Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
ESTRUTURAS DE AÇO 2019.2 Professora: Marina Evangelista AULA 04 Ações, segurança e desempenho estrutural 1 ESTRUTURAS DE AÇO 1. Considerações iniciais 2 O adequado dimensionamento de uma estrutura garante sua segurança e sua capacidade de desempenhar satisfatoriamente a função a qual se destina. O dimensionamento deve obedecer a uma norma ou especificação, que adota um método de cálculo. ESTRUTURAS DE AÇO 1. Considerações iniciais 3 Para o projeto e execução de estruturas de aço e concreto de edificações segue-se a norma brasileira atualmente em vigor, a ABNT NBR 8800:2008, que adota como método de cálculo o método dos estados-limites, o mais empregado atualmente no mundo. ESTRUTURAS DE AÇO 2. Ações 2.1. Definição 4 Qualquer influência ou conjunto de influências capaz de produzir estados de tensão, deformação ou movimento de corpo rígido em uma estrutura. ESTRUTURAS DE AÇO 2. Ações 2.2. Classificação 5 As ações são classificadas como: Permanentes (g) Variáveis (q) Excepcionais ESTRUTURAS DE AÇO 2. Ações 2.2. Classificação 6 • Permanentes: praticamente invariáveis ao longo da vida útil da estrutura, e se subdividem em: • Diretas: peso próprio da estrutura e de todos os elementos componentes da construção (pisos, paredes permanentes, revestimentos etc.). • Indiretas: protensão, os recalques de apoio e a retração dos materiais. ESTRUTURAS DE AÇO 2. Ações 2.2. Classificação 7 • Variáveis: ações que variam com o tempo, assumindo valores significativos durante uma fração da vida útil da estrutura. Decorrentes do uso e ocupação da edificação. Exemplos: sobrecarga em pisos, equipamentos móveis, ações externas como carga de vento, variação de temperatura. ESTRUTURAS DE AÇO 2. Ações 2.2. Classificação 8 • Excepcionais: variam com o tempo, mas assumem valores significativos apenas durante uma fração muito pequena da vida útil da estrutura e, além disso, têm baixa probabilidade de ocorrência (como explosões, choques, furacões etc.). Não é possível anular os efeitos deste tipo de ação. ESTRUTURAS DE AÇO 9 ESTRUTURAS DE AÇO 2. Ações 2.4. Significado dos valores das ações 10 Os valores das ações, fornecidos por normas e especificações, são, de modo geral, característicos. Para as ações permanentes, o valor característico AG,k é o valor médio, que difere muito pouco do máximo, e, para as ações variáveis, o valor característico AQ,k corresponde àquele que tem entre 25% e 35% de probabilidade de ser ultrapassado durante a vida útil da edificação. ESTRUTURAS DE AÇO 2. Ações 2.4. Significado dos valores das ações 11 ESTRUTURAS DE AÇO 3. Método dos estados-limites 12 Utiliza uma sistemática de dimensionamento que prevê a verificação da estrutura de uma edificação em várias situações extremas, caracterizadas por: Estados-limites últimos (ELU) Estados-limites de serviço (ELS) ESTRUTURAS DE AÇO 3. Métodos dos estados-limites 3.1. Estado-limites últimos (ELU) 13 • Relacionados com a segurança estrutural; • Sua ocorrência significa sempre colapso, total ou parcial, sendo associada à falha de material, instabilidade de um elemento ou de um conjunto estrutural, ou, ainda, movimento de corpo rígido. ESTRUTURAS DE AÇO 3. Métodos dos estados-limites 3.1. Estado-limites últimos (ELU) 14 Condição de dimensionamento Considera-se o dimensionamento satisfatório se for atendida a relação: Sd = esforço solicitante de cálculo (força axial de tração ou compressão, momento fletor ou força cortante) que causa o estado-limite; Rd = esforço resistente de cálculo correspondente para esse mesmo estado-limite. ESTRUTURAS DE AÇO 3. Métodos dos estados-limites 3.1. Estado-limites últimos (ELU) 15 Fundamentos da combinação de ações • As estruturas estão sempre sujeitas a ações permanentes e a uma ou mais ações variáveis; • No caso em que apenas uma ação variável solicita a estrutura, a combinação de ações a ser utilizada pode ser obtida pela soma do valor característico dessa ação com os valores característicos das ações permanentes. ESTRUTURAS DE AÇO 3. Métodos