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2013 Educação dE JovEns E adultos Prof.ª Denise Izaguirre Anzorena Prof.ª Zilma Mônica Sansão Benevenutti Copyright © UNIASSELVI 2013 Elaboração: Prof.ª Denise Izaguirre Anzorena Prof.ª Zilma Mônica Sansão Benevenutti Revisão, Diagramação e Produção: Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri UNIASSELVI – Indaial. 374 I98e Anzorena, Denise Izaguirreo Educação de jovens e adultos / Denise Izaguirre Anzorena, Zilma Mônica Sansão Benevenutti. Indaial : Uniasselvi, 2013. 197 p. : il ISBN 978-85-7830-821-6 1. Educação. 2. Educação de adultos. I. Centro Universitário Leonardo da Vinci. Impresso por: III aprEsEntação Caro(a) acadêmico(a), seja bem-vindo(a)! Iniciaremos agora a disciplina de Educação de Jovens e Adultos. Você já venceu algumas etapas de seu curso e chegou até aqui. Parabéns! Ao receber esse caderno, folheie-o, verifique o sumário, olhe as imagens, as sugestões; em um segundo momento, mergulhe profundo, leia atentamente, faça relação com outras leituras. Então pergunte, compartilhe ideias. Quem sabe a Educação de Jovens e Adultos - EJA - pode vir a ser seu campo de atuação? Caso não o seja, você não ficará de fora das discussões. Poderá opinar com propriedade sobre o assunto. Ao longo desse “percurso” se descortinarão, a partir dos temas abordados, textos, músicas, imagens, poemas, histórias de vida, em torno da temática da EJA. Enriquecer seu conhecimento, fornecer-lhe subsídios para uma boa discussão, quiçá para sua atuação docente, e contribuir para um olhar desterritorializado, essa é a intenção. Para compor este Caderno de Estudos, organizamos três tópicos. A primeira unidade aborda os estigmas que a EJA carrega consigo, bem como um entendimento sobre os termos agregados à educação de adultos e um breve passeio por países que se debruçam sobre a educação de adultos. As concepções acerca da EJA, sua configuração, historicidade, legislação e políticas públicas também compõem a unidade. A segunda unidade apresenta os sujeitos da EJA, sua diversidade, a idade para ingresso na modalidade EJA, o desafio do ingresso, da permanência e as possíveis razões do abandono, além de ressaltar o papel da EJA diante de sua juvenilização, da intergeracionalidade e intersetorialidade, com destaque para a estrutura curricular voltada para as especificidades da EJA. A terceira unidade contempla as abordagens e estratégias didático- pedagógicas direcionadas à EJA, a andragogia e seus princípios como um aporte teórico no processo de ensinar e aprender voltado aos adultos, as contribuições do educador Paulo Freire nas práticas de EJA, a formação do educador de EJA e avaliação, promoção e certificação em EJA. Pensamos que, para além do texto em si, você poderá explorar as sugestões em aulas de EJA. Bom estudo! Sucesso! Prof.ª Denise Izaguirre Anzorena Prof.ª Zilma Mônica Sansão Benevenutti IV Você já me conhece das outras disciplinas? Não? É calouro? Enfi m, tanto para você que está chegando agora à UNIASSELVI quanto para você que já é veterano, há novidades em nosso material. Na Educação a Distância, o livro impresso, entregue a todos os acadêmicos desde 2005, é o material base da disciplina. A partir de 2017, nossos livros estão de visual novo, com um formato mais prático, que cabe na bolsa e facilita a leitura. O conteúdo continua na íntegra, mas a estrutura interna foi aperfeiçoada com nova diagramação no texto, aproveitando ao máximo o espaço da página, o que também contribui para diminuir a extração de árvores para produção de folhas de papel, por exemplo. Assim, a UNIASSELVI, preocupando-se com o impacto de nossas ações sobre o ambiente, apresenta também este livro no formato digital. Assim, você, acadêmico, tem a possibilidade de estudá-lo com versatilidade nas telas do celular, tablet ou computador. Eu mesmo, UNI, ganhei um novo layout, você me verá frequentemente e surgirei para apresentar dicas de vídeos e outras fontes de conhecimento que complementam o assunto em questão. Todos esses ajustes foram pensados a partir de relatos que recebemos nas pesquisas institucionais sobre os materiais impressos, para que você, nossa maior prioridade, possa continuar seus estudos com um material de qualidade. Aproveito o momento para convidá-lo para um bate-papo sobre o Exame Nacional de Desempenho de Estudantes – ENADE. Bons estudos! UNI Olá acadêmico! Para melhorar a qualidade dos materiais ofertados a você e dinamizar ainda mais os seus estudos, a Uniasselvi disponibiliza materiais que possuem o código QR Code, que é um código que permite que você acesse um conteúdo interativo relacionado ao tema que você está estudando. Para utilizar essa ferramenta, acesse as lojas de aplicativos e baixe um leitor de QR Code. Depois, é só aproveitar mais essa facilidade para aprimorar seus estudos! UNI V VI VII UNIDADE 1 – EJA: CONCEPÇÕvES, HISTORICIDADE, LEGISLAÇÃO E POLÍTICAS ..... 1 TÓPICO 1 – CONCEPÇÕES EM EJA ................................................................................................. 3 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................... 3 2 EDUCAÇÃO DE ADULTOS .............................................................................................................. 4 2.1 EDUCAÇÃO FORMAL, NÃO FORMAL E INFORMAL ......................................................... 5 2.2 TERMINOLOGIA ........................................................................................................................... 6 3 A CONFIGURAÇÃO DA EJA ........................................................................................................... 9 3.1 A EJA NO SISTEMA ESCOLARIZADO ...................................................................................... 12 4 PROGRAMAS QUE ATENDEM JOVENS E ADULTOS ............................................................. 13 4.1 PROEJA ............................................................................................................................................ 14 4.2 PROJOVEM ...................................................................................................................................... 16 4.3 PRONERA ........................................................................................................................................ 17 4.4 PROGRAMA BRASIL ALFABETIZADO .................................................................................... 19 RESUMO DO TÓPICO 1 ....................................................................................................................... 21 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................ 22 TÓPICO 2 – HISTORICIDADE DA EDUCAÇÃO DE ADULTOS ............................................... 23 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................... 23 2 EDUCAÇÃO DE ADULTOS NO MUNDO .................................................................................... 23 2.1 PORTUGAL ..................................................................................................................................... 25 2.2 COOPERAÇÃO SUL/SUL ............................................................................................................. 29 3 EDUCAÇÃO DE ADULTOS NO BRASIL: MOVIMENTOS QUE INICIARAM A DISCUSSÃO SOBRE EDUCAÇÃO ................................................................................................. 30 3.1 O “ENTUSIASMO” PELA EDUCAÇÃO ....................................................................................30 3.2 O “OTIMISMO” PEDAGÓGICO .................................................................................................. 31 3.3 O “REALISMO” EM EDUCAÇÃO .............................................................................................. 32 3.4 OS “TECNOCRATAS” DA EDUCAÇÃO ................................................................................... 32 4 CAMPANHAS EM PROL DA EDUCAÇÃO DE ADULTOS ...................................................... 33 4.1 CAMPANHA DE EDUCAÇÃO DE ADOLESCENTES E ADULTOS (CEAA) E CAMPANHA NACIONAL DE ERRADICAÇÃO DO ANALFABETISMO (CNEA) ........... 33 4.2 MOVIMENTO DE EDUCAÇÃO DE BASE (MEB) E MOVIMENTO DE CULTURA POPULAR (MCP) ........................................................................................................................... 35 4.3 MOBRAL .......................................................................................................................................... 36 4.4 ANALFABETISMO FUNCIONAL ............................................................................................... 37 RESUMO DO TÓPICO 2 ....................................................................................................................... 39 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................ 40 TÓPICO 3 – LEGISLAÇÃO E POLÍTICAS PÚBLICAS EM EDUCAÇÃO: UM OLHAR DIRECIONADO À EJA .................................................................................................. 41 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................... 41 2 AS LEIS QUE REGEM A EJA ............................................................................................................ 41 2.1 CONSTITUIÇÃO BRASILEIRA DE 1988 .................................................................................... 42 2.2 A LEI DE DIRETRIZES E BASES N° 5.692/71 ............................................................................. 43 sumário VIII 2.3 LEI DE DIRETRIZES E BASES Nº 9.394/96 ................................................................................. 