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Prévia do material em texto

2013
Educação dE JovEns E 
adultos 
Prof.ª Denise Izaguirre Anzorena
Prof.ª Zilma Mônica Sansão Benevenutti
Copyright © UNIASSELVI 2013
Elaboração:
Prof.ª Denise Izaguirre Anzorena
Prof.ª Zilma Mônica Sansão Benevenutti
Revisão, Diagramação e Produção:
Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI
Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri 
UNIASSELVI – Indaial.
374
 I98e Anzorena, Denise Izaguirreo
 Educação de jovens e adultos / Denise Izaguirre Anzorena, 
Zilma Mônica Sansão Benevenutti. Indaial : Uniasselvi, 2013.
 
 197 p. : il 
 
 ISBN 978-85-7830-821-6
 1. Educação. 2. Educação de adultos. 
 I. Centro Universitário Leonardo da Vinci.
Impresso por:
III
aprEsEntação
Caro(a) acadêmico(a), seja bem-vindo(a)! Iniciaremos agora a 
disciplina de Educação de Jovens e Adultos. Você já venceu algumas etapas 
de seu curso e chegou até aqui. Parabéns!
Ao receber esse caderno, folheie-o, verifique o sumário, olhe as 
imagens, as sugestões; em um segundo momento, mergulhe profundo, leia 
atentamente, faça relação com outras leituras. Então pergunte, compartilhe 
ideias. Quem sabe a Educação de Jovens e Adultos - EJA - pode vir a ser seu 
campo de atuação? Caso não o seja, você não ficará de fora das discussões. 
Poderá opinar com propriedade sobre o assunto. 
Ao longo desse “percurso” se descortinarão, a partir dos temas 
abordados, textos, músicas, imagens, poemas, histórias de vida, em torno da 
temática da EJA. Enriquecer seu conhecimento, fornecer-lhe subsídios para 
uma boa discussão, quiçá para sua atuação docente, e contribuir para um 
olhar desterritorializado, essa é a intenção.
Para compor este Caderno de Estudos, organizamos três tópicos. A 
primeira unidade aborda os estigmas que a EJA carrega consigo, bem como 
um entendimento sobre os termos agregados à educação de adultos e um 
breve passeio por países que se debruçam sobre a educação de adultos. 
As concepções acerca da EJA, sua configuração, historicidade, legislação e 
políticas públicas também compõem a unidade.
A segunda unidade apresenta os sujeitos da EJA, sua diversidade, a 
idade para ingresso na modalidade EJA, o desafio do ingresso, da permanência 
e as possíveis razões do abandono, além de ressaltar o papel da EJA diante de 
sua juvenilização, da intergeracionalidade e intersetorialidade, com destaque 
para a estrutura curricular voltada para as especificidades da EJA.
A terceira unidade contempla as abordagens e estratégias didático-
pedagógicas direcionadas à EJA, a andragogia e seus princípios como um 
aporte teórico no processo de ensinar e aprender voltado aos adultos, as 
contribuições do educador Paulo Freire nas práticas de EJA, a formação do 
educador de EJA e avaliação, promoção e certificação em EJA.
Pensamos que, para além do texto em si, você poderá explorar as 
sugestões em aulas de EJA.
Bom estudo! Sucesso!
Prof.ª Denise Izaguirre Anzorena
Prof.ª Zilma Mônica Sansão Benevenutti
IV
Você já me conhece das outras disciplinas? Não? É calouro? Enfi m, tanto para 
você que está chegando agora à UNIASSELVI quanto para você que já é veterano, há 
novidades em nosso material.
Na Educação a Distância, o livro impresso, entregue a todos os acadêmicos desde 2005, é 
o material base da disciplina. A partir de 2017, nossos livros estão de visual novo, com um 
formato mais prático, que cabe na bolsa e facilita a leitura. 
O conteúdo continua na íntegra, mas a estrutura interna foi aperfeiçoada com nova 
diagramação no texto, aproveitando ao máximo o espaço da página, o que também 
contribui para diminuir a extração de árvores para produção de folhas de papel, por exemplo.
Assim, a UNIASSELVI, preocupando-se com o impacto de nossas ações sobre o ambiente, 
apresenta também este livro no formato digital. Assim, você, acadêmico, tem a possibilidade 
de estudá-lo com versatilidade nas telas do celular, tablet ou computador. 
Eu mesmo, UNI, ganhei um novo layout, você me verá frequentemente e surgirei para 
apresentar dicas de vídeos e outras fontes de conhecimento que complementam o assunto 
em questão. 
Todos esses ajustes foram pensados a partir de relatos que recebemos nas pesquisas 
institucionais sobre os materiais impressos, para que você, nossa maior prioridade, possa 
continuar seus estudos com um material de qualidade.
Aproveito o momento para convidá-lo para um bate-papo sobre o Exame Nacional de 
Desempenho de Estudantes – ENADE. 
Bons estudos!
UNI
Olá acadêmico! Para melhorar a qualidade dos 
materiais ofertados a você e dinamizar ainda 
mais os seus estudos, a Uniasselvi disponibiliza 
materiais que possuem o código QR Code, que 
é um código que permite que você acesse um 
conteúdo interativo relacionado ao tema que 
você está estudando. Para utilizar essa ferramenta, 
acesse as lojas de aplicativos e baixe um leitor 
de QR Code. Depois, é só aproveitar mais essa 
facilidade para aprimorar seus estudos!
UNI
V
VI
VII
UNIDADE 1 – EJA: CONCEPÇÕvES, HISTORICIDADE, LEGISLAÇÃO E POLÍTICAS ..... 1
TÓPICO 1 – CONCEPÇÕES EM EJA ................................................................................................. 3
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................... 3
2 EDUCAÇÃO DE ADULTOS .............................................................................................................. 4
2.1 EDUCAÇÃO FORMAL, NÃO FORMAL E INFORMAL ......................................................... 5
2.2 TERMINOLOGIA ........................................................................................................................... 6
3 A CONFIGURAÇÃO DA EJA ........................................................................................................... 9
3.1 A EJA NO SISTEMA ESCOLARIZADO ...................................................................................... 12
4 PROGRAMAS QUE ATENDEM JOVENS E ADULTOS ............................................................. 13
4.1 PROEJA ............................................................................................................................................ 14
4.2 PROJOVEM ...................................................................................................................................... 16
4.3 PRONERA ........................................................................................................................................ 17
4.4 PROGRAMA BRASIL ALFABETIZADO .................................................................................... 19
RESUMO DO TÓPICO 1 ....................................................................................................................... 21
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................ 22
TÓPICO 2 – HISTORICIDADE DA EDUCAÇÃO DE ADULTOS ............................................... 23
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................... 23
2 EDUCAÇÃO DE ADULTOS NO MUNDO .................................................................................... 23
2.1 PORTUGAL ..................................................................................................................................... 25
2.2 COOPERAÇÃO SUL/SUL ............................................................................................................. 29
3 EDUCAÇÃO DE ADULTOS NO BRASIL: MOVIMENTOS QUE INICIARAM A 
 DISCUSSÃO SOBRE EDUCAÇÃO ................................................................................................. 30
3.1 O “ENTUSIASMO” PELA EDUCAÇÃO ....................................................................................30
3.2 O “OTIMISMO” PEDAGÓGICO .................................................................................................. 31
3.3 O “REALISMO” EM EDUCAÇÃO .............................................................................................. 32
3.4 OS “TECNOCRATAS” DA EDUCAÇÃO ................................................................................... 32
4 CAMPANHAS EM PROL DA EDUCAÇÃO DE ADULTOS ...................................................... 33
4.1 CAMPANHA DE EDUCAÇÃO DE ADOLESCENTES E ADULTOS (CEAA) E 
 CAMPANHA NACIONAL DE ERRADICAÇÃO DO ANALFABETISMO (CNEA) ........... 33
4.2 MOVIMENTO DE EDUCAÇÃO DE BASE (MEB) E MOVIMENTO DE CULTURA 
 POPULAR (MCP) ........................................................................................................................... 35
4.3 MOBRAL .......................................................................................................................................... 36
4.4 ANALFABETISMO FUNCIONAL ............................................................................................... 37
RESUMO DO TÓPICO 2 ....................................................................................................................... 39
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................ 40
TÓPICO 3 – LEGISLAÇÃO E POLÍTICAS PÚBLICAS EM EDUCAÇÃO: UM OLHAR 
 DIRECIONADO À EJA .................................................................................................. 41
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................... 41
2 AS LEIS QUE REGEM A EJA ............................................................................................................ 41
2.1 CONSTITUIÇÃO BRASILEIRA DE 1988 .................................................................................... 42
2.2 A LEI DE DIRETRIZES E BASES N° 5.692/71 ............................................................................. 43
sumário
VIII
2.3 LEI DE DIRETRIZES E BASES Nº 9.394/96 ................................................................................. 44
2.3.1 Pareceres e resoluções ........................................................................................................... 45
3 POLÍTICAS PÚBLICAS ...................................................................................................................... 47
3.1 PARÂMETROS CURRICULARES NACIONAIS (PCN) E A EJA ........................................... 48
3.2 PLANO NACIONAL DE EDUCAÇÃO E A EDUCAÇÃO DE JOVENS E 
 ADULTOS (PNE) ............................................................................................................................ 49
3.3 CONFERÊNCIA NACIONAL DE EDUCAÇÃO (CONAE) .................................................... 50
4 FINANCIAMENTO DA EJA ............................................................................................................. 51
5 ENCONTROS DA EJA ....................................................................................................................... 52
5.1 FÓRUNS DE EJA ............................................................................................................................ 53
5.2 ENCONTROS NACIONAIS DE EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS 
 (ENEJAS) ........................................................................................................................................... 54
5.3 ENCONTROS REGIONAIS DE EJA (EREJAS) .......................................................................... 55
5.4 MOVAS ............................................................................................................................................. 56
5.5 CONFERÊNCIAS INTERNACIONAIS DE EDUCAÇÃO DE ADULTOS 
 (CONFINTEAS) ............................................................................................................................... 57
LEITURA COMPLEMENTAR .............................................................................................................. 59
RESUMO DO TÓPICO 3 ....................................................................................................................... 61
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................ 62
UNIDADE 2 – DIVERSIDADE DOS SUJEITOS DA EJA .............................................................. 63
TÓPICO 1 – SUJEITOS DA EJA EM BUSCA DO “TEMPO PERDIDO” .................................... 65
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................... 65
2 QUEM SÃO OS SUJEITOS DA EJA? .............................................................................................. 66
