Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
UNIVERSIDADE ESTÁCIO DE SÁ DANIELLE DOS SANTOS SOUZA Alfabetização construtivista: como a criança aprende com esse método Rio de janeiro 2020 DANIELLE DOS SANTOS SOUZA ALFABETIZAÇÃO CONSTRUTIVISTA: COMO A CRIANÇA APRENDE COM ESTE MÉTODO PROFESSORA-ORIENTADORA: MARILDA FRANCO DE MOURA Trabalho apresentado como requisito parcial para a Conclusão do Curso de Licenciatura em Pedagogia da Universidade Estácio de Sá no Rio de Janeiro. Rio de janeiro 2020 SOUZA, Danielle dos Santos. ALFABETIZAÇÃO CONSTRUTIVISTA: COMO A CRIANÇA APRENDE COM ESTE MÉTODO. Trabalho de Conclusão de Curso. Curso de Licenciatura em Pedagogia. Universidade Estácio de Sá, 2018. RESUMO O presente trabalho tem o objetivo de discorrer sobre o tema Alfabetização Construtivista, através de pesquisa bibliográfica em livros de vários autores, tais como: Emilia Ferreiro (1990), Jean Piagget (1980), Perrenoud (2005), Lev Vitgotsky para melhor compreender o mesmo. O texto descreve a corrente pedagógica construtivista, no contexto histórico e epistemológico, destacando como centro de pesquisa o processo de alfabetização construtivista, pois esta corrente se diferencia de outras correntes pedagógicas, pois os erros não são encarados como uma ação de fracasso e passaram a ser uma ação positiva no processo de construção do conhecimento, pois errar é um direito do educando, mas o professor mediador deve fazer com que o educando tome consciência dos erros cometidos. Procuramos verificar como acontece o processo de alfabetização de educandos do 1º ano do ensino fundamental I, segundo a teoria de Emília Ferreiro seguidora do pensamento Piagetiano, que como pesquisadora realizou diversos estudos sobre a concepção da criança a respeito da aprendizagem da leitura e da escrita, durante os seus estudos descobriu que a criança passa por níveis estruturais até que se conquiste a complexidade alfabética, os períodos são pré- silábico, silábico, silábico-alfabético e alfabético. Palavras-chave: Construtivismo, Alfabetização, Escrita, Conhecimento, Professor Mediador. SUMÁRIO INTRODUÇÃO ...................................................................................................................... 1 Capitulo 1 – O processo de alfabetização Construtivista ...................................................... 2 CAPÍTULO 2 – Referenciais Teórico-Metodológicos ............................................................ 4 2.1 – Referenciais Metodológicos ......................................................................................... 4 2.2 – Referenciais Teóricos .................................................................................................. 5 CAPÍTULO 3 – Teoria da Psicogênese ................................................................................. 8 CAPÍTULO 4 – Pesquisa de campo .................................................................................... 11 4. 1 – Descrevendo a metodologia: análise de questionários. ............................................ 11 CAPÍTULO 5 – Conclusão .................................................................................................. 1 6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .................................................................................... 1 7 1 INTRODUÇÃO A partir do movimento da Escola Nova, houve uma grande mudança na Educação. Excluiu-se a ideia de que o professor era o único detentor do saber e que somente ele possuía o conhecimento, e as crianças receptoras desse conhecimento. Emília Ferreiro, seguidora da linha de pensamento de Piaget, contribuiu para a educação do Brasil com pesquisas sobre o processo de alfabetização na teoria construtivista. A partir dessas pesquisas Emília Ferreiro, observou que a criança passa por níveis estruturais até que se conquiste a complexidade do sistema alfabético. Os níveis são: o pré-silábico, o silábico, silábico- alfabético e o alfabético. (FERREIRO, 2003). O biólogo, filosófico e epistemológico suíço Jean Piaget (1896-1980) no século XX realizou pesquisas inerentes ao desenvolvimento da criança até a adolescência, e adotou a ideia de que o conhecimento se constrói na interação do sujeito com o meio social. (MATUI,1995). Devemos refletir que, trabalhar o método construtivista no processo ensino- aprendizagem, não significa que todos iram acompanhar o processo de construção do conhecimento, o professor mediador deve estar atento que alguns alunos apresentam déficit de aprendizagem e distúrbios de linguagem e apto a oferecer meios para que esses alunos adquiram possibilidades de construir a aprendizagem. O construtivismo significa mudança e transformação de educação e formação continuada do professor. (MATUI,1995). 