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Adoção: Vínculo de Paternidade e Filiação

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Direito de Família 
5º período - 2021 
O estado de filiação decorre de um fato (nascimento) ou de um ato jurídico: a adoção. A adoção cria 
um vínculo fictício de paternidade-maternidade-filiação entre pessoas estranhas, análogo ao que 
resulta da filiação biológica. Para Pontes de Miranda, “adoção é o ato solene pelo qual se cria entre 
o adotante e o adotado relação fictícia de paternidade e filiação”. 
Ressalta Waldyr Grisard que esse conceito persegue as razões legais e seus efeitos, mas representa 
somente uma face do instituto. A adoção constitui um parentesco eletivo, por decorrer 
exclusivamente de um ato de vontade. Gagliano e Pomplona Filho definem a adoção como um ato 
jurídico, em sentido estrito, de natureza complexa, excepcional, irrevogável e personalíssimo, que 
firma a relação paterno ou materno-filial com o adotando, em perspectiva constitucional isonômica 
em face da filiação biológica. 
Trata-se de modalidade de filiação constituída no amor, na feliz expressão de Luiz Edson Fachin, 
gerando vínculo de parentesco por opção. A adoção consagra a paternidade socioafetiva, baseando-
se não em fator biológico, mas em fator sociológico. A verdadeira paternidade funda-se no desejo de 
amar e ser amado. É nesse sentido paterno-filial entre pessoas mais velhas e mais novas, que imita a 
vida, que a adoção se baseia. São os filhos que resultam de uma opção, e não do acaso, que são 
adotivos. 
O instituto da adoção é um dos mais antigos de que se tem notícias. Afinal, sempre existiram filhos 
cujos pais não querem ou não podem assumir. Também há crianças que são afastadas do convívio 
familiar por negligência, maus tratos ou abuso. A sorte é que milhões de pessoas desejam realizar o 
sonho de ter filhos. 
O Código Civil de 1916 chamava de simples a adoção tanto de maiores como de menores de idade. 
Só podia adotar quem não tivesse filhos. A adoção era levada a efeito por escritura pública e o vínculo 
de parentesco estabelecia-se somente entre o adotante e o adotado. 
A Lei 4.655/1965 admitiu a chamada legitimação adotiva. Dependia de decisão judicial. Era 
irrevogável e fazia cessar o vínculo de parentesco com a família natural. O Código de Menores 
substituiu a legitimação adotiva pela adoção plena, mas manteve o mesmo espírito. O vínculo de 
parentesco foi estendido à família dos adotantes, de modo que o nome dos avós passou a constar no 
registro de nascimento do adotado, independentemente de consentimento expresso dos 
ascendentes. 
A Constituição da República, ao consagrar o princípio da proteção integral, deferindo idênticos 
direitos e qualificações aos filhos e proibindo quaisquer designações discriminatórias, eliminou 
qualquer distinção entre adoção e filiação. A doutrina da proteção integral e a vedação de 
 
 
Direito de Família 
5º período - 2021 
referências discriminatórias alteraram profundamente a perspectiva da adoção. Inverteu-se o 
enfoque dado à infância e à adolescência, rompendo a ideologia do assistencialismo e da 
institucionalização, que privilegiava o interesse e a vontade dos adultos. A adoção significa muito 
mais a busca de uma família para a criança do que a busca de uma criança para a família. 
Para dar efetividade ao comando constitucional, foi editado, em 1989, o Estatuto da Criança e do 
Adolescente, que passou a regular a adoção. 
É contravertida a natureza jurídica da adoção. No sistema do Código de 1916, era nítido o caráter 
contratual do instituto. Tratava-se de negócio jurídico bilateral e solene, uma vez que se realizava 
por escritura pública, mediante o consentimento das duas partes. Se o adotado era maior e capaz, 
comparecia em pessoa; se incapaz, era representado pelo pai, tutor ou curador. Admitia-se a 
dissolução do vínculo, sendo as partes maiores, pelo acordo de vontades. 
A partir da Constituição de 1988, todavia, a adoção passou a constituir-se por ato complexo e a exigir 
sentença judicial, prevendo-a expressamente o art. 47 do ECA e o art. 1.619 do Código Civil de 2002. 
O art. 227, §5º, da Carta Magna, ao determinar que “a adoção será assistida pelo Poder Público, na 
forma da lei, que estabelecerá casos e condições de sua efetivação por parte de estrangeiros”, 
demonstra que a matéria refoge dos contornos de simples apreciação juscivilista, passando a ser 
matéria de interesse geral, de ordem pública. 
A adoção não mais estampa o caráter contratualista de outrora, como ato praticado entre adotante 
e adotado, pois, em consonância com o preceito constitucional mencionado, o legislador ordinário 
ditará as regras segundo as quais o Poder Público dará assistência aos atos de adoção. Desse modo, 
como também sucede com o casamento, podem ser observados dois aspectos na adoção: 
• o de sua formação, representado por um ato de vontade submetido aos requisitos peculiares; 
• o do status que gera, preponderantemente de natureza institucional. 
Os principais requisitos exigidos pelo Estatuto da Criança e do Adolescente para a adoção são: 
• Idade mínima de 18 anos para o adotante (ECA, art. 42, caput); 
• Diferença de 16 anos entre adotante e adotado (ECA, art. 42, §3º): a adoção imita a natureza. 
Desse modo, é imprescindível que o adotante seja mais velho para que possa desempenhar 
eficientemente o poder familiar. 
• Consentimento dos pais ou representantes legais de quem se deseja adotar: trata-se de 
condição fundamental à concessão da medida. Todavia, o art. 166 do ECA dispensa, se os pais 
foram destituídos do poder familiar ou houverem aderido expressamente ao pedido de 
colocação em família substituta. 
• Concordância do adotando, se contar mais de 12 anos: prescreve, efetivamente, o §2º do 
art. 28 que, tratando-se de “maior de 12 anos de idade, será necessário seu consentimento, 
colhido em audiência”. 
 
