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historia-economica-geral-brasil

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Montes Claros/MG - 2012
Filomena Luciene Cordeiro Reis
História Econômica 
Geral e do Brasil
Catalogação: Biblioteca Central Professor Antônio Jorge - Unimontes
Ficha Catalográfica:
Copyright ©: Universidade Estadual de Montes Claros
UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MONTES CLAROS - UNIMONTES
REITOR
João dos Reis Canela
VICE-REITORA
Maria Ivete Soares de Almeida
DIRETOR DE DOCUMENTAÇÃO E INFORMAÇÕES
Huagner Cardoso da Silva 
CONSELHO EDITORIAL
Maria Cleonice Souto de Freitas
Rosivaldo Antônio Gonçalves
Sílvio Fernando Guimarães de Carvalho
Wanderlino Arruda
REVISÃO DE LÍNGUA PORTUGUESA
Ângela Heloiza Buxton
Arlete Ribeiro Nepomuceno
Aurinete Barbosa Tiago
Carla Roselma Athayde Moraes
Luci Kikuchi Veloso
Maria Cristina Ruas de Abreu Maia
Maria Lêda Clementino Marques
Ubiratan da Silva Meireles
REVISÃO TÉCNICA
Admilson Eustáquio Prates
Cláudia de Jesus Maia
Josiane Santos Brant
Karen Tôrres Corrêa Lafetá de Almeida
Káthia Silva Gomes
Marcos Henrique de Oliveira
DESIGN EDITORIAL E CONTROLE DE PRODUÇÃO DE CONTEÚDO
Andréia Santos Dias
Camilla Maria Silva Rodrigues
Clésio Robert Almeida Caldeira
Fernando Guilherme Veloso Queiroz
Francielly Sousa e Silva
Hugo Daniel Duarte Silva
Magda Lima de Oliveira 
Marcos Aurélio de Almeida e Maia
Sanzio Mendonça Henriques
Tatiane Fernandes Pinheiro
Tátylla Ap. Pimenta Faria
Vinícius Antônio Alencar Batista
Wendell Brito Mineiro
Zilmar Santos Cardoso
2012
Proibida a reprodução total ou parcial.
Os infratores serão processados na forma da lei.
EDITORA UNIMONTES
Campus Universitário Professor Darcy Ribeiro
s/n - Vila Mauricéia - Montes Claros (MG)
Caixa Postal: 126 - CEP: 39.401-089
Correio eletrônico: editora@unimontes.br - Telefone: (38) 3229-8214
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Presidente Geral da CAPES
Jorge Almeida Guimarães
Diretor de Educação a Distância da CAPES
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Vice-Governador do Estado de Minas Gerais
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Secretário de Estado de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior
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Reitor da Universidade Estadual de Montes Claros - Unimontes
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Coordenadora da UAB/Unimontes
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Diretor do Centro de Ciências Humanas - CCH
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Diretora do Centro de Ciências Biológicas da Saúde - CCBS
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Coordenador do Curso a Distância de Ciências Biológicas
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Coordenadora do Curso a Distância de Ciências Sociais
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Coordenadora do Curso a Distância de Geografia
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Coordenadora do Curso a Distância de História
Jonice dos Reis Procópio
Coordenadora do Curso a Distância de Letras/Espanhol
Orlanda Miranda Santos
Coordenadora do Curso a Distância de Letras/Inglês
Hejaine de Oliveira Fonseca
Coordenadora do Curso a Distância de Letras/Português
Ana Cristina Santos Peixoto
Coordenadora do Curso a Distância de Pedagogia
Maria Narduce da Silva
Autora
Filomena Luciene Cordeiro
Graduada em História pela Universidade Estadual de Montes Claros; Pós-
graduação Lato Sensu em Ciências Sociais pela Unimontes e Gestão da 
Memória: Arquivo, Patrimônio e Museu pela Universidade Estadual de Minas 
Gerais – UEMG; Mestre em História pela Universidade Severino Sombra – USS 
e Doutoranda em História pela Universidade Federal de Uberlândia – UFU. 
Professora do Departamento de História da Unimontes.
Sumário
Apresentação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .9
Unidade 1 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .11
Conceitos básicos da história econômica e transição feudalismo-capitalismo. . . . . . . . .11
1.1 Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .11
1.2 Conceitos básicos da história econômica. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .11
1.3 As sociedades pré-históricas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .14
1.4 A transição do feudalismo para o capitalismo e os elementos de superação 
da crise do século XIV: expansão ultramarina e sistemas coloniais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .17
1.5 Mercantilismo. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 23
Referências. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .29
Unidade 2 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .31
Consolidação e crises do capitalismo, socialismo e tendências do desenvolvimento 
capitalista . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .31
2.1 Introdução. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .31
2.2 Revolução industrial e a ascensão do capitalismo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .31
2.3 Liberalismo, neocolonialismo e imperialismo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 38
2.4 A primeira guerra mundial, a crise de 1929 e modelos de recuperação da crise de 
1930 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 40
2.5 Socialismo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .43
2.6 Globalização. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 48
Referências. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 54
Unidade 3 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .57
Colonialismo e economia brasileira até a república nova . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .57
3.1 Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .57
3.2 Colonização da América Portuguesa no Brasil . . . . . .. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .57
3.3 Análise econômica do Brasil Colônia e Império . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .59
Referências. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .75
Resumo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 77
Referências Básicas, Complementares e Suplementares. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .79
Atividades de Aprendizagem - AA. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .83
9
História - História Economica Geral e do Brasil
Apresentação
Caro (a) acadêmico (a),
O caderno didático de História Econômica Geral e do Brasil objetiva proporcionar a você a 
compreensão acerca da formação, expansão e transformação do capitalismo e a inserção da eco-
nomia brasileira, nesses processos, desde o período colonial à República Nova.
Nesse sentido, a disciplina História Econômica Geral e do Brasil tem como objetivo geral 
possibilitar a compreensão dos processos econômicos mundiais do feudalismo até a atualidade. 
Para tanto, é necessário estar atento aos seguintes objetivos específicos:
•	 Propiciar a compreensão dos conceitos básicos de História Econômica;
•	 Compreender a História Econômica como a história do domínio do homem sobre a natureza 
e de sua capacidade de utilizá-la em proveito próprio, pois, após milhares de anos, o homem 
aprendeu a lidar com o mundo que o rodeia e a obter da natureza muito mais do que neces-
sitava para viver;
•	 Analisar a transição do feudalismo para o capitalismo;
•	 Analisar a íntima relação entre a trajetória da economia mundial e a evolução das relações 
sociais de cada período supramencionado;
•	 Refletir acerca dos seguintes conceitos: Feudalismo, Mercantilismo, Capitalismo, Colonialis-
mo, Imperialismo e Globalização;
•	 Estudar e compreender a consolidação do capitalismo;
•	 Refletir acerca da expansão, dos problemas e dos limites do capitalismo;
•	 Discutir a globalização, o neoliberalismo e a regionalização;
•	 Entender as crises vivenciadas pelas grandes potências e o Imperialismo;
•	 Identificar os mecanismos que favoreceram o início da economia globalizada;
•	 Discutir acerca do processo de colonização do Brasil pelos portugueses e a repercussão des-
se fato, sobretudo no âmbito econômico;
•	 Analisar a economia brasileira no período da República;
•	 Compreender o processo de industrialização do Brasil, após 1930.
Para atender aos objetivos apresentados, organizamos os conteúdos em três unidades. Na 
Unidade I, discutiremos os conceitos básicos da história econômica, a transição feudalismo - ca-
pitalismo e a consolidação do capitalismo. Na Unidade II, estudaremos o socialismo, o capitalis-
mo e tendências do desenvolvimento capitalista, assim como a globalização e seus efeitos. Por 
último, na unidade III, o colonialismo e a economia brasileira até a República Nova serão o alvo 
do estudo.
A leitura e o estudo de cada uma das unidades que compõem o caderno serão úteis por 
possibilitar conhecer e compreender a disciplina História Econômica Geral e do Brasil. Enfim, a 
proposta desse material é permitir a sua aprendizagem sobre esse universo. Bom trabalho!
A autora.
11
História - História Economica Geral e do Brasil
UNIDADE 1
Conceitos básicos da história 
econômica e transição 
feudalismo-capitalismo.
1.1 Introdução
Nesta Unidade, abordaremos itens significativos da História Econômica no âmbito geral e 
em relação ao Brasil. Num primeiro momento, trataremos dos conceitos básicos da História Eco-
nômica e, em seguida, da transição do Feudalismo para o Capitalismo, enfocando, também, o 
Mercantilismo.
Ao discutir os conceitos básicos, a abordagem percorrerá não só a definição de história e de 
economia, fazendo a correlação entre elas, como também a trajetória nacional e internacional da 
História Econômica.
A transição do Feudalismo para o Capitalismo tentará mostrar, sobretudo, os fatores que le-
varam a esse momento histórico de passagem. Os elementos de superação da crise do século 
XIV, como o Mercantilismo, a expansão ultramarina e os sistemas coloniais serão estudados nessa 
perspectiva. O Mercantilismo será apresentado a partir de um enfoque especial com a aborda-
gem historiográfica de Francisco Calazans Falcon.
Assim, a proposta dessa unidade objetiva compreender não só o que é e de que trata a His-
tória Econômica, mas também o período de passagem da sociedade feudal para a sociedade ca-
pitalista.
1.2 Conceitos básicos da história 
econômica
Para compreensão do significado de História Econômica, é importante definir separadamen-
te que é história e economia, pois cada termo tem um significado específico.
História é definida por Borges (1993) como acontecimento histórico porque o homem não 
vive sozinho, mas é um ser social. Por isso, relaciona-se com o mundo e com as pessoas que o 
rodeiam, transformando a sociedade em que vive. A acepção processo histórico diz respeito ao 
fato de que os acontecimentos históricos não acontecem da noite para o dia, mas por meio de 
uma caminhada em que o homem, através das relações estabelecidas, gera mudanças na socie-
dade. Já o conhecimento histórico, que constitui o saber histórico, serve para fazer entender, as 
outras ciências, as condições e realidades vividas e experimentadas pelo homem no decorrer da 
sua existência.
