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Mecanismo do parto O trabalho de parto pode ser definido como uma sequência de contrações uterinas involuntárias e coordenadas que resultam no apagamento e na dilatação do colo uterino. Tais contrações associadas ao esforço voluntário da parede abdominal levam à expulsão do feto e das membranas ovulares. O TP depende da morfologia e configuração da pelve materna, da apresentação e do tamanho fetal e da contratilidade uterina. Pelve materna O canal de parto é constituído pela pelve óssea (sacro, cóccix, ilíacos esquerdo e direito) e pelo tecidos moles (cérvice e musculatura do assoalho pélvico), que oferecem graus variados de resistência à expulsão fetal. A pequena pelve é a que tem expressão obstétrica, pois forma o trajeto duro do parto; é limitada, acima, pelo estreito superior (do promontório à borda da sínfise púbica) e, abaixo, pelo estreito inferior (da borda inferior da sínfise à ponta do cóccix). O estreito médio é a área de menores diâmetros da pequena pelve e passa no nível das espinhas isquiáticas. Durante o trabalho de parto, a apresentação fetal – por meio de forças ativas e passivas- procura acomodar-se com suas menores dimensões, a fim de transpor todos esses diâmetros ao longo do canal de parto. A pelvimetria clínica pode ser útil para qualitativamente identificar pelves com maior risco de distocia. Contratilidade uterina Para avaliar a contratilidade uterina, o método mais utilizado é a tocografia, que é a interpretação gráfica das contrações uterinas durante o trabalho de parto. Pode ser realizada de maneira externa (não invasiva) ou interna (invasiva). A contração uterina pode ser avaliada em relação a: pressão ou tônus, intensidade, frequenia, duração e forma de onda contrátil. As contrações ocorrem durante toda a gestação. No início da gestação, ocorrem pequenas contrações com intensidade de 2 a 4 mmHg e com frequência de 1 a 3 minutos (ondas de Alvarez) que podem ser registradas a partir de 9 semanas. Essas contrações não são sentidas pela paciente nem pela palpação abdominal. Após a 13ª semana de gestação até a 30ª semana, contrações de 10 a 15 mmHg com duração de 30 segundos ou mais (contrações de Braxton-Hicks) estão presentes, ocorrendo esporadicamente até de hora em hora. Após a 30ª semana, sua frequência se aproxima de 1 a cada 10 minutos, adquirindo ritmo regular nas duas últimas semanas antes do parto. Podem ser palpadas e sentidas pela paciente como um endurecimento indolor do útero. Na passagem do período pré-parto para o parto, ocorrem mudanças graduais e progressivas na frequência e na intensidade contrátil. Na fase ativa do trabalho de parto, à medida que a dilatação progride, aumentam a intensidade e a frequência das contrações até o período expulsivo. Após o parto, as contrações rítmicas têm a função de levar à dequitação placentária ou ao secundamento e fazer a hemostasia do leito placentário com expulsão de coágulos e lóquios da cavidade uterina. Tempos do mecanismo do parto: Encaixamento ou insinuação: é a passagem da maior circunferência da apresentação pelo anel do estreito superior da pelve. Nas nulíparas, geralmente ocorre nas duas últimas semanas de gestação (insinuação estática), nas multíparas geralmente ocorre após o início do TP (insinuação dinâmica). Flexão: ocorre tão logo ocorre resistência do colo uterino, das paredes pélvicas ou do assoalho pélvico. Importante para a passagem do menor diâmetro cefálico pela pelve. O objetivo é substituir o diâmetro occiptofrontal pelo subocciptobregmático, menor e mais favorável ao transcurso do parto. Descida: ocorre desde o início do TP e só termina com a expulsão do feto. Resulta das forças do TP e do apagamento do segmento inferior uterino. Sua velocidade depende da resistência pélvica e da intensidade das contrações. Rotação interna da cabeça: a descida da cabeça em direção ao estreito médio da pelve distende e dilata o conjunto musculoaponeurótico do diafragma pélvico. Quando a altura da cabeça alcança os músculos elevadores do ânus, tende a Zugaib Rotinas executar um movimento espiralado rodando o ápice fetal no sentido de menor resistência. Com a rotação interna da cabeça e sua progressão no canal, ocorre