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NUTRIÇÃO MATERNO-INFANTIL Helena Simões Dutra de Oliveira Fulginiti Diabetes na gestação Objetivos de aprendizagem Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados: � Identificar o que é o diabetes melito gestacional (DMG), como é feito seu rastreamento e o diagnóstico. � Reconhecer as formas de tratamento do DMG. � Relacionar as principais características nutricionais no tratamento do DMG. Introdução Nos últimos 30 anos, pudemos observar uma evolução na assistên- cia pré-natal, tornando universal o acesso a informações e ao trata- mento durante a gestação. Entretanto, algumas situações especiais merecem destaque. O diabetes melito gestacional (DMG) ainda é o problema mais comum na gravidez e tem prevalência em 3 a 25% das gestações. Neste capítulo, você vai estudar quando e como deve ser feito o rastreamento para DMG, o diagnóstico e as formas de tratamento. A nutrição assume um papel de relevância na atenção às gestantes. Diabetes melito gestacional — Definição, rastreamento e diagnóstico O DMG é a intolerância aos carboidratos de gravidade variável, que inicia du- rante a gestação (normalmente na segunda metade da gravidez), não preenche critérios diagnósticos de diabetes melito prévio e pode persistir após o parto. O DMG está aumentando na mesma proporção que aumentam os percentuais de obesidade nas mulheres, podendo afetar o ritmo de crescimento fetal. No Brasil, os casos de DMG em mulheres acima dos 20 anos, atendidas pelo Sistema Único de Saúde (SUS), são de 7,6%. Geralmente, as mulheres desenvolvem o DMG por conta de um defeito na adaptação do corpo às alterações que ocorrem durante a gestação, isto é, uma incapacidade de compensar a resistência à insulina que a gestação pro- porciona. São fatores de risco para o desenvolvimento de DMG: � Idade materna avançada � Sobrepeso ou obesidade � Ganho excessivo de peso � História anterior de DMG � História familiar de diabetes melito tipo 2 (DM2) em parentes próxi mos (pais ou irmãos) � Crescimento muito rápido do bebê � Baixa estatura (< 1,50 m) � Síndrome dos ovários policísticos Rastreamento A Associação Americana de Diabetes (ADA) recomenda que, na primeira consulta de pré-natal, seja feito o rastreamento de casos não diagnosticados de outras formas de diabetes, em especial o tipo 2, ou de pré-diabetes, através do exame de glicemia de jejum. Se o valor encontrado for igual ou superior a 126 mg/dL, é feito o diagnóstico de DM2. Se a glicemia plasmática de jejum for igual ou superior a 92 mg/dL e inferior a 126 mg/dL, é feito o diagnós- tico de DMG. Em ambos os casos, deve-se realizar um segundo exame para confirmação. Caso a glicemia seja inferior a 92 mg/dL, a gestante terá novo rastreamento no final do segundo trimestre. A investigação para DMG deve ser retomada entre a 24ª e a 28ª semana de gestação, com a realização do teste de tolerância oral à glicose (TTOG) com 75 g de dextrosol, com medições uma e duas horas após a coleta. O teste deve ser realizado sem restrições alimentares ou com, no mínimo, 150 g de carboidratos nos três dias que antecedem o exame. Caro aluno, você deve estar atento à recomendação da dosagem de hemo- globina glicada (A1c) nos casos de diabetes e gestação, pois há associação, quando aumentada, com malformações. 