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Manual de gastroenterologia pediátrica • Icterícia: ocorre em 60% dos RN a termo sem fatores de risco; • A maioria é fisiológica, com elevação de bilirrubina indireta ➔ caso haja elevação da bilirrubina direta (BD), significa doença hepatocelular ou biliar • Já os bebês que possuem colestase, são casos de urgência • A icterícia é um sinal comum, porém é um sinal pouco valorizado (contribui para o encaminhamento tardio do paciente colestático) • E faz parte do cuidado à criança na atenção básica • Colestase: estado patológico que cursa com redução do fluxo biliar, por alterações anatômicas ou funcionais do sistema biliar – • Doenças infecciosas • Doenças hematológicas • Os diagnósticos são amplos, heterogêneos e possuem prognósticos variáveis, a depender da causa • Metabolismo da bilirrubina • Definição e etiologia de colestase • Doenças que cursam com colestase • Achados clínicos de colestase: icterícia + acolia ou hipocolia fecais, colúria, prurido e xantomas • Achados laboratoriais: aumento sérico dos sais biliares, do colesterol e BD • Ocorre em 60 a 80% dos RN na primeira semana de vida • É a coloração amarelada de pele, mucosas e escleróticas. É decorrente da deposição de bilirrubina nesses tecidos, quando ela se encontra em níveis elevados no plasma • Evidente quando > 2 a 3 mg/dL na criança maior e 5mg/dL no neonato • BB é o principal produto do metabolismo no grupo heme (hemoglobina, mioglobina e hemoprotéinas) • A principal fonte de bilirrubina é a hemoglobina proveniente da destruição de eritrócitos maduros (80 a 85% da produção total) ➔ 15 a 20% decorrem da destruição prematura, na medula óssea ou no baço, de eritrócitos recém-formados • Após 120 dias, os eritrócitos são captados pelas células reticuloendoteliais do baço, fígado e medula óssea ➔ lise dos eritrócitos e degradação da hemoglobina • A globina é degradada, o anel de ferroprotoporfirina é quebrado e o ferro é parcialmente reutilizado para a síntese da heme ➔ o produto tetrapirrólico resultante é a biliverdina, que é convertida em bilirrubina pela enzima biliverdina redutase ➔ essa forma de bilirrubina é denominada não conjugada ou indireta (BI) e é lipossolúvel • BI liga-se à albumina ➔ transportada pelo plasma • BI é captada pelo hepatócito e convertida em BD pela enzima uridina difosfatase glicuronasiltransferase (UGT) • A bilirrubina é excretada do hepatócito para o canlículo biliar, e transportada por meio da bile, pelas vias biliares, para o intestino (duodeno) • Metabolismo da bilirrubina envolve 6 passos importantes: 1. Formação da BI nas células do retículo endotelial 2. Transporte da BI pelo plasma, ligada à albumina 3. Captação da BI pelo hepatócito 4. Conversão da bilirrubina não conjugada em conjugada 5. Transporte da BD pela membrana biliar 6. Fluxo da bilirrubina pelo sistema biliar até o intestino a. Alteração em qualquer um desses passos pode ocasionar a icterícia AUMENTO DA PRODUÇÃO DE BILIRRUBINA DIMINUIÇÃO DA CAPTAÇÃO DE BILIRRUBINA REDUÇÃO DA CONJUGAÇÃO PELOS HEPATÓCITOS DIMINUIÇÃO DA SECREÇÃO DE BILIRRUBINA PELOS HEPATÓCITOS • A diminuição da secreção pelos hepatócitos leva ao aumento da BD, enquanto os outros processos aumentam a BI • Definir se o aumento é decorrente de BI ou BD é o primeiro passo para o diagnóstico diferencial do paciente ictérico • Pedir níveis de reticulócitos o Pode estar aumentada por hemólise, cefalo hematoma ou hiperesplenismo o Se estiverem normais: diminuição da captação para o hepatócito ou diminuição da conjugação ▪ Se a captação estiver diminuída ➔ pode ser causada por fármacos ou sepse ▪ Se a conjugação estiver diminuída: pode ser fisiológica, devido ao leite materno, crigler-najjar gilbert • Correlacionada com estados patológicos ➔ diminuição da secreção biliar por doença hepatocelular ou biliar o Investigação clínica e laboratorial urgente • Colestase: diminuição do fluxo da bile o Pode ocorrer por alterações anatômicas ou funcionais do sistema biliar • Colestase: altos níveis de BD, colúria, acolia fecal, prurido e xantomas o BD> 1mg/dL, BT< ou igual a 5mg/dl o BD>2 e BT > 5mg/dL o Aumento das enzimas caniliculares, GGT e FA, elevação dos ácidos biliares e do colesterol • Obs: nas síndromes de Dubin-Jonhson e de Rotor, há uma elevação natural da bilirrubina, e não deve ser confundido com colestase • Colestase neonatal: se inicia nos primeiros 3 meses de vida o O RN tem uma propensão colestática, por imaturidade dos mecanismos relacionados à produção