44 2.3.1 Pareceres e resoluções ........................................................................................................... 45 3 POLÍTICAS PÚBLICAS ...................................................................................................................... 47 3.1 PARÂMETROS CURRICULARES NACIONAIS (PCN) E A EJA ........................................... 48 3.2 PLANO NACIONAL DE EDUCAÇÃO E A EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS (PNE) ............................................................................................................................ 49 3.3 CONFERÊNCIA NACIONAL DE EDUCAÇÃO (CONAE) .................................................... 50 4 FINANCIAMENTO DA EJA ............................................................................................................. 51 5 ENCONTROS DA EJA ....................................................................................................................... 52 5.1 FÓRUNS DE EJA ............................................................................................................................ 53 5.2 ENCONTROS NACIONAIS DE EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS (ENEJAS) ........................................................................................................................................... 54 5.3 ENCONTROS REGIONAIS DE EJA (EREJAS) .......................................................................... 55 5.4 MOVAS ............................................................................................................................................. 56 5.5 CONFERÊNCIAS INTERNACIONAIS DE EDUCAÇÃO DE ADULTOS (CONFINTEAS) ............................................................................................................................... 57 LEITURA COMPLEMENTAR .............................................................................................................. 59 RESUMO DO TÓPICO 3 ....................................................................................................................... 61 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................ 62 UNIDADE 2 – DIVERSIDADE DOS SUJEITOS DA EJA .............................................................. 63 TÓPICO 1 – SUJEITOS DA EJA EM BUSCA DO “TEMPO PERDIDO” .................................... 65 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................... 65 2 QUEM SÃO OS SUJEITOS DA EJA? .............................................................................................. 66 2.1 DIVERSIDADE DOS SUJEITOS ................................................................................................... 69 2.1.1 Pessoas com deficiências e síndromes ................................................................................ 69 2.1.2 Povos indígenas ..................................................................................................................... 73 2.1.3 Pescadores e aquicultores ..................................................................................................... 74 2.1.4 Privados de liberdade ........................................................................................................... 77 3 IDADE PARA EJA ............................................................................................................................... 80 3.1 EXISTE UMA IDADE APROPRIADA PARA EJA? ................................................................... 80 3.2 JUVENILIZAÇÃO DA EJA ........................................................................................................... 82 3.3 POSTURA DO PROFESSOR ANTE O SUJEITO DA EJA ......................................................... 83 3.4 INFANTILIZAÇÃO DA EJA ......................................................................................................... 83 4 O IDOSO NA EJA ............................................................................................................................... 84 RESUMO DO TÓPICO 1 ....................................................................................................................... 87 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................ 88 TÓPICO 2 – ESPAÇO DA EJA: UMA QUESTÃO DE INTERGERACIONALIDADE E INTERSETORIALIDADE .............................................................................................. 89 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................... 89 2 SALA DE AULA ................................................................................................................................... 90 2.1 ESPAÇO FÍSICO .............................................................................................................................. 92 2.2 ESPAÇO DE MÚLTIPLOS SABERES: RELAÇÕES INTERGERACIONAIS .......................... 94 2.3 ESPAÇO DE INCLUSÃO SOCIAL ............................................................................................... 95 3 EVASÃO E PERMANÊNCIA NA EJA ............................................................................................. 96 4 ESPAÇO DE DIÁLOGO: INTERSETORIALIDADE .................................................................... 99 RESUMO DO TÓPICO 2 .......................................................................................................................102 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................ 103 TÓPICO 3 – ESTRUTURA CURRICULAR DA EJA ........................................................................ 105 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................... 105 IX 2 REFLEXÕES SOBRE CURRÍCULO EM EJA .................................................................................. 105 2.1 PROMOVENDO A CIDADANIA POR MEIO DE ESTRATÉGIAS ......................................... 106 2.2 PROJETO POLÍTICO-PEDAGÓGICO (PPP) .............................................................................. 106 2.3 IMPLANTAÇÃO DE PROJETOS DIFERENCIADOS ............................................................... 107 3 EJA E INCLUSÃO DIGITAL ............................................................................................................. 109 4 EJA E O MUNDO DO TRABALHO ................................................................................................ 111 5 ECONOMIA SOLIDÁRIA ................................................................................................................. 113 LEITURA COMPLEMENTAR .............................................................................................................. 114 RESUMO DO TÓPICO 3 ....................................................................................................................... 117 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................ 118 UNIDADE 3 – QUEM ENSINA E QUEM APRENDE NA EJA? .................................................... 119 TÓPICO 1 – ABORDAGENS E ESTRATÉGIAS .............................................................................. 121 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................... 121 2 MALCOLM KNOWLES E A ANDRAGOGIA ............................................................................... 123 2.1 PRINCÍPIOS ANDRAGÓGICOS .................................................................................................. 124 2.2 CONTRIBUIÇÕES ANDRAGÓGICAS ....................................................................................... 128 2.3 HABILIDADES ................................................................................................................................ 131 2.4 ESTILOS DE APRENDIZAGEM ................................................................................................... 132 3 PAULO FREIRE: O EDUCADOR DE ADULTOS .......................................................................... 133 3.1 ALFABETIZAÇÃO DE ADULTOS ............................................................................................... 134 3.2 OS CÍRCULOS DE CULTURA ...................................................................................................... 135 4 PRÁTICA PEDAGÓGICA ................................................................................................................. 137 4.1 PEDAGOGIA DE PROJETOS ....................................................................................................... 138 4.2 PEDAGOGIA DA ALTERNÂNCIA ............................................................................................. 139 4.3 PROJETO DE INTERVENÇÃO LOCAL ..................................................................................... 142 RESUMO DO TÓPICO 1 ....................................................................................................................... 146 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................ 147 TÓPICO 2 – A FORMAÇÃO DO EDUCADOR DE EJA ................................................................. 149 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................... 149 2 PROFISSÃO: EDUCADOR DE ADULTOS .................................................................................... 150 2.1 IDENTIDADE: DESAFIOS E POSSIBILIDADES ....................................................................... 151 2.1.1 Professor ou educador .......................................................................................................... 152 3 PERCURSO FORMATIVO ................................................................................................................ 