legislação está em constantes mudanças, além de observar a atividade, operações e crescimento financeiro da empresa, pois pode mudar um regime de favorável pra desfavorável. 3.5- INFLUÊNCIA DO REGIME TRIBUTÁRIO NO CUSTO As empresas estão cada vez mais competitivas no mercado e evoluídas na gestão econômico-financeira, exigindo o conhecimento de todos os custos para a determinação do preço de venda ou serviços. Com o conhecimento destes valores a empresa evita resultados negativos em sua gestão e realiza a formação de preços mais justa, de acordo com os custos e carga tributária existente. Observando que o Brasil possui uma carga tributária muito complexa pela existência de uma grande quantidade de tributos, é de grande relevância que verificar como deve ser calculado o custo de aquisição, considerando as possibilidades, ou vedações, de acordo com as opções tributárias adotadas pelas empresas fornecedoras e também pela que está adquirindo (NISHIYAMA; LORENZIAN; NASCIMENTO, 2013, p. 2). A correta fixação do preço de venda é de extrema importância para os bons resultados da organização, e para isso é necessário verificar a carga tributária existente em seu regime tributário adotado, reduzindo seus custos e 20 oferecendo o melhor preço de venda, de forma que seja competitivo no mercado e acessível aos seus clientes. Conforme Bruni e Famá (2012), é necessário ter cuidado na elaboração do preço de venda e se atentar aos tributos cumulativos e não cumulativos existentes no regime tributário. O tributo cumulativonão gera crédito fiscal e a empresa não pode aproveitar o tributo pago. Já o não cumulativo permite a empresa recuperar parte do valor pago do tributo, na aquisição, quando da apuração do saldo final do período a ser pago ao Estado. 3.6- PLANEJAMENTO TRIBUTÁRIO COMO FATOR COMPETITIVO Atualmente, para abrir uma empresa está cada vez mais fácil consequente a concorrência está cada vez maior, porém manter a empresa competitiva é a maior dificuldade que os empresários têm encontrado, por não saber a respeito das responsabilidades fiscais que encontram ao longo da atividade e que consomem uma significativa parcela dos resultados econômicos das empresas. 21 O correto é que os empresários, antes de iniciar seu empreendimento ou mesmo estando em atividade, definam seus objetivos para obtenção do resultado esperado considerando os tributos incidentes, auxiliados por um profissional contábil. A carga tributária é um fator que interfere diretamente nos lucros da empresa e tem levado especialistas da área a criarem maneiras de extrair algum benefício, para atingir os lucros esperados. O planejamento tributário para empresa é tão importante como qualquer outro processo que a empresa realize, como por exemplo, a capacitação de seus empregados ou desenvolvimento de novos produtos e serviços, pois pode garantir uma grande economia financeira e impulsionar suas atividades. Desta forma, realizar o planejamento tributário é necessário para maximizar os lucros e o desenvolvimento das atividades da empresa. Carlin (2008) afirma que os objetivos do planejamento tributário são: a) Reduzir, de forma eficaz, a carga tributária; b) Melhorar os resultados das operações; c) Aproveitar as oportunidades disponíveis na lei; d) Elaboração de planos e programas para avaliar a melhor forma para apuração e recolhimento dos tributos; e) Gestão tributária visando à redução da carga tributária permitida em lei, evitando riscos e desembolsos desnecessários; f) Eliminar pontos vulneráveis internos e externos na empresa; g) Buscar novas oportunidades através dos profissionais contábeis; h) Analisar constantemente os impactos das ideias planejadas, prevenindo eventuais problemas. 4- O SISTEMA TRIBUTÁRIO BRASILEIRO De acordo com Gomes, portal tributário, o Brasil é o país do confisco. Isso porque, desde a época de sua colonização, os rígidos impostos cobrados pela Coroa Portuguesa já consumiam boa parte da riqueza do solo brasileiro. Os achaques da Coroa iniciaram com a alta tributação sobre a produção do açúcar e do fumo, principais culturas desenvolvidas no Brasil colonial, seguidos pela 22 cobrança do quinto, isto é, exação fiscal do Império Português que lhe reservava o direito a quinta parte de toda a extração do ouro obtido nas jazidas brasileiras (1750 e 1770). A reserva do quinto também foi estendida à extração de diamantes. Contudo, devido ao intenso contrabando e sonegação, levou ao cúmulo de a metrópole, no ano de 1771, decretar a chamada Extração Real, que consistiu na criação do monopólio imperial sobre o diamante, que vigorou até 1832. Isso tudo vigiado de perto pela Coroa Inglesa, que mostrava interesse nas descobertas portuguesas no novo mundo. Onde Portugal é obrigado a adquirir os tecidos da Inglaterra e essa, os vinhos portugueses. Para Portugal, esse acordo liquidou com suas manufaturas e agravou o acentuado déficit na balança comercial, em que o valor das importações (tecidos ingleses) iria superar o das exportações (vinhos). Não demorou muito para a Inglaterra consolidar-se em uma potência industrial hegemônica, tornando-se o maior centro financeiro do velho mundo, graças a sua influência econômica sobre Portugal e, conseqüentemente, sobre a riqueza mineral do Brasil colônia. Desde os tempos de Colônia, entretanto, que a desigualdade impera em nosso sistema tributário que, por vias transversas, sempre utilizou o confisco como forma de receita. Porém, no Brasil colonial, a riqueza brasileira fomentava os interesses da coroa portuguesa e inglesa. Passados 184 anos de independência política, as riquezas brasileiras continuam servindo aos interesses particulares e sacrificando a sociedade. Isso não é mera quimera, porquanto a sanha fiscal do governo federal superou o quinto então exigido pela Coroa Portuguesa. No último século, o Brasil massacrou seus contribuintes ao triplicar a arrecadação de tributos que passou de 10% do PIB em 1900 para 34% do seu total em 2007, segundo Aloizo Mercantante deputado federal, em sua palestra proferida no dia do economista na Câmara Municipal de Goiânia. O pior é não se conhecer o estanque desse aumento, porquanto as despesas primárias do governo federal não possuem limites, revigoram-se a cada mandato eleitoral. 