a penetração dos ombros no estreito superior da pelve. Desprendimento ou extensão da cabeça fetal: terminada a rotação interna da cabeça, a base do occiptal será colocada sob a arcada pélvica, com a sutura sagital orientada na direção anteroposterior. Por movimento de extensão (deflexão), o polo cefálico direciona seu desprendimento seguindo a curvatura inferior do canal de parto, a nuca se apoia na margem inferior da sínfise púbica, e a cabeça avança distendendo os tecidos vulvares. O períneo torna-se alongado, a vulva abre-se e o couro cabeludo torna-se visível entre as contrações. Com o progredir da extensão, faz-se um movimento de báscula apoiado na margem inferior do púbis, permitindo a passagem do occiptal, bregma, fronte, nariz, boca e mento pela fenda vulvar. Restituição ou rotação externa da cabeça fetal: após a cabeça defletir-se e passar pela vulva, ela roda para a posição anatômica correta em relação ao dorso fetal. Esse é um movimento passivo resultante da liberação das forças exercidas previamente sobre o polo cefálico pela pelve óssea e musculatura maternas. Saída de ombros e expulsão: desde a sua passagem pelo estreito superior da pelve, as escápulas estão com o diâmetro biacromial orientado no sentido oblíquo direito ou transverso da pelve. Chegando ao assoalho pélvico, sofrem também movimento de rotação interna para orientar o eixo biacromial para direção anteroposterior da saída do canal. O ombro anterior coloca-se sob a arcada púbica, e o posterior, junto ao assoalho pélvico, impelindo o cóccix materno para tras. Após o desprendimento da cabeça, continua a descida do feto com a transposição do ombro anterior pela arcada púbica, quando aparece através do orifício vulvar, para, a seguir, desprender-se. Continuando a progressão em direção à saída, e com o tronco fletido lateralmente, desprende-se o ombro posterior. * É comum a saída de ombros requerer ajuda manual. Em geral, utiliza-se uma depressão suave da cabeça ajudando na progressão do ombro anterior seguida de uma elevação suave da cabeça para desprender o ombro posterior. Efeitos do mecanismo do parto Os movimentos cardinais do parto produzem efeitos sobre o feto, sobre o canal de perto e sobre as relações entre eles, que podem ser divididos em mecânicos, dinâmicos e plásticos. Efeitos mecânicos: acomodação à área do estreito superior com diminuição linear e volumétrica dos diâmetros fetais; insinuação, sinclitismo e assinclitismo; rotação interna, desprendimento dos ombros, desprendimento do restante do corpo. Efeitos dinâmicos: apagamento e dilatação cervical, expansão do segmento inferior do útero, dilatação da inserção cervical na vagina; dilatação da vulva, vagina e períneo; formação e ruptura da bolsa amniótica. Efeitos plásticos: bossa serossanguinolenta, cavalgamento ósseo. Assistência ao trabalho de parto O trabalho de parto é o período que vai desde o início das contrações regulares associadas ao apagamento e à dilatação cervical até a expulsão do concepto e da placenta. O reconhecimento do inicio do TP nem sempre é simples, pois, muitas vezes, o seu diagnóstico só é confirmado retrospectivamente. Quando a gestante chega ao centro obstétrico com colo apagado, dilatação cervical de 4 cm ou mais e contrações uterinas de pelo menos 2 em cada 10 minutos, presume-se que ela tenha alcançado a fase ativa do TP. Pacientes com fatores de risco gestacionais (restrição de rescimento fetal, pós-datismo, doença hipertensiva, diabetes gestacional) devem ser admitidas mesmo na fase latente. Por outro lado, nas gestantes de risco habitual, a internação na fase ativa do TP deve ser preferida. Fases clínicas do parto 1. Primeiro período – dilatação 2. Segundo período – expulsão3. Terceiro período – dequitação ou secundamento 4. Quarto período – primeira hora pós-parto Período premonitório: fase pré-tabalho de parto verdadeiro, entre 38 e 40 semanas, mais nítido em primíparas. Ocorre devido a adaptação do polo cefálico no estreito superior. Ocorre descida do útero, aumento da capacidade ventilatória, melhora da sensação de plenitude pós prandial, compressão de baixo ventre, dores lombares por estiramento articular, compressão vesical (polaciúria), transtornos circulatórios varizes