154 3.1 FORMAÇÃO INICIAL ................................................................................................................... 157 3.2 FORMAÇÃO CONTINUADA ...................................................................................................... 159 3.3 A RELEVÂNCIA DA PESQUISA ................................................................................................. 160 4 AUTONOMIA ...................................................................................................................................... 163 5 ESPECIFICIDADES NA FORMAÇÃO DO EDUCADOR .......................................................... 164 LEITURA COMPLEMENTAR .............................................................................................................. 166 RESUMO DO TÓPICO 2 ....................................................................................................................... 169 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................ 170 TÓPICO 3 – AVALIAÇÃO, PROMOÇÃO E CERTIFICAÇÃO EM EJA ...................................... 173 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................... 173 2 INSTRUMENTOS E CRITÉRIOS DE AVALIAÇÃO .................................................................... 174 2.1 FUNÇÕES BÁSICAS DA AVALIAÇÃO ...................................................................................... 176 3 PROMOÇÃO E CERTIFICAÇÃO EM EJA ..................................................................................... 177 3.1 ENCCEJA ......................................................................................................................................... 178 3.2 ENEM ............................................................................................................................................... 179 X 3.3 EXAMES SUPLETIVOS PARA BRASILEIROS RESIDENTES NO EXTERIOR ..................... 179 RESUMO DO TÓPICO 3 ....................................................................................................................... 180 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................ 181 REFERÊNCIAS ........................................................................................................................................ 185 1 UNIDADE 1 EJA: CONCEPÇÕES, HISTORICIDADE, LEGISLAÇÃO E POLÍTICAS OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM PLANO DE ESTUDOS Esta unidade tem por objetivos: • situar a educação de jovens e adultos no contexto geral da educação; • identificar a terminologia utilizada na EJA; • perceber as potencialidades e os desafios na EJA; • conhecer as atribuições dos fóruns EJA; • identificar os aspectos legais e históricos da EJA no Brasil. Esta unidade está dividida em três tópicos. No final de cada um deles você encontrará atividades visando à compreensão dos diversos conteúdos apresentados. TÓPICO 1 – CONCEPÇÕES EM EJA TÓPICO 2 – HISTORICIDADE DA EDUCAÇÃO DE ADULTOS TÓPICO 3 – LEGISLAÇÃOE POLÍTICAS PÚBLICAS EM EDUCAÇÃO: UM OLHAR DIRECIONADO À EJA 2 3 TÓPICO 1 UNIDADE 1 CONCEPÇÕES EM EJA 1 INTRODUÇÃO FIGURA 1 – APOSENTADA DE 100 ANOS FAZ CURSO DE ALFABETIZAÇÃO EM ILHÉUS FONTE: Disponível em: <http://www.atardeonline.com.br>. Acesso em: 3 out. 2009. A história de dona Enedina Silva, aluna do programa Todos Pela Alfabetização (TOPA), é uma entre tantas outras que se destacam na Educação de Jovens e Adultos. Você considera que essa é uma história singular? Ou é uma questão a ser resolvida apenas no Brasil? E por que uma pessoa de 100 anos quer ser alfabetizada? Acompanhe-nos. Vamos conhecer um pouco sobre a Educação de Adultos (em outros países) e como a modalidade EJA (no Brasil) se insere nesse contexto. UNIDADE 1 | EJA: CONCEPÇÕvES, HISTORICIDADE, LEGISLAÇÃO E POLÍTICAS 4 [...] Enedina Silva é aluna do programa Todos Pela Alfabetização (TOPA), em Ilhéus. Ela conta que trabalhou a vida toda como doméstica ou quebrando cacau, nas roças do sul da Bahia. Agora, fala com entusiasmo das primeiras experiências como estudante. “Nunca peguei num lápis e agora estou escrevendo com caneta”. No dia de seu centenário, em 27 de setembro, foi homenageada por professores e colegas e até interrompeu uma entrevista com jornalistas para atender ao telefonema do governador Jaques Wagner. “Ele disse que mesmo aos 100 anos eu ainda tenho a voz firme”, relatou. A vida de estudante mudou a sua rotina. Ela já não se recolhe cedo para descansar. As aulas vão das 18 às 20 horas, mas ela sai de casa uma hora antes, acompanhada do filho Lourival, que também está sendo alfabetizado [...]. Na escola, é admirada pela disposição. Enedina Silva ainda faz todos os serviços de casa e se alimenta bem. “Em vez de café da manhã, todo dia bato um bom prato de feijão”. FONTE: Disponível em: <http://www.atardeonline.com.brcidades/noticia.jsf?id=1247395>. Acesso em: 24 set. 2013. 2 EDUCAÇÃO DE ADULTOS Em âmbito internacional, a Unesco, uma das agências das Nações Unidas, criada para promover a paz e os direitos humanos, abalados após a 2ª Guerra Mundial, promoveu uma discussão sobre a Educação de Adultos incluindo delegações de todos os países. A Unesco constitui-se num dos principais fóruns de discussões éticas e intelectuais; a exemplo disso, em 1990 realizou-se, em Jomtien (Tailândia), a Conferência Mundial sobre Educação para Todos, que estabeleceu compromissos mundiais na garantia de conhecimento básico aos cidadãos para terem uma vida digna. Faremos uso da nomenclatura Educação de Adultos quando nos referirmos aos jovens e adultos de outros países e Educação de Jovens e Adultos quando tratarmos especificamente do Brasil. A Educação de Adultos, conforme artigo 3º da Declaração de Hamburgo (CONFINTEA, 1999, p. 19), abarca [...] todo o processo de aprendizagem, formal ou informal, onde pessoas consideradas “adultas” pela sociedade desenvolvem suas habilidades, enriquecem seu conhecimento e aperfeiçoam suas qualificações técnicas NOTA NOTA TÓPICO 1 | CONCEPÇÕES EM EJA 5 e profissionais, direcionando-as para a satisfação de suas necessidades e as de sua sociedade. A educação de adultos inclui a educação formal, a educação não formal e o espectro da aprendizagem informal e incidental disponível numa sociedade multicultural, onde os estudos baseados na teoria e na prática devem ser reconhecidos. A Declaração de Hamburgo é o documento elaborado a partir das discussões tecidas na 5ª Conferência Internacional de Educação de Adultos (CONFINTEA), realizada em Hamburgo, na Alemanha, em 1997. Nesse contexto, promover a educação do adulto torna-se primordial para a sustentabilidade do planeta; o modo como o ser humano se relaciona entre si e com o meio reverbera na saúde do próprio ser e do planeta, afetando a qualidade de vida. Torna-se imprescindível uma tomada de consciência, uma discussão, tendo em vista a diversidade linguística e cultural em que nos encontramos. Temos presente, então, na Declaração de Hamburgo, uma concepção de EJA para além da escolaridade, e que, por esse motivo, abrange os três tipos de educação: formal, não formal e informal, que estudaremos a seguir. 2.1 EDUCAÇÃO FORMAL, NÃO FORMAL E INFORMAL Diversas nomenclaturas, como educação formal, não formal e informal, permeiam a educação destinada aos adultos. Como nos afirma Gadotti (2007, p. 29), “[...] muitas vezes define-se a educação de adultos por aquilo que ela não é”. Segundo o autor, a expressão educação de adultos é utilizada por organizações internacionais, como a Unesco, e pelos Estados Unidos da América (EUA), quando se referem à educação não formal aplicada ou administrada no âmbito local do país. A educação formal é a que se constitui geralmente no interior das escolas, planejada, organizada sob a forma de um currículo. É entendida como um processo de desenvolvimento da capacidade intelectual do ser humano, sendo oferecida em instituições oficiais, em cursos com matriz curricular, programas e certificação. Esta educação, portanto, se desenvolve dentro de uma sistemática previamente estabelecida. NOTA UNIDADE 1 | EJA: CONCEPÇÕvES, HISTORICIDADE, LEGISLAÇÃO E POLÍTICAS 6 O curso de licenciatura que você está cursando é uma referência para entender o que vem a ser educação formal: o curso tem um currículo próprio, uma metodologia estabelecida, um projeto pedagógico e acontece dentro de uma organização e de uma programação estruturada. Na América Latina, a educação não formal está ligada às organizações não governamentais, partidos políticos e igrejas, além de que, geralmente, é organizada onde o Estado se omitiu e em oposição à educação de adultos oficial (GADOTTI, 2007). A educação não formal se dá pelo intercâmbio dos diversos agentes da sociedade; os conhecimentos disseminados nem sempre são adquiridos e/ou reconhecidos pelo sistema educacional estruturado. A educação informal ocorre no dia a dia, sem uma sistemática previamente elaborada. É, portanto, adquirida sem planejamento, num continuum aprender, em conversa com os mais velhos, com colegas ou pares, em família, ao incorporar expressões, gestos de outrem, ou seja, no contato com o outro. Acontece, portanto, ao longo da vida, constitui-se em um processo permanente e contínuo. 