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Monografia - Original (Professor) (1)

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UNIVERSIDADE PAULISTA 
 
 
 
 
 
KAROLINNE LUCENA E SILVA 
 
 
 
 
 
 
 
DOS CONTRATOS ELETRÔNICOS: DA VALIDADE DO CONSENTIMENTO 
NO AMBIENTE VIRTUAL 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
SÃO PAULO 
2020 
 
 
KAROLINNE LUCENA E SILVA 
 
 
 
 
 
DOS CONTRATOS ELETRÔNICOS: DA VALIDADE DO CONSENTIMENTO 
NO AMBIENTE VIRTUAL 
 
 
 
 
 
 
Trabalho de conclusão de curso para 
obtenção de título de Bacharel em 
Direito apresentado à Universidade 
Paulista - UNIP. 
 
Orientador: Prof. Mestre Eduardo 
Collet e Silva Peixoto. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
SÃO PAULO 
2020 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
CIP - Catalogação na Publicação 
Silva, Karolinne Lucena e. 
 Dos contratos eletrônicos: Da validade do consentimento no ambiente virtual / 
Karolinne Lucena e Silva. - 2020. 
 41 p. 
 
 
 Trabalho de conclusão de curso apresentado ao Instituto de Ciências Jurídicas 
da Universidade Paulista, São Paulo, 2020. 
 Área de concentração: Direito Civil. Orientador: Prof. Eduardo Collet e Silva 
Peixoto. 
 
 
 1. Princípios gerais relevantes ao estudo da contratação eletrônica. 2. Dos 
contratos eletrônicos. 3. Da validade do consentimento no ambiente virtual. I. 
Peixoto, Eduardo Collet e Silva (Orientador). II. Título. 
 
Elaborada pelo Sistema de Geração Automática de Ficha Catalográfica da Universidade 
Paulista com os dados fornecidos pelo(a) autor(a). 
 
 
KAROLINNE LUCENA E SILVA 
 
 
 
 
DOS CONTRATOS ELETRÔNICOS: DA VALIDADE DO CONSENTIMENTO 
NO AMBIENTE VIRTUAL 
 
 
 
 
 
Trabalho de conclusão de curso para 
obtenção de título de Bacharel em 
Direito apresentado à Universidade 
Paulista - UNIP. 
 
Orientador: Prof. Mestre Eduardo 
Collet e Silva Peixoto. 
 
 
 
 
Aprovada em: 
 
BANCA EXAMINADORA: 
 
________________________________________/__/____ 
Prof. Mestre Eduardo Collet e Silva Peixoto 
Universidade Paulista - UNIP 
 
________________________________________/__/____ 
Prof. (a) ______________________________ 
Universidade Paulista - UNIP 
 
 
DEDICATÓRIA 
 
Dedico este trabalho à minha família, amigos e queridos(as) professores(as), 
sem os quais eu jamais teria chegado até aqui. 
 
 
 
AGRADECIMENTOS 
 
Agradeço, em primeiro lugar, à minha querida e amada mãe Maria Mônica, que, 
com muita dificuldade e abdicando de muitas coisas em sua vida pregressa, me criou 
e me apoiou, contribuindo, portanto, com a pessoa que sou hoje. Em segundo lugar, 
às minhas duas irmãs, Jainne e Jakelinne, que, ainda que em meio a tantas brigas, 
nunca deixaram de acreditar no meu potencial. Em terceiro lugar, ao meu professor, 
orientador e, espero, futuro colega de trabalho, Mestre Eduardo Collet que, entre 
tantos contratempos e com muita paciência, não deixou de me prestar assistência. 
Por fim, aos meus queridos amigos Heleno Bezerra, Lucas Emanuel e Paulo Eduardo 
que estiveram comigo nos momentos mais difíceis do curso e com quem dividi alegrias 
e tristezas, e demais pessoas que se fizeram presentes em algum momento dessa 
longa jornada de 5 (cinco) anos. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
RESUMO 
 
O presente trabalho tem por objetivo o estudo sobre a validade do consentimento no 
ambiente virtual, os seus elementos, sua concretização e as consequências caso 
averiguada que essa manifestação de vontade esteja viciada. Antecede a análise do 
objeto a revisão literária de alguns princípios contratuais aplicáveis aos contratos 
eletrônicos, do conceito de contratos celebrados via internet, princípios específicos, 
natureza jurídica, classificação, formação do vínculo e conclusão e as formas 
anômalas ou anormais de extinção. Com este panorama, passa-se ao estudo da 
validade do consentimento emitido em ambiente virtual, tomando por base algumas 
considerações sobre a capacidade jurídica, sobre os elementos de validade dos 
contratos eletrônicos e, por fim, sobre as possíveis consequências jurídicas de uma 
vontade viciada no ambiente virtual. 
 
Palavras-chaves: Contratos eletrônicos. Ambiente virtual. Validade do consentimento. 
Nulidade absoluta e relativa. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ABSTRACT 
 
This work aims to study the validity of consent in the virtual environment, its elements, 
its configuration and the consequences if that manifestation of will is not valid. The 
analysis of the object precedes the literary review of some contractual principles 
applicable to electronic contracts, the concept of contracts concluded via internet, 
specific principles, legal nature, classification, bond formation and conclusion and the 
anomalous or abnormal forms of extinction. With this view, we proceed to the study of 
the validity of the consent issued in a virtual environment, based on some 
considerations about the legal capacity, about the elements of the validity of electronic 
contracts and, finally, about the possible legal consequences of an addicted will in the 
virtual environment. 
 
Key-words: Electronic contracts. Virtual environment. Validity of consent. Absolute and 
relative nullity. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
SUMÁRIO 
 
1. INTRODUÇÃO ...…………………………………....………………………………..... 09 
2. PRINCÍPIOS GERAIS RELEVANTES AO ESTUDO DA CONTRATAÇÃO 
ELETRÔNICA ……………………………………………………………........................ 12 
2.1. Considerações gerais ………………………....………………………................. 12 
2.2. Princípio da autonomia privada de vontade ou da autonomia da vontade . 12 
2.3. Princípio da função social dos contratos ………………....……………………. 13 
2.4. Princípio da boa-fé objetiva …………………………………………………......... 14 
2.5. Princípio da força obrigatória (“pacta sunt servanda”) ………….................. 15 
2.6. Princípio da relatividade dos efeitos do contrato …………….…………......... 16 
3. DOS CONTRATOS ELETRÔNICOS ………………....……………………….......... 17 
3.1. Conceito ……………………………………………....……………………………... 17 
3.2. Princípios específicos ………………………….……………………………......... 18 
3.2.1. Princípio da equivalência funcional dos contratos realizados em meio eletrônico 
com os contratos realizados por meios tradicionais ……........................……………. 18 
3.2.2. Princípio da neutralidade e da perenidade das normas reguladoras do ambiente 
digital ………………………………..........................………………………………....…. 19 
3.2.3. Princípio da conservação e da aplicação das normas jurídicas existentes aos 
contratos eletrônicos ……………………………………...…………………………........ 20 
3.3. Natureza jurídica …………....………………………………………………………. 20 
3.4. Classificação, formação e local da conclusão dos contratos eletrônicos .. 21 
3.4.1. Classificação ……………………………………………………………………...... 21 
3.4.2. Formação e local da conclusão ….…………………………………………......... 23 
3.5. Extinção anormal dos contratos eletrônicos …………………………………... 24 
4. DA VALIDADE DO CONSENTIMENTO NO AMBIENTE VIRTUAL ……..........… 27 
4.1. Breves considerações acerca da capacidade jurídica …………....……......... 27 
4.2. Dos elementos de validade dos contratos eletrônicos …………………….... 28 
4.3. Validade do consentimento no ambiente virtual ……………………….......… 30 
4.4. Da nulidade absoluta e relativa do contrato celebrado na internet ………... 33 
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS ………...…………………………………………........... 36 
6. BIBLIOGRAFIAS E REFERÊNCIAS ..…………………....…………....................... 37 
 
 
9 
 
1. INTRODUÇÃO 
 
Com vias a possibilitar o entendimento do que venha a ser o contrato eletrônico 
e os seus desdobramentos, é necessário tecer, ainda que em linhas gerais, alguns 
pontos marcantes da história acerca de seu surgimento. 
As ciências, no geral, sempre buscam entender a origem das coisas e, 
principalmente, do ser humano, bem como as circunstâncias que as levaram a ser 
como são hoje e quais os possíveis rumos que podem seguir. Não é diferente nas 
ciências jurídicas. As relações do homem com a sociedade e com as coisas vêm 
ficando cadavez mais complexas, uma vez que ele está sempre buscando formas de 
aprimoramento e adaptação às circunstâncias que o cercam. 
Os contratos, por sua vez, são tão antigos quanto o homem. Desde os 
primórdios, é possível verificar que este, em sua forma mais primitiva, já realizava 
atividades negociais em busca de atender às suas necessidades como forma de 
sobrevivência. 
No Direito Romano, em que se deu seu efetivo surgimento1, o contrato era 
tratado como uma espécie de convenção, considerada gênero, e era caracterizado 
por sua formalidade, ao passo que o pacto, outra espécie, era desprovido do rigor 
formalista. Hoje, as nomenclaturas “contrato”, “convenção” e “pacto” são considerados 
sinônimos (GONÇALVES, 2014, p. 22). 
À luz do Iluminismo, Rousseau, filósofo do século XVIII, em sua obra “O 
contrato social” delineou a relação do homem e seus semelhantes através de um 
contrato social, sem o qual não seria possível o homem desfrutar de sua liberdade 
natural, bem-estar e segurança2 (ROUSSEAU, p. 10). 
Saltando um pouco na história, o mundo experimentava ad interim uma das 
guerras mais sangrentas, o holocausto. Nesse contexto, nos idos de 1943, surgiu o 
primeiro computador ou o denominado computador de primeira geração, cujas 
funcionalidades iniciais restringiam-se às simples operações matemáticas de soma e 
subtração, em grande quantidade e em curto período de tempo, criado para fins 
militares. Logo após, entre as décadas de 50 e 70, adveio o computador de segunda 
 
1 VENOSA, 2017, p. 21. 
2 ROUSSEAU, Jean-Jacques. O Contrato Social. Disponível em: 
<http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/cv00014a.pdf>. Acesso em 21 de fevereiro de 2020. 
p. 10. 
 