Os acontecimentos históricos são objetos de análise do conhecimento histórico, ou seja, é 
aquilo que aconteceu com o homem na natureza e no universo. A História não é o passado mor-
to, pelo contrário, é uma possibilidade de explicar o universo social do homem por meio dos his-
toriadores que têm como matéria-prima as fontes. As fontes podem ter suportes variados, como 
revistas, jornais, fotografias, documentos oficiais, roupas, etc., que constituem vestígios do passa-
do, conforme afirma Le Goff (1996).
12
UAB/Unimontes - 8º Período
A História serve para dar a dimensão do homem na socieda-
de através da interdisciplinaridade. A Antropologia, Sociologia, 
Economia, Geografia, Psicologia, Demografia, por exemplo, aju-
dam a História a ver e compreender as transformações das socie-
dades humanas, que é a sua essência.
A Economia é a ciência social que estuda a produção, distri-
buição e consumo de bens e serviços. O termo economia vem do 
grego oikos (casa) e nomos (costume ou lei) ou, ainda, gerir, admi-
nistrar. Daí, “regras da casa” (lar) e “administraçao da casa” (BAR-
ROS, 2002).
De acordo com Barros (2002), a História Econômica é uma 
corrente historiográfica recente, pois nasce no século XIX e ganha 
prestígio acadêmico no século XX. Ela acompanhou a evolução 
de seu objeto, o que quer dizer que estudou as economias de 
sociedades de épocas passadas, objetivando mostrar como o ho-
mem domina a natureza e o meio em que vive para seu proveito.
Ainda conforme Barros, os interesses e objetos da História 
Econômica constituem:
a. Produção de bens
•	 Sistemas e modos de produção escravista, feudal, capitalista, 
socialista e comunista;
•	 Técnicas de produção;
•	 Meios de produção e suas relações, como:
Capitalista versus operário;
Servo versus senhor feudal;
Escravo versus senhor.
•	 Regimes de trabalho:
Trabalho escravo;
Trabalho remunerado: estatutário ou CLT;
•	 Sistemas de propriedade.
b. Circulação ou distribuição de bens
•	 Os ciclos ou fase, como do algodão, do café, etc.;
•	 Ritmos, levando em conta o tempo lento, longo ou rápido;
•	 Preços: alto e baixo;
•	 Trocas no âmbito interno ou externo;
•	 Moedas: entender o que elas significam e o valor de troca.
c. Consumo de bens
•	 Hábitos de consumo;•	 Salários;
•	 Sistemas de propriedade;
•	 Moedas.
Mendonça e Pires (2002), ao tratarem dos conceitos básicos da História Econômica, dizem a 
importância de o historiador econômico conhecer uma teoria econômica. Assim, trabalham com 
os conceitos de tempo, conjuntura e estrutura. Tempo é pensado na perspectiva de mudanças 
e transformações que ocorrem com o homem, gerando o acontecimento histórico. É a ideia de 
movimento. No tempo, temos a conjuntura, ou seja, “(...) um corte do movimento temporal da 
sociedade” (MENDONÇA; PIRES, 2002, p. 7). E a estrutura que constitui “(...) um conjunto de rela-
ções majoritárias, a solidariedade e proporção existentes entre um conjunto de componentes, 
ou seja, a interdependência entre o todo e a parte” (MENDONÇA; PIRES, 2002, p.7). Dessa forma, 
abordam o pressuposto básico para avançar em relação aos conceitos básicos de História Econô-
mica, ou seja, a análise estrutural que possibilita estudar as questões que envolvem as modifica-
ções qualitativas (variações dimensionais) e quantitativas (variações estruturais) relativas ao cres-
cimento. Esse crescimento que lida com a arrancada e a desaceleração é que, por sua vez, pensa 
o global e o setorial ou a macroeconomia e a microeconomia.
▲
Figura 1: Consumo de 
bens
Fonte: Disponível em: 
<http://images.meez.com/
user11/04/04_10015759173.
gif>. Acesso em: 24 dez. 
13
História - História Economica Geral e do Brasil
 Enfim, Mendonça e Pires (2002) afirmam que:
a análise histórico-econômica deve abranger problemas ligados ao processo, 
não ao estático. O tempo, assim como o movimento, são os pontos de partida 
para a identificação e a análise de dada estrutura. A compreensão da dinâmica 
da estrutura dá-se por meio de cortes conjunturais. Tais conjunturas caracteri-
zam-se por movimentos de ordem qualitativa ou quantitativa, que apresentam 
momentos de arrancada e desaceleração. Por fim, a qualidade da análise está 
em saber unir o global e o setorial (MENDONÇA; PIRES, 2002, p. 8).
Entre os autores que se dedicam ao es-
tudo da História Econômica podemos citar: 
George Duby, Emanuel Le Roy Ladurie, An-
tônio Gramsci e Mikhail Bakhtin (marxistas), 
Jean Meuvret e Claude Imbert (Escola Históri-
ca Francesa), Simon S. Kuznets (Nova História 
Econômica), Ernest Labrousse, Pierre Vilar e 
Ciro Flamarion Cardoso. 
1.2.1 História Econômica
Conforme Fragoso e Florentino (1997), a 
História Econômica agoniza, e essa tendência 
não é localizada, mas mundial. Verifica-se que 
a Revista dos Annales apresenta um declínio 
na produção de artigos que envolvem a Histó-
ria Econômica. De 1929 a 1945, quando Marc Bloch e Lucien Febvre coordenavam a Revista dos 
Annales, constata-se uma produção de 60% de artigos de História Econômica. Já no período de 
1946 a 1969, sob a coordenação de Fernand Braudel, essa produção cai para 40 %; e hoje se faz a 
mesma constatação.
O Brasil sentiu esse fenômeno tardiamente: na Universidade de São Paulo, em 1970, metade 
das produções científicas, como teses e dissertações, era na perspectiva da História Econômica, 
em 1980, constitui um terço. O mesmo ocorre na Universidade Federal Fluminense e Universida-
de Federal do Rio de Janeiro nas décadas de 1980 e 1990.
Com o pós-guerra, ocorre a ênfase na História Econômica, porém, cultura e política se tor-
nam autônomas. Em 1940, historiadores economicistas da Escola Histórica Francesa e do mun-
do anglo-saxão afirmam-se como economistas-historiadores criando o movimento denominado 
Nova História Econômica. Os historiadores assumem o modelo dos economistas com as equa-
ções e quadros estatísticos, nesse papel não são historiadores e não são economistas. É a contra-
mão da História Econômica. Assim, vários historiadores, como Labrousse, Vilar, Kula, Darnton, Le 
Roy Ladurie, Berend, Paul Bois e outros, por meio de estudos e pareceres acerca dessa questão, 
afirmam que a História Econômica deve ser apreendida além dos números, numa perspectiva 
global.
De acordo com Fragoso e Florentino (1997), a Histó-
ria Econômica dizia explicar tudo, bem como determinar, 
através de laboratórios e modelos matemáticos, todas as 
questões. Era elitista, afastando-se da História, dos histo-
riadores e dos homens.
Após 1945, a História Econômica continua em declí-
nio por causa do enorme crescimento dos Estados Unidos 
da América e da economia socialista da União Soviética. 
Esses acontecimentos sugerem transformações no mun-
do. Em 1960 e 1970, há um crescimento da História Eco-
nômica feita por economistas. Criam-se, então, os institu-
tos e departamentos de História Econômica. Verifica-se, 
nesse período, o isolamento intelectual, a fragilização e 
marginalização da História Econômica.
◄Figura 2: Georges 
Michel Claude Duby
Fonte: Disponível 
em: <http://images.
google.com.br/
imgres?imgurl=http://
www.bibl.u-szeged.hu/
exhib/duby/gifs/duby.
jpg&imgrefurl=http://
www.bibl.u->. Acesso em 
24 dez. de 2009.
▲
Figura 3: Ciro Flamarion Cardoso, 
historiador brasileiro.
Fonte: Disponível em: <http://www.google.
com.br/imgres?imgurl=http://>. Acesso em 
7 jul. de 2011.
DICA
Reflita e pesquise, 
individualmente, 
acerca das formas de 
produção, distribuição 
e consumo de bens na 
sociedade, mais espe-
cificamente no Brasil e 
em nossa cidade. Como 
ela acontece? Quem 
produz os bens? Quem 
distribui? E quem con-
sume? Após encontrar 
essas respostas partilhe 
com o professor forma-
dor, tutor e colegas no 
ambiente de apren-
dizagem. Refletir em 
conjunto sobre essas 
noções permitirá que 
você conheça melhor a 
cidade em que vive.
PARA SABER MAIS
Procure se informar, 
recorrendo à inter-
net ou a sites como o 
google acadêmico ou 
ainda visite a biblioteca 
da sua cidade, sobre 
os autores George 
Duby, Emanuel Le 
Roy Ladurie, Gramsci 
e Bakhtin, Meuvret, 
Imbert, Kuznets, Ernest 
Labrousse, Pierre Vilar e 
Ciro Flamarion Cardoso. 
Conhecer esses autores 
e sua trajetória é im-
portante para conhecer 
seus posicionamentos 
em relação ao que eles 
escreveram, sobretudo, 
no campo historio-
gráfico. De antemão, 
é possível afirmar que 
eles contribuem com 
os novos formatos da 
historiografia. Poste 
o resultado de sua 
pesquisa no fórum de 
discussão e tente veri-
ficar as posturas desses 
autores em relação às 
escolas historiográficas 
estudadas nas discipli-
nas anteriores.
14
UAB/Unimontes - 8º Período
Na contramão da história surgem elementos exteriores com outras propostas, como Carlos 
Ginzburg, que, diante do macro - estuda o micro -, ou seja, temas como privado, pessoal e o vi-
vido. François Dosse disse que a história conquista a mídia e, assim, o papel do historiador se 
modifica, ou seja, em vez de revolucionar, conservar. Já Ciro Flamarion aborda a falência dos sis-
temas éticos tradicionais que norteavam as relações dos indivíduos consigo e com os outros.