2.2 TERMINOLOGIA Na literatura sobre Educação de Adultos nos deparamos com um rol de termos que, por vezes, parecem sinônimos, veja: educação permanente, aprendizagem ao longo da vida, andragogia, educação de jovens e adultos e educação popular. Para que você se aproprie das especificidades que constituem estes termos, apresentamos o entendimento de alguns autores que os definem e aclaram seu teor. NOTA TÓPICO 1 | CONCEPÇÕES EM EJA 7 FIGURA 2 – APRENDIZAGEM AO LONGO DA VIDA FONTE: Disponível em:<http://www.uniasselvipos.com.br/hp-2.0/cursos/cursos_ler. php?codi=EJA>. Acesso em: 14 set. 2011. Educação permanente é o termo utilizado por Furter (1983) ao discorrer sobre as reduções de significado que lhe foram atribuídas, seja extraescolar (fora da escola); ou educação complementar, programada para quem não a recebeu em tempo ideal. O autor menciona ainda que pesquisas demonstraram ser o adulto avesso a qualquer esforço educativo “[...] porque lhes lembra os seus tempos de escravidão escolar” (FURTER, 1983, p. 134) e, por última redução, tem o entendimento de educação permanente como uma forma de educação popular. Encontramos o posicionamento de Portugal, em relação ao termo Educação Permanente, nas palavras de Lima (2009): “[...] expressão abandonada em Portugal nos últimos anos, mas não noutros países, como é o caso da Espanha”. Em substituição, mais afinada ao sistema português, a expressão utilizada é Aprendizagem ao Longo da Vida. Segundo o autor, foi “[...] confundida com uma escolarização permanente ou com formalização da educação não formal e informal” (LIMA, 2009). Na mesma direção, Nóvoa (2009, p. 82) expõe sobre “lifelong learning (aprendizagemao longo da vida)”, sendo essa a chave para compor estratégias educativas. O conceito de Educação ao Longo da Vida é a chave que abre as portas do século XXI; ele elimina a distinção tradicional entre educação formal inicial e educação permanente. Além disso, converge em direção a outro conceito, proposto com frequência: o da “sociedade educativa”, na qual tudo pode ser uma oportunidade para aprender e desenvolver os talentos (UNESCO, 2010a, p. 32). IMPORTANT E UNIDADE 1 | EJA: CONCEPÇÕvES, HISTORICIDADE, LEGISLAÇÃO E POLÍTICAS 8 Por sua vez, na contramão do que pretendem os autores da Educação Permanente, “a sua operacionalização tem-se feito, fundamentalmente, no quadro das políticas do emprego e de requalificação profissional” (NÓVOA, 2009, p. 82). Há possibilidade de ser esse o motivo com o qual Portugal nos acena em resposta à substituição do termo, ou seja, a Educação Permanente está para o trabalho assim como a Aprendizagem ao Longo da Vida está para os múltiplos contextos em que o adulto está inserido, que não é só para o trabalho, mas em âmbito pessoal, social e profissional. Outra palavra relacionada à Educação de Adultos é andragogia, do grego andros, que significa homem; agein, conduzir; logos, tratado, ciência. O termo andragogia foi formulado pelo professor alemão Alexander Kapp, em 1833. Na década de 70, Malcom Knowles adotou o termo em seus escritos, obtendo ampla aceitação no Ocidente. Segundo Rigo (2008), “a condição de adulto apresentada por Knowles quer dizer: ser guiado, dirigido por si mesmo, isto é, ser capaz de fazer opções, decidir, tomar iniciativas. Já o educador andragógico busca a aprendizagem, a autonomia e não o ensino, a dependência”. Neste mesmo sentido, Soares (2002) menciona que o ensino está para instrução, assim como o termo educação está para um conceito mais amplo, compreendendo diversos processos de formação. Para Ludojoski (1972, p. 10), a andragogia “[...] surge entonces como ciencia nueva impuesta por la presión de las circunstancias históricas de la época, que nos obligan a preocuparnos de la educación del adulto de modo especial y planificado”. Traduzindo as palavras de Ludojoski, o termo andragogia surge então como uma nova ciência imposta pela pressão das circunstâncias históricas da época, que nos obriga a pensar na educação de adultos de um modo especial e planejado (tradução nossa). Caro(a) acadêmico(a), na Unidade 3 abordaremos com mais profundidade o tema da andragogia. NOTA ESTUDOS FU TUROS TÓPICO 1 | CONCEPÇÕES EM EJA 9 No que concerne ainda à terminologia na educação básica brasileira, o termo em voga é Educação de Jovens e Adultos. Esse segmento de ensino, vinculado às escolas públicas, municipais e particulares ou ao sistema “S”, inclui pessoas analfabetas ou fora da faixa etária correspondente ao Ensino Fundamental ou Médio, que não receberam formação em tempo escolar. O Sistema “S” é o conjunto de organizações das entidades corporativas empresariais voltadas para o treinamento profissional, assistência social, consultoria. Fazem parte desse sistema o Serviço Social da Indústria (SESI), o Serviço Social do Comércio (SESC), o Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial (SENAC) e o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI). Em se tratando da Educação Popular, também considerada outra expressão voltada à Educação de Jovens e Adultos, Paiva (2003, p. 56- 57) explica que “[...] para muitos, é a educação oferecida a toda a população, aberta a todas as camadas da sociedade” ou, ainda, aquela conferida “[...] às chamadas ‘camadas populares’ da sociedade: a instrução elementar, quando possível, e o ensino técnico profissional tradicionalmente considerado entre nós ‘para desvalidos’”. A autora faz ainda a distinção entre a educação popular e a educação de adultos, sendo a primeira voltada à instrução primária, mas pertencente à segunda que representa o conjunto. Gadotti (2007, p. 30) coaduna com Paiva (2003) quando também faz distinção: “A educação popular como uma concepção geral da educação, via de regra, se opõe à educação de adultos impulsionada pela educação estatal e tem ocupado os espaços que a educação de adultos oficial não levou muito a sério.” Essas são, entre outras, as diversas expressões utilizadas que marcam território no espaço educacional e identificam a educação voltada aos adultos em âmbito geral. 3 A CONFIGURAÇÃO DA EJA Como veremos nos próximos tópicos, a EJA ao longo dos anos esteve à margem do sistema educacional vigente. Quando era oferecida, caracterizava- se por programas pontuais sem um compromisso maior com a demanda de adultos existente que, por sua vez, encontrava-se desprovida de seu direito de acesso à educação. NOTA UNIDADE 1 | EJA: CONCEPÇÕvES, HISTORICIDADE, LEGISLAÇÃO E POLÍTICAS 10 Convém destacarmos que a configuração atual da EJA, além de contar com um capítulo específico na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (Lei nº 9.394/96), está respaldada, também, pelo Parecer nº 11/2000 do Conselho Nacional de Educação e da Câmara de Educação Básica que atribui para a modalidade EJA três funções, que são: reparadora, equalizadora e qualificadora (BRASIL, 2000, grifos nossos). FIGURA 3 – ADULTOS NA EJA FONTE: Disponível em: <http://www.educacao.org.br /eja/Fotos%20EJA%20%20Geral/Forms/DispForm.aspx?I D=9&Source=http%3A%2F%2Fwww%2Eeducacao%2Eorg% 2Ebr%2Feja%2FFotos%2520EJA%2520%2520Geral%2FForms %2FAllItems%2Easpx&RootFolder=%2Feja%2FFotos%20EJA% 20%20Geral>. Acesso em: 12 abr. 2011. A primeira função – reparadora – diz respeito ao acesso e ao direito à educação que “[...] se articula com o pleito postulado por inúmeras pessoas que não tiveram uma adequada correlação idade/ano escolar em seu itinerário educacional e nem a possibilidade de prosseguimento de estudos” (BRASIL, 2000, p. 9). FIGURA 4 – APRENDENDO A ESCRITA FONTE: Disponível em: <http://2.bp.blogspot.com/_wlazAQy_wuc/S_ AblXZyHSI/AAAAAAAAAGk/KV_hA9R4J8A/s1600/eja.JPG>. Acesso em: 26 abr. 2011. TÓPICO 1 | CONCEPÇÕES EM EJA 11 A segunda função – equalizadora – ou seja, oportunidade para todos, representa [...] uma promessa de efetivar um caminho de desenvolvimento de todas as pessoas, de todas as idades. Nela, adolescentes, jovens, adultos e idosos poderão atualizar conhecimentos, mostrar habilidades, trocar experiências e ter acesso a novas regiões do trabalho e da cultura (BRASIL, 2000, p. 10). FIGURA 5 – O USO DO COMPUTADOR NA EJA FONTE: Disponível em: <http://www.educacao.org.br/eja/ Fotos%20EJA%20%20Geral/Forms/DispForm.aspx?ID=5&Source= http%3A%2F%2Fwww%2Eeducacao% 2Eorg%2Ebr%2Feja%2FFotos%2520EJA%2520%2520 Geral%2FForms%2FAllItems%2Easpx&RootFolder=%2Feja% 2FFotos%20EJA%2%2Geral>.Acesso em: 26 abr. 2011. A terceira função – qualificadora – está imbuída do próprio sentido da EJA, isto é, de propiciar uma educação em caráter permanente que objetiva uma atualização de conhecimentos por toda a vida, sendo, também, “[...] um apelo para as instituições de ensino e pesquisa no sentido da produção adequada de material didático que seja permanente enquanto processo, mutável na variabilidade de conteúdos e contemporânea no uso de e no acesso a meios eletrônicos da comunicação” (BRASIL, 2000, p. 10). Essa tríade – funções reparadora, equalizadora e qualificadora – substitui a visão de uma EJA assistencialista e compensatória estampada em campanhas de alfabetização, embora ainda se perpetuem essas práticas (ANZORENA, 2010, p. 92). UNIDADE 1 | EJA: CONCEPÇÕvES, HISTORICIDADE, LEGISLAÇÃO E POLÍTICAS 12 No Tópico 2, item 4 dessa unidade, você terá oportunidade de ampliar seus conhecimentos sobre as diferentes campanhas desenvolvidas para EJA em nosso país. 3.1 A EJA NO SISTEMA ESCOLARIZADO A EJA se insere na educação formal ao integrar a educação básica, conforme consta na LDB nº 9.394/96, portanto atende tanto às prescrições vigentes que são estabelecidas para dar funcionalidade, quanto aos diversos segmentosque abrangem a todas as modalidades de ensino. Nesse sentido, constatamos, por meio do art. 37 da LDB nº 9.394/96 (BRASIL, 1996), que: A educação de jovens e adultos será destinada àqueles que não tiveram acesso ou continuidade de estudos no Ensino Fundamental e Médio na idade própria. § 1º Os sistemas de ensino assegurarão gratuitamente aos jovens e aos adultos, que não puderam efetuar os estudos na idade regular, oportunidades educacionais apropriadas, consideradas as características do alunado, seus interesses, condições de