23 Sem falar que o Brasil de hoje já é recordista em arrecadação, sendo responsável pelo incremento do PIB nacional na ordem de 36,45% do seu total. Logo, se estivesse sobre o império da Coroa Portuguesa o quinto teria se tornado em terço. Não se perca de vista que, neste último século, houve quatro reformas tributárias (1934, 1946, 1967 e 1988). Nesse ponto, destaca-se a análise realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) a respeito das reformas tributárias antes assinaladas. De 1920 a 1958, a carga tributária passa de 7% para 19% do PIB, com crescimento das tributações domésticas e dos tributos diretos e a criação de impostos sobre o consumo e a renda (IR, criado em 1924 e o Imposto sobre Vendas e Consignações - atual ICMS, criado em 1934), que passam a se constituir nas principais fontes de receita. Na reforma de 1934 é concedida competência tributária aos municípios, com a criação dos impostos predial e de profissões. O imposto de importação se torna, a partir daí, um instrumento de política comercial. Na reforma de 1967 é introduzido o Imposto sobre o Valor Adicionado e são introduzidos mecanismo para aumentar a eficácia da arrecadação. Na reforma de 1988, com o aumento da participação dos estados e municípios na arrecadação dos impostos de renda e sobre produtos industrializados, o governo federal intensificou a arrecadação de contribuições sociais indiretas, não compartilhadas com estados e municípios, como COFINS e CSLL. Além disso, o Instituto Brasileiro de Planejamento Tributário - IBPT fez em 2005, através da PNAD – Pesquisa Nacional de Amostra Domiciliar, um estudo sobre a problemática do nosso sistema tributário e concluiu que para o contribuinte compreender razoavelmente a realidade tributária brasileira seria necessário analisar três mil normas fiscais, estudar os 61 tributos cobrados no Brasil, além de verificar 93 obrigações assessórias que sufocam todas as empresas brasileiras. 24 Por conseguinte, compreenderiam, porque o crime por evasão fiscal não significa despeito com a fiscalização, mas, muitas vezes, simples compreensível desinformação. Além da tributação em cascata, ou seja, a incidência reiterada de um mesmo tributo nas várias etapas da produção ou circulação, ou seja, a CPMF incide sobre o montante do ICMS, do IPI, do PIS e da COFINS, do INSS, do Imposto de Renda, da Contribuição Social, e outros. Exemplo similar ocorre com a exação das contribuições do PIS e da COFINS que incidem sobre o valor do ICMS, do INSS, do IRPJ e da Contribuição Social. E não seria razoável, entrementes, imputar aos contribuintes severas punições e críticas se deixassem de recolher algum tributo no prazo determinado quando sabedores do caos que se tornou o nosso sistema tributário nacional. 5- ABORDAGENS PARA EXERCÍCIO DO PLANEJAMENTO TRIBUTÁRIO O planejamento tributário aborda qualquer setor ou atividade de uma empresa de forma tal a resultar em maior segurança ou, até mesmo, em ganho econômico financeiro. Na prática, quanto maior e mais dinâmicafor a empresa, 25 mais sofisticado será seu planejamento fiscal. Do ponto de vista empresarial, ou seja, analisando seus efeitos na estrutura gerencial e contábil-financeira, o planejamento tributário poderá ocorrer em conformidade com as orientações de Borges (1997), que define as seguintes abordagens. I. Operacional (Planejamento Tributário Operacional), refere-se aos procedimentos formais prescritos pelas normas ou pelo costume, ou seja, na forma específica de contabilizar determinadas operações e transações, sem alterar suas características básicas; e, II. Estratégico (Planejamento Tributário Estratégico), implica mudança de algumas características estratégias da empresa, tais como: estrutura de capital, localização, tipos de empréstimos, contratação de mão-de-obra. Na visão jurídica, em que se consideram exclusivamente os efeitos fiscais no tempo, existem três tipos de planejamento tributário: a) Preventivo: nesta perspectiva desenvolve-se continuamente por intermédio de orientações, manuais de procedimentos e reuniões e abrange, sobretudo, as atividades de cumprimento da legislação tributária nas obrigações principais e acessórias; b) Corretivo: pela aplicação deste enfoque detectada determinada anormalidade, procede-se ao estudo, e alternativas de correção da anomalia são indicadas; normalmente, não deve existir o tipo corretivo em uma empresa que adote o tipo preventivo; e, c) Especial: este enfoque surge em função de determinado fato como, por exemplo, abertura de filiais, lançamento de novos produtos, aquisição ou alienação da empresa, processos societários de reestruturação (cisão, fusão, incorporação, associação, etc.) Consideradas a complexidade e a importância de cada caso, demandam dedicação exclusiva e conclusões precisas. A operatividade sistêmica de um planejamento fiscal “especial” compreende cinco fases: a pesquisa do fato objeto do planejamento fiscal; a articulação das questões fiscais oriundas do fato pesquisado; estudo dos 26 aspectos jurídico- fiscais relacionados com as questões decorrentes do fato pesquisado, conclusão e formalização do planejamento em um expediente técnico-jurídico. Atualmente, grande parte das empresas sejam nacionais ou multinacionais, adotam formas diferentes de tributação, nas firmas de médio e grande porte, aqui entende-se por médio ou grande porte, aquelas que possuem receita bruta superior a R$ 2.400.000,00 (dois milhões e quatrocentos mil reais), seja ele preventivo, corretivo ou especial. 