A grande questão nesse contexto, de acordo com Florentino e Fragoso (1997), é: como fica 
a História Econômica? Constata-se que o homem continua trabalhando, produzindo e consumin-
do e expressando-se em relação à cultural de diferentes formas. A História Econômica diante da 
sua trajetória é legítima como campo do saber, e o saber histórico é construído a partir da inter-
disciplinaridade, ou seja, as outras áreas do conhecimento contribuem para a historiografia.
Nesse sentido, Fragoso e Florentino (1997) apontam perspectivas futuras da História Econô-
mica no Brasil:
•	 Pensar a historiografia nacional de 1930 a 1970 que contava com as contribuições de Caio 
Prado Júnior, Celso Furtado, Fernando Antônio Novais, Ciro Flamarion Cardoso e Jacob Go-
render, os quais montaram quadros explicativos, dando conta da sociedade e de economias 
coloniais na perspectiva da totalidade;
•	 Publicação de trabalhos, inclusive de economistas, dialogando com a Sociologiae a Econo-
mia, desferindo golpes no factualismo;
•	 A História Econômica, sobretudo de Londres e Chicago, de modo diferente, não se separou 
formando institutos e departamentos, ou seja, não conheceu a Nova História Econômica;
•	 O apogeu da História Econômica se deu por causa das pós-graduações.
1.3 As sociedades pré-históricas
Conforme a abordagem anterior que trata da definição de História Econômica, mostrando 
como o homem dominava a natureza e o meio em que vivia para seu proveito, vamos retornar 
ao período da “pré-história” para conhecer um pouco mais sobre a história da humanidade. Esse 
item objetiva apenas relembrar como o homem dominou a natureza e tudo que está ao seu re-
dor para, posteriormente, compreender como se deu a passagem da sociedade feudal para a so-
ciedade capitalista.
Inicialmente, fazemos uma ressalva a respeito do termo “pré-história”. Esse termo, para a his-
toriografia, é impróprio, pois o homem é o sujeito da história e, por isso, sempre histórico. Então, 
não há antes e depois na história. Ressaltamos que, didaticamente e conforme já está estabeleci-
do, vamos utilizar o termo sempre lembrando essa observação.
 Figura 4 e 5: Homens 
da pré-história.
Fonte: Disponível 
em: <http://images.
google.com.br/
imgres?imgurl=http://
sepiensa.org.mx/con-
tenidos/historia; http://
images.google.com.br/
imgres?imgurl=http://
www.negociosgraficos.
com.br/>. Acesso em: 13 
jan. 2010.
►
PARA SABER MAIS
Procure se informar 
sobre a Escola dos 
Annales, pesquise na 
internet e nos seguintes 
livros: 
- REIS, José Carlos. 
Escola dos Annales: a 
inovação em história. 
2. ed. São Paulo: Paz e 
Terra, 2004. 
- BURKE, Peter. A Es-
cola dos Annales - 1929 
- 1989: a revolução 
francesa da historio-
grafia. São Paulo: Ed. 
UNESP, 1997. 
Após a pesquisa, faça 
um resumo e encami-
nhe ao tutor para que 
ele possa fazer uma 
apreciação
GLOSSáRIO
Factualismo: factual; 
referente a fatos; que 
se baseia em fatos. 
(BUENO, 1996, p. 
285)
DICA
Retome o material de 
Introdução aos Estudos 
de História e Historio-
grafia para relembrar 
o que você estudou 
sobre História Econô-
mica. Partilhe com os 
colegas essas leituras 
no ambiente de apren-
dizagem.
15
História - História Economica Geral e do Brasil
ATIVIDADE
Assista ao filme: Guerra do fogo (La Guerre du feu, 81, FRA/CAN), sob a direção de Jean-Jacques 
Arnaud. Elenco: Everett McGill, Rae Dawn Chong, Ron Perlman, Nameer El Kadi. O filme trata de dois 
grupos de hominídeos pré-históricos: um que cultuava o fogo como algo sobrenatural, e outro que 
dominava a tecnologia de fazer o fogo. Em termos de linguagem, o primeiro não está muito longe dos 
demais primatas, emitindo gritos e grunhidos quase na totalidade vocálicos. Já, o segundo grupo pa-
rece ter uma comunicação mais complexa, fazendo uso de um maior número de sons articulados. Há 
outros elementos culturais, como habitações e ritos, que denotam um maior grau de complexidade 
do segundo grupo em relação ao primeiro. Ao assistir ao filme, reflita acerca de como se dá o proces-
so histórico e como cada grupo se desenvolve em momentos diferentes. Verifique as mudanças que 
ocorrem nas vivências do homem no decorrer do tempo, desde o período abordado no filme, até os 
dias de hoje. Posteriormente, debata com seu professor formador, tutor e colegas sobre suas impres-
sõe no ambiente de aprendizagem.
1.3.1 O paleolítico
Esse período compreende cerca de 
700.000 a 10.000 a.C. A atividade econômi-
ca fundamental do homem, conforme Hilário 
Franco Júnior e Paulo Pan Chacon (1987), era a 
caça. A coleta constituía uma atividade secun-
dária, geralmente praticada pelas mulheres. 
O homem desse período é caçador e coletor, 
sendo inferior a outros animais em força física 
e agilidade, porém sua inteligência e habilida-
des eram maiores. Ele utilizava os recursos da 
natureza, como, por exemplo, pedras para con-
feccionar instrumentos: machados, raspadeiras 
e facas, etc. A grande descoberta do homem 
desse período é o fogo. O fogo servia para co-
zinhar os alimentos e afugentar os animais e, 
dessa forma, dava maior segurança ao homem.
1.3.2 Mesolítico
Compreende o período entre 
10.00 a 7.000 a. C. O homem nessa 
época é pastor e agricultor, e a ati-
vidade fundamental ainda é a caça. 
Conforme Hilário Franco Jú-
nior e Paulo Pan Chacon (1987), o 
homem domestica os animais. Ele, 
como pastor, captura o animal vivo, 
pequeno ou doente, e cuida dele. 
O animal não se afasta porque tem 
alimento. Para o homem, há as van-
tagens de ter carne ao alcance, usar 
o leite como alimentação comple-
mentar diminuindo a mortalidade 
infantil e possibilitando, posterior-
mente, o surgimento do queijo, da manteiga e de outros alimentos. As mulheres coletam mel, 
frutas e raízes, observam no seu cotidiano as sementes germinando e descobrem que é possível 
cultivar a terra. Essa nova realidade muda à mentalidade do homem dessa época. O amanhã não 
é mais incerto.
▲
Figura 6: Cenas do filme 
“A guerra do fogo”.
Fonte: Disponível em: 
<http://blog.uncovering.
org/archives/2008/03/a_
guerra_do_fogo.html>. 
Acesso em: 26 de dez. 
2009.
◄
Figura 7: Viver no 
Neolítico.
Fonte: Disponível 
em: <http://images.
google.com.br/
imgres?imgurl=http://4.
bp.blogspot.com/>. Aces-
so em: 31 dez. de 2009.
16
UAB/Unimontes - 8º Período
Como pastor e agricultor, conforme Hilário Franco Júnior e Paulo Pan Chacon (1987), o ho-
mem percebe que pode acumular, pois existe agora o excedente que, por sua vez, vai gerar a 
Revolução Neolítica. São características da Revolução Neolítica:
•	 O homem produz seu alimento e não depende do acaso para sobreviver;
•	 A agricultura é base de todas as economias;
•	 A vida agrícola sedentariza o homem, que cria vínculo emocional com a terra;
•	 A vida comunitária torna-se mais intensa. Precisa-se de mais pessoas para lidar com a terra. 
A partir daí, surge o estado;
•	 Com o excedente, surge a propriedade privada que possibilita a substituição do comunismo 
primitivo, e a separação entre donos de terra e rebanhos versus aqueles que trabalham, oca-
sionando a escravidão;
•	 A necessidade que haja braços para cultivar as terras faz surgir às guerras;
•	 Novas técnicas, como a cerâmica e os instrumentos de pedra trabalhada, possibilitam a se-
dentarização do homem;
•	 Surgimento das primeiras trocas;
•	 Os mistérios, como o fenômeno da semente brotar, a importância das chuvas, do sol e da 
temperatura, preparam o espírito humano para as religiões; 
•	 A necessidade de registrar a extensão de terras, a produção de vegetais, o número de gados 
e as palavras aos deuses proporcionam a criação da escrita, ou seja, a passagem para a His-
tória.
•	 A partir de então, ocorre uma nova configuração que permite o surgimento das civilizações 
de regadio ou hidráulicas.
1.3.3 Civilizações de regadio ou hidráulicas
Com o surgimento da agricultura, o homem trabalha em grupo e procura um lugar para a 
atividade. As primeiras civilizações nascem, então, em torno dos rios. Cita-se como exemplo:
•	
•	 Mesopotâmia que nasce às margens dos rios Tigre e Eufrates, onde se plantava cevada, po-
rém o lugar era acessível a muitas enchentes;
•	 O Egito nasce às margens do rio Nilo, onde se cultivou trigo e cevada;
•	 A Índia às margens dos rios Ganges e Indo; 
•	 A china às margens do rio Amarelo. 
Os rios fertilizam a terra e permitem boas 
colheitas, porém, há algumas preocupações 
com o homem desse período. Ele deve levar 
água a locais distantes e, para isso, cria os ca-
nais de irrigação e diques para deter as en-
chentes. Com essas demandas, surge a neces-
sidade da coordenação desses trabalhos. O 
poder central será necessário para defender o 
território e interferir junto aos deuses. Nasce o 
estado burocratizado e teocratizado.1.3.4 Civilizações comerciais
As civilizações comerciais não apresen-
tam condições geográficas propícias à agri-
cultura, mas buscam meios para conseguir 
produtos alimentícios, oferecendo em troca 
outras mercadorias. O resultado disso é o de-
senvolvimento do comércio de base agrícola. 
Figura 8: Egito às 
margens do rio Nilo.
Fonte: Disponível 
em: <http://images.
google.com.br/
imgres?imgurl=http://4.
bp.blogspot.com/>. 