2.1 DIVERSIDADE DOS SUJEITOS ................................................................................................... 69
2.1.1 Pessoas com deficiências e síndromes ................................................................................ 69
2.1.2 Povos indígenas ..................................................................................................................... 73
2.1.3 Pescadores e aquicultores ..................................................................................................... 74
2.1.4 Privados de liberdade ........................................................................................................... 77
3 IDADE PARA EJA ............................................................................................................................... 80
3.1 EXISTE UMA IDADE APROPRIADA PARA EJA? ................................................................... 80
3.2 JUVENILIZAÇÃO DA EJA ........................................................................................................... 82
3.3 POSTURA DO PROFESSOR ANTE O SUJEITO DA EJA ......................................................... 83
3.4 INFANTILIZAÇÃO DA EJA ......................................................................................................... 83
4 O IDOSO NA EJA ............................................................................................................................... 84
RESUMO DO TÓPICO 1 ....................................................................................................................... 87
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................ 88
TÓPICO 2 – ESPAÇO DA EJA: UMA QUESTÃO DE INTERGERACIONALIDADE E 
 INTERSETORIALIDADE .............................................................................................. 89
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................... 89
2 SALA DE AULA ................................................................................................................................... 90
2.1 ESPAÇO FÍSICO .............................................................................................................................. 92
2.2 ESPAÇO DE MÚLTIPLOS SABERES: RELAÇÕES INTERGERACIONAIS .......................... 94
2.3 ESPAÇO DE INCLUSÃO SOCIAL ............................................................................................... 95
3 EVASÃO E PERMANÊNCIA NA EJA ............................................................................................. 96
4 ESPAÇO DE DIÁLOGO: INTERSETORIALIDADE .................................................................... 99
RESUMO DO TÓPICO 2 .......................................................................................................................102
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................ 103
TÓPICO 3 – ESTRUTURA CURRICULAR DA EJA ........................................................................ 105
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................... 105
IX
2 REFLEXÕES SOBRE CURRÍCULO EM EJA .................................................................................. 105
2.1 PROMOVENDO A CIDADANIA POR MEIO DE ESTRATÉGIAS ......................................... 106
2.2 PROJETO POLÍTICO-PEDAGÓGICO (PPP) .............................................................................. 106
2.3 IMPLANTAÇÃO DE PROJETOS DIFERENCIADOS ............................................................... 107
3 EJA E INCLUSÃO DIGITAL ............................................................................................................. 109
4 EJA E O MUNDO DO TRABALHO ................................................................................................ 111
5 ECONOMIA SOLIDÁRIA ................................................................................................................. 113
LEITURA COMPLEMENTAR .............................................................................................................. 114
RESUMO DO TÓPICO 3 ....................................................................................................................... 117
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................ 118
UNIDADE 3 – QUEM ENSINA E QUEM APRENDE NA EJA? .................................................... 119
TÓPICO 1 – ABORDAGENS E ESTRATÉGIAS .............................................................................. 121
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................... 121
2 MALCOLM KNOWLES E A ANDRAGOGIA ............................................................................... 123
2.1 PRINCÍPIOS ANDRAGÓGICOS .................................................................................................. 124
2.2 CONTRIBUIÇÕES ANDRAGÓGICAS ....................................................................................... 128
2.3 HABILIDADES ................................................................................................................................ 131
2.4 ESTILOS DE APRENDIZAGEM ................................................................................................... 132
3 PAULO FREIRE: O EDUCADOR DE ADULTOS .......................................................................... 133
3.1 ALFABETIZAÇÃO DE ADULTOS ............................................................................................... 134
3.2 OS CÍRCULOS DE CULTURA ...................................................................................................... 135
4 PRÁTICA PEDAGÓGICA ................................................................................................................. 137
4.1 PEDAGOGIA DE PROJETOS ....................................................................................................... 138
4.2 PEDAGOGIA DA ALTERNÂNCIA ............................................................................................. 139
4.3 PROJETO DE INTERVENÇÃO LOCAL ..................................................................................... 142
RESUMO DO TÓPICO 1 ....................................................................................................................... 146
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................ 147
TÓPICO 2 – A FORMAÇÃO DO EDUCADOR DE EJA ................................................................. 149
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................... 149
2 PROFISSÃO: EDUCADOR DE ADULTOS .................................................................................... 150
2.1 IDENTIDADE: DESAFIOS E POSSIBILIDADES ....................................................................... 151
2.1.1 Professor ou educador .......................................................................................................... 152
3 PERCURSO FORMATIVO ................................................................................................................ 154
3.1 FORMAÇÃO INICIAL ................................................................................................................... 157
3.2 FORMAÇÃO CONTINUADA ...................................................................................................... 159
3.3 A RELEVÂNCIA DA PESQUISA ................................................................................................. 160
4 AUTONOMIA ...................................................................................................................................... 163
5 ESPECIFICIDADES NA FORMAÇÃO DO EDUCADOR .......................................................... 164
LEITURA COMPLEMENTAR .............................................................................................................. 166
RESUMO DO TÓPICO 2 ....................................................................................................................... 169
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................ 170
TÓPICO 3 – AVALIAÇÃO, PROMOÇÃO E CERTIFICAÇÃO EM EJA ...................................... 173
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................... 173
2 INSTRUMENTOS E CRITÉRIOS DE AVALIAÇÃO .................................................................... 174
2.1 FUNÇÕES BÁSICAS DA AVALIAÇÃO ...................................................................................... 176
3 PROMOÇÃO E CERTIFICAÇÃO EM EJA ..................................................................................... 177
3.1 ENCCEJA ......................................................................................................................................... 178
3.2 ENEM ............................................................................................................................................... 179
X
3.3 EXAMES SUPLETIVOS PARA BRASILEIROS RESIDENTES NO EXTERIOR ..................... 179
RESUMO DO TÓPICO 3 ....................................................................................................................... 180
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................ 181
REFERÊNCIAS ........................................................................................................................................ 185
1
UNIDADE 1
EJA: CONCEPÇÕES, 
HISTORICIDADE,
LEGISLAÇÃO E 
POLÍTICAS
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
PLANO DE ESTUDOS
Esta unidade tem por objetivos:
• situar a educação de jovens e adultos no contexto geral da educação; 
• identificar a terminologia utilizada na EJA; 
• perceber as potencialidades e os desafios na EJA;
• conhecer as atribuições dos fóruns EJA; 
• identificar os aspectos legais e históricos da EJA no Brasil.
Esta unidade está dividida em três tópicos. No final de cada um deles você 
encontrará atividades visando à compreensão dos diversos conteúdos 
apresentados.
TÓPICO 1 – CONCEPÇÕES EM EJA
TÓPICO 2 – HISTORICIDADE DA EDUCAÇÃO DE ADULTOS 
TÓPICO 3 – LEGISLAÇÃOE POLÍTICAS PÚBLICAS EM EDUCAÇÃO: 
 UM OLHAR DIRECIONADO À EJA
2
3
TÓPICO 1
UNIDADE 1
CONCEPÇÕES EM EJA
1 INTRODUÇÃO
FIGURA 1 – APOSENTADA DE 100 ANOS FAZ CURSO DE ALFABETIZAÇÃO EM ILHÉUS
FONTE: Disponível em: <http://www.atardeonline.com.br>. Acesso em: 3 out. 2009.
A história de dona Enedina Silva, aluna do programa Todos Pela 
Alfabetização (TOPA), é uma entre tantas outras que se destacam na Educação 
de Jovens e Adultos. Você considera que essa é uma história singular? Ou é uma 
questão a ser resolvida apenas no Brasil? E por que uma pessoa de 100 anos quer 
ser alfabetizada?
Acompanhe-nos. Vamos conhecer um pouco sobre a Educação de Adultos 
(em outros países) e como a modalidade EJA (no Brasil) se insere nesse contexto.
UNIDADE 1 | EJA: CONCEPÇÕvES, HISTORICIDADE, LEGISLAÇÃO E POLÍTICAS
4
[...] Enedina Silva é aluna do programa Todos Pela Alfabetização (TOPA), em 
Ilhéus. Ela conta que trabalhou a vida toda como doméstica ou quebrando cacau, nas roças 
do sul da Bahia. Agora, fala com entusiasmo das primeiras experiências como estudante. 
“Nunca peguei num lápis e agora estou escrevendo com caneta”. No dia de seu centenário, 
em 27 de setembro, foi homenageada por professores e colegas e até interrompeu uma 
entrevista com jornalistas para atender ao telefonema do governador Jaques Wagner. “Ele 
disse que mesmo aos 100 anos eu ainda tenho a voz firme”, relatou. A vida de estudante 
mudou a sua rotina. Ela já não se recolhe cedo para descansar. As aulas vão das 18 às 20 
horas, mas ela sai de casa uma hora antes, acompanhada do filho Lourival, que também está 
sendo alfabetizado [...]. Na escola, é admirada pela disposição. Enedina Silva ainda faz todos 
os serviços de casa e se alimenta bem. “Em vez de café da manhã, todo dia bato um bom 
prato de feijão”.
FONTE: Disponível em: <http://www.atardeonline.com.brcidades/noticia.jsf?id=1247395>. 
Acesso em: 24 set. 2013.
2 EDUCAÇÃO DE ADULTOS
Em âmbito internacional, a Unesco, uma das agências das Nações Unidas, 
criada para promover a paz e os direitos humanos, abalados após a 2ª Guerra 
Mundial, promoveu uma discussão sobre a Educação de Adultos incluindo 
delegações de todos os países.