vida e de trabalho, mediante cursos e exames. Outro aspecto relevante, em se tratando da EJA no sistema escolarizado, encontra-se formalizado na Resolução nº 1/2000 do CNE/CEB, que institui oficialmente as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação de Jovens e Adultos. Caro(a) acadêmico(a), em se tratando da escolarização na EJA, vale ressaltar ainda que o Parecer CNE/CEB nº 11/2000 (BRASIL, 2000), que dispõe sobre as Diretrizes Curriculares Nacionais para a EJA, apresenta destaques que vêm fortalecer e esclarecer questões que tratam da identidade da EJA em nosso país. Vejamos alguns destaques: • defende o direito público subjetivo dos jovens e adultos à educação básica gratuita; • limita o acesso ao Ensino Fundamental e Médio aos jovens com mais de 14 anos e 17 anos, respectivamente; • abandona a nomenclatura “Ensino Supletivo” em favor da expressão “Educação de Jovens e Adultos”; ESTUDOS FU TUROS TÓPICO 1 | CONCEPÇÕES EM EJA 13 • afirma que a EJA é modalidade e parte constitutiva da educação básica e não mais um subsistema de ensino; • requer contextualização curricular, bem como formação específica dos professores; • lista três funções para a EJA: reparadora, equalizadora e qualificadora; • determina que a EJA obedeça aos princípios de equidade, diferença e proporção. Convido você a conhecer na íntegra esse Parecer CNE/CEB nº11/2000, para perceber todos os aspectos de forma pormenorizada que ampliam os processos legais e operacionais voltados à EJA. Disponível em:<http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_ content&vACcatid=323:orgaos-vinculados>. Acesso em: 6 mar. 2011. Para atendimento das necessidades sociais do expressivo contingente de brasileiros que não dispõem dos direitos à educação enquanto cidadãos, bem como os avanços legais marcados nos diversos instrumentos de que dispomos atualmente, vários programas de escolarização foram criados em nosso país, como veremos no próximo tópico. 4 PROGRAMAS QUE ATENDEM JOVENS E ADULTOS Por estar, nesse momento histórico, alicerçada em bases legais, a EJA possibilita alternativas que podem atender à diversidade de sujeitos que integram essa modalidade, tais como os programas que estudaremos a seguir. DICAS UNIDADE 1 | EJA: CONCEPÇÕvES, HISTORICIDADE, LEGISLAÇÃO E POLÍTICAS 14 4.1 PROEJA FIGURA 6 – INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA SÃO PAULO/ SERTÃOZINHO FONTE: Disponível em: <http://189.108.236.229/srt/index. php?option=com_content&view=article&id=173:laboratorios-fundamifsp &catid=48:sertaozinho>. Acesso em: 6 jun. 2011. O Programa Nacional de Integração da Educação Profissional com a Educação Básica na modalidade de Educação de Jovens e Adultos – PROEJA – tem por objetivo proporcionar formação profissional com a escolarização voltada aos jovens e adultos sem descuidar da formação humana. Consulte o documento base do PROEJA – Decreto nº 5.478/2005 – e conheça em detalhes este programa, por meio do site: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ ato2004-2006/2005/Decreto/D5478.htm>. Observe que aparece um link para o Decreto nº 5.840, que revoga o texto anterior. DICAS TÓPICO 1 | CONCEPÇÕES EM EJA 15 O Decreto nº 5.840 (BRASIL, 2006) promoveu alterações quanto à abrangência dos cursos e programas de educação profissional, que passaram a compreender: • a formação inicial e continuada de trabalhadores articulada ao Ensino Fundamental ou Ensino Médio (PROEJA FIC), com carga horária mínima de 1.200 horas para a formação geral e 200 horas para a formação profissional; • a educação profissional técnica de nível médio nas formas concomitante ou integrada (PROEJA Técnico), com carga horária mínima de 1.200 horas, para formação geral, e para formação profissional segue as diretrizes nacionais para educação profissional, isto é, conforme a área profissional. Qual a diferença entre o Proeja FIC e o Proeja Técnico? O Proeja Formação Inicial e Continuada (FIC) é realizado com os estudantes da EJA que estão cursando o Ensino Fundamental ou Médio. A carga horária dos cursos Proeja FIC é de 1400, sendo 1200 da EJA e 200 h da Formação Inicial e Continuada. O Proeja Técnico é realizado com os estudantes da EJA que estão cursando apenas o Ensino Médio. A carga horária dos cursos Proeja Técnico é de 2400 h, sendo 1200 h da EJA e 1200 h da parte técnica, totalizando 2400 h. O Proeja Técnico deve seguir as regulamentações específicas de oferta de cursos técnicos. FONTE: Disponível em: <http://www.google.com.br/url?sa=t&rct=j&q=& esrc=s&frm=1&source=web&cd=1&ved=0CCwQFjAA&url=http%3A%2F %2Fportal.mec.gov.br%2Findex.php%3Foption%3Dcom_docman%26task %3Ddoc_download%26gid%3D10656%26Itemid%3D&ei=SaA5UtetPIfm9g S6_ oG4CQ&usg=AFQjCNGlUt2KodSOg4qmSfKZ29q36lkuSg&bvm=bv.52 288139,d.dmg>. em: 18 set. 2013. Para saber mais sobre as diretrizes nacionais para educação profissional, consulte: <http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_content&view=article&id=1 2992:diretrizes-para-a-educacao-basica&catid=323:orgaos-vinculados>. Neste endereço eletrônico você encontrará uma síntese da estruturação de toda a legislação vigente em nosso país que trata especificamente da oferta educacional na modalidade EJA. UNI ATENCAO UNIDADE 1 | EJA: CONCEPÇÕvES, HISTORICIDADE, LEGISLAÇÃO E POLÍTICAS 16 Na forma concomitante o curso é oferecido em instituições distintas, em que o estudante terá em uma escola os componentes curriculares da educação profissional e, em outra, o Ensino Médio ou Fundamental. Já na forma integrada o curso possui um currículo unificado, associando formação profissional à formação geral. O PROEJA é oferecido pelo Sistema “S” e também pela rede federal de educação profissional, científica e tecnológica: Institutos Federais (IF), Universidade Tecnológica, Cefets, Escolas Técnicas vinculadas a universidades. Para conhecer as várias unidades que compõem a rede federal de educação profissional, científica e tecnológica, acesse o site <http://redefederal.mec.gov.br>. 4.2 PROJOVEM O Programa Nacional de Inclusão do Jovem (ProJovem) foi instituído em 2005 pela Lei nº 11.129, juntamente com a criação do Conselho Nacional da Juventude (CNJ) e a Secretaria Nacional de Juventude. Em 2008 o programa começa a ser regido pela Lei nº 11.692, ampliando a oferta para jovens de 15 a 29 anos. FIGURA 7 – COLEÇÃO DOS CADERNOS PEDAGÓGICOS DO PROGRAMA PROJOVEM CAMPO-SABERES DA TERRA - CADERNO 3 - CIDADANIA FONTE: Disponível em: <http://portal.mec.gov.br/index. php?option=com_content&view=article&id=15678>. Acesso em: 28 dez. 2010. DICAS TÓPICO 1 | CONCEPÇÕES EM EJA 17 Este é um programa que se estrutura em quatro modalidades distintas: ProJovem Adolescente (reformulação do agente jovem); ProJovem Urbano (reformulação do ProJovem 2005); ProJovem Campo (reformulação do Programa Saberes da Terra); ProJovem Trabalhador (unificação dos programas Consórcio Social da Juventude, Juventude Cidadã e Escola de Fábrica). AUTOATIVIDADE Conheça em profundidade cada uma das quatro modalidades do PROJOVEM por meio do site: <http://www.secretariageral.gov.br/Juventude/ProJ/ProJovem%20urbano>. Faça uma breve síntese de cada modalidade do PROJOVEM e compartilhe o conteúdo com seus colegas no encontro presencial. Esse conhecimento será útil em tarefas avaliativas. O PROJOVEM, que integra a EJA, atende aos jovens que estão desprovidos da formação básica e, ao mesmo tempo, torna possível sua introdução e/ou a permanênciano campo de trabalho. 4.3 PRONERA O Programa Nacional de Educação na Reforma Agrária (PRONERA) foi criado em 1988 pelos movimentos sociais que tinham ligação com os assentados da reforma agrária. A sociedade civil conseguiu inserir na pauta governamental esse programa social. “Os representantes da sociedade civil são os fóruns de EJA, movimentos de alfabetização, trabalhadores da educação, movimentos sociais do campo, de indígenas, afrodescendentes e juvenis, bem como organizações não governamentais dedicadas a questões da educação e do meio ambiente.” FONTE: (HADDAD, Sérgio. A participação da sociedade civil brasileira na educação de jovens e adultos e na CONFINTEA VI. Revista Brasileira de Educação, v. 14, n. 41, maio/ago. 2009. Disponível em: <www.anped.org.br/rbe/ rbedigital/rbde41/rbev14n41-miolo.pdf>. Acesso em: 18 set. 2013 IMPORTANT E UNIDADE 1 | EJA: CONCEPÇÕvES, HISTORICIDADE, LEGISLAÇÃO E POLÍTICAS 18 Em 2003, o PRONERA passou a oferecer EJA, cursos de nível médio com formação técnico-profissionalizante e de nível superior. No período entre 2003 e 2010, cursos como agronomia, agroecologia, pedagogia, especialização em educação no campo (apenas para citar alguns) foram oferecidos por meio de parcerias com universidades e instituições de ensino públicas ou privadas. A formação de professores de escolas do campo fundamenta-se na Política Nacional de Formação de Profissionais do Magistério da Educação Básica, conforme Decreto nº 6.755, de janeiro de 2009. O censo escolar de 2009 mapeou 338 mil educadores que atuam nas escolas rurais; destes, 138 mil têm formação superior, os demais educadores possuem formação em nível médio. O MEC elaborou várias ações educativas, salientamos entre elas o Programa de Apoio à Formação Superior em Licenciatura em Educação no Campo (PROCAMPO). Leia mais sobre o assunto em: <http://portal.mec.gov.br/ index.php?Itemid=86&catid=208&id=16002:decreto-organiza-politicas-publicas- educacionais-no-campo&option=com_content&view=article>. Há outros termos em voga, como PEDAGOGIA DO CAMPO, assim definida por Saviani (2008, p. 172): “É uma expressão que se manifesta no contexto do movimento denominado Educação básica do campo. Esse movimento visa a mobilizar os habitantes do meio rural para