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TÓPICOS DE HISTÓRIA GERAL AULA 1 Prof. Osvaldo Luís Meza Siqueira 2 CONVERSA INICIAL Esta disciplina tem por objetivo desenvolver conhecimentos e conceitos fundamentais para o estudo da história, nos conduzindo por uma agradável viagem pelo tempo e por diferentes épocas. Nesta aula, vamos conhecer o que é história e as formas de organização e periodização do conhecimento histórico. Vamos tratar da história da humanidade, começando pelo período chamado Pré-História. TEMA 1 – UM OLHAR PARA O PASSADO A história estuda a trajetória da humanidade pelo tempo – como os seres humanos pensaram, agiram e sentiram nas sociedades em que viveram. O estudo da história, de forma reflexiva, é um importante meio para se compreender o processo de formação e transformação das sociedades humanas. O conhecimento compilado pelos historiadores, ao investigarem as fontes históricas, leva o ser humano à compreensão do passado e do seu tempo, fazendo-o perceber-se como agente de transformação. Pensar a história, portanto, nos faz olhar para trás e investigar os vestígios que sobreviveram ao tempo e que chegaram até nós como indícios de um passado, os quais representam a matéria-prima do historiador. É na compilação e interpretação desses vestígios que o historiador vai buscar o conhecimento e o entendimento do passado. Essa ação caracteriza, fundamentalmente, o ofício do historiador. Os vestígios representam as fontes do conhecimento para o historiador e derivam da ação do ser humano que constrói sua realidade social e culturalmente. Figura 1 – Pintura rupestre Créditos: Asit Jain/Shutterstock. 3 Figura 2 – Ruínas romanas Créditos: S.Borisov/Shutterstock. Figura 3 – Dança folclórica Créditos: Cambuff/Shutterstock. O historiador, em seu esforço por conhecer e interpretar o passado, se alimenta desse acervo de vestígios – materiais ou imateriais – que englobam as mais variadas ações e atividades humanas, pois o ser humano, por viver em sociedade, atua sobre o meio e gera cultura. De acordo com Bergmann (1989), a história tem por preocupação “possibilitar uma consciência histórica”, de tal maneira que forneça uma identificação do indivíduo com o coletivo e dele mesmo como agente do processo histórico. TEMA 2 – FORMAS DE PERIODIZAÇÃO Culturas diferentes têm formas diversas de pensar e periodizar o tempo. A cultura representa o aspecto fundamental da vida em sociedade, nos conecta com o grupo e a comunidade a que pertencemos e nos diz quem somos. 4 Segundo Schneider (1980), “cultura é um sistema de símbolos e significados. Compreende categorias ou unidades e regras sobre relações e modos de comportamento”. Assim estudar uma cultura é estudar um código de símbolos partilhados pelos membros de determinada comunidade. Nesse sentido, o tempo pode ser compreendido das mais diversas formas, dependendo da cultura em questão, sendo marcos relevantes de temporalidade expressos por meio de diferentes crenças, tradições e entendimento de mundo. Podemos destacar como exemplo dessa diversidade os judeus, os muçulmanos e os cristãos, que apresentam diferentes formas de marcar o tempo. Para os judeus, os anos passaram a ser contados a partir do que eles acreditam ser a criação de Adão, 2.448 anos antes do chamado Êxodo, ou seja, da saída dos hebreus do Egito sob a liderança de Moisés. Para os muçulmanos, o primeiro ano do calendário corresponde ao momento da fuga do profeta Maomé de Meca para a cidade de Yatreb, denominada Hégira, que ocorreu no ano de 622 do calendário cristão, o qual, por sua vez, tem o marco inicial no nascimento de Jesus. Ainda poderíamos mencionar outros calendários, como o hindu e o maia. Em virtude do colonialismo europeu do século XV, a cultura cristã espalhou-se pelos continentes, tornando-se hegemônica no mundo. Apesar disso, as diversas culturas ainda