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Anestésicos Locais →Esses fármacos inibem reversivelmente o processo de excitação e condução do impulso nervoso, sem produzir inconsciência → São administrados por injeção ou de forma tópica → Podem provocar paralisia motora → A aplicação do anestésico é no local próximo ao nervo, e o anestésico age somente onde ele foi aplicado → Para o funcionamento do anestésico, a droga se difunde para a periferia dos nervos Potencial de Ação-Relembrando No repouso, o neurônio é negativo dentro e positivo fora Após um estímulo, a célula despolariza, devido a abertura de canais de Na→ entra Na dentro da célula A célula fica mais positiva dentro do que fora Após um tempo os canais de Na vão fechar e os canais de K vão se abrir→ sai K da célula reduzindo a carga positiva na célula Isso faz com que o interior da célula fique negativo e o exterior positivo, voltando ao estado de normalidade→ Repolarização Mecanismo de Ação Os anestésicos locais agem no canal de Na Com a entrada de sódio, inicia-se a despolarização e depois há o impulso nervoso Os anestésicos locais impedem a entrada de Na na célula, então esse processo de despolarização e impulso nervoso não ocorre Esse fármaco reduz a possibilidade da célula atingir o limiar para a despolarização Os anestésicos locais agem por 2 vias → Via hidrofóbica → Via hidrofílica → Via hidrofóbica→ Os anestésicos hidrofóbicos agem atravessando a membrana plasmática e tendo acesso ao canal de Na, bloqueando-o (independente se o canal estiver aberto ou fechado) → Via hidrofílica→ Anestésicos hidrofílicos tem acesso ao canal apenas se ele estiver aberto(não atravessa a membrana) Fatores que influenciam na ação do anestésico → Tamanho da molécula: as moléculas grandes e pequenas conseguem se ligar ao receptor de forma equivalente, mas as menores se desligam mais rapidamente, portanto seu efeito é mais rápido → Solubilidade lipídica: quanto mais lipossolúvel, mais fácil de atravessar o canal iônico → Tipo de fibra bloqueada: Fibras finas(efeito rápido) e fibras grossas(efeito lento) → Ph do local: os anestésicos locais geralmente são bases fracas, ou seja, se ionizam em meio ácido **A forma ionizada tem baixa lipossolubilidade(segue a via hidrofílica) então não penetra facilmente na MP, já a forma não ionizada é lipofílica e se difunde rapidamente para a MP(segue a via hidrofóbica) → Concentração do anestésico → Associação com vasoconstritores(o vasoconstritor diminui a passagem do anestésico para o vaso sanguíneo, prolongando o efeito do anestésico) Classificação das fibras nervosas As fibras com diâmetro menor e menor velocidade de condução são mais sensíveis ao bloqueio anestésico se comparada com fibras de maior diâmetro e maiores velocidades de condução(possuem uma sensibilidade menor) Anestésicos locais-Ação sobre nervos Os anestésicos locais agem em todos os nervos, mas sua ação depende do diâmetro e da mielinização - As primeiras fibras bloqueadas são as menores(estão relacionadas com a aferência da dor) - Depois, as fibras bloqueadas são as maiores(estão relacionadas com tato e função motora) Ação sobre membranas excitáveis - Age sobre as junções neuromusculares(não tem muita importância) - Ação sobre fibras cardíacas-tem importância(lidocaína pode diminuir o ritmo dos batimentos cardíacos) Sequência de bloqueio → Agem primeiro nas fibras de: dor frio calor tato e compressão profunda função motora Composição dos fármacos Os anestésicos locais são formados por 2 partes→ uma parte hidrofóbica, uma parte hidrofílica, e uma parte ligando as 2 partes A parte que liga pode ser um éster ou uma amida Ésteres 1-Grupamento éster /2-Procaína cocaína(fora de uso), procaína, tetracaína e benzocaína A maioria é de uso tópico Amidas 1-Grupamento amida/2-Lidocaína lidocaína, prilocaína, prilocaína, bupivacaína, mepivacaína, etc Estrutura química Grupamento lipofílico, grupo hidrofílico e ligando os 2 tem um éster ou uma amida Anestésicos derivados de ésteres São hidrolisados mais facilmente pois no plasma temos a colinesterase plasmática que degrada a ligação éster Quando é injetado, terá uma ação menor, devido a essa colinesterase, por isso esse tipo de anestésico geralmente é de uso tópico Procaína - Uso parenteral - Possui um grupamento amina que aumenta a capacidade anestésica Tetracaína - São mais estáveis devido ao grupamento metil amina que tem um metabolismo lento Anestésicos derivados de amidas São mais resistentes à hidrólise Tem duração mais longa São metabolizados por enzimas microssomais do fígado Lidocaína - Possui um grupamento benzênico que promove um impedimento estérico das enzimas que podem degradar Pirrocaína - O grupamento hidrofílico é um anel que aumenta a potência do fármaco Relação estrutura-atividade → Potência: capacidade do fármaco de cumprir sua função - Está relacionada com a lipossolubilidade - Quanto mais lipossolúvel for o anestésico local, mais potente ele será → Latência: tempo para o início de ação do fármaco - Depende da proporção entre a base ionizada e não ionizada - Quanto maior a parte não ionizada(forma molecular-lipossolúvel), mais entra na célula e mais rápido tem a ação → Duração da ação - Relacionada com a ligação a proteínas plasmáticas - Quanto mais anestésico estiver ligado às proteínas, maior será sua ação Lipossolubilidade x