Prévia do material em texto
Metodologias e Materiais para o ensino do Português como Língua Não Materna 29 e 30 de Outubro de 2009 Auditório 3 Fundação Calouste Gulbenkian Textos do Seminário Comissão Organizadora Maria Helena Mira Mateus (ILTEC/FLUL) Paulo Feytor Pinto (APP) Luísa Solla (ILTEC/ ESE Setúbal) Dulce Pereira (ILTEC/FLUL) Fabíola Santos (ILTEC) Fausto Caels (ILTEC) Nuno Carvalho (ILTEC) Rosa Dias (ILTEC) Patrícia Cruz (ILTEC) ILTEC- Instituto de Linguística Teórica e Computacional Rua Conde de Redondo, 74 - 5º 1150-109 Lisboa (Portugal) Tel. + 351 21 356 30 82 Fax. + 351 213 55 06 71 www.iltec.pt direc@iltec.pt APP- Associação de Professores de Português Bairro da Liberdade, 7 - R/C - 9 1070-023 Lisboa Tel. +351 21 386 17 68 Fax. +351 21 386 18 19 Correio-e Geral: aprofport@app.pt Correio-e Secretariado: secretaria.app@netcabo.pt Índice Metodologias de Ensino de uma Língua Não Materna The Goals of ELT: Reproducing native-speakers or promoting multicompetence among second language users? - Vivian Cook, Universidade de Newcastle 9 Investigação e Ensino da Língua Portuguesa (IELP): intervenção regulada no ensino do PLNM - Ana Martins, CLUP 23 Quando o Português não é a Língua Materna, que metodologias e que materiais escolher? - Ana Maria de Sousa, APP 26 Metodologias de ensino de PL2 à medida dos aprendentes - Isabel Pereira e Cristina Martins, CELGA/FLUC 31 Discursos sobre as Línguas – O papel dos “saberes vulgares” na Educação em Português - Maria Helena Ançã, CIDTFF/ Universidade de Aveiro 37 Materiais didácticos para o ensino de uma Língua Não Materna Principles and procedures of materials development for language learning - Brian Tomlinson, Universidade de Leeds 45 O Português como língua veicular no ensino básico e secundário: algumas considerações sobre materiais - Helena Lemos 55 Haverá horta na horta? – a importância dos aspectos sócio-culturais na produção de suportes didácticos - Lúcia Vidal Soares, ESE de Lisboa 59 Materiais digitais: contributos para o desenvolvimento de competências linguístico-comunicativas em Português Língua Não Materna - Fernanda Botelho ESE de Setúbal/ILTEC e Maria do Rosário Rodrigues, ESE de Setúbal 65 Edição de materiais de ensino PLE, dificuldades e objectivos - José de Mello, LIDEL 71 Projectos sobre Português Língua Não Materna em contexto de imigração Aprendizagem de Português L2 – Criação e aplicação de estratégias e materiais conducentes ao sucesso educativo dos alunos PLNM - Luísa Solla, ESE-IPS Setúbal/ILTEC e Fabíola Santos, ILTEC 75 Testes de avaliação de diagnóstico em Português Língua Não Materna - Fausto Caels, ILTEC 82 O Programa Português para Todos/as – PPT: A Língua como elemento fundamental da integração dos/as imigrantes - Sofia Fernandes, ACIDI 89 O Ensino do Caboverdiano e do Português Turma Bilingue (Português/Caboverdiano): um projecto experimental de educação bilingue em Portugal - Dulce Pereira FLUL/ILTEC 92 O Contexto sociolinguístico e situacional da aprendizagem de língua portuguesa em Cabo Verde na 1.ª fase do Ensino Básico - Adelaide Monteiro, IIPC 99 Notas biográficas dos participantes 103 Programa 114 Introdução O Seminário sobre Metodologias e Materiais para o ensino do Português como Língua Não Materna integra-se no trabalho de investigação que tem vindo a ser desenvolvido no ILTEC sobre o ensino do Português como Língua Não Materna. Esta investigação iniciou-se com o projecto Diversidade Linguística na Escola Portuguesa em que se procedeu a um levantamento das línguas faladas nos dois primeiros ciclos do Ensino Básico, nas escolas da Grande Lisboa. No mesmo projecto foram seleccionadas quatro línguas faladas pelos alunos, tendo-se procedido a análises em diversos aspectos linguísticos. O projecto incluiu ainda a elaboração de exercícios adequados aos problemas encontrados. Esse projecto, financiado pela Fundação Gulbenkian, foi seguido de um outro situado na mesma área e igualmente financiado pela Gulbenkian: Bilinguismo, Aprendizagem do Português L2 e Sucesso Educativo. O desenvolvimento deste segundo projecto, que está em curso e terminará em 2012, contempla duas partes separadas mas convergentes: - Criação e aplicação de estratégias e materiais conducentes ao sucesso educativo dos alunos de Português Língua Não Materna (PLNM). - Implementação do ensino bilingue Português-Crioulo de Cabo Verde numa turma bilingue na escola portuguesa. É no âmbito do presente projecto que se realiza o Seminário sobre Metodologias e Materiais. De acordo com as principais questões abordadas, o Seminário está organizado em três partes: - Metodologias de ensino de uma Língua Não Materna - Materiais didácticos para o ensino de uma Língua Não Materna - Projectos sobre Português Língua Não Materna em contexto de imigração Para tornar mais produtivo o trabalho dos participantes no Seminário, solicitámos a todos os intervenientes que nos entregassem um texto de apresentação da respectiva intervenção. Incluímos nesta Introdução uma súmula dos textos entregues pela ordem por que serão apresentados. No fim incluímos notas biográficas de todos os intervenientes. Metodologias de ensino de uma Língua Não Materna O primeiro texto, do professor Vivian Cook da Universidade de Newcastle, é um texto teórico e prático sobre metodologias do ensino de uma língua não materna, seus objectivos e resultados, e está incluído no International Handbook of English Teaching, publicado por Cummins e Davidson. A Mesa Redonda em que se discutirá o tema do primeiro dia, Metodologias, tem comunicações de investigadores e professores portugueses que trabalham na área: Ana Martins, do Centro de Linguística da Universidade do Porto, descreve o projecto Investigação e Ensino da Língua Portuguesa (2007/2008 – 2008/2009), em que trabalha, projecto que visa avaliar os efeitos, na qualificação do ensino do português, da aplicação de determinadas metodologias. Ana Maria de Sousa, da Associação de Professores de Português, mostra, na comunicação intitulada Quando o Português não é a Língua Materna, que metodologias e que materiais escolher?, de que modo as tecnologias de informação e comunicação podem ajudar a delinear um percurso didáctico eficaz no ensino da língua não materna. Vários recursos tecnológicos são apresentados e descritos. Isabel Pereira e Cristina Martins, do Centro de Linguística da Universidade de Coimbra, na comunicação com o título Metodologias de ensino de PL2 à medida dos aprendentes discutem os diferentes perfis linguísticos dos alunos que frequentam a escola portuguesa e relacionam os factores que caracterizam esses perfis e têm implicações no plano psicolinguístico. Maria Helena Ançã, do CIDTFF da Universidade de Aveiro, apresenta uma comunicação denominada Discursos sobre as Línguas — O papel dos ‘saberes vulgares’ na educação em português propõe que, no ensino da língua, se aproveite o conhecimento que o aluno tem sobre o funcionamento e apropriação das línguas e apresenta resultados de entrevistas realizados com aprendentes de português língua não materna. Materiais didácticos para o ensino de uma Língua Não Materna Brian Tomlinson, da Leeds Metropolitan University, apresenta os Princípios e os procedimentos do desenvolvimento de materiais para aprendizagem de línguas, texto adaptado de uma participação do autor no livro de N. Harwood (ed.) “Materials in ELT: Theory and Practice”. Cambridge: Cambridge University Press, a publicar em 2010. Helena Lemos, autora de manuais didácticos, tem uma intervenção sobre O Português como língua veicular no ensino básico e secundário:algumas considerações sobre materiais. A autora chama a atenção para as crianças e jovens que não têm o Português como língua materna e que constituem uma população extremamente heterogénea. Segundo Helena Lemos, tal situação torna necessário um trabalho conjunto de especialistas do ensino de língua não materna e de especialistas de cada disciplina. Lúcia Vidal Soares, da ESE de Lisboa, apresenta uma intervenção intitulada Haverá horta na horta? — a importância dos aspectos sócio- culturais na produção de suportes didácticos em que nos dá conta da sua experiência ao elaborar manuais de língua portuguesa para Timor-Leste que põem problemas como o de saber ‘Que português utilizar?’ ou ‘Como integrar os hábitos linguísticos e a cultura do aprendente na aprendizagem de uma outra língua?’