 
Direito de Família 
5º período - 2021 
• Processo judicial: a adoção, seja a de menor ou de maior de idade, deve sempre obedecer a 
processo judicial. 
• Efetivo benefício para o adotando: o art. 43 do ECA se refere a “reais vantagens para o 
adotando”. 
• Ato personalíssimo e exclusivo. 
• Estágio de convivência: a adoção de menores de 18 anos requer o preenchimento ainda de 
outro requisito: o estágio de convivência, a ser promovido obrigatoriamente, só podendo ser 
dispensado “se o adotando já estiver sob a tutela ou guarda legal do adotante durante 
tempo suficiente para que seja possível avaliar a convivência da constituição do vínculo”. 
A prova do estágio de convivência é indispensável na adoção por estrangeiro. O novo §3º do art. 
46 do ECA, introduzido pela Lei Nacional de Adoção, trata do estágio de convivência na hipótese de 
adoção internacional, antes de disciplinada pelo §2º do aludido dispositivo legal. A novidade é que o 
prazo de estágio foi unificado para 30 dias, independentemente da idade da criança ou do 
adolescente. 
A norma de 2017 incluiu outras regras importantes. A primeira delas consta do caput do art. 46 do 
ECA, que passou a consagrar um prazo máximo para o estágio de convivência de 90 dias. Conforme 
a sua redação atual, “a adoção será precedida de estágio de convivência com a criança ou 
adolescente, pelo prazo máximo de 90 (noventa) dias, observadas a idade da criança ou adolescente 
e as peculiaridades do caso”. Esse prazo pode ser prorrogado por até igual período, mediante 
decisão fundamentada da autoridade judiciária (§ 2.º-A do mesmo comando). 
A respeito da adoção internacional, com a Lei 13.509/2017 passou-se a preceituar que “em caso de 
adoção por pessoa ou casal residente ou domiciliado fora do País, o estágio de convivência será de, 
no mínimo, 30 dias e, no máximo, 45 dias, prorrogável por até igual período, uma única vez, 
mediante decisão fundamentada da autoridade judiciária” (art. 46, § 3.º, do ECA). Ao final deste 
prazo, deverá ser apresentado laudo fundamentado por equipe multidisciplinar, que recomendará 
ou não o deferimento da adoção à autoridade judiciária (art. 46,§ 3.º-A, do ECA). 
Em regra, podem adotar todas as pessoas maiores de 18 anos. Preceitua o art. 42 do ECA: “Podem 
adotar os maiores de 18 anos, independentemente de estado civil”. 
A adoção é ato pessoal do adotante, uma vez que a lei a veda por procuração. O estado civil, o sexo 
e a nacionalidade não influenciam na capacidade ativa de adoção. Está implícito, porém, que o 
adotante deve estar em condições morais e materiais de desempenhar a função, de elevada 
sensibilidade, de verdadeiro pai de uma criança, cujo destino e felicidade estão entregues. 
Tratando-se de ato jurídico, a adoção exige capacidade. Assim, não podem adotar os menores de 18 
anos e os deficientes considerados relativamente incapazes e sujeitos à curatela, como os ébrios 
habituais e os viciados em tóxicos; os que, por causa transitória ou permanente, não puderem 
exprimir sua vontade, bem como os pródigos. 
Proclama o art. 6º, VI da Lei n. 13.146, de 6 de julho de 2015, que “A deficiência não afeta a plena 
capacidade civil da pessoa, inclusive para exercer o direito à guarda, à tutela, à curatela e à adoção, 
 
