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FACULDADE DE TECNOLOGIA DE CURITIBA – FATEC-PR CURSO SUPERIOR DE ENGENHARIA CIVIL GUILHERME JOSÉ BATISTA CARVALHO GESTÃO DE QUALIDADE NO CANTEIRO DE OBRAS RESIDENCIAIS CURITIBA 2020 GUILHERME JOSÉ BATISTA CARVALHO GESTÃO DE QUALIDADE NO CANTEIRO DE OBRAS RESIDENCIAIS Trabalho de Conclusão de Curso apresentado na disciplina Projeto de Graduação II do Curso de Engenharia Civil da Faculdade de Tecnologia de Curitiba – FATEC-PR, como requisito parcial obrigatório para aprovação. Orientador: Prof.ª Alessandra Monique Weber Abdalla CURITIBA 2020 Dedico este trabalho aos meus pais, Ivonete Techy e Jefferson Carvalho por me darem apoio e nunca terem desistido de mim, sendo eles os principais responsáveis por eu ter chego até aqui. Agradecimentos A todos os que contribuíram direta ou indiretamente para que este trabalho fosse realizado e concluído. RESUMO O setor da construção civil na área de residências está em transição de acordo com o mercado econômico, muitas empresas estão modificando seus canteiros de obras através da gestão de qualidade, aplicando esse conceito em seus canteiros através de processos do SIAC / PBQP-H que traz para o setor de obras residenciais alguns conceitos que variam desde o armazenamento dentro do almoxarifado até a forma de execução do serviço através de procedimentos de sistema de produção e sistema administrativo, que levam toda a mão de obra do canteiro a um treinamento. Toda essa transformação traz para as construtoras benefícios, desde os organizacionais quanto os financeiros. O presente trabalho realiza uma revisão bibliográfica e de experiência obtida a respeito da aplicação de uma parte da gestão de qualidade dentro do canteiro de obras residenciais, que traz ao canteiro uma organização, tanto na produção quanto nos administrativos sendo vários os benefícios obtidos em termos de produtividade e qualidade. Tendo algumas dificuldades relacionadas a implantação por motivos hierárquicos e até mesmo de procedimentos de execução do serviço. Palavras-chave: Gerenciamento de Obras; Canteiro de obras; Construção civil. ABSTRACT The civil construction sector in the residential area is in transition according to the economic market, many companies are modifying their construction sites through quality management, applying this concept to their sites through the SIAC / PBQP-H processes that bring for the residential works sector, some concepts vary from storage within the warehouse to the way the service is carried out through production system and administrative system procedures, which take the entire workforce from the job site to training. All this transformation brings benefits to the construction companies, both organizational and financial. The present work carries out a bibliographic review and the experience obtained regarding the application of part of quality management within the residential construction site, which brings to the construction site an organization, both in production and in administration, with several benefits obtained in terms of productivity and quality. Having some difficulties related to implementation due to hierarchical reasons and even procedures for the execution of the service. Keywords: Construction management; Construction site; Construction. LISTA DE FIGURAS Figura 1: PIB Construção Civil. ................................................................................. 12 Figura 2: Ciclo da Qualidade em empresas de construção e incorporação .............. 16 Figura 3: Ciclo PDCA. ............................................................................................... 18 LISTA DE TABELAS Tabela 1 - Tipos de canteiro, adaptado de Illingworth ........................................... 23 e 24 Tabela 2 - Elementos de um canteiro de obras ..................................................... 27 e 28 LISTA DE SIGLAS ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas ART – Anotação de Responsabilidade Técnica CIPA – Comissão interna de prevenção de Acidentes CLT – Consolidação das Leis do Trabalho CQE – Controle de Qualidade de Execução CREA – Conselho Regional de Engenharia e Agronomia EAO – Estruturas Analíticas Operacionais ISO – International Organization for Standardization MTE – Ministério do Trabalho e Emprego NBR – Norma Brasileira NR – Norma Regulamentadora PBQP-H - Programa Brasileiro da Qualidade e Produtividade do Habitat PCMSO – Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional PDCA – Plan, Do Check e Act PIB – Produto Interno Bruto PPRA – Programa de Prevenção de Riscos Ambientais RCC – Resíduo da Construção Civil SESMT – Serviço Especializado em Engenharia de Segurança e em Medicina do Trabalho SiAC – Sistema de Avaliação da Conformidade de Serviços e Obras SUMÁRIO INTRODUÇÃO ................................................................................................... 12 1.1. OBJETIVO GERAL: .................................................................................... 13 1.2. OBJETIVOS ESPECIFICOS: ...................................................................... 13 JUSTIFICATIVA................................................................................................. 14 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA .............................................................................. 15 3.1. SISTEMA DE GESTÃO DE QUALIDADE ............................................................... 15 3.2. ISO 9000 ..................................................................................................... 17 3.3. SIAC/PBPQ-H ............................................................................................. 19 3.4. BENEFÍCIOS DA IMPLANTAÇÃO E CERTIFICAÇÃO DO SGQ .................................. 20 3.5. DIFICULDADES NA IMPLANTAÇÃO E CERTIFICAÇÃO DO SGQ ............................... 21 METODOLOGIA ................................................................................................ 22 DESENVOLVIMENTO ....................................................................................... 23 5.1. GESTÃO DE QUALIDADE NO CANTEIRO DE OBRAS. ............................................ 23 5.2. TIPO DE CANTEIRO DE OBRAS. ....................................................................... 23 5.3. PADRONIZAÇÃO DO CANTEIRO DE OBRAS. ....................................................... 24 5.4. FUNÇÕES DO CANTEIRO DE OBRAS. ................................................................ 24 5.5. PLANEJAMENTO DO CANTEIRO DE OBRAS ........................................................ 26 5.6. FASES DO CANTEIRO DE OBRA ....................................................................... 29 5.7. GESTÃO DO CANTEIRO DE OBRA. ..................................................................... 30 5.8. TREINAMENTO E CAPACITAÇÃO DA MÃO DE OBRA .............................................. 32 5.9. PROGRAMA DE TREINAMENTO ESPECÍFICO DA OBRA.......................................... 32 5.10. BENEFÍCIOS DO TREINAMENTO E CAPACITAÇÃO DA MÃO DE OBRA PARA O CANTEIRO DE OBRAS. ............................................................................................................... 33 5.11. SAÚDE E SEGURANÇA DO TRABALHO NO CANTEIRO DE OBRAS ........................... 34 5.12. (PCMAT) – PROGRAMA DE CONDIÇÕES E MEIO AMBIENTE DE TRABALHO NA INDÚSTRIA DA CONSTRUÇÃO CIVIL. ............................................................................ 355.13. (PCMSO) PROGRAMA DE CONTROLE MÉDICO DE SAÚDE OCUPACIONAL. .......... 36 5.14. (PPRA) PROGRAMA DE PREVENÇÃO DE RISCOS AMBIENTAIS. .......................... 36 5.15. (CIPA) COMISSÃO INTERNA DE PREVENÇÃO DE ACIDENTES. ............................. 36 5.16. CONTROLE DE MATERIAIS E SERVIÇOS CONTROLADOS NO CANTEIRO DE OBRAS .. 37 5.17. LISTA DE MATERIAIS E SERVIÇOS CONTROLADOS NO CANTEIRO DE OBRA. ........... 37 5.18. CUIDADOS NOS PROCEDIMENTOS DE EXECUÇÃO DE SERVIÇOS CONTROLADOS. ... 38 5.19. CUIDADOS NOS PROCEDIMENTOS DE INSPEÇÃO DE SERVIÇOS CONTROLADOS. .... 39 5.20. CUIDADOS NOS PROCEDIMENTOS DE RECEBIMENTO DE MATERIAIS CONTROLADOS. 40 5.21. CUIDADOS NO ARMAZENAMENTO DE MATERIAIS CONTROLADOS. ........................ 40 5.22. DIFICULDADES NA IMPLANTAÇÃO DO SISTEMA DE GESTÃO DA QUALIDADE. ........... 