39Diabetes na gestação Diagnóstico O diagnóstico é realizado quando a gestante apresentar pelo menos um dos seguintes resultados positivos: � Glicemia de jejum > 92 mg/dL � 1 h após sobrecarga de glicose > 180 mg/dL � 2 h após sobrecarga de glicose > 153 mg/dL Fisiopatologia O bebê em formação necessita de aporte energético, mesmo nos momentos de jejum materno. Suas fontes de energia são a glicose e os aminoácidos, que atravessam a placenta. Fisiologicamente, durante a gestação, há progressiva tendência ao estado de hipoglicemia absortiva materna, de acordo com o de- senvolvimento fetal, sendo os níveis glicêmicos da gestante, durante o jejum, entre 15 e 20 mg/dL inferiores aos observados em não gestantes. Apesar de níveis elevados de insulina que circulam pelo corpo da gestante, a sensibilidade periférica à insulina cai 50% no terceiro trimestre, e a pro- dução de glicose no fígado é 30% maior do que no início da gravidez. Além disso, acredita-se que mulheres com DMG apresentam redução significativa na capacidade de secreção de insulina na quantidade necessária à demanda, causando aumento da concentração de glicose pós-refeição. Esta anormali- dade na tolerância à glicose ocorre com maior frequência no final do segundo e no terceiro trimestres, sobretudo após a 24ª semana de gestação. Confira a seguir as alterações na homeostase da glicose: � Aumento de 30% na glicogenólise materna em comparação a valores pré-gestacionais. � Aumento de três a quatro vezes na resposta insulínica pós-refeição du- rante a 36ª semana gestacional. � Queda de mais de 50% na sensibilidade à insulina, também comparada a valores pré-gestacionais. Nas gestantes com DMG, a resistência à insulina é mais acentuada e está associada à redução de função das células β-pancreáticas. Em comparação com grávidas sem diabetes, existe aumento da produção de glicose com menor capacidade de utilização pelo corpo. 40 Nutrição materno infantil Acredita-se que gestantes com alterações na secreção e/ou ação de in- sulina precedentes à gestação não suportem as alterações metabólicas que ocorrem neste período e, desse modo, desenvolvam DMG. Carboidrato: “O carboidrato, embora saudável, é o nutriente que tem maior efeito sobre a glicemia, já que a totalidade (100%) do que é ingerido transforma-se em glicose. Esta é a razão principal que o coloca como foco do tratamento.” (SOCIEDADE BRASILEIRA DE DIA- BETES, 2016, p. 10). Tratamento do diabetes melito gestacional Glicemias normais são atingidas pelo monitoramento glicêmico, pela terapia nutricional e/ou insulinoterapia e também pela prática regular de exercícios físicos. O tratamento inicial consiste em orientação alimentar que possibilite o ganho de peso adequado e o controle metabólico. Recomenda-se o monitora- mento da glicemia capilar de quatro a sete vezes por dia pré e pós-refeição, especialmente para as gestantes que utilizam insulina. Se, após duas semanas de controle alimentar, os níveis glicêmicos perma- necerem elevados (glicemia jejum > 95 mg/dL, 1 h pós-refeição > 140 mg/dL, 2 h pós-refeição > 120 mg/dL), deve-se iniciar tratamento medicamentoso. Outra indicação para esse tipo de tratamento pode ser a evidência de cresci- mento fetal excessivo, confirmada pela medida da circunferência abdominal fetal acima de 75% na ecografia entre a 29ª e a 33ª semana. Insulinização da gestante A dose inicial de insulina deve ser em torno de 0,5 U/kg de peso, com ajustes individualizados, normalmente combinando insulinas humanas de ações in- termediárias com insulinas rápidas, em formulações fixas ou ajustáveis. 41Diabetes na gestação Os análogos de insulina asparte e lispro apresentam-se mais vantajosos em relação à insulina regular, pois promovem melhor controle dos níveis gli- cêmicos pós-refeição e com menor ocorrência de hipoglicemias. Medicamentos orais Um número crescente de estudos não mostra efeitos ruins no uso de metfor- mina durante a gestação. Com relação à glibenclamida, estudos sugerem sua relação com hipoglicemia neonatal, maior ganho de peso materno, maior ganho de peso neonatal e macrossima, concluindo-se, portanto, que deve ser utilizada com cautela. Tanto a metformina quanto a glibenclamida ultrapassam a barreira placen- tária. Por isso, devem ser realizados mais estudos que avaliem o crescimento e o desenvolvimento de crianças expostas a essas substâncias na gestação, para segurança na prescrição. Complicações fetais O bom controle