6- CLASSIFICAÇÃO DO PLANEJAMENTO TRIBUTÁRIO A classificação do planejamento tributário depende dos critérios e do ponto de vista do observador. Em verdade, toda classificação é imperfeita, mas, nesse contexto, pode-se classificar o planejamento tributário obedecendo aos seguintes critérios, de acordo com Fabretti (2005): Pelo critério das áreas de atuação, pode-se classificar nas seguintes modalidades: I. Administrativo – no caso das ações por intervenções diretas no sujeito ativo, por exemplo: a consulta fiscal; II. Judicial – pelo pleito de tutela jurisdicional, como em ação declaratória de inexistência de débito fiscal; e III. interno – nos casos em que os atos realizados na própria empresa, como o Comitê de Planejamento Tributário. Considerando o objetivo, pode-se classificar o Planejamento Tributário em: 1º. Anulatório – empregando-se estruturas e formas jurídicas a fim de impedir a concretização da hipótese de incidência da norma; 2º. Omissivo ou evasão imprópria – a simples abstinência da realização da hipótese de incidência; por exemplo: importação proibitiva de mercadorias com altas alíquotas, como carros importados; 3º. Induzido – quando a própria lei favorece, por razões extra-fiscais, a escolha de uma forma de tributação, por intermédio de incentivos e isenções; 27 por exemplo: a compra de mercadorias importadas por meio da Zona Franca de Manaus; 4º. Optativo – elegendo-se a melhor fórmula elisiva entre as opções dadas pelo legislador; por exemplo: opção entre a tributação do IR pelo lucro real ou resultado presumido; 5º. Interpretativo ou lacunar – em que o agente se utiliza das lacunas e imprevisões do legislador; por exemplo: não incidência do ISS sobre transportes intermunicipais e, 6º. Metamórfica ou transformativo – forma atípica que se utiliza da transformação ou mudança dos caracteres do negócio jurídico, a fim de alterar o tributo incidente ou aproveitar-se de um benefício legal; por exemplo, a transformação da sociedade comercial em cooperativa para se obter menor ônus tributário no regime jurídico pátrio. Essas classificações não abrangem todas as formas de planejamento tributário. O planejamento pode – e, em geral, é o que ocorre – não se ater só uma fórmula ou conduta, mas se utilizar de vários métodos interligados. 7- ABRANGÊNCIA E ASPECTOS DO PLANEJAMENTO TRIBUTÁRIO De acordo com Amaral (2001), a economia legal de tributos pode operar em três esferas: 1º. No âmbito da própria empresa, por meio de medidas gerenciais que possibilitem a não ocorrência do fato gerador do tributo, que diminua o montante devido ou que adie seu vencimento. Por exemplo, para possibilitar o adiamento 28 do tributo na prestação de serviços, o contrato deve estabelecer o momento da realização da receita. 2º. No âmbito da esfera administrativa que arrecada o tributo, buscando a utilização dos meios previstos em lei que lhe garantam uma diminuição legal do ônus tributário. Por meio de um Planejamento Tributário possa obtar por uma melhor opção fiscal. 3º. No âmbito do Poder Judiciário, pela adoção de medidas judiciais, com o fim de suspender o pagamento, diminuição da base de cálculo ou alíquotas e contestação quanto à legalidade da cobrança. Por exemplo, como a ânsia do Poder Público em arrecadar é enorme e urgente, nem sempre o legislador toma as cautelas devidas, instituindo a quantidade de normas tributárias, ocorrendo, muitas vezes, contradição entre elas. No Direito Tributário, vige o princípio da dúvida em favor do contribuinte, assim, compete a ele descobrir essas contradições. 29 Como se observa na figura acima a competência tributária pode ser da união, estados ou municípios. Para Amaral (2001), quando se adota um sistema de economia fiscal, é necessário analisar quatro aspectos: a) Análise econômico-financeira – adota procedimentos que visem a maximizar o resultado do planejamento. Por exemplo, na maioria das vezes, o Depósito Judicial é prejudicial à empresa, pois, além do desembolso do valor, a empresa não pode se aproveitar da dedutibilidade da despesa e poderá, ainda, precisar reconhecer a variação monetária ativa na base de cálculo do PIS e da COFINS. b) Análise jurídica – deve haver fundamento jurídico a ser alegado. O CTN estabelece que a compensação só pode operar após o trânsito em julgado da ação; é necessário muito cuidado nessa análise. c) Análise fiscal – é preciso que as obrigações acessórias estejam cumpridas e em ordem para não desencadear um processo de fiscalização. Dois preceitos constitucionais protegem a adoção da economia legal: Princípio da Ampla Defesa e do Devido Processo Legal. d) Análise fisco-contábil – deve-se adotar procedimentos que permitam a economia de outros tributos, buscar a maximização do lucro e a minimização do risco. Para tanto, a Contabilidade reveste-se da importância fundamental, pois, na maior parte das vezes, os lançamentos contábeis dão suporte às operações. 8- ELISÃO E EVASÃO FISCAL – LIMITES AO PLANEJAMENTO TRIBUTÁRIO As definições de elisão e evasão fiscal não são unânimes na doutrina. Autores de escol reconhecem a ambigüidade das expressões mencionadas. HUGO DE BRITO MACHADO2 pugna pela utilização do termo evasão para designar o comportamento lícito do contribuinte,ao passo que elisão denotaria o emprego de meios ilegítimos para se furtar ao pagamento de tributos. Por sua 30 vez, HELENO TÔRRES3 ressalta a impropriedade do termo elisão, propondo nova figura classificatória, denominada “elusão”: “É imperioso registrar, contudo, que o termo “elisão” não poderia ser usado para significar a postura lícita do contribuinte na economia de tributos, devendo, por rigor lingüístico, ser abandonado. Para evitar confusões no uso da linguagem e por melhor representar as condutas enfocadas, preferimos o termo “elusão”. “Elisão”, do latim elisione, significa ato ou efeito de elidir; eliminação, supressão. “Eludir”, do latim eludere, significa evitar ou esquivar-se com destreza; furtar-se com habilidade ou astúcia, ao poder ou influência de outrem.” “Elusivo é aquele que tende a escapulir, a furtar-se (em geral por meio de argúcia); que se mostra arisco, esquivo, evasivo. Assim, cogitamos da “elusão tributária” como sendo o fenômeno pelo qual o contribuinte usa de meios dolosos para evitar a subsunção do