A Unesco constitui-se num dos principais fóruns de discussões éticas e 
intelectuais; a exemplo disso, em 1990 realizou-se, em Jomtien (Tailândia), a Conferência 
Mundial sobre Educação para Todos, que estabeleceu compromissos mundiais na 
garantia de conhecimento básico aos cidadãos para terem uma vida digna. 
Faremos uso da nomenclatura Educação de Adultos quando nos referirmos 
aos jovens e adultos de outros países e Educação de Jovens e Adultos quando tratarmos 
especificamente do Brasil.
A Educação de Adultos, conforme artigo 3º da Declaração de Hamburgo 
(CONFINTEA, 1999, p. 19), abarca 
[...] todo o processo de aprendizagem, formal ou informal, onde pessoas 
consideradas “adultas” pela sociedade desenvolvem suas habilidades, 
enriquecem seu conhecimento e aperfeiçoam suas qualificações técnicas 
NOTA
NOTA
TÓPICO 1 | CONCEPÇÕES EM EJA
5
e profissionais, direcionando-as para a satisfação de suas necessidades e 
as de sua sociedade. A educação de adultos inclui a educação formal, a 
educação não formal e o espectro da aprendizagem informal e incidental 
disponível numa sociedade multicultural, onde os estudos baseados na 
teoria e na prática devem ser reconhecidos.
 A Declaração de Hamburgo é o documento elaborado a partir das discussões 
tecidas na 5ª Conferência Internacional de Educação de Adultos (CONFINTEA), realizada em 
Hamburgo, na Alemanha, em 1997.
Nesse contexto, promover a educação do adulto torna-se primordial para a 
sustentabilidade do planeta; o modo como o ser humano se relaciona entre si e com 
o meio reverbera na saúde do próprio ser e do planeta, afetando a qualidade de 
vida. Torna-se imprescindível uma tomada de consciência, uma discussão, tendo 
em vista a diversidade linguística e cultural em que nos encontramos.
Temos presente, então, na Declaração de Hamburgo, uma concepção de 
EJA para além da escolaridade, e que, por esse motivo, abrange os três tipos de 
educação: formal, não formal e informal, que estudaremos a seguir.
2.1 EDUCAÇÃO FORMAL, NÃO FORMAL E INFORMAL
Diversas nomenclaturas, como educação formal, não formal e informal, 
permeiam a educação destinada aos adultos. Como nos afirma Gadotti (2007, p. 
29), “[...] muitas vezes define-se a educação de adultos por aquilo que ela não é”. 
Segundo o autor, a expressão educação de adultos é utilizada por organizações 
internacionais, como a Unesco, e pelos Estados Unidos da América (EUA), quando 
se referem à educação não formal aplicada ou administrada no âmbito local do 
país. 
A educação formal é a que se constitui geralmente no interior das escolas, 
planejada, organizada sob a forma de um currículo. É entendida como um 
processo de desenvolvimento da capacidade intelectual do ser humano, sendo 
oferecida em instituições oficiais, em cursos com matriz curricular, programas e 
certificação. Esta educação, portanto, se desenvolve dentro de uma sistemática 
previamente estabelecida.
NOTA
UNIDADE 1 | EJA: CONCEPÇÕvES, HISTORICIDADE, LEGISLAÇÃO E POLÍTICAS
6
O curso de licenciatura que você está cursando é uma referência para entender 
o que vem a ser educação formal: o curso tem um currículo próprio, uma metodologia 
estabelecida, um projeto pedagógico e acontece dentro de uma organização e de uma 
programação estruturada.
Na América Latina, a educação não formal está ligada às organizações 
não governamentais, partidos políticos e igrejas, além de que, geralmente, é 
organizada onde o Estado se omitiu e em oposição à educação de adultos oficial 
(GADOTTI, 2007).
A educação não formal se dá pelo intercâmbio dos diversos agentes da 
sociedade; os conhecimentos disseminados nem sempre são adquiridos e/ou 
reconhecidos pelo sistema educacional estruturado. 
A educação informal ocorre no dia a dia, sem uma sistemática 
previamente elaborada. É, portanto, adquirida sem planejamento, num 
continuum aprender, em conversa com os mais velhos, com colegas ou pares, 
em família, ao incorporar expressões, gestos de outrem, ou seja, no contato com 
o outro. Acontece, portanto, ao longo da vida, constitui-se em um processo 
permanente e contínuo.
2.2 TERMINOLOGIA
Na literatura sobre Educação de Adultos nos deparamos com um rol 
de termos que, por vezes, parecem sinônimos, veja: educação permanente, 
aprendizagem ao longo da vida, andragogia, educação de jovens e adultos e 
educação popular. Para que você se aproprie das especificidades que constituem 
estes termos, apresentamos o entendimento de alguns autores que os definem 
e aclaram seu teor. 
NOTA
TÓPICO 1 | CONCEPÇÕES EM EJA
7
FIGURA 2 – APRENDIZAGEM AO LONGO DA VIDA
FONTE: Disponível em:<http://www.uniasselvipos.com.br/hp-2.0/cursos/cursos_ler.
php?codi=EJA>. Acesso em: 14 set. 2011.
Educação permanente é o termo utilizado por Furter (1983) ao discorrer 
sobre as reduções de significado que lhe foram atribuídas, seja extraescolar (fora da 
escola); ou educação complementar, programada para quem não a recebeu em tempo 
ideal. O autor menciona ainda que pesquisas demonstraram ser o adulto avesso a 
qualquer esforço educativo “[...] porque lhes lembra os seus tempos de escravidão 
escolar” (FURTER, 1983, p. 134) e, por última redução, tem o entendimento de 
educação permanente como uma forma de educação popular. 
Encontramos o posicionamento de Portugal, em relação ao termo 
Educação Permanente, nas palavras de Lima (2009): “[...] expressão abandonada 
em Portugal nos últimos anos, mas não noutros países, como é o caso da Espanha”. 
Em substituição, mais afinada ao sistema português, a expressão utilizada é 
Aprendizagem ao Longo da Vida. Segundo o autor, foi “[...] confundida com 
uma escolarização permanente ou com formalização da educação não formal 
e informal” (LIMA, 2009). Na mesma direção, Nóvoa (2009, p. 82) expõe sobre 
“lifelong learning (aprendizagemao longo da vida)”, sendo essa a chave para 
compor estratégias educativas.
O conceito de Educação ao Longo da Vida é a chave que abre as portas do 
século XXI; ele elimina a distinção tradicional entre educação formal inicial e educação 
permanente. Além disso, converge em direção a outro conceito, proposto com frequência: 
o da “sociedade educativa”, na qual tudo pode ser uma oportunidade para aprender e 
desenvolver os talentos (UNESCO, 2010a, p. 32).
IMPORTANT
E
UNIDADE 1 | EJA: CONCEPÇÕvES, HISTORICIDADE, LEGISLAÇÃO E POLÍTICAS
8
Por sua vez, na contramão do que pretendem os autores da Educação 
Permanente, “a sua operacionalização tem-se feito, fundamentalmente, no quadro 
das políticas do emprego e de requalificação profissional” (NÓVOA, 2009, p. 82). 
Há possibilidade de ser esse o motivo com o qual Portugal nos acena em 
resposta à substituição do termo, ou seja, a Educação Permanente está para o 
trabalho assim como a Aprendizagem ao Longo da Vida está para os múltiplos 
contextos em que o adulto está inserido, que não é só para o trabalho, mas em 
âmbito pessoal, social e profissional. 
Outra palavra relacionada à Educação de Adultos é andragogia, do grego 
andros, que significa homem; agein, conduzir; logos, tratado, ciência. O termo 
andragogia foi formulado pelo professor alemão Alexander Kapp, em 1833. Na 
década de 70, Malcom Knowles adotou o termo em seus escritos, obtendo ampla 
aceitação no Ocidente. 
Segundo Rigo (2008), “a condição de adulto apresentada por Knowles quer 
dizer: ser guiado, dirigido por si mesmo, isto é, ser capaz de fazer opções, decidir, 
tomar iniciativas. Já o educador andragógico busca a aprendizagem, a autonomia 
e não o ensino, a dependência”. Neste mesmo sentido, Soares (2002) menciona que 
o ensino está para instrução, assim como o termo educação está para um conceito 
mais amplo, compreendendo diversos processos de formação. 
Para Ludojoski (1972, p. 10), a andragogia “[...] surge entonces como ciencia 
nueva impuesta por la presión de las circunstancias históricas de la época, que nos obligan 
a preocuparnos de la educación del adulto de modo especial y planificado”. 
Traduzindo as palavras de Ludojoski, o termo andragogia surge então como uma 
nova ciência imposta pela pressão das circunstâncias históricas da época, que nos obriga a 
pensar na educação de adultos de um modo especial e planejado (tradução nossa). 
Caro(a) acadêmico(a), na Unidade 3 abordaremos com mais profundidade o 
tema da andragogia.
NOTA
ESTUDOS FU
TUROS
TÓPICO 1 | CONCEPÇÕES EM EJA
9
No que concerne ainda à terminologia na educação básica brasileira, o termo 
em voga é Educação de Jovens e Adultos. Esse segmento de ensino, vinculado às 
escolas públicas, municipais e particulares ou ao sistema “S”, inclui pessoas analfabetas 
ou fora da faixa etária correspondente ao Ensino Fundamental ou Médio, que não 
receberam formação em tempo escolar.
O Sistema “S” é o conjunto de organizações das entidades corporativas empresariais 
voltadas para o treinamento profissional, assistência social, consultoria. Fazem parte desse 
sistema o Serviço Social da Indústria (SESI), o Serviço Social do Comércio (SESC), o Serviço 
Nacional de Aprendizagem Comercial (SENAC) e o Serviço Nacional de Aprendizagem 
Industrial (SENAI).
