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Incapacidade do coração em bombear sangue suficiente para satisfazer as necessidades do organismo quanto aos nutrientes e aporte de oxigênio. A insuficiência cardíaca é o estágio final comum para cardiopatia crônica, como doença valvar ou hipertensão; cardiopatia isquêmica, o que ocorre após o infarto do miocárdio, devido à lesão cardíaca; e para estresses hemodinâmicos agudos, como sobrecarga líquida, disfunção valvar súbita ou infarto do miocárdio, provocando uma ICC súbita. O infarto provoca necrose de uma parte do coração, fazendo com que esse órgão não atue de forma homogênea, o que, com o tempo, pode impossibilitar que ele bombeie o sangue de forma eficiente. A diabetes também pode provocar ICC por estar muito associada a dislipidemia, que aumenta os níveis de ácidos graxos circulantes, contribuindo para o surgimento da placa aterosclerótica. Insuficiência renal crônica também é um fator de risco para ICC, pois o aumento da volemia sobrecarrega o coração. A hipertensão arterial sistêmica consiste no aumento da pressão arterial, o que faz com que chegue uma maior quantidade de sangue, com maior pressão, no coração. Inicialmente, pelos mecanismos de Frank-Starling, o coração suporta a quantidade de sangue que chega. Porém, com o passar de anos, essa quantidade/pressão pode ultrapassar os limites fisiológicos suportados, acarretando ICC (mangueira de jardim x mangueira de incêndio). Progressão da doença Em pacientes de alto risco, deve ser realizada a prevenção da lesão. Caso ocorra lesão estrutural sem IC (característico de hipertrofia, fibrose, infarto e valvopatia) deve-se evitar a progressão da lesão e iniciar o tratamento específico; em casos de lesões estruturais com IC deve ser realizado o tratamento a partir dos sintomas. A IC refratária necessita intervenção especializada, pois pode provocar choque cardiogênico. Mecanismos de adaptação O aumento da carga de trabalho ou o comprometimento da função cardíaca fazem com que o coração desenvolva alguns mecanismos para se adaptar à nova situação. 1. Mecanismo de Frank-Starling Adaptação às variações de volume sanguíneo, que funciona muito bem por um tempo, mas que não é capaz de suportar os aumentos de pressão por longos períodos, tornando necessários outros modos de adaptação. 2. Hipertrofia As células pré-existentes passam a sintetizar mais proteínas, aumentando o tamanho do músculo cardíaco, acarretando uma parede cardíaca mais forte com o intuito de aumentar a força de contração. A hipertrofia ocorre principalmente no ventrículo esquerdo, por ele ser o principal responsável pela ejeção do sangue para a grande circulação, responsável por oxigenar todos os outros sistemas e órgãos. A •Fatores de risco para IC •Prevenir a lesão B •Cardiopatia estrutural assintomática •Evitar a progressão da lesão e iniciar tratamento específico C •Cardiopatia estrutural sintomática •Tratamento a partir dos sintomas D • IC refratária • Intervenção especializada A hipertrofia torna a parede do coração mais rígida, dificultando o relaxamento, o que irá provocar uma insuficiência cardíaca diastólica. A quantidade de sangue que o coração recebe será menor, mas ele estará mais forte e conseguirá ejetar todo o sangue. Entretanto, a quantidade de sangue que ele está ejetando é menor do que a que ele deveria ejetar, reduzindo o débito cardíaco e a perfusão tecidual. 