41 CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES ............................................................ 43 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ......................................................................... 44 12 INTRODUÇÃO No atual momento da construção civil em que as empresas do setor que estão inseridas no ramo de construção de residências no Brasil, apresentam uma queda em seus lucros e investimentos, ocasionados por anos agitados na política, mas com uma expectativa de melhoras (NAKAMURA, 2019). De acordo com os dados do IBGE a diminuição do PIB (Produto Interno Bruto) vem afetando as empresas do ramo da construção civil com a redução, fazendo com que as empresas do ramo busquem formas de aumentarem seus lucros através da qualidade do produto, aumento da produtividade, controle de gastos, desperdício de materiais e mão de obra, reduzindo prazos através de planejamento, com esse contexto vem à aplicação do sistema de gestão de qualidade (CARVALHO, 2019). Figura 1 – PIB Construção Civil FONTE: IBGE, 2018. Muitas construtoras do ramo estão implantando o Sistema de Gestão da Qualidade (SGQ) em suas obras residenciais em busca de melhorias e também na economia de matérias através da padronização que o Sistema de Gestão de Qualidade traz para a obra, transformando a forma construtiva artesanal que víamos 13 antigamente em construções executadas com ferramentas aprimoradas, processos construtivos e acompanhamentos benéficos a construção. Através da boa gestão do canteiro que se podem garantir prazos, custos e qualidade que tenham sido pré-determinados nas etapas de projeto, fatores essenciais para que o desempenho das empresas melhore. 1.1. OBJETIVO GERAL: Averiguar a administração do canteiro de obras residenciais utilizando a gestão da qualidade. 1.2. OBJETIVOS ESPECIFICOS: Demonstrar partes importantes do Sistema de Avaliação da Conformidade de Empresas de Serviços e Obras (SIAC) da Construção Civil e o Programa Brasileiro de Qualidade e Produtividade do Habitat (PBQP-H) quanto ao canteiro de obras. Expor sobre alguns conceitos de qualidade bem como a importância do Sistema de Gestão da Qualidade incorporado no canteiro de Obras e no que isso impacta. Apresentar algum critério incluído no canteiro de obras em residências. 14 JUSTIFICATIVA A motivação do respectivo trabalho foi à necessidade observada no canteiro de obras referente à organização, desperdício, padronização do serviço, juntamente com a necessidade e preocupação dos clientes que são prazos, custos e qualidades na obra. Com o crescimento do mercado da construção civil, principalmente para habitações voltadas ao interesse social, a necessidade de gestão adequada é essencial, pois resulta em inúmeros benefícios como a qualidade de material, ganho de tempo, custo e produtividade, entretanto a falta de controle é evidenciada em diversas edificações. Como também falta de gerenciamento é visto como uma problemática recorrente nas construções de interesse social (SOUSA; ARAÚJO; ALBUQUERQUE BISNETO, 2016). Todos esses fatores podem ser controlados e melhorados dentro do próprio canteiro de obras, através de uma gestão que vai desde o engenheiro responsável pela obra até o pedreiro e seu servente que estão assentando blocos cerâmicos. Segundo Limmer (2010), o prazo de execução é determinado a partir do elenco de atividades a serem executadas, da sua sequência lógica, do seu inter- relacionamento, da metodologia e dos processos de execução e da disponibilidade dos recursos. O sistema de gestão de qualidade traz ferramentas e métodos em que possibilitam assegurar o controle e melhorias contínuas nas obras, que por sua vez se encaixam dentro de normas do mercado para que empresas busquem a possibilidade de financiamento bancários, que exigem essas conformidades. Ainda é muito notório nas obras residenciais em Curitiba e Região Metropolitana, o armazenamento inadequado dos materiais o que ocasiona muita perda dos mesmos, lixos impróprios e poluição. 15 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 3.1. Sistema de Gestão de Qualidade O Sistema de Gestão de Qualidade é um processo que tem como objetivo aprimorar os processos de execução dos serviços, atrair clientes, diminuir o desperdício de materiais para a execução de determinados serviços, padronização dos serviços realizados por diferentes equipes ou trabalhadores, entre outras mais melhorias. Qualidade é o conjunto de todas as características de um produto, desde o marketing até a assistência técnica, que determina o grau de satisfação das exigências do cliente. O Ministério das Cidades no do regimento do Sistema de Avaliação da Conformidade de Empresas de Serviços e Obras da Construção Civil (PBPQ-H, 2005) define o SGQ como: Estrutura organizacional, responsabilidades, procedimentos, atividades, capacidades e recursos que, em conjunto, têm por objetivo demonstrar a capacidade da empresa de fornecer produtos e serviços que atendam de uma forma consistente aos requisitos do cliente e aos requisitos estatutários e regulamentares aplicáveis. (PBPQ-H, 2005). A Gestão de Qualidade tem várias abordagens que a definem, sendo elas muito variadas dependendo de sua necessidade. Segundo Garvin (1992) apresenta cinco diferentes abordagens para as definições da qualidade: Abordagem Transcendental, Abordagem baseada no Produto, Abordagem baseada no Usuário, Abordagem baseada na Produção e a Abordagem baseada no Valor. Mesmo as abordagens possuindo diferenças entre si, inclusive às vezes conflitantes, podem ser consideradas que, na área da construção civil, as visões da qualidade que devem se sobressair é a que se baseasse no valor e na produção. O mercado da construção civil tem se encontrado pressionado por clientes que exigem cada vez mais qualidade em seus empreendimentos, por cliente que exigem prazos de entregas diferenciados dos costumes, por uma crise no setor que vem exigindo uma economia nos gastos, pode-se concluir que esta abordagem é a que melhor atende às necessidades do setor da construção atualmente. 16 Abordagem baseada na produção: tem-se uma ênfase na busca pela quantidade mínima de defeitos em produtos ou falhas em serviços. Sua fraqueza encontra-se na negligência ao que os consumidores requerem como características que vão além da simples conformidade (GARVIN, 1992). Abordagem baseada no valor: pode-se afirmar que esta abordagem traz uma avaliação de uma relação do tipo custo-benefício para que se determine a qualidade de um produto ou serviço, segundo Garvin (1992), pode-se considerar que esta visão considera simultaneamente o desempenho e a conformidade às especificações com os seus respectivos preços ou custos. Figura 2 - Ciclo da Qualidade em empresas de construção e incorporação FONTE: Adaptado de PICCHI, 1993. 17 3.2. ISO 9000 Em 1987 houve a criação da série de normas ISO 9000, referente ao controle da qualidade nos processosde uma organização, a falta de financiamento e a crise econômica dos anos oitenta, foram os grandes fatores que estimularam construtoras e incorporadoras a estudar a implantação da qualidade na construção civil para reduzir os custos das novas obras, tentando viabilizar seus empreendimentos (ROMAN, 2013). De acordo com Depexe e Paladini (2007), a busca pela implantação de sistemas de qualidade teve origem em meados dos anos 90, com base na série de várias normas da ISO e, em seguida, no Programa Brasileiro da Qualidade e Produtividade do Habitat (PBQP-H). De acordo com a NBR ISO 9000, a norma que traz as definições utilizadas dentre as normas da série ISO 9000, um SGQ pode ser definido como um conjunto de elementos inter-relacionados ou interativos de uma organização para estabelecer políticas, objetivos e processo para alcançar esses objetivos, com relação à qualidade (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA, 2015). A implantação de um sistema de gestão da qualidade proporciona além da possibilidade de ampliar mercados, uma série de vantagens para as empresas aumentarem o nível de organização interna, o controle da administração e a produtividade. Além desses benefícios, também leva a redução de custos e do número de erros e melhora a credibilidade junto a seus clientes (CASSIMIRO, 2016). É através