. Fernanda Botelho, da ESE de Setúbal/ILTEC e Mª do Rosário Rodrigues da ESE de Setúbal intervêm sobre Materiais digitais: contributos para o desenvolvimento de competências linguístico- comunicativas em Português língua não materna. Na sua intervenção procuram evidenciar as potencialidades das TIC no desenvolvimento de competências linguísticas e comunicativas dos alunos que não têm Português como Língua Materna. Com este fim propõem que se procure contribuir para a flexibilização das práticas pedagógicas de LP, adequando- -as aos contextos de diversidade linguística e cultural dos alunos. José de Mello, Director Editorial da LIDEL, reflecte sobre Edição de materiais de ensino PLE, dificuldades e objectivos. As dificuldades de mercado e as necessidades dos professores e dos alunos nestas áreas têm levado os editores de manuais a diversificarem a sua produção trabalhando em conjunto com os docentes, embora se trate inegavelmente de uma mudança difícil de acompanhar. Projectos sobre Português Língua Não Materna em contexto de imigração Luísa Solla, da ESSE de Setúbal/ILTEC e Fabíola Santos, do ILTEC apresentam, na sua comunicação intitulada Aprendizagem de Português L2 – Criação e aplicação de estratégias e materiais conducentes ao sucesso educativo dos alunos PLNM, as linhas gerais, os objectivos e produtos promotores de estratégias de ensino-aprendizagem do Português adequados a crianças e jovens com outras línguas maternas e com outras culturas. Este projecto está a ser desenvolvido pelo ILTEC com o apoio da Fundação Calouste Gulbenkian. Fausto Caels, do ILTEC apresenta os Testes de avaliação de diagnóstico em Português Língua Não Materna, realizados no ILTEC a pedido da DGIDC chamando a atenção para a importância da avaliação diagnóstica em língua portuguesa dos alunos que não têm o português como língua materna e discutindo e exemplificando a sua aplicação. Sofia Fernandes, do ACIDI, apresenta o Programa Português para Todos/as – PPT, que está a ser desenvolvido no Alto Comissariado para a Imigração e Diálogo Intercultural. No âmbito da implementação do Programa são apresentados e descritos os cursos operacionalizados a nível nacional. O Ensino do Caboverdiano e do Português Dulce Pereira, da FLUL e do ILTEC, fala-nos da experiência da Turma Bilingue (Português/ Caboverdiano): um projecto experimental de educação bilingue em Portugal. O texto dá a conhecer o modo como nasceu a experiência, os seus objectivos, o desenho do projecto e as características do funcionamento da turma Adelaide Monteiro, do IIPC (Cabo Verde), apresenta-nos O contexto sociolinguístico e situacional da aprendizagem de língua portuguesa em Cabo Verde na 1.ª fase do Ensino Básico. A autora caracteriza a situação sociolinguística de Cabo Verde e os seus reflexos na aprendizagem da língua portuguesa na 1ª fase do ensino básico integrado, visando dar a conhecer o contexto linguístico caboverdiano em que se processa a alfabetização e a aprendizagem da língua portuguesa. Metodologias de ensino de uma Língua Não Materna 9 The goals of ELT: Reproducing native-speakers or promoting multicompetence among second language users? Vivian Cook, Newcastle University Background Why do people learn a second language? One answer comes from the students themselves: Coleman (1996) found that the six most popular reasons among UK university students of modern languages were 'For my future career', 'Because I like the language', 'To travel in different countries', 'To have a better understanding of the way of life in the country or countries where it is spoken', and 'Because I would like to live in the country where it is spoken'. Another answer comes from the expectations of the educational systems in various countries: the UK Modern Language Curriculum (DfEE, 1999) wants pupils to 'understand and appreciate different countries', to 'learn about the basic structures of language' and how it 'can be manipulated'. Another perspective comes from second language acquisition research, which sometimes states the target of L2 learning overtly: ‘LP [language pedagogy] is concerned with the ability to use language in communicative situations’ (Ellis, 1996:74), but more often puts it covertly: discussion of age concerns 'whether the very best learners actually have native-like competence' (Long, 1990), i.e. the successful L2 learners are those that become like L1 native speakers. The purposes of language teaching are far from straightforward. The multifarious goals include benefits for the learner's mind such as manipulating language, for the learner's future career and opportunities to emigrate, and effects on the society whether through the integration of minority groups, the creation of a skilled work-force, the growth of international trade, or indeed ‘good citizenship, moral values and the Malaysian way of life’ (Kementarian Pendidikan Malaysia, 1987). Cook (2002) made an open-ended list of the goals of language teaching that includes: self-development. The student becomes in some way a 'better' person through learning another language. This goal is unrelated to the fact that some people actually use the second language, as in the group-related dynamics of Community Language Learning. a method of training new cognitive processes. By learning another language, students acquire methods of learning or new perspectives on themselves and their societies. 10 a way-in to the mother-tongue. The students' awareness of their first language is enhanced by learning a second language. an entrée to another culture. Students can come to understand other groups in the world and to appreciate the music and art of other cultures. a form of religious observance. For many people a second language is part of their religion, whether Hebrew for Judaism, Arabic for Muslims, or indeed English for Christians in some parts of the world. a means of communicating with those who speak another language. We all need to cope with people from other parts of the world whether for business or pleasure. the promotion of intercultural understanding and peace. For some the highest goals of language teaching are to foster negotiation rather than war and changes in the society. (see for example Gomes de Matos, 2002) None of these goals directly state that the learners should approximate to native speakers, even if they are waiting in the wings. They are instead concerned with the educational values of the second language for the learner. Indeed many of them might be achieved without actually learning the new language per se; degree courses in literature may be carried out through translations; courses in French civilisation have been taught in English schools through the mother tongue. Internal and external goals These goals can be divided into two main groups – external and internal (Cook, 1983; 2002). External goals relate to the students' use of language outside the classroom: travelling and usingthe second language in shops and trains, reading books in another language or attending lectures in a different country, surviving as refugees in a strange new world. Internal goals relate to the students' mental development as individuals: they may think differently, approach language in a different way, be better citizens, because of the effects that the second language has on their minds. So-called traditional language teaching often stressed the internal goals: learning Latin trained the brain; studying L2 literature heightened people's cultural awareness. External goals dominated language teaching methodology for most of the last century, first through situational teaching and then through audiolingualism with its emphasis on external situations. Then communicative language teaching introduced syllabuses based on language 11 function and interaction in the world outside, not in the world inside the student. Lists of language functions such as Wilkins (1976) ignored the internal functions that L2 users accomplish in the second language like self-organisation (keeping a diary etc), memory tasks (phone numbers), and unconscious uses (singing to oneself) (Cook, 1998). The task-based learning approach, ultimately derived from the class- room based schemes of Prabhu (1987), has recognised that classroom tasks do not necessarily have external outcomes in the world outside. Skehan (1998:96) for example thinks it desirable that tasks have real-world relevance ‘but difficult to obtain in practice’. Task-based learning has, however, seldom tried to see what long-term internal goals such tasks might have for the student beyond the sheer acquisition of linguistic knowledge. The platitude that obsessed language teaching for thirty years has been that the goal of language teaching is 'communication'. On the one hand this skirts the issue of communication where, with who and for what: 'communication' is too vague a term to bear the weight that has been given to it in language teaching. If the goal is indeed external communication with other people who do not speak your first language, this is beside the point for many EFL students; few students in China, Cuba or Chile, for instance, can realistically expect to speak with people in English outside the classroom. On the other hand equating language with communication misses its other functions; communication is only one role of language in human life, as proclaimed by linguists from Malinowski's phatic communion to Halliday's interpersonal function and Chomsky's pragmatic competence. Enabling students to use a second language does not just give them a tool for talking to people through a different language but changes their lives and minds in all sorts of ways (Cook, 2002). The native speaker as the target of language teaching The external goal implicit in much language teaching has been to make the students approximate to native speakers. ‘After all, the ultimate goal – perhaps unattainable for some – is, nonetheless, to “sound like a native speaker” in all aspects of the language’ (González-Nueno, 1997: 261). Students are successful according to how close they get to native speakers; ‘The native speaker’s ‘competence’ or ‘proficiency’ or ‘knowledge of the language’ is a necessary point of reference for the second language proficiency concept used in language teaching’ (Stern, 1983:341). The best teacher is therefore a native speaker who can represent the target the students are trying to emulate. A language school in London 12 invites one to ‘Learn French from the French’; a school in Greece proclaims 'All our teachers are native speakers of English'. Within the past decade the term 'native speaker' has been deconstructed, partly by recognising that people are multi-dimensional; the role of native speaker is a comparative minor part of one's identity compared to citizenship, membership of ethnic minorities, football fan clubs, social classes, professional groups, etc (Rampton, 1990). Its basis in power