3. Mecanismos neuro-humorais A redução do débito cardíaco e da perfusão tecidual torna necessária a ativação de mecanismos neuro-humorais, como a liberação de noradrenalina, peptídeo natriurético atrial e ativação do sistema RAA. • Sistema Renina-Angiotensina-Aldosterona Os barorreceptores são receptores presentes no vaso que conseguem captar as diferenças de pressão sanguínea. A redução do débito cardíaco provoca uma redução na quantidade de sangue que passa pelos vasos, o que é detectado pelos barorreceptores. Quando os barorreceptores são ativados, eles ativam o SNAs, responsável por aumentar a frequência cardíaca, a força de contração e por realizar vasoconstrição, aumentando a resistência periférica. Em mecanismos fisiológicos, a ativação do SNAs funciona bem, mas em casos de estresse também é ativado o SRAA, que provoca aumento na retenção de água e sódio para aumentar a quantidade de sangue circulante. A ativação do SRAA eleva ainda mais a pressão arterial, o que aumenta mais a tensão no coração. • BNP - Peptídeo Natriurético do tipo B São marcadores ativados pelos mecanismos neuro-humorais. São produzidos, fisiologicamente, no átrio. Quando há estresse cardíaco, os ventrículos passam a produzir os peptídeos natriuréticos. O tipo B é utilizado para diagnósticos por ser liberado pelos ventrículos sempre que o coração sofre agressão. O aumento da produção do peptídeo natriurético tenta compensar a ativação do SRAA, para tentar evitar a progressão da lesão. A manutenção do estresse faz com que os cardiomiócitos passem a sofrer lesão irreversível, o que provoca a morte celular. Por não haver reposição de cardiomiócitos, a câmara cardíaca passa a ficar dilatada. Insuficiência cardíaca Insuficiência cardíaca diastólica: o coração fica incapacitado de relaxar o suficiente para receber o sangue antes de realizar contração. Insuficiência cardíaca sistólica: não há força suficiente para bombear o sangue que chega no ventrículo. As pernas de indivíduos com ICC ficam extremamente edemaciadas e eles não conseguem ficar muito tempo em pé. Pode haver também estase na jugular, fazendo com que ela fique bastante evidente. O SRAA está muito ativado em casos de ICC, o que aumenta a retenção de sódio e água e, consequentemente, a pressão arterial. O aumento da pressão aumenta a quantidade de sangue que chega – ou tenta chegar – ao coração (pré-carga) e a pós-carga também está aumentada, pois o aumento da resistência periférica faz com que o coração bata com mais força (o coração não vai conseguir ejetar o sangue, mas a RVP está aumentada e o fato de o coração conseguir vencê-la justifica o aumento da pós-carga). Indivíduos com ICC avançado podem sofrer choque cardiogênico. • ICC ESQUERDA Quando ocorre a disfunção sistólica, a manutenção de parte do sangue no coração (o coração não conseguiu ejetar tudo) faz com que as câmaras fiquem cheias. O sangue também Insuficiência cardíaca Direita Secundária à ICE (maioria) Esquerda Disfunção sistólica Disfunção diastólica passa a se acumular nos vasos, provocando congestão nos vasos e, posteriormente, no pulmão. O acúmulo de líquido no pulmão pode provocar um quadro de edema pulmonar, o que reduz a quantidade de nutrientes e oxigênio para o organismo funcionar e cujos sintomas são cansaço, dispneia, ortopneia, fraqueza, redução do débito urinário (sistema renal não consegue filtrar o sangue devido a redução do débito cardíaco). Geralmente, a insuficiência cardíaca sistólica acompanha a insuficiência cardíaca diastólica. • ICC DIREITA A congestão pulmonar ocorre nos dois pulmões, prejudicando a oxigenação do sangue. Em determinado momento, haverá congestão de vários vasos, fazendo com que o sangue permaneça no ventrículo direito. Normalmente, ocorre primeiro uma disfunção do ventrículo esquerdo que provoca uma disfunção do ventrículo direito, pois o ventrículo esquerdo sofre primeiro com a sobrecarga do trabalho. O principal efeito do comprometimento do ventrículo direito é que o sangue passa a congestionar o átrio direito, que recebe o sangue da circulação corporal. O sangue do retorno venoso não será derramado no átrio direito, provocando congestão em vasos como a veia cava, provocando congestão de outros sistemas. Por isso, é observada hepatomegalia, esplenomegalia, ascite (o líquido não consegue mais chegar no coração devido a um refluxo que passa a se acumular nos sistemas).
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