dos estados-limites 3.1. Estado-limites últimos (ELU) 16 Fundamentos da combinação de ações • Caso atuem na estrutura mais de uma ação variável, é bastante improvável que todas elas estejam com valor igual ou superior ao característico ao mesmo tempo, durante o período de vida útil da edificação. Para levar isso em conta, assume-se que o efeito mais desfavorável do conjunto de ações ocorre quando uma das ações variáveis está com seu valor característico, e as outras com valores denominados reduzidos, que são valores inferiores ao característico em até 50%, dependendo do tipo da ação. ESTRUTURAS DE AÇO 3. Métodos dos estados-limites 3.1. Estado-limites últimos (ELU) 17 Fundamentos da combinação de ações Deve-se considerar o valor característico de cada ação variável, a combinação que resultar no maior valor do efeito será adotada na verificação dos estados-limites últimos, desprezando-se as demais. A ação variável com o valor característico na combinação é denominada ação variável principal. Quando são 2 as ações variáveis atuantes, devem ser feitas as seguintes combinações (uma para cada ação variável considerada principal): ESTRUTURAS DE AÇO 3. Métodos dos estados-limites 3.1. Estado-limites últimos (ELU) 18 Fundamentos da combinação de ações AG,k = valor característico da ação permanente; AQ,sc,k e AQ,sc,red = valores característico e reduzido da sobrecarga respectivamente; AQ,ve,k e AQ,ve,red = valores característico e reduzido da ação do vento. ESTRUTURAS DE AÇO 3. Métodos dos estados-limites 3.1. Estado-limites últimos (ELU) 19 Fundamentos da combinação de ações A combinação (C1 ou C2) que levar ao maior efeito procurado no componente estrutural em consideração deve ser adotada, e a outra, desprezada. ESTRUTURAS DE AÇO 20 ESTRUTURAS DE AÇO 21 ESTRUTURAS DE AÇO 3. Métodos dos estados-limites 3.1. Estado-limites últimos (ELU) 22 Introdução de coeficientes de ponderação na combinação de ações • Precisam ser majoradas por coeficientes de ponderação para considerar incertezas envolvendo os valores característicos estipulados; • Na verificação do colapso estrutural, utilizam-se os efeitos das ações (esforços solicitantes e, em algumas situações pouco frequentes, tensões solicitantes); • Os coeficientes de ponderação consideram, ainda, incertezas relacionadas aos valores desses efeitos obtidos da análise estrutural. ESTRUTURAS DE AÇO 3. Métodos dos estados-limites 3.1. Estado-limites últimos (ELU) 23 Introdução de coeficientes de ponderação na combinação de ações • Os efeitos das ações para verificação dos estados-limites últimos devem ser obtidos a partir de análise estrutural feita com uma combinação de ações, chamada combinação última de ações, expressa por: ESTRUTURAS DE AÇO 3. Métodos dos estados-limites 3.1. Estado-limites últimos (ELU) 24 Introdução de coeficientes de ponderação na combinação de ações AGi,k = valores característicos das ações permanentes; AQ1,k = valor característico da ação variável considerada principal na combinação; AQj,k = valores característicos das demais ações variáveis, consideradas secundárias, que podem atuar concomitantemente com a ação variável principal; γgi γq1 e γqj = coeficientes de ponderação das ações permanentes, da ação variável principal e das demais ações variáveis, respectivamente; ψ0j = fatores de combinação das ações. ESTRUTURAS DE AÇO 3. Métodos dos estados-limites 3.1. Estado-limites últimos (ELU) 25 Introdução de coeficientes de ponderação na combinação de ações • As incertezas variam em função do tipo de ação; • Diferentes coeficientes de ponderação são prescritos para diferentes tipos de ação: “combinações últimas normais” = usadas para os estados-limites últimos que podem ocorrer durante toda a vida útil da edificação, após a obra ter sido finalizada; “combinações últimas de construção” = utilizadas para os estados- limites últimos que podem ocorrer durante a fase deconstrução. ESTRUTURAS DE AÇO 26 ESTRUTURAS DE AÇO 3. Métodos dos estados-limites 3.1. Estado-limites últimos (ELU) 27 Consideração de ações