negócio praticado ao conceito normativo do fato típico e a respectiva imputação dos efeitos jurídicos, de constituição da obrigação tributária, tal como previsto em lei.” Divergências conceituais à parte, existe certo consenso no sentido de que elisão fiscal corresponde à economia lícita de tributos, e evasão fiscal à sonegação ou simulação (que pode ser absoluta ou relativa, esta última denominada dissimulação). Assim, existem contornos básicos que diferenciam elisão de evasão. Conforme entendimento dominante, elisão fiscal corresponde à prática de atos lícitos, anteriores à incidência tributária, de modo a obter-se legítima economia de tributos, seja impedindo-se o acontecimento do fato gerador, seja excluindo-se o contribuinte do âmbito de abrangência da norma ou simplesmente reduzindo-se o montante de tributo a pagar. Já evasão fiscal constitui a prática, concomitante ou posterior à incidência tributária, na qual são utilizados meios ilícitos (fraude, sonegação, simulação) para escapar ao pagamento de tributos. Infere-se, portanto, a existência de dois critérios sobre os quais ampara-se a doutrina para diferenciação dos institutos, a saber: 31 Critério cronológico: a elisão ocorre sempre antes da realização in concreto da hipótese de incidência tributária. Já a prática da evasão se dá juntamente com a ocorrência do fato gerador, ou após esta. Esse critério objetivo de distinção foi introduzido no País por RUBENS GOMES DE SOUSA4 , que o descreveu nos seguintes termos: “O único critério seguro (para distinguir a fraude da elisão) é verificar se os atos praticados pelo contribuinte para evitar, retardar ou reduzir o pagamento de um tributo foram praticados antes ou depois da ocorrência do respectivo fato gerador: na primeira hipótese, trata-se de elisão; na segunda trata-se de fraude fiscal.” Como a obrigação de pagar tributo é ex lege, o crédito tributário a favor do Estado surge tão-somente com a ocorrência do fato gerador. Desse modo, caso se evite a realização do fato previsto na norma jurídica, não haverá como tributar o contribuinte, pois este não terá praticado o ato que a lei qualifica como gerador do dever de pagar tributo. Daí se dispor que os atos elisivos (lícitos) deverão sempre preceder à ocorrência da hipótese de incidência in concreto. Narciso Amorós bem definiu os institutos da elisão e evasão, à luz de seu momento de ocorrência: “A elisão para nós é não entrar na relação fiscal. A evasão é sair dela. Exige, portanto, estar dentro, haver estado ou podido estar em algum momento.” Entretanto, há hipóteses nas quais a evasão fiscal antecede a efetiva incidência da norma tributária. O caso clássico do comerciante que emite notas fiscais adulteradas e somente após promove a saída da mercadoria de seu estabelecimento é típico exemplo das falhas existentes ao empregar-se somente o critério temporal para diferenciação dos institutos. Ciente disso, a doutrina tradicional considera, além do aspecto cronológico, o da legitimidade dos meios utilizados para correta caracterização da elisão ou evasão fiscal, como se verá a seguir. Licitude dos meios utilizados: consoante mencionado, juntamente ao aspecto temporal deve-se analisar a acordância ou não dos atos praticados pelo contribuinte com o ordenamento jurídico vigente. Na elisão fiscal são utilizados meios sempre lícitos, ao passo que na evasão empregam-se meios ilegítimos, como a fraude, sonegação e simulação. Diante dos princípios da legalidade e 32 especificidade conceitual fechada, informadores do direito tributário brasileiro, será lícita toda conduta que busque a economia de impostos, desde que não vedada pelo legislador. É interessante notar que os conceitos internacionais de elisão (tax avoidance) e evasão (tax evasion) baseiam-se estritamente na legitimidade dos meios utilizados para o não pagamento de tributos. Conforme o International Bureau of Fiscal Documentation – IBFD: “Elisão fiscal. Este termo é utilizado para denotar a redução dos encargos tributários por meios legais. Freqüentemente é usado em sentido pejorativo, como quando é utilizado para descrever a economia de impostos atingida através de arranjos artificiais dos negócios pessoais ou empresariais, aproveitando- se da existência de lacunas, anomalias ou outras deficiências no direito tributário. (…). Em contraste com a elisão, a evasão fiscal é a redução de impostos obtida por meios ilícitos.” “Evasão Fiscal. Este termo é aplicado para a economia de impostos atingida por meios ilegais, incluindo-se nestes a omissão da renda tributável ou de transações realizadas das declarações de tributos, ou a redução da quantia devida por meios fraudulentos.” É clara a associação da tax evasion à sonegação (ocultação de renda tributável ou de transações realizadas) e fraude (redução da quantia devida por meios fraudulentos), enquanto tax avoidance refere-se à utilização de meios legítimos – aproveitando-se inclusive de lacunas na lei – para alcance da economia de tributos. Denota-se do exposto que é a partir da junção de ambos os critérios (cronológico e licitude dos meios) que será, efetivamente, realizada a distinção entre os atos que correspondem à elisão fiscal e aqueles que traduzem uma prática ilícita (evasão fiscal). Consoante assevera o Professor SACHA CALMON: “Tanto na evasão comissiva ilícita como na elisão fiscal existe uma ação do contribuinte, intencional, com o objetivo de não pagar ou pagar tributo a menor. As diferencia: (a) A natureza dos meios empregados. Na evasão ilícita os meios são sempre ilícitos (haverá fraude ou simulação de fato, documento ou ato jurídico. Quando mais de um agente participar dar-se-á o conluio). Na elisão os meios são sempre lícitos porque não vedados pelo legislador; (b) também, o momento da utilização desses meios. Na evasão ilícita a distorção da realidade ocorre no momento em que ocorre o fato jurígeno- 33 tributário (fato gerador) ou após sua ocorrência. Na elisão, a utilização dos meios ocorre antes da realização do fato