has also been described; native speakers assert power over their language and insist that only they can control its destiny. Unlike DNA, nobody has copyrighted a natural language (computer languages and Klingon are a separate issue as they do not have native speakers!). The denial of the right of L2 users to sound as if they come from a particular place reeks of power; native speakers are not treated in the same way. It is acceptable for a speaker of English to sound as if they come from London, Chicago or Auckland but not from Paris, Beijing or Santiago. As la Rochefoucauld wrote in 1678, 'L’accent du pays ou l’on est ne demeure dans l’esprit et dans le coeur comme dans le langage'. Why should L2 users be the only ones to have to conceal it? An example is the denigration of Joseph Conrad for having a Polish accent, despite him being one of the stylists of English prose of the twentieth century. The native speaker concept has contributed to denying the rights of human beings to show their membership of particular groups. The concept of native speaker has little meaning as an L2 goal. In the literal sense it is impossible for an L2 user to become a native speaker, since by definition you cannot be a native speaker of anything other than your first language. Phrasing the goal in terms of the native speaker means L2 learning can only lead to different degrees of failure, not degrees of success: 'Relative to native speaker's linguistic competence, learners' interlanguage is deficient by definition' (Kasper & Kellerman, 1997: 5). In a wider sense, accepting the native speaker goal still does not specify which native speaker in what roles: native speakers of English come from all parts of the globe, classes of society, genders and ages. Indeed many L2 users speak to people who are not native speakers, whether the German businessman negotiating contracts with a Dane, the Chinese air-line pilot talking to the control tower in Singapore, or the Japanese tourist buying a film for her camera in Spain: English is a useful lingua franca for much of the globe. The Israeli National Curriculum (2001) 'does not take on the goal of producing near-native speakers of English, but rather speakers of Hebrew, Arabic or other languages who can function comfortably in English whenever it is appropriate.' Perhaps the majority of 'communication' in English does not involve native speakers. While the native speaker goal can have a limited currency for some 13 students, it has no relevance as an internal goal since learning a second language makes people different from monolingual native speakers. The L2 user concept An overall alternative to the native speaker goal is the concept of the L2 user, which refers to people who know and use a second language at any level, similar to functional definitions of bilingualism: 'the point where a speaker can first produce complete meaningful utterances in the other language' (Haugen, 1953:7). The term 'L2 user' is however preferred to 'bilingual' because of the diverse definitions for 'bilingualism', many of which refer to the native speaker: 'bilingualism, native-like control of two languages' (Bloomfield, 1933:56) – the bilingual is the sum of two monolinguals rather than something sui generis. Perhaps the majority of people in the world are L2 users. While figures are impossible to come by, it is certainly suggested by countries like the Congo with 213 languages, or Singapore, where 56% of the population are literate in more than one language, or indeed Europe, where 53% of the population can speak at least one additional language (European Commission, 2001). The British Council (1999) estimates one billion learners of English in the world. Everyday life in many societies demandsmore than one language, for example the Cameroon or India. Other L2 users are members of linguistic minorities who need another language for education or health, like Bengali speakers in the East End of London, or businessmen using another language than their own such as Luc Vandevelde, the Belgian head of Marks and Spencers, or international sports personalities using English in interviews with the mass media, say Martina Hingis, Michael Schumacher or Frankie Dettori. In short, the second language increases rather than diminishes human diversity. Both linguistics, SLA research and language teaching have primarily taken the monolingual native speaker as their starting point. Chomsky (1986) set the goals of linguistics as accounting for knowledge of language, not knowledge of languages. Both language teachers and students have seen their goal as getting close to native speakers. To people who treat L2 users as deviating from native speaker norms, the important questions are the cognitive problems of bilingualism, not the cognitive deficits of monolingualism, and why L2 students can't speak like natives, rather than why monolinguals can't speak two languages. The L2 user concept is rooted in difference rather than deficit, following Labov (1969). L2 users are different kinds of people from monolingual native speakers, and need to be measured as people who speak two languages, not as people within efficient natives. Their differences 14 from native speakers reflect the complexity of a mind with two languages compared to the simplicity of a mind with one. The L2 user concept arose in the context of the multi-competence approach to SLA. Multi- competence is 'the knowledge of two or more languages in the same mind' (Cook, 1992). It extends the concept of interlanguage by recognising the continual presence of the first language in the learner's mind alongside the second language; there is little point in studying the second language as an isolated interlanguage system since its raison d'être is that it is added to a first language. Indeed it may be wrong to count languages in people's minds – L1, L2, L3 – as the language system exists in a single mind as a whole – akin to Chomsky's notion that the mental reality is a grammar, not a language (Chomsky, 1986). If the L2 user is the norm in the world, the monolingual mind has a more basic system because of the impoverished language it has encountered. The term 'L2 user' is conceptually different from 'L2 learner' even when it refers to the same person. L2 users are exploiting whatever linguistic resources they have for a real-life purpose – ordering a CD on the internet, talking about Manchester United, translating a letter, visiting the doctor … L2 learners are acquiring a system for later use; they interact in information-gap games, they make up sentences, they plan activities in groups … Sometimes 'learner' and 'user' overlap: a student learning English in a classroom can also use it over coffee five minutes later. But it is demeaning to call a person who has been using a second language for, say half their life, a learner. The nature of the L2 user So what is the purpose of L2 teaching? Put it in a simplistic form, there are some qualities in people who use second languages that society or the individual student values. Language teaching serves to foster these qualities in students. Let us then look at the qualities of L2 users that students can strive to emulate. L2 users have different uses of language from monolinguals If the aim were to clone the native speaker, this would limit the functions of a second language to those that native speakers can carry out in their L1. While some L2 users may indeed need to speak to native speakers, the language that natives use to non-natives is a specific variety. The presence of a non-native speaker alters the behaviour of native speakers, changing their syntax and the information they provide (Arthur et al, 1980). The L2 user needs to master the skill of conversing with native speakers in this particular mode. Databases of native speech such as COBUILD and the BNC have not provided any information about the 15 native to non-native English the L2 user will actually encounter (let alone any insight into the non-native speakers they are more likely to talk to). Continental businessmen have told me that they have no problems speaking English to fellow non-native speakers; it is the English person who gives them problems. L2 users also have distinctive uses for language unavailable to monolinguals, most obviously when two languages are on-line. Translation is an everyday activity for many L2 users, for instance children translating for their non-native parents in consultations with doctors (Malakoff & Hakuta, 1991). Some L2 users are indeed professional interpreters, foreign correspondents, bilingual secretaries, and the like. Is there any L2 user who has not at some time been called on to translate something, ranging from a book title up to a letter? Discouraging translation as a teaching technique does not mean it is not valid as an external goal. Indeed 'translation provides an easy avenue to enhance linguistic awareness and pride in bilingualism' (Malakoff & Hakuta, 1991:163). Another distinctive L2 use of language is code-switching. L2 users commonly switch from one to the other according a variety of rules depending on social roles, the topics that are being discussed, the grammatical overlap between the two languages, and many more (for example Auer, 1998). One example might be a Japanese university student remarking: Reading sureba suruhodo, confuse suro yo. Demo, computer lab ni itte, article o print out shinakya (The more reading I have, the more I get confused, but I have to go to the computer lab and need to print out some articles). Another example might be: London Bridge is falling down, Poi