mantêm, particularmente, seus costumes, tradições e a maneira de contar e demarcar o tempo. O calendário cristão ocidental em uso atualmente é o calendário gregoriano, proposto pelo Papa Gregório, no século XVI. Esse calendário tem o nascimento de Jesus como marco inicial e considera, a princípio, dois períodos: antes de Cristo (a.C.) e depois de Cristo (d.C.). Figura 4 – Calendário gregoriano É importante ressaltar que, para alguns historiadores, por representar um fato eminentemente cristão, a contagem caracterizada como antes e depois de 5 Cristo é um erro, já que desconsidera o respeito à diversidade cultural, daí optarem pela denominação antes da Era Comum (AEC) e depois da Era Comum (EC). Outro aspecto também considerado para essa preferência é o fato de o monge Dionísio, que no século VI determinou a data do nascimento de Cristo, ter errado em seus cálculos. De acordo com esse provável erro, Cristo teria nascido seis anos “antes de Cristo”. TEMA 3 – DIVISÕES DA HISTÓRIA Os historiadores, ao escreverem sobre a história (Historiografia), procuram organizar o conhecimento de forma didática a fim de fornecer uma forma adequada ao entendimento do passado da humanidade. A fase mais remota sobre a qual a história tenta formar um conhecimento, baseando as pesquisas apenas em vestígios de achados arqueológicos (de fósseis, instrumentos, pinturas etc.), é a chamada Pré-História, período que se inicia após o aparecimento dos primeiros seres humanos. A maior parte dos livros didáticos apresenta o surgimento da escrita como a divisão entre Pré-História e História, apesar de alguns historiadores já não utilizarem esse critério. Figura 5 – Divisão entre Pré-História e História Para melhor estudo, o período da Pré-História é comumente dividido em três fases: • Paleolítico ou Idade da Pedra Lascada: de aproximadamente 4 milhões a 10.000 anos a.C.; • Neolítico ou Idade da Pedra Polida: de aproximadamente 10.000 a 5.000 anos a.C.; • Idade dos metais: de aproximadamente 5.000 a 4.000 anos a.C. Nessa organização didática do conhecimento histórico, após o surgimento da escrita, momento em que o ser humano passou a relatar por meio de alguma forma de linguagem escrita suas próprias vidas e experiências, temos a História. 6 É importante, aqui, fazermos uma ressalva em relação ao termo Pré- História. Em síntese, Pré-História significa “antes da História”, considerando, assim, que só haveria a possibilidade de ter História após o surgimento da escrita. Essa concepção foi cunhada pelos primeiros historiadores do século XIX, com base na visão tradicional histórica de que as únicas fontes confiáveis para se fazer História eram os documentos escritos e oficiais. Sabemos, hoje, que essa é uma visão ultrapassada e que todos os vestígios deixados pelos seres humanos são fontes históricas riquíssimas. Sendo assim, considerar que só é possível ter História havendo escrita, não só coloca milhares de anos da humanidade numa era sem História – a chamada Pré-História –, como colocará centenas de sociedades ao longo do tempo (e até os dias de hoje) como povos sem História, por serem de cultura oral, ou seja, que não desenvolveram escrita, ainda que tivessem suas próprias e eficientes formas de se comunicar e registrar. Então, sabendo que o conceito de Pré-História é equivocado, porque, ainda hoje, o utilizamos na periodização da História? Provavelmente por uma questão de conveniência; porém é preciso levar em consideração que nenhuma periodização é neutra, e também entender os motivos pelos quais escolhemos uma e não outra forma de periodizar. Pensando, então, nessa periodização tradicional, após o surgimento da escrita, de forma geral, segue-se uma periodização que divide a história em uma linha cronológica de acontecimentos considerados relevantes para o mundo ocidental. • Idade Antiga: do aparecimento da escrita (4000 a.C.) à queda do Império Romano do Ocidenteem 476 d.C.; • Idade Média: da queda do Império Romano ao domínio de Constantinopla pelos turcos-otomanos, em 1453; • Idade Moderna: do domínio de Constantinopla pelos turcos-otomanos à Revolução Francesa, em 1789; • Idade Contemporânea: da Revolução Francesa à atualidade. Essa divisão quadripartite da história, de origem francesa, apesar de ainda bastante utilizada, é considerada uma visão eurocêntrica, com apenas acontecimentos europeus como marcos divisórios entre os períodos. Outro fator de crítica também é o fato de basear todos os marcos em acontecimentos 7 políticos. Nem todos os historiadores concordam com essa divisão tradicional com base na história política e propõem outras divisões, como a dos modos de produção. Com enfoque econômico e tecnológico, essa divisão não segue a ordem cronológica da periodização, observando, apenas, como cada grupo humano produz sua sobrevivência e riqueza ao longo do tempo. TEMA 4 – PRÉ-HISTÓRIA Acredita-se que os primeiros seres humanos a andar sobre a Terra surgiram na África, mais especificamente na região subsaariana, há mais de três milhões de anos. Todavia, descobertas recentes constataram a possibilidade de terem surgido hominídeos há cerca de 7 a 10 milhões de anos. Os primeiros grupos humanos dependiam inteiramente da natureza e tentavam dominá-la desenvolvendo instrumentos cada vez mais elaborados, feitos de pedras, ossos e pedaços de madeira. Organizaram-se, inicialmente, em bandos para sobreviver, pois o ser humano, comparado a outros seres vivos que habitam o planeta, é bastante frágil e indefeso, de modo que a formação em grupos era a única forma de sobrevivência. Portanto, para um humano, desde o primeiro momento de sua história, viver em sociedade tornou-se uma necessidade fundamental. Figura 6 – Evolução do ser humano Créditos: Linda Bucklin/Shutterstock. A princípio, nas comunidades pré-históricas, existia uma forma de apropriação coletiva dos bens necessários à sobrevivência, isto é, tudo era compartilhado. A divisão do trabalho se dava naturalmente entre homem, mulher, criança e idoso, de acordo com as possibilidades físicas de cada um. A 8 cooperação era indispensável para a sobrevivência do grupo e, consequentemente, do indivíduo. O ser humano, quando comparado a outros seres vivos que habitam o planeta, é frágil diante das forças da natureza. Outros animais possuem algum tipo de “ferramenta” natural, própria de seu organismo, como dentes afiados, garras fortes e longas, corpo recoberto por longos pelos ou carapaças, enfim, “equipamentos” para sobreviver diante dos obstáculos naturais, por exemplo, mudanças climáticas ou predadores. Esses mesmos animais, no entanto, não conseguem criar recursos ou ferramentas. O ser humano, por sua vez, conta com um “equipamento” muito especial, que lhe permitiu transformar a natureza, superando obstáculos e criando para si próprio melhores condições de vida: o raciocínio mais desenvolvido. O ser humano tem capacidade de solucionar problemas e aperfeiçoar soluções, com criatividade e inventividade, formular ferramentas, aparelhos, máquinas e tudo o que considerar necessário para facilitar a vida em sociedade e a sobrevivência no meio natural. É importante ressaltar, também, outro equipamento da anatomia que foi fundamental para a aplicabilidade do que o intelecto foi sempre capaz de criar: o polegar (ou dedo opositor), que desde o início permitiu ao ser humano o movimento de pinça tão necessário para a manipulação de objetos. Como mencionado anteriormente, a Pré-História se refere a um período anterior ao surgimento da escrita e, portanto, anterior ao que chamamos convencionalmente de História, já que o ser humano ainda não registrava, por intermédio da escrita, dados e informações sobre o mundo, o cotidiano e seus costumes. No entanto, ele