 
Direito de Família 
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bem como adotante e adotando, em igualdade de oportunidades com as demais pessoas”. Todavia, 
não poderá adotar se sujeita à curatela. 
• Adoção por tutores e curadores: não estão legitimados a adotar seus pupilos e curatelados 
os tutores e curadores enquanto não prestarem “contas de sua administração” e saldarem 
o alcance, se houver. A restrição protege os interesses do tutelado ou dos filhos do 
interditado e é ditado pela moralidade, pois visa impedir a utilização da adoção como meio 
para fugir ao dever de prestar contas e de responder pelos débitos de sua gestão. 
• Proibição de adoção por ascendentes e irmãos do adotando: dispõe o art. 42, §1º, do ECA: 
“Não podem adotar os ascendentes e os irmãos do adotando”. Desse modo, por total 
incompatibilidade com o instituto da adoção, não pode o avô adotar o neto, nem um homem 
solteiro, ou um casal sem filhos, adotar um irmão de um dos cônjuges. 
O Superior Tribunal de Justiça, inovando, proclamou que, em circunstâncias excepcionais, os avós 
podem adotar o próprio neto, apesar da vedação prevista no mencionado artigo. Para a relatora, 
Min. Nancy Andrighi, “quando é o próprio legislador que outorga ao juiz a possibilidade de, 
excepcionalmente, suplantar ou suplementar normas em nome do melhor interesse do menor, que 
embora tenha regulado as relações intrafamiliares, há inúmeras circunstâncias, ditadas pela 
imprevisível dinâmica social, que podem fazer o sistema protetivo legislado conspirar contra os 
melhores interesses do menor, a quem pretende proteger. O princípio do melhor interesse da criança 
é o critério primário para a interpretação de toda a legislação atinente a menores, sendo capaz, 
inclusive, de retirar a peremptoriedade de qualquer texto legal atinente aos interesses da criança ou 
do adolescente, submetendo-o ao crivo objetivo de apreciação judicial de situação concreta”. 
O procedimento de habilitação à adoção é de jurisdição voluntária. A competência é da Vara da 
Infância e Juventude, onde deve o candidato à adoção comparecer. Não é necessário estar 
acompanhado de advogado. 
A petição inicial normalmente é um simples formulário, disponibilizados pela internet. É necessária 
a apresentação de uma série de documentos: comprovante de renda e de domicilio; atestado de 
sanidade física e mental; certidão de antecedentes criminais e negativa de distribuição cível. Na 
oportunidade os candidatos devem indicar o perfil de quem aceitam adotar. 
Os candidatos devem se submeter a estudo psicossocial. 
Deferida a habilitação, o postulante é inscrito no Cadastro Nacional de Adoção (art. 50 do ECA). 
O prazo para conclusão do procedimento é de 120 dias, prorrogável por igual período. 
A habilitação deve ser renovada a cada três anos mediante avaliação de equipe interprofissional. 
• Exceções ao Cadastro Nacional de Adoção: há casos em que, excepcionalmente, dispensam 
a fase do procedimento de habilitação para inclusão no Cadastro Nacional da Adoção, o 
que, por sua vez, apesar de encurtar o caminho à adoção, não quer dizer que tais 
pretendentes não terão os seus contextos sociais analisados e verificados cuidadosamente 
pela equipe multidisciplinar (assistentes sociais, psicólogos) do juízo e pelo Ministério Público. 
 
 
Direito de Família 
5º período - 2021 
Tal possibilidade, de adoção sem ingressar no cadastro, persiste legalmente em três situações: i) nos 
casos em que se pretende uma adoção unilateral; ii) a adoção por parentes da criança ou 
adolescente com elevado vínculo de afinidade ou afetividade; ou ainda, iii) nos casos em que o 
pedido provém de quem detém a guarda ou tutela de criança maior de três anos idade ou de 
adolescente, desde que tenham elevado vínculo de afinidade e afetividade entre os que desejam 
adotar e os que serão adotados. 
Desde o advento da Constituição da República, estão assegurados os mesmos direitos e 
qualificações aos filhos havidos ou não da relação do casamento ou por adoção. Como afirma Paulo 
Lôbo, não cabe falar em “filho adotivo”, mas em “filho por adoção”. A origem da filiação é única e se 
apaga quando da adoção. A partir do momento em que é constituída pela sentença judicial e 
retificado o registro de nascimento, o adotado é filho, sem qualquer adjetivação. 
O adotado adquire os mesmos direitos e obrigações como qualquer filho. Direito ao nome, 
parentesco, alimentos e sucessão. Na contramão, também correspondem ao adotado os deveres 
de respeito e obediência. Os pais, por sua vez, têm os deveres de guarda, criação, educação e 
fiscalização. 
A adoção atribui ao adotado a condição de filho para todos os efeitos, desligando-o de qualquer 
vínculo com os pais biológicos (ECA, art. 41), salvo quanto aos impedimentos para o casamento. 
Do vínculo de consanguinidade não resulta qualquer outro efeito jurídico, pessoal ou patrimonial. A 
relação de parentesco se estabelece entre o adotado e toda a família do adotante. Os seus parentes 
tornam-se parentes do adotado, tanto em linha reta como em linha colateral. Também idênticos os 
graus de parentesco que se estabelecem em relação aos filhos biológicos do adotante. 
Enio Duarte Fernandez Junior sustenta que o rompimento do vínculo parental decorrente da adoção 
conflita com os direitos fundamentais da dignidade da pessoa, da solidariedade e da isonomia. Não 
há como negar ao adotado a tutela de sua pretensão à existência, à vida, à integridade, enfim, aos 
seus direitos de personalidade frente a sua família biológica, sob o argumento de fato impeditivo 
posto em norma infraconstitucional. Ainda que seja garantido à mãe o direito ao sigilo sobre o 
nascimento (ECA, art. 19 -A, §9º), é assegurado ao adotado, após completar 18 anos, o direito de 
conhecer sua origem biológica (ECA, art. 48). 
A morte dos adotantes não restabelece o poder familiar dos pais naturais. Ainda que exista 
resistência na doutrina, nada impede que os pais biológicos adotem o filho que fora adotado. Afinal, 
com a morte do adotante, o filho ficou órfão. 
 