2 Capitulo 1 – O processo de alfabetização Construtivista A abordagem construtivista é um processo de aprendizagem que colabora para uma nova forma de ensinar, mas que também gera muitas controvérsias entre os profissionais da educação. Nada está pronto na visão construtivista, o aluno vai construído o conhecimento através da interação com o meio. Os educadores que empregam o processo de alfabetização construtivista, acreditam na proposta de que o aluno seja capaz de aprender sozinho, sendo estritamente proibido, por exemplo, o silabário. Mesmo que as atividades devam estar de acordo com os interesses da turma ou do grupo, vale ressaltar que o professor tem papel de facilitador neste processo, mas o aluno é o verdadeiro protagonista. Sendo assim, o mais importante é que as atividades estejam de acordo com as especificidades de cada aluno e não de interesses da turma no geral. Dessa forma o aluno encontra as próprias soluções e assim constrói o próprio conhecimento aos poucos, respeitando suas limitações e as superando a cada avanço. Emilia Ferreiro tornou-se uma espécie de referência para o ensino brasileiro e seu nome passou a ser ligado diretamente ao ensino construtivista, o seu campo de estudo foi inaugurado pelas descobertas a que chegou o biólogo suíço Jean Piaget (1896-1980) utilizando-se a investigação dos processos de aquisição e elaboração de conhecimento pela criança - ou seja, de que modo ela aprende. As pesquisas de Emilia Ferreiro, que estudou e trabalhou com Piaget, concentram o foco nos mecanismos cognitivos relacionados à leitura e à escrita. De maneira equivocada, muitos consideram o construtivismo um método. Tanto as descobertas de Piaget como as de Emilia levam à conclusão de que as crianças têm um papel ativo no aprendizado. Elas constroem o próprio conhecimento - daí a palavra construtivismo. A principal implicação dessa conclusão para a prática escolar é transferir o foco da escola - e da alfabetização em particular - do conteúdo ensinado parao sujeito que aprende, ou seja, o aluno. O princípio de que o processo de conhecimento por parte da criança deve ser gradual corresponde aos mecanismos deduzidos por Piaget, segundo os quais cada salto cognitivo depende de uma assimilação e de uma reacomodação dos esquemas internos, que necessariamente levam tempo. É por utilizar esses esquemas internos, e não simplesmente repetir aquilo que ouvem, que as crianças interpretam o ensino recebido. 3 Com base nesses pressupostos, Emilia Ferreiro critica a alfabetização tradicional, porque julga a prontidão das crianças para o aprendizado da leitura e da escrita por meio de avaliações de percepção (capacidade de discriminar sons e sinais, por exemplo) e de motricidade (coordenação, orientação espacial etc.). Dessa forma, dá-se um peso excessivo para o aspecto exterior da escrita (saber desenhar as letras) e deixa-se de lado suas características conceituais, ou seja, a compreensão da natureza da escrita e sua organização. Para os construtivistas, o aprendizado da alfabetização não ocorre desligado do conteúdo da escrita. É por não levar em conta o ponto mais importante da alfabetização que os métodos tradicionais insistem em introduzir os alunos à leitura com palavras aparentemente simples e sonoras (como babá, bebê, papa), mas que, do ponto de vista da assimilação das crianças, simplesmente não se ligam a nada. Segundo o mesmo raciocínio equivocado, o contato da criança com a organização da escrita é adiado para quando ela já for capaz de ler as palavras isoladas, embora as relações que ela estabelece com os textos inteiros sejam interessantes desde o início. Segundo Emilia Ferreiro, a alfabetização também é uma forma de se apropriar das funções sociais da escrita. De acordo com suas conclusões, desempenhos díspares apresentados por crianças de classes sociais diferentes na alfabetização não revelam capacidades