10 
 
geração, trazendo inovações capazes de, gradativamente, tornar o computador de 
uso pessoal. Isso se tornou possível com a criação dos sistemas operacionais 
Windows, pela Microsoft, representada por Bill Gates, e MacOS, pela Apple, 
representada por Steve Jobs in memoriam, dando-se origem ao computador de 
terceira geração (ZANATTA, 2018, p. 03). 
A Internet, elemento essencial do estudo, surgiu no contexto da Guerra Fria 
(1947-1991) e é entendida como um ambiente, em escala global, através do qual 
pessoas de diversos cantos do mundo se comunicam e trocam informações (JÚNIOR, 
2001, p. 20). 
Surge, então, um novo desafio para o Direito: a necessidade de 
regulamentação jurídica para este novo fenômeno, seja por meio de hermenêutica 
jurídica (interpretação por extensão da norma já existente, por princípios, etc.), por 
meio da criação de uma nova área ou pela criação de lei. 
No Brasil, apenas para mencionar, algumas leis foram criadas para este fim 
como a Lei nº 9.609/1998 (Proteção da Propriedade Intelectual do Programa de 
Computador), a Lei nº 9.610/19983 (Direitos autorais e outras providências), a Lei nº 
12.965/2014 (Marco Civil da Internet) e a Lei nº 13.709/2018 (Lei Geral de Proteção 
de Dados Pessoais), essa última recentemente modificada pela Lei nº 13.853/2019 
(antiga Medida Provisória nº 869/2018). 
No âmbito internacional, pode-se citar a Lei Modelo da UNCITRAL (United 
Nation Commission on International Trade Law) sobre Comércio Eletrônico, criada em 
1996, nos Estados Unidos, com o objetivo de estabelecer regras internacionalmente 
aceitáveis, facilitando, portanto, a comercialização eletrônica4 através da qual 
reconhece-se a existência dos contratos eletrônicos. 
Em questão de doutrina, é possível verificar a preocupação de juristas ao 
começarem a escrever sobre contratos eletrônicos, dentre eles, Sheila do Rocio 
Cercal Santos Leal e Paulo Sá Elias5. Patrícia Peck, por exemplo, começou a 
 
3 “Art. 7º - São obras intelectuais protegidas as criações do espírito, expressas por qualquer meio ou 
fixadas em qualquer suporte, tangível ou intangível, conhecido ou que se invente no futuro, tais como: 
(...) XII - os programas de computador” (AUTORAIS, 1998). 
4 UN, Uncitral. “UNCITRAL Model Law on Electronic Commerce (1996) with additional article 5 bis as 
adopted in 1998”. Publicado em 12 de junho de 1996. Disponível em: 
<https://uncitral.un.org/en/texts/ecommerce/modellaw/electronic_commerce>. Acesso em 26 de 
fevereiro de 2020. 
5 ELIAS, Paulo Sá. Contratos eletrônicos e a formação do vínculo – São Paulo: Lex Editora, 2008. 
Volume único. 
 
11 
 
desenvolver suas obras sobre Direito Digital, abordando assuntos como proteção de 
dados pessoais e crimes cibernéticos. 
Ao verificar o entendimento de PATRICIA PECK GARRIDO PINHEIRO6 sobre 
Direito Digital, evidencia-se que a Internet afeta o Direito como um todo, até mesmo o 
Direito Civil. Isto, porque os negócios foram se expandindo, dando origem ao comércio 
eletrônico, passando-se a contratar através dos computadores. 
O objetivo será verificar a validade do consentimento em uma contratação feita 
pela rede mundial de computadores, analisando quando esta ocorre e qual o caminho 
a ser trilhado caso haja algum vício. 
Para tanto, a metodologia adotada é de revisão literária dos princípios gerais e 
conceitos clássicos dos contratos, bem como de algumas obras que tratam da 
contratação eletrônica; haverá também consulta à legislação pertinente. 
 Inicialmente, serão trazidos à tona alguns princípios clássicos do Direito Civil 
que norteiam as contratações em geral, os quais não deixam de ser aplicados nos 
contratos eletrônicos. 
 Na sequência, há de ser feita a conceituação de contratos eletrônico, partindo 
do conceito de contrato em geral, passando por seus princípios específicos, natureza 
jurídica, definindo quem são as partes que compõem a relação contratual - a depender 
da classificação -, como se dá a formação do vínculo, conclusão e extinção. 
 Por fim, o foco será direcionado à validade do consentimento no ambiente 
virtual e seus efeitos no que diz respeito à invalidade, fazendo breves considerações 
acerca da capacidade jurídica e dos elementos de validade dos negócios jurídicos. 
 Boa leitura! 
 
 
 
 
 
 
 
6 “O Direito Digital consiste na evolução do próprio Direito, abrangendo todos os princípios 
fundamentais e institutos que estão vigentes e são aplicados até hoje, assim como introduzindo novos 
institutos e elementos para o pensamento jurídico, em todas as suas áreas (Direito Civil, Direito Autoral, 
Direito Comercial, Direito Contratual, Direito Econômico, Direito Financeiro, Direito Tributário, Direito 
Penal, Direito Internacional etc.)”. PINHEIRO, 2013, p. 46. 
 
12 
 
2. PRINCÍPIOS GERAIS RELEVANTES AO ESTUDO DA CONTRATAÇÃO 
ELETRÔNICA 
 
2.1. Considerações gerais 
 
O Brasil filiou-se à escola Civil Law7 e, por óbvio, sua principal fonte de direito 
é lei, sendo esta uma fonte escrita. São outras fontes escritas a jurisprudência e a 
doutrina. Como fontes não escritas, temos os costumes e os princípios. 
 Na omissão da lei, a Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro, em seu 
artigo 4º, determina que “Quando a lei for omissa, o juiz decidirá o caso segundo a 
analogia, os costumes e os princípios gerais de direito” (LINDB, 1942, art. 4º). 
Em que pese a lei ser a principal fonte de aplicação do Direito ao caso concreto, 
nota-se que é possível usar de outros meios que não a norma. 
Os princípios, como fonte do Direito, são, para MIGUEL REALE8, “(...) 
enunciações normativas de valor genérico, que condicionam e orientam a 
compreensão do ordenamento jurídico, quer para a sua aplicação e integração, quer 
para a elaboração de novas normas”. 
Para o jurista e filósofo, alguns princípios são tão importantes a ponto do 
legislador lhes conferir força de lei. No plano constitucional, isso fica evidente quando 
tratamos do princípio da igualdade e da dignidade da pessoa humana. 
 
2.2. Princípio da autonomia privada9 ou da autonomia da vontade 
 
 
7 CAMPOS, Fernando Teófilo. “Sistemas de Common Law e Civil Law: conceitos, diferenças e 
aplicações”. Publicado em dezembro de 2017. Disponível em: 
<https://jus.com.br/artigos/62799/sistemas-de-common-law-e-de-civil-law-conceitos-diferencas-e-aplicacoes>. Acesso em 27 de fevereiro de 2020. 
8 REALE, Miguel. Lições preliminares de Direito. - 25ª ed. - São Paulo: Saraiva, 2001. p. 300. 
9 Este princípio recebe diversas denominações. FLÁVIO TARTUCE (Manual de Direito Civil. – 7ª ed. 
– São Paulo: Método, 2018. Volume único. p. 587) e CRISTIANO VIEIRA SOBRAL PINTO (Direito civil 
sistematizado. - 7ª ed. rev. atual. e ampl. - São Paulo: Juspodivm, 2016. Volume único. p. 192) o tratam 
com a nomenclatura de “autonomia privada”. Tartuce e Sobral buscam esclarecer a utilização do termo 
diferenciando a “liberdade de contratar”, inerente à “liberdade de regular os seus próprios interesses”, 
da “liberdade contratual”, está voltada ao objeto da relação jurídica, na qual os sujeitos contratantes 
encontram limitações à vida negocial. 
 