Acesso em: 31 dez. 2009.►
DICA
Retome o caderno 
didático de História 
Antiga para se lembrar 
dessas questões, e 
facilitar sua assimilação 
da disciplina.
17
História - História Economica Geral e do Brasil
Podemos citar como exemplos:
•	 Fenícia, atual Líbano, dedicou-se à pesca, e tratou do cedro e da 
madeira para a fabricação de barcos, além disso, cultivou a vinha e 
a oliveira típicas do local;
•	 A Grécia tinha pouca área fértil, um relevo acidentado, era pro-
fundamente penetrada pelo mar, e a existência de portos naturais 
leva-a para a navegação. A Grécia, como vocês estudaram anterior-
mente em História Antiga, torna-se uma grande potência até sur-
gir Roma que domina praticamente o mundo conhecido naquela 
época. Tanto a Grécia quanto o Império Romano desenvolverão no 
decorrer da sua trajetória histórica o modo ou sistema de produção 
escravista. Com a queda do Império Romano, gradativamente, ve-
remos o Feudalismo ser implantado e ganhar configuração. E a par 
desse contexto que iremos tratar da transição do Feudalismo para 
o Capitalismo, ou seja, a partir do que foi apreendido nas discipli-
nas anteriores que embasam essa discussão.
1.4 A transição do feudalismo para 
o capitalismo e os elementos de 
superação da crise do século XIV: 
expansão ultramarina e sistemas 
coloniais
Após a abordagem da história do homem, 
desde os primórdios até a idade antiga com a 
queda do Império Romano e a nova configu-
ração social, política, econômica e cultural que 
se construiu com o feudalismo, passamos a 
discutir a transição do feudalismo para o capi-
talismo que ocorreu concretamente a partir do 
século XII.
De acordo com Pierre Vilar (1971), deve-se 
pensar a passagem qualitativa da sociedade 
feudal para a sociedade capitalista. Esse acon-
tecimento não deve ser colocado de maneira 
acabada e pronta, mas pensando nas variações 
de país para país. Nessa perspectiva, os fatores 
imediatos que contribuíram para essa passa-
gem foram os elementos contrários ao princí-
pio do modo de produção feudal que, por sua 
vez, possibilitaram a sua destruição. São eles:
1) A propriedade da terra em diferentes 
graus;
2) A propriedade limitada sobre as pessoas.
▲
Figura 9: Fenícia, com 
o cedro e a madeira, 
fabrica barcos e torna-
se uma civilização 
marítimo-mercantil.
Fonte: Disponível 
em: <http://images.
google.com.br/
imgres?imgurl=http://
www.artimanha.com.br/
Navio>. Acesso em: 26 dez. 
2009.
DICA
Retome o material de 
História Medieval, que 
você estudou no ensino 
médio, e os cadernos 
didáticos de História 
Medieval I e II do Curso 
de História da UAB com 
o objetivo de rememo-
rar esses temas. Sugeri-
mos também que você 
consulte os seguintes 
livros:
- VALADARES, V. T. de 
et al. História: assim ca-
minha a humanidade. 
Belo Horizonte: Editora 
do Brasil em Minas Ge-
rais, 1992.
- MONTELLATO, A. et 
al. História temática: 
tempos e culturas. São 
Paulo: Scipione, 2000.
▲
Figura 10: Estrutura social feudal.
Fonte: Disponível em: <http://images.google.com.br/
imgres?imgurl=http://www.professoraclara.com/ima-
gens/feudal/feudo>. 
Acesso em: 28 dez. de 2009.
18
UAB/Unimontes - 8º Período
ATIVIDADE
Assista ao filme “Em Nome de Deus” que conta a história ocorrida no século XII, em que Abelard 
(Derek De Lint), um respeitado filósofo e professor em Paris, é contratado para ser o tutor da bela e 
inteligente Heloise (Kim Thomson). Rapidamente, eles se apaixonam, mas precisam manter seu rela-
cionamento escondido de todos porque Abelard está comprometido com o celibato. O filme lançado 
em 1988, direção de Clive Donner, auxiliará na compreensão da mentalidade medieval e contribuirá 
na assimilação do período medieval. Assim, assista ao filme com essa intenção. Posteriormente, deba-
ta com seu professor formador, tutor e colegas quais são suas impressões sobre o filme, relacionando 
ao tema estudado.
O resultado dessa desagregação demonstra que o Feudalismo era um circuito quase fecha-
do, porém deixou brechas para outras possibilidades que fluíram no decorrer do processo. As im-
plicações apresentadas a seguir desagregaram e desestruturaram o Feudalismo, possibilitando 
sua passagem para a sociedade capitalista. São elas:
•	 Trocas exteriores;
•	 Desenvolvimento da circulação monetária;
•	 Propriedade absoluta que progride, em vez de retroceder, diante da propriedade feudal;
•	 Homens livres, ricos ou pobres, cada vez mais numerosos, vinculados às relações feudais;
•	 A cidade adquire importância ao lado dos campos. Percebe-se o surgimento de fortunas 
mobiliárias; 
•	 Impostos do estado competem com tributos senhoriais.
 
Esses fatores constituíram ameaças ao regi-
me feudal, proporcionando sua desagregação.
Conforme Pierre Vilar (1971), nas discus-
sões teóricas acerca da transição feudalismo/
capitalismo há controvérsias. Verifica-se que 
alguns locais, desde o século XI, esboçam o Ca-
pitalismo. Porém, ressalta-se que Karl Marx diz 
que algumas cidades italianas irão esboçar o 
Capitalismo a partir do século XIV.
Conforme Vilar (1971), não se pode falar 
da verdadeira passagem da sociedade feudal 
para o Capitalismo porque esses esboços re-
trocedem. Somente quando regiões extensas 
vivem um regime completamente novo pode-
-se dizer que se deu a passagem para o Capi-
talismo. Essa passagem decisiva vai ocorrer 
quando as revoluções políticas, como as revoluções burguesas, sancionam juridicamente as mu-
danças de estruturas e novas classes sociais dominam o estado. Mas essa evolução dura séculos, 
porém ocorre com a burguesia legitimando o Capitalismo.
1.4.1 O papel da burguesia 
Pierre Vilar (1971) orienta que se deve ter precaução ao usar as palavras burguesia e Capi-
talismo. Justifica seu ponto de vista dizendo que essas palavras fazem parte da sociedade mo-
derna, onde há produção maciça de mercadorias e exploração de trabalho 
assalariado, em outras palavras, verifica-se o antagonismo entre quem nada 
possui e quem possui os meios de produção. Por outro lado, de acordo com 
Pierre Vilar (1971), ocorre um abuso no emprego das expressões Capitalis-
mo antigo e Capitalismo medieval, sendo interessante apresentar o sentido 
de cada termo.
a. Capitalismo antigo
 
De fato, existiam financistas em Roma e mercadores em Veneza na Ida-
de Antiga, mas eles não dominavam a produção social dessa época. Quem 
fazia isso eram os escravos. Então, não se pode comparar essa realidade 
com a configuração do Capitalismo.
Figura 11: Elementos de 
um feudo.
Fonte: Disponível 
em: <http://images.
google.com.br/
imgres?imgurl=http://
www.professoraclara.com/
imagens/feudal/feudo>. 
Acesso em: 28 dez. 2009.
▼
Figura 12: Escravos 
servindo em um 
banquete romano. 
Mosaico proveniente de 
Cartago. Século III d.C.
Fonte: Disponível 
em: <http://images.
google.com.br/
imgres?imgurl=http://3.
bp.blogspot.com/ >. 
Acesso em: 28 dez. 2009.
▼
19
História - História Economica Geral e do Brasil
b. Capitalismo medieval
Verifica-se que na Idade Média havia uma produção industrial, po-
rém obtida de forma artesanal e corporativa. O mestre artesão compro-
mete seu capital e trabalho, e alimenta em sua casa os companheiros e 
aprendizes, de maneira que as relações sociais não se reduzem a laços 
apenas de dinheiro. Nesse formato, não ocorre à separação entre os 
meios de produção e o produtortípico do Capitalismo.
As comunas também são extremamente importantes dentro desse 
contexto, pois é o local onde se vê um caráter coletivo do modo de viver 
urbano, assim como as guildas que tinham o modo de vida dos mercado-
res com uma estrutura burguesa da Idade Média. Tanto as comunas como 
as guildas apresentam estruturas diferentes das estruturas burguesas ca-
pitalistas do século XIX.
Diante desse contexto, Pierre Vilar (1971) afirma que não há capitalis-
mo, pois ele tem outra configuração, conforme explica a abordagem anterior.
1.4.2 O renascimento das cidades
Pierre Vilar (1971) e Hilário Franco Júnior (1987), ao tratarem desse assunto, fazem questão de 
dizer que não estão falando do Oriente, que apresenta outro contexto, mas do Ocidente Europeu. 
Nesse sentido, rememorar a atividade urbana no século III é interessante para verificar como 
se dá a evolução do renascimento das cidades ainda na Idade Média. A atividade urbana, nesse 
período, era mínima, pois, com as invasões dos bárbaros, apresenta outro contexto histórico. Ve-
rifica-se que as cidades romanas cercadas de muralhas que serviam para proteção não desapare-
cem, mas vivem mediocremente. O caráter rural da vida econômica e social corresponde ao perí-
odo de implantação do modo ou sistema de produção feudal que ocorreu nos séculos IV ao X. As 
exceções são Lund, no Mar Báltico, e Veneza, no Mar Mediterrâneo, que praticavam o comércio 
em terras distantes até o século IX, além das frentes de contato, como Espanha muçulmana e 
cristã, que tinha papel militar ou comercial, distribuindo objetos preciosos ou moedas adquiridas 
nas razzias e com vendas de escravos. Assim, no século XI, generaliza-se o grande comércio que 
proporciona:
•	 produção local destinada ao mercado;
•	 substituição de oficinas dos servos no feudo. Agora, ocorre a fabricação de objetos de uso 
corrente pelas oficinas urbanas;
•	 a especulação que surge com pessoas querendo abusar ou tirar vantagem da situação; 
•	 a oposição entre cidade e campo.
