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Malária: Epidemiologia, Transmissão e Manifestações


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A malária é uma doença endêmica que resulta da interação de diversos fatores biológicos, 
culturais, ambientais e socioeconômicos. É uma doença febril infectoparasitária não contagiosa, 
com manifestações episódicas de caráter agudo. 
Epidemiologia: Os grupos mais vulneráveis para doença são as crianças menores de 5 anos de 
idade e gestantes. No Brasil, 99% dos casos estão localizados na região da bacia amazônica. 
Transmissão: É causada pelo protozoário Plasmodium spp. transmitido pela fêmea infectada do 
mosquito Anopheles. A Anopheles darlingi é o gênero mais importante relacionado a patologia e 
se reproduz em criadouros com coleções de água limpa, quente, sombreada e de baixo fluxo. 
Agente etiológico: Há mais de 125 espécies de Plasmodium spp., mas os principais relacionados a 
malária são o P. falciparum (forma grave), P. vivax (mais prevalente no Brasil), P. ovale (África) e P. 
malariae. 
Ciclo biológico: A picada do vetor leva a inoculação de esporozoítos que em 30 minutos invadem 
os hepatócitos. Nos hepatócitos eles se transformam em esquizontes dentro de 8-15 dias que darão 
origem há milhares de merozoítos que rompem os hepatócitos e caem na circulação sanguínea. 
A partir dá, acontece a segunda fase do ciclo chamada de esquizogonia sanguínea a qual é 
sintomática devido ao rompimento das hemácias, tendo picos períodos. 
Agente etiológico 
Fase pré-eritrocítica 
(duração) 
Esquizogonia 
hepática (nº 
merozoítos) 
Hemácia parasitada 
P. vivax 6-8 dias 10.000 jovem 
P. falciparum 5-7 dias 40.000 qualquer idade - 
hiperparasistemia 
P. malarie 13-16 dias 2.000 velha 
O P. vivax tem a forma de hipnozoítos (forma latente no fígado), o que causa maior recidiva a 
doença e mais resistência ao tratamento. 
Efeito fisiológico da virulência do P. falciparum: oclusão da microvasculatura, alteração da 
permeabilidade capilar (edema cerebral), alteração mecânica (deformabilidade das hemácias 
e citoaderência) resultando em fenômenos de Roseta e formação de Knobs. 
Patogenia da doença: a multiplicação dos parasitas leva a destruição dos eritrócitos, causando 
sequestro dessas células e obstrução microvascular. Com isso, há uma resposta inflamatória aguda 
com lesão endotelial e redução da perfusão tecidual, além de lesão celular induzida por 
complexos imunes. Todos esses fatores resultam em anemia, sequestro esplênico, disfunção da 
medula óssea, hemólise induzida por AC, citoaderência e liberação de mediadores como o TNF e 
IL1. Em infecção por P. malariae pode haver glomerulonefrite devido a lesão por complexos 
imunes. 
Manifestações clínicas: no período inicial há síndrome febril com febre alta (41º), calafrio, mal-star, 
cefaleia, cansaço, tremores, fraqueza, mialgia, náuseas, vômitos e diarreia. Em crianças pode 
ocorrer delírio e convulsões Os sinais clínicos envolvem palidez cutânea e esplenomegalia. Com a 
evolução ocorrer síndrome febril periódica devido a lise das hemácias, tendo febre terçã (48h) e 
febre quartil (72h). Se houver múltiplas picadas pode ocorrer mais de um ciclo de esquizogonia, 
em áreas hiperendêmicas. 
Período de incubação 
P. vivax: 10-14 dias 
P. falciparum: 7-11 dias 
P. malarie: 14-28 semanas 
Congênita: 3-8 semanas 
Transfusão: 10 horas 
 
 A malária por P. vivax também pode se complicar, causando anemia, hemorragia, ruptura 
esplênica, malária cerebral, edema pulmonar, e recaídas devido aos hipnozoítos. 
Malária em crianças: normalmente acomete crianças < 5 anos, tendo elevada mortalidade. 
Causa anemia grave em < 2 anos, acidose láctica, malária cerebral (2-4 anos), febre, cefaleia, 
calafrios, tontura, sudorese, mialgia, irritabilidade, náuseas, vômitos, lombalgia, tosse, artralgia, 
diarreia icterícia e convulsões. 
Malária em gestantes: maior risco de aborto no 1º trimestre, mortalidade de 50%, anemia, edema 
pulmonar, hipoglicemia, prematuridade do feto, natimorto, óbito fetal. Para o feto causa baixo 
peso ao nascer e retardo de crescimento intrauterino. 