desses programas, que os empresários do setor almejam conquistar e proporcionar competitividade através da melhoria da qualidade nos produtos e nos processos como um todo, partindo do planejamento da a sua execução no canteiro de obras. As certificações setoriais estão sendo um primeiro passo para aqueles que quiserem realmente implementar um sistema de gestão da qualidade, assim muitas das empresas de projeto que já têm um nível de organização razoável, estão hoje passando por uma preparação intensa, visando obter um certificado ISO 9001. O entendimento e a gestão dos processos inter-relacionados como um sistema contribuirá para que a organização seja capaz de alcançar os resultados por ela buscados. Tal gestão dos processos pode ser alcançada utilizando-se o ciclo Plan- Do-Check-Act (PDCA), com um foco geral na mentalidade de risco, buscando-se 18 identificar oportunidades e prevenir resultados não planejados (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA, 2015). Figura 3 - Ciclo PDCA Fonte: Adaptado de MARCONDES, 2015. a) Plan (planejar): envolve buscar estabelecer a finalidade do SGQ e seus processos, definição de metas e métodos para obter os resultados (MARCONDES, 2015). b) Do (fazer): treinamentos para aplicar o que foi planejado e enfim executar (MARCONDES, 2015). c) Check (checar): verificar os resultados tendo como base o que foi planejado (MARCONDES, 2015). d) Act (agir): Realizar ações que busquem a melhoria do desempenho, de acordo com as necessidades, aplicar medidas corretivas e replanejar iniciando o ciclo (MARCONDES, 2015). O sistema de qualidade deve garantir a qualidade dos processos, identificar no ciclo da qualidade da empresa, incluindo processos técnicos das obras, processos comerciais, processos administrativos, processos de informática e também nos processos financeiros da organização. 19 3.3. SiAC/PBPQ-H O Sistema de Avaliação da Conformidade de Empresas de Serviços e Obras da Construção Civil (SiAC) do Programa Brasileiro da Qualidade e Produtividade do Habitat (PBQP-H), é um instrumento do Governo Federal instituído, originalmente, em 1998 como programa brasileiro da qualidade e produtividade da habitação. (DANILEVICZ, 2014). O PBPQ-H tem como objetivo organizar o setor da construção civil de modo a obter a melhoria da qualidade e modernização da produção, utilizando para isso a qualificação de todos os envolvidos, desde as construtoras, mão de obra, materiais até mesmo os fornecedores de serviços. O SiAC, é destinado a avaliar a conformidade das empresas de serviços e obras no setor da construção civil, através de auditorias e certificação, tem como base a ISO 9001:2015. Em seu escopo, tem-se uma série de requisitos relacionados ao controle técnico da execução das obras e dos serviços, controle da estocagem dos materiais utilizados nas obras, dos equipamentos, materiais e ferramentas, bem como o alinhamento dos requisitos de desempenho do projeto com os da norma de desempenho ABNT NBR 15575:2013 (Desempenho de Edificações Habitacionais) (MOSQUEIRA, 2018). Dentro dos requisitos do PBQP-H que podem ser aplicados no armazenamento de materiais com o auxílio da gestão da qualidade no canteiro de obras que tem como as seções principais a gestão de recursos e execução da obra. Na gestão de recursos a construtora deve identificar prover e manter uma infraestrutura capaz de atender a necessidade da construção, bem como das pessoas responsáveis pela execução e planejamento. Todas as estruturas propostas devem ser locadas dentro do canteiro de forma organizada e funcional, tais como o canteiro com seus respectivos ambientes: áreas administrativas, instalações necessárias, ferramentas e equipamento relacionados ao processo de produção e serviços de apoio áreas de vivência, transportes e meios de comunicação. Quanto na execução da obra abrange a descrição dos requisitos de projeto e da obra, bem como a definição do Plano da Qualidade da Obra (PQO). Além disso, devem ser desenvolvidos documentos relativos à organização de todos os processos 20 e serviços, o levantamento de materiais e equipamentos, treinamento da mão de obra e planos para destinação final dos resíduos sólidos. A elaboração dessa documentação impacta positivamente o canteiro que terá um plano de execução e gestão para todas as fases até o final da construção, com garantia da qualidade do produto final por minimizar as perdas e maximizar o produto final. O controle dos projetos e de alterações de projetos tem uma grande relevância no canteiro de obras, para uma boa estratégia de logística e de e de modificações do arranjo do canteiro. A construtora deve planejar, implementar e controlar processos operacionais referentes à execução da obra, atendendo aos requisitos para fornecimento de materiais e serviços. 3.4. Benefícios da implantação e certificação do SGQ Pode-se verificar que são muitos os benefícios advindos da implantação e da certificação de SGQs para as empresas construtoras. A literatura aponta que os benefícios giram em torno, principalmente, do aumento da qualidade do produto entregue, consequência direta de um dos principais objetivos destes sistemas de gestão, redução na quantidade de retrabalho e consequente redução dos custos e desperdícios a ele associados, bem como o aumento da satisfação dos clientes. Estes são apenas alguns dos benefícios listados por Fraga (2011). Benetti (2006) destaca, num estudo realizado com nove empresas construtoras do estado do Paraná, que os principais resultados benéficos apontados por essas empresas envolvem também melhorias na organização interna e no controle e planejamento da gerência, bem como melhorias na qualidade do produto final, sendo este aspecto considerado o de maior relevância. Mosqueira (2018) levanta a vantagem dos aspectos financeiros envolvidos na certificação de qualidade proveniente do SiAC/PBQP-H. Diversas instituições financeiras, condicionam o financiamento de crédito à obtenção do certificado de qualidade. Por exemplo, a Caixa Econômica Federal oferece diferentes modalidades de financiamento dentro do programa Minha Casa Minha Vida, do governo Federal, em que é necessário que o empreendimento tenha certificação no PBQP-H para conseguir o crédito (MOSQUEIRA, 2018). 21 Outras vantagens observadas na literatura de maneira geral são: ganho de credibilidade junto ao cliente, aumento na lucratividade, maior atendimento das demandas dos clientes, maior organização e segurança no canteiro de obras, melhoriada comunicação interna, entre outras (MOSQUEIRA, 2018; COSTA, 2016; FRAGA, 2011). 3.5. Dificuldades na implantação e certificação do SGQ Existem muitas dificuldades por parte das construtoras que buscam a implantação de um SGQ baseado no SiAC/PBQP-H, as dificuldades que são importantes e devem levadas muito em conta durante o processo de decisão de adesão ao programa, podem-se destacar problemas com a mão de obra e com o volume de documentação requerido pelo SGQ. A maioria dos problemas com a mão de obra é a dificuldade mais presente no processo de implantação e manutenção do SGQ. A grande resistência da mão de obra com relação à compreensão da necessidade de cumprimento dos requisitos e às mudanças a serem introduzidas no canteiro de obras é citada pela maioria dos autores e trazem prejuízo ao bom funcionamento do sistema (FRAGA, 2011; BENETTI, 2006). São diversos os fatores que contribuem para que exista essa dificuldade, como por exemplo, a alta rotatividade muito grande no setor da construção civil, que se coloca como obstáculo ao treinamento e a capacitação nos serviços padronizados (MOSQUEIRA, 2018). 22 METODOLOGIA O trabalho foi desenvolvido através de experiência obtida ao longo de um ano e seis meses em uma construtora de grande porte, onde tive a possibilidade de observar e de realizar um estudo prático dentro do canteiro de obras, e de pesquisas bibliográficas em torno do tema de canteiro de obras residenciais e da Gestão de Qualidade em Obras e SiAC/PBQP-H. Através dessas informações, a monografia apresenta partes do processo de gestão de qualidade baseada no SiAC/PBQP-H visando o canteiro de obras. Com isso, é realizada uma análise de diversas opções de armazenamento dos materiais para uma construtora dentro do canteiro de obras, apontando algumas dificuldades observadas com a experiência vivida em campo. Como fonte, foram utilizados artigos acadêmicos, portais na internet do governo federal e de órgãos normativos, conteúdo de aulas e documentos de qualidade da construtora. 