vulvares, hemorroidas. Primeiro período É o intervalo entre o início do TP até a dilatação completa (10 cm). Esse período compreende as fases latente e ativa do TP. A fase latente apresenta duração variável e caracteriza-se pela dilatação lenta do colo até em torno de 4 cm (velocidade de dilatação menor do que 1 cm/h) e por padrão contrátil irregular. A fase ativa caracteriza-se por dilatação rápida (velocidade maior ou igual a 1 cm/h) dos 4 aos 10 cm e por padrão contrátil regular e doloroso. A fase ativa subdivide-se em: aceleração (a velocidade de dilatação começa a se modificar), aceleração máxima (quando a aceleração passa de 2 a 3 cm para 8 a 9 cm) e desaceleração (precede a dilatação completa). Seus principais distúrbios são os distúrbios de demora (progressão da dilatação ou descida < 1,2 cm/h) e os distúrbios de parada (parada da progressão da dilatação por pelo menos 2 horas ou da descida por pelo menos 1 hora). A fase de dilatação compreende dois fenômenos distintos, o esvaecimento cervical e a dilatação propriamente dita. O esvaecimento ou apagamento do colo é a incorporação do colo à cavidade uterina. Ao toque vaginal, o colo pode ser fino, médio ou grosso. Nas primíparas ocorrem, nessa ordem, sucessivamente: esvaecimento de cima para baixo, e depois a dilatação do orifício externo. Nas multíparas, o esvaecimento e a dilatação ocorrem concomitantemente. Amnioscopia Nesse período, avaliar o líquido amniótico. O aspecto do LA deve ser associado à ausculta dos BCF. Líquido transparente – prematuridade Líquido grumoso – a termo Líquido opalescente – pós-data Líquido de cor achocolatada – morte fetal Líquido sanguinolento (hemoâmnio) Líquido esverdeado – mecônio (sofrimento fetal) Segundo período Caracteriza-se pela descida da apresentação e expulsão do feto. Compreende o período entre a dilatação completa e o desprendimento do concepto. Divide-se em duas fases: Fase inicial ou passiva, com dilatação total do colo uterino, mas sem sensação de puxo, e polo cefálico alto na pelve. Fase ativa, com dilatação total do colo do útero, cabeça fetal visível e presença de puxos ou esforços maternos ativos. Nesse período, ocorre a maioria das fenômenos mecânicos do parto e o canal de parto é completamente formado, ou seja, o segmento inferior do útero, o canal cervical totalmente dilatado e a vagina formam uma única cavidade. Terceiro período (dequitação, secundamento) É o período entre a expulsão do feto e a saída da placenta e das membranas ovulares. Tem relação temporal inversa com a quantidade de perda sanguínea materna. Após o seu descolamento do leito uterino, a placenta desce através do canal de parto e é expelida. Seu descolamento ocorre em virtude da diminuição do volume uterino depois da expulsão fetal, associada às contrações uterinas vigorosas e indolores. Há dois tipos clássicos de descolamento: Descolamento central ou de Baudelocque-Schultze. Classicamente, no descolamento central, a primeira face placentária a ser visualizada na rima vulvar é a face fetal. É o tipo mais frequente e apresenta sangramento após a dequitação, com formação de hematoma retroplacentário. Descolamento marginal ou Baudelocque-Duncan. Nesse descolamento a primeira face a ser visualizada é a materna. É menos comum e tem escoamento de sangue antes da expulsão total da placenta. * A dequitação ocorre entre 10 minutos e 1 hora após o parto. Fisiologicamente, sabe-se que ela deve ocorrer dentro de 20 a, no máximo 30 minutos. Quarto período É a primeira hora após a expulsão da placenta, na qual há grande risco de complicações hemorrágicas. Nesse período ocorrem a estabilização dos sinais vitais maternos e a hemostasia uterina. Essa hora caracteriza-se pela ocorrência dos fenômenos de miotamponamento, de trombotamponamento, pela indiferença miouterina e pela contração uterina fixa que a segue. A redução do volume uterino causa angulação das artérias uterinas e ovariana, provocando diminuição da perfusão uterina. A contração do útero causa oclusão dos vasos miometriais (miotamponamento) e foi descrita por Pinard como ligaduras vivas, ou globo vivo de Pinard. O trombotamponamento é a segunda linha de defesa contra a hemorragia e tem como característica a formação de trombos nos