É importante ressaltar que, no período medieval, as cidades dependiam dos senhores, mas, 
internamente, constata-se que:
▲
Figura 13: Gravura 
francesa do século XIII: 
servos trabalhando 
no campo. Ao fundo, 
o castelo senhorial 
(STENMANN, H.; OLMO, 
M. J. A.del [199-?] p.32).
Fonte: Disponível 
em: <http://images.
google.com.br/
imgres?imgurl=http://
soniamartins.com.br/img/
artigos/>. Acesso em: 28 
dez. de 2009.
GLOSSáRIO
Comunas: Cidades com 
governo próprio, livres. 
(BUENO, 1996, p. 152)
Guildas: Corporações 
artesanais ou corpo-
rações de ofício. Eram 
associações de artesãos 
de um mesmo ramo, 
isto é, pessoas que 
desenvolviam a mesma 
atividade profissional 
e que procuravam ga-
rantir os interesses de 
classe e regulamentar a 
profissão. Ocorreram na 
Europa durante e após 
a Idade Média. (BUENO, 
1996, p. 334)
◄
Figuras 14 e 15: Cidade 
da Idade Média e a 
cidade de São Paulo nos 
dias atuais.
Fonte: Disponível em: 
<http://cidademedieval.
blogspot.com/2008/09/
vida-urbana-medieval-
-iluminada-pela-luz.html 
>. Acesso em: 21 de maio 
de 2010.
<http://cafehistoria.ning.
com/>. Acesso em: 28 dez. 
2009. 
20
UAB/Unimontes - 8º Período
•	 os moradores das cidades se rebelavam e discutiam, propiciando as “cartas de franquia”, ou 
seja, a liberdade;
•	 as cidades, coletivamente, pertenciam ao sistema feudal, mas, dentro das muralhas, os habi-
tantes eram livres e organizavam-se; 
•	 fundação de novas vilas, com o objetivo de vigiar as fronteiras, povoar territórios, aproveitar 
encruzilhadas e exigir a liberdade.
Essas cidades se tornavam livres, mas não modificam o modo e as relações de produção que 
continuam camponesas, porém influenciam outras comunas rurais e dão asilo aos servos refugia-
dos e lutam pela liberdade.
Nas cidades, nobres, mercadores e corporações artesanais disputam o poder municipal. Para 
isso, firmam compromissos ou se eliminam, gerando uma crise geral do feudalismo no século XIV 
e XV. Nessa época, surgem às propriedades urbanas e fortunas mercatins, assim como é um tem-
po de luxo, construções de mecenas das artes, mas não é o auge produtivo, porque a burguesia 
vive de renda ou compra de terras feudais. A burguesia imita os senhores feudais não caracteri-
zando uma nova configuração nas cidades. Diante de tudo isso, as lutas de classes se agravam, 
pois a situação não é harmoniosa. Enfim, essa realidade não se apresenta de forma tranquila e 
serena, pelo contrário é conflituosa e tensa. Desse modo, as cidades do Mediterrâneo, que eram 
mercantis, entram em decadência, pois os turcos conquistam o Oriente em 1453. A Inglaterra, 
Portugal e Espanha agora se tornam novidades para a Europa Ocidental.
1.4.3 As forças produtivas dos séculos XV e XVI
Nos séculos XV e XVI, as forças produtivas também constituem as invenções e os descobri-
mentos de acordo com Pierre Vilar (1971).
a) Invenções
No século XV, o número de invenções é muito maior que no século XVII. Isso se justifica porque:
•	 o uso da artilharia impulsiona a produção de metal;
•	 surge o primeiro alto forno; 
•	 a imprensa também é criada e difunde o pensamento humano; 
•	 ocorre o progresso da ciência da navegação.
Enfim, pela primeira vez, as técnicas industriais e de comunicações ultrapassam a técnica 
agrícola, dando início ao processo que coloca a indústria em primeiro plano.
DICA
Com o objetivo de 
compreender melhor a 
transição da Idade An-
tiga para Idade Média, 
leia:
- GUERRAS, Maria 
Sonsoles. Os povos 
bárbaros. São Paulo: 
Ática, 1987. 
Figura 16: Invenção da 
imprensa: equipamento 
utilizado para prensar.
Fonte: Disponível 
em: <http://images.
google.com.br/
imgres?imgurl=http://
www.paroquiansdores.
org/wp-content/uploa-
ds/2008/07/>. 
Acesso em: 28 dez. 2009.►
21
História - História Economica Geral e do Brasil
b) Expansão marítima e colonial
No final do século XV, por meio da expansão marítima e colonial, 
há uma grande riqueza que vem do exterior. Nesse período, verifica-se 
que ocorre
•	 a circunavegação da África;
•	 o descobrimento da rota das Índias por Vasco da Gama e da América 
por Cristóvão Colombo; 
•	 a volta ao mundo realizada por Fernão Magalhães.
Essas “descobertas” ampliaram o nível científico e a concepção de 
mundo na Europa, além disso, ocorre a retomada do grande comércio 
de produtos exóticos, escravos e metais preciosos, que constitui a finali-
dade dos “descobridores”. 
1.4.4 Acumulação primitiva de capital
De acordo com Pierre Vilar (1971), há duas versões para explicação da acumulação primitiva 
de capital. Uma versão é a de Max Weber que diz que ela ocorre por meio do espírito de poupan-
ça. Essa explicação ganha respaldo nas teorias protestantes. A outra versão, de Karl Marx, explica 
que a acumulação primitiva de capital só pode acontecer por causa das crises, das violências, dos 
desequilíbrios, dos açambarcamentos e das usuras do fim do regime feudal e a expansão dos 
europeus.
É na perspectiva marxista que Pierre Vilar (1971) aborda essa questão. Nesse sentido, a acu-
mulação primitiva de capital se deu da seguinte forma:
a) Expropriação agrária e proletarização das mas-
sas rurais
Marx tem como símbolo para explicar esse fato à In-
glaterra. No século XIV, verifica-se o desenvolvimento da 
classe rural comprometida com a produção artesanal e com 
o comércio de produtos. Nos séculos XV e XVI, há o incen-
tivo de lucros sobre campos de pastagens com a indústria 
de lã que acaba por expulsar pequenos agricultores dos 
campos. Essa expropriação se dá de forma sistemática. O 
despovoamento e o empobrecimento do campo ocorrem 
sistematicamente contando com uma legislação impotente 
ao movimento. Essa legislação, no entanto, volta-se contra 
o pobre, desocupado e vagabundo que são colocados à 
disposição da indústria.Enfim, a expropriação e a proleta-
rização têm como resultado a acumulação primitiva. Esse 
fenômeno é uma violência legalizada.
b) Saque e exploração colonial 
Os saques constituem uma exploração contínua e sistemática dos povos colonizados. Ocor-
rem roubos de joias e tesouros dos colonizados, como os índios na 
América, especificamente no México; dos Maias, Incas e Astecas em 
Portugal e Espanha; no extremo oriente pelos holandeses no século 
XVII; na Índia, no século XVIII, pelos ingleses. A pirataria e a pilhagem 
realizadas nos carregamentos dos espanhóis eram constantes.
c) A exploração colonial e alta de preços na Europa
Do século XV ao XVIII ocorre a exploração das minas de ouro no Méxi-
co, Brasil, Cuba e São Domingos. Quem trabalha nessas minas são escravos 
e trabalhadores assalariados. A consequência dessa exploração sem limites 
é a banalização do ouro e a alteração de preços, sobretudo dos alimentos.
▲
Figura 17: Navegações 
do século XV.
Fonte: Disponível 
em: <http://images.
google.com.br/
imgres?imgurl=http://
www.dightonrock.com/
caravela2>. Acesso em: 28 
dez. 2009.
◄ Figura 18: Cercamentos 
na Inglaterra: séculos 
XV a XVIII.
Fonte: Disponível em:
<http://images.
google.com.br/
imgres?imgurl=http://
www.usp.br/fau/docen-
tes/>. Acesso em: 28 dez. 
2009
Figura 19: Aspecto do 
interior de uma mina de 
ouro.
Fonte: Disponível em: < 
em: br. olhares.com/mina_
de_ouro_foto2422013.
html>
Acesso: em 21 de maio de 
2010.
▼
22
UAB/Unimontes - 8º Período
d) O papel do capital usurário e do capital mercantil
A produção industrial em massa não se torna regra na Europa no século XIX. Ainda hoje, 
verificamos a existência de países “subdesenvolvidos”. De acordo com Vilar (1971), a acumulação 
monetária possibilita a acumulação primitiva de capital por meio de três procedimentos:
•	 Empréstimo usurário para consumo
Havia dois níveis: o nível mais baixo e o mais alto. O nível mais baixo ocorria quando o ho-
mem tinha disponibilidade monetária e emprestava a juros altos para o camponês comprar suas 
ferramentas, sementes e pagar os impostos. O nível mais alto ocorria quando os mercadores e 
banqueiros emprestavam aos grandes senhores e príncipes.
•	 Especulação sobre escassez
Havia as carestias periódicas. Quem acumulava grãos nessas épocas acabava vendendo em 
momento oportuno e obtendo lucro. Quem fazia isso era odiado, mas enriquecia.
•	 Especulação comercial
Ocorria a acumulação primitiva de capital, por meio da especulação comercial a partir de 
produtos valiosos, que alimenta o capital mercantil. Os europeus que tinham muito ouro, por 
causa da exploração colonial, banalizam-no e compram produtos caríssimos como azeite, vinho 
e panos. Nesse mercado de produtos de luxo, há a concorrência que faz a circulação do capital. 
Caso isso não ocorresse, a economia viria a pique. Há muita pobreza e alta dos preços, e os ho-
mens com dinheiro tomam o controle da produção.