s'ascose nel foco che gli affina, Quando fiam uti chelidon—O swallow swallow, Le Prince d'Aquitaine á la tour aboli (T.S. Eliot, The Waste Land, V). Code-switching is a highly skilled L2 use. Grosjean (1989) distinguishes two modes of language in L2 users, a monolingual mode in which one language is used at a time and a bilingual mode in which both are used simultaneously. Whether or not code-switching should be encouraged in the classroom is a separate matter for methodologists to decide; traditionally the teacher was supposed to frown upon students using their L1 in group and pair-work, though Jacobson (1990) has described a teaching method based on systematic code-switching. But clearly most effective L2 users are capable of this feat of using two languages at once. Paradis (1997) has argued that these L2 uses are simply extensions of what monolinguals do; translation is the same as paraphrase on a larger scale; code-switching is a more complex form of dialect or register- switching. From a multi-competence perspective, the boot is on the other 16 foot: the monolingual uses restricted forms of the language functions available to the L2 user. As we see below, however, L2 users have more subtle differences from native speakers in their use of both their first and second languages, mostly due to the links between the two languages in their minds. Whichever language they are using, they are still to some extent affected by the other language they know – its rules, concepts and cultural patterns. An L2 user is essentially a product of métissage – 'the mixing of two ethnic groups, forming a third ethnicity' (Canada Tree, 1996; see also Lionnet, 1989). The danger is not seeing themselves as fully members of either cultures, rather than as fully-paid up L2 users. L2 users form the majority in many countries of the world where it is taken for granted thateveryone uses whatever languages are necessary for their everyday lives, whether the Cameroon or Pakistan. Both their first and second languages may differ from those of monolingual native speakers: so what? L2 users stand between two languages, having the resources of both languages available should they need them. L2 users have a different command of the second and first languages Some researchers have argued that people speak a second language like a native speaker (Bongaerts et al, 1997); others have denied this possibility. On the one hand it is not significant if a handful of people can pass for natives; it may be possible to find dogs that look like rats or indeed to train dogs to behave like rats but this does not mean they are not different species. On the other hand it is the wrong comparison; an L2 user should be compared with another successful L2 user – a member of the same group – not with a native speaker – a member of another group the L2 user could not belong to by definition. Arguments based on the achievements of a select few should be set to one side; despite the achievements of a tiny minority, the knowledge of the second language of the vast majority of L2 users differs from that of native speakers. Mostly these differences are blindingly obvious. Though many spelling mistakes are common to all users of English spelling whether native, non-native, young or old, L2 users soon give away their first language: volontary and tissu (French), theese and precios (Italian), lavel (level) and congratale (Urdu) and so on (Cook, in progress). In Voice Onset Time (VOT) for plosive consonants, L2 users have timings that deviate slightly from native speakers (Nathan, 1987). Even at advanced 'passing for native' levels, there are still concealed differences between L2 users and native speakers in grammaticality judgments (Coppetiers, 1987). 17 Recent research has been discovering that the L2 user also has a different command of the L1 from a monolingual native speaker (Cook, in press). The knowledge of vocabulary in the first language is affected by the second so that for example when a French person who knows English encounters the French word coin they are aware of the English meaning 'money' as well as the French meaning 'corner' (Beauvillain & Grainger, 1987). In syntax L2 users process their first language differently so that for instance Japanese, Spanish and Greek users of English look for the subject of the L1 sentence in slightly different ways (Cook et al, in press); some L2 users can be said more appropriately to have an extended L1 competence than a declining L1 competence (Jarvis, in press). In other words the first language competence of L2 users is not the same as that of monolinguals. Within the multi-competence approach, such changes are seen as inevitable: at some level the two languages form a single complex system within the individual mind; the totality of the L2 user is more than just adding a second language to a mind that has a first. While an overt goal of second language teaching may not be to alter the first language of the learner, this is a necessary consequence. L2 users have different minds from monolinguals But the distinctive characteristics of L2 users extend outside what is normally thought of as language knowledge and use. L2 users also differ from monolinguals in terms of interior aspects of mind that go beyond the external uses of language detailed so far. Indeed this is implicit in the concept of internal goals of language teaching; as well as enabling students to 'communicate' with other people, language teaching also affects their minds in ways that society may find beneficial – the traditional virtues of classical language teaching. One such aspect is language awareness. Bilingually educated children are sharper at making grammaticality judgments about sentences than monolinguals (Bialystok, 2001). Afrikaans/ English children aged 4-9 who know a second language are ahead of monolinguals in developing semantic awareness of words (Ianco-Worrall (1972). Hungarian children who know English produce Hungarian sentences that are more structurally complex (Kecskes & Papp, 2000). Yelland et al (1993) employed all possible combinations of big and large objects with big and large words (ant, caterpillar, airplane, whale) to show that bilingual children are better aware that big words do not necessarily denote big things. The wider world of English literature soon shows us L2 users who have demonstrated this extra facility with language such as Milton, Beckett and Nabokov. A variety of measures have also shown that the actual processes of cognition are affected by the knowledge of a second language. Contrary to 18 early findings about cognitive deficit in bilinguals, research has usually shown that bilingual children perform better than monolinguals on both verbal and non-verbal IQ tests (Peal and Lambert, 1962); bilingual five- year-olds showed advantages for ‘object constancy, naming and the use of names in sentences’ (Feldman and Shen, 1971). Ianco-Worrall (1972) showed that bilingual children think more flexibly. Even code-switching by bilingual children is not a sign of deficit but of 'a kind of linguistic competence that exceeds that which is demonstrated by monolinguals' (Genesee, 2002). Diaz (1985) lists other pay-offs from knowing a second language for 'conceptual development', 'creativity', and 'analogical reasoning'. The only negative findings seem to be a slight deficiency on certain STM tasks; for example Makarec & Persinger (1993) found that male L2 users, but not women, had some memory deficiencies compared to monolinguals. L2 user goals in language teaching: problems and issues The goal of becoming an L2 user is thus more valid and more achievable for most L2 students, emphasising both external and internal goals of language teaching. Let us bring together the threads. Most importantly L2 users have to be credited with being what they are – L2 users. They should be judged by how successful they are as L2 users, not by their failure compared to native speakers. L2 students have the right to become L2 users, not imitation native speakers. This is not to say that all of them would concur. All of us, L2 students included, are formed in part by the attitudes and stereotypes of the society of which we form part. If there is constant pressure to be like native speakers, students are likely to accept this as their role rather than to work out the advantages of L2 users. In my own experience with talking to groups of teachers about the shift from native speaker to L2 user goals, some feel insulted because I have undermined a life-time goal, others feel liberated by knowing that they have value in their own right rather than in relationship to native speakers. In education one always has to acknowledge Peters' (1973) comment 'What interests the students may not be in the students' interests'. The L2 user goal may not at present be exactly the most popular among students or teachers. But this is more ignorance than deliberate choice. To some the L2 user goal may be a blessed relief, to others an infringement of their right to set their own goals. As we have seen, the problem with the native speaker goal is that it is essentially unachievable for many students. Are we to write off the vast majority as failures to become natives or to accept them as successes as L2 users? Kramsch (1998, p.28) sums it up: ‘Traditional methodologies based on the native speaker usually define 19 language learners in terms of what they are not, or at least not yet’. We need at least to explain the alternative goals to the students. A major problem is to spell out what the L2 user goal actually means. Because