13 
 
Os contratos são formas de negócio jurídico indispensáveis à consagração da 
dignidade humana. Isso resulta da necessidade que o homem tem de haver para si 
aquilo que é essencial ou, tão somente, deseja. 
Neste sentido, a manifestação de vontade é vital para a celebração de um 
contrato. Essa manifestação decorre da liberdade que o indivíduo detém para escolher 
se deseja contratar, com quem e sobre o que quiser. 
Essas características, especialmente no que tange à esfera patrimonial, foram 
claramente percebidas após a Revolução Francesa e o surgimento dos direitos de 
primeira geração em que a ingerência estatal sobre a pessoa foi minorada 
consideravelmente (GONÇALVES, 2014, p. 33). 
Com relação à nomenclatura, Flávio Tartuce defende a preferência da 
expressão “autonomia privada” à “autonomia da vontade”, pois a vontade, embora 
importante, é mitigada por outros fatores que compõem o contrato (TARTUCE, 2018, 
p. 589). 
Essa relativização dos fundamentos contratuais é senso comum entre, pelo 
menos, Venosa, Gonçalves e Tartuce, por exemplo, acerca da necessidade de se 
obedecer à função social do contrato, nos moldes do artigo 421 do Código Civil de 
2002, ipsis litteris: “A liberdade de contratar será exercida em razão e nos limites da 
função social do contrato”. 
Assim, é possível concluir que o princípio da autonomia privada ou princípio da 
autonomia da vontade é a faculdade da parte em autonormatizar seus interesses, 
limitando-se, entretanto, às normas de ordem pública. 
 
2.3. Princípio da função social dos contratos 
 
Os contratos têm como atributo clássico, derivado da liberdade individual, o 
propósito de estabelecer regras a serem observadas pelas partes. Essas regras, 
contudo, devem ser sopesadas em atenção aos interesses sociais que transcendem 
a relação negocial. 
 
14 
 
 Portanto, cabe ao juiz, eventualmente, adequar alguma cláusula contratual 
dissonante dos interesses sociais. Essa análise deve levar em consideração, por 
exemplo, o momento histórico do país (VENOSA, 2017, p. 30). 
 Nessa esteira, Sílvio de Salvo Venosa aponta a importância de se interpretar a 
disciplina civilista à luz da constituição, especialmente no tocante à função social do 
contrato, senão vejamos: 
 
(...) a função social do contrato, preceito de ordem pública, encontra 
fundamento constitucional no princípio da função social do contrato lato sensu 
(arts. 5º, XXII e XXIII, e 170, III), bem como no princípio maior de proteção da 
dignidade da pessoa humana (art. 1º, III), na busca de uma sociedade mais 
justa e solidária (art. 3º, I) e da isonomia (art. 5º, caput). Isso, repita-se, em 
uma nova concepção do direito privado, no plano civil-constitucional, que 
deve guiar o civilista do nosso século, seguindo tendência de personalização 
(VENOSA, 2017, p. 31). 
 
Por fim, depreende-se que o caráter estritamente individual do negócio jurídico 
em comento perde força, passando-se a ter, necessariamente, finalidade coletiva, o 
que relativiza, consequentemente, a força obrigatória dos pactos. 
 
2.4. Princípio da boa-fé objetiva 
 
 Dispõe o artigo 422 do nosso códex civil: “Os contratantes são obrigados a 
guardar, assim na conclusão do contrato, como em sua execução, os princípios de 
probidade e boa-fé”. 
A boa-fé impõe que as partes, em todas as fases do contrato, desde as 
tratativas até a execução, comportem-se de forma correta, ética, com a postura que 
se espera de um homem médio, pautadas nos usos e costumes do local, não 
podendo-se valer da própria torpeza10. Estamos tratando, portanto, da boa-fé objetiva 
(GONÇALVES, 2014, p. 41). 
Este princípio guarda relação com a interpretação da conduta das partes ao 
celebrarem o contrato e a atuação do magistrado, analisando, entre outras coisas, a 
condição sociocultural dos contratantes e o momento histórico-econômico em que foi 
elaborado (VENOSA, 2017, p. 29-30). 
 
10 “Art. 3º - Ninguém se escusa de cumprir a lei, alegando que não a conhece” (LINDB, 1942). 
 
15 
 
Todavia, essa boa-fé é relativamente presumida (“juris tantum”), cabendo, 
portanto, prova em contrário daquele que alega má-fé (GONÇALVES, 2014, p. 41). 
A boa-fé objetiva não se confunde com a boa-fé subjetiva, pois esta se trata do 
entendimento do sujeito, motivado por fatores morais, daquilo que entende ser certo, 
adstrito ao campo putativo (imaginário), acreditando, pois, estar agindo em 
conformidade com o direito. Sendo assim, a boa-fé objetiva é uma regra de 
comportamento a ser observada pelos contratantes, ao passo que a boa-fé subjetiva 
diz respeito à intenção do sujeito (GONÇALVES, 2014, p. 42). 
 
2.5. Princípio da força obrigatória (“pacta sunt servanda”) 
 
 A segurança jurídica é requisito indissociável do Estado Democrático de Direito. 
Também por isso, existe a obrigatoriedade de se respeitar o teor de um contrato 
entabulado por particulares ou não. 
Se assim não fosse, a desordem estaria estabelecida, motivo pelo qual o 
ordenamento pátrio oferece formas de se obrigar o contratante a cumprir o acordado 
ou a indenizar por eventuais perdas e danos decorrentes do descumprimento 
(VENOSA, 2017, p. 29). 
Segundo Tartuce, o princípio da força obrigatória do contrato decorre: 
 
(...) da ideia clássica de autonomia da vontade, a força obrigatória dos 
contratos preconiza que tem força de lei o estipulado pelas partes na avença, 
constrangendo os contratantes ao cumprimento do conteúdo completo do 
negócio jurídico” (TARTUCE, 2018, p. 597). 
 
 Diferente do que era no Direito Romano, no qual prevalecia o “pacta sunt 
servanda”, esta regra deve ser ponderada em conjunto com outros fatores que, hoje, 
integram os negócios jurídicos, por exemplo, a função social dos contratos e a boa-fé 
objetiva (TARTUCE, 2018, p. 598). 
Concluindo, a partir dessa análise comunitária, é possível dizer que, apesar do 
previsto no ordenamento pátrio e em razão da segurança jurídica e do próprio Direito, 
o princípio da força obrigatória passou a ser visto com outros olhos, constituindo, para 
Tartuce, uma “(...) exceção à regra geral da socialidade, secundária à função social 
do contrato, princípio que impera dentro da nova realidade do direito privado 
contemporâneo” (TARTUCE, 2018, p. 598). 
 
16 
 
 
2.6. Princípio da relatividade dos efeitos do contrato 
 
 O referido princípio presume que o contrato só produzirá efeitos em relação às 
partes (“inter partes”), não afetando, portanto, terceiros. Acontece que, em 
decorrência da função social dos contratos, prevista no artigo 421 do Código Civil, e 
da supremacia da ordem pública, restringe-se a atuação dos agentes de modo que 
sua liberdade de contratar não seja absoluta, resguardando eventuais interesses de 
pessoas estranhas à relação jurídica (GONÇALVES, 2014, p. 37). 
 A título de exemplo, temos o contrato de compra e venda de bem imóvel, cuja 
propriedade só se transfere com o registro do título aquisitivo no Cartório de Registro 
de Imóveis, de acordo com o artigo 1.245 do nosso diploma civil. 
 O registro se faz necessário para levar ao conhecimento de toda a sociedade 
(“erga omnes”), inclusive, de eventual credor cujotítulo tenha sido constituído antes 
do registro, configurando a venda, nesse caso, fraude contra credores ou à execução. 
Para a realização de tal negócio, é prudente que sejam emitidas todas as certidões 
(trabalhistas, federais, municipais) em nome das partes. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
17 
 
3. DOS CONTRATOS ELETRÔNICOS 
 
3.1. Conceito 
 
Inicialmente, precisa-se ter em mente que o contrato, de maneira geral, 
necessita da manifestação livre e espontânea de duas ou mais pessoas, 
configurando-se um negócio jurídico bilateral, cujo objetivo é a criação, modificação 
ou extinção de direitos e deveres de cunho patrimonial11. A título de exemplificação, 
Tartuce faz questão de destacar que já que o contrato tem como característica a 
patrimonialidade de seu objeto, logo o casamento não seria um contrato, vez que mais 
do que patrimônio, o casamento reflete a comunhão da vida entre duas pessoas 
ligadas pelo vínculo de afetividade (TARTUCE, 2018, p. 572-573). 
Em sentido similar, CRISTIANO VIEIRA SOBRAL PINTO conceitua como “O 
acordo de vontades ou negócio jurídico, entre duas ou mais pessoas (físicas ou 
jurídicas) com finalidade de adquirir, resguardar, modificar, ou extinguir direitos de 
natureza patrimonial” (PINTO, 2016, p. 191). 
Para que o contrato se configure como tal, Tartuce12 destaca dois elementos 
apontados por Maria Helena Diniz, quais sejam, a alteridade (a existência de pelo 
menos duas pessoas) e composição de interesses (contrapostos, mas 
harmonizáveis). 
A bilateralidade deste negócio jurídico não se confunde com a manifestação 
dos contratantes, que poderá ser unilateral (uma única vontade - ex. testamento), 
bilateral (duas manifestações de vontade - ex. compra e venda) e plurilateral (várias 
manifestações de vontade - ex. contrato social de uma sociedade de advogados) 
(PINTO, 2016, p. 191). 
É com a manifestação que fixar-se-á o objeto da relação contratual, o que, por 
óbvio, deverá ser lícito, bem como o preço (o valor do objeto, seja de um bem ou da 
prestação de um serviço), o prazo (termo inicial e termo final), as condições (a forma 
pela qual se executará) e a forma de pagamento (VENOSA, 2017, p. 22). 
O contrato eletrônico, por sua vez, é de difícil conceituação. A doutrinadora 
Sheila do Rocio, ao trazer em sua obra conceitos formulados por estudiosos no âmbito 
 
11 “(...) bens jurídicos que apresentem utilidade econômica para o homem e que são tutelados pela 
ordem jurídica” (LEAL, 2009, p. 140) 
12 TARTUCE, 2018, p. 572. 
 