desiguais, mas sim o acesso maior ou menor a textos lidos e escritos desde os primeiros anos de vida. 4 CAPÍTULO 2 – REFERENCIAIS TEÓRICO-METODOLÓGICOS 2.1 – Referenciais Metodológicos Para fins de análise, utilizarei a abordagem qualitativa, a qual propicia uma relação mais próxima entre pesquisador e informante, onde o pesquisador participa da realidade investigada. A escolha por esta abordagem deu-se em função de que o entendimento é a forma mais adequada. De acordo com Richardson (1999, p. 79), “a abordagem qualitativa de um problema, além de ser uma opção do investigador, justifica-se, sobretudo, por ser uma forma adequada para entender a natureza de um fenômeno social”. E acrescenta que “o método qualitativo difere, em princípio, do quantitativo à medida que não emprega um instrumental estatístico como base do processo de análise de um problema [...]”. (RICHARDSON, 1999, p. 79). No método qualitativo a relação entre pesquisador e o sujeito da pesquisa é muito próxima, o que possibilita informações detalhadas, descrevendo a realidade concreta. Os estudos que empregam uma metodologia qualitativa, ainda conforme Richardson (1999, p. 80), “[...] podem descrever a complexidade de determinado problema, analisar a interação de certas variáveis, compreender e classificar processos dinâmicos vividos por grupos sociais [...]”. Pretendeu-se fazer uso da pesquisa bibliográfica, explicitando as concepções de diferentes autores sobre avaliação utilizando livros, artigos científicos e periódicos. Pesquisa de campo em uma instituição privada em Laranjeiras, com alunos do primeiro ciclo do Ensino Fundamental (primeiro, segundo e terceiro ano do Ensino Fundamental) que compreende, professores e equipe pedagógica, utilizando o instrumento de aplicação de questionários. Conforme Chizzotti (1998, p. 55), “[...] o questionário consiste num conjunto de questões pré-elaboradas, sistemática e sequencialmente dispostas emitem que constituem o tema da pesquisa”. Sua composição é variada, podendo ser constituído de questões de resposta aberta, fechada ou mista. Contudo, utilizarei a pesquisa mista, que se fará necessário para a pesquisa de campo e os estudos bibliográficos para melhor apresentar e aprofundar o tema aqui sugerido, a avaliação. 5 A escolha desses instrumentos dá-se em função de um melhor aprofundamento na coleta de dados, para registrar e acumular informações e examinar fatos, além de apresentar conteúdos pesquisados por diferentes autores que irão alavancar melhor a pesquisa. Pretendeu-se alcançar, com esse instrumento, obtenção de informações importantes e compreender as experiências dos envolvidos, tornando a pesquisa mais completa, unindo teoria e prática. 2.2 – Referenciais Teóricos A alfabetização não é “um estado ao qual se chega, mas um processo cujo início é na maioria dos casos anterior a escola e que não termina ao finalizar a escola” (FERREIRO, 1999, p. 47). A autora evidencia que muitas crianças, antes mesmo de chegar à escola, já sabem muitas coisas, e que a escola, além de considerar todos esses conhecimentos, deve instigar ainda mais a evolução destes, provocando inúmeras possibilidades de aprendizagem: Nesse sentido, Emília Ferreiro define que: Há crianças que chegam à escola sabendo que a escrita serve para escrever coisas inteligentes, divertidas ou importantes. Essas são as que terminam de alfabetizar-se na escola, mas começaram a alfabetizar muito antes, através da possibilidade de entrar em contato, de interagir com a língua escrita. Há outras crianças que necessitam da escola para apropriar-se da escrita (FERREIRO, 1999, p. 23). Ou seja, é necessário que o professor saiba utilizar a experiência do seu aluno, para que seja possível alfabetizar utilizando a sua vivencia. É imprescindível que o docente defina aonde se quer chegar, para que assim consiga traçar metas e procedimentos, havendo assim uma relação entre o professor e aluno, pois através do afeto também é possível fazer com que o processo de alfabetização fique mais leve e tranquilo para ambos. Em muitas escolas, os professores não dão a importância devida para o aluno (indivíduo) entendendo que este aluno possui conhecimentos antecedentes à escola. Os efeitos destes conhecimentos se prolongam ainda mais após a ação pedagógica, momento pelo qual, para se conhecer efetivamente a