obter a implementação de políticas sociais voltadas não apenas para assegurar o direito à educação da população rural, mas também para a reflexão e elaboração teórica de princípios político-pedagógicos articulados às práticas educativas desenvolvidas no interior das lutas sociais levadas a efeito pelos ‘povos do campo’”. O Decreto nº 7.352, de 4 de novembro de 2010, estabelece no art. 1º que “A Política de Educação do Campo destina-se à ampliação e qualificação da oferta de educação básica e superior às populações do campo”, e especifica o que se entende por populações do campo: são “agricultores familiares, extrativistas, pescadores artesanais, ribeirinhos, assentados e acampados de reforma agrária, trabalhadores assalariados rurais, quilombolas, caiçaras, povos da floresta, caboclos” e demais trabalhadores que tirem sua subsistência no meio rural ( BRASIL, 2010). A formação de professores para educação do campo poderá ser realizada, conforme art. 5º, parágrafo 2º deste Decreto, “[...] concomitante à atuação profissional, de acordo com metodologias adequadas, inclusive a pedagogia da alternância [...]” (BRASIL, 2010). NOTA TÓPICO 1 | CONCEPÇÕES EM EJA 19 A Pedagogia da Alternância surgiu no Brasil em 1969 e possui correlação à educação popular. Desenvolvida por pesquisadores internacionais, objetivava que os filhos de lavradores pudessem, eles próprios, ter uma educação voltada ao campo, buscando subsídios para uma melhor condição de vida. Leia mais em: <www.pedagogiadaalternancia.com>. Destacamos que essa formação faz-se recente, e, via de regra, as Casas Familiares Rurais (CFRs) e as Escolas Famílias Agrícolas (EFAs), de modo geral, [...] substituem professores licenciados por monitores, que podem ter uma formação acadêmica, mas não necessariamente uma licenciatura, e recebem uma formação específica em Pedagogia da Alternância. Justificam que as licenciaturas não oferecem formação adequada a este método de trabalho-ensino (RIBEIRO, 2008, p. 134). Conheça com mais detalhes o PRONERA assistindo ao vídeo: NBR (TV do Governo Federal), entrevista: Pronera já beneficiou 450 mil jovens e adultos no Brasil – que apresenta uma entrevista com a coordenadora geral de Educação no Campo e Cidadania do INCRA, Clarice dos Santos. Foi criado em 24/03/2011, com duração de 11:12. FONTE: Disponível em: <http://www.youtube.com/watch?v=CnJcYGiaiHU>. Acesso em: 18 set. 2013 4.4 PROGRAMA BRASIL ALFABETIZADO Criado em 2003, o Programa Brasil Alfabetizado (PBA) está voltado à Alfabetização de Jovens, Adultos e Idosos. Tem por objetivo alfabetizar jovens e adultos, bem como promover sua valorização como cidadãos, contribuindo para a superação do analfabetismo no Brasil, além de colaborar com a universalização do Ensino Fundamental. Conforme está previsto no documento sobre as Orientações do Programa Brasil Alfabetizado, “As entidades participantes do Programa Brasil Alfabetizado deverão fazer a formação inicial dos alfabetizadores, coordenadores e tradutores intérpretes de LIBRAS diretamente ou por meio de instituição formadora” (BRASIL, 2011). NOTA DICAS UNIDADE 1 | EJA: CONCEPÇÕvES, HISTORICIDADE, LEGISLAÇÃO E POLÍTICAS 20 Amplie seus conhecimentos sobre o Programa Brasil Alfabetizado lendo o Decreto nº 7.507, de 27/6/2011, no endereço: <http://brasilalfabetizado.fnde.gov.br>. FIGURA 8 – ALUNAS DO PROGRAMA BRASIL ALFABETIZADO FONTE: Disponível em: <http://www.vozdabahia.com.br/index/blog/id-1524/ programa_brasil_alfabetizado_2011_abre_inscricao_para_professores#Scene_1>. Acesso em: 5 maio 2011. Ainda assim, nem tudo está em vias de ser resolvido. Soares (2005a), ao ser entrevistado sobre o Brasill Alfabetizado, afirma que Projetos e programas são iniciativas limitadas para substituírem políticas de longa duração. A alfabetização, que não pode ser vista separada da educação de jovens e adultos, necessita ser planejada, executada e avaliada como uma ação educacional em sintonia com uma política pública mais permanente. Para que o Brasil possa, de forma contínua, promover a erradicação do analfabetismo, são necessárias ações concretas, planejadas e acompanhadas passo a passo, demonstrando comprometimento com a população. DICAS 21 RESUMO DO TÓPICO 1 Neste tópico você estudou que: • A Educação de Adultos ocorre em âmbito internacional, seja em um sistema formal, não formal ou informal. • A terminologia assume um caráter específico na EJA em virtude do significado atribuído às palavras e de quem o atribui. Apresentamos a diferenciação entre Educação Permanente (Espanha) e Aprendizagem ao Longo da Vida (Portugal) ou ainda Educação Não Profissional de Adultos (em outros países). No Brasil utilizamos o termo Educação de Jovens e Adultos (EJA) quando nos referimos à educação formal e Educação Popular quando nos referimos à educação não formal; já o termo andragogia serve de aporte teórico e metodológico para a Educação de Adultos. • Para atendimento da expressiva demanda de brasileiros que não dispõem dos direitos à educação assegurados enquanto cidadãos em nossa Constituição, a atual LDB (Lei nº 9.394/96) dispõe de uma seção específica que trata da Educação de Jovens e Adultos, constituída pelos artigos 37 e 38. Os artigos 2º, 3º e 4º da LDB também contemplam avanços para essa modalidade de ensino. • Apresentamos a estrutura da EJA sob a forma escolarizada. A Resolução CNE/ CEB nº 1, de 5 de julho de 2000, estabelece as Diretrizes Curriculares para a Educação de Jovens e Adultos. • A Educação de Jovens e Adultos se ramifica em programas que visam atender à diversidade da demanda que busca essa modalidade de ensino, como o PROEJA, PROJOVEM, PRONERA, Brasil Alfabetizado, entre outros.22 AUTOATIVIDADE 1 Após ter realizado a leitura do Tópico 1, construa uma lista de siglas voltada para as especificidades que integram a Educação de Jovens e Adultos em nosso país, a exemplo: Lista de siglas EJA Educação de Jovens e Adultos PROEJA Programa Nacional de Integração da Educação Profissional com a Educação Básica na modalidade de Educação de Jovens e Adultos 2 No município em que você reside, procure conhecer como se dá a oferta da educação básica na modalidade EJA. Que programas são ofertados? Faça aqui um breve relato. _____________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ 23 TÓPICO 2 HISTORICIDADE DA EDUCAÇÃO DE ADULTOS UNIDADE 1 1 INTRODUÇÃO Neste tópico você estudará um pouco da historicidade da Educação de Adultos no mundo e incursionará por diversos caminhos e descaminhos percorridos pela Educação de Adultos no Brasil. O foco está direcionado para alfabetização, embora saibamos que o tema não se encerra aí. Você pode estar se perguntando o porquê da escolha de Portugal e de países da Cooperação Sul-Sul. Nosso critério foi embasado pelo fato de que a língua que nos aproxima também facilita nossa compreensão ao ler livros, pesquisas e informações pertinentes ao tema. 2 EDUCAÇÃO DE ADULTOS NO MUNDO Você já assistiu a algum documentário sobre Educação de Adultos no mundo? Já leu algo a respeito? Pensou acerca da educação como um direito de todo ser humano? Direito esse respaldado por uma política adequada e de qualidade? Como essa educação se apresenta em outros países? Pensamos, para esse breve passeio, além da estrutura, mostrar-lhe também um pouco sobre a formação dos professores que atuam com adultos. UNIDADE 1 | EJA: CONCEPÇÕvES, HISTORICIDADE, LEGISLAÇÃO E POLÍTICAS 24 FIGURA 9 – APRENDIZAGEM E EDUCAÇÃO DE ADULTOS FONTE: Disponível em:<http://www.unesco.org/pt/confinteavi/grale>. Acesso em: 8 maio 2011. O Relatório Global sobre Aprendizagem e Educação de Adultos, elaborado pela Unesco, aborda programas de alfabetização em diversos países, como: Bolívia, Cuba, Alemanha, Gana, Índia, Irã, Namíbia, Noruega, Sérvia, Estados Unidos. Destacamos que, na Sérvia, os programas de Educação de Adultos são: “[...] cofinanciados pelo governo sérvio e o Fundo de Educação Roma, programas de educação básica de adultos em comunidades ciganas oferecem educação básica e ensino profissionalizante inicial, levando a uma primeira qualificação reconhecida” (UNESCO, 2010b, p. 46-47). Leia na íntegra o relatório para que você perceba as aproximações e os distanciamentos existentes entre os países no que concerne à Educação de Adultos. Disponível em: <http://unesco.org/pt/confinteavi/grale>. Acesso em: 12 jun. 2011. Como você pode constatar, esses são apenas alguns países que elencamos quanto à Educação de Adultos, cada um carrega em si uma intencionalidade, todos convergem para a importância dessa educação no quesito sustentabilidade, DICAS TÓPICO 2 | HISTORICIDADE DA EDUCAÇÃO DE ADULTOS 25 2.1 PORTUGAL Você lembra que, no Tópico 1, aprendemos que Portugal utiliza o termo Aprendizagem ao Longo da Vida? Então, agora saberemos como se estrutura a Educação de Adultos na esfera formal. O programa que compreende a Educação de Adultos em Portugal denomina-se Programa Novas Oportunidades – Aprender Compensa. Foi implantado em 14 de dezembro de 2005, “[...] com vistas à redução da baixa escolaridade de jovens e adultos, pelo Ministério da Educação em parceria com o Ministério do Trabalho, objetivando alargar o referencial mínimo de formação até o 12º ano de escolaridade” (ANZORENA, 2010, p. 68). Os Centros Novas Oportunidades possibilitam que o adulto faça sua inscrição e passe por uma entrevista individual. Após analisado o perfil do adulto, ele “[...] é encaminhado para Modalidades de Educação e Formação – Sistema Nacional de Reconhecimento, Validação e Certificação de Competências 4º, 6º, 9º ou 12º ano de escolaridade ou Qualificação Profissional de nível 1, 2 ou 3” (ANZORENA, 2010, p. 68). Anzorena (2010) ainda afirma que o Sistema Nacional