glicêmico reduz as chances de todas as complicações. Você vai conhecer agora as complicações mais comuns. � Macrossomia: relacionada com hiperinsulinemia fetal (detectada a partir da 12ª semana de gestação)e obesidade materna, além de fatores genéticos. É definida como o peso as nascer acima de 90% para a idade gestacional, ou peso acima de 4 kg nas gestações a termo. A macros- somia é o problema mais significativo na gravidez complicada por dia- betes. Bebês grandes são mais comuns em gestantes com diabetes com início tardio no tratamento, menor número de consultas no pré-natal e maior valor de glicemias de 2 horas no TTOG. � Hipoglicemia neonatal: definida como glicemia inferior a 40 mg/dL nas primeiras cinco horas após o parto, mantendo-se até 2 ou 3 dias de vida do bebê. É resultado da descompensação do DM materno, cau- sando hiperglicemia fetal por hipertrofia das células β-pancreáticas. � Obesidade e intolerância à glicose: estudos sugerem que indivíduos expostos a ambiente intrauterino hiperglicêmico apresentam risco au- mentado de desenvolver obesidade na adolescência e intolerância à gli- cose na infância ou no início da vida adulta. 42 Nutrição materno infantil Complicações maternas Mulheres com DMG e que apresentam obesidade pré-gestacional têm maior chance de desenvolvimento de gengivite, quando comparadas a gestantes com índice de massa corporal (IMC) normal. O polidrâmnio é a causa mais fre- quente de parto prematuro. Recomendações para o parto O diagnóstico de DMG não implica indicação de cesariana, sendo necessário o julgamento de parâmetros obstétricos. Dá-se preferência para que seja a termo, mas gestantes com glicemia de difícil controle, assim como nos casos de macrossomia, não devem ter gestações estendidas após a 38ª semana. Durante o trabalho de parto, a glicemia deve ser monitorada a cada hora, tendo-se como meta valores entre 70 e 120 mg/dL. Recomendações após o parto O uso da insulina deve ser encerrado imediatamente após o parto, e é impor- tante avaliar a persistência ou não de hiperglicemia antes da alta hospitalar. A puérpera deve ser orientada quanto aos benefícios de manter uma dieta saudável. É recomendado reavaliar a tolerância à glicose a partir de seis semanas após o parto, com glicemia de jejum ou com TTOG. Em média, 15 a 50% das mulheres com DMG desenvolvem diabetes ou intolerância à glicose após a gestação. O aleitamento materno por mais de três meses está associado à redução do risco de desenvolver DM2 após a gestação. O mesmo ocorre com mulheres com histórico de DMG, quando reduzem 7% do peso corporal, sendo essa diminuição associada com medicamento oral ou exercício físico regular. Terapia nutricional A nutrição tem um importante papel no tratamento das gestantes com DMG e deve proporcionar um plano alimentar adequado para o desenvolvimento do bebê, além de reduzir as possibilidades de hiperglicemia e hipoglicemia. 43Diabetes na gestação Objetivos da terapia nutricional Confira a seguir os objetivos a serem alcançados pela terapia nutricional: � Incentivar a alimentação saudável. � Promover ganho de peso adequado. � Promover controle glicêmico adequado. � Prevenir complicações para a mãe e o bebê. Avaliação do estado nutricional O estado nutricional pré-gestacional deve ser avaliado por meio do IMC prévio, utilizando a classificação do Institute of Medicine. Além disso, o ganho de peso é um parâmetro importante na avaliação nutricional das mu- lheres e também pode ser avaliado pelas recomendações do Institute of Me- dicine (BARBOSA et al., 2013). Você verá, na Tabela 1, as recomendações de ganho de peso de acordo com o IMC pré-gestacional. Fonte: Barbosa et al. (2013). IMC pré- gestacional IMC (kg/m2) Ganho de peso total (kg) Ganho de peso no 1º trimestre Ganho de peso semanal (g) nos 2º e 3º trimestres Baixo peso 18,5 12,5 a 18 2 0,44 a 0,58 Normal 18,5 a 24,9 11,5 a 16 1,5 0,35 a 0,50 Sobrepeso 25 a 29,9 7 a 11,5 1 0,23 a 0,33 Obesidade > a 30 5 a 9 0,5 0,17 a 0,27 Tabela 1. Recomendações de ganho ponderal de acordo com o IMC pré-gestacional. Para avaliar o estado nutricional atual, utiliza-se a relação entre peso e altura (IMC) atual com a idade gestacional, utilizando a curva de Atalah. Esta também deve guiar as orientações para gestantes sem diabetes. Confira na Figura 1 a curva de Atalah. 