1.4.5 Etapas finais do processo de transformação
De acordo com Pierre Vilar (1971), a passagem 
da sociedade feudal para sociedade capitalista se deu 
de forma lenta e gradativa, ou seja, processual. Na se-
quencia, apresentamos alguns fatos que concorreram 
como etapas finais desse processo de transformação.
a) Primeiro controle do capital mercantil sobre 
a produção industrial
No século XVII, em relação à manufatura, verifi-
cava-se o lucro por meio da exploração das colônias, 
sobretudo por causa da matéria-prima, das dificulda-
des do artesanato corporativo e do excesso de mão de 
obra no campo. Os mercadores distribuíam matéria-
-prima e instrumentos de produção em domicílios 
para os camponeses e oficinas, separando produtor e 
meio de produção, organizando, assim, a divisão do 
trabalho.
b) Papel dos primeiros estados nacionais e a 
acumulação primitiva
As contribuições dos primeiros estados em rela-
ção à acumulação primitiva de capital constituem:
•	Organização do crédito, por meio da criação dos ban-
cos, que eliminou os agiotas, mas acabou criando gru-
pos restritos e poderosos; 
•	 Proteção da produção nacional, por meio das alfândegas, com a finalidade de fazer dinheiro 
e lucro. Um exemplo é a Inglaterra, no final do século XVII, que podia verificar: concentra-
ção de propriedade agrária; proletarização de mão de obra; atividade marítima e colonial in-
tensa. Portugal e Espanha, que tinham um afluxo de dinheiro, eram diferentes da Inglaterra, 
mas viviam do parasitismo das rendas. A Holanda não tinha recursos industriais na época, 
assim como a França, que resistia aos cercamentos, por isso o atraso em relação à Inglaterra.
▲
Figura 20: Interior de 
uma fábrica no século 
XVIII na Inglaterra.
Fonte: Disponível em: 
<http://images.
google.com.br/
imgres?imgurl=http://
www.coljxxiii.com.br/
webquest/>. Acesso em: 
30 dez. 2009.
23
História - História Economica Geral e do Brasil
c) No século XVIII há o novo avanço das forças 
de produção: produção industrial em massa e a nova 
agricultura
A Inglaterra do século XVIII apresenta uma nova 
configuração com o aparecimento do maquinismo. As 
invenções de 1730 a 1760 substituem a manufatura pela 
maquinofatura, multiplicando a produtividade, tornan-
do o trabalho mais barato e a mão de obra de força re-
duzida, como a da criança e da mulher, passa a ser utili-
zada. Pode-se citar, como exemplo, a metalurgia com a 
fundição de carvão, por meio da máquina a vapor, cujas 
consequências foram a produção industrial em massa, 
contando com a fonte do capital através da mais-valia. 
A partir daí, acaba a era da acumulação primitiva. Tudo 
é mercadoria, e as relações sociais são vinculadas ao di-
nheiro e ao lucro. Configura-se, então, o fim do Feudalismo.
Verifica-se, também, a exploração cada vez mais acentuada do trabalho humano. No século 
XVIII, ocorre a alta de preços, sobretudo dos alimentos. A fonte de renda e riqueza é constituída 
por meio da exploração das colônias. Grandes fortunas são edificadas com o colonialismo. Da 
América, vem o algodão; do Brasil, especificamente, o ouro e do México, a prata. A Índia também 
é fonte de exploração, sobretudo das especiarias. O salário é diminuído, porém há um contraste: 
todos, mulheres e crianças, podem trabalhar aumentando a renda familiar, favorecendo, na épo-
ca, o desaparecimento da carestia e da falta de pão.
Nesse contexto, ocorre a revolução agrícola e a liberdade do comércio de grão por meio da 
produção agrícola em massa para a venda.
Enfim, nem todos os países entram no século XVIII no Capitalismo. A Inglaterra tornou-se 
capitalista em 1760. Contudo, verifica-se ainda hoje que há aqueles países, como, por exemplo, a 
África que não chegaram a esse ponto. Outra questão importante é em relação ao regime social 
que não estava constituído exclusivamente pela economia, pois cada modo de produção corres-
pondia a um sistema direto de instituições e de formas de pensamento, como, por exemplo, as 
lutas de classes, resistências do regime anterior, revoluções e conflitos.
1.5 Mercantilismo
Para Francisco Calazans Falcon (1986), autor eleito, neste caderno didático, para tratar do 
Mercantilismo, Pierre Deyon diz que o Mercantilismo nunca existiu e é um mito, pois esse termo 
foi criado no século XIX pelos positivistas. São os admiradores da Escola Histórica Alemã no sécu-
lo XIX que denominam pela primeira vez esse fato de Merkantilismus.
1.5.1 Quem constrói o conceito/termo
Os fisiocratas no século XVIII e economistas 
da Escola Clássica de Economia no século XVIII e 
XIX denominam após estudos esse acontecimento 
como “sistema mercantil” ou “sistema do comércio”.
 
▲
Figura 21: Agricultura 
industrializada nos 
nossos dias.
Fonte: Disponível 
em: <http://images.
google.com.br/
imgres?imgurl=http://
www.rodalpr.com.br/
imagens/colheitadeiras.>. 
Acesso em 30 dez. 2009Figuras 22 e 23: Adam Smith (1723-1790) 
e David Ricardo (1772-1823).
Fonte: Disponível em: <http://images.goo-
gle.com.br/imgres?imgurl=http://jacusers.
johnabbott.qc.ca/~bill.russell/AdamSmith>. 
Acesso em 31 dez. 2009. ►
24
UAB/Unimontes - 8º Período
GLOSSáRIO
Fisiocracia: Considerada a primeira escola da economia científica, antes até mesmo da teoria clássica 
de Adam Smith, é uma teoria econômica que surgiu para se opor ao mercantilismo, apresentando-se 
como fruto de uma reação iluminista. Em síntese, a fisiocracia baseia-se na afirmação de que toda a 
riqueza era proveniente da terra, da agricultura. 
Escola Clássica de Economia: A economia clássica foi elaborada e sistematizada nas obras dos 
economistas políticos Adam Smith e J.S. Mill. Além de Smith e Mill, os principais responsáveis pela 
formação da economia clássica foram o francês Jean-Baptiste Say (1767-1832), David Ricardo e Robert 
Malthus (1766-1834). A ideia central da economia clássica é a de concorrência. Embora os indivíduos 
ajam apenas em proveito próprio, os mercados em que vigora a concorrência funcionam esponta-
neamente, de modo a garantir a alocação mais eficiente dos recursos e da produção, sem que haja 
excesso de lucros. Por essa razão, o único papel econômico do governo é a intervenção na economia 
quando o mercado não existe ou quando deixa de funcionar em condições satisfatórias, ou seja, 
quando não há livre concorrência. (Disponível em: <http://www.prof2000.pt/users/afp/economia/
eco02/04eco02.htm.> Acesso em 31 dez. 2009.)
Uma questão importante para a construção do conceito de Mercantilismo que Falcon (1986) 
chama atenção é para a utilização do sufixo “-ISMO” que remete à ideia ou à maneira de pensar 
e sentir. Essa palavra é contemporânea ao objeto de estudo que se quer indicar, sendo coerente.
Verifica-se, também, de acordo com Falcon (1986), um anacronismo em relação a esse ter-
mo. Mercantilismo é definido como ideias e práticas econômicas cuja característica básica é a 
intervenção do Estado na economia. Porém, além dessa definição, é interessante considerar o 
Mercantilismo como produto das condições específicas de um determinado período histórico do 
Ocidente, caracterizado pela transição feudalismo/capitalismo.
Enfim, não há um consenso em relação ao significado de Mercantilismo. Para Marx, esse “ca-
pitalismo comercial” ou Mercantilismo é a primeira época da história do Capitalismo, cuja carac-
terística é o comércio. Para os autores positivistas, Mercantilismo é o sistema ou forma econômi-
ca que caracteriza a economia nacional, ou seja, o espaço geopolítico, o Estado Nacional. Nesse 
caso, eles consideram apenas os aspectos econômicos e políticos.
Afinal, o que significa Mercantilismo? É um sistema econômico? Um modo de produção en-
tre o feudalismo/capitalismo? Para responder a essa questão, Falcon (1986) diz que há versões 
diferentes e que elas dependem do foco de estudo historiográfico, podendo ser:
a) Materialista: Modo de produção, cuja característica dominante é o comércio, que tem 
papel importante no processo de acumulação primitiva do capital. Mercantilismo não é Capitalis-
mo, mas cria condições para isso.
b) Idealista: Mercantilismo é a primeira manifes-
tação do espírito capitalista. Ele busca lucro por meio 
de operações no comércio, empréstimos a juros, con-
trole de oficinas artesanais e manufaturas e explora-
ção colonial, propiciando a acumulação do capital 
comercial.
c) História Nova: Mercantilismo é o conjunto 
de ideias ou práticas econômicas que caracterizam 
a história econômica e política europeia nos séculos 
XV, XVI e XVIII, e autores como Adam Smith, Maurice 
Dobb e Karl Marx confirmam esse conceito.
1.5.2 História do conceito ou da ideia 
do Mercantilismo 
De acordo com Falcon (1986), é necessário compreender melhor o objeto de estudo, veri-
ficando a trajetória da sua construção. Nesse sentido, conhecer as expressões anteriores, como 
sistema mercantil ou sistema comercial, criadas pelos fisiocratas franceses no século XVIII, que 
apresentam uma conotação negativa acerca do Mercantilismo, porque abordam, na perspectiva 
de leis contrárias à economia, como o intervencionismo estatal é fundamental.
PARA SABER MAIS
Pesquise na internet ou 
leia os seguintes livros 
para saber mais sobre 
noções como mate-
rialismo, idealismo e 
História Nova:
- CARDOSO, Ciro Flama-
rion. (Org.). Os domí-
nios da história. Rio de 
Janeiro: Campos, 1997.
- BARROS, José 
D’Assunção. O campo 
histórico: as especiali-
dades e abordagens da 
história. Rio de Janeiro: 
CELA, 2002.
- BOURDÉ, Guy e MAR-
TIN, Hervé. As escolas 
históricas. Portugal: 
Publicações Europa/ 
América, 1983.
Figura 24: Karl Marx 
(1818-1883).
Fonte: Disponível 
em: <http://images.
google.com.br/
imgres?imgurl=http://
www.fjaz.com/graphics/
marx>. Acesso em: 31 dez. 
2009.