23 DESENVOLVIMENTO 5.1. Gestão de Qualidade no canteiro de obras. O canteiro de obras pode ser definido como o local que irá dar auxílio por tempo determinado ou não, para que a construção de certa estrutura possa ser executada. O canteiro de obras assim como o trabalho como um todo dentro da Construção Civil segue normas de segurança em sua execução, essas normas são denominadas de NR’s, essas NR’s são divididas em 37 Normas, a norma que se aplica no canteiro de obras é a NR18. A NR18 (2018) – Condições e Meio Ambiente de Trabalho na Indústria da Construção - define o canteiro como: “Área de trabalho fixa e temporária onde se desenvolvem operações de apoio e execução de uma obra”. A NBR12284 – Áreas de Vivência em Canteiro de Obras define como: “Áreas destinadas à execução e apoio dos trabalhos da indústria da construção, dividindo-se em áreas operacionais e áreas de vivência”. A adequação da construção civil necessitava que seu canteiro de obras, onde desde década de 70 até os dias atuais não parou de evoluir para atender as exigências de um mercado tão exigente e competitivo, colocando assim o canteiro de obras como o coração da gestão da obra, dando uma alta importância (BRAGA, 2016). 5.2. Tipo de Canteiro de Obras. Os canteiros de obra são muito variáveis, podendo eles ser enquadrados dentro de três tipos, nos quais são divididos em restritos, amplos, longos e estreitos. Tendo o tipo Restrito como o utilizado em obras residenciais em específico. TIPO DESCRIÇÃO 1 - RESTRITOS A CONSTRUÇÃO OCUPA O TERRENO COMPLETO OU UMA ALTA PERCENTAGEM DESTE. ACESSOS RESTRITOS. EXEMPLOS CONSTRUÇÕES EM ÁREA CENTRAIS DA CIDADE, AMPLIAÇÕES E REFORMAS. 2 - AMPLOS A CONSTRUÇÃO OCUPA SOMENTE UMA PARCELA RELATIVAMENTE PEQUENA DO TERRENO. HÁ DISPONIBILIDADE DE ACESSOS PARA VEÍCULOS E DE ESPAÇO PARA ÁREAS DE ARMAZENAMENTO E ACOMODAÇÕES DE PESSOAL. 24 EXEMPLOS CONSTRUÇÃO DE PLANTAS INDUSTRIAIS, CONJUNTOS HABITACIONAIS HORIZONTAIS E OUTRAS GRANDES OBRAS COMO BARRAGENS OU USINAIS HIDRELÉTRICAS. 3 – LONGOS E ESTREITOS SÃO RESTRITOS EM APENAS UMA DAS DIMENSÕES, COM POSSIBILIDADE DE ACESSO EM POUCOS PONTOS DO CANTEIRO. EXEMPLOS TRABALHOS EM ESTRADAS DE FERRO E RODAGEM, REDES DE GÁS E PETRÓLEO, E ALGUNS CASOS DE OBRAS DE EDIFICAÇÕES EM ZONAS URBANAS. Tabela 1 - Tipos de canteiro, adaptado de Illingworth (1993). Segundo Saurin (2006) é aconselhado que o início da obra se desse a partir da divisa mais problemática do canteiro, onde o principal objetivo é evitar que se tenha de fazer serviços em tal divisa nas fases posteriores da execução da obra, quando a construção de outras partes da edificação dificulta o acesso a este local. Os motivos que podem determinar as características de uma divisa são vários, como a existência de um muro de arrimo, vegetação de grande porte, vegetação protegida ou até de um desnível acentuado, comprometendo o tempo de entrega da obra. A criação de áreas utilizáveis no nível do térreo o mais cedo possível é indicada especialmente à obra nas quais o subsolo ocupa quase a totalidade do terreno, dificultando muito na fase inicial da construção a existência de layout permanente, os quais possam ser aproveitados para locação de instalações provisórias e de armazenamento, com a finalidade de facilitar os acessos de veículos e pessoas, além de propiciar um caráter de longo prazo de existência para as referidas instalações. 5.3. Padronização do Canteiro de Obras. Segundo Saurin (2006) a padronização de um canteiro de obras é o estilo mais comum dentro de empresas de grande porte no ramo de construções residenciais, na qual através da experiência adquirida sob o tempo e com estudos, é elaborado canteiro de obras com padrões, desde cores quais as áreas de vivencias serão pintadas até o material que será usado na construção do muro de divisa do terreno e do canteiro de obras com os demais. 5.4. Funções do Canteiro de Obras. É no canteiro de obra que o processo da transformação das diversas matérias primas, da mão de obra, materiais e equipamentos em obra construída ocorrem. Para 25 que essa transformação aconteça, se estabelecem várias linhas de produção que se deslocam para gerar um produto final que permanece fixo durante todo o processo de construção. Segundo Braga (2016), é preciso também fornecer locais adequados e seguros para suprir as necessidades básicas humanas de alimentação, higiene, descanso, lazer, convivência, bem como áreas de apoio à produção. Toda a área do canteiro de obras, desde o apoio a produção, armazenamento de materiais até mesmo a área de vivência, atendem a algumas funções básicas de um canteiro de obras funcional (FONSECA, 2013). A integração de todos os elementos que compõem o grupo de produção deve estar muito bem interligada, pois a falha de um deles poderá resultar em serviços ineficientes. Reduzir as distâncias com um layout bem planejado, entre os diversos elementos que são utilizados na produção ao mínimo possível, para que ajam velocidade e praticidade no desenvolvimento do serviço e não perca de tempo e movimento gerando custo desnecessário a empresa. A Localização de áreas de armazenamento e de locais de trabalho devem estabelecer algumas exigências na operação, de modo que se tenha um caminho contínuo e sem atraso de mão de obra, materiais e equipamentos. Deve se evitar ao máximo, cruzamentos e retornos de locais impróprios (LIMMER, 2010). Caso necessário, prever tratamento das superfícies de circulação ou, no mínimo, um revestimento adequado que permita uma boa movimentação de funcionários, maquinário e algumas ferramentas. A definição da locação dos espaços para baias, locais de armazenamentos, escritóriosentre outras locais das áreas de vivencia e de produção. A criação de várias armações de madeiras conhecidas como Jirau num almoxarifado poderá receber uma série de materiais de pequeno porte, dando uma boa organização. Segundo Fraga (2011) para que aja produtividade, as condições adequadas de trabalho e de segurança ao funcionário trazem uma melhoria no trabalho, sendo assim, os motivando para produzir bem e com qualidade. A construção de uma obra residencial, sendo ela um prédio ou uma casa, tendo um processo flexível e dinâmico, no qual a configuração do sistema de produção se altera constantemente, deve ser sempre possível adequar as instalações ao processo 26 produtivo, sem muita dificuldade, analisando assim todas as possibilidades sem exceções. 5.5. Planejamento do Canteiro de Obras No planejamento, o projeto do canteiro pode ser adquirido por meio de um procedimento sistemático, definido por algumas etapas básicas, como: a análise preliminar, o arranjo físico geral, arranjo físico detalhado, detalhamento de cada uma das instalações e cronograma de execução. Análise preliminar é a etapa onde devem ser coletados e analisados todos os dados necessários para o desenvolvimento do canteiro. Tendo sido realizada a padronização na empresa, com isso esta etapa ocorre de maneira muito mais rápida, já que boas partes das informações necessárias já estarão disponibilizadas através de um procedimento que foi estudado, elaborado e testado. Alguns exemplos das informações que serão requeridas para alimentar as etapas subsequentes de acordo com SAURIN; FORMOSO (2006) são: O levantamento das necessidades do canteiro pode determinar e listar todos os elementos que serão necessários dentro do canteiro de obras, onde serão locados e suas dimensões aproximadas através de um gabarito. Informações do local da obra vão disponibilizar informações ligadas ao terreno e ao seu entorno, como por exemplo, a localização das árvores no terreno e na calçada à frente, instalações de infraestrutura pré-existente (redes de esgoto, rede elétrica, etc.), desníveis no terreno, etc. A parte técnica da obra vai depender da técnica construtiva utilizada, os dados e áreas necessárias para o canteiro irão se modificar de acordo com a fase da obra, portanto, deve-se estar claramente definida as técnicas que serão utilizadas nas diferentes fases da obra (OLIVEIRA; SERRA, 2006). O cronograma da mão de obra