44 Nutrição materno infantil Determinação das necessidades energéticas O planejamento nutricional deve ter o objetivo de evitar variações extremas na glicemia, como hipo ou hiperglicemia. O ideal é que o plano alimentar seja fracionado em três grandes refeições (desjejum, almoço e janta) e três pequenas refeições intercalando. Em relação a pacientes que utilizam insu- Figura 1. Curva de Atalah. Fonte: Atalah et al. Revista Médica de Chile, 1997. In: Fagundes AA, et al. Ministério da Saúde, 2004. 45Diabetes na gestação lina, deve-se ter especial atenção à adequação das doses da medicação e dos horários da administração com o conteúdo dos nutrientes fornecidos em cada refeição, em especial na ceia, que, pelo risco de hipoglicemia noturna, deve ser composta por 25 g de carboidratos de complexos, associados a lipídeos ou proteínas. O cálculo do valor energético pode ser baseado no peso pré-gravídico vi- sando ao ganho de peso adequado, que, mesmo em mulheres obesas, deve ocorrer. Veja na Tabela 2 as recomendações para o cálculo do valor energético diário da dieta. Fonte: Milech et al. (2014). Peso pré- gestacional 1º trimestre 2º trimestre 3º trimestre Baixo peso (< 90% de adequação) 30 kcal/kg PI/dia 36 a 40 kcal/kg PI/dia 36 a 40 kcal/kg PI/dia Peso adequado 30 kcal/kg/dia 36 kcal/kg/dia 36 a 38 kcal/kg/dia Sobrepeso ou obesidade (> 120% de adequação) 24 kcal/kg/dia 24 kcal/kg/dia 24 kcal/kg/dia PI, peso ideal. Tabela 2. Recomendações para o cálculo do valor energético diário da dieta. 46 Nutrição materno infantil Cálculo das necessidades energéticas e da quantidade de carboidrato e proteí na de uma gestante com DMG: � PI = IMC ideal X altura2 Utiliza-se a curva de Atalah para estimar o IMC ideal à idade gestacional em que a mulher se encontra. Para uma gestante com 86 kg e altura de 1,65 m, com 29 semanas de gestação, o peso ideal (PI) será: � IMC atual = 86/(1,652) = 31,6 kg/m2 = Sobrepeso, de acordo com a curva de Atalah � IMC ideal = 25,5 kg/m2 � PI = IMC ideal X altura2 = 69,4 kg O cálculo das necessidades energéticas deverá basear-se na recomendação de 24 kcal/kg/dia = 2.064 kcal Sabendo que os carboidratos devem representar de 40 a 45% do valor energético diário da dieta, você deve orientar um plano alimentar que contenha de 206 a 232 g de carboidratos por dia. A quantidade de proteínas deve ser de 1,1 g/kg de peso ideal = 1,1 X 69,4 = 76 g/dia. Carboidratos O conteúdo dos carboidratos deve representar de 40 a 45% do total de energia ingerida pela gestante com DMG. Você sabia que o teor de carboidratos da dieta tem relação direta com as glicemias pós-refeição? Isso ocorre porque são totalmente hidrolisados em glicose após a ingestão, enquanto apenas 30 a 60% da proteína e 10% dos lipídeos consumidos serão convertidos em moléculas de glicose. Por isso, a distribuição adequada dos carboidratos ao longo do dia pode ser mais impor- tante do que a quantidade total, associada à melhor resposta glicêmica. Alguns estudos evidenciam que adequadas concentrações de carboidratos melhoram a sensibilidade à ação da insulina, e a Organização Mundial da Saúde não recomenda concentrações inferiores a 130 g/dia desse macronu- triente. Os carboidratos devem ser monitorados por sua contagem ou substi- tuição, considerando os grupos de alimentos. Assim, a avaliação da quanti- dade de carboidratos, seja por contagem ou estimativa baseada na experiência, continua a ser fundamental para alcançar o controle glicêmico. 