Potência Anestésico Local Lipossolubilidade Potência Lidocaína 366 1 Bupivacaína 3420 4 Ropivacaína 775 4 Quanto maior a lipossolubilidade, mais potente será Grau de ionização x Latência Anestésico pKa % Ionizada em pH 7,4 Início de ação Lidocaína 7.9 76 rápido Bupivacaína 8.1 83 lento Ropivacaína 8.1 83 lento A lidocaína possui um pH mais ácido que as outras e se ioniza menos, logo, a forma não ionizada poderá passar pela MP mais fácil agindo mais rápido Acesso ao canal iônico A forma que tem acesso ao canal iônico pode ser protonada ou não protonada - A forma protonada(ionizada) só tem acesso ao próprio canal iônico, se o canal estiver fechado, a forma protonada não terá acesso - A forma não protonada( forma molecular) pode atravessar a MP e ter acesso ao canal iônico por dentro da célula → Os anestésicos locais geralmente são bases fracas - Se o meio estiver ácido(ex-infecção)→ o fármaco vai ficar na forma protonada(ionizada) - Se o meio estiver alcalino, a forma protonada se transformará na forma molecular diminuindo a latência do fármaco(diminui tempo de início) Ligação Proteica X Duração de Ação Anestésico Local Ligação Proteica Duração após infiltração Lidocaína 64 60-120 Bupivacaína 95 240-480 Ropivacaína 95 240-480 O tempo de duração depende da fração ligada aos anestésicos Propriedades Físico Químicas dos anestésicos locais Verde→ Amidas - Os derivados de amida são mais ácidos - Em pH fisiológico, a amida não se ioniza tanto, por serem mais ácidos(como eles se ionizam menos, tem um início de ação mais rápido, pois a forma molecular consegue atravessar a MP) - Coeficiente de solubilidade: está relacionado com a sua potência-dentre os da amida, o mais solúvel é a etidocaína e bupivacaína - Ligação Proteica: quanto mais ligação proteica maior o tempo de ação do anestésico Roxo→ Ésteres - São mais básicos - Se ionizam mais em pH fisiológico(tem início de ação mais lento, pois a fração ionizada não consegue atravessar a MP) - O anestésico com maior coeficiente de solubilidade é a tetracaína - O que mais se liga a proteínas é a tetracaína Anestésicos Locais-Duração Podem ser divididos em fármaco de curta duração(procaína), média duração(lidocaína e prilocaína) e longa duração(tetracaína, bupivacaína e etidocaína) Na prática é possível associar um fármaco de início rápido com um de longa duração para um efeito prolongado Associação de anestésicos locais com vasoconstritores Os vasoconstritores reduzem a luz do vaso aproximando as células do endotélio Os anestésicos locais serão injetados no tecido subcutâneo, uma parte desses anestésicos será absorvida pela circulação → Se um vasoconstritor for administrado junto, aproxima ascélulas endoteliais diminuindo a absorção do anestésico → Ou seja, um dos objetivos de administrar o vasoconstritor junto é reduzir a absorção sistêmica → Diminuindo a absorção sistêmica, reduz a toxicidade e aumenta a duração Fatores que influenciam a atividade dos anestésicos locais-adição de adrenalina A adrenalina pode aumentar a duração de ação de alguns anestésicos e reduzir seus níveis sanguíneos Efeitos adversos Ações cardiovasculares→ diminuição da FC Ações centrais→ tremores, euforia, agitação, convulsões, etc Também pode causar reações alérgicas Toxicidade Em baixas concentrações: - Gosto metálico, zumbido, alterações visuais Em médias concentrações - Contrações musculares, inconsciência e come Em altas concentrações - Depressão respiratória e cardiovascular Neurotoxicidade → Os anestésicos locais tem uma ação maior nas fibras mais finas e de condução lenta(fibras inibitórias do SNC) → quando bloqueia essas fibras aumenta a condutibilidade elétrica, podendo causar uma convulsão → As fibras mais grossas e de condução rápida são fibras excitatórias e quando há bloqueio dessas fibras, há depressão generalizada no SNC Cardiotoxicidade → Ação central sobre o SNA → Ação periférica sobre o SNA-bloqueia as fibras que vão liberar noradrenalina que vão controlar a FC e inotropismo → Efeito vasodilatador direto → Ação direta sobre o miocárdio - O fármaco mais tóxico ao SNC é a bupivacaína - O fármaco mais tóxico ao SCV é a etidocaína, bupivacaína e lidocaína - A bupivacaína é um dos anestésicos mais tóxicos → O midazolam aumenta o limiar para cardiotoxicidade Diferentes patologias e seus efeitos na farmacocinética da lidocaína Em caso de IC→ diminui o volume de distribuição(pois perfunde menos), então metaboliza menos e o clearance é menor(se acumula mais na corrente sanguínea), consequentemente o tempo de meia vida aumenta Doença hepática→ fármaco se distribui normalmente, mas não é metabolizado, então tem tendência a se acumular, então o volume de distribuição aumenta, e o clearance aumenta e a meia vida também aumenta Doença renal→ fármaco é eliminado mais rapidamente, volume de distribuição diminui, clearance aumenta e a meia vida diminui Anestesia peridural e subaracnóide(raqui) → São utilizadas em operações nas pernas e abdômen inferior (apendicite, útero, bexiga, etc) e cesárea Peridural→ Anestésico é injetado no espaço peridural(camada de tecido adiposo que fica anterior a dura máter) Raquianestesia/Subaracnóide→ agulha ultrapassa a dura máter, mas não atinge a medula O anestésico é injetado em um local onde só há filamentos nervosos Efeitos colaterais da raquianestesia→ cefaléia, êmese e retenção muscular