natureza da escrita, devem-se desenvolver atividades que estimulem a produção e interpretação da leitura e escrita. Nesse contexto, o professor assume o papel de 6 mediador entre a criança que aprende e o conteúdo que se ensina, criando estratégias que propiciem o contato desse aluno de forma social. A relação professor/aluno deve basear-se em confiança, respeito e cooperação. Dessa forma, o professor poderá identificar as aptidões de seus alunos, compreender seus interesses, acompanhar seu raciocínio, sem cortar ou limitar com imposições desnecessárias. Deve ainda, perceber seu aluno como um sujeito construtivo, ativo e participante espontâneo de seu próprio conhecimento. Sabe-se que o processo de construção do conhecimento acontece a partir da superação de etapas, e durante esses momentos o professor deve participar ativamente, não avaliando, de forma alguma, através do erro, mas observando e analisando os fatores pelos quais impediram essa criança de não alcançar a fase seguinte. Ferreiro (2000, p. 193) indaga que: “Temos uma imagem empobrecida da criança que aprende: a reduzirmo-la a um par de olhos, um par de ouvidos, uma mão que pega um instrumento para marcar e um aparelho fonador que emite sons”. Durante anos os educadores buscaram respostas objetivas, tais como “receitas de bolos” para que entender como seriam resolvidos os problemas de aprendizagemdos seus alunos, de uma forma geral. Refletir e discutir como acontece o conhecimento e como propor meios para medir e/ou proporcionar esses conhecimentos não era uma prática muito comum. Mas, nos dias atuais, observamos um número maior de professores que questionam os ditames e modos da avaliação tradicional. Segundo Jussara Hoffman: “O que está difícil de acreditar que existem muitos caminhos possíveis para essa prática, desde que tenham significados lógicos. Não se trata de buscar respostas únicas para as várias situações enfrentadas, mas construir uma prática que respeite o princípio de confiança máxima na possibilidade de o educando vir a aprender”. (Hoffmamn, 1993, p. 40) Considerando que aprender não é copiar, nem reproduzir, o papel deste método de construção do conhecimento, torna-se de fundamental importância, pois o mesmo contribui muito para o desenvolvimento da criança. Segundo Isabel Solé e César Cool: 7 “Para a concepção construtivista, aprendemos quando somos capazes de elaborar uma representação pessoal sobre um objeto da realidade ou conteúdo que pretendemos aprender. Essa elaboração implica aproximar- se de tal objeto ou conteúdo com a finalidade de aprendê-lo; não se trata de uma aproximação vazia, a partir do nada, mas a partir de experiências, interesses e conhecimentos prévios que, presumivelmente, possam dar conta da novidade.” (Solé e Coll, 1998, p.19/20) Emília aborda ainda que, há práticas que levam as crianças a terem convicção de que o conhecimento é algo que os outros possuem e que só se pode adquirir através do discurso do outro, fazendo com que a criança não seja participante ativa do processo e de construção do seu conhecimento. Outras práticas levam as crianças a pensarem que aquilo que já existe para ser conhecido está estabelecido como um conjunto de coisas não modificáveis. Isso faz com que a criança não se torne autora do seu conhecimento, apenas receptora daquilo que o professor ensina. 8 CAPÍTULO 3 – Teoria da Psicogênese Segundo a Teoria da Psicogênese, todas as crianças passam pelas hipóteses estruturais e gradativas. São elas: pré-silábica, silábica, silábico- alfabética e alfabética. Dessa forma, é importante entender as definições de cada hipótese, para compreender o que cada uma delas representa dentro do processo de alfabetização da criança. A hipótese pré-silábica é um dos primeiros momentos da alfabetização escolar, na qual a criança supõe que pode escrever através de desenhos, rabiscos, letras ou outros sinais gráficos, e que a escrita é outra forma de desenhar ou de representar as coisas, por isso ela usa os desenhos, chamados nessa etapa de garatujas. Nesse momento, a criança ainda não estabelece vínculo entre fala (sonorização) e escrita (grafia). Caracteriza uma palavra como apenas a letra inicial e tem uma leitura global e individual do que escreve, ou seja, somente ela sabe o que quis escrever. É nessa etapa que a criança passa pelo realismo