se baseia na entrada do planejamento onde a quantidade de operários necessários varia para cada fase do canteiro de obras, isto é, a fase inicial, fase de pico máximo de pessoal e a fase de desmobilização do canteiro. A observação ao cronograma físico-financeiro da obra é necessária para determinar o cronograma do layout, com isso determinar como o arranjo físico do 27 canteiro ira se comportar ao longo do tempo e de acordo com as diferentes etapas da obra. O arranjo físico geral envolve a definição dos tamanhos das áreas de operação, produção e de vivência, devendo ser dimensionadas de acordo com o abordado na NR-18 (2018). De acordo com Souza (2000), etapa de detalhe das instalações, o planejamento trás a definição dos detalhes dentro da infraestrutura exigida para o funcionamento das instalações provisórias, tais como quantidades e tipos de mobiliário, técnicas voltadas para o armazenamento e transporte de cada material, tipo de pavimentação de onde irão circular os materiais e as pessoas, etc. O cronograma do layout em questão deverá conter as fases do arranjo em sequência, bem como mostrar as etapas da obra que influenciarão diretamente no layout (SAURIN, 2006). O canteiro de obras se divide por elementos os de apoio e os de produção que vão de acordo com as exigências da Segurança do Trabalho, desta forma tanta área de apoio quanto à de produção devem estar de acordo com a NR18 (2018), que são simplesmente as partes associadas às funcionalidades de um canteiro de obras e que poderão estar presentes a depender de cada uma das necessidades de cada obra. ELEMENTOS PRODUÇÃO CENTRAL DE ARGAMASSA; PÁTIO DE ARMAÇÃO (CORTE/DOBRA/PRÉ-MONTAGEM); CENTRAL DE FÔRMAS; CENTRAL DE PRÉ-MONTAGEM DE INSTALAÇÕES; CENTRAL DE ESQUADRIAS; CENTRAL DE PRÉ-MOLDADOS. 28 APOIO A PRODUÇÃO ALMOXARIFADO DE FERRAMENTAS; ALMOXARIFADO DE EMPREITEIROS; ESTOQUE DE AREIA; ESTOQUE DE ARGAMASSA INTERMEDIÁRIA; SILO DE ARGAMASSA PRÉ-MISTURADA A SECO; ESTOQUE DE CAL EM SACOS; ESTOQUE DE CIMENTO EM SACOS; ESTOQUE DE ARGAMASSA INDUSTRIALIZADA EM SACOS; ESTOQUE DE TUBOS; ESTOQUE DE CONEXÕES; ESTOQUE RELATIVO AO ELEVADOR; ESTOQUE DE ESQUADRIAS; ESTOQUE DE TINTAS; ESTOQUE DE METAIS; ESTOQUE DE LOUÇAS; ESTOQUE DE BARRAS DE AÇO; ESTOQUE DE COMPENSADO PARA FÔRMAS; ESTOQUE DE PASSARELA PARA CONCRETAGEM. SISTEMAS DE TRANSPORTE COM DECOMPOSIÇÃO DE MOVIMENTO NA HORIZONTAL: CARRINHO; JERICA; PORTA-PALETE; “DUMPER”; “BOB-CAT”; NA VERTICAL: SARILHO; TALHA; GUINCHO DE COLUNA; ELEVADOR DE OBRAS. SISTEMAS DE TRANSPORTE SEM DECOMPOSIÇÃO DE MOVIMENTO GRUAS: TORRE FIXA; TORRE MÓVEL SOBRE TRILHOS; TORRE GIRATÓRIA; TORRE ASCENSIONAL; GUINDASTES SOBRE RODAS OU ESTEIRAS; BOMBAS: DE ARGAMASSA; DE CONCRETO. DE APOIO TÉCNICO/ADMINISTRATIVO ESCRITÓRIO DO ENGENHEIRO E ESTAGIÁRIO; SALA DE REUNIÕES; ESCRITÓRIO DO MESTRE E TÉCNICO; ESCRITÓRIO ADMINISTRATIVO RECEPÇÃO / GUARITA; CHAPEIRA DE PONTO / RELÓGIO PONTO. OUTROS ELEMENTOS ENTRADA DE ÁGUA ENTRADA DE LUZ; COLETA DE ESGOTOS; PORTÃO DE MATERIAIS; PORTÃO DE PESSOAL; “STAND” DE VENDAS. DE COMPLEMENTAÇÃO EXTERNA À OBRA RESIDÊNCIA ALUGADA/COMPRADA; TERRENO ALUGADO/COMPRADO; CANTEIRO CENTRAL. Tabela 2 - Elementos de um canteiro de obras (SOUZA, FRANCO, et al., 1997). 29 5.6. Fases do Canteiro de Obra O canteiro de obras é de grande flexibilidade dentro da obra qual vai se modificando de acordo com as necessidades da mesma, podendo os seus elementos estar em locais diferentes de acordo com a evolução dela (SAURIN; FORMOSO, 2006). As fases do canteiro devem ser definidas de acordo aos demais projetos da obra, buscando sempre identificar as etapas chaves que possam acabar em alterações muito significativas dentro dos espaços do canteiro (SAURIN; FORMOSO 2006). Algumas fases que são consideradas comuns a todos os canteiros, são arquitetadas considerando os momentos de execução, isto é, as etapas em que frequentemente são necessárias mudanças no desenho físico do canteiro: A fase inicial são os primeiros passos da obra, quando ocorre o processo de retirada de terra no terreno e quando há a implantação das instalações provisórias. A respectiva etapa dura até a execução da infraestrutura e desforma da laje do térreo, e dependendo da obra, podendo ir até o início do pavimento tipo (GUIMARÃES, 2013). Segundo Saurin (2006), algumas construtoras encontram muita dificuldade nesta fase do canteiro para realizar a locação das instalações provisórias, bem como as áreas destinadas ao armazenamento e à descarga de materiais dentro da obra, quando se trata de canteiros restritos. Quando a construção ocupa uma porcentagem grande do terreno e havendo outros obstáculos no terreno, como vegetação ou desníveis significativos, geram-se dificuldades de se alocar os elementos da maneira que foram previamente planejados. A fase de pico máximo de operários dentro do canteiro sobrevém geralmente quando se inicia a execução da supraestrutura, pois ocorre um aumento nas frentes de trabalho, consequentemente um grande aumento na demanda por espaços, sendo eles para materiais, mão de obra ou equipamentos e ferramentas. Segundo Saurin (2006), é muito comum que nessa fase ocorra a transferências de algumas áreas do canteiro de obras para o interior de áreas construídas, algumas com restrições de espaço, sendo decorrentes da necessidade crescente de espaço deacordo com a evolução da obra. Durante o planejamento, podem ser adiadas execuções de determinadas paredes ou também prever o uso de divisórias, muitas 30 das vezes feitas de tapumes utilizados nas antigas áreas de vivência, tudo para que se possa garantir a continuidade da produção dos serviços e garantir a segurança do canteiro de obras. A fase de encerramento ou entrega da obra, é a fase em que a obra se encontra em seus acabamentos finos ou de Check list, fase em que a presença constante do engenheiro civil de produção no canteiro de obras se torna frequente, pois é nessa fase de finalização que quaisquer problemas devem ser resolvidos o mais breve possível, tendo sempre uma equipe pronta e especializada para essa fase da obra. 5.7. Gestão do canteiro de obra. A gestão da qualidade é composta de ferramentas que tem por objetivo melhorar a gestão de uma construtora a fim de aperfeiçoar sua produtividade, diminuir custos e garantir a satisfação dos clientes através do atendimento dos requisitos que estes consideram importantes (SAURIN; FORMOSO 2006). A implantação de um sistema de gestão da qualidade proporciona além da possibilidade de ampliar mercados, uma série de vantagens para as empresas aumentarem o nível de organização interna, o controle da administração e a produtividade. Além desses benefícios, também leva a redução de custos e do número de erros e melhora a credibilidade junto a seus clientes (CASSIMIRO, 2016). De acordo com o referencial normativo do SiAC/PBQP-H há, dentre seus requisitos, alguns especificamente voltados para o planejamento do canteiro de obras. De acordo Plano de Qualidade da Obra (PQO), um importante documento da qualidade apontado no item 8.1.1 do referencial normativo SiAC, deve ser previsto um projeto exclusivamente para o canteiro de obras, destacando-se a necessidade e a importância do seu planejamento. (BRASIL, 2018). Os requisitos da ISO9001 que podem ser aplicados diretamente à gestão da qualidade dos canteiros de obra são a Infraestrutura, onde a empresa deve prover e manter um canteiro de obras para a operação dos seus processos e para alcançar a conformidade de produtos e serviços. E o canteiro de obras deve possuir: Edifícios e utilidades associadas; Equipamentos, incluindo materiais, máquinas, ferramentas, etc. e software; Recursos para transporte e Tecnologia da informação e de comunicação (CASSIMIRO, 2016). 