linguisticshas been concerned almost exclusively with natives there are no descriptions of L2 users. By default the only adequate descriptions that teaching has to go on are those of natives. The ultimate requirement is then descriptions of what L2 users are actually like, say their basic common grammars as established by the ESF project (Perdue, 2001), their phonological systems (Jenkins, 2000), the types of use that they actually make of the L2, the cognitive and processing differences, and all the rest. But ignorance is no more excuse in language teaching than it is in the eyes of the law. Teachers can start by building on their own experiences as L2 users. Native speaker’s teachers were formerly those who spoke with authority because of their ownership of the language; now non-native teachers are the authentic sources of knowledge about what it is like to be an L2 user. Descriptions of native speaker English are a stop-gap while proper descriptions of L2 users are made. Furthermore L2 users differ extremely in their attainments and in their needs. Often this variability has been held against L2 users; since native children get to the same adult target in L1, obviously L2 learners were supposed to get to the same adult native target: one target does for all. But the nature of L2 learning is the sheer variety of goals, as we saw above. One may become a perfectly adequate L2 user for one's own purposes with only a small system; my few words of Italian enable me to go to a restaurant or a concert in Italy; my knowledge of French however enabled me to read Piaget in his original language (incidentally much clearer than in English translation!); while I can't read anything in Italian and can't have a conversation in French, yet my L2 needs are adequately served in both cases despite their intrinsic limitations. In the first language native speakers mostly have a greater range of uses, though reading Piaget may not be typical. In short, once the native speaker norm is abandoned, there is no need to aim at superfluous uses of language, just as native children are not taught to write sonnets. In some ways this is the philosophy of ESP: teach the aspects of language appropriate to the students' anticipated uses and regard them as successes when they can carry them out, not as failures for still having a foreign accent. One important lessons is recognising the importance of internal goals. Part of the value of acquiring another language is the pay-off in internal terms, whether awareness of language, more flexible approach, different cognitive strategies, or whatever. This is already mentioned in some official syllabuses and curriculums,: 'Through the study of a foreign language, pupils … begin to think of themselves as citizens of the world as 20 well as of the United Kingdom' (DfEE, 1999). Most teaching methods and course-books are nevertheless still designed to foster external goals. Language teaching could help people's lives in many ways, even if they never meet a native speaker. One extreme example is the use of Community Language Learning (Curran, 1976) as a form of therapy for patients with mental illnesses; talking about your problems in another language may help you to solve them. Language teaching should emphasize the internal educational goals in the changes in the individual L2 user. So far as external goals are concerned, despite their prominence in language teaching methodology, they have not been related to the actual L2 uses of language. The only exception is the vast number of situations in course-books where apparent L2 users seek help or guidance from natives – shops, surgeries, stations etc. In as much as these actually reflect L2 use, they show low-level communication by powerless L2 users; the native speakers are almost invariably the experts in control. Teaching the L2 user goal means teaching for the situations that L2 users encounter, and modelling L2 roles and situations. At a simple level it means using famous L2 user achievers in course-books, Ricky Martin rather than Elizabeth II. References Arthur, B., Weiner, M., Culver, J., Young, L. & Thomas, D. 1980. The register of impersonal discourse to foreigners: verbal adjustments to foreign accent. In Larsen- Freeman, D. (ed.) Discourse analysis in second language research, pp. 111-24. Rowley, Mass.: Newbury House. Auer, P. (ed.) (1998). Code-switching in conversation: Language, interaction and identity. London: Routledge Beauvillain, C. & Grainger, J. (1987). Accessing interlexical homographs: some limitations of a language-selective access. J. Mem. & Lang., 26, 658-672 Bialystok, E. (2001). Bilingualism in Development. Cambridge: Cambridge University Press Bongaerts, T, Planken, B. & Schils, E. (1997), ‘Age and ultimate attainment in the pronunciation of a foreign language’, SLR, 19, 447-465 British Council (1999). Frequently asked questions. Online document: http://www.britishcouncil.org/english/engfaqs.htm#hmlearn1) Canada Tree (1996). Genealogy to History. http://users.rttinc.com/~canadatree/ Chomsky, N. (1986). Knowledge of Language: Its Nature, Origin and Use. New York: Praeger. Coleman, J.A. (1996). Studying Languages: a survey of British and European students. London, CILT Cook, V.J. (1983). Some assumptions in the design of courses. University of Trier Papers, Series B, no 94, Cook, V.J. (1992). Evidence for multi-competence. Language Learning, 42, 4, 557-591 Cook, V.J. (1998). Internal and external uses of a second language. Essex Research Reports in Linguistics, 100-110 privatewww.essex.ac.uk/~vcook/OBS3.htm 21 Cook, V.J. (2002). Language teaching methodology and the L2 user perspective. In V.J. Cook (ed.), Portraits of the L2 User, Clevedon: Multilingual Matters Cook, V.J. (ed.) (in press). Effects of the L2 on the L1. Clevedon: Multilingual Matters Cook, V.J. (in progress). The English Writing System. London: Edward Arnold Cook, V.J., Iarossi, E., Stellakis, N. & Tokumaru, Y. (in press). Effects of the second language on the syntactic processing of the first language. In V.J. Cook (ed.) Coppetiers, R. (1987). Competence differences between native and near-native speakers. Language, 63, 3, 545-573 Curran, C.A. (1976). Counselling-Learning in Second Languages. Apple River Press, Apple River Illinois Department for Education and Employment (1999). The National Curriculum for England: modern foreign languages. London, Department for Education and Employment. www.hmso.gov.uk/guides.htm Diaz, R.M. (1985). 'The intellectual power of bilingualism. Quarterly Newsletter of the Laboratory of Comparative Human Cognition, 7, 1, 16-22 Ellis, R. (1996). SLA and language pedagogy. Studies in Second Language Acquisition, 19, 69-92 European Commission (2001). Special Eurobarometer Survey 54: Europeans and Languages. Online document: http://europa.eu.int/comm/education/languages.html. Genesee, F. (2002). Portrait of the Bilingual Child. In V.J. Cook (ed.) Gomes de Matos, F. (2002). Second Language Learners' Rights. In V.J. Cook (ed.) González-Nueno, M. (1997). VOT in the perception of foreign accent. IRAL, XXXV/4, xxx-261 Grosjean, F. (1989). Neurolinguists, beware! The bilingual is not two monolinguals in one person. Brain and Language 36, 3-15. Haugen, E. (1953). The Norwegian Language in America. Philadelphia: University of Pennsylvania Press. Ianco-Worrall, A. (1972). Bilingualism and cognitive development. Child Development, 43, 1390-1400 Israeli National Curriculum (2001), http://wwwv.education.gov.il/tochniyot_limudim/ang3.htm Jacobson, R. (1990). Allocating two languages as a key feature of a bilingual methodology. In Jacobson, R. & Faltis, C. (eds.) Language Description Issues in Bilingual Schooling, Clevedon, Multilingual Matters, 3-17 Jarvis, S. (in press).'Probing the effects of the L2 on the L1: A case study'. In V.J. Cook (ed.) Jenkins, J. (2000). The Phonology of English as an International Language. Oxford: Oxford University Press Kasper, G. and Kellerman, E. (eds) (1997). Communication Strategies: Psycholinguistic and Sociolinguistic Perspectives. Harlow: Longman. Kecskes, I. & Papp, T. (2000). Foreign Language and Mother Tongue. Hillsdale, NJ: Lawrence Erlbaum Kementerian Pendidikan Malaysia (1987). Sukatan Pelajaran Sekolah Menengah: Bahasa Inggeris. PPK, Malaysia Kramsch, C. (1998). The privilege of the intercultural speaker. In Byram, M. & Fleming, M. (Eds.), Language Learning in Intercultural Perspective, (pp.16-31), Cambridge: Cambridge University Press Labov, W. (1969). The logic of non-standard English. Georgetown Monographs on Language and Linguistics 22, 1-31. 22 Lionnet, F. (1989). Autobiographical Voices: Face, Gender, Self-Portraiture. Ithaca, NY: Cornell UP, Long, M. (1990). Maturational constraints on language development. Studies in Second Language Acquisition 12: 251-86. Makarec, K. & Persinger, M. (1993). Bilingual men, but not women display verbal memory weakness but not figural memory differences compared to monolinguals. Personality and Individual Differences 15, 5, 531-536. Malakoff, M. and Hakuta, K. (1991). Translation skills and metalinguistic awareness in bilinguals. In E. Bialystok (ed.) Language Processing in Bilingual Children (pp. 141-166). Cambridge: Cambridge University Press. Nathan, G.S. (1987). On second-language acquisition of voiced stops. Journal of Phonetics, 15, 313-322 Paradis, M. (1997) The cognitive neuropsychology of bilingualism. In A.M.B. de Groot and J. Kroll (eds) Tutorials in Bilingualism. Psycholinguistic Perspectives (pp. 331- 354). Mahwah, NJ: Lawrence Erlbaum. Peal, E., & Lambert, W. (1962). The relation of bilingualism to intelligence. Psychological Monographs., 76, 27, 1-23 Perdue, C. (2001). Development of L2 functional use. In V.J. Cook (ed) Peters, R.S. (1973), The Philosophy of Education, Oxford University Press Prabhu, N.S. (1987). Second Language Pedagogy. Oxford: Oxford University Press Rampton, M.B.H. (1990). Displacing the “native speaker”: expertise, affiliation and inheritance. ELT Journal, 44/2, 338-43 Stern, H. 1983. Fundamental Concepts of Language Teaching. Oxford: Oxford University Press Wilkins, D. A. (1976). Notional syllabuses: A taxonomy and its relevance to foreign language curriculum development. Oxford: Oxford University Press Yelland, G.W., Pollard, J. and Mercuri, A. (1993) The metalinguistic benefits of limited contact with a second language. Applied Psycholinguistics 14, 423-444. 