 
 
 
EFEITOS 
• De ordem pessoal 
− Parentesco: embora chamado de civil, é em tudo 
equiparado ao consanguíneo. 
− Poder familiar: transfere-se do pai natural para o adotante. 
− Nome: confere ao adotado o sobrenome do adotante. 
• De ordem patrimonial 
− Alimentos: são devidos reciprocamente, entre adotante e 
adotado, pois tornam-se parentes. 
− Direito sucessório: o filho adotivo concorre em igualdade 
de condições com os filhos de sangue. 
 
 
Direito de Família 
5º período - 2021 
 
• Benefícios legais: no caso de adoção ou guarda judicial da criança, é devido ao segurado – 
seja à mulher, seja ao homem – salário-maternidade e benefício previdenciário a ser pago 
pelo INSS pelo prazo de 120 dias. 
O prazo da licença adotante não pode ser inferior ao prazo da licença gestante,independentemente da idade da criança adotada. Tanto a adotante como a guardiã fazem jus à 
licença-maternidade (CLT, art. 392-A) pelo prazo de 120 dias. A licença-maternidade é prorrogada 
por 60 dias e a licença-paternidade por 15 dias aos empregados das pessoas jurídicas que aderem ao 
Programa Empresa Cidadã. 
O benefício não pode ser concedido amais de um segurado, como na hipótese de adoção por um 
casal de mulheres (CLT, art. 392-A, §5º). No entanto, a jurisprudência vem se amoldando à realidade 
da vida. Nas uniões femininas, em que uma fornece o óculo que é fecundado e implantado na outra, 
ambas são mães. E a ambas cabe ser concedida licença-maternidade. Nascendo filhos gêmeos, tem 
sido concedida liminarmente licença ao pai, pelo período de 120 dias. Permanecendo o recém-
nascido internado, a licença-maternidade começa a partir da data hospitalar. 
Ocorrendo o falecimento da genitora, é vedada a dispensa arbitrária ou sem justa causa do benefício 
a favor de quem ficar com a guarda do seu filho. No âmbito da previdência social, em caso de 
falecimento do segurado que dizer jus ao salário-maternidade, o benefício será pago ao cônjuge ou 
companheiro sobrevivente. 
Como existe a possibilidade da adoção por uma única pessoa e também por casais homoafetivos, 
impositivo se falar em licença-natalidade, a ser usufruída por ambos os pais pelo período de 15 dias 
e depois por qualquer, dividindo o tempo do modo como convencionarem. Essa previsão está no 
Estatuto da Diversidade Sexual e Gênero (PLS 134/2018). 
No âmbito do serviço público federal, persiste a diferenciação temporal da licença no caso de adoção 
ou guarda, a depender da idade do adotado. Essa distinção foi eliminada pelo STF, em decisão 
vinculante, com formulação de tese. 
 
 
Ao assegurar a criança e adolescente o direito de serem criados e educados no seio de sua família, o 
ECA consagra a biologização do vínculo familiar. Chama de família natural a comunidade formada 
pelos pais ou qualquer deles e seus descendentes (ECA, art. 25). 
Aliás, este é um dos princípios na aplicação das medidas de proteção: na promoção de direitos e na 
proteção da criança e do adolescente deve ser dada prevalência às medidas que os mantenham ou 
reintegrem na sua família natural. Seja qual for o motivo que ensejou a intervenção estatal no 
âmbito familiar – maus-tratos, negligencia ou abuso por parte dos pais -, ainda assim é priorizada a 
manutenção dos filhos junto a eles. 
STF – Tema 782: Os prazos da licença adotante não podem ser inferior aos prazos da licença gestante, o mesmo 
valendo para as respectivas prorrogações. Em relação à licença adotante, não é possível fixar prazos diversos em 
função da idade da criança adotada. 
 