nominal, quando supõe que a escrita representa o nome dos objetos, que as coisas grandes devem ter nomes grandes e as coisas pequenas devem ter nomes pequenos. Desse modo, Morais (2012, p. 56) exemplifica que “o aprendiz pensa que formiga deve ser escrita com poucas letras, porque ‘ela é pequeninha’, ao passo que boi deve ter muitas letras, já que ‘é um animal muito grande’”. Esse fato justifica as possíveis hipóteses que a criança formula ao ir aprendendo o processo da escrita. Portanto, nessa fase a criança precisa saber distinguir o desenho da escrita, reconhecer que usamos letras para escrever e não apenas o desenho, identificar e escrever o próprio nome, atribuir valor sonoro às letras, aceitar que não é preciso muitas letras para se escrever apenas o necessário para representar a fala, perceber que palavras diferentes são escritas com letras em ordens ou posições diferentes que costumam não se repetirem, entre inúmeros outros fatores que a criança precisa ir aprendendo para se tornar alfabetizada. Na hipótese silábica, a criança já supõe que a escrita representa a fala e tenta fonetizar a escrita dando valor sonoro às letras “compreendendo que as diferenças na representação escrita estão relacionadas com o “som” das palavras” (LEÃO, 2011, p. 35). Também já supõe que a menor unidade de língua seja a sílaba, porém em algumas frases, pode escrever uma letra para representar cada palavra. Essa hipótese é considerada um avanço de qualidade na aprendizagem da criança, pois ela permite à criança encontrar um meio de compreender a relação entre a totalidade e as partes que compõem uma palavra conforme afirmam Ferreiro e Teberosky (1985). Entretanto, a criança ainda precisa saber atribuir valor 9 sonoro a todas as letras, aceitar que não é preciso muitas letras para se escrever, apenas o necessário para representar a fala e perceber que palavras diferentes são escritas com letras em ordens diferentes, entre outras coisas. A criança inicia na hipótese silábico-alfabético, com a superação da hipótese silábica. Passa a compreender que a escrita representa o som da fala, a fazer uma leitura termo a termo e não mais global, consegue também combinar vogais e consoantes numa mesma palavra. A criança também se encontra no processo de evoluir os rabiscos, desenhos e letras mal escritas. (BUENO, 2007, p. 381). Nessa etapa também combinam sons, mas sua escrita ainda não é socializável. Porém, a criança já percebe a necessidade de mais de uma letra para a maioria das sílabas e reconhece o som das letras. Para isso, é necessário que a criança reflita cuidadosamente sobre as sílabas orais, de modo a tentar notificar os pequenos sons em que elas são formadas, ao invés de tentar colocar uma única letra para cada sílaba. A criança precisa saber usar mais de uma letra para representar o fonema quando necessário e atribuir o valor sonoro a todas as letras particularmente. Isso depende do ensino, dos recursos utilizados e de como o professor alfabetizador encaminha suas metodologias para alfabetizar conforme a necessidade de cada alfabetizando. Na etapa da alfabetização chamada de hipótese alfabética, a criança já compreende que a escrita tem uma função social muito importante, que é o da comunicação. Compreende o modo de construção e formação do código da escrita, entretanto, pode omitir as letras quando mistura as hipóteses alfabética e silábica, mas não tem problemas de escrita no que se refere a conceito. A criança já conhece o valor sonoro de todas ou quase todas as letras, apresenta estabilidade na escrita das palavras, procura adequar a escrita à fala, faz leitura com ou sem imagem. Nesse momento, ela também já inicia a preocupação com as questões ortográficas, separa as palavras quando escreve frases, produz textos de forma convencional, mas ainda precisa adquirir coerência com as questões ortográficas e textuais (parágrafo e pontuação) e aprender a usar a letra cursiva. Segundo Leão (2011, p. 36) nessa hipótese, “constata-se a estruturação dos vários elementos que compõem o sistema de escrita e a criança começa a diferenciar algumas unidades linguísticas, como letras, sílabas e frases”. Nesse momento a criança passa a compreender o verdadeiro sentido que as letras, sílabas e frases exercem para sua formação social. Todas essas hipóteses supostas que a criança desenvolve, são de extrema relevância para o aprimoramento de seu aprendizado. Nesse aspecto, 10 o professor e a escola precisam adquirir meios eficazes para auxiliar e contribuir no processo de ensino e de aprendizagem do alfabetizando, a fim de garantir a melhoria constante do processo construtivo. 