grandes vasos uteroplacentários, os quais se prolongam pelos coágulos intrauterinos que recobrem o leito placentário. A indiferença miouterina é caracterizada por contração e relaxamento das fibras miometriais e ocorre na primeira hora pós-parto. Assim, pode haver enchimento e esvaziamento de sangue do interior do útero, e a hemostasia uterina depende, principalmente do trombotamponamento nessa fase. Esse estado de indiferença uterina pode ser prolongada nos trabalhos de parto laboriosos, nas grandes multíparas e quando há distensão excessiva do útero, como acontece nas gestações múltiplas ou com fetos macrossômicos ou, ainda, na presença de polidrâmnio. A contração uterina fixa surge ao fim do período de indiferença uterina (cerca de 1 hora depois) e o maior tônus uterino mantém a hemostasia pós-parto, auxiliando no retorno do útero ao estado pré-gravídico. Admissão Sequência do exame físico obstétrico na admissão da paciente em TP • Sinais vitais • Medida da altura uterina • Palpação do abdome (manobras de Leopold) • Ausculta dos BCFs (antes, durante e após uma contração) com sonar Doppler ou estetoscópio de Pinard. • Avaliar contratilidade uterina (frequência e intensidade em 10 minutos). A avaliação da contratilidade uterina deve ser feita com a mão do examinador espalmada na altura do fundo uterino, durante um período de 10 minutos, registrando-se sua frequência e intensidade (fraca, média ou forte). Uma dinâmica uterina irregular e, com frequência, inferior a 3 contrações a cada 10 minutos deve levantar suspeita de fase latente ou falso TP. • Inspeção da vulva (perda de LA, sangue, mecônio, secreções) • Exame especular (se suspeita de Rupreme, placenta pévia, etc) • Toque vaginal bimanual Critérios para diferenciar entre o TP verdadeiro e falso: Parâmetros Verdadeiro Falso Contrações Regulares Irregulares Intervalos Gradativamente crescentes Irregulares Duração Aumento gradativo Irregular Intensidade Aumento gradativo Irregular Alterações cervicais Dilatação e apagamento progressivo Sem alterações Descida da apresentação Progressiva Sem alteração Localização da dor Costas e abdome Apenas no abdome Efeitos da sedação As contrações não cessam As contrações cessam Diagnóstico do TP Na maioria das parturientes, a internação hospitalar deve ser indicada na fase ativa do TP, ou seja, quando houver contratilidade uterina regular a cada 3 a 5 minutos e dilatação cervical igual ou maior do que 4 cm, com colo fino e apagado. Quando persistirem dúvidas quando ao estabelecimento ou não da fase ativa, pode-se realizar reavaliação da paciente em torno de 2 horas. Se houver progressão da dilatação após esse período, o diagnostico do TP está confirmado. Em geral, a falha de progressão em um colo uterino com menos de 3 cm de dilatação exclui a fase ativa do TP. Procedimentos de rotina na admissão da parturiente Durante a admissão, é obrigatório registrar o peso, a pressão arterial, a temperatura corporal e a frequência cardíaca materna fetal. Além disso, o MS determina que a parturiente admitida deve ser submetida a testerápido para HIV e sífilis. As sorologias para toxoplasmose e sífilis devem ser solicitadas para as pacientes suscetíveis. Assistência ao TP Assistência ao primeiro período do TP: Postura da paciente: atividades como andar e sentar-se em uma cadeira confortável são associadas a maior conforto da paciente durante o período de dilatação. Há evidências de que realizar atividades físicas (andar) e a posição vertical no primeiro estágio reduzem o tempo de trabalho de parto, a frequência de cesáreas e a necessidade de anesteria epidural. Analgesia: a anlgesia durante o TP deve respeitar o limiar da dor, que é individual. Assim, ela deve ter por objetivo proporcionar conforto à parturiente. Sinais vitais maternos Assistência obstétrica: avaliar contrações uterinas por palpação abdominal ou tocodinamômetro externo; realizar toque vaginal para avaliar dilatação, condição das membranas ovulares, tipo de apresentação, variedade de posição e na descida da apresentação fetal; ausculta dos BCFs; cardiotocofrafia intraparto Assistência ao segundo período do TP: Garantir que não haja sofrimento fetal: realizar monitorização contínua da frequência cardíaca