 
Direito de Família 
5º período - 2021 
Os filhos aguardam abrigados enquanto é dada aos seus genitores a chance de receberem a devida 
orientação por intermédio de equipe técnica interprofissional a serviço da Justiça da Infância e da 
Juventude, preferencialmente com apoio dos técnicos responsáveis pela execução da política 
municipal de garantia do direito à convivência familiar. 
 
É atribuído ao Conselho Tutelar o dever de esgotar as possibilidades de manutenção da criança ou 
do adolescente junto à família natural, para só então representar ao Ministério Público para que 
promova a ação de perda ou suspensão do poder familiar. Não há como delegar a conselheiros 
tutelares a tarefa de tentar manter crianças e adolescentes, em situação de vulnerabilidade, junto à 
família. O encargo deve ser assumido por equipes técnicas mediante a realização de estudos 
psicossociais, com a apresentação de laudos e relatórios. Sem esses subsídios, certamente o 
Ministério Público não terá como promover a ação de perda ou suspensão, pela só representação 
encaminhada pelo Conselho Tutelar. 
Depois de muito insistir para que os genitores acolham os filhos de volta, parte-se na busca de algum 
parente. Esta solução decorre da crença de que se deve manter os vínculos biológicos a qualquer 
custo. 
Quando reconhecida a impossibilidade de permanência dos filhos junto aos pais, a lei determina 
que se saia à caça de algum membro da chamada família extensa ou ampliada: aquela que se 
estende para além da unidade pais e filhos ou da unidade do casal, formada por parentes próximos 
com os quais a criança ou o adolescente convive e mantém vínculos de afinidade e afetividade. 
Pela própria definição de família extensa, resta evidenciado que não existe correlação com os 
conceitos da lei civil. O parentesco se estabelece na relação de ascendentes e descendentes e entre 
colaterais até o quarto grau. Na conceituação de parentesco, na expressão “ou outra origem” se 
encontram vínculos de filiação socioafetiva. 
Para merecer o qualificativo de família extensa, é indispensável um elemento a mais: a convivência 
e a presença de um elo de afinidade e afetividade entre eles. Sem isso, desnecessária a realização 
de estudo psicossocial. 
 
 
Na busca da família extensa, os primeiros lembrados são sempre os avós, os quais, no entanto, não 
podem adotar os netos. Dito impedimento existe também com relação aos irmãos. A estes é 
deferida apenas a guarda. Em casos muito especiais, porém, tal regra foi mitigada pelo STJ quando 
demonstrada reais vantagens para a criança ou adolescente. 
 
Os vínculos de parentesco alcançam também a união estável e a mesma restrição estende-se aos 
conviventes, sendo vedada a adoção entre ascendentes e descendentes, mesmo depois de rompida 
a união. Não há qualquer óbice à adoção entre parentes colaterais de terceiro e quarto grau. 
 
Determinada a institucionalização, indispensável respeitar a identidade de gênero da criança ou do adolescente. 
FONAJUP – Enunciado n. 05: É dispensável o estudo psicossocial em família extensiva residente fora da comarca 
desde que constatado a ausência de vínculo afetivo e/ou interesse. 
Quando se trata de recém-nascido, é um equívoco buscar alguém da família que o queira. Quem acabou de nascer 
não tem vínculo com ninguém, o que dispensa esta longa e ineficaz providencia, que só aumenta o tempo em que o 
bebê ficará abrigado. 
Recém-nascidos não procurados pela família no prazo de 30 dias serão cadastrados à adoção. 
 
 
Direito de Família 
5º período - 2021 
 
A colocação em família substituta é excepcional (ECA, art. 19). Sempre que evidenciada situação de 
vulnerabilidade de criança ou adolescente, por falta, omissão ou abuso dos pais ou responsáveis, 
cabe ser aplicada, como medida de proteção, e mesmo antes da propositura da ação de destituição 
do poder familiar. 
Estrangeiros somente podem ser admitidos como família substituta para fins de adoção. 
O acolhimento institucional e a colocação em família acolhedora também são medidas provisórias e 
excepcionais, utilizáveis como forma de transição para reintegração familiar ou, não sendo possível, 
para colocação em família substituta. 
Esgotados os recursos de manutenção na família natural ou extensa, mostrando-se a solução 
comprovadamente inviável, cabe a colocação em família substituta. 
Na situação de abrigamento, a cada 03 meses, deve o juiz decidir pela reintegração familiar ou pela 
colocação em família substituta. Ainda assim, a permanência em situação de acolhimento pode se 
perpetuar. Apesar de ser estabelecido o prazo máximo de 18 meses, há uma ressalva: salvo a 
necessidade de atender o seu melhor interesse.
Trata-se de programa que permite a crianças e adolescentes institucionalizadas conviverem com 
famílias ou pessoas que possam propiciar vivência familiar e comunitária (ECA, art. 19-B). 
 