47Diabetes na gestação A ADA recomenda a seguinte distribuição dos carboidratos nas refeições: 15% no desjejum, 10% na colação, 30% no almoço, 10% no lanche, 25% na janta e 10% na ceia. Os alimentos que aumentam gradualmente a glicemia são aqueles com lenta digestão e, com isso, lenta absorção. Eles apresentambaixo índice glicê- mico (IG) e são os que contêm maior teor de fibras. Apesar de a literatura a respeito do IG e da carga glicêmica (CG) em indivíduos com diabetes ser controversa em alguns aspectos, parece haver reduções da A1c (de 0,2 a 0,5%) após a realização de dietas com baixo IG. Entretanto, a Sociedade Brasileira de Diabetes não recomenda planos alimentares com baixo IG como estratégia primária para o tratamento do diabetes. Embora a aplicação prática do IG e da CG seja controversa, existe concor- dância de que a qualidade e a quantidade do carboidrato consumido afetam a resposta glicêmica, bem como a observação de que IG e CG podem oferecer benefícios adicionais. Para diminuir a resposta glicêmica da ingestão dietética, alimentos com alto IG podem ser substituídos pelos de baixo IG, sobretudo quando consu- midos de maneira isolada. São exemplos de alimentos com baixo IG: feijões, ervilhas, lentilhas, massas, pão de centeio, arroz parboilizado, aveia e quinoa. A sacarose não aumenta mais a glicemia do que outros carboidratos quando ingerida em quantidades equivalentes. Dessa maneira, pode estar pre- sente, desde que incluída em um plano alimentar saudável, representando até 10% do requerimento energético definido para esse nutriente. Proteínas A ADA recomenda que o percentual de proteína oferecido pela dieta repre- sente entre 15 e 20% das necessidades totais, ou 1,1 g/kg de peso ideal. A ingestão adequada de proteína é importante para o desenvolvimento fetal e para garantir o aumento de produção de insulina. Estudos apontam que restrições proteicas elevaram a formação de gorduras e reduziram a placenta, aumentando a insulinemia, mas com presença de resistência à insulina. Fibras As fibras solúveis têm importância para o controle glicêmico. Seu consumo deve ser de 20 a 35 g, com consumo mínimo de 20 g (14 g/1.000 kcal) sob a forma de hortaliças, grãos integrais, leguminosas e frutas. Orienta-se o con- 48 Nutrição materno infantil sumo de duas a quatro porções de frutas (de preferência, pelo menos uma rica em vitamina C) e três a cinco porções de hortaliças cruas e cozidas. Adoçantes Com exceção do ciclamato (que ainda não foi estudado), os adoçantes ar- tificiais, como aspartame, sacarina, sucralose, neotame e acesulfame-K são considerados seguros para o consumo moderado durante a gestação, sendo seu uso liberado pela Food and Drug Administration. Diet versus light O termo light é um tipo de informação nutricional complementar e significa “redução”. Assim, um alimento pode ser “reduzido” ou “light” em valor energético, açúcares, gor- duras totais, gorduras saturadas, colesterol e sódio. Para um alimento ser considerado reduzido ou light em valor energético ou em algum nutriente, é necessária uma re- dução de, no mínimo, 25% no valor energético ou no conteúdo do nutriente objeto da alegação em relação ao alimento de referência ou convencional. O termo diet, por sua vez, é usado somente em algumas categorias de alimentos para fins especiais, como alimentos para dietas com restrição de nutrientes; alimentos para controle de peso e alimentos para ingestão controlada de açúcares. É preciso ter atenção, pois o termo diet não significa sempre ausência de açúcar no alimento (BRASIL, 2014). 