18 
 
internacional, entendeu que eletrônico seria apenas o meio pelo qual as partes 
manifestam e instrumentalizam/concretizam as suas vontades, sendo este meio o 
computador ou equipamento equivalente. Nas palavras de SEMY GLANZ, “Contrato 
eletrônico é aquele celebrado por meio de programas de computador ou de aparelhos 
com tais programas” (LEAL, 2009, p. 79). 
Para ela, este não se confunde com outros contratos, cujo objeto está 
direcionado ao ambiente virtual, tais como os de fornecimento de conteúdos a 
Websites, de desenvolvimento de Websites, de criação e veiculação de anúncios 
publicitários em Internet e de compra e venda de domínios de Internet (LEAL, 2009, 
p. 80). 
Há outra distinção importante feita em sua obra que diz respeito aos contratos 
concluídos e executados através do computador. No primeiro, o computador é uma 
ferramenta que intervém no processo da formação da relação jurídica, ao passo que 
no segundo é apenas o meio pelo qual se executará o acordo previamente ajustado 
(LEAL, 2009, p. 80). 
Conclui-se que o contrato eletrônico é aquele cujas partes usam a rede mundial 
de computadores para manifestarem, preponderantemente, o consentimento em 
firmar contrato cujo objeto que tenha finalidade patrimonial. 
 
3.2. Princípios específicos 
 
Após uma breve releitura dos princípios norteadores das contratações em 
geral, serão analisados três princípios pertinentes ao contrato realizado em ambiente 
virtual. 
 
3.2.1. Princípio da equivalência funcional dos contratos realizados em meio eletrônico 
com os contratos realizados por meios tradicionais 
 
Dispõe o artigo 5º da Lei Modelo da UNCITRAL sobre comércio eletrônico, em 
tradução: “(...) não se negarão efeitos jurídicos, validade ou eficácia à informação 
apenas porque esteja na forma de mensagem eletrônica”13. 
 
13 UN, Uncitral. “UNCITRAL Model Law on Electronic Commerce (1996) with additional article 5 bis as 
adopted in 1998”. Publicado em 12 de junho de 1996. Disponível em: 
 
19 
 
Extrai-se dessa regra que não se pode deixar de conferir validade ao contrato 
pelo fato de este ter sido realizado na Internet, devendo, dessa maneira, ser 
equiparado. 
O Ministro do Superior Tribunal de Justiça, Paulo de Tarso Sanseverino, relator 
do Recurso Especial nº 1.495.92014, em decisão relativamente recente, equiparou o 
contrato digital aos acordos entabulados em papel físico. Tratava-se de uma ação de 
execução de título extrajudicial pautado em um contrato firmado pela Internet. 
Sanseverino entendeu que, apesar de não constar na legislação processual civil 
contrato eletrônico como título executivo extrajudicial e não possuir a assinatura de 
testemunhas, há validade e autenticidade “(...) porque reiteradamente celebrado nos 
dias atuais, e, ainda, por corporificar obrigação de pagar líquida, certa e exigível e, 
especialmente, porque fazem as vezes das testemunhas a certificação pelo ICP (...)”. 
Em apertada síntese, visa-se, com este princípio, o tratamento igualitário entre 
os contratos realizados por meios convencionais (escritos, verbais ou tácitos) e pelo 
computador, conferindo-lhes os mesmos efeitos jurídicos (LEAL, 2009, p. 89-90). 
 
3.2.2. Princípio da neutralidade e da perenidade das normas reguladoras do ambiente 
digital 
 
O mundo está em constante transformação e assim é a tecnologia ao, 
constantemente, criar novas ferramentas que facilitem ainda mais o processamento e 
compartilhamento de informações, reduzindo custos e tempo para que isso ocorra. 
Acontece que há a necessidade de o Direito acompanhar as mudanças sociais, 
culturais, econômicas e tecnológicas de modo a adequar a aplicação da norma aos 
fatos jurídicos que nos cercam. 
Ante o célere processo que se dá esse avanço, implicaria dizer, de certo modo, 
que deveria ocorrer a modificação das regras atinentes ao comércio eletrônico e 
ambiente digital o tempo todo. Para que isso não aconteça e como forma de conferir 
certa segurança jurídica, essas regras deverão ser perenes, quer dizer, constantes, 
devendo, contudo, manterem-se atualizadas (LEAL, p. 90-91). 
 
<https://uncitral.un.org/sites/uncitral.un.org/files/media-documents/uncitral/en/19-04970_ebook.pdf>. 
Acesso em 26 de fevereiro de 2020. p. 32. 
14 OLIVEIRA, Mariana. “STJ reconhece a validade de contratos digitais para execução de dívida”. 
Publicado em 18 de maio de 2018. Disponível em: <https://www.conjur.com.br/2018-mai-18/stj-
reconhece-validade-contratos-digitais-executar-divida>. Acesso em 10 de março de 2020. 
 
20 
 
Deverão, por fim, ser neutras, não podendo criar barreiras à entrada de novas 
tecnologias (vide artigo 13 da Lei Modelo da Uncitral15). 
 
3.2.3. Princípio da conservação e aplicação das normas jurídicas existentes aos 
contratos eletrônicos 
 
Conforme dito alhures, o contrato eletrônico assim se chama em razão do 
ambiente em que é formado, não implicando em mudança substancial deste em 
comparação com os demais contratos típicos (LEAL, 2009, p. 91). 
Ainda que o Direito esteja caminhando para se adaptar a esta nova realidade 
de contratação, por meio de nova regulação, entende-se que aplicar-se-ão as regras 
vigentes aos contratos celebrados via Internet tal qual se aplica aos demais, seja o 
Código Civil, seja o Código de Defesa do Consumidor, quando se tratar de relação de 
consumo (LEAL, 2009, p. 93). 
 
3.3. Natureza jurídica 
 
O contratoeletrônico é meio pelo qual as partes se manifestam e concretizam 
suas vontades, ou seja, pela rede mundial de computadores. Significa dizer que o 
contrato continua sendo contrato, mudando, apenas, a forma pela qual ele se 
concretiza. Nesse sentido: 
 
Os contratos eletrônicos não devem ser considerados um novo tipo ou uma 
nova categoria autônoma de contrato, mas tão-somente uma nova tecnologia 
de formação contratual. Sob tal perspectiva, não haveria qualquer inovação 
substancial pertinente aos requisitos de validade dos contratos eletrônicos e 
à sua aceitação jurídica como meio de prova (TJSP, Ap 0027833-
36.2013.8.26.0196, j. 28.05.2014, rel. Des. Spencer Almeida Ferreira)16. 
 
 
15 “(...) Paragraph (2) is not intended to displace the domestic law of agency, and the question as to 
whether the other person did in fact and in law have the authority to act on behalf of the originator is left 
to the appropriate legal rules outside the Model Law” (UNCITRAL, 1996, p. 49). 
16 BRASIL, Jus. Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo TJ-SP - Apelação: 0027833-
36.2013.8.26.0196 - Inteiro Teor. Disponível em: <https://tj-
sp.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/122641246/apelacao-apl-278333620138260196-sp-0027833-
3620138260196/inteiro-teor-122641255?ref=juris-tabs>. Acesso em 1º de março de 2020. 
https://tj-sp.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/122641246/apelacao-apl-278333620138260196-sp-0027833-3620138260196
https://tj-sp.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/122641246/apelacao-apl-278333620138260196-sp-0027833-3620138260196
 
21 
 
Em sentido semelhante, SHEILA DO ROCIO17 diz que “(...) o contrato (...) 
passou a ser realizado por meio novo, mediante a utilização de computadores. Este 
fato, por si só, não altera substancialmente a natureza jurídica das relações 
contratuais”. 
A ilustre PATRICIA PECK18, ao tratar da concessão de licença de uso, diz que 
“(...) a licença é dispositivo capaz de autorizar o uso do software, pois ela é uma 
manifestação de vontade dentro dos parâmetros legais exigidos. Além disso, com a 
aceitação do termo, aí sim surge a bilateralidade do negócio jurídico”. 
Tudo para dizer que o contrato eletrônico não deixa de ter natureza jurídica 
bilateral, o que quer dizer que é imprescindível o encontro de vontades dos 
contratantes. 
 
3.4. Classificação, formação e local da conclusão dos contratos eletrônicos 
 
 Além da classificação contratual doutrinária, os contratos digitais possuem 
divisão própria, bem como formam-se e concluem-se de forma diferenciada. 
À vista disso, será possível verificar o surgimento de novas figuras contratantes 
e como o momento em que ocorre a declaração de vontade muda a depender da 
classificação. 
 