jurígeno-tributário, ou como aventa Sampaio Dória, antes que se exteriorize a hipótese de incidência tributária, pois, opcionalmente, o negócio revestirá a forma jurídica alternativa não descrita na lei como pressuposto de incidência ou pelo menos revestirá a forma menos onerosa.” A evasão fiscal é caracterizada pelas seguintes práticas: Sonegação: ocultação (de rendimentos na declaração de imposto de renda, verbi gratia) que leva ao pagamento de tributo a menor. Fraude: do latim fraudis (má-fé, engano), corresponde a atos tais como adulteração ou falsificação de documentos, através dos quais o contribuinte furta-se ao pagamento de tributo devido por lei. Simulação: pode ser absoluta (finge-se o que não existe)ou relativa (dissimulação: sob o ato ou negócio praticado jaz outro negócio, oculto, que corresponde à real vontade das partes). A Professora MISABEL DERZI bem clarifica os institutos em tela: “A simulação absoluta exprime ato jurídico inexistente, ilusório, fictício, ou que não corresponde à realidade, total ou parcialmente, mas a uma declaração de vontade falsa. É o caso de um contribuinte que abate despesas inexistentes, relativas a dívidas fictícias. Ela se diz relativa, se atrás do negócio simulado existe outro dissimulado. (...) Para a doutrina tradicional, ocorrem dois negócios: um real, encoberto, dissimulado, destinado a valer entre as partes; e um outro, ostensivo, aparente, simulado, destinado a operar perante terceiros.” Caso típico de dissimulação é o da compra e venda de imóvel ocultada pela celebração de um contrato de sociedade. Nesse caso, o objetivo das partes é lesar o Fisco, uma vez que a dissolução societária – na qual aquele que entrou com o dinheiro sai com o imóvel e vice-versa – não é tributada pelo ITBI, à luz da imunidade prevista no art. 156, § 2º, I da Constituição da República de 1988. Nessa hipótese, o negócio aparente é a formação de uma sociedade, ao passo que a verdadeira intenção das partes é transferir a propriedade do imóvel sem pagamento do imposto devido. Há, dessarte, clara divergência entre a intentio facti (compra e venda do 34 imóvel) e a intentio juris (celebração de contrato de sociedade temporário para evitar a incidência do imposto), típica da dissimulação. Estas as hipóteses nas quais tem-se a prática de ilícitos pelo contribuinte, caracterizando a evasão fiscal, inadmitida e reprimida pelos ordenamentos jurídicos. É dever das autoridades administrativas e judiciárias a investigação, autuação, abertura de inquéritos policiais e processos criminais, quando necessário, para apuração e punição dos que se utilizam de meios ilícitos para lesar a Fazenda Pública. As práticas abusivas (sonegação, fraude, simulação) devem ser duramente repreendidas pela ação estatal, de modo a não prejudicar os demais cidadãos, fazendo valer na prática os princípios da isonomia e capacidade contributiva. Por outro lado, a elisão fiscal (lícita) é instrumento da maior utilidade, tanto para pessoas naturais como – e principalmente – para jurídicas, podendo assumir as seguintes formas: Elisão induzida pela lei: o próprio ordenamento jurídico contém disposições no sentido de reduzir a tributação de empresas que atendam a certos requisitos, sendo estes, via de regra, exigidos em prol do interesse nacional ou regional. São os casos de isenções concedidas a empresas instaladas em regiões pouco desenvolvidas (v.g., Zona Franca de Manaus). Elisão por lacuna na lei: esta é a típica elisão fiscal, que encontra forte resistência do Fisco e de certas correntes doutrinárias. Como a Carta Magna prevê que ninguém é obrigado a fazer ou deixar de fazer algo senão em virtude de lei, a existência de lacuna nesta última possibilita ao contribuinte utilizar-se de eventuais “falhas legislativas” para obter economia de tributos. Em regra, o faz mediante a prática dos denominados negócios jurídicos indiretos, assim chamados por terem finalidade atípica (redução do ônus tributário). Não há, entretanto, que se confundir negócio indireto com simulação. Nesta, a intentio facti diverge da intentio juris. A particularidade do negócio jurídico indireto é que as partes o praticam visando ao alcance de fim que não é, normalmente, típico ao negócio celebrado. RUTNÉA GUERREIRO bem esclarece a natureza da referida figura jurídica: 35 “Negócio indireto é, então, aquele ao qual as partes recorrem e a cuja forma e disciplina se submetem com o objetivo de alcançar, consciente e consensualmente, finalidades lícitas outras das que lhe são típicas, e que se caracteriza por ser: - verdadeiramente querido pelas partes; - utilizado para alcançar um fim diverso daquele que é típico do negócio adotado; - realizado segundo a forma e a disciplina jurídicas próprias do negócio adotado, às quais se sujeitam as partes, suportando todos os seus efeitos.” A questão ganhou novos contornos com a tentativa de introdução, no Código Tributário Nacional, de uma norma geral antielisiva, que segundo seus criadores autorizaria o Fisco a desconsiderar os atos dos contribuintes que visassem à mera economia de impostos (negócio jurídico indireto). Contudo, tal dispositivo – positivado como o parágrafo único do art. 116 do CTN – não possui o condão de autorizar o Fisco a utilizar-se da denominada “interpretação econômica do direito tributário”, consoante se verá infra. 9.1- LIMITES AO PLANEJAMENTO TRIBUTÁRIO Princípios da Legalidade e Especificidade Conceitual Fechada x Capacidade Contributiva e Isonomia. Os Equívocos da Interpretação Econômica do Direito Tributário Linhas atrás, restou demonstrado que elisão (ou elusão) fiscal é a prática de atos lícitos, anteriores à ocorrência do fato gerador do dever de pagar tributo. Ao revés, evasão consiste na realização de atos ilícitos, concomitantes ou posteriores ao advento do fato jurígeno-tributário. Apesar de bastante claras essas regras básicas, com relação às quais a doutrina é de certa forma pacífica, os verdadeiros limites entre a conduta lícita e a ilícita no campo da economia de tributos são controversos, como já mencionado. A estruturação dos negócios jurídicos de modo a arcar-se com o menor ônus tributário possível, utilizando-se de formas legais (não vedadas pelo ordenamento jurídico) é prática corriqueira das empresas e, menos comumente, de pessoas naturais. 