Ainda que a finalidade seja salutar, há uma restrição das mais perversas. Quem está cadastrado à 
adoção não pode se candidatar a padrinho. A ressalva dispõe de uma justificativa injustificável: receio 
de que os candidatos à adoção tentem burlar a ordem dos cadastros. 
Nada impede, porém, que os padrinhos adotem seus afilhados.Bem como os integrantes da família 
acolhedora. Aliás, devem eles ter preferência na adoção. Basta se habilitarem, indicando a criança 
que desejam adotar, por já existir entre eles vínculo de filiação socioafetivo. 
 
Ora, podem participar deste programa somente crianças ou adolescentes com remotas 
possibilidades de inserção familiar ou colocação em família adotiva. Ou seja, já não foram 
encontradas adotantes para ele. 
 
A adoção à brasileira é uma criação da jurisprudência por se tratar de uma prática disseminada no 
Brasil. É quando o marido ou companheiro registra em seu nome o filho da esposa ou companheira, 
como se fosse filho dele, com a intenção de dar-lhe um lar, de comum acordo com a mãe, e não 
com a intenção de tomar-lhe o filho. Trata-se de crime contra o estado de filiação (CP, art. 242): 
registrar como seu o filho de outrem. Diverge a jurisprudência sobre a condenação do réu, a 
concessão do perdão judicial ou o reconhecimento da nobreza do ato que privilegia o delito. 
A hipótese é recorrente. Alguém se apaixona por quem tem um filho e simplesmente o registra em 
seu nome. Quase um “crime perfeito”, pois a ninguém interessa denunciá-lo. No entanto, rompido o 
 
 
Direito de Família 
5º período - 2021 
vínculo afetivo do casal, diante da obrigatoriedade de arcar com alimentos a favor do filho, o pai 
busca a desconstituição do registro por meio de ação anulatória ou negatória de paternidade. 
A jurisprudência reconhece a voluntariedade do ato praticado de modo espontâneo e não admite a 
anulação do registro de nascimento, considerando-o irreversível. Como não houve vício de vontade, 
não cabe a anulação, sob o fundamento de que a lei não autoriza ninguém vindicar estado contrário 
ao que resulta do registro de nascimento (CC, art. 1.604). Ainda que dito dispositivo legal excepcione 
a possibilidade de anulação por erro ou falsidade, não se pode aceitar a alegação de falsidade do 
registro levada a efeito pela própria pessoa. Assim, registrar o filho alheio como próprio, sabendo 
não ser verdadeira a filiação, impede posterior pedido de anulação. 
Ainda que seja obstaculizado ao pai registral a desconstituição do vínculo de paternidade, igual 
impedimento não existe com relação ao filho, que pode fazer uso da ação anulatória do registro, 
pois está a vindicar seu estado de filiação. Dispõe de legitimidade para buscar o reconhecimento da 
filiação biológica e a anulação do registro levado a efeito. No entanto, comprovada a existência de 
filiação socioafetiva com o pai registral, é de se reconhecer a multiparentalidade, com a inserção no 
registro de nascimento, da filiação biológica sem excluir o pai registral. 
Depois de atingir a maioridade, o filho pode somente buscar o efeito anulatório, sem intentar ação 
de reconhecimento de paternidade contra o pai biológico. Dispõe ele do direito de simplesmente 
excluir do registro o nome de quem lá consta como seu genitor (CC, art. 1.614).
Não se reconhece o direito de a mãe eleger a quem dar o filho à adoção, sem atentar que esse é o 
maior gesto de amor que existe: sabendo que não poderá criá-lo, renunciar ao filho, para assegurar-
lhe uma vida melhor da que pode lhe propiciar, é atitude que só o amor justifica. É o que se chama 
de adoção intuitu personae, direta ou dirigida. Assim, a adoção intuitu personae acontece quando 
a mãe biológica manifesta o interesse em entregar a criança a pessoa conhecida, sem que essa 
conste no Cadastro Nacional de Adoção. 
 
A adoção intuitu personae além de não ser permitida pela Lei 8.069/90, pode ainda configurar a 
prática do crime previsto no art. 242 do Código Penal , com pena de reclusão de 2 a 6 anos, se 
houver o registro do filho adotado pelo casal adotante como se fosse filho biológico, caracterizando 
dessa forma, crime contra estado de filiação. 
Além disso, muitas vezes o Ministério Público pede, e o juiz autoriza, a busca e apreensão da 
criança. Ela é retirada do único lar que conhece e levada a um abrigo para ser adotada segundo a 
ordem do cadastro. A sorte é que a jurisprudência vem sendo mais sensível, não determinando a 
institucionalização, mesmo quando reconhecida a ocorrência da adoção intuitu personae. O STF, 
atentando ao princípio do melhor interesse, tem aceitado o uso de habeas corpus para revogar 
ordem de busca e apreensão, mesmo quando há indícios de burla ao cadastro. 
 