3.4.1. Classificação 
 
 Os contratos eletrônicos classificam-se quanto à natureza jurídica da relação e 
quanto ao nível de interação do homem com a máquina (FLOR, 2010, p. 85; LEAL, 
2009, p. 82). 
 Antes de adentrar ao mérito da classificação, insta destacar que no 
entendimento de Sheila do Rocio, por falta legislação específica, os contratos firmados 
eletronicamente estariam na categoria de contratos atípicos (LEAL, 2009, p. 82). 
 Quanto à natureza jurídica da relação, há quatro espécies. A primeira delas é 
o contrato business to business (b2b), que versa sobre relações comerciais entre duas 
ou mais empresas. A segunda diz respeito ao business to consumer (b2c), que se 
 
17 LEAL, 2009, p. 91. 
18 PINHEIRO, 2013, p. 97. 
 
22 
 
traduz em uma relação de consumo estabelecida entre consumidor e fornecedor, 
aderindo o consumidor às cláusulas preestabelecidas em sítio eletrônico (contrato de 
adesão). Por sua vez, o contrato business to government (b2g) diz respeito às 
transações virtuais realizadas entre um particular e o Poder Público (ex. licitações 
eletrônicas). Por derradeiro, as contratações consumer to consumer (c2c) 
representam as relações pessoais, estas regidas pelo diploma civil (FLOR, 2010, p. 
85). 
 De outro norte, as avenças firmadas por meio digital poderão ser especificadas 
quanto à interação do homem com um computador. 
Os contratos intersistêmicos são firmados no âmago das relações comerciais, 
entre sistemas aplicativos programados em momento anterior, momento esse em que 
já houve as tratativas das partes. Nessa modalidade, em razão dos contratantes já 
terem consentido, ausente é a ação humana quando é feita a troca de informações 
entre os sistemas, realizada comumente por um “Eletronic Data Interchange” 
(Intercâmbio Eletrônico de Dados) (LEAL, 2009, p. 82-85; REVISTA DO ADVOGADO, 
2012, p. 09). 
 Os contratos interpessoais, por seu turno, são conhecidos por sua realização 
via sistemas de correspondência eletrônica, geralmente por e-mail, por pessoas 
físicas ou jurídicas. Possui similaridade à carta elaborada por meio físico e enviada 
pelo correio convencional. Ainda sobre esta modalidade, pode-se dizer que estes 
serão simultâneos quando os sujeitos se manifestarem em curto período de tempo, 
quer dizer, ambos estão habilitados em um servidor de videoconferência ou chat on-
line; e não simultâneos19, quando a manifestação acontecer em um intervalo maior de 
tempo, o que é o caso da correspondência eletrônica (LEAL, 2009, p. 85-86; REVISTA 
DO ADVOGADO, 2012, p. 10). 
 Por último e não menos importante, os contratos interativos são aqueles em 
que há a interação da pessoa humana, também denominada internauta, com um 
computador e consequentemente com um sistema, o que usualmente se vê em lojas 
 
19 Sobre os contratos não simultâneos, insta salientar que estes também são tidos como contrato entre 
ausentes, inserido no artigo 434 do Código Civil, caracterizado pela ausência de instantaneidade, ou 
seja, o período de tempo entre a emissão da proposta pelo proponente/policitante/ofertante e da 
resposta pelo aceitante/oblato. JURÍDICO, Âmbito. “Do momento da formação do contrato”. Caderno 
de Direito Civil. Publicado em 31 de maio de 2007. Disponível em: 
<https://ambitojuridico.com.br/edicoes/revista-118/contratos-eletronicos-e-sua-validade-juridica/>. 
Acesso em 21 de fevereiro de 2020. 
 
23 
 
virtuais de produtos, serviços e informações, caracterizando-se em uma relação 
consumerista (LEAL, 2009, p. 86-88; REVISTA DO ADVOGADO, 2012, p. 10-11). 
 
3.4.2. Formação e local da conclusão 
 
A formação dos contratos eletrônicos se dá em três fases. A primeira delas é a 
fase das tratativas ou negociações preliminares, ou ainda a fase de puntuação. Nesta 
fase há conversações, debates, sondagens e como não houve manifestação de 
vontade, bem como não há qualquer regulação pela legislação civil, não vincula as 
partes e, via de regra, não gera nenhuma responsabilização. Apesar disso, Tartuce e 
Gonçalves, em suas respectivas obras, alertam sobre eventual responsabilidade civil 
extracontratual20 com base no princípio da boa-fé, em virtude de ter gerado eventual 
legítimo interesse em contratar (GONÇALVES, 2014, p. 55-56; TARTUCE, 2018, p. 
619; LEAL, 2009, p. 110). 
Sendo assim, a formação do vínculo iniciar-se-á com a oferta ou a proposta 
que, uma vez revestida de seriedade e com informações claras e exatas, por si só, 
vincula21, pois o objetivo é proteger aquele que, de boa-fé, acredita na conclusão do 
negócio. Deixará, todavia, de ser obrigatória a proposta nas hipóteses elencadas no 
artigo 42822 do Código Civil Brasileiro (LEAL, 2009, p. 110-112). 
Na fase final, da aceitação ou oblação, o aceitante/oblato concorda com as 
condições apresentadas na oferta/proposta/policitação, ficando as partes vinculadas 
e firmado o contrato (LEAL, 2009, p. 113-115). 
Com o advento da Internet, perde-se a noção geográfica, uma vez que através 
da rede mundial de computadores, pessoas de diversos cantos do mundo podem se 
 
20 NUNES, Marcelo Porpino. “O regime de responsabilidade civil no novo Código Civil”. Publicado em 
7 de fevereiro de 2011. Disponível em: <https://www.migalhas.com.br/depeso/126063/o-regime-de-
responsabilidade-civil-no-novo-codigo-civil>.Acesso em 15 de março de 2020. 
21 “Art. 427. A proposta de contrato obriga o proponente, se o contrário não resultar dos termos dela, 
da natureza do negócio, ou das circunstâncias do caso” (CIVIL, 2002). 
 “Art. 30. Toda informação ou publicidade, suficientemente precisa, veiculada por qualquer forma ou 
meio de comunicação com relação a produtos e serviços oferecidos ou apresentados, obriga o 
fornecedor que a fizer veicular ou dela se utilizar e integra o contrato que vier a ser celebrado” 
(CONSUMIDOR, 1990). 
22 “Art. 428. Deixa de ser obrigatória a proposta: I - se, feita sem prazo a pessoa presente, não foi 
imediatamente aceita. Considera-se também presente a pessoa que contrata por telefone ou por meio 
de comunicação semelhante; II - se, feita sem prazo a pessoa ausente, tiver decorrido tempo suficiente 
para chegar a resposta ao conhecimento do proponente; III - se, feita a pessoa ausente, não tiver sido 
expedida a resposta dentro do prazo dado; IV - se, antes dela, ou simultaneamente, chegar ao 
conhecimento da outra parte a retratação do proponente”. 
 
24 
 
comunicar exatamente de onde estão. Nesta senda, fica difícil visualizar de onde está 
partindo a relação jurídica e pior, qual lei será aplicada. 
Visando dirimir a questão, Sheila do Rocio estabelece o local da conclusão do 
contrato interpessoal, que será onde foi realizada a proposta23, e no contrato 
interativo, considerar-se-á o local do domicílio ou do estabelecimento das partes (vide 
artigo 15 da Lei Modelo da UNCITRAL). À míngua de informações sobre o domicílio 
ou estabelecimento dos envolvidos, será considerado o local onde está inserida a rede 
mundial de computadores (LEAL, 2012, p. 117-118; REVISTA DO ADVOGADO, 2012, 
p. 15-16). 
 
3.5. Extinção anormal dos contratos eletrônicos 
 
 A obrigação é criada para ter começo, meio e fim e não para se perpetuar ad 
eternum. A regra é que os contratos sejam extintos pelas vias normais, mediante o 
cumprimento da obrigação avençada ou, se de trato sucessivo, quando findo o termo 
final. 
Por outro lado, a extinção poderá acontecer de forma inesperada, por vias 
anormais, o que poderá ocorrer por causas anteriores ou contemporâneas ou por 
fatores supervenientes. As causas anteriores ou contemporâneas condizem com os 
defeitos presentes no momento da formação do contrato, ao passo que os fatores 
supervenientes surgem após a sua formação (FLOR, 2010, p. 92; TARTUCE, 2018, 
p. 653-654). 
 Nas causas anteriores ou contemporâneas à celebração do contrato, 
destacam-se duas situações: a primeira delas é a hipótese de invalidade contratual, 
que ocorre quando há a presença de irregularidades desde a sua formação, 
decretando-se a nulidade (ação de natureza declaratória e com efeito ex tunc), quando 
se tratar de defeito mais grave, ou a anulabilidade (ação de natureza desconstitutiva 
e com efeito ex nunc)24, quando o defeito for mais brando. A segunda seria a 
 
23 “Art. 435. Reputar-se-á celebrado o contrato no lugar em que foi proposto” (CIVIL, 2002). 
24 TARTUCE, 2018, p. 283-286 e 290-291; PEIXOTO, 2009, p. 77; CERS, 2015. 
 