Em se tratando da Educação Popular, também considerada outra expressão 
voltada à Educação de Jovens e Adultos, Paiva (2003, p. 56- 57) explica que “[...] para 
muitos, é a educação oferecida a toda a população, aberta a todas as camadas da 
sociedade” ou, ainda, aquela conferida “[...] às chamadas ‘camadas populares’ da 
sociedade: a instrução elementar, quando possível, e o ensino técnico profissional 
tradicionalmente considerado entre nós ‘para desvalidos’”. A autora faz ainda a 
distinção entre a educação popular e a educação de adultos, sendo a primeira voltada 
à instrução primária, mas pertencente à segunda que representa o conjunto. 
Gadotti (2007, p. 30) coaduna com Paiva (2003) quando também faz 
distinção: “A educação popular como uma concepção geral da educação, via de 
regra, se opõe à educação de adultos impulsionada pela educação estatal e tem 
ocupado os espaços que a educação de adultos oficial não levou muito a sério.”
Essas são, entre outras, as diversas expressões utilizadas que marcam território 
no espaço educacional e identificam a educação voltada aos adultos em âmbito geral.
3 A CONFIGURAÇÃO DA EJA
Como veremos nos próximos tópicos, a EJA ao longo dos anos esteve à 
margem do sistema educacional vigente. Quando era oferecida, caracterizava-
se por programas pontuais sem um compromisso maior com a demanda de 
adultos existente que, por sua vez, encontrava-se desprovida de seu direito de 
acesso à educação. 
NOTA
UNIDADE 1 | EJA: CONCEPÇÕvES, HISTORICIDADE, LEGISLAÇÃO E POLÍTICAS
10
Convém destacarmos que a configuração atual da EJA, além de contar 
com um capítulo específico na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional 
(Lei nº 9.394/96), está respaldada, também, pelo Parecer nº 11/2000 do Conselho 
Nacional de Educação e da Câmara de Educação Básica que atribui para a 
modalidade EJA três funções, que são: reparadora, equalizadora e qualificadora 
(BRASIL, 2000, grifos nossos).
FIGURA 3 – ADULTOS NA EJA
FONTE: Disponível em: <http://www.educacao.org.br
/eja/Fotos%20EJA%20%20Geral/Forms/DispForm.aspx?I
D=9&Source=http%3A%2F%2Fwww%2Eeducacao%2Eorg%
2Ebr%2Feja%2FFotos%2520EJA%2520%2520Geral%2FForms
%2FAllItems%2Easpx&RootFolder=%2Feja%2FFotos%20EJA%
20%20Geral>. Acesso em: 12 abr. 2011.
A primeira função – reparadora – diz respeito ao acesso e ao direito à 
educação que “[...] se articula com o pleito postulado por inúmeras pessoas que não 
tiveram uma adequada correlação idade/ano escolar em seu itinerário educacional 
e nem a possibilidade de prosseguimento de estudos” (BRASIL, 2000, p. 9).
FIGURA 4 – APRENDENDO A ESCRITA
FONTE: Disponível em: <http://2.bp.blogspot.com/_wlazAQy_wuc/S_
AblXZyHSI/AAAAAAAAAGk/KV_hA9R4J8A/s1600/eja.JPG>. Acesso em: 
26 abr. 2011.
TÓPICO 1 | CONCEPÇÕES EM EJA
11
A segunda função – equalizadora – ou seja, oportunidade para todos, 
representa 
[...] uma promessa de efetivar um caminho de desenvolvimento de 
todas as pessoas, de todas as idades. Nela, adolescentes, jovens, adultos 
e idosos poderão atualizar conhecimentos, mostrar habilidades, trocar 
experiências e ter acesso a novas regiões do trabalho e da cultura 
(BRASIL, 2000, p. 10).
FIGURA 5 – O USO DO COMPUTADOR NA EJA
FONTE: Disponível em: <http://www.educacao.org.br/eja/
Fotos%20EJA%20%20Geral/Forms/DispForm.aspx?ID=5&Source=
http%3A%2F%2Fwww%2Eeducacao%
2Eorg%2Ebr%2Feja%2FFotos%2520EJA%2520%2520
Geral%2FForms%2FAllItems%2Easpx&RootFolder=%2Feja%
2FFotos%20EJA%2%2Geral>.Acesso em: 26 abr. 2011.
A terceira função – qualificadora – está imbuída do próprio sentido da 
EJA, isto é, de propiciar uma educação em caráter permanente que objetiva 
uma atualização de conhecimentos por toda a vida, sendo, também, 
“[...] um apelo para as instituições de ensino e pesquisa no sentido 
da produção adequada de material didático que seja permanente 
enquanto processo, mutável na variabilidade de conteúdos e 
contemporânea no uso de e no acesso a meios eletrônicos da 
comunicação” (BRASIL, 2000, p. 10).
 
Essa tríade – funções reparadora, equalizadora e qualificadora – substitui 
a visão de uma EJA assistencialista e compensatória estampada em campanhas 
de alfabetização, embora ainda se perpetuem essas práticas (ANZORENA, 
2010, p. 92).
UNIDADE 1 | EJA: CONCEPÇÕvES, HISTORICIDADE, LEGISLAÇÃO E POLÍTICAS
12
No Tópico 2, item 4 dessa unidade, você terá oportunidade de ampliar seus 
conhecimentos sobre as diferentes campanhas desenvolvidas para EJA em nosso país.
3.1 A EJA NO SISTEMA ESCOLARIZADO 
A EJA se insere na educação formal ao integrar a educação básica, conforme 
consta na LDB nº 9.394/96, portanto atende tanto às prescrições vigentes que são 
estabelecidas para dar funcionalidade, quanto aos diversos segmentosque abrangem 
a todas as modalidades de ensino. 
Nesse sentido, constatamos, por meio do art. 37 da LDB nº 9.394/96 (BRASIL, 
1996), que: 
A educação de jovens e adultos será destinada àqueles que não tiveram 
acesso ou continuidade de estudos no Ensino Fundamental e Médio na 
idade própria.
§ 1º Os sistemas de ensino assegurarão gratuitamente aos jovens e 
aos adultos, que não puderam efetuar os estudos na idade regular, 
oportunidades educacionais apropriadas, consideradas as características 
do alunado, seus interesses, condições de vida e de trabalho, mediante 
cursos e exames.
Outro aspecto relevante, em se tratando da EJA no sistema escolarizado, 
encontra-se formalizado na Resolução nº 1/2000 do CNE/CEB, que institui 
oficialmente as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação de Jovens e 
Adultos. 
Caro(a) acadêmico(a), em se tratando da escolarização na EJA, vale 
ressaltar ainda que o Parecer CNE/CEB nº 11/2000 (BRASIL, 2000), que dispõe 
sobre as Diretrizes Curriculares Nacionais para a EJA, apresenta destaques que 
vêm fortalecer e esclarecer questões que tratam da identidade da EJA em nosso 
país. Vejamos alguns destaques:
• defende o direito público subjetivo dos jovens e adultos à educação básica 
gratuita;
• limita o acesso ao Ensino Fundamental e Médio aos jovens com mais de 14 anos 
e 17 anos, respectivamente;
• abandona a nomenclatura “Ensino Supletivo” em favor da expressão “Educação 
de Jovens e Adultos”;
ESTUDOS FU
TUROS
TÓPICO 1 | CONCEPÇÕES EM EJA
13
• afirma que a EJA é modalidade e parte constitutiva da educação básica e não 
mais um subsistema de ensino;
• requer contextualização curricular, bem como formação específica dos 
professores;
• lista três funções para a EJA: reparadora, equalizadora e qualificadora;
• determina que a EJA obedeça aos princípios de equidade, diferença e proporção.
Convido você a conhecer na íntegra esse Parecer CNE/CEB nº11/2000, para 
perceber todos os aspectos de forma pormenorizada que ampliam os processos legais e 
operacionais voltados à EJA.
Disponível em:<http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_
content&vACcatid=323:orgaos-vinculados>. Acesso em: 6 mar. 2011.
Para atendimento das necessidades sociais do expressivo contingente de 
brasileiros que não dispõem dos direitos à educação enquanto cidadãos, bem 
como os avanços legais marcados nos diversos instrumentos de que dispomos 
atualmente, vários programas de escolarização foram criados em nosso país, como 
veremos no próximo tópico.
4 PROGRAMAS QUE ATENDEM JOVENS E ADULTOS
Por estar, nesse momento histórico, alicerçada em bases legais, a EJA 
possibilita alternativas que podem atender à diversidade de sujeitos que integram 
essa modalidade, tais como os programas que estudaremos a seguir.
DICAS
UNIDADE 1 | EJA: CONCEPÇÕvES, HISTORICIDADE, LEGISLAÇÃO E POLÍTICAS
14
4.1 PROEJA
FIGURA 6 – INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E 
TECNOLOGIA SÃO PAULO/ SERTÃOZINHO
FONTE: Disponível em: <http://189.108.236.229/srt/index.
php?option=com_content&view=article&id=173:laboratorios-fundamifsp
&catid=48:sertaozinho>. Acesso em: 6 jun. 2011.
O Programa Nacional de Integração da Educação Profissional com a 
Educação Básica na modalidade de Educação de Jovens e Adultos – PROEJA – tem 
por objetivo proporcionar formação profissional com a escolarização voltada aos 
jovens e adultos sem descuidar da formação humana.
Consulte o documento base do PROEJA – Decreto nº 5.478/2005 – e conheça 
em detalhes este programa, por meio do site: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_
ato2004-2006/2005/Decreto/D5478.htm>.
Observe que aparece um link para o Decreto nº 5.840, que revoga o texto anterior.