►
ATIVIDADE
Procure se informar na 
internet, dicionário e 
livros na biblioteca da 
sua cidade sobre o que 
é balança comercial fa-
vorável. Depois partilhe 
com os colegas, pro-
fessor formador e tutor 
sobre esse assunto no 
ambiente de aprendi-
zagem.
25
História - História Economica Geral e do Brasil
Adam Smith, através do livro “Riqueza das nações”, em 1776, define Mer-
cantilismo como um sistema do comércio que se apresenta pronto e acaba-
do, porém com princípios e objetivos equivocados por causa da questão da 
balança comercial favorável. Enfim, o Mercantilismo é sinônimo de estatismo, 
monopolismo, privilégios abusivos e maquinações diabólicas, conforme abor-
da Falcon (1986).
Na Alemanha, ainda conforme Falcon (1986), Fichte e F. List, integrantes 
da Escola Histórica, estuda-se o fato na perspectiva de que o Mercantilismo 
privilegia a economia nacional, ou seja, o protecionismo estatal. Assim, Mer-
cantilismo pode ser definido como política econômica racional para constru-
ção e fortalecimento do Estado Moderno.
Em 1930, o sueco Eli Heckscher publica um trabalho discutindo Mercan-
tilismo como um sistema de política econômica em que os meios econômicos 
(política protecionista e monetária) conduzem os fins (política de unificação 
e política de poder) de natureza política. A pesquisa de Eli Heckscher foi elo-
giada e criticada, assim como considerada historicamente incompleta e sendo 
pessimista ao seu objeto de estudo. Para ele, o Mercantilismo era um sistema 
imaginário, cuja noção é inútil e perigosa. Porém, o trabalho de Eli Heckscher 
foi um marco historiográfico.
Durante a grande depressão de 1930, a ordem do dia era o intervencio-
nismo, protecionismo e autarquia. Esse fato possibilitará compreender a lógi-
ca interna do Mercantilismo e reconhecer a cientificidade e racionalidade na 
época em que existiu. 
Atualmente, há muitos trabalhos sobre esse assunto que constatam a sua riqueza, diversi-
dade e peculiaridades. Enfim, a construção do conceito ou da ideia de Mercantilismo deu-se de 
forma processual. Mercantilismo é mais que uma palavra, um sistema ou uma doutrina, consti-
tuindo ideias e práticas econômicas ligadas ao processo que durou mais de três séculos, envol-
vendo a transição feudalismo/capitalismo; problemas do estado moderno; absolutismo e expan-
são político-econômica, fazendo a conexão política e econômica entre o final da ‘Idade Média e o 
início da Revolução Industrial’. 
1.5.3 Época mercantilista
Conforme abordagem anterior e de acordo com Falcon (1986), o Mercantilismo está inserido 
no período de transição feudalismo/capitalismo. Verificam-se divergências com o termo transi-
ção, pois essa palavra é algo sem sentido para a História que vive uma “eterna transição” porque 
trabalha com a perspectiva de processo, esse termo também é incompatível com tempo longo.
O contexto do Mercantilismo constitui a passagem da sociedade feudal para a sociedade 
capitalista que está inseridanos séculos XV, XVI, XVIII e XIX.
Pensando a época mercantilista, há visões e ponto de vistas diferentes que apresentam as 
suas características, tais como:
a) Ideia de ruptura da idade moderna 
 
A ideia de ruptura da Idade Moderna apresenta-se a partir dos seguintes aspectos:
•	 Econômico: Na Idade Média, há uma economia quase fechada e de subsistência. Na Idade 
Moderna, verifica-se a expansão marítima, comercial e colonial com seus efeitos, ou seja, 
preços, moeda, exploração ultramar;
•	 Político: Na Idade Média, o poder é descentralizado, calcado nas mãos dos senhores feudais. 
Na Idade Moderna, surgem os estados nacionais, centralizado, propício à guerras e à diplo-
macia, estabelecendo relações políticas e econômicas;
•	 Social: Na Idade Média, a sociedade era estamental, sem mobilidade social. Na Idade Moder-
na surge a burguesia e, assim, a mobilidade social; 
•	 Espiritual e ideológico: Na Idade Média, a ideologia e a espiritualidade estão voltadas para o 
teocentrismo da Igreja Católica. Na Idade Moderna, o Humanismo, o Renascimento, a Refor-
ma Protestante e a Contrarreforma possibilitarão uma nova concepção de mundo.
▲
Figura 25: Multidão lota 
a Bolsa de Valores de 
New York logo após 
quedas acentuadas 
de 1929. (Foto: 
Reprodução/Wikipedia 
Commons)
Fonte: Disponível em: 
http://images.google.com.
br/imgres?imgurl=http://
g1.globo.com/Noticias/
Mundo>. Acesso em: 31 
dez. 2009.
26
UAB/Unimontes - 8º Período
Para Falcon (1986), essa ideia é insustentável. Pensar na rup-
tura, ou seja, ontem foi de uma forma, e hoje é de outra é incon-
cebível.
b) Ideia de continuidade
Os mesmos aspectos apresentados acima, ou seja, econo-
mia, política, espiritualidade, etc., nessa perspectiva de continui-
dade, permanecem. É a ideia de permanência das relações feu-
dais até o século XVII, na Inglaterra, e 1789, na França. Essa ideia 
em parte é válida, porém devem-se ter argumentos para respal-
dá-la.
c) Ideia do novo 
Considera-se o Mercantilismo como a época pré-capitalista, 
quando se formam e germinam elementos do sistema capitalis-
ta. Essa ideia envereda pelo caminho da teleologia, que tenta ex-
plicar a época não pelo que ela é, mas pelo que virá a ser.
d) Ideia do dualismo estrutural
Tenta superar o dualismo estrutural, ou seja, a coexistência e interdependência de relações 
feudais e capitalistas. Considerada época de transição feudalismo/capitalismo. Entre todas essas 
ideias, Falcon (1986) aponta o dualismo estrutural como a mais coerente.
1.5.4 Estruturas do período de transição
Falcon (1986) apresenta as estruturas econômicas, sociais, políticas e ideológicas do período 
de transição feudalismo/capitalismo, nas quais o mercantilismo se insere. São elas:
a) Econômicas
As estruturas econômicas referentes ao período de transição feudalismo/capitalismo se 
apresentam da seguinte forma:
•	 Relações existentes entre o campo e a agricultura
Na relação existente entre o campo e a 
agricultura, temos:
- Aforamento: Retrata a persistência das 
relações feudais. Os foreiros e senhores são os 
nobres, eclesiásticos e burgueses;
- Arrendamento: Identifica-se ou aproxi-
ma-se das relações contratuais capitalistas;
- Parceria: Ocupa lugar intermediário en-
tre os dois tipos anteriores, aforamento e ar-
rendamento. Caracteriza-se por ser tipicamen-
te de transição; 
- Cercamentos ou enclouseres: O Capita-
lismo com os cercamentos contrapõe a todos. 
Eles constituem na expropriação e expulsão 
dos camponeses.
•	 Relações existentes na cidade/indústria
Na relação existente entre a cidade e a indústria, temos:
- O artesanato: Ocorre a produção em pequenas oficinas com o controle das corporações 
ou guildas. O artesão é dono dos meios de produção e do processo de produção. Possui caracte-
rística feudal; 
- A manufatura: A organização era feita com o produtor direto, ainda artesão, porém subor-
dinado ao empresário. Esse empresário fornece a matéria-prima e os instrumentos de trabalho, 
assim como se apropria da produção pagando por tarefa ou salário. Dessa forma, acontece a es-
pecialização de funções. Esse modelo apresenta característica de transição.
▲
Figura 26: Lutero e as 95 
teses.
Fonte: Disponível em: 
http://images.google.com.
br/imgres?imgurl=http://
eudesenholetras.files.
wordpress.co>. Acesso em: 
31 dez. 2009.
ATIVIDADE
Procure no dicionário, 
com vistas a ampliar 
seu conhecimento, 
o significado das 
palavras: aforamento, 
arrendamento, parceria 
e cercamento. Depois 
partilhe com os cole-
gas, professor formador 
e tutor os resultados 
de sua pesquisa no 
ambiente de aprendi-
zagem.
Figura 27: Camponeses 
da Idade Média 
trabalhando no campo.
Fonte: Disponível 
em: <http://images.
google.com.br/
imgres?imgurl=http://raul-
marinhog.files.wordpress.
com/2008/12/idade-
-media>.
Acesso em: 31 dez. 2009.
►
27
História - História Economica Geral e do Brasil
b) Sociais
O aspecto social é tratado por Falcon (1986), a partir da discus-
são de classe social. 
A sociedade do Antigo Regime é caracterizada como uma socie-
dade de ordens. O termo sociedade de ordens ou estamental consti-
tui a negação de classe social. Para os marxistas, Engels e Lukacs, há 
uma impossibilidade do uso do termo classe social no Antigo Regi-
me, pois esse termo é próprio da sociedade capitalista. É necessário 
ter consciência de classe para que esse termo possa ser utilizado. Para 
os positivistas que trabalham com critérios de evidência, esse termo 
não é utilizado no Antigo Regime, logo, não existe classe social nesse 
período.
Nessa perspectiva, Falcon (1986) apresenta duas análises para essa 
questão. Verifica-se que, trabalhando textos da época, ou seja, do An-
tigo Regime, a sociedade se autodefine como sociedade de ordens ou 
de estados. Então, a ideologia e a mentalidade da época tinham essa 
concepção.
Em relação a essa questão, na perspectiva marxista, tendo como foco o materialismo históri-
co, a estrutura socioeconômica e as relações de produção, no Antigo Regime, existe classe social, 
e ocorre a luta de classes, apesar de as estruturas religiosas, sociais, políticas e econômicas da 
época na sua aparência não deixarem transparecer.
Enfim, constata-se que a sociedade de ordens do Antigo Regime escamoteia por meio de 
práticas político-jurídicas e ideológicas a existência da classe de proprietários de terra (nobreza e 
clero), classe de camponeses e burguesia mercantil e industrial.
c) Políticas
A expressão máxima nesse período de transição da sociedade feudal para a sociedade ca-
pitalista é ESTADO ABSOLUTISTA. Esse Estado Moderno é completamente diferente da propos-
ta da Idade Média. Ele constitui um estado territorial, sendo governado por um príncipe, com a 
concentração do poder e a centralização administrativa caracterizando um Estado Monárquico 
Absolutista, consistindo em um aparelho burocrático e militar.