25 
 
extinção25 em virtude de lesão26 ou vício de produto27, no caso, no contexto de uma 
relação de consumo estabelecida em lojas virtuais, conhecida por e-commerce ou 
comércio eletrônico (FLOR, 2010, p. 93-94; TARTUCE, 2018, p. 654-655). 
 No tocante aos fatores supervenientes, insta mencionar três deles, sendo o 
primeiro a resilição28 que, se unilateral, operar-se-á por meio de denúncia e notificação 
à parte contrária, e se bilateral, ocorrerá distrato29, o qual deverá atender aos mesmos 
requisitos de um contrato, podendo ser feito, entretanto, de forma adversa ao da 
avença (ex. relação de consumo que se firmou por meio de contrato de adesão findar-
se por e-mail). O segundo fator diz respeito ao direito de arrependimento30, previsto 
no artigo 49 do Código de Defesa do Consumidor, o qual poderá ser exercido em até 
7 (sete) dias, a contar da assinatura ou do recebimento do produto ou serviço, e no 
artigo 420 do Código Civil Brasileiro31. Como último fator, existe a resolução 
contratual, que poderá ser convencional ou legal, sendo a convencional estabelecida 
 
25 A nomenclatura adotada pela autora é de “rescisão contratual” por lesão ou vício do produto. Flávio 
Tartuce utiliza rescisão como gênero e resilição e resolução como espécies. Já Caio Mário da Silva 
Pereira refere-se à rescisão como uma das formas especiais de término da relação contratual. (FLOR, 
2010, p. 92; TARTUCE, 2018, p. 655; PEREIRA, 2017, p. 56). 
 A doutrina não é pacífica com relação à correta terminologia, o que é bem destacado na obra do 
Silvio de Salvo Venosa ao dizer que “Como não existe concordância na doutrina acerca dos termos 
extinção, resolução, resilição, rescisão, revogação, melhor que partamos da noção de desfazimento, 
que vai englobar todos esses institutos, qualquer que seja a compreensão jurídica a eles outorgada” 
(VENOSA, 2017, p. 110). 
 Em razão da divergência doutrinária existente, nesse trabalho foi adotado o termo “extinção”. 
26 Para que fique configurada a lesão, é importante que o contrato tenha sido firmado em razão da 
inexperiência do contratante ou que este tenha assumido obrigação desproporcional às prestações por 
ele assumidas em verdadeiro estado de necessidade. Com relação à inexperiência da parte, esta será 
passará pelo crivo do magistrado, verificando-se o grau de dificuldade que este tem com as tecnologias. 
Já a onerosidade que recai sobre ele, em razão da desproporcionalidade entre a obrigação e a 
prestação assumida, esta será verificada no momento da contratação (FLOR, 2010, p. 93). 
27 O vício do produto está disciplinado nos artigos 18 a 25 do Código de Defesa do Consumidor (Lei 
nº 8.078 de 11 de setembro de 1990). 
28 A resilição decorre do desejo de um ou de ambos os agentes em desfazer a avença, desejo este que 
não decorre de descumprimento (FLOR, 2010, p. 91). 
29 “Art. 472. O distrato faz-se pela mesma forma exigida para o contrato” (CIVIL, 2002). 
30 O direito de arrependimento poderá ser tanto causa anterior quanto causa posterior de extinção 
anormal dos contratos. Nos contratos eletrônicos, que comumente refletem uma relação de consumo, 
importa em causa posterior, vez que o vínculo já está formado e o produto ou serviço já foi adquirido. 
Já nas relações cíveis, implica em causa anterior, porquanto as partes, antes da formação do contrato, 
estipularam cláusula de arrependimento (FLOR, 2010, p. 97; TARTUCE, 2018, p. 654). 
31 “Se no contrato for estipulado o direito de arrependimento para qualquer das partes, as arras ou sinal 
terão função unicamente indenizatória. Neste caso, quem as deu perdê-las-á em benefício da outra 
parte; e quem as recebeu devolvê-las-á, mais o equivalente. Em ambos os casos não haverá direito a 
indenização suplementar” (CIVIL, 2002, art. 420). 
 
26 
 
por cláusula resolutiva expressa e a legal exercida por ação judicial, ambas insertas 
no artigo 474 do diploma civil32 (FLOR, 2010, p. 97-98; TARTUCE, 2018, p. 655-665). 
Vale destacar, ainda, que a resolução do contrato também poderá ocorrer por 
inexecução voluntária ou involuntária ou por onerosidade excessiva. Caso o 
descumprimento da obrigação seja voluntário, poderá a parte lesada pleitear perdas 
e danos e o desfazimento da avença. Se involuntário, por caso fortuito ou força maior, 
o contrato será desfeito, mas não haverá pagamento de perdas e danos, levando tão 
somente os contratantes ao status quo ante. Por fim, os contratos acometidos por 
onerosidade excessiva, geralmente de trato sucessivo, poderão ser revistos ou 
extintos (BEZERRA, 2015; TARTUCE, 2018, 656-658). 
 Assim, embora preze-se pelo cumprimento da obrigação contratual, são 
evidentes as peculiaridades que as avenças digitais possuem, fazendo com que a 
extinção se dê de forma não esperada pelas partes. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
32 “Art. 474. A cláusularesolutiva expressa opera de pleno direito; a tácita depende de interpelação 
judicial” (CIVIL, 2002). 
 
27 
 
 
4. DA VALIDADE DO CONSENTIMENTO NO AMBIENTE VIRTUAL 
 
4.1. Breves considerações acerca da capacidade jurídica 
 
A capacidade do agente é um dos requisitos de validade do negócio jurídico e 
é importante tecer algumas linhas sobre o tema, porquanto a manifestação de 
vontade, espontânea e livre de vícios, dar-se-á por meio da capacidade da pessoa. 
No contexto das contratações realizadas pela rede mundial de computadores, 
a capacidade dos contratantes se tornou algo bastante questionável, pois os negócios 
são realizados à distância, de modo que ficou difícil apurar se as partes atendem aos 
requisitos do artigo 104 do código civil. Daí o porquê de se estudar a capacidade do 
agente (LEAL, 2009, p. 130-134). 
Tartuce, além de dizer que a capacidade é elemento da personalidade, a 
conceitua como sendo “a aptidão da pessoa exercer direitos e assumir deveres na 
órbita civil” (TARTUCE, 2017, p. 120). 
A capacidade classifica-se em: jurídica, de direito ou de gozo; e em de fato, de 
exercício ou de ação. A primeira é aquela inerente ao ser humano, adquirida quando 
do nascimento com vida e que só se perde com a morte, ressalvados os direitos do 
nascituro (CIVIL, 2002, art. 2º). Já a segunda diz respeito à aptidão para exercer 
pessoalmente os atos da vida civil e só se adquire quando da maioridade civil, ou seja, 
com 18 (dezoito) anos completos (CIVIL, 2002, art. 5º). Portanto, o sujeito que tem a 
capacidade de direito e a capacidade de fato, possui capacidade civil plena 
(TARTUCE, 2017, p. 120; PINTO, 2016, p. 45). 
Desse modo, cumpre esclarecer que toda pessoa que nasce com vida possui 
capacidade de direito, não podendo este direito ser negado de forma alguma, não 
sendo possível dizer, entretanto, que todas possuem capacidade de fato. Nasce, 
então, a necessidade de conceituar o que seria incapacidade e quais as hipóteses 
previstas em lei (TARTUCE, 2017, p. 120; PINTO, 2016, p. 45). 
 
28 
 
Partindo da premissa de que a capacidade é regra e a incapacidade é exceção, 
a incapacidade consiste em uma limitação legal33 ao exercício dos atos da vida civil. 
Essa incapacidade poderá ser absoluta ou relativa. 
A incapacidade absoluta está prevista no artigo 3º do Código Civil e sofreu 
alteração relativamente recente com o advento do Estatuto da Pessoa com Deficiência 
(Lei nº 13.146 de 2015), retirando do rol os antigos incisos II e II34. Sendo assim, a 
única hipótese legal de incapacidade absoluta é, portanto, dos menores de 16 
(dezesseis) anos, também denominados menores impúberes (TARTUCE, 2018, p. 96-
97). 
Já a incapacidade relativa está prevista no artigo 4º e também teve sua redação 
modificada pelo artigo 114 do referido Estatuto. Essa incapacidade poderá ser 
suprida, no critério etário, quando verificada qualquer das situações previstas no 
parágrafo único do artigo 5º do códex civil. No caso dos incisos II a IV, poderão ser 
aplicados os institutos da curatela ou da tomada de decisão apoiada, insertos nos 
artigos 1.767 a 1.783-A do supracitado diploma. 
Percebe-se que, com as alterações decorrentes do Estatuto, o legislador 
preocupou-se, acima de tudo, em conferir maior autonomia para as pessoas 
portadoras de enfermidades, bem como de retirar não só do Código Civil como de 
outras legislações termos pejorativos, buscando minimizar a desigualdade, mediante 
observância dos princípios da dignidade da pessoa humana e da igualdade, previstos 
nos artigos 1º, inciso III, e 5º, caput, ambos da Carta Magna. 
Assim, a capacidade do sujeito deverá estar cabalmente demonstrada para fins 
de validade do negócio, sob pena de não ocorrer a produção dos efeitos esperados. 
 
4.2. Dos elementos de validade dos contratos eletrônicos 
 
 
33 Enunciado nº 139 do CFJ: “Os direitos da personalidade podem sofrer limitações, ainda que não 
especificamente previstas em lei, não podendo ser exercidos com abuso de direito de seu titular, 
contrariamente à boa-fé objetiva e aos bons costumes”. FEDERAL, Conselho da Justiça. III Jornada de 
Direito Civil. Disponível em: <https://www.cjf.jus.br/cjf/CEJ-Coedi/jornadas-
cej/III%20JORNADA%20DE%20DIREITO%20CIVIL%202013%20ENUNCIADOS%20APROVADOS%
20DE%20NS.%20138%20A%20271.pdf/view>. Acesso em 30 de março de 2020. 
34 “Art. 3º - São absolutamente incapazes de exercer pessoalmente os atos da vida civil: (...) II- os que, 
por enfermidade ou deficiência mental, não tiverem o necessário discernimento para a prática desses 
atos (Revogado); III- os que, mesmo por causa transitória, não puderem exprimir sua vontade 
(Revogado)” (CIVIL, 2002). 
 