DICAS
TÓPICO 1 | CONCEPÇÕES EM EJA
15
O Decreto nº 5.840 (BRASIL, 2006) promoveu alterações quanto à 
abrangência dos cursos e programas de educação profissional, que passaram a 
compreender: 
 
• a formação inicial e continuada de trabalhadores articulada ao Ensino 
Fundamental ou Ensino Médio (PROEJA FIC), com carga horária mínima de 
1.200 horas para a formação geral e 200 horas para a formação profissional;
• a educação profissional técnica de nível médio nas formas concomitante ou 
integrada (PROEJA Técnico), com carga horária mínima de 1.200 horas, para 
formação geral, e para formação profissional segue as diretrizes nacionais para 
educação profissional, isto é, conforme a área profissional.
Qual a diferença entre o Proeja FIC e o Proeja Técnico?
O Proeja Formação Inicial e Continuada (FIC) é realizado com os estudantes da EJA que 
estão cursando o Ensino Fundamental ou Médio. A carga horária dos cursos Proeja FIC é de 
1400, sendo 1200 da EJA e 200 h da Formação Inicial e Continuada.
O Proeja Técnico é realizado com os estudantes da EJA que estão cursando apenas o Ensino 
Médio. A carga horária dos cursos Proeja Técnico é de 2400 h, sendo 1200 h da EJA e 1200 
h da parte técnica, totalizando 2400 h. O Proeja Técnico deve seguir as regulamentações 
específicas de oferta de cursos técnicos.
FONTE: Disponível em: <http://www.google.com.br/url?sa=t&rct=j&q=& 
esrc=s&frm=1&source=web&cd=1&ved=0CCwQFjAA&url=http%3A%2F 
%2Fportal.mec.gov.br%2Findex.php%3Foption%3Dcom_docman%26task 
%3Ddoc_download%26gid%3D10656%26Itemid%3D&ei=SaA5UtetPIfm9g S6_
oG4CQ&usg=AFQjCNGlUt2KodSOg4qmSfKZ29q36lkuSg&bvm=bv.52 288139,d.dmg>. 
em: 18 set. 2013.
Para saber mais sobre as diretrizes nacionais para educação profissional, 
consulte: <http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_content&view=article&id=1
2992:diretrizes-para-a-educacao-basica&catid=323:orgaos-vinculados>. Neste endereço 
eletrônico você encontrará uma síntese da estruturação de toda a legislação vigente em 
nosso país que trata especificamente da oferta educacional na modalidade EJA. 
UNI
ATENCAO
UNIDADE 1 | EJA: CONCEPÇÕvES, HISTORICIDADE, LEGISLAÇÃO E POLÍTICAS
16
Na forma concomitante o curso é oferecido em instituições distintas, em que o 
estudante terá em uma escola os componentes curriculares da educação profissional 
e, em outra, o Ensino Médio ou Fundamental. Já na forma integrada o curso possui 
um currículo unificado, associando formação profissional à formação geral. 
O PROEJA é oferecido pelo Sistema “S” e também pela rede federal 
de educação profissional, científica e tecnológica: Institutos Federais (IF), 
Universidade Tecnológica, Cefets, Escolas Técnicas vinculadas a universidades. 
Para conhecer as várias unidades que compõem a rede federal de educação 
profissional, científica e tecnológica, acesse o site <http://redefederal.mec.gov.br>.
4.2 PROJOVEM
O Programa Nacional de Inclusão do Jovem (ProJovem) foi instituído 
em 2005 pela Lei nº 11.129, juntamente com a criação do Conselho Nacional da 
Juventude (CNJ) e a Secretaria Nacional de Juventude. Em 2008 o programa começa 
a ser regido pela Lei nº 11.692, ampliando a oferta para jovens de 15 a 29 anos. 
FIGURA 7 – COLEÇÃO DOS CADERNOS PEDAGÓGICOS DO 
PROGRAMA PROJOVEM CAMPO-SABERES DA TERRA - CADERNO 3 - 
CIDADANIA
FONTE: Disponível em: <http://portal.mec.gov.br/index.
php?option=com_content&view=article&id=15678>. Acesso em: 28 
dez. 2010.
DICAS
TÓPICO 1 | CONCEPÇÕES EM EJA
17
Este é um programa que se estrutura em quatro modalidades distintas: 
ProJovem Adolescente (reformulação do agente jovem); ProJovem Urbano 
(reformulação do ProJovem 2005); ProJovem Campo (reformulação do Programa 
Saberes da Terra); ProJovem Trabalhador (unificação dos programas Consórcio 
Social da Juventude, Juventude Cidadã e Escola de Fábrica).
AUTOATIVIDADE
Conheça em profundidade cada uma das quatro modalidades do PROJOVEM 
por meio do site:
<http://www.secretariageral.gov.br/Juventude/ProJ/ProJovem%20urbano>.
Faça uma breve síntese de cada modalidade do PROJOVEM e compartilhe o 
conteúdo com seus colegas no encontro presencial. Esse conhecimento será útil 
em tarefas avaliativas.
O PROJOVEM, que integra a EJA, atende aos jovens que estão desprovidos 
da formação básica e, ao mesmo tempo, torna possível sua introdução e/ou a 
permanênciano campo de trabalho.
4.3 PRONERA
O Programa Nacional de Educação na Reforma Agrária (PRONERA) foi 
criado em 1988 pelos movimentos sociais que tinham ligação com os assentados 
da reforma agrária. A sociedade civil conseguiu inserir na pauta governamental 
esse programa social. 
“Os representantes da sociedade civil são os fóruns de EJA, movimentos de 
alfabetização, trabalhadores da educação, movimentos sociais do campo, de indígenas, 
afrodescendentes e juvenis, bem como organizações não governamentais dedicadas 
a questões da educação e do meio ambiente.” FONTE: (HADDAD, Sérgio. A participação 
da sociedade civil brasileira na educação de jovens e adultos e na CONFINTEA VI. Revista 
Brasileira de Educação, v. 14, n. 41, maio/ago. 2009. Disponível em: <www.anped.org.br/rbe/
rbedigital/rbde41/rbev14n41-miolo.pdf>. Acesso em: 18 set. 2013 
IMPORTANT
E
UNIDADE 1 | EJA: CONCEPÇÕvES, HISTORICIDADE, LEGISLAÇÃO E POLÍTICAS
18
Em 2003, o PRONERA passou a oferecer EJA, cursos de nível médio 
com formação técnico-profissionalizante e de nível superior. No período entre 
2003 e 2010, cursos como agronomia, agroecologia, pedagogia, especialização 
em educação no campo (apenas para citar alguns) foram oferecidos por meio de 
parcerias com universidades e instituições de ensino públicas ou privadas.
A formação de professores de escolas do campo fundamenta-se na Política 
Nacional de Formação de Profissionais do Magistério da Educação Básica, 
conforme Decreto nº 6.755, de janeiro de 2009.
O censo escolar de 2009 mapeou 338 mil educadores que atuam nas escolas 
rurais; destes, 138 mil têm formação superior, os demais educadores possuem 
formação em nível médio. O MEC elaborou várias ações educativas, salientamos 
entre elas o Programa de Apoio à Formação Superior em Licenciatura em Educação 
no Campo (PROCAMPO). Leia mais sobre o assunto em: <http://portal.mec.gov.br/
index.php?Itemid=86&catid=208&id=16002:decreto-organiza-politicas-publicas-
educacionais-no-campo&option=com_content&view=article>. 
Há outros termos em voga, como PEDAGOGIA DO CAMPO, assim definida 
por Saviani (2008, p. 172): “É uma expressão que se manifesta no contexto do movimento 
denominado Educação básica do campo. Esse movimento visa a mobilizar os habitantes 
do meio rural para obter a implementação de políticas sociais voltadas não apenas para 
assegurar o direito à educação da população rural, mas também para a reflexão e elaboração 
teórica de princípios político-pedagógicos articulados às práticas educativas desenvolvidas 
no interior das lutas sociais levadas a efeito pelos ‘povos do campo’”.
O Decreto nº 7.352, de 4 de novembro de 2010, estabelece no art. 1º que “A 
Política de Educação do Campo destina-se à ampliação e qualificação da oferta de 
educação básica e superior às populações do campo”, e especifica o que se entende 
por populações do campo: são “agricultores familiares, extrativistas, pescadores 
artesanais, ribeirinhos, assentados e acampados de reforma agrária, trabalhadores 
assalariados rurais, quilombolas, caiçaras, povos da floresta, caboclos” e demais 
trabalhadores que tirem sua subsistência no meio rural ( BRASIL, 2010).
A formação de professores para educação do campo poderá ser realizada, 
conforme art. 5º, parágrafo 2º deste Decreto, “[...] concomitante à atuação 
profissional, de acordo com metodologias adequadas, inclusive a pedagogia da 
alternância [...]” (BRASIL, 2010).
NOTA
TÓPICO 1 | CONCEPÇÕES EM EJA
19
A Pedagogia da Alternância surgiu no Brasil em 1969 e possui correlação à 
educação popular. Desenvolvida por pesquisadores internacionais, objetivava que os filhos de 
lavradores pudessem, eles próprios, ter uma educação voltada ao campo, buscando subsídios 
para uma melhor condição de vida. Leia mais em: <www.pedagogiadaalternancia.com>.
Destacamos que essa formação faz-se recente, e, via de regra, as Casas 
Familiares Rurais (CFRs) e as Escolas Famílias Agrícolas (EFAs), de modo geral, 
[...] substituem professores licenciados por monitores, que podem ter 
uma formação acadêmica, mas não necessariamente uma licenciatura, 
e recebem uma formação específica em Pedagogia da Alternância. 
Justificam que as licenciaturas não oferecem formação adequada a este 
método de trabalho-ensino (RIBEIRO, 2008, p. 134).
Conheça com mais detalhes o PRONERA assistindo ao vídeo: NBR (TV do 
Governo Federal), entrevista: Pronera já beneficiou 450 mil jovens e adultos no Brasil – que 
apresenta uma entrevista com a coordenadora geral de Educação no Campo e Cidadania do 
INCRA, Clarice dos Santos. Foi criado em 24/03/2011, com duração de 11:12.