não deixava de ter um cotidiano cercado de acontecimentos individuais e coletivos que permeavam sua vida e lhe proporcionavam uma história. A descoberta e o domínio da agricultura – chamada de Revolução Agrícola – levaram o ser humano a passar de caçador, pescador e coletor (que vivia em bandos nômades à procura de alimentos) à condição de agricultor e pastor sedentário, produtor de sua própria sobrevivência. Em uma economia produtora, a vida sedentária e mais segura de uma aldeia tornou possível o crescimento da população, o desenvolvimento de uma cultura mais elaborada e o aumento da complexidade da vida em sociedade, das tarefas e das relações sociais. 9 Veja, na Figura 7, a divisão didática da Pré-História, que estudaremos com mais detalhes a seguir. Figura 7 – Divisão do período da Pré-História 4.1 Paleolítico ou Idade da Pedra Lascada Os primeiros grupos humanos eram caçadores, coletores e pescadores. Sua subsistência dependia da caça, da pesca e da coleta de frutos e raízes. A busca por meios de sobrevivência fez com que esses primeiros seres humanos fossem nômades, mudando de um local para outro à procura de alimentos ou de melhores condições climáticas. Nessa fase, o ser humano aprendeu a manipular seus primeiros instrumentos, como ossos e pedras, de forma bastante rudimentar (lascas de pedra). Ainda se utilizava de abrigos naturais, como cavernas. Uma das conquistas mais importantes desse período foi a descoberta e o controle do fogo, que possibilitou a preparação de alimentos, a luta contra o ataque de animais e o aquecimento durante o frio. 4.2 Neolítico ou Idade da Pedra Polida Nessa época, surgiram novas condições (transformações ambientais e novas técnicas) que permitiram ao ser humano o desenvolvimento da agricultura (trigo, cevada) e a domesticação de animais (pecuária de bovinos, cabras ou carneiros). À medida que as atividades agropastoris se desenvolviam, os grupos humanos se tornaram sedentários (fixando-se à terra) e mais numerosos. Surgem então as primeiras manifestações de vida espiritual e de organização social. Esse período foi marcado por invenções, como instrumentos de pedra polida, utensílios de cerâmica, tecelagem e construção de moradias. 10 4.3 Idade dos Metais Nessa fase, o ser humano desenvolveu a fundição de metais, como cobre, bronze e ferro. A metalurgia possibilitou a produção de objetos mais resistentes e de variadas formas. Desenvolveram-se, ainda, a escrita, a numeração, o calendário e um sistema de pesos e medidas. Toda a evolução tecnológica e cultural conquistada, até então, permitiu um aumento populacional e provocou uma maior complexidade da vida em sociedade, das tarefas e das relações sociais, o que levou à criação de cidades e às primeiras civilizações. TEMA 5 – HISTÓRIA Como vimos, a partir do Período Neolítico houve um gradual aumento da complexidade da vida em sociedade, levando ao surgimento de cidades, ao aparecimento do Estado e das primeiras civilizações. Com um controle maior sobre a natureza, foi possível produzir além do estritamente necessário à sobrevivência do grupo, levando ao surgimento do excedente de produção (sobra) e, com ele, à ideia de propriedade. O Estado seria então, o poder instituído que agiria como defensor da propriedade privada e de seus detentores, bem como árbitro entre as diferentes classes sociais que se formaram. A civilização representaria, então, o estágio de maior complexidade de vida em sociedade, em que já se tem uma cultura própria, um Estado constituído com corpo administrativo e força militar, diferentes grupos sociais e divisão social do trabalho, isto é, cada grupo produzindo de acordo com seu nível social. Há acumulação de riqueza e exploração do trabalho de um grupo social sobre outro. Poderíamos interpretar, ironicamente, que, ao nos tornarmos civilizados, deixamos de ser cooperativos