23 Investigação e Ensino da Língua Portuguesa (IELP): intervenção regulada no ensino do PLNM Ana Martins, CLUP 1. O projecto Investigação e Ensino da Língua Portuguesa (2007/2008 – 2008/2009), corresponde à medida 7 do Plano Estratégico para o Ensino do Português, da Direcção-Geral de Inovação e de Desenvolvimento Curricular/Ministério da Educação1. Mediante a congregação das actividades de pesquisa, reflexão teórica, prática lectiva e regulação de processos de aprendizagem, o projecto visa avaliar os efeitos, na qualificação do ensino do português, da implementação monitorizada de percursos metodológicos delimitados no tempo e incidentes em competências pré-definidas. 2. O projecto integra o ensino do português língua materna (PLM) e do português língua não materna (PLNM)2, com uma dinâmica de funcionamento globalmente comum aos dois domínios: (i) agregação de professores por pólos, em trabalho oficinal semanal, com realização de seminários quinzenais/mensais com a coordenadora de cada domínio; (ii) articulação entre o trabalho de professores aplicadores (autores e executores dos desenhos metodológicos, com redução de carga lectiva) e professores cooperantes (apenas executores, sem redução de carga lectiva). Comum foi também o modelo de realização dos planos de intervenção, composto por (i) realização de pré-teste, com descrição das respostas esperadas, registo da resposta do aluno, descrição/interpretação da resposta; (ii) implementação de guiões de aula de uma unidade de intervenção (de extensão variável), assistidos por fundamentação teórica, materiais e descrição das variáveis de execução; (iii) realização de pós-teste que, gerado de acordo com a estrutura e competências visados no pré-teste, permite a avaliação da eficácia dos procedimentos activados ao longo da unidade de intervenção. 3. O trabalho realizado no âmbito do PLNM não partilha com o de PLM mais do que os aspectos gerais acima enunciados. Os pontos de partida, a composicionalidade dos grupos de estudo, as condições de leccionação e, por conseguinte, os objectivos da investigação-acção são diferentes. O trabalho realizado em PLNM não contou com nenhum levantamento prévio, quantitativo ou qualitativo, de alcance nacional ou 1 Toda a documentação e produtos relativos ao IELP/PLNM estão disponíveis em http://moodle.dgidc.min-edu.pt > Português Língua Não Materna > Investigação e Ensino da Língua Portuguesa. 2 As actividades de PLM foram executadas nos dois anos lectivos; as de PLNM foram-no apenas durante o ano lectivo de 2008/2009. 24 regional, respeitante à presença e níveis de desempenho de alunos estrangeiros em escolas portuguesas; o universo de alunos envolvidos no estudo era acentuadamente heterogéneo3 (9 nacionalidades, 3 grupos de nível, períodos de permanência no país que oscilavam entre dois meses e 7 anos, 4 áreas geográficas das escolas de acolhimento4 ); finalmente, os tempos de leccionação variavam entre duas sessões semanais de 45 m, uma sessão semanal de 90 m e três sessões semanais de 90 m5. 4. Durante o ano lectivo de 2008/2009 foram produzidos quatro planos de intervenção que visaram as seguintes questões de investigação: Qual é o grau de retenção em memória do vocabulário usado numa interacção comunicativa padronizada? A aquisição da flexão nominal/concordância em género e número em contexto de ensino formal impõe-se aos usos espontâneos em que este mecanismo é requerido? Que reflexos resultam da exposição repetida a input visual e linguístico nas produções escritas e orais dos aprendentes no que toca a itens lexicais recém-adquiridos? Que especificidades estão implicadas na aquisição do léxico de especialidade? 5. O reduzido universo de alunos e o breve período de aplicação não impediram o levantamento de conclusões no que toca à avaliação positiva ou negativa das opções tomadas, a saber: (i) os itens visados no pós-teste têm de ser equitativamente trabalhados durante a consecução do plano de intervenção; (ii) o registo das respostas orais e escritas deve ter em conta critérios de distinção entre erros sistemáticos e falhas circunstanciais; (iii) os enunciados de instrução, escritos e orais, têm sempre de se confinar a parâmetros de redução de vocabulário e simplificação sintácticas; (iv) os resultados do pré-teste devem ser validados em sobreposição à integração do aluno num grupo de nível (no início do ano lectivo). Acresce que o registo exaustivo6, em suporte áudio e gráfico, das produções dos alunos – que, intencionalmente, excedeu a observação das competências contempladas nos planos – permitiu o levantamento de indicadores de padrões de erro, no que toca à ortografia, fonia, sintaxe e semântica. 3 A tarefa de recrutamento de professores (e, por conseguinte, de alunos) não pôde ter em conta nenhum critério prévio de selecção, com vista à conjugação de perfis dos elementos envolvidos, dado que não existe nenhuma base de dados que permita aceder aos contactos de professores que habitualmente leccionamPLNM e porque , de entre os professores contactados, apenas 10 aceitaram colaborar: Ana Mateus, Ana Sofia Melo, Arménia Santos, Edite Esteves, Fátima Neto, Lina Guerra, Antónia Milheiras, Dulce Martinho, Mariana Francisco, Rosa Henriques. 4 Oliveira de Frades (Viseu), Esgueira (Aveiro), Olivais (Lisboa) e Seixal (Setúbal). 5 Este último caso corresponde a uma turma de 10.º ano ao abrigo do Despacho Normativo n.º 30/2007, de 10 de Agosto. 6 Os dados registados aguardam estruturação em corpora que beneficiem a investigação em PL2. 25 6. Os resultados apresentados neste projecto podem fundamentar a necessidade de implementação de um estudo teórico-prático destinado a atestar os reflexos do desenvolvimento das competências de leitura e escrita no modo de expressão oral. Os mesmos dados tornam pertinente a testagem da hipótese de a lenta aquisição do sistema flexional ser atribuível ao fenómeno da fossilização, por contraposição com a explicação fundada em aspectos de ordem sociocultural. Outro tópico de interesse, ainda sob o foco da aquisição de sistemas morfológicos, prende-se com a verificação (ou não) da complementaridade entre a aprendizagem formal e os contextos de aprendizagem informal. Este estudo pode constituir-se também como um ponto de partida para análises comparativas entre grupos de alunos de origem eslava e grupos de alunos africanos, na observação da actuação do factor relativo ao grau de afinidade entre línguas (crioulo – português vs. línguas eslavas – português) reflectido na velocidade de progressão ao longo dos vários estádios da interlíngua. Por último, tendo em conta que os dados reunidos confirmam que a aquisição de vocabulário de especialidade requer uma muito mais elevada exposição a input relevante, quando comparado com a aquisição do vocabulário geral, um veio importante de investigação passará por inquirir quando é que a aquisição de vocabulário de especialidade em L2 se distingue da aprendizagem de um novo universo de saber (que deixou de processar-se em L1 para passar a processar-se em L2). 26 Quando o Português não é a Língua Materna, que metodologias e que materiais escolher? Ana Maria de Sousa, APP A Didáctica da Língua tem um percurso metodológico notável e merece a atenção de todos os que se dedicam ao seu ensino. O que nos propomos, nesta comunicação, não é apresentar esse percurso, cujo conhecimento é fundamental, nem falar das suas vantagens e desvantagens, mas tentar mostrar de que modo as tecnologias de informação e comunicação podem ajudar a delinear um percurso didáctico eficaz no ensino da língua não materna. Para C. Puren (1988), “metodologias são o conjunto de procedimentos pelos quais a teoria é colocada em prática sobre o quê, como e quando ensinar. Os procedimentos ligam-se aos recursos materiais seleccionados para pôr em prática a teoria”. Assim, as metodologias permitem reforçar a especificidade de cada professor, sendo que a escolha do caminho metodológico é determinante para a interacção pedagógica, uma vez que quanto mais possibilidades de actuação o professor conhecer, mais se torna reflexiva e crítica a sua prática. Seja qual for o caminho escolhido, o objectivo é oferecer ao aluno de língua não materna um conjunto de situações relevantes e diversas de modo a que a sua aprendizagem seja abrangente, envolvendo-o em actos comunicativos significativos que o conduzam a uma maior interacção e integração. A inclusão das tecnologias de informação e comunicação nas aulas revela uma abertura a um potencial de aprendizagem, onde são mais as vantagens que as desvantagens. Das muitas vantagens destacam-se as possibilidades de interacções comunicativas, sociais e culturais, que envolvem estímulos visuais, auditivos e cinestésicos, que são atractivos inesgotáveis e despoletam a comunicação espontânea ou dirigida. A comunicação é um dos pilares da aprendizagem, logo a utilização