FONTE: Disponível em: <http://www.youtube.com/watch?v=CnJcYGiaiHU>. Acesso em: 
18 set. 2013
4.4 PROGRAMA BRASIL ALFABETIZADO
Criado em 2003, o Programa Brasil Alfabetizado (PBA) está voltado à 
Alfabetização de Jovens, Adultos e Idosos. Tem por objetivo alfabetizar jovens e 
adultos, bem como promover sua valorização como cidadãos, contribuindo para 
a superação do analfabetismo no Brasil, além de colaborar com a universalização 
do Ensino Fundamental.
Conforme está previsto no documento sobre as Orientações do Programa 
Brasil Alfabetizado, “As entidades participantes do Programa Brasil Alfabetizado 
deverão fazer a formação inicial dos alfabetizadores, coordenadores e tradutores 
intérpretes de LIBRAS diretamente ou por meio de instituição formadora” 
(BRASIL, 2011).
NOTA
DICAS
UNIDADE 1 | EJA: CONCEPÇÕvES, HISTORICIDADE, LEGISLAÇÃO E POLÍTICAS
20
Amplie seus conhecimentos sobre o Programa Brasil Alfabetizado lendo o 
Decreto nº 7.507, de 27/6/2011, no endereço: <http://brasilalfabetizado.fnde.gov.br>.
FIGURA 8 – ALUNAS DO PROGRAMA BRASIL ALFABETIZADO
FONTE: Disponível em: <http://www.vozdabahia.com.br/index/blog/id-1524/
programa_brasil_alfabetizado_2011_abre_inscricao_para_professores#Scene_1>. 
Acesso em: 5 maio 2011.
Ainda assim, nem tudo está em vias de ser resolvido. Soares (2005a), ao ser 
entrevistado sobre o Brasill Alfabetizado, afirma que 
Projetos e programas são iniciativas limitadas para substituírem 
políticas de longa duração. A alfabetização, que não pode ser vista 
separada da educação de jovens e adultos, necessita ser planejada, 
executada e avaliada como uma ação educacional em sintonia com uma 
política pública mais permanente. 
Para que o Brasil possa, de forma contínua, promover a erradicação do 
analfabetismo, são necessárias ações concretas, planejadas e acompanhadas passo 
a passo, demonstrando comprometimento com a população.
DICAS
21
RESUMO DO TÓPICO 1
Neste tópico você estudou que:
• A Educação de Adultos ocorre em âmbito internacional, seja em um sistema 
formal, não formal ou informal.
• A terminologia assume um caráter específico na EJA em virtude do significado 
atribuído às palavras e de quem o atribui. Apresentamos a diferenciação entre 
Educação Permanente (Espanha) e Aprendizagem ao Longo da Vida (Portugal) 
ou ainda Educação Não Profissional de Adultos (em outros países). No Brasil 
utilizamos o termo Educação de Jovens e Adultos (EJA) quando nos referimos 
à educação formal e Educação Popular quando nos referimos à educação não 
formal; já o termo andragogia serve de aporte teórico e metodológico para a 
Educação de Adultos.
• Para atendimento da expressiva demanda de brasileiros que não dispõem dos 
direitos à educação assegurados enquanto cidadãos em nossa Constituição, a 
atual LDB (Lei nº 9.394/96) dispõe de uma seção específica que trata da Educação 
de Jovens e Adultos, constituída pelos artigos 37 e 38. Os artigos 2º, 3º e 4º da 
LDB também contemplam avanços para essa modalidade de ensino.
• Apresentamos a estrutura da EJA sob a forma escolarizada. A Resolução CNE/
CEB nº 1, de 5 de julho de 2000, estabelece as Diretrizes Curriculares para a 
Educação de Jovens e Adultos. 
• A Educação de Jovens e Adultos se ramifica em programas que visam atender à 
diversidade da demanda que busca essa modalidade de ensino, como o PROEJA, 
PROJOVEM, PRONERA, Brasil Alfabetizado, entre outros.22
AUTOATIVIDADE
1 Após ter realizado a leitura do Tópico 1, construa uma lista de 
siglas voltada para as especificidades que integram a Educação 
de Jovens e Adultos em nosso país, a exemplo: 
Lista de siglas
EJA Educação de Jovens e Adultos
PROEJA Programa Nacional de Integração da Educação Profissional com a Educação Básica na modalidade de Educação de Jovens e Adultos 
2 No município em que você reside, procure conhecer como 
se dá a oferta da educação básica na modalidade EJA. Que 
programas são ofertados? Faça aqui um breve relato.
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
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_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
23
TÓPICO 2
HISTORICIDADE DA EDUCAÇÃO DE ADULTOS
UNIDADE 1
1 INTRODUÇÃO
Neste tópico você estudará um pouco da historicidade da Educação 
de Adultos no mundo e incursionará por diversos caminhos e descaminhos 
percorridos pela Educação de Adultos no Brasil. O foco está direcionado para 
alfabetização, embora saibamos que o tema não se encerra aí.
Você pode estar se perguntando o porquê da escolha de Portugal e de 
países da Cooperação Sul-Sul. Nosso critério foi embasado pelo fato de que a língua 
que nos aproxima também facilita nossa compreensão ao ler livros, pesquisas e 
informações pertinentes ao tema. 
2 EDUCAÇÃO DE ADULTOS NO MUNDO
Você já assistiu a algum documentário sobre Educação de Adultos no 
mundo? Já leu algo a respeito? Pensou acerca da educação como um direito de todo 
ser humano? Direito esse respaldado por uma política adequada e de qualidade? 
Como essa educação se apresenta em outros países? Pensamos, para esse breve 
passeio, além da estrutura, mostrar-lhe também um pouco sobre a formação dos 
professores que atuam com adultos. 
UNIDADE 1 | EJA: CONCEPÇÕvES, HISTORICIDADE, LEGISLAÇÃO E POLÍTICAS
24
FIGURA 9 – APRENDIZAGEM E EDUCAÇÃO DE ADULTOS
FONTE: Disponível em:<http://www.unesco.org/pt/confinteavi/grale>. 
Acesso em: 8 maio 2011.
O Relatório Global sobre Aprendizagem e Educação de Adultos, elaborado 
pela Unesco, aborda programas de alfabetização em diversos países, como: Bolívia, 
Cuba, Alemanha, Gana, Índia, Irã, Namíbia, Noruega, Sérvia, Estados Unidos. 
Destacamos que, na Sérvia, os programas de Educação de Adultos são: “[...] 
cofinanciados pelo governo sérvio e o Fundo de Educação Roma, programas de 
educação básica de adultos em comunidades ciganas oferecem educação básica e 
ensino profissionalizante inicial, levando a uma primeira qualificação reconhecida” 
(UNESCO, 2010b, p. 46-47).
Leia na íntegra o relatório para que você perceba as aproximações e os 
distanciamentos existentes entre os países no que concerne à Educação de Adultos. 
Disponível em: <http://unesco.org/pt/confinteavi/grale>. Acesso em: 12 jun. 2011.
Como você pode constatar, esses são apenas alguns países que elencamos 
quanto à Educação de Adultos, cada um carrega em si uma intencionalidade, 
todos convergem para a importância dessa educação no quesito sustentabilidade, 
DICAS
TÓPICO 2 | HISTORICIDADE DA EDUCAÇÃO DE ADULTOS 
25
2.1 PORTUGAL
Você lembra que, no Tópico 1, aprendemos que Portugal utiliza o termo 
Aprendizagem ao Longo da Vida? Então, agora saberemos como se estrutura a 
Educação de Adultos na esfera formal. 
O programa que compreende a Educação de Adultos em Portugal 
denomina-se Programa Novas Oportunidades – Aprender Compensa. Foi implantado 
em 14 de dezembro de 2005, “[...] com vistas à redução da baixa escolaridade de 
jovens e adultos, pelo Ministério da Educação em parceria com o Ministério do 
Trabalho, objetivando alargar o referencial mínimo de formação até o 12º ano de 
escolaridade” (ANZORENA, 2010, p. 68).
Os Centros Novas Oportunidades possibilitam que o adulto faça sua 
inscrição e passe por uma entrevista individual. Após analisado o perfil do adulto, 
ele “[...] é encaminhado para Modalidades de Educação e Formação – Sistema 
Nacional de Reconhecimento, Validação e Certificação de Competências 4º, 6º, 
9º ou 12º ano de escolaridade ou Qualificação Profissional de nível 1, 2 ou 3” 
(ANZORENA, 2010, p. 68).
Anzorena (2010) ainda afirma que o Sistema Nacional de Reconhecimento, 
Validação e Certificação de Competências valoriza o que o adulto
[...] aprendeu, em diferentes contextos (formais, não formais e 
informais), ao longo da vida, e reconhece as competências que foi 
adquirindo, atribuindo-lhe uma certificação escolar e/ou profissional. O 
processo de reconhecimento, validação e certificação de competências 
(RVCC) decorre nos Centros Novas Oportunidades e não obedece ao 
calendário escolar, pelo que poderá iniciá-lo em qualquer momento 
(NOVAS OPORTUNIDADES, 2011 apud ANZORENA, 2010, p. 68 ). 
Os cursos EFA conciliam uma formação de base (escolar) com uma 
componente tecnológica (profissional) que integra um estágio, o que confere 
uma dupla certificação (escolar e profissional). Em algumas situações, o percurso 
frequentado pode conduzir a uma certificação apenas escolar ou profissional. 
Estes cursos são indicados para quem necessita completar o 9º ou o 12º ano de 
escolaridade e não dispõe de uma experiência profissional relevante. Podem 
ainda ser indicados para quem pretende uma reconversão profissional. 
diminuição da desigualdade e paz; mas os atores envolvidos reconhecem a ausência 
de políticas, indicadores de qualidade, formação adequada aos educadores.
Adentramos um caminho que nos leva a Portugal e, para além dele, 
conheceremos a Cooperação Sul-Sul. É o que veremos a seguir.