29 
 
 Como cediço, o contrato é uma espécie de negócio jurídico35, aplicando-se a 
ele as disposições gerais previstas no códex civil. Nessa esteira, não se pode perder 
de vista a Teoria da Escada Ponteana do Pontes de Miranda, na qual estabeleceu-se 
uma tricotomia de planos para a sua formação cujo raciocínio é o mesmo para as 
avenças virtualmente firmadas. 
Para que um negócio exista no mundo jurídico (plano da existência) é 
necessário que haja os elementos agente, vontade, objeto e forma, sem o que não 
significaria em nada para o Direito. Além disso e em conformidade com o artigo 104 
do Código Civil, para ser considerado válido (plano da validade), é imprescindível que 
o agente seja capaz; o objeto seja lícito, possível, determinado ou determinável; 
possua forma prevista ou não proibida em lei; e, conforme menciona a doutrina, 
vontade livre/sem vícios. A partir do momento que o negócio existe para o Direito e 
está revestido de validade, inicia-se a fase de produção de efeitos (plano da eficácia), 
tendo como elementos condição, termo, encargo, multas, juros e perdas e danos 
(TARTUCE, 2018, p. 228-230 e 238; PINTO, 2016, p. 110-111). 
Sendo assim, é possível dizer que os requisitos objetivos de validade dos 
contratos eletrônicos estão voltados para o objeto do negócio (material - ex. um 
computador; ou imaterial - ex. fornecimento de sinal de internet), que deverá ser lícito, 
possível, determinado ou determinável, ou seja, não poderá ser contrário à lei, à moral 
e aos bons costumes (FLOR, 2010, p. 86; LEAL, 2009, p. 140). 
Quanto ao requisito formal, diz respeito à maneira pela qual o contrato será 
elaborado, que deverá ser prescrita (prevista) ou não defesa (proibida) em lei. Vale 
lembrar que, ainda que o contrato eletrônico seja realizado por meio de computador, 
o ordenamento jurídico brasileiro confere às obrigações a instrumentalização de forma 
livre, devendo-se observar, contudo, forma específica quando a lei exigir, 
condicionando a validade do negócio (FLOR, 2010, p. 86; LEAL, 2009, p. 145-147). 
 
35 “O contrato é uma espécie de negócio jurídico, isto é, um ato humano em que tem papel 
preponderante a vontade dirigida a um determinado fim. (...) O negócio jurídico seria a expressão 
máxima do poder que o homem tem de dispor sobre si mesmo, e de, assim, obrigar-se em relação a 
outra pessoa e ter outro obrigado a si”. JURÍDICO, Âmbito. “Considerações acerca do conceito de 
contrato”. Caderno de Direito Civil. Publicado em 1º de agosto de 2009. Disponível em: 
<https://ambitojuridico.com.br/cadernos/direito-civil/consideracoes-acerca-do-conceito-de-contrato/>. 
Acesso em 07 de março de 2020. 
https://ambitojuridico.com.br/cadernos/direito-civil/consideracoes-acerca-do-conceito-de-contrato/
 
30 
 
 Por fim, os requisitos subjetivos são aqueles relativos à capacidade do agente 
e à manifestação de vontade das partes, a primeira já tratada e a segunda a qual 
passará a ser analisada (LEAL, 2009, p. 130). 
 
4.3. Validade do consentimento no ambiente virtual 
 
A liberdade individual é um direito assegurado em Estados democráticos, 
podendo o ser humano fazer, via de regra, aquilo que lhe aprouver. Acontece que não 
é possível atender às necessidades peculiares de cada um. Diantedisso e almejando 
assegurar um ambiente harmônico e direitos mínimos para todos, foram criadas 
regras, as quais foram se aprimorando de acordo com fatores históricos, culturais, 
econômicos, sociais e políticos de cada época. Se assim não fosse, haveria uma 
desordem social (LEAL, 2009, p. 125). 
Essas regras dizem respeito a todas as normas do nosso ordenamento jurídico, 
tais como a lei e os princípios, em prol das quais deixa-se de lado aquela ideia de 
liberdade individual absoluta, dando-se espaço para o bem-estar comum. 
Neste sentido, o princípio da autonomia de vontade (que reconhece que as 
partes podem escolher se desejam contratar, com quem e sobre o que) é mitigado, 
por exemplo, pelos princípios da função social do contrato, da boa-fé objetiva e da 
supremacia da ordem pública, tudo isso como forma de proteger não só a parte que 
acredita na finalização do negócio, mas também terceiros interessados. 
Ainda, a legislação civil vigente estabelece diversos requisitos para que o 
negócio jurídico se concretize e produza os seus efeitos. Do caminho percorrido até 
aqui, é possível observar que, além de objeto e forma, a presença de agente capaz e 
de vontade livre e espontânea é imprescindível para que a relação jurídica se 
constitua. 
A vontade, como elemento contratual indispensável à realização dos contratos, 
é externalizada através da capacidade plena (de direito e de fato). Sem a capacidade 
de fato, por exemplo, não é possível que o sujeito manifeste o seu consentimento sem 
que se questione sua real ciência e concordância daquilo que foi colocado em um 
contrato. Como já visto, a incapacidade em virtude da idade poderá ser suprida pela 
 
31 
 
representação ou assistência36 e a incapacidade em razão de alguma enfermidade 
poderá ser preenchida pelos institutos da curatela ou tomada de decisão apoiada. 
Em um contrato bilateral ou sinalagmático37 (ex. compra e venda de um bem), 
exige-se a manifestação de ambas as partes. Além disso, a aquiescência deverá estar 
demonstrada de alguma forma (expressa, tácita ou presumida38), de modo que possa 
ser considerado válido o negócio. Nesse diapasão, cumpre destacar que o artigo 107 
do Código Civil não exige, em regra, maiores formalidades para ser considerada válida 
a vontade das partes, conferindo-lhe forma livre, salvo se a lei exigir forma especial. 
Em assim sendo, a vontade poderá ser expressada por meios eletrônicos. É o 
que diz o artigo 11 da Lei Modelo da UNCITRAL sobre comércio eletrônico: “No 
contexto da formação de contratos, salvo acordo em contrário das partes, uma oferta 
e a aceitação de uma oferta podem ser expressas por meio de mensagens de dados” 
(UNCITRAL, 1996, p. 08). 
Nasce-se, contudo, a problemática sobre a validade do consentimento 
emitido em ambiente virtual, visto que as partes poderão estar ausentes quando da 
celebração, inclusive, em países diversos. 
O consentimento, nas palavras de VALQUIRIA DE JESUS JOVANELLE39, é 
“um ato de expressão de vontade” que parte de declarações distintas, porém 
harmonizáveis, sem o qual não é possível que haja aceitação dos termos contratuais 
e tampouco a formação do vínculo. 
A externalização da vontade em um ambiente virtual poderá se dar em uma 
rede aberta (internet) ou fechada (intranets). A primeira é mais ampla, com acesso 
livre por qualquer cidadão, ao passo que a segunda é privativa de empresa e seus 
 
36 Enunciado nº 138 do CFJ: “A vontade dos absolutamente incapazes, na hipótese do inc. I do art. 3º, 
é juridicamente relevante na concretização de situações existenciais a eles concernentes, desde que 
demonstrem discernimento bastante para tanto.”. FEDERAL, Conselho da Justiça. III Jornada de Direito 
Civil. Disponível em: <https://www.cjf.jus.br/cjf/CEJ-Coedi/jornadas-
cej/III%20JORNADA%20DE%20DIREITO%20CIVIL%202013%20ENUNCIADOS%20APROVADOS%
20DE%20NS.%20138%20A%20271.pdf/view>. Acesso em 21 de abril de 2020. 
37 A expressão é utilizada por FLÁVIO TARTUCE em diversas espécies contratuais como compra e 
venda, doação, locação de coisas, depósito e cessão de crédito, bem como nas classificações 
contratuais, especificamente quanto aos direitos e deveres dos contratantes. Nesse sentido, ele 
acrescenta que a presença do sinalagma em um contrato refere-se à proporcionalidade das prestações, 
de modo que as partes estejam em situação de igualdade (TARTUCE, 2018, p. 574-575). 
38 MOTTA, Rafaela Graner. “Declaração de vontade de negócios jurídicos regidos pelo Código Civil de 
2002”. Publicado há 3 anos. Disponível em: 
<https://rafagraner.jusbrasil.com.br/artigos/509900602/declaracao-de-vontade-nos-negocios-juridicos-
regidos-pelo-codigo-civil-de-2002>. Acesso em 21 abril de 2020. 
39JOVANELLE, 2012, p. 78 e 81. 
 
32 
 
funcionários. Caso essa rede privada seja compartilhada com uma outra empresa, 
recebe o nome de extranet40. 
A aceitação, como manifestação de vontade demonstrada através da internet, 
será considerada válida em momentos diferentes, a depender da modalidade 
contratual. 
Nos contratos interpessoais simultâneos, considerando que se equiparam ao 
contrato entre presentes em razão da instantaneidade, a aceitação dar-se-á 
imediatamente no momento posterior ao da oferta, desde que seja possível averiguar 
que as partes estão habilitadas e on-line em um mesmo servidor (LEAL, 2009, p. 114 
e 135; REVISTA DO ADVOGADO, 2012, p. 13). 
Nos contratos interpessoais não simultâneos, comparados ao contrato entre 
ausentes, a oblação será considerada válida no momento em que é expedida a 
mensagem eletrônica (e-mail), configurando, entretanto, nova proposta caso expedida 
fora do prazo41 (LEAL, 2009, p. 115 e 135). 
No tocante ao contrato interativo, considerar-se-á aceito no momento em que, 
feita a oferta pública e permanente42, o internauta emite sua oblação, geralmente feita 
com um “clique” no mouse, que concluirá o pedido (LEAL, 2009, p. 115 e 135; 
REVISTA DO ADVOGADO, 2012, p. 13-15). 
Os contratos intersistêmicos reputam-se formados e aceitos no instante em que 
os representantes das empresas aquiesceram acerca das condições do negócio, 
resultando no diálogo dos sistemas aplicativos, que nada mais é do que o fruto da 
negociação entre os contratantes (LEAL, 2009, p. 115; REVISTA DO ADVOGADO, 
2012, p. 10). 
Como se sabe, o consumidor é presumidamente pessoa vulnerável (CDC, 
1990, art. 4º), ou seja, parte mais fraca na relação jurídica de consumo. Dentre os 
seus direitos básicos, a informação ganha maior destaque, prevista nos artigos 6º, 
inciso III, 30, 31, 46 e 48 do Código de Defesa do Consumidor (LEAL, 2009, p. 137-
139). 
 