agrupadas • Como opção simplificadora para a combinação de ações, as ações permanentes diretas podem ser agrupadas e ponderadas por um único coeficiente. Caso isso tenha sido feito, pode-se usar também apenas um coeficiente para todas as ações variáveis. • Os coeficientes unificados, aplicáveis às ações permanentes e variáveis, dependem da intensidade de todas as ações variáveis características atuantes no piso ou na cobertura em consideração e do tipo de combinação (normal ou de construção). ESTRUTURAS DE AÇO 3. Métodos dos estados-limites 3.1. Estado-limites últimos (ELU) 28 Determinação dos esforços ou tensões resistentes de cálculo Um esforço resistente de cálculo ou uma tensão resistente de cálculo, é dado por: γ = coeficiente de ponderação da resistência; Rk = esforço ou tensão resistente nominal para o estado-limite; O coeficiente de ponderação da resistência possui valores diferentes para o aço dos perfis estruturais, aço das armaduras e o concreto. ESTRUTURAS DE AÇO 3. Métodos dos estados-limites 3.1. Estado-limites últimos (ELU) 29 Determinação dos esforços ou tensões resistentes de cálculo Usa-se o coeficiente γa, que pode ser γa1 ou γa2, com γa1 aplicável aos estados- limites últimos relacionados ao escoamento e à instabilidade e γa2, aos estados- limites relacionados à ruptura, com os seguintes valores: Escoamento do aço Ruptura do aço ESTRUTURAS DE AÇO 3. Métodos dos estados-limites 3.2. Estado-limites de serviço (ELS) 30 • Relacionam-se à capacidade da estrutura de desempenhar satisfatoriamente as funções às quais se destina; • A ocorrência pode prejudicar a aparência e a funcionalidade de uma edificação, o conforto dos seus ocupantes e o funcionamento de equipamentos (rachaduras e trincas em alvenarias, danos a portas, esquadrias, janelas, materiais de acabamento, etc.) • Para evitá-los, certos deslocamentos da estrutura não podem superar valores máximos permitidos, estabelecidos pela ABNT NBR 8800:2008; ESTRUTURAS DE AÇO 3. Métodos dos estados-limites 3.2. Estado-limites de serviço (ELS) 31 • Esses deslocamentos devem ser determinados com base em combinações de ações de serviço que, de acordo com seu período de atuação sobre a estrutura, são classificadas em: Combinações quase permanentes Combinações frequentes Combinações raras ESTRUTURAS DE AÇO 3. Métodos dos estados-limites 3.2. Estado-limites de serviço (ELS) 32 • Combinações Quase Permanentes: podem atuar da ordem da metade do período de vida útil da estrutura, devem ser usadas quando se verifica apenas a aparência da estrutura, o que é feito em situações nas quais os deslocamentos não provoquem danos à estrutura ou a outros componentes da construção. ESTRUTURAS DE AÇO 3. Métodos dos estados-limites 3.2. Estado-limites de serviço (ELS) 33 • Combinações Frequentes: se repetem por volta de 105 vezes no período de vida útil ou que têm uma duração da ordem de 5% desse período, devem ser utilizadas quando se verificam estados-limites reversíveis. ESTRUTURAS DE AÇO 3. Métodos dos estados-limites 3.2. Estado-limites de serviço (ELS) 34 • Combinações Raras: podem atuar no máximo algumas horas durante o período de vida útil da estrutura, devem ser usadas quando se verificam estados-limites irreversíveis, isto é, que causem danos permanentes à estrutura ou a componentes da construção e danos relacionados ao seu funcionamento adequado . ESTRUTURAS DE AÇO 35 ESTRUTURAS DE AÇO 3. Métodos dos estados-limites 3.2. Estado-limites de serviço (ELS) 36 • Ações variáveis que reduzam o efeito procurado devem ser excluídas das combinações de serviço (por exemplo, caso se esteja calculando a flecha de uma viga, de sentido gravitacional, ações que causem translações de baixo para cima não entram nas combinações); • Devem ser feitas tantas combinações de ações de serviço quantas forem as ações variáveis (uma combinação para cada ação variável considerada principal), para as combinações frequentes e raras. ESTRUTURAS DE AÇO 3. Métodos dos estados-limites 3.2. Estado-limites de serviço (ELS) 37 Deslocamentos máximos • As