FONTE: Disponível em: <http://saldopositivo.cgd.pt/vale-a-pena-investir-em-formacao-
profissional>. Acesso em: 6 nov. 2013.
UNIDADE 1 | EJA: CONCEPÇÕvES, HISTORICIDADE, LEGISLAÇÃO E POLÍTICAS
26
Cursos EFA são Cursos de Educação e Formação de Adultos. O nome 
MESOPOTÂMIA significa terra entre rios. 
O Programa Novas Oportunidades – Aprender Compensa tem como meta, 
para 2010, certificar 650 mil pessoas. Para cumprimento dessa meta está prevista 
a expansão da Rede de Centros de RVCC de modo a atingir 500 centros, em 2010 
(veja quadro).
QUADRO 1 – EXPANSÃO PREVISTA PARA A REDE DE CENTROS RVCC
Nº Centros RVCC
2005 2006 2007 2008 2009 2010
98 165 250 300 400 500
FONTE: Novas Oportunidades (2011)
Assim como ocorre a expansão do número de centros RVCC, há uma 
preocupação em qualificar as práticas formativas por meio de um 
Sistema de Certificação de Qualificação. Para complementar e da 
mesma forma contribuir com nossa discussão, trazemos a postagem 
de um professor que atua em Portugal, no Curso EFA, em uma escola 
pública [...] (ANZORENA, 2010, p. 69).
A Educação de Adultos em Portugal
Tendo em conta a experiência profissional dos últimos dois anos, 
a educação de adultos tem constituído o motor da minha transformação 
como docente. Sem qualquer formação inicial na área fui confrontado com a 
necessidade de assumir a direcção do desenvolvimento de Cursos de Educação 
e Formação de Adultos na escola pública onde sou professor. Tendo consciência 
da importância deste desafio, passo a apresentar alguns aspectos a reter sobre 
esta experiência. 
Os processos de educação e formação de adultos são hoje 
considerados como um dos eixos estratégicos de intervenção quando 
falamos no desenvolvimento das sociedades e na luta contra a exclusão 
social. Numa época de crise económica confirmam-se os efeitos positivos 
do aumento das qualificações: “Existe um corpo substancial de evidências 
que mostra que aqueles com níveis de educação superiores têm maior 
probabilidade de participar no mercado de trabalho, correm menor risco 
de desemprego e recebem salários médios mais elevados” (OCDE, 2005). 
Nessa perspectiva, em Portugal,o Programa Novas Oportunidades constitui, 
com as suas metas e ambições, um marco na transformação do quotidiano 
NOTA
TÓPICO 2 | HISTORICIDADE DA EDUCAÇÃO DE ADULTOS 
27
formativo e das exigências do modelo EFA (Educação e Formação de 
Adultos). Com o objectivo social da recuperação das qualificações dos 
adultos, nomeadamente dos que foram mais penalizados pela história 
do acesso à educação no nosso país, o programa tem constituído uma 
das medidas mais mediáticas da actuação governativa em Portugal. 
A chave do funcionamento do programa é a existência de uma Rede Nacional de 
Centros Novas Oportunidades (CNO). 
De acordo com a sua Carta de Qualidade, “Os Centros Novas 
Oportunidades constituem-se como agentes centrais na resposta ao desafio 
da qualificação de adultos consagrado na Iniciativa Novas Oportunidades” 
(2007,p. 5). 
A missão dos CNO passa por: “Assegurar a todos cidadãos maiores de 
18 anos uma oportunidade de qualificação e de certificação, de nível básico ou 
secundário, adequada ao seu perfil e necessidades, no âmbito da área territorial 
de intervenção de cada Centro Novas Oportunidades.
Promover a procura de novos processos de aprendizagem, de formação 
e de certificação por parte dos adultos com baixos níveis de qualificação escolar 
e profissional.
Assegurar a qualidade e a relevância dos investimentos efectuados numa 
política efectiva de aprendizagem ao longo da vida, valorizando socialmente os 
processos de qualificação e de certificação de adquiridos” (ibid, p.10). 
Pretende-se assim, aproveitando a “última” tranche de fundos 
comunitários, até 2010, implantar uma Rede Nacional de CNO e desenvolver 
acções de formação e educação que visam qualificar e, não menos importante, 
certificar 1.000.000 de adultos portugueses. Mas segundo dados do INE, existem 
cerca de três milhões de portugueses que não possuem a escolaridade mínima 
obrigatória. Logo é fulcral que se obtenham resultados. 
A velocidade e a ambição deste Programa levam-nos a reflectir sobre os 
constrangimentos de uma actividade que não se compadece com os números. 
O desenvolvimento, com qualidade, do processo de Reconhecimento, Validação 
e Certificação de Competências, no seio dos CNO, é urgente e incontornável na 
transformação da educação em Portugal. 
Quando falamos de Reconhecimento, Validação e Certificação de 
Competências, será certamente injusto alertar para o facilitismo e falta de 
qualidade do processo passando ao lado de todas as ferramentas que estão, nos 
CNO, ao serviço da EFA de forma organizada e estruturada. 
Admite-se que a EFA, ao centrar-se, na vertente RVCC, sobre a 
história pessoal e utilizar uma abordagem biográfica, de onde decorre toda a 
reorganização discursiva das aprendizagens realizadas em contextos informais 
UNIDADE 1 | EJA: CONCEPÇÕvES, HISTORICIDADE, LEGISLAÇÃO E POLÍTICAS
28
e não formais pelos adultos, face a um Referencial de Competências-Chave, 
poderá ser mediadora nos processos de transformação pessoal, nomeadamente 
psicológicos e promotores de níveis de maior autonomia.
A contratação de psicólogos para as equipas técnicas dos CNO implica, 
necessariamente, uma melhoria de qualidade no atendimento/acolhimento de 
adultos que se irá reflectir, com vantagem, na ligação afectiva à formação e à entidade 
formadora. E tudo isto é precioso na construção do “empowerment” dos adultos. 
Acreditamos que esta “oportunidade” é única e tem de ser aproveitada pelos seus 
beneficiários. O papel dos CNO na “desinstalação” de preconceitos na mente 
dos adultos é tão importante que perspectivamos uma procura avassaladora 
de EFA. O mais difícil será passar a mensagem que há algo de novo e que é 
vantajoso. Depois deve apostar-se no atendimento de quem já foi, muitas vezes, 
maltratado pela Administração Pública portuguesa. 
Mas, se o RVCC é aliciante, ele não constitui o único meio de qualificação 
e certificação a trilhar pelos adultos. Sem a rapidez e a autonomia do RVCC 
existem outras ofertas educativas que, no processo de encaminhamento 
desenvolvido pelos CNO, podem ser sugeridas aos adultos. 
Com o mesmo referencial de Competências-Chave subjacente, os Cursos 
EFA perfilam-se como a oferta mais interessante para os candidatos a quem não for 
sugerido o RVCC. Estruturados em desenhos curriculares centrados em actividades 
integradoras propostas pelos formandos, os Cursos EFA são a materialização dos 
percursos de educação mais ajustados para adultos com histórias de vida menos 
preenchidas. A formação é feita de dentro para fora. O que é que se precisa de saber 
para desenvolver determinada tarefa? Se o adulto sabe, faz. Se não, pede ajuda. 
E aqui eleva-se o valor da solidariedade. Os formadores e formandos devem 
constituir um grupo de seres humanos quase que em rota de sobrevivência. O 
que uns têm devem dar aos outros. Ninguém tem a propriedade absoluta do 
conhecimento. Uns sabem umas coisas e outros já fizeram ou viram fazer outras. 
A partilha vai balizar a qualidade da formação nos Cursos EFA. 
Todo o resto de ofertas educativas remete para o percurso formal de 
educação em que o adulto, que abandonou a escola há muito tempo, dificilmente 
se revê. De facto, encerrar os adultos no regime formal era continuar a “dar-lhes 
mais do mesmo”. É que o sistema formal tem apresentado resultados ao nível do 
abandono escolar que não auguram nada de positivo. 
Montaigne já dizia que preferia cabeças bem-feitas às cabeças cheias. 
FONTE: Disponível em: <http://morropeixe.blogspot.com.br/2010/08/educacao-de-adultos-em-
portugal.html>. Acesso em: 13 nov. 2013.
TÓPICO 2 | HISTORICIDADE DA EDUCAÇÃO DE ADULTOS 
29
Em Portugal há possibilidade de aprofundamento na área de Educação 
de Adultos, por exemplo, no Mestrado em Ciências da Educação, com área de 
especialização em Formação de Adultos, e no Programa de Doutoramento em 
Educação, com especialidade em Formação de Adultos, promovidos pelo Instituto 
de Educação (IE), da Universidade de Lisboa (IE, 2011).
2.2 COOPERAÇÃO SUL/SUL
Nos países de língua portuguesa do Sul também há uma inquietação 
quanto à Educação de Adultos. Nesse sentido, a Comunidade de Países de Língua 
Portuguesa (CPLP) realizou uma oficina, em Brasília, no ano de 2006, composta 
por representantes de todos os países de língua portuguesa do Sul, intitulada 
Oficina para Cooperação Sul-Sul. Nessa oficina estabeleceu-se um compromisso 
em torno da Educação de Jovens e Adultos ao elencar prioridades e propostas 
de ação para erradicar o analfabetismo e a baixa escolaridade nos países que a 
compõem, a saber: Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, São 
Tomé e Príncipe e Timor Leste (ANZORENA, 2010, p. 70).
O grande desafio dessa rede de cooperação, conforme seus representantes, 
reside na inclusão da pauta da EJA nas agendas políticas de educação como um 
direito de todos (UNESCO, 2007).
A insuficiência na formação docente voltada para a atuação com jovens 
e adultos é uma realidade percebida no texto do documento elaborado pelos 
participantes da oficina, ao abordarem que “Numerosos programas de alfabetização 
e formação de jovens e adultos estão em andamento nestes países, que se esforçam 
por qualificar os educadores” (UNESCO, 2007, p. 22).