Sinais de perigo para malária grave 
Hiperpirexia (> 41º C), convulsão, hiperparasistemia (>200.000), vômitos repetidos, oligúria, 
dispneia, anemia intensa, icterícia, hemorragias e hipertensão arterial 
Critérios clínico de gravidade para P. falciparum 
Alteração do nível de consciência → Gasglow <11 (adultos) e Blantyre < 3 (crianças) 
Prostação 
Vários episódios de convulsão (mais que 2 em 24h) 
Icterícia, sangramento, choque 
Edema pulmonar no RX de tórax, saturação O2 < 92% 
Critérios laboratoriais 
Acidose (bicarbonato <15mmol), hiperparasitemia, hipoglicemia (< 40mg/dl) 
Anemia grave (Hb < 7 ou hematócrito < 20%) 
Insuficiência renal aguda → creatina > 3 mg/dl ou ureia > 20 mmol/dl; hiperalbuminemia > 
3mg/dl em parasitemia >100.000 
Diagnóstico: o padrão ouro é o exame direto em gota espessa que permite observar a espécie,a 
carga parasitária e o estágio do plasmócito, mas possui custo elevado. O diagnóstico indireto 
pode ser feito por sorologia por meio do PCR que auxilia para analisar resistência, reinfecção, 
recaídas e recrudescência. O teste rápido pode ser utilizado em locais de difícil acesso. Além disso, 
o fator clínico é muito imprtante, sendo fatores de probabilidade para a patologia febre e relato 
de viagem a area de transmissao, trasnfusão sanguinea previa, verificar se o paciente realizou 
alguma medida de profilaxia e prevenção. 
Diagnóstico diferencial: leptospirose, hepatites, febre amarela, dengue, influenza, infecções de 
vias respiratórias, infecção do trato urinário, febre tifoide. 
Tratamento: vai depender da gravidade da doença, da espécie do plasmódio, idade do paciente 
(toxicidade da medicação), história de exposição anterior a infecção (primoinfectados maior 
chance de forma mais graves) e a susceptibilidade dos parasitas ao antimaláricos convencionais. 
Os objetivos principais incluem a interrupção da esquizogonia sanguínea, destruição de formas 
latentes do parasito no ciclo tecidual (hipnozoítos das espécies P. vivax e P. ovale) e interrupção 
da transmissão do parasita pelo uso de drogas que impedem o desenvolvimento de formas 
sexuadas dos parasitos. 
1. Arilaminoalcoois: quinina, mefloquina, halofantrina e lumefantrina 
2. Aminoquinolinas: cloroquina, amodiaquina, sulfamídicos, primaquina 
3. Peróxido de lactona sesquiterpênica: derivados da artemisina 
4. Nafoquinonas: atovaquqona 
5. Biguanidas: proganil 
6. Antibióticos: tetraciclina, doxiciclina e clindamicina. 
✓ Esquizonticidas tissulares ou hipnozoticida: primaquina 
✓ Esquizonticidas sanguíneos que promovem a cura: cloroquina, quinino, derivados da 
artemisinina mefloquina, halonfantrina, sulfonamidas, tetraciclina 
✓ Gametocidas (bloqueiam a transmissão): aminoquinolonas, quinino e derivados da 
artemisinina 
Drogas que podem ser utilizadas em gestantes: quinino, cloroquina e derivados da artemisinina. É 
contraindicado primaquina e tetraciclina. Durante o aleitamento é contraindicado tetraciclina 
Contraindicações para crianças menos de 8 anos: tetraciclinas, doxiciclina e primaquina (< 6 
meses). 
Necessidade de hospitalização: crianças < 1 ano, idosos com mais de 70 anos, gestantes e 
pacientes imunossuprimidos, além dos pacientes que possuem sinal de perigo para malária grave. 
Tratamento para malária P. falciparum grave: medidas de suporte (UTI), controle da convulsão, 
controle da temperatura, hemotransfusão, hemodiálise e hemofiltração. 
Medidas de controle para a malária: borrifação intradomiciliar de efeito residual, quimioprofilaxia 
para viajantes, investimento no controle da doença, expansão do diagnóstico e manejo clínico, 
entre outros. 
Quimioprofilaxia: reservada para situações específicas como o risco de adoecer de malária grave 
por P falciparum. Previne ou suprime os sintomas causados pelos parasitas. O início do tratamento 
deve ser feito com 1-2 semanas antes da viagem e o término 1-4 semanas após a viagem. É 
utilizado a cloroquina, mefloquina, primaquina,dexiciclina e atovaquone. Não se indica profilaxia 
para viajantes em território nacional devido a prevalência de P. vivax e ampla distribuição de rede 
de diagnostico e tratamento. Pode ser indicada excepcionalmente para viajantes que irão para 
a a Amazonia Legal e permanecerão na região por tempo maior que o período de incubação 
da doença, ou para lugares em que o acesso para diagnostico e tratamento da malária estejam 
a mais de 24 horas de distância.