31 A construtora deve prover e manter um canteiro de obras para a operação dos seus processos de produção e administração para alcançar a conformidade de produtos e serviços. Um ambiente adequado pode ser a combinação de fatores humanos e físicos (SAURIN; FORMOSO 2006). O social, por exemplo, não discriminatório, calmo, não confrontante, já o psicológico: redutor de estresse, preventivo quanto à exaustão, emocionalmente protetor e o físico: temperatura, calor, umidade, luz, fluxo de ar, higiene e ruído. O conhecimento organizacional, a construtora deve criar uma boa experiência com base em canteiros de obras anteriores, seus processos, operações e resultados, para que assim possa se basear a construção do novo canteiro, para que se tenha noção das necessidades e mudanças que deverão ser realizadas para a melhoria do novo empreendimento (ROMAN, 2013). As pessoas que têm o dever de gerenciar o canteiro de obras devem ter competência para realizarem o trabalho para que o desempenho e a eficácia de cada setor renda ótimo trabalho dentro do prazo e das normas. Essa competência deve vir de treinamentos, estudos e experiência na área. Segundo Carvalho (2019), empresa deve controlar dentro de seus canteiros o uso de infraestrutura e ambiente adequado para operação dos processos, a designação de pessoas competentes, incluindo qualquer qualificação requerida, e a execução de ações para prevenir qualquer erro humano. O canteiro deve possibilitar a preservação da integridade do produto com relação aos serviços já executados, dos materiais armazenados para o uso decorrente da obra (CARVALHO, 2019). Preservação pode incluir identificação, manuseio, controle de contaminação, embalagem, armazenamento, transmissão ou transporte e proteção. Atividades pós-entrega podem incluir ações sob provisões de garantia, obrigações contratuais como serviços de manutenção e serviços suplementares como reciclagem ou disposição final. Apesar desta perspectiva trazida por SGQ baseados no SiAC, a concepção e o planejamento do canteiro de obras têm tradicionalmente sido negligenciados por engenheiros e gestores de obra, de forma que as decisões a respeito da produção da obra são usualmente tomadas com base na experiência e tentativa e erro, ao longo de muitos anos de trabalho (FRAGA, 2011) . 32 O que vemos em muitos canteiros de obras e improviso, que geram soluções tomadas com base em decisões rápidas e sem qualquer planejamento, passíveis de gerar conflitos nas demais etapas da obra, que podem em algumas vezes acarretar gastos. 5.8. Treinamento e capacitação da mão de obra Segundo Saurin (2006) um dos aspectos mais importantes à aplicação de todas as demais medidas, uma vez que é extremamente necessário para a aplicação correta das diretrizes que a mão de obra tenha capacitação e treinamento, seja em termos de conscientização ou de habilidade técnica. O SiAC/PBQP-H, apresenta alguns requisitos que são voltados para a necessidade de desenvolvimento da mão de obra, apontado como objeto de responsabilidade da construtora. Alguns dos requisitos indicados para a empresa construtora é o conhecimento organizacional que pode envolver entre outros os procedimentos documentados para os serviços executados na obra; acesso a produtores de conhecimento como universidades, fornecedores e clientes; treinamentos; o conhecimento individual e o coletivo; recursos e processos necessários para prevenir a perda de conhecimento que possa ocorrer em diversas situações, como por exemplo, na rotação de pessoas ou por dificuldade na retenção e partilha de informação (SAURIN; FORMOSO, 2006). Assegurar que essas pessoas sejam competentes, com base em educação, treinamento ou experiência adequada. 5.9. Programa de treinamento específico da obra. Existem diversos métodos que visam à estruturação de um programa de treinamentos, porém é proposto um programa de treinamento específico obra de acordo com sua função. Realiza-se um levantamento buscando identificar muitas das necessidades dos trabalhadores ou da construtora dentro da obra através da verificação de problemas que são observados na obra, tais como pouca produtividade, desperdício de material, estocagem de material, quantidade elevada de retrabalho, números consideráveis de 33 acidentes, entre outros (MOSQUEIRA, 2018). Além disso, devem-se identificar treinamentos necessários apresentados por lei, em especial os treinamentos obrigatórios verificados nas Normas Regulamentadoras. Elaboram-se algumas programações, que através dos levantamentos da etapa de diagnóstico, é possível, realizar a programação, onde se definem os funcionários que vão participar do treinamento ou procedimento, o conteúdo dos treinamentos, as técnicas e os recursos utilizados, o local de treino, os períodos e duração dos treinos e as formas de avaliação dos resultados do treinamento. Na etapa de planejamento do conteúdo, deve-se determinar qual o conteúdo a ser ministrado no treinamento, levando-se em consideração as necessidades individuais de cada um dos funcionários, setor e as necessidades da construtora. Esta etapa é especialmente desafiadora dada às diferenças entre cada trabalhador, função e a dinâmica de aplicação do treinamento (SAURIN; FORMOSO, 2006). Execução: Nesta etapa executa-se aquilo que foi definido na programação e no planejamento do conteúdo. Avaliação: É avaliado todoo aprendizado dos funcionários que foram treinados, seja através de questionários referentes ao assunto tratado, não objetivando uma nota, mas com propósito de avaliar o conhecimento adquirido. É também interessante avaliar a opinião que os trabalhadores tiveram do treinamento para obter um retorno sobre a recepção da capacitação. 5.10. Benefícios do treinamento e capacitação da mão de obra para o canteiro de obras. Segundo Carvalho (2019) a importância do treinamento da mão de obra na implantação do SGQ voltada ao canteiro de obras, destacando algumas vantagens decorrentes do treinamento e capacitação para o canteiro de obras juntamente com a construtora. A disponibilidade de introdução de novos procedimentos e tecnologias de caráter industrial e produtivo, possibilitando tornar o canteiro mais racionalizado (CARVALHO, 2019). 34 Treinamentos voltados para a SST e introdução das NR’s do Ministério do Trabalho geram ganhos em segurança para o canteiro de obras, resultando em um ambiente com menos riscos e acidentes do trabalho (CARVALHO, 2019). A capacitação técnica dos engenheiros e de qualquer responsável pelo planejamento do layout do canteiro de obras permite a elaboração de projetos mais eficientes, bem como mais seguros do ponto de vista de movimentação de pessoas e de materiais. Treinamentos voltados para a conscientização em sustentabilidade podem garantir a devida designação dos resíduos gerados em obra para o cumprimento do PGRCC. Ainda, a capacitação técnica dos engenheiros e responsáveis em soluções sustentáveis para o canteiro pode ajudar a aumentar a sustentabilidade das obras. 5.11. Saúde e Segurança do Trabalho no canteiro de obras O canteiro de obras sem dúvidas é um local com riscos que os trabalhadores podem ficar ou serem expostos todos os dias (GUIMARÃES, 2013). Neste sentido, o normativo SiAC/PBQP-H também traz diretrizes para a área da segurança e da saúde do trabalhador da construção civil que trabalha de acordo com as normas regulamentadoras (NR’s) do MTE, o SiAC apresenta a obrigação, quando aplicável, de uma série de programas relacionados à segurança e saúde ocupacional no canteiro de obras, que visam a melhorar as condições do ambiente de trabalho e a diminuição dos riscos. O SiAC descreve que a empresa construtora deve determinar prover e manter um ambiente necessário para a operação de seus processos e para alcançar a conformidade de obras e serviços. Um ambiente adequado pode ser a combinação de fatores humanos e físicos, como: Social (não discriminatório, calmo, não confrontante); Psicológico (redutor de estresse, preventivo quanto à exaustão, emocionalmente protetor); Físico (temperatura, calor, umidade, luz, fluxo de ar, higiene, ruído) (MINISTÉRIO DO TRABALHO, 2018). Esses fatores podem se diferenciar substancialmente, dependendo das obras e serviços executados. O SiAC traz as definições dos meios para assegurar um ambiente de trabalho saudável e seguro, evidenciado pela apresentação de, quando aplicável: 35 comunicação prévia de início de obra à delegacia Regional do Ministério do Trabalho; Programa de Condições e Meio Ambiente de Trabalho na Indústria da Construção Civil - PCMAT; Programa de Prevenção de Riscos Ambientais - PPRA; Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional - PCMSO; constituição de Comissão Interna de Prevenção de Acidente - CIPA; 5.12. (PCMAT) – Programa de Condições e Meio Ambiente de Trabalho na Indústria da Construção Civil. O PCMAT é regulamento da NR-18, um projeto