de recursos que a promovam, é um contributo forte para a inclusão activa e participativa na escola e no mundo. Todas as formas de comunicação podem concretizar-se, com mais ou menos sucesso, estando apenas dependentes das variáveis intrínsecas às diversas situações. Assim, as tecnologias de informação e comunicação surgem como mais um suporte interactivo, que depois de adequado às diferentes situações, estimulam nos alunos as suas capacidades de pesquisa e aumentam o volume dos seus conhecimentos, de uma forma quase imediata. Fornecem, também, oportunidades para examinar e comparar valores que diferem dos seus, ajudando-os a modelar as ideias, motivando- os e aumentando a sua auto-estima. Propiciam, ainda, contextos variados de 27 participação e de interacção quer de uma forma síncrona, quer de uma forma assíncrona, podendo ambos ser utilizados dentro e fora da sala de aula, podendo assumir um carácter formal e informal consoante o contexto de aprendizagem. Os recursos assíncronos que têm maior protagonismo são os blogues, wikis, fóruns, correio electrónico e WebQuests. São conhecidas as suas possibilidades criativas, interactivas e colaborativas. Proliferam os blogues onde alunos podem, por um lado, relatar acontecimentos do quotidiano e, por outro, fazer os seus comentários sobre um filme, um livro ou outras formas de arte, publicando algumas das suas produções e das suas aprendizagens. A participação num blogue cria nos alunos oportunidades de interacção fantásticas, quer a nível da leitura, da interpretação e da escrita, quer no desenvolvimento das suas competências metacognitivas. Este recurso pode ser um estímulo inestimável para o aluno que começa a aprender uma língua e que, pela primeira vez, timidamente, escreve uma pequena frase e que a esta poderá ir juntando, semanalmente, outra e outra. Dado o seu carácter rápido, dinâmico e inovador introduz uma certa ludicidade à aprendizagem. Os fóruns, apesar de possuírem uma natureza muito própria, também poderão ser utilizados pelos alunos de língua não materna. Para fomentar o uso deste recurso é necessário estimular a pesquisa de material em todas as fontes possíveis e a partir daí reflectir sobre o tema abordado. É um recurso exigente, uma vez que o professor deverá orientar as pesquisas, ajudar a seleccionar o material recolhido e controlar todas as intervenções. Partindo de um tema concreto, por exemplo, sobre uma viagem, poder-se-á pedir informações, contar experiências, dar conselhos, descrever lugares, etc. O correio electrónico tem várias características que se conjugam com a maneira que os jovens têm de estar na vida: informalidade, velocidade, imediatismo, actualidade, proximidade e comodidade. Também é uma ferramenta que facilita a aprendizagem centrada no aluno, possibilita a aprendizagem colaborativa e cooperativa, desenvolve diferentes tipos de competências, entre elas, as linguísticas e as sociais. As linguísticas incidem no trabalho com a língua (mesmo com as temidas abreviaturas), a leitura e a escrita. As sociais projectam-se a nível da percepção das diferentes perspectivas de um problema, a análise crítica, a negociação de uma situação, a resolução de problemas e de conflitos. Constitui um meio poderoso de ligação entre todos os intervenientes no acto pedagógico. A WebQuest é um recurso cuja participação exige pesquisa na Internet, pode ser desenvolvido com outras disciplinas, pois tem um carácter transversal. Obedece a uma determinada estrutura, sendo que a partilha de informação entre todos os participantes é fundamental para que a avaliação do produto final possa resultar. Este recurso desenvolve a 28 criatividade e fomenta o trabalho colectivo e colaborativo. De uma forma lúdica, podem criar-se histórias interactivas, caças ao tesouro, descobrir características exclusivas de uma região, etc. O wiki é um recurso que pode ser trabalhado de dois modos:acrescentando um contributo para a wikipédia, pesquisando e construindo uma informação adicional, por exemplo, sobre uma localidade pouco conhecida, referindo aspectos geográficos, gastronómicos ou como um espaço de escrita colaborativa, construindo uma história, inventando-se as características das personagens, para onde querem ir, de onde vêem, o que fazem, etc. A implementação da plataforma educativa Moodle (Modular Object- Oriented Dynamic Learning Environment) nas escolas trouxe mais oportunidades aos alunos e professores, que não têm acesso à Internet nem computador em casa de poderem desenvolver projectos colaborativos na sala de aula, permitindo também a criação de rotinas de participação e de trabalho. Esta plataforma disponibiliza todo este hardware aqui referido. Existem outros recursos assíncronos que promovem a comunicação, as chamadas comunidades sociais - Facebook, Netlog, Orkut, Hi5, Netlog, Twitter, Multiply, Wallop Myspace, Muvuca, Flicker, Every One’s, que despertam nos alunos grande interesse e entusiasmo. Há estudos que mostram que a participação activa nestas comunidades virtuais contribui para uma maior autonomia e investimento na sua auto-aprendizagem. Além de se apresentarem como forma de lazer e entretenimento, também podem ser exploradas como meios de informação, conhecimento e trocas de experiência. Todos eles dispõem de muitos utilitários cabendo ao professor a tarefa de explorar e de seleccionar os mais adequados, e ajudar na revisão de pequenos textos antes de serem colocados online. Os recursos síncronos, dada a sua natureza instantânea, são mais difíceis de serem didactizados, contudo, podem também ser utilizados na sala de aula. Os mais utilizados são o MSN Messenger, Google Talk, Chat e Skype. Pode-se atribuir um nickname a cada aluno e simular uma ida a um restaurante, por exemplo. Pede-se a refeição, escolhe-se o prato mais apetitoso, faz-se o pagamento da despesa. Ou, ainda, outra sugestão: imaginar e assumir características falsas e os outros participantes terão de descobrir quem é quem. Estes meios permitem a espontaneidade e a informalidade da comunicação e podem ampliar mais o seu fascínio se lhes adicionarmos um microfone e uma webcam. Desta forma, servirão como bom recurso para o aperfeiçoamento da oralidade. As páginas web, hipertextos, acessíveis na linguagem http (hyper text markup protocol) de navegação livre, oferecem um manancial de sugestões 29 de actividades, que depois de exploradas e adequadas, podem ser ricos materiais de aprendizagem. Há dois tipos de páginas web que podem ser utilizados na sala de aula: os concebidos para fins pedagógico-didácticos são dinâmicos e interactivos, constituindo uma estratégia de inovação. Estes procuram trabalhar os conteúdos programáticos de uma forma lúdica, contêm jogos atractivos de palavras, frases, conceitos, significados e são uma ferramenta estimulante para a auto-aprendizagem e a auto-correcção. Há, também, as páginas web online, que requerem acompanhamento e orientações para as actividades a desenvolver. Por exemplo, a exploração das páginas da programação televisiva pode permitir estabelecer uma relação entre o que vai acontecer na televisão e a vida diária de um estudante. Outra sugestão, é a escolha de um programa e imaginar o teor desse programa, a sua duração, a que público se dirige, etc. Exemplificamos, ainda, com as páginas dos jornais online, do boletim meteorológico, dos hipermercados, entre outras, que podem estabelecer a ligação com a realidade. A Internet é um componente web muito poderoso que incentiva a articulação entre toda a informação vinda de diferentes áreas. É um potenciador de novas formas de comunicar e de novas metodologias didácticas, quer como suporte interactivo entre professor e aluno, quer através da aprendizagem feita a partir do aproveitamento de conteúdos já disponibilizados que se apresentam como materiais autênticos, mas nunca esquecendo que requerem análise crítica sobre a escolha feita. Concluindo, o ensino sustentado na web insere-se numa metodologia inovadora que prima pela velocidade e actualização permanentes de informação, pela exposição de contextos reais, pelas imagens apaixonantes e pelos bons registos acústicos. Uma pesquisa atenta aos diversos Motores de Busca permite-nos reunir propostas atractivas de trabalho com e para os alunos. As tecnologias de informação e de comunicação geram potencialidades, criam novos cenários e promovem ambientes ricos e promotores de experiências a que as escolas não podem ficar alheias. Estas dão um grande contributo para a inclusão. Sugestões de páginas Web www.iep.uminho.pt/ac/diversos/webquest/ - actividades de webquest – última visita a 9 de Outubro 2009 http://professordigital.wordpress.com/2009/08/26/uso-pedagogico-do-e-mail/ – dicas para usar o email com os alunos - última visita a 9 de Outubro 2009 http://matforum.fc.ul.pt/forum/doc/ - como usar o fórum com os alunos - última visita a 9 de Outubro 2009 http://www.profblog.org/2009/05/15-dicas-para-usar-o-twitter-com-os.html - dicas para usar o Twitter com os alunos - última visita a 9 de Outubro 2009 30 http://blogs.prof2000.pt/miudosprojectos/index.php?cat=15 – sugestões para usar o blogue - última visita a 9 de Outubro 2009 Referências Cuq, Jean- Pierre (2003). Dictionnaire de didactique du français – langue étrangère et Seconde, Paris: Asdifle. D’ Eça, Teresa, A. (2002). O e-mail na sala de aula, Porto: Porto Editora Puren, Christian. (1988). Histoire des Méthodologies de l’enseignement des langues, Paris: Nathan. Sousa, Ana Maria de, (2005). A função das Tecnologias de Informação e Comunicação no Ensino do Português Língua Não Materna, Tese apresentada à Universidade de Lisboa, Faculdade de Letras, para obtenção do grau de mestre. 