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TRABALHO D SUCESSÕES

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DIREITO DAS SUCESSÕES
SÃO JOSÉ DO RIO PRETO
NOVEMBRO - 2020
O DIREITO DAS SUCESSÕES
O Direito das Sucessões, é o ultimo livro do Código Civil de 2002, e não poderia ser diferente, pois a morte deve fechar qualquer codificação que se diga valorizadora da vida civil da pessoa humana.
A morte traz, como que continuidade da vida do extinto no que se refere aos seus bens, que de imediato se transmitem aos sucessores legítimos ou testamentários. Essa transmissão dá-se na forma determinada pelo autor da herança, se deixou testamento ou codicilo como ato de última vontade. Ficam os sobrevivos, portanto, sujeitos à vontade dos mortos no que tange ao recebimento de seu patrimônio. Há como que uma imortalidade do titular dos bens, no aspecto de direcionar sua posse, de transmiti-lo a certas pessoas e sob certas condições, o que bem demonstra a importância do direito sucessório.
Também pode-se considerar o Direito das Sucessões como um fundamento pertinente á necessidade de alinhar o Direito de Família ao direito de propriedade, baseando assim o Direito Sucessório no direito a propriedade e na sua função social, além de a sucessão causa mortis, tem esteio na valorização constante da dignidade da pessoa humana, seja do ponto de vista individual ou coletivo, conforme o art 1º, III e o art 3º,I, da Constituição Federal de 1988.
Esse trabalho tem por finalidade destacar algumas das características do Direito das Sucessões, que em termos gerais possui duas modalidades básicas de sucessão mortis causa, conforme o art. 1786, CC;
Sucessão legitima- Aquela que decorre de lei, que enuncia a ordem de vocação hereditária, presumindo a vontade do autor da herança.
Sucessão testamentaria- tem origem em ato de ultima vontade do morto, por testamento, legado ou codicilo, mecanismos sucessórios para exercício da autonomia privada do autor da herança.
A Abertura da Sucessão e Droit de Saisine
A abertura da sucessão esta prevista no art 1784, CC, no qual ocorre com a morte da pessoa, a herança transmite-se, desde logo aos herdeiros legítimos e testamentários.
Trata-se da consagração máxima da Droit de Saisine, que significa que “com a morte a herança transmite-se imediatamente aos sucessores, independentemente de qualquer ato dos herdeiros. O ato de aceitação de herança, tem natureza confirmatória.”
No Brasil prevalece o princípio da Droit de Saisine, no exato momento da abertura da sucessão ocorre a transmissão automática da posse e propriedade do acervo hereditário do autor da herança para seus herdeiros legítimos e testamentários. Isto é uma ficção jurídica para facilitar as relações patrimoniais até que a partilha seja feita. 
Aceitação de Herança
A aceitação de herança é o ato que o herdeiro confirma a transmissão da herança, por força do art. 1784, CC, e da saisine, com a abertura da sucessão, que se dá pela morte do falecido. Essa aceitação é necessária, porque ninguém pode ser herdeiro contra sua vontade. Conforme o art 1804, CC, aceita a herança, torna-se definitiva a sua transmissão ao herdeiro desde a abertura da sucessão.
A aceitação pode se dar de três formas: 
1) expressa, por qualquer documento público ou particular; 
2) tácita, quando apesar de não expressamente aceitar a herança, o sujeito se comporta, pratica atos, próprios de aceitante, como por exemplo, a cessão onerosa de cotas hereditárias; 
3) presumida, conhecida como a aceitação do silêncio, em que o sucessor se mantem inerte, silente, presumindo-se, assim, a sua aceitação.
Exclusão da sucessão: Renúncia, Indignidade e Deserdação
Embora a herança deva transmitir-se logo em seguida à abertura da sucessão (princípio do droit de saisine), tal consequência pode não advir em razão de exclusão do direito de herança, por ato de vontade do herdeiro (renúncia) ou por determinação legal (indignidade ou deserdação).
A renúncia, diferente da aceitação, só admite uma única forma, tem que ser expressa, e apenas por escritura pública ou termo nos autos, conforme art. 1806, CC. Assim, não se admite renuncia tácita, presumida ou verbal. 
Trata-se, no caso, de exclusão voluntária da herança, em vista de expressa manifestação de vontade de quem teria direito a recebê-la, por situado na ordem prioritária de chamamento. 
Mas a exclusão do herdeiro pode também ocorrer por fato estranho à sua vontade, desde que pratique determinados atos considerados por lei como ofensivos à pessoa de quem ele sucederia. Compreendem-se como tais os casos de indignidade, previstos no artigo 1.814 do Código Civil, e de deserdação, catalogados a partir do artigo 1.961 do mesmo Código.
Observa-se que o novo ordenamento ampliou consideravelmente as hipóteses de comportamento indigno, passíveis de exclusão da herança, fazendo incluir a prática de homicídio ou de tentativa de homicídio doloso não só contra a pessoa de cuja sucessão se tratar, mas, também, contra seu cônjuge, companheiro, ascendente ou descendente. Continuam previstas outras causas de indignidade, relativas a denunciação caluniosa ou crimes contra a honra do falecido, agora também incidentes para ofensas ao seu cônjuge ou companheiro. E também se pune com a exclusão a prática de violência ou de meios fraudulentos para inibição da vontade do testador.
Dando-se a declaração de indignidade, que depende de sentença em ação própria, o herdeiro é considerado como se morto fosse, procedendo-se à atribuição de sua quota aos eventuais descendentes, que herdam por estirpe (art. 1.816 do Código Civil). 
Quanto às causas de deserdação, que se condicionam a expressa disposição testamentária, referem-se a determinados atos de ingratidão dos herdeiros necessários, em relação ao autor da herança. Se não houver herdeiros necessários, subsistindo apenas, como sucessores, o companheiro sobrevivente ou colaterais, assim como na falta de qualquer parente sucessível, o testador pode determinar a atribuição dos bens a quem lhe aprouver, independente de determinação da causa (art. 1.850 do Código Civil).
Consideram-se causas de deserdação dos descendentes e dos ascendentes, além daquelas quer servem à indignidade, determinadas infrações de conduta, como ofensa física, injúria grave, relações ilícitas com afins do autor da herança e abandono material do ascendente ou do ascendente em alienação mental ou grave enfermidade. Não mais consta do rol, agora tipificado nos artigos 1.962 e 1.963 do Código Civil, a discriminatória referência do Código revogado (art. 1.744, inc. III) à “desonestidade da filha que vive na casa paterna”.
Enseja reparo a omissão do legislador às causas de deserdação do cônjuge. A este se aplicam, com certeza, as causas que servem à indignidade, mas não as demais, relativas unicamente à deserdação dos descendentes e ascendentes, o que significa uma falha de previsão legislativa, pois é bem possível venha o cônjuge a incidir numa daquelas condutas, que seriam naturalmente gravosas à pessoa do autor da herança, tanto quando o são para os parentes mencionados.
Bibliografia:
Flavio Tartuce- Manual de Direito Civil, volume único- São Paulo 2018.
Euclides de Oliveira- Advogado de Família e Sucessões. Doutor em Direito Civil pela USP. Vice-Presidente do IBDFAM em São Paulo. Autor de livros jurídicos.

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