vigas de cobertura e de piso, inclusive as treliçadas, devem possuir deslocamentos verticais (flechas) máximos de L/250 e L/350, respectivamente; • Caso uma viga suporte pilares, seu deslocamento vertical máximo não deve superar L/500; • Caso exista parede de alvenaria sobre ou sob a viga, solidarizada com essa viga, o deslocamento vertical não deve exceder a 15 mm, para evitar trincas nas paredes. ESTRUTURAS DE AÇO 3. Métodos dos estados-limites 3.2. Estado-limites de serviço (ELS) 38 Deslocamentos máximos ESTRUTURAS DE AÇO 3. Métodos dos estados-limites 3.2. Estado-limites de serviço (ELS) 39 Deslocamentos máximos • Nos edifícios de 2 ou mais pavimentos, o deslocamento horizontal do topo dos pilares em relação à base não pode ser maior que H/400; • Entre 2 pisos consecutivos não pode superar h/500. ESTRUTURAS DE AÇO 3. Métodos dos estados-limites 3.2. Estado-limites de serviço (ELS) 40 Considerações complementares sobre as flechas das vigas • Ao se determinar a flecha total (δt) de uma viga, para ser comparada com seu deslocamento permitido, deve ser usada a seguinte expressão: δt = δp + δv – δc δp e δv= flechas causadas pelas ações permanentes e variáveis; δc= contraflecha da viga. No entanto, nessa expressão, se δc > δp, deve-se tomar δc = δp. ESTRUTURAS DE AÇO 3. Métodos dos estados-limites 3.2. Estado-limites de serviço (ELS) 41 Considerações complementares sobre as flechas das vigas ESTRUTURAS DE AÇO 3. Métodos dos estados-limites 3.2. Estado-limites de serviço (ELS) 42 Considerações complementares sobre as flechas das vigas • A equação é aplicável apenas a vigas de aço. As vigas mistas de aço e concreto apresentam um comportamento peculiar, no qual a flecha depende da fluência e da retração do concreto e de haver ou não escoramento antes da cura do concreto. ESTRUTURAS DE AÇO 3. Métodos dos estados-limites 3.2. Estado-limites de serviço (ELS) 43 Limites para vibrações em pisos • Nos pisos de edifícios, deve se efetuar análise para verificar a possibilidade de vibrações excessivas; • Essa vibrações causam sensação de desconforto para os ocupantes da edificação, que percebem o movimento da estrutura. ESTRUTURAS DE AÇO 3. Métodos dos estados-limites 3.2. Estado-limites de serviço (ELS) 44 Limites para vibrações em pisos • A ABNT NBR 8800:2008 recomentas seguintes regras: pisos em que as pessoas caminham regularmente - deslocamento vertical máximo deve ser menor que 20 mm; pisos em que as pessoas saltam ou dançam de forma rítmica - deslocamento vertical máximo deve ser menor que 9 mm, e, se a atividade for muito repetitiva, esse valor deve ser reduzido para 5 mm. ESTRUTURAS DE AÇO 3. Métodos dos estados-limites 3.2. Estado-limites de serviço (ELS) 45 ESTRUTURAS DE AÇO 4. Exercícios 4.1. Uma viga de edifício comercial esta sujeita a momentos fletores oriundos de diferentes cargas: Peso próprio de estrutura metálica 𝑀𝑔1,𝑘= 10 KNm Peso dos outros componentes não metálicos permanentes 𝑀𝑔2,𝑘= 50 KNm Ocupação da estrutura 𝑀𝑐,𝑘= 30 KNm Vento 𝑀𝑣,𝑘= 20 KNm Calcular o momento fletor solicitante de projeto 𝑀𝑑 . 46 ESTRUTURAS DE AÇO 47 ESTRUTURAS DE AÇO 48 ESTRUTURAS DE AÇO 4. Exercícios 4.2. As 2 vigas de aço mostradas a seguir, uma em balanço e outra biengastada, pertencem ao piso de um edifício, suportam paredes de alvenaria solidarizadas e estão submetidas à carga uniformemente distribuída 𝑞𝑠 indicada, obtida da combinação de ações de serviço aplicável. Sabendo-se que não foi executada contraflecha e que omomento de inércia do perfil em relação ao eixo de flexão (eixo x) é igual a 5.000 𝑐𝑚4, propõe-se verificar se as flechas de ambas estão dentro dos limites permitidos. 49 ESTRUTURAS DE AÇO 50 ESTRUTURAS DE AÇO 51 ESTRUTURAS DE AÇO 52 ESTRUTURAS DE AÇO 5. Referências • FAKURY, Ricardo; SILVA, Ana Lydia R. Castro E; CALDAS, Rodrigo B. Dimensionamento de Elementos Estruturais de Aço e Mistos de Aço e Concreto. São Paulo – Pearson, 2016. • PFEIL, Walter; PFEIL, Michele. Estruturas de Aço. 8.ed.rev. Rio de Janeiro: LTC, 2009. 53 ESTRUTURAS DE AÇO OBRIGADA! 54
Compartilhar