de Saúde e Segurança do Trabalho para o canteiro de obras. Busca definir minuciosamente parâmetros de segurança que devem ser rigorosamente observados nos canteiros de obras para prevenção de acidentes. É um documento que deve ser desenvolvido por um profissional legalmente capacitado e é responsabilidade da empresa que realiza os serviços no canteiro de obras. O PCMAT deverá também abranger todas as exigências da NR-9, referente ao Programa de Prevenção de Riscos ambientais. De acordo com a NR-18, o Programa deverá contemplar (MINISTÉRIO DO TRABALHO, 2018): Memorial sobre condições e meio ambiente de trabalho de tarefas e operações (riscos de acidentes e doenças ocupacionais, medidas preventivas); Projeto de execução de proteções coletivas, conforme as etapas da edificação; Especificações técnicas das proteções coletivas e individuais utilizadas; Cronograma de implantação das medidas preventivas definidas no PCMAT (também de acordo com os estágios da construção); Layout inicial e atualizado do canteiro de obras (previsão de dimensionamento das áreas de vivência); Programa educativo com a temática da prevenção de acidentes que deve ter uma carga horaria mínima. A elaboração e o cumprimento de todas as diretrizes do PCMAT são obrigatórios para obras que possuam 20 trabalhadores ou mais em qualquer das fases da obra. Para obras com 19 trabalhadores ou menos, permanece obrigatório apenas o Programa de Prevenção e Riscos Ambientais (PPRA) (MINISTÉRIO DO TRABALHO, 2018). 36 5.13. (PCMSO) Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional. O PCMSO trata-se de um regulamento que atende as exigências de saúde em termos de prevenção, rastreamento e diagnóstico relacionados ao ambiente de trabalho. Ele é regulamentado pela NR-07 do Ministério do Trabalho, e deve ser elaborada em acordo com as demais NR’s. O responsável pela elaboração deste programa é o médico do trabalho e quando aplicável deve incluir o planejamento e a execução de exames clínicos e complementares regulares em cada um dos trabalhadores, em que são gerados os Atestados de Saúde Ocupacional (ASO) (MINISTÉRIO DO TRABALHO, 2018). 5.14. (PPRA) Programa de Prevenção de Riscos Ambientais. O PPRA é um regulamento no qual são identificados os agentes de risco as situações de risco em cada setor do ambiente de trabalho, no caso da construção civil é no canteiro de obras, e para cada agente ou situação, são designadas medidas ou ações para prevenir os acidentes, onde se realiza a APR (Análise Preliminar de Risco). O PPRA é regulamentado pela NR-9 do Ministério do Trabalho, é uma parte integrante do conjunto de ações que a construtora deve buscar e que deve estar em consonância com todos os demais programas de SST. Os seguintes aspectos devem ser abordados no PPRA, segundo a NR-9 (MINISTÉRIO DO TRABALHO, 2017): Planejamento anual com estabelecimento de metas, prioridades e cronograma; Estratégia e metodologia de ação; Forma do registro, manutenção e divulgação dos dados; e Periodicidade e forma de avaliação do desenvolvimento do PPRA. 5.15. (CIPA) Comissão Interna de Prevenção de acidentes. A CIPA é a comissão interna responsável por avaliar e passa ao Serviço Especializado de Engenharia de Segurança e Medicina do Trabalho (SESMT) da empresa ações que promovam a prevenção de acidentes e de doenças decorrentes 37 do trabalho, regulamentada de acordo com a NR-5 (MINISTÉRIO DO TRABALHO, 2011). A CIPA é composta por representantes dos empregadores e dos empregados, sendo estes eleitos por eleição e aqueles designados pelos empregadores. CIPA exclusiva do canteiro: é aplicável em empresas responsáveis por obras que tenham 70 funcionários ou mais. Cada canteiro de obras tem uma CIPA exclusiva para discutir os assuntos referentes à segurança do trabalho (MINISTÉRIO DO TRABALHO, 2018). CIPA centralizada: é aplicável em empresas responsáveis por obras que tenham 70 funcionários ou menos, onde haverá uma CIPA responsável por todos os canteiros de obra (MINISTÉRIO DO TRABALHO, 2018). A comissão provisória da CIPA é aplicável para obras de duração menor ou igual que 180 dias, em que não é necessário o estabelecimento de uma CIPA. 5.16. Controle de materiais e serviços controlados no canteirode obras O SiAC/PBQP-H apresenta a necessidade de controle de uma série de materiais e de serviços que são considerados muito importantes na execução das obras. O regulamento traz como condição a criação de uma lista de materiais e serviços controlados em que o controle é realizado basicamente no canteiro de obras (CASSIMIRO, 2013). Deve se estabelecer lista de serviços de execução controlados e lista de materiais controlados, respeitando-se as exigências específicas dos Requisitos Complementares para os subsetores da Especialidade Técnica Execução de Obras do SiAC onde atua (COSTA, 2003). A empresa construtora deve garantir, para os materiais controlados, a correta identificação, manuseio e transporte e estocagem, preservando a conformidade dos mesmos em todas as etapas do processo de produção. 5.17. Lista de materiais e serviços controlados no canteiro de obra. A lista contendo os serviços de execução controlados que utilizem e interfira diretamente a qualidade da obra, devem respeitar o mínimo dos serviços que serão 38 controlados, juntamente como a sua porcentagem mínima, ambos definidos nos requisitos de certificação. O percentual de serviços da lista que serão controlados é relativo ao nível de certificação desejada pela construtora, de acordo com o Nível B de 40% e Nível A de 100% (PBQP-H, 2005). A lista de materiais controlados deverá ser criada a partir da lista de serviços controlados, de forma que deverão ser selecionados os materiais que serão usados nos serviços controlados que poderão afetar diretamente a qualidade do serviço ou da obra. Os requisitos do regimento SiAC definem uma quantidade mínima de 20 materiais na lista (MOSQUEIRA, 2018). O percentual de materiais da lista que serão controlados é também relativo ao nível de certificação desejado pela construtora, de acordo com o Nível B de 50% e Nível A de 100% (PBQP-H, 2005). No Regimento Específico do Sistema de Avaliação da Conformidade de Empresas de Serviços e Obras da Construção Civil (SiAC) da Especialidade Técnica Execução de Obras, tem uma relação da lista de serviços controlados mínimos definidos pelo SiAC para cada área técnica da execução de obras de edificações (PBQP-H, 2005). A construtora deve identificar todos os serviços que se aplicam à sua obra e elaborar a sua própria lista adotando todas as normas e exigências necessárias (BRAGA, 2016). Segundo Braga (2016) também devem ser documentados os procedimentos e critérios de execução, no caso de serviços, as compras de materiais, recebimento e armazenamento. No caso dos materiais, deve incluir também procedimentos de inspeção, tanto de materiais, quanto de serviços. 5.18. Cuidados nos procedimentos de execução de serviços controlados. Segundo o PBQP-H (2005) o procedimento de execução do serviço controlado deve ser elaborado, com a maior quantidade de detalhes possíveis e sem qualquer dúvida. Os procedimentos devem ser documentados, carimbados, arquivados, assinados e devem respeitar todas as normas técnicas estabelecidas (BRAGA, 2016). 39 Estes procedimentos devem estar disponíveis para consulta no canteiro de obras, em local apropriado, o indicado é na sala da Engenharia juntamente com uma cópia na sala dos mestres ou encarregados, para que aja controle e consigam uma perfeita execução dos serviços. Os procedimentos devem ser revisados periodicamente por um rigoroso processo de análise, e com participação dos envolvidos na execução do serviço. Caso sejam encontradas melhorias possíveis, devem ser executadas e os documentos atualizados dando a ele uma data e número para sua revisão (BRAGA, 2016). Trabalhadores devem ser treinados para a execução apropriada de cada um dos serviços a eles estabelecidos. Sugere-se que o encarregado técnico dos serviços ministre os treinamentos, como: o mestre de obras, engenheiro da obra ou assistente de engenharia. Ao final de cada serviço, deve ser registrada a sua execução com data e assinatura dos participantes, para atualização do andamento da obra e para a posterior inspeção, a ser realizada pelo mestre da obra, engenheiro ou assistente de engenharia. 