 
 
 
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5º período - 2021 
 
Ainda que todos sustentem que é proibida a adoção consensual, tal vedação não existe no ECA. Ao 
contrário, é expressamente prevista. A grande novidade da última reforma do ECA foi admitir a 
entrega voluntária do filho à adoção, na tentativa de impedir as chamadas adoções diretas. 
A gestante ou a mãe, que manifeste expressamente em entregar o filho à adoção, deve fazê-lo 
judicialmente (ECA, art. 19-A). Antes ou depois do nascimento do filho, é encaminhada ao Juizado 
da Infância e Juventude. Ela não precisa estar acompanhada de advogado, para se apresentar no 
balcão do fórum dizendo que deseja entregar o filho à adoção. Tomada a termo sua manifestação, 
é instaurado um procedimento. 
O expediente deve ser encaminhado à equipe interprofissional, uma vez que a mãe deve receber 
orientações e esclarecimentos sobre a irrevogabilidade da medida, tendo direito à assistência 
psicológica no período pré e pós-natal. 
Recebida a avaliação, se não houver pedido de sigilo da entrega, pelo prazo de 90 dias, prorrogável 
por igual período, é feita a busca da família extensa. 
Se não houve indicação do genitor ou de alguém da família extensa para receber a guarda, depois 
do nascimento, o juiz deve designar audiência no prazo de 10 dias da entrega da criança. 
Na solenidade, na presença do Ministério Público, a mãe ou os pais, devidamente assistidos por 
advogado ou defensor, serão obrigatoriamente ouvidos, garantida a livre manifestação de vontade. 
Ratificada a concordância com a adoção, o juiz extingue o poder familiar. Suspende também o 
poder familiar do genitor registral que não compareceu ao ato. 
Na hipótese não comparecerem à audiência nem o genitor nem representante da família extensa, 
para confirmar a intenção de exercer o poder familiar ou a guarda, o juiz suspende o poder familiar 
da mãe, e a criança será colocada sob a guarda provisória de quem esteja habilitado a adotá-la. 
Ainda assim, em até 10 dias após a sentença, pode haver a desistência da adoção. A revogação do 
consentimento, no entanto, impede a adoção, pois é necessário atentar ao melhor interesse do 
adotando. 
Este procedimento não deve demorar mais de 120 dias (ECA, art. 163). 
Quando um ou ambos possuem filhos de uniões anteriores, há a possibilidade de o parceiro 
adotá-los. Forma-se um novo núcleo familiar e é natural o desejo de consolidar os laços familiares 
não só do par, mas também com relação aos respectivos filhos. Em outras palavras, se uma mulher 
tem um filho, seu cônjuge ou companheiro pode adotá-lo. Ocorre a destituição do poder familiar 
do genitor que é substituído pelo padrasto. O filho mantém o vínculo de filiação com a mãe e com 
o adotante. O poder familiar é exercido por ambos, e o parentesco se estabelece com os parentes 
de cada um deles. 
 
 
 
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Estabelece uma biparentalidade fática do filho com o parceiro do genitor biológico. Trata-se de 
forma especial de adoção, que tem caráter híbrido, pois permite a substituição de somente um dos 
genitores e respectiva ascendência. Daí a adoção unilateral. 
Há três possibilidades para a ocorrência da adoção unilateral: 
 
• quando o filho foi reconhecido por apenas um dos pais, a ele compete autorizar a adoção 
pelo seu parceiro; 
• reconhecido por ambos os genitores, é deferida a adoção ao novo cônjuge ou 
companheiro do guardião, decaindo o genitor biológico do poder familiar; 
• com o falecimento do pai biológico, pode o órfão ser adotado pelo cônjuge ou parceiro 
do genitor sobrevivente.Subsistem os impedimentos matrimoniais de duas ordens, tanto com a família de sangue como 
com relação à adotiva. 
 
Abandonado pelo pai, o filho passa a ter estreita vinculação com o companheiro ou marido da mãe. 
Como o abandono serve de causa para a perda do poder familiar, essa é a única solução quando 
injustamente o pai se insurge contra a adoção. Assim, cabe cumular o pedido de destituição familiar 
com o de adoção. Ainda que não requerida a destituição do poder familiar, esse é um efeito anexo 
da sentença. 
 
Quando ocorre o falecimento do padrasto, o enteado é equiparado ao filho e tem direitos aos 
benefícios previdenciários, basta comprovação da dependência econômica. 
 