11 CAPÍTULO4 – PESQUISA DE CAMPO 4. 1 – Descrevendo a metodologia: análise de questionários. A pesquisa de campo com perfil qualitativo partiu da necessidade de compreender junto aos professores quais são as suas concepções e percepções sobre a alfabetização e, buscando conhecer um pouco como percebem a prática da alfabetização construtivista que realizam e os seus instrumentos para a consolidação da alfabetização, para assim desenvolver o último ponto chave deste capítulo e confrontar com o levantamento teórico descrito nos capítulos anteriores. Diante disso, preparei um Termo de Consentimento Livre e Esclarecido – TCLE, com intuito de deixar os participantes da pesquisa cientes dos objetivos traçados, do conteúdo e do formato da mesma, que assim foi entregue junto um questionário, aplicado no qual me baseei no referencial teórico aqui descrito. Esse questionário foi aplicado a um grupo de professores do Primeiro Ciclo do Ensino Fundamental. O presente instrumento é composto de questões objetivas e dissertativas que visam conhecer as concepções e percepções que os professores lidam ou deveriam diariamente a respeito das dificuldades inerentes a alfabetização. Antecedendo a descrição e análise das respostas do instrumento aplicado ao grupo de professores, considerei importante relatar como aconteceu a pesquisa de campo e qual foi a minha intenção nesse processo para atingir o resultado final da pesquisa conforme o recebimento das contribuições dos professores. Inicialmente a minha opção foi realizar uma entrevista com integrantes do corpo docente da escola, de modo a obter respostas abrangentes e pertinentes sobre as suas concepções e percepções do ato avaliativo, num encontro fidedigno, com um diálogo a respeito do meu foco da pesquisa. Ao sentar-se com os professores convidados que participaram, a maioria indagou que se sentiria mais à vontade se fosse feito um questionário escrito para melhor relatar sobre a pesquisa. Como as respostas são sempre bem-vindas e com intuito de deixar a pesquisa o mais admissível possível, resolvi concordar com as indagações e transformei a minha entrevista em um questionário, que foi entregue aos professores participantes da pesquisa, dando-lhes um razoável tempo hábil para 12 responder e me devolver, para assim ter conhecimento das respostas, refletir e começar a relatar sobre o tema. Foram ouvidos 5 professores, dos quais os 5 responderam ao questionário. Quanto aos professores, são docentes que atuam no Ensino Fundamental e alguns também atuam nas turmas de Educação Infantil. Considerei muito importante essa consulta aos professores com relação ao foco da pesquisa, para conhecer o que ambos têm a relatar sobre suas concepções e percepções a respeito do tema da pesquisa, bem como conhecer os seus instrumentos facilitadores da Alfabetização. No entanto, tenho consciência de que as considerações de apenas 5 professores participantes não permitem generalizações, mas têm o caráter de uma pequena amostra, para compor um conjunto de informações de diferentes fontes sobre o mesmo objeto, tendo em vista responder ao problema do estudo. No instrumento entregue aos professores participantes, continham três questões com alguns desdobramentos, somando-se no total, sete questões, das quais duas são fechadas e cinco são abertas. Para garantir o anonimato dos professores participantes e a postura ética desse objeto de estudo, resolvi chama- los da seguinte maneira: P1 para me referir sobre o Professor 1, P2 para me referir sobre para a Professora 2 e assim por diante com todos os cinco docentes que contribuíram com respostas ao questionário por mim aplicado. Na primeira questão do instrumento, procurei colher informações do perfil dos professores participantes, ou seja, sua formação para o magistério. Entre os 5 professores, todos possuem Graduação em Pedagogia, sendo duas possuintes do título de pós-graduação em Psicopedagogia. Em relação ao modo de desenvolvimento das técnicas de alfabetização, os momentos de sua aplicação e quantidade