em nossa vida em sociedade para nos tornarmos exploradores. Como vimos, a história, em uma linha cronológica deacontecimentos, pode ser dividida nos seguintes períodos: 11 Figura 8 – Períodos da História 5.1 Idade Antiga Corresponde ao período inicial da história, relacionado ao surgimento das primeiras civilizações na região denominada Crescente Fértil, que vai do Egito, no nordeste da África, à região da Mesopotâmia, no Oriente Médio. Nessas regiões, desenvolveram-se civilizações baseadas nos regimes de águas dos rios Nilo, Tigre e Eufrates, e que tinham na agricultura sua principal atividade econômica. Figura 8 – Egito Antigo Créditos: Bist/Shutterstock. Este período também correspondeu às chamadas civilizações da Antiguidade Clássica, Grécia e Roma, também consideradas civilizações de modo de produção escravista, pois toda a produção de sobrevivência e riqueza estava baseada na força do trabalho escravo. 12 Figura 9 – Grécia Antiga Créditos: Marzolino/Shutterstock. 5.2 Idade Média Corresponde a um momento de transição entre a chamada Antiguidade e a História Moderna. Durante esse período, que durou mil anos, ocorreu a formação, consolidação e crise da sociedade feudal da Europa Ocidental, com o consequente o surgimento do capitalismo. Figura 10 – Castelo medieval Créditos: Julia700702/Shutterstock. Durante a Idade Média, ocorreu a consolidação da Igreja Católica não apenas como força religiosa na Europa, mas também como força política, passando a ditar a mentalidade da época. 13 5.3 Idade Moderna Corresponde ao período que se estende do século XV ao século XVIII, marcando o final do feudalismo. Figura 11 – Mona Lisa de Leonardo da Vinci Créditos: Oleg Golovnev/Shutterstock. Entre os temas de relevância desse período, temos: • Absolutismo, ou formação das monarquias nacionais; • Expansão marítima europeia; • Renascimento cultural; • Reforma religiosa ou protestante; • Iluminismo; • Revolução Industrial; • Independência das colônias espanholas. 5.4 Idade Contemporânea Período que se estende da Revolução Francesa, no século XVIII, até os dias atuais. O capitalismo se consolida como sistema econômico, mas surge o 14 socialismo e linhas de pensamento crítico à sociedade burguesa. Também ocorreram conflitos de proporções mundiais. Figura 12 – Guerra Fria Créditos: Zapomicron/Shutterstock. Entre os temas de relevância desse período, temos: • Revolução Francesa; • Imperialismo ou Neocolonialismo; • Primeira Guerra Mundial; • Revolução Socialista de 1917, na Rússia; • Segunda Guerra Mundial; • Guerra Fria; • Nova Ordem Mundial. NA PRÁTICA A fim de desenvolver os conhecimentos trabalhados nesta aula, leia o trecho do poema a seguir. Leitura complementar A idade da Terra no início nem o início existia o tempo era antes de antes e depois ainda havia um outro vazio maior o vácuo incompleto BEHR, N. Peregrino do estranho. Brasília: Pau-Brasília, 2004, p. 13. 15 Com relação ao poema anterior e aos múltiplos aspectos que ele suscita, faça um apanhado do desenvolvimento humano em termos sociais e culturais durante o período da Pré-História. FINALIZANDO Ao longo desta aula, buscamos compreender o que é história e qual a função do historiador. Como vimos, a história tem a função primordial de compreender o ser humano no tempo. Por meio de um olhar para o passado, contemplamos as diferentes épocas da história, dos tempos anteriores ao surgimento da escrita, chamados de Pré-História, aos períodos considerados históricos. Nessa caminhada, observamos que a diversidade cultural cria olhares diversos de entendimento de mundo e, também, de compreensão do passado e de marcações do tempo. 16 REFERÊNCIAS BERGMANN, K. A história na reflexão didática. REVISTA BRASILEIRA DE HISTÓRIA, São Paulo, v. 9, n. 19, set. 1989. SCHNEIDER, D. American Kinship: A Cultural Account. Chicago: University of Chicago Press, 1980.