A multiparentalidade vem sendo reconhecida e concedida, hipótese em mais pessoas assumem as 
funções parentais. Inclusive, quando o filho tem mais de 12 anos, existe a possibilidade de tal 
ocorrer administrativamente. 
Deste modo, há a possibilidade de o filho adotivo buscar o reconhecimento da 
multiparentalidade com o pai biológico. 
 
Um dos fatores que leva ao encarceramento de muitas crianças, por muitos anos, é o fato de muitos 
terem irmãos. 
 
Apesar da recomendação de não ocorrer o desmembramento de grupo de irmãos, no mais das vezes, 
eles nem são mantidos no mesmo abrigo. Sequer se conhecem. Conclusão, acaba existindo inúmeros 
grupo de irmãos, com idades diferentes, sem qualquer chance de serem adotados.
 
 
 
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Ainda que seja fácil a colocação de crianças pequenas, é complicado quando elas têm irmãos 
adolescentes. Em face da determinação de que grupo de irmãos sejam colocados em adoção na 
mesma família, acaba nenhum deles sendo adotados. Até porque, solução diversa, somente é aceita 
em caráter excepcional, se comprovada a existência de risco de abuso ou situação outra que a 
justifique. 
 
A antiga adoção bilateral, realizada por duas pessoas, passou a ser denominada como adoção 
conjunta, pelo art. 42, § 2.º, do ECA. Para essa adoção conjunta, é indispensável que os adotantes 
sejam casados civilmente ou mantenham união estável, comprovada a estabilidade da família. 
 
Como novidade interessante, o § 4.º do art. 42 do ECA passou a prever desde 2009 que “os 
divorciados, os judicialmente separados e os ex-companheiros podem adotar conjuntamente, 
contanto que acordem sobre a guarda e o regime de visitas e desde que o estágio de convivência 
tenha sido iniciado na constância do período de convivência e que seja comprovada a existência de 
vínculos de afinidade e afetividade com aquele não detentor da guarda, que justifiquem a 
excepcionalidade da concessão”. 
 
Desde que demonstrado efetivo benefício ao adotando, será assegurada a guarda compartilhada, 
conforme previsto no art. 1.584 do Código Civil (art. 42, § 5.º, do ECA)
 
Não existe obstáculo à adoção por homossexuais. As únicas exigências para o deferimento da 
adoção são que apresente reais vantagens para o adotado e se fundamente em motivos legítimos. 
 
Mesmo antes da histórica decisão do STF reconhecendo a união estável homoafetiva, o STJ já havia 
admitido a adoção a casais formados de pessoas do mesmo sexo. 
 
O Código Civil de 1916 aludia à possibilidade de se adotar o nascituro. Prescrevia o art. 372 do 
mencionado diploma que “não se pode adotar sem o consentimento do adotado ou de seu 
representante legal se for incapaz ou nascituro”. A doutrina mantém aceso o debate sobre a adoção 
antes do nascimento. O ECA, no entanto, somente admite que a mãe consista com a adoção após 
o nascimento do filho. 
 
A adoção de maiores nunca foi proibida. Ao contrário, era até facilitada, na medida em que podia ser 
levada a efeito por escritura pública, dispensando-se a via judicial. O Código Civil de 2002 limita-se 
a exigir a assistência efetiva do Poder Público no que concerne à adoção de maiores, o que torna 
necessária ser feita judicialmente, aplicando-se, no que couber, as regras do ECA. 
 
 
 
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Como se trata de direito personalíssimo, que diz com o estado da pessoa, indispensável a 
inequívoca manifestação de vontade de adotante e de adotado, mas não é necessário estágio de 
convivência. 
 
A sentença de adoção possui eficácia constitutiva e seus efeitos começam a fluir a partir do trânsito 
em julgado da sentença (ex nunc), não produzindo efeitos retroativos. Contudo, a lei abre exceção 
na hipótese de falecimento do adotante, no curso do processo: o efeito da sentença retroage à 
data do falecimento. 
 
O deferimento da adoção depois do falecimento do adotante está condicionado à propositura da 
ação antes do óbito (artigo 42, §6º do ECA). A necessidade de que o procedimento judicial de adoção 
já tenha iniciado, é relativizado pela jurisprudência. Basta que seja comprovada a inequívoca 
manifestação de vontade em adotar, antes do falecimento.
 
Conforme parágrafo 5º, do artigo 197-E, do ECA: a desistência do pretendente em relação à guarda 
para fins de adoção ou a devolução da criança ou do adolescente depois do trânsito em julgado da 
sentença de adoção importará na sua exclusão dos cadastros de adoção e na vedação de renovação 
da habilitação, salvo decisão judicial fundamentada, sem prejuízo das demais sanções previstas na 
legislação vigente.

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