Ainda segundo o documento elaborado na Cooperação Sul-Sul, a escassez 
de recursos humanos qualificados “[...] limita as oportunidades de formação 
inicial e continuada dos educadores [...]” (UNESCO, 2007, p. 22). Isso nos remete 
ao desafio prioritário apontado pelo documento, que é a formação dos formadores, 
a qual “[...] precisa ser feita em nível de especialização ou pós-graduação”, o que 
projeta o “[...] importante papel a ser exercido pelas universidades” (UNESCO, 
2007, p. 24-25).
Considerando as mídias eletrônicas e outros materiais utilizados para alfabetizar, 
é consenso entre estudiosos como Thimoty Ireland (representante da Unesco no Brasil) 
e Leôncio Soares (pesquisador na área de EJA) que o diferencial na aprendizagem do 
educando é a atuação do alfabetizador.ATENCAO
UNIDADE 1 | EJA: CONCEPÇÕvES, HISTORICIDADE, LEGISLAÇÃO E POLÍTICAS
30
3 EDUCAÇÃO DE ADULTOS NO BRASIL: MOVIMENTOS QUE 
INICIARAM A DISCUSSÃO SOBRE EDUCAÇÃO
Os movimentos educativos em torno da Educação de Adultos, no Brasil, 
se dispunham a defender a instrução popular quer pelo aspecto metodológico 
de transmissão do conhecimento, quer pelo aspecto político-social do país. Esses 
movimentos que iniciaram a discussão foram denominados entusiastas, otimistas, 
realistas e tecnocratas.
3.1 O “ENTUSIASMO” PELA EDUCAÇÃO
Os entusiastas (do movimento “o entusiasmo pela educação”) constituíam 
um grupo de mobilização em prol da educação popular, que surgiu na segunda 
década do século XX, época em que existia um distanciamento entre o ruralismo 
e o industrialismo. O analfabetismo era motivo de vergonha para o Brasil e, por 
isso, a educação era considerada como fator preponderante para a solução de 
problemas. Nessa época, houve a criação do Ministério da Educação, cujos cargos 
técnicos foram ocupados por indivíduos sem formação no campo (PAIVA, 2003).
Paiva (2003, p. 39) tece uma aproximação da segunda década do século 
XX com nossa atual realidade: 
Isso se deve, em parte, à debilidade e escassez de nossos quadros técnicos, 
que permitem - ainda hoje - que diletantes sejam colocados à frente 
dos programas oficiais de educação e que, nos casos mais favoráveis, 
despendam uma grande quantidade de tempo e cometam uma série de 
erros para poderem aprender algo dentro do campo profissional. 
Com o movimento “o entusiasmo pela educação”, um sentimento 
humanitário começou a ser despertado e teve representatividade na figura do 
médico Miguel Couto. Vejamos o conceito que expressa:
Analfabetismo é o cancro que aniquila o nosso organismo, com as 
suas múltiplas metástases, aqui a ociosidade, ali o vício, além o crime. 
Exilado dentro de si mesmo como em um mundo desabitado, quase 
repelido para fora da espécie pela sua inferioridade, o analfabeto é 
digno de pena e a nossa desídia indigna de perdão enquanto não 
lhe acudirmos com o remédio do ensino obrigatório (COUTO apud 
PAIVA, 2003, p. 38).
FONTE: Anzorena (2010, p. 73)
TÓPICO 2 | HISTORICIDADE DA EDUCAÇÃO DE ADULTOS 
31
Em 1934, sob a influência dos entusiastas, teve início a rádio-educação, 
embora já defendida desde 1920. O contato emissora-ouvinte, segundo Paiva 
(2003, p. 130), “[...] se dava por meio da distribuição de folhetos e esquemas das 
lições enviadas pelo correio às pessoas inscritas; estas mantinham contato com a 
emissora por meio de cartas, visitas ou telefone”. Pela primeira vez começou-se a 
pensar em uma metodologia e didática apropriadas à educação pelo rádio. 
No subtópico 4.1 você acompanhará um pouco mais da educação pelo rádio, 
com a Radiocartilha Sirena.
3.2 O “OTIMISMO” PEDAGÓGICO
Os otimistas pertencentes ao movimento “otimismo pedagógico” 
foram os primeiros profissionais da educação preocupados com a qualidade 
do ensino. Esse movimento ocorreu na década de 1920 e se preocupava “[...] 
com a eficiência e com a qualidade dos sistemas de ensino ou dos movimentos 
educativos. [...], opondo à difusão quantitativa imediata de instrução de baixa 
qualidade” (PAIVA, 2003, p. 40).
Jornalistas ou formados pelo ensino normal, como Lourenço Filho, 
iniciaram o movimento reformador do sistema de ensino existente. Dedicavam-se à 
preparação de professores e demais pertinências sobre administração, currículos e 
métodos. Anísio Teixeira, com formação específica, enquadra-se num deles (PAIVA, 
2003).
O movimento “otimismo pedagógico” se caracterizou pela
Desvinculação entre o pensamento pedagógico no Brasil e a reflexão 
sobre o social, traço que até a década de 60 dominou de forma quase 
absoluta os nossos meios pedagógicos, e que ainda hoje pode ser 
encontrada nos meios educacionais brasileiros (PAIVA, 2003, p. 40).
FONTE: Anzorena (2010, p. 74)
O horizonte dos otimistas se limitava ao processo educacional em si, 
dissociado do contexto histórico e social.
ATENCAO
UNIDADE 1 | EJA: CONCEPÇÕvES, HISTORICIDADE, LEGISLAÇÃO E POLÍTICAS
32
3.3 O “REALISMO” EM EDUCAÇÃO
Os realistas, vinculados ao movimento “realismo em educação”, 
preocupavam-se
[...] com a qualidade do ensino como requisito indispensável à 
preparação do homem para tarefas específicas (sociais, econômicas, 
políticas) e eficiência no ensino ministrado (para atendimento de 
tarefas específicas consideradas importantes para cada grupo incluído 
nesta categoria geral) (PAIVA, 2003, p. 40).
Esse movimento era formado por grupos de profissionais da educação, 
liberais ligados à esquerda marxista e à esquerda não marxista. Ocorrido no final 
dos anos de 1920 e de esquerda marxista, o movimento “realismo em educação” 
colocava a ênfase sobre as modificações da base econômica e analisava “[...] a 
forma de como a atuação educativa poderia contribuir para a transformação da 
sociedade, para a revolução proletária” (PAIVA, 2003, p. 41).
A educação não era considerada como um problema nacional. A exemplo 
dos entusiastas da educação, os realistas estavam imunizados contra o otimismo 
pedagógico: “[...] era preciso preparar homens e prepará-los bem; o método 
adotado nesta preparação poderia contribuir para dar-lhes consciência acerca 
das condições de funcionamento da sociedade” (PAIVA, 2003, p. 40).
Na década de 1950 surgiu o grupo de esquerda não marxista, cujo 
enfoque era o seguinte: “à menor ênfase colocada sobre a base econômica [...] 
corresponde uma maior importância atribuída à cultura e à educação como 
fatores relevantes para mudança social” (PAIVA, 2003, p. 44 ).
FONTE: Anzorena (2010, p. 75)
3.4 OS “TECNOCRATAS” DA EDUCAÇÃO
O movimento dos “tecnocratas da educação” surgiu na década de 
1960 e não sofreu influência dos movimentos “entusiasmo pela educação” 
e “otimismo pedagógico”. Para os tecnocratas: “A técnica, o estudo das 
alternativas em termos de rentabilidade econômica, determina onde investir 
em educação” (PAIVA, 2003, p. 50).
FONTE: Anzorena (2010, p. 75)
Esse grupo se preocupava menos com questões de cunho político ou ensino 
obrigatório e mais com a rentabilidade da educação para fins do crescimento 
econômico do país.
TÓPICO 2 | HISTORICIDADE DA EDUCAÇÃO DE ADULTOS 
33
Para aprofundar a discussão a respeito dos movimentos 
da educação, sugerimos a leitura da obra: PAIVA, Vanilda. 
História da educação popular no Brasil: educação popular 
e educação de adultos. 6. ed. São Paulo: Loyola, 2003. 
Nessa obra, a autora expõe a trajetória histórica da educação 
de adultos no Brasil, contemplando o analfabetismo, as 
mobilizações populares e as ideias de Paulo Freire; apresenta 
e discute documentos que datam de 1958 a 1964. A 
compreensão dos fragmentos da história que remetem a 
algumas políticas ainda hoje em voga encontra-se nesse livro. 
Importante referencial para educadores de jovens e adultos.
Embora a Educação de Adultos contasse com o empenho desses movimentos, 
havia ainda uma demanda a ser atendida; nessa direção, várias campanhas foram 
realizadas com o intuito de abarcar os adultos ainda não assistidos.
4 CAMPANHAS EM PROL DA EDUCAÇÃO DE ADULTOS
Apresentamos, a seguir, fragmentos das campanhas CEAA, CNEA, MEB e 
MCP lançadas a partir de 1947, que poderão auxiliar você, caro(a) acadêmico(a), a 
compreender um pouco mais da trajetória da EJA no Brasil. Para a escolha desses 
fragmentos, tivemos como foco o professor (FÓRUM EJA, CEAA, 2011).
4.1 CAMPANHA DE EDUCAÇÃO DE ADOLESCENTES E 
ADULTOS (CEAA) E CAMPANHA NACIONAL DE ERRADICAÇÃO 
DO ANALFABETISMO (CNEA)
A Campanha de Educação de Adolescentes e Adultos (CEAA) tinha como 
um dos lemas: “é ainda por amor à criança que devemos educar adolescentes 
e adultos”; assim, despertando o interesse dos pais, poder-se-ia chegar às 
crianças, promovendo a busca por matrículas nas escolas primárias; na época 
a ideia que se tinha do analfabeto era a de um ser incapaz, marginal, que não 
rendia conforme o esperado, e ainda sujeito a ser explorado em seu

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