40 ASSIS, Pablo de. “O que é intranet e extranet?”. Publicado em 14 de abril de 2009. Disponível em: 
<https://www.tecmundo.com.br/conexao/1955-o-que-e-intranet-e-extranet-.htm>. Acesso em 30 de 
abril de 2020. 
41 CIVIL, 2002, Art. 431. 
42 CIVIL, 2002, Art. 429. 
 
33 
 
A clareza e precisão das informações se mostram importantes em uma relação 
de consumo, ainda mais estabelecida pela internet, para que o consumidor, que já 
não pode muito opinar sobre o negócio, possa manifestar o seu consentimento sobre 
todas as condições impostas. Assim, a ausência de informação ou o seu excesso, de 
forma a prejudicar o seu entendimento, poderá levar ao desfazimento da avença. 
Em uma relação jurídica, a regra é de que haja manifestação de vontade, de 
que haja consentimento, tudo como forma de assegurar princípios basilares como a 
dignidade da pessoa humana. O silêncio, segundo o artigo 111 do diploma civil, será 
considerado como anuência quando “(...) as circunstâncias ou os usos o autorizarem, 
e não for necessária a declaração de vontade expressa”. No mesmo sentido, é o 
entendimento de Sílvio de Salvo Venosa, senão vejamos: 
 
(...) o silêncio somente estará apto a materializar um consentimento 
contratual quando vier acompanhado de outras circunstâncias ou condições, 
que envolvem a vontade contratual no caso concreto. Trata-se,portanto, de 
um silêncio qualificado que equivale a uma manifestação de vontade 
(VENOSA, 2017, p. 121). 
 
No referido diploma, é possível verificar duas hipóteses em que o silêncio 
implica anuência, elas insertas nos artigos 539, 543 e 1.807. Em ambos os casos, não 
há qualquer prejuízo a ausência de consentimento, pois estará ocorrendo acréscimo 
ao patrimônio do donatário e herdeiro. 
Dadas as peculiares dos atos negociais praticados em ambiente virtual, a 
manifestação de vontade das partes é elemento importante e que condiciona a 
confirmação do contrato, devendo estar inequivocamente demonstrada, sob pena de 
ineficácia e consequente desfazimento. 
 
4.4. Da nulidade absoluta e relativa do contrato celebrado na internet 
 
 O consentimento é elemento essencial do contrato, podendo, contudo, estar 
eivado de vícios, estes presentes nos artigos 138 a 165 do Código Civil, quais sejam, 
erro ou ignorância, dolo, coação, estado de perigo, lesão e fraude contra credores. 
 A consequência jurídica para um negócio viciado é a invalidade, o que, nas 
palavras do Mestre EDUARDO COLLET E SILVA PEIXOTO43, “seria uma forma de o 
 
43 PEIXOTO, 2009, p. 74. 
 
34 
 
sistema jurídico excluir os negócios existentes mas irregulares, por terem violado 
alguma regra quando de sua formação”, podendo essa invalidade ser “parcial ou total 
segundo atinja todo o negócio jurídico ou apenas parte dele”. 
 Tratando-se de consentimento, deverá ser levada em consideração não só a 
capacidade plena dos sujeitos, mas também as condições que o negócio foi realizado. 
 As hipóteses de nulidade estão discriminadas nos artigos 166 e 167 do Código 
Civil Brasileiro e dizem respeito, por exemplo, à incapacidade absoluta do agente; ao 
objeto ilícito, impossível ou indeterminável; e não observância de forma prescrita em 
lei (CIVIL, 2002; PEIXOTO, 2009, p. 76). 
Já as causas de anulabilidade estão pormenorizadas no artigo 171, essas 
decorrentes de ato praticado por relativamente incapaz ou de vício de consentimento, 
acima relacionados. 
Nesse sentido, Sheila do Rocio chama atenção para os atos realizados por 
adolescentes e a possibilidade de sua confirmação, dizendo, em síntese, que embora 
o ordenamento jurídico preze pela proteção dos incapazes, a doutrina e jurisprudência 
têm relativizado a sua aplicação, mediante a confirmação de alguns atos praticados 
por menores púberes. Além da facilidade que possuem em manusear computadores 
e smartphones e acessar à internet, deverá ser levado em consideração, por exemplo, 
o cotidiano do menor, sua classe social, padrão de vida da família, o nível de 
orientação dos pais, entre outras coisas. Conclui seu raciocínio dizendo que a 
autorização dos pais deverá estar demonstrada, resultando, do contrário, a nulidade 
do ato. (LEAL, 2009, p. 131-134). 
Em sentido similar, JOSEANE MENDES FLORES afirma que: 
 
(...) um contrato eletrônico por um menor sem o assentimento de seu 
responsável, pode ser buscada a anulação do instrumento na via judicial. O 
legislador nacional, todavia, fez prudentemente constar uma ressalva ao 
direito subjetivo da parte prejudicada em postular a anulação de um negócio 
jurídico baseada na menoridade de uma das partes. Destarte, dispõe o artigo 
180, do diploma civil, que ao sujeito menor, entre dezesseis e dezoito anos, 
é vedado invocar a sua idade para eximir-se de uma obrigação se 
dolosamente a ocultou quando questionado pela outra parte, ou ainda, ao 
obrigar-se, declarou-se maior (FLOR, 2010, p. 95). 
 
Conforme visto, a existência de lesão ou vício poderá implicar na rescisão do 
contrato. Nas relações de consumo, Sérgio Iglesias Nunes de Souza afirma que: 
 
 
35 
 
(...) o artigo 51, inciso IV, § 1º, do Código de Defesa do Consumidor, comporta 
o vício de consentimento que o autor denomina de lesão-vício. Destarte, 
segundo o referido dispositivo legal, ao fornecedor é vedado valer-se da 
fraqueza e vulnerabilidade do consumidor virtual para impingir-lhe a compra 
de seus produtos ou serviços mediante a assunção de prestação 
manifestamente excessiva. Por conseguinte, o consumidor virtual também 
poderá pleitear a anulação do contrato eletrônico por lesão com base no 
fundamento legal acima referido (FLOR, 2010, p. 93). 
 
Por fim, vale ressaltar que a nulidade parcial poderá recair apenas sobre a parte 
viciada, subsistindo o negócio com relação à parte válida, desde que esta seja 
separável e seja observada a intenção das partes. Entretanto, de se observar que a 
nulidade não é passível de confirmação ou convalescimento. Já no que se refere à 
anulabilidade, esta poderá ser confirmada pelas partes, resguardado o direito de 
terceiros. (CIVIL, 2002, arts. 169, 172 184; PEIXOTO, 2009, p. 74-75). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
36 
 
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS 
 
Com o surgimento dos computadores e o advento da Internet, os negócios 
jurídicos ganharam outras características, especialmente os contratos, os quais 
passaram a ser realizados em ambiente virtual. 
Esse ambiente virtual gerou a necessidade de um tratamento diferenciado e, 
embora o ordenamento pátrio seja incipiente na regulamentação desse novo meio de 
contratação, não se pode olvidar que o Direito está caminhando para se adaptar a 
essa realidade. 
Nesse sentido, não deixaram de ser aplicáveis as regras já existentes, por 
exemplo, os princípios gerais de direito, a natureza e os requisitos de validade do 
negócio jurídico. 
Ainda, foram criadas algumas normas, dentre elas, a Lei Modelo da UNCITRAL 
sobre o comércio eletrônico, que reconhece a existência do contrato eletrônico e a 
validade da manifestação de vontade em ambiente virtual que, segundo o Código Civil, 
não exige maiores formalidades, salvo se assim a lei exigir. 
Contudo, em se tratando de um ambiente digital, no qual há a redução das 
barreiras geográficas e jurisdicionais, existe a dificuldade de se identificar como essa 
manifestação de vontade ocorre e quando é considerada válida, uma vez que os 
contratantes poderão estar em locais diferentes. 
Para dirimir essa questão, adota-se como principal critério para identificar a 
manifestação de vontade o nível de interação do homem com um computador, isto é, 
se através da máquina ele for capaz de exprimir o seu desejo preenchendo os 
requisitos legais, sua manifestação será reputada válida e produzirá efeitos jurídicos. 
Por fim, a constante adaptação e criação das normas que perfilam a 
contratação eletrônica, assim como o estudo dos institutos aplicáveis a essa realidade, 
são fundamentais para que a prestação jurisdicional alcance o fim colimado pelo 
legislador. 
 
 
 
 
 
 
37 
 
6. BIBLIOGRAFIAS E REFERÊNCIAS 
 
BIBLIOGRAFIAS 
 
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