36 O planejamento tributário é inclusive dever dos administradores de sociedades anônimas, conforme se infere do disposto na Lei nº 6.404, de 15 de dezembro de 1976, in verbis: “Art. 153. O administrador da companhia deve empregar, no exercício de suas funções, o cuidado e diligência que todo homem ativo e probo costuma empregar na administração dos seus próprios negócios. Art. 154. O administrador deve exercer as atribuições que a lei e o estatuto lhe conferem para lograr os fins e no interesse da companhia, satisfeitas as exigências do bem público e da função social da empresa.” Assim, a prévia estruturação das atividades empresariais com o fito de pagar menos tributos – planejamento tributário – é não somente direito de todos como dever inarredável daqueles a quem foi confiada a administração de sociedades anônimas, que devem gerir a poupança popular tão bem como o fazem com seu próprio patrimônio. Isso implica em, sempre que possível, permitir que a Fazenda Pública se apodere da quantia mínima do capital social empregado nos negócios da companhia. HELENO TÔRRES bem definiu o instituto: “Com a expressão “planejamento tributário” deve-se designar (...) a técnica de organização preventiva de negócios, visando a uma legítima economia de tributos.” O mesmo autor esclarece ainda que o planejamento tributário nunca poderá ser objeto de análise pelo Fisco para fins de aplicação de sanções, uma vez que somente a efetiva prática dos atos planejados poderá acarretar em eventual evasão de tributos (tal qual no Direito Penal, ainda que se esteja arquitetando práticas que levem à consecução de um ilícito, os atos preparatórios serão sempre impuníveis). Confira-se: “(...) a finalidade de economizar tributos pode ser atingida tanto por atos legítimos como por atitudes ilícitas (evasão ou elusão) do contribuinte. Por esse motivo, somente quando constituídos os atos jurídicos pretendidos pelo sujeito, ou verificada a sua omissão na constituição dos fatos, por meio da linguagem competente, é que poderá o Fisco controlar a operação para determinar sua liceidade (legítima economia de tributos) ou ilicitude e precisar se houve evasão, elusão de tributos ou negócio indireto legítimoe válido 37 que atenda a uma lícita economia de tributos. De nenhum ilícito se pode cogitar antes que se ponha em prática os atos planejados.” Em sentença de lavra do Professor SACHA CALMON, quando do exercício do cargo de juiz federal, vislumbra-se claramente a guerra travada pelo Fisco contra o planejamento tributário. Trata-se de hipótese em que certa empresa optou por celebrar contrato de arrendamento mercantil (leasing), no qual concentrou o pagamento nas primeiras prestações. Tal comportamento não é vedado pelo ordenamento jurídico, vez que a lei que rege o leasing nada dispõe sobre o valor de cada parcela a ser paga pelo arrendatário. Mesmo assim a Fazenda Pública ingressou em juízo, alegando que a intentio facti era vender o produto, estando, destarte, em descompasso com a intentio juris (arrendamento mercantil). Sob a ótica da Fazenda, teria o contribuinte optado pelo leasing tão-somente pelas vantagens fiscais do referido instituto, razão pela qual estaria o negócio a merecer desconsideração, para que fosse efetivada a tributação supostamente devida. O referido autor, decidindo o caso, demonstrou a impossibilidade de tributação dos atos e negócios jurídicos pelos efeitos econômicos que estes possuem, em razão dos princípios da legalidade, especificidade conceitual fechada e vedação da analogia, reinantes no direito tributário brasileiro. GILBERTO DE ULHÔA CANTO acrescentou ainda as seguintes considerações à hipótese: “Sendo ex lege, a obrigação tributária principal somente pode resultar da norma (não é por outro motivo que se a designa ex lege), como está claramente dito na Constituição em mais de um lugar (art. 5º, II e art. 150, I) e no Código Tributário Nacional (Lei nº 5.172, de 25.10.1966 – CTN, art. 97). Nenhum contribuinte tem obrigação de pagar imposto que a lei não prevê, ou maior do que por ela previsto; isso, porque em o fazendo, além de sofrer lesão patrimonial sem justa causa, estaria coadjuvando na infração à ordem constitucional.” Nessa mesma linha, o Superior Tribunal de Justiça já decidiu, em acórdão de lavra da Ministra ELIANA CALMON, que o contrato de leasing não pode ser descaracterizado pelo Fisco, ao argumento de que se trata de uma compra e 38 venda, pelo simples fato de as parcelas estarem concentradas nas primeiras prestações. Confira-se a ementa do decisum: Em seu voto, a eminente Ministra ELIANA CALMON tece esclarecedores comentários sobre a hipótese, in verbis: “As autoridades fiscais aqui e ali identificam esse ou aquele contrato de leasing como uma simulação para esconder uma compra e venda, o que as faz desconsiderar o contrato ostensivo para tratá-lo diferentemente, com glosa e autuação aos contratantes. Entendia, quando integrava o TRF da 1ª Região, que a questão desafiava exame de prova para avaliar o Judiciário se houve ou não o abuso do Fisco, quando da interpretação das cláusulas contratuais. 