31 Metodologias de ensino de PL2 à medida dos aprendentes Isabel Pereira, CELGA/FLUC Cristina Martins, CELGA/FLUC A. Dos perfis sociolinguísticos aos perfis psicolinguísticos dos aprendentes de PL2 Numa tentativa de caracterização da diversidade de perfis linguísticos hoje encontrados nas escolas portuguesas, Leiria et al. (2006:7) propõem uma tipologia que prevê cinco grandes categorias. Assim, e para além dos alunos (1)“para quem o Português Europeu (PE) ou o Português Brasileiro (PB) sempre foi língua materna, língua de comunicação com os seus pares e foi sempre a língua da escola e da família”, os autores registam mais quatro tipos, i.e., os estudantes: (2) para quem a língua materna, a língua de comunicação com a família e com os seus pares fora do ambiente escola não é nenhuma das variedades do português; (3) que são filhos de emigrantes portugueses recém-regressados a Portugal, para quem o português é língua materna, mas que não foi ou não foi sempre a língua da família, da escola e da comunicação com os seus pares; (4) para quem a língua materna, a língua de comunicação com os seus pares e com a família, é geralmente um crioulo de base lexical portuguesa e, eventualmente, uma variedade do português; (5) com um quadro linguístico complexo: a língua da primeira infância, de comunicação com os seus pares e com a família, é uma (ou mais do que uma) língua genética e tipologicamente afastada do português; em dado momento, esta língua pode ter sido abandonada e substituída por uma variedade não escolarizada de português. A consulta de Dionízio (coord.) et al. (2005) evidencia ainda em que medida os alunos pertencentes às categorias 2-5 desta tipologia: a) se encontram actualmente disseminados por todo o território nacional (embora predominem nas escolas da Grande Lisboa e da Península de Setúbal); b) tanto estão integrados em turmas e escolas com reduzido número de discentes (nas quais se constituirão como realidade minoritária), como em escolase turmas mais populosas (nas quais a sua expressão numérica deverá ser mais significativa ou, em alguns casos, até maioritária); 32 c) se dispersam por diferentes níveis etários (com um predomínio dos que têm entre 10 e 14 anos) e por todos os anos de escolaridade dos ensinos básico (EB) e secundário (apresentando-se, porém, em maior número nos 1º e 2º ciclos do EB); d) revelam, entre si, graus muito distintos de proficiência em relação ao português; e) falam, no seu conjunto, mais de 80 línguas diferentes (que estabelecem, com o português, relações tipológicas muito distintas). Dado o desafio que tamanha complexidade representa para o quotidiano escolar, importa saber se, a partir das caracterizações já conhecidas, será possível identificar os factores que maiores implicações terão no plano psicolinguístico e, logo assim, na definição das metodologias mais adequadas para o ensino de PL2. Consideremos, com este objectivo, a particular relevância de dois factores essenciais: (1) a idade de exposição do aluno ao input do português e (2) o grau de proficiência revelada pelo aluno quer em relação ao português, quer em relação à(s) outra(s) língua(s) que constam do seu repertório linguístico. Procuraremos demonstrar em que medida outros factores, alguns amplamente reflectidos nas descrições já disponíveis, interagem com estes dois que consideramos nevrálgicos para a definição de perfis psicolinguísticos nesta população escolar. 1. Idade de exposição do aluno ao português L2 Em função deste parâmetro, será útil distinguir entre as seguintes situações de exposição linguística: a) mais precoce (sensivelmente até ao fim do período pré-escolar) às línguas em contacto no repertório linguístico da criança7; b) precoce a uma língua (ou mais) que não o português e mais tardia, já em idade escolar, ao português. A relevância do factor idade para a assimilação de uma L2 tem sido amplamente discutida na literatura e, pese embora os debates que a este propósito ainda se travam, será seguro afirmar que, na comunidade científica, é pacífica a ideia de que os aprendentes tardios só muito excepcionalmente atingirão uma proficiência nativa em todos os níveis estruturados da L2. 7 Nestes casos, as medidas pedagógicas e didácticas a adoptar no ensino do português à criança bilingue deverão levar em conta a possibilidade de a variedade do português a que esta esteve precocemente exposta em contextos não escolares não corresponder à variedade padrão. 33 Uma das hipóteses explicativas consistentes para este facto passa por considerar que, em distintas fases do desenvolvimento ontogénico, os seres humanos dispõem, preferencialmente, de diferentes subsistemas de memória de longo prazo para proceder à assimilação das estruturas gramaticais de uma língua (Ullman, 2003). Defensores desta hipótese advogam que a facilidade com que, na infância, se adquirem as estruturas gramaticais (e por mera exposição ao input) se deve à disponibilidade, nessas idades, do subsistema de memória procedimental (MP). A capacidade da MP para a assimilação linguística declinará, contudo, com a idade, fazendo com que aprendentes tardios de uma L2 tenham de mobilizar, para esse propósito, um mecanismo compensatório: a memória declarativa (MD). O funcionamento dos dois tipos de memória difere substancialmente: o que se aprende por via declarativa alcança-se com esforço e atenção deliberada, mediante repetição e o necessário tempo de assimilação, enquanto que o que se adquire por via procedimental se retém sem esforço, rapidamente e sem se saber como. Estas premissas legitimam, por exemplo, a visão segundo a qual o ensino da L2 a aprendentes tardios não deve dispensar tarefas de natureza metalinguística e metodologias que implicam a prática reiterada de estruturas gramaticais e lexicais. 2. Grau de proficiência do aluno em relação ao português e em relação à(s) outra(s) língua(s) do seu repertório linguístico Embora uma situação de contacto de línguas dificilmente conduza, em termos práticos, a um idílico estado de bilinguismo equilibrado, a verdade é que alguns casos de bilinguismo dominante estarão substancialmente mais próximos desse estado virtual do que outros8. A disparidade muito acentuada entre a competência e a proficiência reveladas em relação às línguas funcionais do repertório linguístico da criança, para além de potenciar fenómenos de transferência de estruturas da língua mais forte para a mais fraca, comportará riscos no plano académico-cognitivo. A investigação tem demonstrado em que medida situações de substituição linguística, infelizmente recorrentes em contextos sociolinguísticos em que as línguas em contacto gozam de díspares graus de prestígio, estarão na génese de desenvolvimentos académico-cognitivos negativos. Em primeiro lugar, nestes casos, a hipervalorização simbólica de uma das línguas (a L2), a par da estigmatização da outra (a L1) afecta a definição da identidade sociocultural da criança. Em segundo lugar, o quadro de bilinguismo subtractivo a que acabamos de fazer referência pode conduzir a criança a um estado de semilinguismo, caracterizado por um insuficiente domínio 8 Para uma revisão dos conceitos apresentados em itálico nesta secção do texto, cf. Martins (2008: 148-158). 34 quer de uma, quer de outra das línguas em contacto, tornando qualquer uma delas inviável enquanto idioma de escolarização. B. Metodologias de ensino de PL2 O conhecimento dos perfis (sócio e psico-) linguísticos dos alunos que não têm a língua de escolarização como língua materna é fundamental para a definição de políticas educativas e linguísticas, mas também para a selecção dos métodos mais adequados a cada caso/grupo. Há opções, no âmbito de tais políticas, que têm de ser feitas ao nível de instituições nacionais e essas, idealmente, deveriam oferecer um leque de opções suficientemente amplo e aberto para que, já ao nível dos centros de decisão regionais e das escolas, houvesse liberdade de optar pelas formas de educação mais adequadas a cada situação concreta. De forma a evitar as consequências académico-cognitivas decorrentes de situações de bilinguismo subtractivo, uma das possibilidades oferecidas deveria ser a de educação bilingue. Esta, no entanto, será uma opção apenas em contextos em que haja um número razoável de alunos que partilham uma mesma língua materna (cf. Baker, 2006:215-216 para uma resenha das formas de educação bilingue). Não sendo essa a situação da maioria das escolas portuguesas, assume particular relevância a avaliação inicial a que cada aluno deve ser sujeito, com vista à elaboração de um programa individual de apoio, a desenvolver-se ao longo de vários anos, como previsto por vários documentos emanados do Ministério da Educação. Relatos de experiências em países com uma longa tradição de escolas multilingues e multiculturais apontam caminhos metodológicos alternativos para o desenvolvimento académico de alunos cuja língua materna não é a língua de escolarização. De entre estes, consideremos a aprendizagem colaborativa. Este tipo de organização do trabalho, assente na repartição da turma em grupos, requer cooperação entre os alunos e interdependência positiva, podendo assumir diversas formas. Um dos elementos fundamentais deste tipo de actividade, muito importante para o desenvolvimento de L2, é a quantidade e variedade de interacção verbal exigida aos aprendentes. Por outro lado, não é só o desenvolvimento das competências linguístico-comunicativas que está em causa: a aprendizagem colaborativa cria oportunidades para integrar a aprendizagem da língua com outros conteúdos do curriculum, ao permitir que cada aluno funcione como um “recurso”