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Lesões de Tecidos Moles Lesões em tecidos moles prejudicam tanto a função quanto a estética, muitas vezes há um fator psicológico associado à lesão devido a preocupação do paciente em relação às cicatrizes e à desfiguração facial. O objetivo do tratamento é reparar sem ocasionar infecção e minimizar as cicatrizes. Fatores importantes: Tempos transcorrido entre a lesão e o tratamento - risco secundário de infecção quando demora para tratar em casos de lesões que não envolvam a face - rica vascularização colateral da face faz com que não exista “período de ouro” para reparar com sutura as feridas Profilaxia Antitetânica: - baixo risco: paciente imunizado com reforço nos últimos 10 anos, não necessita de profilaxia - tendência ao tétano: lesão em local contaminado (solo com estrume), tecidos desvitalizados ou em perfurações profundas, paciente que não recebeu reforço no prazo de 5 anos devem tomar uma injeção de reforço antitetânico de 0,5 ml de toxóide tetânico - alto risco: pacientes não imunizados, devem receber uma injeção de reforço em qualquer tipo de ferida + 250 unidade de imunoglobulina antitetânica, seguida de imunização completa TABELA DE VACINAÇÃO CONTRA O TÉTANO NO CALENDÁRIO BRASILEIRO Idade Vacinas 2 meses Pentavalente 4 meses Pentavalente 6 meses Pentavalente 15 meses DTP 4 anos DTP Adolescentes, adultos e idosos - reforço a cada 10 anos dT Pentavalente = Difteria, Tétano, Coqueluche, Hepatite B e Hemófilo DTP = Difteria, Tétano e Coqueluche dT = Difteria e Tétano Avaliação anatômica - as lesões de tecidos moles podem ser superficiais ou envolver estruturas adjacentes (ossos, nervos, ductos, músculos, vasos, glândulas e/ou estruturas dentoalveolares) Ducto parotídeo - mede 5 cm de comprimento por 5 cm de diâmetro - emerge da glândula e corre ao lado da face superficial do m. masseter, depois penetra no m. bucinador e acessa a cavidade oral na altura do 2° MS - lesões ao ducto podem causar vazamento de saliva no tecido mole adjacente Nervo Facial - divide a glândula par[ótica em duas porções, por isso, qualquer lesão à glândula deve se suspeitar de lesão ao nervo facial devido a sua íntima relação Conduta e Tratamento 1. Escolha do local da reparação: - serviço de emergência sob anestesia local ou na sala de cirurgia sob anestesia geral - lesões grandes e complicadas que exigem iluminação ideal e cooperação do paciente, lesões que envolvam estruturas profundas ou quando já é necessário uma intervenção cirúrgica para reparo de outras lesões o mais indicado é fazer sob anestesia geral em sala cirúrgica 2. Anestesia - evitar injeção diretamente no local da ferida pois causa distorção anatômica e dificulta o procedimento - bloqueios regionais são mais indicados 3. Debridação da ferida - é a remoção de tecidos desvitalizados que potencializam a infecção e atrasam a cicatrização - irrigação com soro fisiológico, em alguns casos é necessário usar escova e sabão para remoção de substâncias profundamente incorporadas - esse procedimento previne: infecção, tatuagem, cicatriz hipertrófica e formação de granulomas 4. Fechamento da ferida - com sutura, adesivos ou grampeamento - fechar em camadas para eliminar o espaço morto - lesões que envolvem limites anatômicos (sobrancelha, vermelhão dos lábios, margem dos lábios e pálpebras): iniciar pelo centro da laceração, evitar pressionar demais os tecidos para não causar marcas de pinçamento ou perfurações Tipos de lesões: - Abrasão - Contusão - Laceração - Lesões por avulsão - Lesões por mordedura - Ferimentos por arma de fogo Abrasão É uma ferida causada por fricção entre um objeto e a superfície de tecido mole, é superficial, causada pelo desnudamento do epitélio e, ocasionalmente, pode envolver camadas profundas. - em abrasões superficiais ocorre a reepitelização sem formação de cicatriz - em abrasões profundas durante o reparo pode ocorrer a formação de cicatriz Tratamento: - debridamento e limpeza da ferida - aplicação tópica de pomada antibiótica - curativo não compressivo em abrasões profundas (superficial é desnecessário) A reepitelização da ferida ocorrerá sob a forma de escara (crosta ressecada de sangue e plasma), após um tempo essa escara cairá. Evitar exposição ao sol pois pode causar manchas! Abrasões iatrogênicas (brocas) na mucosa oral devem ser tratadas apenas por compressão local com gaze, o epitélio oral regenera-se rapidamente e nenhum tratamento é necessário Contusão Ocorre quando há um rompimento do interior do tecido, causando hemorragia subcutânea ou submucosa sem descontinuidade na superfície dos tecidos moles. Também chamada de Equimose. - forte indicativo de fratura óssea subjacente, porém também pode ocorrer por traumas de objetos rombos, sem causar a fratura óssea em si. - não requer tratamento cirúrgico pois a pressão hidrostática dos tecidos moles se iguala a pressão dentro dos vasos sanguíneos e o sangramento cessa. Tratamento: - aplicação de gelo ou curativo compressivo (diagnóstico precoce) - se a contusão continua a se expandir tardiamente é porque há hemorragia arterial dentro da ferida, pode precisar de exploração cirúrgica e ligadura do vaso Evitar exposição ao sol para que não haja pigmentação! Áreas de equimose permanecem por vários dias, evoluindo em várias cores (violeta, azul, verde, amarelo), até ser completamente reabsorvida Não há risco de infecção se não houver rompimento na superfície do tecido. Porém, se ocorreu trauma dentoalveolar há uma comunicação entre a cavidade oral e o hematoma submucoso, tornando o meio ideal para proliferação de microorganismos, nesse caso, a antibioticoterapia sistêmica está indicada Laceração É quando há descontinuidade nos tecidos epiteliais e subepiteliais (corte). Pode ser superficial ou profunda (envolve tecidos, rompe nervos, vasos sanguíneos, músculos, etc) Tratamento: - limpeza e debridamento da ferida para remoção de sujidades e de corpos estranhos, irrigação da ferida com soro fisiológico - hemostasia deve ser obtida antes do fechamento da lesão - fechamento da ferida (pequenas feridas não devem ser suturadas, pois cicatrizam bem por segunda intenção; feridas maiores devem ser suturadas por planos, para evitar espaço morto) * o modo como a laceração será fechada depende da sua localização Sutura de Laceração do Lábio: - se for uma laceração de espessura total do lábio, é preciso fechar em 3 camadas (mucosa oral; músculo e superfície dérmica) - se envolve o vermelhão do lábio o primeiro ponto deve ser realizado na junção mucocutânea, para não causar uma deformidade de alinhamento nesta região - o fechamento em camadas é feito de dentro para fora, com fios absorvíveis nos planos internos e com nylon 5-0 ou 6-0 na pele do lábio Após a sutura, a pele deve ser coberta com pomada antibiótica. Lesões avulsivas São aquelas caracterizadas pela perda de segmentos de tecido mole Tratamento: Áreas pequenas - socavar o tecido adjacente e seguir para o fechamento primário Áreas extensas - quando o fechamento primário não é possível pode ser necessário técnicas como enxerto de pele, retalhos locais ou transferências de tecido livre para recuperar a porção de tecido perdido sem causar uma deformidade importante Lesões por mordedura (animais ou seres humanos) Há um risco maior de desenvolver complicações infecciosas, o que pode aumentar o dano tecidual, prejudicar a reparação e a aparência estética final do caso Tratamento: - irrigação e debridamento da ferida - acompanhamento nas primeiras 24hrs, pois em alguns casos o debridamento completo é difícil e com o acompanhamento qualquer foco infeccioso pode ser identificado e tratado de maneira ágil - profilaxia antibiótica (Amoxicilina no tratamento imediato; Amoxicilina + Clavulanato de potássio no tratamento tardio) - profilaxia de raiva (mordidas de animais doméstico com comportamento bizzaro ou ataque por animais selvagens - guaxinin. gambá, morcego, raposa, coiote, etc) Ferimentos por arma de fogo A lesão de tecido mole por projétil de arma de fogogeralmente apresenta dois ferimentos, o ferimento de entrada e o de saída. Na maioria das vezes estão associados a fraturas faciais cominutivas Ferimento de entrada: por onde o projétil penetra no tecido; é queimado/cauterizado Ferimento de saída: por onde o projétil sai do tecido, nem sempre está presente pois em alguns casos o projétil fica retido nos tecidos; é sangrante com destruição acentuada dos tecidos e requerem debridamento agudo OBS: não se deve suturar ou obliterar o ferimento de saída, pois é por meio dele que há a drenagem dos fluidos Tratamento: Fase primária requer o tratamento urgente das vias respiratórias, a maior dos PAF causam intensa destruição óssea e de tecido mole, o edema geralmente é exuberante e de rápida progressão o que oblitera as vias respiratórias. Na maioria dos casos não é possível realizar intubação oro ou nasotraqueal, por isso, a traqueostomia é bem indicada. A conduta depende de cada caso, de quais tecidos estão envolvidos, mas a maioria requer fixação interna rígida e reconstrução dos tecidos lesionados Remoção do projétil: - o projétil pode permanecer nos tecidos e sua remoção depende da localização - se estiver próximo a estruturas vitais é recomendado não remover - se estiver dentro do campo cirúrgico, no momento da redução e fixação das fraturas, podemos removê-lo no mesmo tempo cirúrgico SEMPRE que o projétil for removido deve ser embalado e encaminhado à polícia, pois pode fazer parte de uma investigação (NUNCA entregar para o paciente) Cuidados pós-operatórios da ferida Evitar exposição ao sol durante os 6 primeiros meses após a lesão para evitar hiperpigmentação da área O ferimento deve ser mantido limpo diariamente Curativos com Sulfato de Polimixina B e pomada de Bacitracina de Zinco (polysporin) podem ser indicadas (pomadas antibióticas)
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