▲
Figura 28: A Liberdade 
guiando o Povo (1830), 
de Eugène Delacroix, 
quadro alusivo à 
Revolução Francesa.
Fonte: Disponível 
em: <http://images.
google.com.br/
imgres?imgurl=http://
twilighthatersbrasil.files.
wordpress.com/2009/03/
revoluofrancesasimbolo>. 
Acesso em: 31 dez. 2009.
ATIVIDADE
Procure no dicioná-
rio de história ou de 
política, ou ainda na 
internet o significado 
de Antigo Regime. 
Partilhe posteriormente 
essa informação com 
seus colegas, tutor e 
professor formador nos 
fóruns de debate.
◄
Figura 29: Invasão da 
Bastilha em 14 de julho 
de 1789.
Fonte: Disponível 
em: <http://images.
google.com.br/
imgres?imgurl=http://
www.historiadomundo.
com.br/imagens/france-
sa_revolucao3>. Acesso 
em: 31 dez. 2009.
28
UAB/Unimontes - 8º Período
Falcon (1986) para tratar da natureza social e política do Estado, apresenta os seguintes ar-
gumentos:•	 A burguesia auxilia no fortalecimento do Estado por meio do poder econômico que detém. 
Os burgueses, em troca, ganham e conquistam cargos importantes. Essa é a justificativa 
para a origem social do Estado;
•	 Verifica-se a existência de ministros burgueses influentes. Os burgueses compram títulos 
de nobres e tornam-se um deles, assim como seus descendentes. Essa é a justificativa para a 
origem social das elites na época; 
•	 O Estado tem de ser neutro, contando com o equilíbrio de classes, ou seja, um príncipe livre 
para governar e uma burocracia do Estado independente das classes. Esses argumentos dis-
sociam o príncipe de sua própria classe - a nobreza – além de não destacar o fato de que a 
aristocracia é a classe dominante.
Nessa veia, o Estado Absolutista é feudal ou capitalista? Falcon (1986) responde que são 
as duas coisas: nem uma nem outra, constituindo uma relação contraditória. O Estado apoia os 
burgueses que são capitalistas e mantém interesses dos nobres, que apresentam características 
feudais. Essa configuração vai se alterar com o nascimento do Liberalismo que vem com a Revo-
lução Burguesa que é anti-feudal, antiabsolutista com a proposta do reformismo esclarecido por 
meio dos déspotas esclarecidos.
d) Ideológicas
Os elementos gerais, de acordo com Falcon (1986), que constituíam a ideologia da época, 
eram os conceitos de modernidade e progresso, assim como a passagem da transcendência à 
imanência.
O século XVIII é o século do Iluminismo e da Ilustração, por isso, conta com pensadores 
como Locke, Hume, Montesquieu, Rousseau, Diderot, D’Lambert e outros que trazem à tona a 
discussão do político como campo diferente e próprio.
Constrói-se também o discurso econômico com um foco diferente do político. O discurso 
econômico não existia como campo do saber, já que existiam ideias. A economia era pensada na 
perspectiva da administração doméstica e controle dos negócios privados. A ideia de seculariza-
ção é voltada para o individualismo burguês. O universo ideológico é secular, imanentista, racio-
nalista e individualista, ou seja, burguês.
Ocorre a autonomia discursiva do político e do econômico como campos definidos de sa-
beres nos séculos XVIII e XIX. O discurso político é construído por Maquiavel no século XVI pen-
sando a secularização do Estado. No século XVII, Thomas Hobbes e Hugo Grotius vêm afirmar o 
seu caráter convencional. A economia estava subordinada ao Estado. Era a política econômica, 
ou seja, ideias econômicas e ideias mercantilistas.
GLOSSáRIO
Transcendência: Su-
perioridade, elevação 
espiritual. (BUENO, 
1996, p.649)
Imanência: Que 
existe sempre num 
ser, inseparável dele, 
permanente, constante. 
(BUENO, 1996, p. 353)
PARA SABER MAIS
Procure se informar 
sobre o Iluminismo, a 
Ilustração e as contri-
buições, sobretudo 
para a história, de 
Locke, Hume, Mon-
tesquieu, Rousseau, 
Diderot, D’Lambert. 
Não só a internet pode 
colaborar, mas também 
a consulta ao livro 
de FONTANA, Josep. 
História: análise do pas-
sado e projeto social. 
Bauru/SP: EDUSC, 1998. 
Depois partilhe essas 
informações com o pro-
fessor formador, tutor 
e colegas nos fóruns de 
debate e no ambiente 
aprendizagem.
DICA
Leia o livro “O Príncipe” 
de Maquiavel. 
Figuras 30 e 31: 
Maquiavel e seu livro “O 
Príncipe”.
Fonte: Disponível 
em: <http://images.
google.com.br/
imgres?imgurl=http://
teatrosilva.files.wordpress.
com/2009/03/maquiavel.
jpg&imgrefurl=http://
teatrosilva.wordpress.
com/2009/03/&usg
Acesso em: 2 jan. 2010.►
29
História - História Economica Geral e do Brasil
Assim sendo, o Mercantilismo é sinônimo de discurso político-econômico que vem se afir-
mar com o Liberalismo Econômico e a Revolução Industrial.
Referências
BARROS, José D’Assunção. O campo histórico: as especialidades e abordagens da história. Rio de 
Janeiro: CELA, 2002.
BORGES, Vavy Pacheco. O que é história. 2. ed. São Paulo: Brasiliense, 1993. 84 p. (Coleção Pri-
meiros Passos, 17)
BUENO, Francisco da Silveira. Dicionário da língua portuguesa. São Paulo: FYD: LISA, 1996.
FALCON, F. C. Mercantilismo e transição. São Paulo: Brasiliense, 1986.
FRANCO JÚNIOR, Hilário; CHACON, Paulo Pan. História econômica geral. São Paulo: Atlas, 1987.
LE GOFF, Jacques. História e memória. 4. ed. Campinas, SP: Unicamp, 1996. 523 p. (Coleção re-
pertórios) 
MENDONÇA, Marina Gusmão de; PIRES, Marcos Cordeiro. Formação Econômica do Brasil. São 
Paulo: Pioneira Thomson, 2002.
FRAGOSO, João; FLORENTINO, Manolo. In: VAINFAS, Ronaldo; CARDOSO, Ciro Flamarion. Domí-
nios da história: ensaios de teoria e metodologia. Rio de Janeiro: Campus, 1997.
VILAR, Pierre. La transition du féodalisme au capitalisme. In: ____. Sur le féodalisme. Paris: 
CERM/Éditions Sociales, 1971.
PARA SABER MAIS
Conheça melhor o 
liberalismo econômico, 
consultando os sítios: 
www.abphe.org.br; 
http://www.abphe.org.
br/revista/objetivo.
html;
http://sites.google.
com/site/rephe01/;
http://www.race.nuca.
ie.ufrj.br/bvartigoseco-
nomia.
DICA
Releia o caderno didáti-
co de História Moder-
na que discute esse 
período de transição do 
feudalismo para o capi-
talismo, para que você 
possa assimilar melhor 
esses conteúdos de 
História Econômica.
31
História - História Economica Geral e do Brasil
UNIDADE 2
Consolidação e crises do 
capitalismo, socialismo e 
tendências do desenvolvimento 
capitalista
2.1 Introdução
Nesta Unidade, discutiremos a consolidação e as crises do Capitalismo, Socialismo e tendên-
cias do desenvolvimento capitalista. De acordo com a proposta, os temas abordados referem-se 
à Revolução Industrial e à ascensão do Capitalismo, do Liberalismo, Neocolonialismo e Imperia-
lismo, da primeira Guerra Mundial, da Crise de 1929 e modelos de recuperação da Crise de 1930, 
do Socialismo, da Globalização, do Neoliberalismo e Regionalização.
Ressaltamos que, ao discutir a Revolução Industrial, o nosso objetivo é constatar como ocor-
re à consolidação do Capitalismo que traz consigo novos integrantes como o Liberalismo, Neoco-
lonialismo e Imperialismo.
Após a apresentação da consolidação do Capitalismo, serão focadas algumas de suas crises, 
como a primeira grande depressão de 1873 a 1896, a primeira Guerra Mundial, a crise de 1929, 
bem como modelos de recuperação da crise de 1930.
Na sequência, apresentaremos uma alternativa de sistema ou modo de produção diferente 
do Capitalismo que é o Socialismo. Por fim, a Globalização, o Neoliberalismo e a Regionalização 
possibilitarão revelar as alternativas viáveis do Capitalismo.
Desse modo, a proposta dessa unidade objetiva compreender a consolidação, as crises e a 
recuperação do Capitalismo, e ainda, por meio do Socialismo, entender que é possível outro mo-
delo de sociedade. É importante não se esquecer de que nesse contexto as relações que se confi-
guram são tensas e conflitosas o tempo todo.
2.2 Revolução industrial e a 
ascensão do capitalismo
De acordo com Hobsbawn (1994), é importante trabalhar com o conceito e com o termo Re-
volução Industrial. Entre as definições existentes, pode-se conceituá-lo como:
•	 Um processo, pois constituiu um período gradual de desenvolvimento, porém firme, que 
durou cerca de 150 anos;
•	 Aplicação de inventos às tarefas humanas e divisão do trabalho em equipe;
•	 Mudança de economia agrária para produção mecanizada realizada nas fábricas nas áreas 
urbanas; 
•	 Denominação desse acontecimento de Revolução Industrial ou Industrialismo, pela primeira 
vez, pelos observadores e estudiosos franceses, em 1820.
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UAB/Unimontes - 8º Período
Em relação ao período em que ocorreu a Revolução Industrial pode-se afirmar que foi em 
meados do século XVIII, na Inglaterra e parte da Europa Ocidental; meados do século XIX, nos Es-
tados Unidos da América;

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