de Reconhecimento, Validação e Certificação de Competências valoriza o que o adulto [...] aprendeu, em diferentes contextos (formais, não formais e informais), ao longo da vida, e reconhece as competências que foi adquirindo, atribuindo-lhe uma certificação escolar e/ou profissional. O processo de reconhecimento, validação e certificação de competências (RVCC) decorre nos Centros Novas Oportunidades e não obedece ao calendário escolar, pelo que poderá iniciá-lo em qualquer momento (NOVAS OPORTUNIDADES, 2011 apud ANZORENA, 2010, p. 68 ). Os cursos EFA conciliam uma formação de base (escolar) com uma componente tecnológica (profissional) que integra um estágio, o que confere uma dupla certificação (escolar e profissional). Em algumas situações, o percurso frequentado pode conduzir a uma certificação apenas escolar ou profissional. Estes cursos são indicados para quem necessita completar o 9º ou o 12º ano de escolaridade e não dispõe de uma experiência profissional relevante. Podem ainda ser indicados para quem pretende uma reconversão profissional. diminuição da desigualdade e paz; mas os atores envolvidos reconhecem a ausência de políticas, indicadores de qualidade, formação adequada aos educadores. Adentramos um caminho que nos leva a Portugal e, para além dele, conheceremos a Cooperação Sul-Sul. É o que veremos a seguir. FONTE: Disponível em: <http://saldopositivo.cgd.pt/vale-a-pena-investir-em-formacao- profissional>. Acesso em: 6 nov. 2013. UNIDADE 1 | EJA: CONCEPÇÕvES, HISTORICIDADE, LEGISLAÇÃO E POLÍTICAS 26 Cursos EFA são Cursos de Educação e Formação de Adultos. O nome MESOPOTÂMIA significa terra entre rios. O Programa Novas Oportunidades – Aprender Compensa tem como meta, para 2010, certificar 650 mil pessoas. Para cumprimento dessa meta está prevista a expansão da Rede de Centros de RVCC de modo a atingir 500 centros, em 2010 (veja quadro). QUADRO 1 – EXPANSÃO PREVISTA PARA A REDE DE CENTROS RVCC Nº Centros RVCC 2005 2006 2007 2008 2009 2010 98 165 250 300 400 500 FONTE: Novas Oportunidades (2011) Assim como ocorre a expansão do número de centros RVCC, há uma preocupação em qualificar as práticas formativas por meio de um Sistema de Certificação de Qualificação. Para complementar e da mesma forma contribuir com nossa discussão, trazemos a postagem de um professor que atua em Portugal, no Curso EFA, em uma escola pública [...] (ANZORENA, 2010, p. 69). A Educação de Adultos em Portugal Tendo em conta a experiência profissional dos últimos dois anos, a educação de adultos tem constituído o motor da minha transformação como docente. Sem qualquer formação inicial na área fui confrontado com a necessidade de assumir a direcção do desenvolvimento de Cursos de Educação e Formação de Adultos na escola pública onde sou professor. Tendo consciência da importância deste desafio, passo a apresentar alguns aspectos a reter sobre esta experiência. Os processos de educação e formação de adultos são hoje considerados como um dos eixos estratégicos de intervenção quando falamos no desenvolvimento das sociedades e na luta contra a exclusão social. Numa época de crise económica confirmam-se os efeitos positivos do aumento das qualificações: “Existe um corpo substancial de evidências que mostra que aqueles com níveis de educação superiores têm maior probabilidade de participar no mercado de trabalho, correm menor risco de desemprego e recebem salários médios mais elevados” (OCDE, 2005). Nessa perspectiva, em Portugal,o Programa Novas Oportunidades constitui, com as suas metas e ambições, um marco na transformação do quotidiano NOTA TÓPICO 2 | HISTORICIDADE DA EDUCAÇÃO DE ADULTOS 27 formativo e das exigências do modelo EFA (Educação e Formação de Adultos). Com o objectivo social da recuperação das qualificações dos adultos, nomeadamente dos que foram mais penalizados pela história do acesso à educação no nosso país, o programa tem constituído uma das medidas mais mediáticas da actuação governativa em Portugal. A chave do funcionamento do programa é a existência de uma Rede Nacional de Centros Novas Oportunidades (CNO). De acordo com a sua Carta de Qualidade, “Os Centros Novas Oportunidades constituem-se como agentes centrais na resposta ao desafio da qualificação de adultos consagrado na Iniciativa Novas Oportunidades” (2007,p. 5). A missão dos CNO passa por: “Assegurar a todos cidadãos maiores de 18 anos uma oportunidade de qualificação e de certificação, de nível básico ou secundário, adequada ao seu perfil e necessidades, no âmbito da área territorial de intervenção de cada Centro Novas Oportunidades. Promover a procura de novos processos de aprendizagem, de formação e de certificação por parte dos adultos com baixos níveis de qualificação escolar e profissional. Assegurar a qualidade e a relevância dos investimentos efectuados numa política efectiva de aprendizagem ao longo da vida, valorizando socialmente os processos de qualificação e de certificação de adquiridos” (ibid, p.10). Pretende-se assim, aproveitando a “última” tranche de fundos comunitários, até 2010, implantar uma Rede Nacional de CNO e desenvolver acções de formação e educação que visam qualificar e, não menos importante, certificar 1.000.000 de adultos portugueses. Mas segundo dados do INE, existem cerca de três milhões de portugueses que não possuem a escolaridade mínima obrigatória. Logo é fulcral que se obtenham resultados. A velocidade e a ambição deste Programa levam-nos a reflectir sobre os constrangimentos de uma actividade que não se compadece com os números. O desenvolvimento, com qualidade, do processo de Reconhecimento, Validação e Certificação de Competências, no seio dos CNO, é urgente e incontornável na transformação da educação em Portugal. Quando falamos de Reconhecimento, Validação e Certificação de Competências, será certamente injusto alertar para o facilitismo e falta de qualidade do processo passando ao lado de todas as ferramentas que estão, nos CNO, ao serviço da EFA de forma organizada e estruturada. Admite-se que a EFA, ao centrar-se, na vertente RVCC, sobre a história pessoal e utilizar uma abordagem biográfica, de onde decorre toda a reorganização discursiva das aprendizagens realizadas em contextos informais UNIDADE 1 | EJA: CONCEPÇÕvES, HISTORICIDADE, LEGISLAÇÃO E POLÍTICAS 28 e não formais pelos adultos, face a um Referencial de Competências-Chave, poderá ser mediadora nos processos de transformação pessoal, nomeadamente psicológicos e promotores de níveis de maior autonomia. A contratação de psicólogos para as equipas técnicas dos CNO implica, necessariamente, uma melhoria de qualidade no atendimento/acolhimento de adultos que se irá reflectir, com vantagem, na ligação afectiva à formação e à entidade formadora. E tudo isto é precioso na construção do “empowerment” dos adultos. Acreditamos que esta “oportunidade” é única e tem de ser aproveitada pelos seus beneficiários. O papel dos CNO na “desinstalação” de preconceitos na mente dos adultos é tão importante que perspectivamos uma procura avassaladora de EFA. O mais difícil será passar a mensagem que há algo de novo e que é vantajoso. Depois deve apostar-se no atendimento de quem já foi, muitas vezes, maltratado pela Administração Pública portuguesa. Mas, se o RVCC é aliciante, ele não constitui o único meio de qualificação e certificação a trilhar pelos adultos. Sem a rapidez e a autonomia do RVCC existem outras ofertas educativas que, no processo de encaminhamento desenvolvido pelos CNO, podem ser sugeridas aos adultos. Com o mesmo referencial de Competências-Chave subjacente, os Cursos EFA perfilam-se como a oferta mais interessante para os candidatos a quem não for sugerido o RVCC. Estruturados em desenhos curriculares centrados em actividades integradoras propostas pelos formandos, os Cursos EFA são a materialização dos percursos de educação mais ajustados para adultos com histórias de vida menos preenchidas. A formação é feita de dentro para fora. O que é que se precisa de saber para desenvolver determinada tarefa? Se o adulto sabe, faz. Se não, pede ajuda. E aqui eleva-se o valor da solidariedade. Os formadores e formandos devem constituir um grupo de seres humanos quase que em rota de sobrevivência. O que uns têm devem dar aos outros. Ninguém tem a propriedade absoluta do conhecimento. Uns sabem umas coisas e outros já fizeram ou viram fazer outras. A partilha vai balizar a qualidade da formação nos Cursos EFA. Todo o resto de ofertas educativas remete para o percurso formal de educação em que o adulto, que abandonou a escola há muito tempo, dificilmente se revê. De facto, encerrar os adultos no regime formal era continuar a “dar-lhes mais do mesmo”. É que o sistema formal tem apresentado resultados ao nível do abandono escolar que não auguram nada de positivo. Montaigne já dizia que preferia cabeças bem-feitas às cabeças cheias. FONTE: Disponível em: <http://morropeixe.blogspot.com.br/2010/08/educacao-de-adultos-em- portugal.html>. Acesso em: 13 nov. 2013. TÓPICO 2 | HISTORICIDADE DA EDUCAÇÃO DE ADULTOS 29 Em Portugal há possibilidade de aprofundamento na área de Educação de Adultos, por exemplo, no Mestrado em Ciências da Educação, com área de especialização em Formação de Adultos, e no Programa de Doutoramento em Educação, com especialidade em Formação de Adultos, promovidos pelo Instituto de Educação (IE), da Universidade de Lisboa (IE, 2011). 