39 Ainda no que tange ao leasing, o Superior Tribunal de Justiça, em recente decisão, revogou a Súmula nº 263 daquela Corte, cuja redação assim dispunha: “Súmula 263. A cobrança antecipada do valor residual (VRG) descaracteriza o contrato de arrendamento mercantil, transformando-o em compra e venda a prestação.” Ao cancelar a Súmula (no julgamento dos Recursos Especiais nºs 443.143/GO e 470.632/SP, em 27.08.2003), a Corte Especial do STJ assentou o entendimento de que, por inexistir qualquer previsão legal para descaracterização do contrato de leasing na hipótese de antecipação do valor residual, a mesma não pode ser tomada como transmudação de contrato típico e nominado – que é o arrendamento mercantil – em mera compra e venda a prestação. O ministro Edson Vidigal, vice-presidente do STJ, deu o tom à decisão. A 3ª Turma havia entendido pela descaracterização do contrato de leasing para o de compra e venda em razão da antecipação do valor residual. A seu turno, a 1ª 40 Turma, sustentando a prevalência da livre convenção entre as partes, considerava a antecipação do VRG incapaz de descaracterizar o contrato de leasing. A Corte Especial, no referido julgamento, esposou o entendimento da 1ª Turma, garantindo a prevalência do contrato de leasing mesmo nas hipóteses onde o VRG fosse antecipado. Prevaleceu, dessarte, a segurança jurídica, em prol das formas contratuais eleitas pelo contribuinte. A posição contrária à exposta é defendida pelos que pugnam por uma interpretação econômica do direito tributário, ou seja, pela consideração dos atos e negócios jurídicos para fins de tributação conforme os efeitos econômicos que produzam. Trata-se, destarte, de ater-se tão-somente à intentio facti (relação econômica ocorrente entre as partes), deixando em segundo plano a intentio juris (forma negocial adotada para alcance dos fins propostos). Dita teoria surgiu no início do século XX, ao ser introduzida no art. 9º do Código Tributário Alemão de 1919, sendo sua criação atribuída a ENNO BECKER. Geradora de forte insegurança jurídica, serviu de apoio ao regime nazista que imperou na Alemanha no segundo quartel do século passado. Facultava-se ao Estado-Administrador a desconsideração de atos praticados pelos contribuintes quando estes possuíam o intuito único de economizar tributos. Caso não existissem outras razões para a celebração de determinados negócios que não a redução da carga tributária, tais atos não eram considerados válidos. Assim, perquiria-se tão-somente os efeitos econômicos dos negócios jurídicos – economia de tributos – em desfavor da forma negocial adotada. O Código Tributário Tedesco de 1977 – atualmente vigente – revogou a regra de interpretação econômica, substituindo-a pela do abuso de formas jurídicas. É ver: “Art. 42. A lei tributária não pode ser fraudada através do abuso de formas jurídicas. Sempre que ocorrer abuso, a pretensão do imposto surgirá, como se para os fenômenos econômicos tivesse sido adotada a forma jurídica adequada.” Para HERMES MARCELO HUCK15 não foi grande a mudança operada na legislação alemã, uma vez que o art. 42 do Código atual – em que pese não ter as características amplas da norma geral antielisiva até então vigente – 41 mantém a interpretação econômica proposta por ENNO BECKER. Contudo, não partilhamos da mesma opinião, vez que o art. 42 do atual Código Tributário Alemão refere-se única e exclusivamente à fraude à lei, através do abuso de formas jurídicas. A fraude caracteriza a evasão fiscal, ilícita por excelência. O abuso de formas jurídicas consiste em simular ou dissimular atos jurídicos, visando – através de meios ilícitos – evadir-se ao pagamento de tributos. Tudo isso é, como dito, evasão fiscal. Não se está diante, dessarte, de norma antielisiva quando se visa a evitar a fraude ou a dissimulação, mas sim de norma anti-evasiva (tal premissa é importante para, mais à frente, procedermos à análise do art. 116, parágrafo único do Código Tributário Nacional). De todo modo, a influência da interpretação econômica de ENNO BECKER faz-se visível também no direito anglo-saxão, no qual prevalece o denominado teste da finalidade negocial (business purpose test). Os adeptos do business purpose test não aceitam a prática de atos com o fim único de economizar tributos. Deve haver uma finalidade negocial além da mera elisão fiscal para que determinada conduta seja tida como lícita. Conforme o IBFD16: “Teste da finalidade negocial. O teste da „finalidade negocial‟ é utilizado em certos países como uma arma contra esquemas de elisão fiscal. Esquemas artificiais que criam circunstâncias nas quais nenhum ou um mínimo montante de tributos será devido poderão ser desconsiderados caso não sirvam a uma finalidade negocial.” A definição supra denota o aspecto lícito das operações – falase em elisão fiscal, e não em evasão – que se busca tributarcom a aplicação do teste da finalidade negocial. Ditas teorias (interpretação econômica e business purpose test), em que pese não serem aceitas pela maioria da doutrina nacional, encontraram adeptos de peso entre nossos juristas, tais como AMILCAR DE ARAÚJO FALCÃO e RUY BARBOSA NOGUEIRA, dentre outros. Em nome da igualdade da tributação, consubstanciada nos princípios constitucionais da isonomia (art. 5º, caput da CR/88) e capacidade contributiva (art. 145, §1º da CR/88), pugnam os defensores da interpretação econômica pela ilicitude dos negócios jurídicos indiretos. Segundo eles, a segurança jurídica em matéria tributária, que se revela especialmente protegida face aos princípios 42 constitucionais da legalidade (art. 5, II; art. 150, I da CR/88) e especificidade conceitual fechada, não seria afetada pela consideração econômica da lei tributária. É justamente essa tensão entre isonomia e segurança jurídica que revela a problemática enfrentada pelos adeptos do business purpose test e por aqueles que a este se contrapõem. Por outro lado, a maior parte dos doutrinadores nacionais sustenta, em bases sólidas, a inaplicabilidade da consideração econômica da lei tributária ao direito brasileiro. Efetuando-se uma interpretação sistemática da Constituição Federal e do Código Tributário Nacional, restam claras as razões pelas quais a interpretação econômica não encontra guarida no direito tributário pátrio. O princípio da legalidade, de cunho constitucional, é previsto no art. 5º, II da Carta Magna de forma genérica e, especificamente no que tange à lei tributária, no inciso I do art. 150 do mesmo diploma. Este se desdobra em três outros princípios: o da reserva absoluta de lei formal, o da estrita legalidade e o da especificidade conceitual fechada. Assim, somente