49Diabetes na gestação 1. Quais são os cuidados que a gestante com DMG deve ter durante e após a gestação? a) Monitorar a qualidade dos carboidratos na dieta e reavaliar a tolerância à glicose a partir de quatro semanas após o parto. b) Monitorar a glicemia capilar de quatro a sete vezes ao dia (princi- palmente se fizer uso de insulina) e despreocupar-se com relação ao peso, afinal, ela estará ama- mentando. c) Monitorar eventualmente a glicemia capilar (principalmente se fizer uso de insulina) e manter uma alimentação saudável. d) Monitorar a quantidade de prote- ínas na dieta e reavaliar a tole- rância à glicose a partir de quatro semanas após o parto. e) Monitorar a quantidade de carboidratos na dieta e reavaliar a tolerância à glicose a partir de seis semanas após o parto. 2. Aponte o valor de referência para o diagnóstico de DMG. a) Jejum > 126 mg/dL / 1 h após so- brecarga de glicose > 153 mg/dL / 2 h após sobrecarga de glicose > 140 mg/dL. b) Jejum > 100 mg/dL / 1 h após so- brecarga de glicose > 140 mg/dL / 2 h após sobrecarga de glicose > 153mg/dl c) Jejum > 92 mg/dL / 1 h após so- brecarga de glicose > 180 mg/dL / 2 h após sobrecarga de glicose > 153mg/dl d) Jejum > 92 mg/dL / 1 h após so- brecarga de glicose > 153 mg/dL / 2 h após sobrecarga de glicose > 180mg/dl e) Jejum > 126 mg/dL / 1 h após so- brecarga de glicose > 180 mg/dL / 2 h após sobrecarga de glicose > 153 mg/dL. 3. Qual cuidado deve ter a gestante insulinizada e com DMG? a) Realizar testes de glicemia capilar três a quatro vezes ao dia. b) Realizar ceia com 25 g de carboi- dratos. c) Realizar restrição calórica para garantir perda de peso. d) Realizar restrição proteica. e) Utilizar ciclamato de sódio como adoçante artificial. 4. Quais as formas de tratamento mais seguras para as gestantes com DMG? a) Terapia nutricional + glibencla- mida. b) Metformina + glibenclamida. c) Insulina + glibenclamida. d) Terapia nutricional + insulina. e) Insulina + exercício físico even- tual. 50 Nutrição materno infantil BARBOSA, J. M. et al. Guia ambulatorial de nutrição materno-infantil. Rio de Janeiro: Me- dbook, 2013. BRASIL. Portal Brasil. Você sabe a diferença entre alimento diet e light? Brasília: Portal Brasil, 2014. Disponível em: <http://www.brasil.gov.br/saude/2014/01/voce-sabe-a-diferenca- -entre-alimento-diet-e-light MILECH, A. et al. Rotinas de diagnóstico e tratamento do diabetes mellitus. Rio de Janeiro: AC Farmacêutica, 2014. SOCIEDADE BRASILEIRA DE DIABETES. Manual de contagem de carboidratos para pessoas com diabetes. Brasília: Departamento de Nutrição da Sociedade Brasileira de Diabetes: 2016. Disponível em: <http://www.diabetes.org.br/images/manual-de-contagem-de- -carboidrato2016.pdf>. Acesso em: 28 ago. 2016. Leituras recomendadas ACCIOLY, E.; SAUNDERS, C.; LACERDA, E. M. A. Nutrição em obstetrícia e pediatria. Rio de Janeiro: Cultura Médica, 2004. BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Ações Programáticas Estratégicas. Gestação de alto risco: manual técnico. 5. ed. Brasília: Minis- tério da Saúde, 2010. (Série A: Normas e Manuais). SOCIEDADE BRASILEIRA DE DIABETES. Diretrizes da Sociedade Brasileira de Diabetes 2015- 2016. São Paulo: AC Farmacêutica, 2016. VASCONCELOS, M. J. O. et al. Nutrição em obstetrícia e pediatria. Rio de Janeiro: Medbook, 2011. VÍTOLO, M. R. Nutrição: da gestação ao envelhecimento. 2. ed. Rio de Janeiro: Rubio, 2015. 5. Quais as características da dieta de uma gestante com DMG? a) Carboidratos 40 a 45% / 1,1 g/kg de peso ideal / fibras 20 a 35 g. b) Carboidratos 50 a 60% / 1,1 g/kg de peso ideal / fibras 20 a 35 g. c) Carboidratos 40 a 45% / 1,5 g/kg de peso ideal / fibras 20 a 35 g. d) Carboidratos 40 a 45% / 1,1 g/kg de peso atual / fibras 20 a 35 g. e) Carboidratos 45 a 60%% / 1,1 g/kg de peso atual / fibras 20 a 35 g. 51Diabetes na gestação http://www.brasil.gov.br/saude/2014/01/voce-sabe-a-diferenca- http://www.diabetes.org.br/images/manual-de-contagem-de- Encerra aqui o trecho do livro disponibilizado para esta Unidade de Aprendizagem. Na Biblioteca Virtual da Instituição, você encontra a obra na íntegra.
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