2.2 COOPERAÇÃO SUL/SUL Nos países de língua portuguesa do Sul também há uma inquietação quanto à Educação de Adultos. Nesse sentido, a Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP) realizou uma oficina, em Brasília, no ano de 2006, composta por representantes de todos os países de língua portuguesa do Sul, intitulada Oficina para Cooperação Sul-Sul. Nessa oficina estabeleceu-se um compromisso em torno da Educação de Jovens e Adultos ao elencar prioridades e propostas de ação para erradicar o analfabetismo e a baixa escolaridade nos países que a compõem, a saber: Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, São Tomé e Príncipe e Timor Leste (ANZORENA, 2010, p. 70). O grande desafio dessa rede de cooperação, conforme seus representantes, reside na inclusão da pauta da EJA nas agendas políticas de educação como um direito de todos (UNESCO, 2007). A insuficiência na formação docente voltada para a atuação com jovens e adultos é uma realidade percebida no texto do documento elaborado pelos participantes da oficina, ao abordarem que “Numerosos programas de alfabetização e formação de jovens e adultos estão em andamento nestes países, que se esforçam por qualificar os educadores” (UNESCO, 2007, p. 22). Ainda segundo o documento elaborado na Cooperação Sul-Sul, a escassez de recursos humanos qualificados “[...] limita as oportunidades de formação inicial e continuada dos educadores [...]” (UNESCO, 2007, p. 22). Isso nos remete ao desafio prioritário apontado pelo documento, que é a formação dos formadores, a qual “[...] precisa ser feita em nível de especialização ou pós-graduação”, o que projeta o “[...] importante papel a ser exercido pelas universidades” (UNESCO, 2007, p. 24-25). Considerando as mídias eletrônicas e outros materiais utilizados para alfabetizar, é consenso entre estudiosos como Thimoty Ireland (representante da Unesco no Brasil) e Leôncio Soares (pesquisador na área de EJA) que o diferencial na aprendizagem do educando é a atuação do alfabetizador.ATENCAO UNIDADE 1 | EJA: CONCEPÇÕvES, HISTORICIDADE, LEGISLAÇÃO E POLÍTICAS 30 3 EDUCAÇÃO DE ADULTOS NO BRASIL: MOVIMENTOS QUE INICIARAM A DISCUSSÃO SOBRE EDUCAÇÃO Os movimentos educativos em torno da Educação de Adultos, no Brasil, se dispunham a defender a instrução popular quer pelo aspecto metodológico de transmissão do conhecimento, quer pelo aspecto político-social do país. Esses movimentos que iniciaram a discussão foram denominados entusiastas, otimistas, realistas e tecnocratas. 3.1 O “ENTUSIASMO” PELA EDUCAÇÃO Os entusiastas (do movimento “o entusiasmo pela educação”) constituíam um grupo de mobilização em prol da educação popular, que surgiu na segunda década do século XX, época em que existia um distanciamento entre o ruralismo e o industrialismo. O analfabetismo era motivo de vergonha para o Brasil e, por isso, a educação era considerada como fator preponderante para a solução de problemas. Nessa época, houve a criação do Ministério da Educação, cujos cargos técnicos foram ocupados por indivíduos sem formação no campo (PAIVA, 2003). Paiva (2003, p. 39) tece uma aproximação da segunda década do século XX com nossa atual realidade: Isso se deve, em parte, à debilidade e escassez de nossos quadros técnicos, que permitem - ainda hoje - que diletantes sejam colocados à frente dos programas oficiais de educação e que, nos casos mais favoráveis, despendam uma grande quantidade de tempo e cometam uma série de erros para poderem aprender algo dentro do campo profissional. Com o movimento “o entusiasmo pela educação”, um sentimento humanitário começou a ser despertado e teve representatividade na figura do médico Miguel Couto. Vejamos o conceito que expressa: Analfabetismo é o cancro que aniquila o nosso organismo, com as suas múltiplas metástases, aqui a ociosidade, ali o vício, além o crime. Exilado dentro de si mesmo como em um mundo desabitado, quase repelido para fora da espécie pela sua inferioridade, o analfabeto é digno de pena e a nossa desídia indigna de perdão enquanto não lhe acudirmos com o remédio do ensino obrigatório (COUTO apud PAIVA, 2003, p. 38). FONTE: Anzorena (2010, p. 73) TÓPICO 2 | HISTORICIDADE DA EDUCAÇÃO DE ADULTOS 31 Em 1934, sob a influência dos entusiastas, teve início a rádio-educação, embora já defendida desde 1920. O contato emissora-ouvinte, segundo Paiva (2003, p. 130), “[...] se dava por meio da distribuição de folhetos e esquemas das lições enviadas pelo correio às pessoas inscritas; estas mantinham contato com a emissora por meio de cartas, visitas ou telefone”. Pela primeira vez começou-se a pensar em uma metodologia e didática apropriadas à educação pelo rádio. No subtópico 4.1 você acompanhará um pouco mais da educação pelo rádio, com a Radiocartilha Sirena. 3.2 O “OTIMISMO” PEDAGÓGICO Os otimistas pertencentes ao movimento “otimismo pedagógico” foram os primeiros profissionais da educação preocupados com a qualidade do ensino. Esse movimento ocorreu na década de 1920 e se preocupava “[...] com a eficiência e com a qualidade dos sistemas de ensino ou dos movimentos educativos. [...], opondo à difusão quantitativa imediata de instrução de baixa qualidade” (PAIVA, 2003, p. 40). Jornalistas ou formados pelo ensino normal, como Lourenço Filho, iniciaram o movimento reformador do sistema de ensino existente. Dedicavam-se à preparação de professores e demais pertinências sobre administração, currículos e métodos. Anísio Teixeira, com formação específica, enquadra-se num deles (PAIVA, 2003). O movimento “otimismo pedagógico” se caracterizou pela Desvinculação entre o pensamento pedagógico no Brasil e a reflexão sobre o social, traço que até a década de 60 dominou de forma quase absoluta os nossos meios pedagógicos, e que ainda hoje pode ser encontrada nos meios educacionais brasileiros (PAIVA, 2003, p. 40). FONTE: Anzorena (2010, p. 74) O horizonte dos otimistas se limitava ao processo educacional em si, dissociado do contexto histórico e social. ATENCAO UNIDADE 1 | EJA: CONCEPÇÕvES, HISTORICIDADE, LEGISLAÇÃO E POLÍTICAS 32 3.3 O “REALISMO” EM EDUCAÇÃO Os realistas, vinculados ao movimento “realismo em educação”, preocupavam-se [...] com a qualidade do ensino como requisito indispensável à preparação do homem para tarefas específicas (sociais, econômicas, políticas) e eficiência no ensino ministrado (para atendimento de tarefas específicas consideradas importantes para cada grupo incluído nesta categoria geral) (PAIVA, 2003, p. 40). Esse movimento era formado por grupos de profissionais da educação, liberais ligados à esquerda marxista e à esquerda não marxista. Ocorrido no final dos anos de 1920 e de esquerda marxista, o movimento “realismo em educação” colocava a ênfase sobre as modificações da base econômica e analisava “[...] a forma de como a atuação educativa poderia contribuir para a transformação da sociedade, para a revolução proletária” (PAIVA, 2003, p. 41). A educação não era considerada como um problema nacional. A exemplo dos entusiastas da educação, os realistas estavam imunizados contra o otimismo pedagógico: “[...] era preciso preparar homens e prepará-los bem; o método adotado nesta preparação poderia contribuir para dar-lhes consciência acerca das condições de funcionamento da sociedade” (PAIVA, 2003, p. 40). Na década de 1950 surgiu o grupo de esquerda não marxista, cujo enfoque era o seguinte: “à menor ênfase colocada sobre a base econômica [...] corresponde uma maior importância atribuída à cultura e à educação como fatores relevantes para mudança social” (PAIVA, 2003, p. 44 ). FONTE: Anzorena (2010, p. 75) 3.4 OS “TECNOCRATAS” DA EDUCAÇÃO O movimento dos “tecnocratas da educação” surgiu na década de 1960 e não sofreu influência dos movimentos “entusiasmo pela educação” e “otimismo pedagógico”. Para os tecnocratas: “A técnica, o estudo das alternativas em termos de rentabilidade econômica, determina onde investir em educação” (PAIVA, 2003, p. 50). FONTE: Anzorena (2010, p. 75) Esse grupo se preocupava menos com questões de cunho político ou ensino obrigatório e mais com a rentabilidade da educação para fins do crescimento econômico do país. TÓPICO 2 | HISTORICIDADE DA EDUCAÇÃO DE ADULTOS 33 Para aprofundar a discussão a respeito dos movimentos da educação, sugerimos a leitura da obra: PAIVA, Vanilda. História da educação popular no Brasil: educação popular e educação de adultos. 6. ed. São Paulo: Loyola, 2003. Nessa obra, a autora expõe a trajetória histórica da educação de adultos no Brasil, contemplando o analfabetismo, as mobilizações populares e as ideias de Paulo Freire; apresenta e discute documentos que datam de 1958 a 1964. A compreensão dos fragmentos da história que remetem a algumas políticas ainda hoje em voga encontra-se nesse livro. Importante referencial para educadores de jovens e adultos. Embora a Educação de Adultos contasse com o empenho desses movimentos, havia ainda uma demanda a ser atendida; nessa direção, várias campanhas foram realizadas com o intuito de abarcar os adultos ainda não assistidos. 4 CAMPANHAS EM PROL DA EDUCAÇÃO DE ADULTOS Apresentamos, a seguir, fragmentos das campanhas CEAA, CNEA, MEB e MCP lançadas a partir de 1947, que poderão auxiliar você, caro(a) acadêmico(a), a compreender um pouco mais da trajetória da EJA no Brasil. Para a escolha desses fragmentos, tivemos como foco o professor (FÓRUM EJA, CEAA, 2011). 4.1 CAMPANHA DE EDUCAÇÃO DE ADOLESCENTES E ADULTOS (CEAA) E CAMPANHA NACIONAL DE ERRADICAÇÃO DO ANALFABETISMO (CNEA) A Campanha de Educação de Adolescentes e Adultos (CEAA) tinha como um dos lemas: “é ainda por amor à criança que devemos educar adolescentes e adultos”; assim, despertando o interesse dos pais, poder-se-ia chegar às crianças, promovendo a busca por matrículas nas escolas primárias; na época a ideia que se tinha do analfabeto era a de um ser incapaz, marginal, que não rendia conforme o esperado, e ainda sujeito a ser explorado em seu
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