5.19. Cuidados nos procedimentos de inspeção de serviços controlados. Devem-se criar critérios de inspeção para cada serviço controlado dentro da obra. Indica o uso da ferramenta Check list ou CQE (Controle de Qualidade de Execução) para a elaboração dos documentos que orientam cada serviço. No Check list devem constar as características esperadas do serviço e com um espaço para a aprovação ou reprovação da execução e um espaço para observações. O Engenheiro, mestre da obra ou Assistente de Engenharia deve realizar a inspeção ao término de cada serviço controlado, aprovando-o ou registrando qualquer não conformidade. De acordo com Danilevicz (2014) sugere-se que os registros da não conformidade sejam analisados pelo mestre da obra e encarregado para buscar as possíveis causas, principalmente em erros que se repetem. Estes registros são oportunidades para possíveis melhorias nos processos executivos. 40 5.20. Cuidados nos procedimentos de recebimento de materiais controlados. É necessário ter muito cuidado em cada procedimento no recebimento dos materiais e armazenar de forma correta para que se tenha um controle devido dos materiais e não venha a ter desperdícios. Segundo PBQP-H (2005), a lista de materiais controlados deve ser elaborada tendo como base todos os serviços controlados, onde deverá ser considerado controlado o material que for considerado crítico para a garantia da qualidade do serviço, considerados os seguintes materiais, dependendo da natureza de cada serviço: concreto, fios e barras de aço, cimento, areia, pedra, madeira, blocos de alvenaria estrutural, blocos cerâmicos, porcelanatos, etc. Deve prever a especificação técnica de cada material controlado e todos quando adquiridos, deverão estar de acordo com suas respectivas normas técnicas para a garantia da qualidade (CARVALHO, 2019). Deve-se prever um local adequado no canteiro de obras para o recebimento dos materiais, armazenamento e para a execução de cada respectivo ensaio referente ao controle tecnológico (CARVALHO, 2019). No procedimento de recebimento, devem ser registradas todas as não conformidades encontradas juntamente ao fornecedor e seu material em um documento interno da obra. No caso de uma não conformidade grave, deve-se rejeitar o recebimento do respectivo material, os materiais fora das normas técnicas, mesmo que acabe ocasionando atrasos no cronograma da obra ou em prejuízos financeiros, não devem ser aceitos. 5.21. Cuidados no armazenamento de materiais controlados. O cuidado com o armazenamento dos materiais deverá seguir rigorosamente as normas técnicas da NR-18 e outras normas aplicáveis à para garantir a conservação apropriada dos materiais controlados. De acordo com Roman (2013), a identificação adequada de cada lote e sua rastreabilidade após o uso deve ser garantida através de etiquetas, documentos e arquivos que deixem registrados o lote e seu local de uso na obra. 41 É muito importante inspecionar o estado de armazenamento dos vários materiais controlados regularmente, podendo ser elaborado um checklist para auxiliar na inspeção, verificando-se quantidade que ainda resta, condições de armazenamento, estado de conservação e validade, organização e acesso, segurança (ROMAN, 2013). Qualquer informação documentada a respeito, tanto dos materiais quanto dos serviços controlados, deve ser arquivada em locais apropriados no canteiro de obras, sala da engenharia ou do mestre de obra, de modo adequado para o armazenamento destes arquivos, seja em meio físico ou digital. 5.22. Dificuldades na implantação do sistema de gestão da qualidade. Uma das maiores dificuldadesvistas no canteiro de obras em relação a implantação do SGQ é de parte hierárquica, pois muito dos trabalhadores da construção civil já tem uma certa experiência na área, assim diversas pessoas não aceitam a inovação seja de ferramentas, processos de execução, treinamentos, vistorias ou acompanhamentos em relação a serviço por eles executados (DEPEXE; PALADINI, 2007). Muitos dos métodos construtivos que utilizamos variam pouco ao longo de anos, contudo, ao se realizar uma padronização dos procedimentos, devido à implantação de um sistema de gestão da qualidade, os procedimentos atuais são questionados, com a intenção de determinar a melhor maneira de realizá-los (REIS; MELHADO, 1998). Existe um problema muito comum que seria a parte dos treinamentos dos procedimentos que são necessários, existem pessoas que estão trabalhando no canteiro de obras que acham que sabem tudo e que a forma que eles trabalham estão certos e não precisam mudar nada (DEPEXE; PALADINI, 2007). Por serem antigos na empresa ou por ter muito tempo de experiência na área, assim não aceitam os treinamentos e/ou os procedimentos de qualidade impostos pelas construtoras e que devem ser seguidos como forma de inovar e melhorar de forma eficaz a organização. Outro problema que é muito encontrado, está relacionado a burocratização da gestão da qualidade, tendo a grande quantidade de documentação a principal desvantagem do sistema de gestão da qualidade. Segundo Depexe e Paladini (2007) 42 o sistema de gestão da qualidade traz com sigo muitas regras e padrões próprios, tornando-se um processo paralelo às atividades operacionais diárias, assim gastando- se muito tempo reunindo dados que as vezes são irrelevantes e produzindo relatórios nos quais tornam-se inúteis. E também a dificuldade da gestão de qualidade em relação a produtividade de um canteiro, tendo como questão da gestão do tempo. Existem dentro de um canteiro muitos pontos e medidas que causam a perda de tempo e de produtividade, deslocamentos devido a armazenagem incorreta de material, problemas com o layout do canteiro, e cada um desses fatores somados levam a perdas substanciais de tempo e produtividade nos quais resultam negativamente para a empresa (DEPEXE; PALADINI, 2007). 43 CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES Através da revisão bibliográfica e da experiência obtida, pôde-se observar que a utilização ou a adesão do sistema SiAC/PBQP-H é de suma importância para um canteiro de obras residenciais. O sistema de gestão da qualidade traz mais que além de ganhos, como a melhoria na organização do canteiro de obras, o aumento da produtividade, a redução de desperdícios e custos e melhorias em aspectos de segurança e saúde dos funcionários. A implantação de ferramentas como o PBQP-H dentro de um canteiro de obras guia as construtoras para vários aprendizados que faram com que aja qualidade no canteiro de obras e consequentemente ao aumento da qualidade dos serviços de produção, diminuindo custos e aumentando a produtividade, e mostrando para as construtoras que se pode investir em qualidade e obter lucro a longo e curto prazo. Também foi possível observar que para um canteiro de obras residencial dentro do padrão de qualidade é preciso ter um planejamento adequado para minimizar e até evitar totais perdas que acabam reduzindo a produtividade e gerando custos desnecessários. Um bom ambiente de trabalho que seja capaz de atender as necessidades da mão de obra e aumentar a sua, além de uma equipe competente que mantenha um bom índice de produtividade. O trabalho traz algumas indicações voltadas ao treinamento e capacitação da mão de obra e da organização do canteiro como um todo, desde os armazenamentos dos materiais a sala de engenharia, que através da vivência em obras foi observado, uma alta relevância em se tratando da aplicação prática de todos os demais requisitos identificados para o canteiro de obras residenciais. Portanto, esta pesquisa enfatiza que é possível atingir níveis altos de qualidade dentro do canteiro de obras residenciais, tendo uma boa gestão, fornecendo treinamentos para maior capacitação dos funcionários e utilizando os métodos e as ferramentas corretas. Resultando de forma eficaz no mercado de trabalho. 44 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ALVES, A. C. N. A implantação de sistemas de gestão da qualidade na indústria da construção civil segundo os critérios da ISO 9001:2000: adaptações em relação à ISO 9001:1994. Universidade Federal Fluminense. Rio de Janeiro. 2001. ALEX, F. A; FELIPE, S. M; FRANCISCO, F. 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