lei em sentido formal e material pode instituir ou majorar tributos . Além disso, o princípio da especificidade conceitual fechada implica na inexistência de lacunas no direito tributário, ou seja: se não há lei prevendo a incidência do tributo em razão da ocorrência de determinado fato, não se pode em nenhuma hipótese tributá-lo, pois o fato gerador da obrigação tributária é previsto, à semelhança do que ocorre com os tipos penais, de forma específica e individualizada, em um conceito fechado. A especificidade conceitual fechada é reforçada por previsões contidas no próprio Código Tributário Nacional. Afinal, o art. 108, §1º do CTN veda a aplicação da analogia para cobrança de tributos. Na mesma linha, o art. 110 determina que os institutos, conceitos e formas de direito privado previstos nas Constituições (Federal e dos Estados-membros) e nas Leis Orgânicas dos Municípios não poderão ser alterados pela lei tributária para definição ou limitação de competências. 43 9- O PARÁGRAFO ÚNICO DO ART. 116 DO CÓDIGO TRIBUTÁRIO NACIONAL No sentido de se permitir o planejamento tributário pelas empresas, com o fim único de reduzir custos, economizando tributos. Nem mesmo a recente tentativa de introdução de uma norma geral antielisiva no Brasil (parágrafo único do art. 116 do CTN, nele acrescentado pela Lei Complementar nº 104, de 10 de janeiro de 2001) logrou êxito, face à posição já consagrada pela Constituição Federal e pelo próprio Código Tributário Nacional, no sentido de se exigir lei expressa para legitimar a cobrança de exações fiscais, o que torna nosso sistema jurídico incompatível com a edição de norma que permita a tributação de situações com base na intenção do contribuinte, e não nos atos efetivamente praticados por ele, afastando qualquer possibilidade de aplicação do business purpose test e da interpretação econômica do direito tributário. Outrossim, a própria redação conferida ao dispositivo não tem o condão de transformá-lo em norma geral antielisiva, restando claro, pela sua simples leitura, que se trata de norma que visa a evitar a evasão fiscal, que ocorre através da simulação ou dissimulação. É ver: “Art. 116. (...). Parágrafo único. A autoridade administrativa poderá desconsiderar atos ou negócios jurídicos praticados com a finalidade de dissimular a ocorrência do fato gerador do tributo ou a natureza dos elementos constitutivos da obrigação tributária, observados os procedimentos estabelecidos em lei ordinária.” A desconsideração dos atos jurídicos autorizada pelo dispositivo limita-se àqueles em que o contribuinte visa a dissimular a ocorrência do fato gerador. Dissimulação, já se viu, é a prática de negócio para ocultar outro (há divergência entre a intentio facti e a intentio juris). Não se confunde, portanto, com o planejamento tributário (como no caso onde o empresário opta pelo leasing ao invés da compra e venda, unicamente por razões fiscais). Nesse particular, o Professor SACHA CALMON18, em sua obra “Evasão e Elisão Fiscal – O Parágrafo Único do Art. 116, CTN, e o Direito Comparado”, é percuciente: 44 “a) No Direito brasileiro não há lugar para normas gerais antielisivas ante o rigor da Constituição. Há cabimento para normas anti-simulatórias como presunções juris tantum, específicas, legisladas. b) O parágrafo único do art. 116 traduz caso de simulação relativa, mas o ônus da prova é do Estado. O ato administrativo do lançamento goza de presunção de legitimidade, mas não dispensa a motivação, a razoabilidade e a proporcionalidade. c) A certeza e a segurança do Direito devem prevalecer. Caso contrário estaremos sob o tacão do arbítrio e da opressão fiscal. O Brasil optou, para evitar a evasão lícita, o método legislativo da „cláusula ou norma específica antielisiva especial‟, repudiando a geral (art. 109 do CTN). O art. 110 do CTN para evitar invasões de competência, que o Brasil é uma República Federativa, com três ordens de Governo exercentes do poder de tributar, proibiu dar outro sentido aos institutos de direito privado utilizados com fatos jurígenos pela Constituição para repartir competências tributárias. Por outro lado, o CTN, no art. 109, conferiu ao legislador o poder de atribuir aos institutos, conceitos e formas de direito privado, efeitos fiscais próprios. Equivale a dizer que o legislador pode criar presunções relativas (juris tantum) para atribuir a um negócio jurídico extratípico, o mesmo regime jurídico tributário do negócio típico. Ao administrador, por via de conseqüência, é vedado utilizar tal expediente. Aqui não se trata mais de integração analógica, mas de equiparação legislativa razoável (presuntiva e juris tantum). Assim, desde que haja razoabilidade e proporcionalidade, sempre admitida a prova em contrário, o legislador pode, por exemplo, equiparar o comodato à locação, presumindo para fins do imposto de renda, um aluguel presuntivo tributável, salvo se o contribuinte, no caso concreto, provar que o comodato é real, não ocultando um contrato de locação (dissimulação). O legislador pode, eis outro exemplo, dizer que aquele que integraliza bens imóveis ao capital de sociedade civil ou mercantil, com imunidade (mediante um contrato de sociedade depois desfeito) que ele, o integralizador, e 45 somente ele, pode se retirar da sociedade com os bens que colacionou. É uma típica regra antievasiva especial (anti-simulatória, como no exemplo anterior) que deve passar por um teste de verdade para ser aplicável. Veja-se o caso de a sociedade vir a ser desfeita 10 anos após. Não teria havido a intenção de ocultar uma compra e venda, tributada pelo imposto sobre transmissão de bens imóveis, mediante a celebração de um falso contrato de sociedade. O tempo decorrido é prova suficiente contra a presunção juris tantum de dissimulação, que cede lugar ao princípio da verdade material. Entre nós, portanto, só o legislador pode qualificar e requalificar os atos e negócios jurídicos para os tributar, jamais o agente do Estado-Administração. Este
Compartilhar