da bile, especialmente no que se refere ao metabolismo dos ácidos biliares • Início após 24h de vida • Pode ocorrer por atraso de maturação da UGT, redução da captação hepática e conjugação de BI • Aumento da BI • RNT (recém-nascido a termo): pico em 4 – 5 dias e resolução no fim da 1 semana de vida (até 14 dias) • Icterícia do Leite materno: início após o 4 dia de vida, pico na 2 semana e dura até 8 semana o RN saudável, com bom ganho de peso, urina, mas que apresenta icterícia o BI não mais que 12 • Crigler Najjar: acredita-se que ocorra uma glicuronidação ineficiente da BB o Tipo 1: hiperbilirrubinemia grave o Tipo 2: hiperbilirrubinemia leve • Gilbert: há diminuição da expressão do gene de transcrição da UGT o Ocorre hiperbilirrubinemia muito leve • Essas duas situações podem responder ao FNB; Função e histologia são normais nas 3 entidade • Colúria: urina escura • Xantomas: lesões de pele por acumulo de ácido biliar • 7, 8 e 9: fezes normais • Restante: fezes acolicas ou hipocólicas • Pontinhos brancos da pálpebra: xantomas • Aumento de BD • Aumento de enzimas nacaliculares (GGT e FA) • Aumento dos ácidos graxos e colesterol • Aumento de pigmento bilirrubínico nos hepatócitos e canalículos biliares • Bilirrubina total e frações • As custas de BI? o Pedir reticulócitos • As custas de BD? o Pensar em alterações de fluxo biliar • Suspeita diagnóstica? • Está ictérica? • Avaliar cor das fezes e urina • Seguir para investigação Paciente com mais de 14 dias de vida e ictérico (até 15%): • Se esse bebê estiver em fórmula, abordar urgentemente • Se estiver em amamentação e anormal, esperar 1 semana + acompanhamento • Solicitar: hemograma, BTF e reticulócitos • TODO RN OU LACTENTE QUE APRESENTE BD OU BI >1 MG/DL (1,7MMOL/L) MERECE INVESTIGAÇÃO CONSANGUINID ADE INFECÇÃO MATERNA IRRITADO/LETÁR GICO ANTECEDENTES FAMILIARES DE DOENÇA HEPÁTICA TRIAGEM NEONATA L ANORMAL FEZES ANORMAIS ACHADOS DE US PN DE MÁ FORMAÇÃO MÁ FORMAÇÕ ES DE EXAME FÍSICO SINAIS DE HP • Identificar situações que ameaçam a vida • Doenças com possibilidade de tratamento o Tratamento cirúrgico: atresia biliar o Tratamento clínico ▪ Doenças infecciosas (gram +) ▪ Metaólicas • Galactosemia • Tirosinemia • Erro inato do metaboslimo dos sais biliares ▪ Fibrose cística ▪ Endocrinopatias (hipopituitarismo) • Causa mais temida de colestase • É caracterizada por obstrução das vias biliares extra-hepáticas e uma colangiopatia obstrutiva inflamatória o Ocorre inflamação das vias biliares, que progressivamente torna-se uma obstrução • É a principal causa de colestase em crianças • Principal indicação de transplante hepático em crianças • Icterícia colestática o Iniciada ao nascimento ou nas primeiras 24h de vida o Pode haver hepatomegalia o Acolia fecal o Colúria • Avaliação clinica + avaliação laboratorial + exames de imagem e biópsia • Deve considerar: o Fezes suspeitas e/ou colúria e/ou icterícia > 14 dias – • A criança geralmente tevebom peso ao nascimento (eutrófico) • Pode ter hepatoesplenomeglia • Bom estado geral, sem sinais de infecção ou problemas neurológicos • Em outros tipos de atresia, podem haver anomalias associadas e complicações de doença hepática • Hemograma completo • Glicemia • Aumento de bilirrubina >1 • Aumento de GGT • Aumento de FA • Aumento das aminotransferaes o Albumina e fatores de coagulação • Alfa antitripsina • TSH e T4L (se não tem triagem • Urina: análise, cultura e pesquisa de substâncias redutoras • USG abdome (em jejum) o Rx de tórax (doença pulmonar e cardíaca) o Rx de coluna: anomalias da coluna vertebral como vértebras de borboleta o Ecocardiograma → • Tireoide • Ácidos biliares e cortisol • Metabólicas: amônia, lactato, colesterol +galactose 1 fosfato, uridiltransferase nas hemácias, succinilacetona (sangue ou urina) e ácidos orgânicos urina • Infecciosas: CMV, HSV, Listeria • Genética: cloro suor • Biópsia hepática percutânea o Invasivo o Maior acurácia (mas depende da técnica, experiencia do patologista) o Exame: ▪ Proliferação de custos interlobulares e dúctulos periportais ▪ Expansão portal por infiltrado inflamatório, edema e fibrose ▪ Colestase nos ductos neoformados ▪ Pontes fibrosas • Colangiografia cirúrgica • Estudo histológico do remanescente da via biliar • Portoenterostomia (kasai) o Para restaurar o fluxo biliar • Usarcol? • Antibioticoterapia • Vitaminas lipossolúveis • Sobrevida do fígado nativo • O sucesso depende da experiencia do cirurgião e da idade do paciente
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