fetal. Preconiza-se a ausculta fetal a cada 5 minutos nesse estágio, o que, na prática clínica, é mais fácil de ser realizado por meio de cardiotocografia contínua. Preparação para o parto: assepsia do monte púbis, sulcos genitocrurais e terços superiores da face interna da coxa, além das regiões vulvar, vaginal e anal. Depois, procede-se à colocação de campos esterilizados, reduzido os riscos de infecção. A tricotomia e o uso de enemas não devem ser utilizados rotineiramente. Força expulsiva: esforços expulsivos (puxos), quando não são desencadeados espontaneamente, só devem ser encorajados quando a dilatação cervical é completa, ou seja, no período expulsivo. Orienta-se à paciente que, após inspiração profunda, realize puxo com duração de aproximadamente 10 segundos concomitantemente com a contração uterina. Normalmente é possível a realização de três puxos em cada contração. Cuidados durante o parto: Proteção do períneo: alguns obstetras preconizam apenas a realização de pressão na região perineal, levando ao encontro da apresentação fetal, sem realização de episiotomia. Além disso, deve-se apoiar o polo cefálico a fim de evitar as lesões periutetrais. O objetivo dessa manobra é promover desprendimento lento do polo cefálico. Episiotomia e perineotomia: devem ser realizadas de forma restritiva. No HC-FMUSP, a episiotomia é preconizada em casos de sofrimento fetal, parto operatório, distocia biacromial e nos casos em que exista risco de lacerações perineais graves. A episiotomia pode ser lateral, meiolateral ou mediana. Desprendimento do polo cefálico: o desprendimento deve ser lento e gradual. Para tanto, deve-se controlar a saída do polo cefálico com uma das mãos espalmada e apoiada no períneo e outra favorecendo sua flexão. Após o desprendimento, avaliar se há circular de cordão (pode ser desfeita ou seccionada). Clampeamento do cordão: imediato ou entre 30 segundos e 3 minutos. O ideal seria após 1 minuto. Assistência ao terceiro período do TP: Dilatação cervical ≥ 4 cm e colo apagado. Dinâmica uterina ≥ 2 contrações/10 min. Achados sugestivos de início da fase ativa Após o clampeamento do cordão, a atenção deve ser dirigida à dequitação. Não devem ser realizadas manobras para promover o descolamento rápido da placenta. Os sinais de descolamento de placenta são a elevação do fundo uterino em 2 a 3 cm com desvio para a direita (sinal de Schöeder), a forma discoide globosa do útero quando avaliado em sentido anteroposterior (sinal de Calkins), a não transmissão da tração do cordão à mão que palpa fundo do útero (sinal de Fabre), a ausência de propagação da percussão do fundo do útero até o cordão umbilical (sinal de Strassmann) e a elevação do útero por meio de palpação abdominal não acompanhada de movimentação do cordão umbilical (sinal de Küstner). Na expulsão da placenta, notam-se a descida progressiva do cordão umbilical (sinal de Ahlfed) com rotação deste (sinal de Hochenbichler), a sensação de peso retal conhecida como sinal da placenta (sinal de Calman) e, ao toque vaginal, a identificação da presença de placenta em fórnice vaginal posterior. Assim que a placenta se apresenta no introito vaginal, solicita-se à mulher que exerça uma pequena pressão abdominal para sua completa expulsão. Nesse momento, roda-se a placenta para que o desprendimento das membranas seja completo (manobra de Jacobs). Após a retirada da placenta, deve-se avalia-la procurando certificar-se se a expulsão foi completa. Caso existam dúvidas, procede-se à curetagem. Assistência ao quarto período do TP: O puerpério imediato compreende a primeira hora após o parto e tem importância no que concerne a observação de eventuais hemorragias. Habitualmente, a infusão de ocitocina iniciada após a dequitação e o próprio mecanismo fisiológico de retração uterina (globo de Pinard) são suficientes para conter o sangramento do leito placentário. Recomenda-se infusão de 20 unidades de ocitocina diluídas em 500 m de soro fisiológico ou glicosado a 5% nas 6 primeiras horas após a dequitação. Caso ocorra sangramento excessivo, essa infusão pode ser realizada de forma mais rápida ou podem ser tomadas medidas adicionais para hemorragia pós-parto.
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