de vezes que são aplicadas etc., entre as cinco professoras apenas duas não relataram avaliar seus alunos diariamente. P2 respondeu que faz atividades direcionadas com o foco na alfabetização diariamente, de diversos modos, uma vez que a alfabetização ocorre paralelamente ao projeto que a turma desenvolve semestralmente. O tema do projeto é escolhido pela turma e, dentro do tema escolhido, a professora desenvolve atividades onde a alfabetização vai transcorrendo naturalmente e a partir do desenvolvimento e evolução gradativa do grupo, outras atividades vão surgindo. Ela também relatou que diariamente a leitura transcorre dentro do planejamento diário, de uma forma bem ampla, não só usando a literatura em si, mas de valendo de outros recursos de leitura, desde que possam permear o projeto. Ela experimenta com os seus 13 alunos a criação de diversas situações de leitura para estimulá-los de maneira mais criativa. Ao final do projeto produzem um conto ou uma fábula, feita por todo o grupo ou dividindo o grupo em dois, dependendo das necessidades da turma naquele momento em questão. Tendo como base esses relatos, pude perceber que todas as professoras fazem um trabalho com foco na alfabetização diariamente, utilizando recursos diversos, dinâmicos e lúdicos. De acordo com os conceitos de Cagliari (1999): A alfabetização gira em torno de três aspectos importantes da linguagem: a fala, a escrita e a leitura. Analisando estes três aspectos, tem-se uma compreensão melhor de como são as cartilhas ou qualquer outro método de alfabetização (CAGLIARI, 1999, p. 82). De acordo com os dados obtidos pelas respostas dos demais professores mostrou-se que a prática da alfabetização exige a atenção nesses três aspectos fundamentais, fala, escrita e leitura. No entanto a P3 relatou, que valoriza todo o esforço do seu aluno aplicado ao processo de aprendizagem. Nesse caso, ela utiliza a experiência que o seu aluno traz de casa para acrescentar no processo da Alfabetização, A professora relata que: “ Eu sempre utilizo as atividades diárias como meio de averiguação, para saber o que eles estão realmente sabendo e se posso continuar o processo sem que ninguém saia prejudicado. Acho importante saber a experiência que aquele aluno traz da sua família, a modo de perceber se houve compreensão pelos alunos. ” Em relação ao modo de desenvolver a forma de alfabetização, todos os professores descreveram suas formas de avaliar os alunos. Afirmaram que utilizam a prática de usar as atividades diárias para observar os avanços de seus alunos. Cito aqui uma afirmação da P4: “O aluno é alfabetizado diariamente, tendo, dessa maneira o seu nível de desempenho avaliado conforme executa as propostas oferecidas, onde a alfabetização acontece por meio de diversas atividades. ” 14 Segundo Emília Ferreiro (1986), a construção do conhecimento da leitura e da escrita tem uma lógica individual, tanto na escola quanto fora dela. Nesse contexto, não é a escola quem provoca a aprendizagem, mas a própria mente da criança que aprende. Para Ferreiro (1996) a leitura e escrita são sistemas construídos paulatinamente. As primeiras escritas feitas pelos educandos no início da aprendizagem devem ser consideradas como produções de grande valor, porque de alguma forma os seus esforços foram colocados no papel para representar algo. Essas escritas são conquistas importantíssimas para o indivíduo que aprende, pois ele vai descobrindo à sua maneira, reinventando a escrita para assim seguir evoluindo a cada etapa da alfabetização com tranquilidade, ao invés de apenas reproduzir as letras. Logo, pude perceber a importância da pesquisa e desse diálogo com os professoresa respeito da alfabetização no contexto construtivista. Toda a equipe desenvolve um trabalho lúdico que acontece de maneira atrativa para que ocorra a alfabetização de forma livre, respeitando o tempo de cada criança. A construção do conhecimento de cada criança deve ser gradual, sem força ou ansiedade por parte dos responsáveis. A criança deve se sentir livre e apta a descobrir o mundo das palavras, sem pressão. Devemos pensar também que o construtivismo não é um método de ensino e sim uma teoria estritamente ligada ao psicológico e ao meio em que essa criança vive. A alfabetização é ligada diretamente a vida cotidiana do aluno e da sua vida fora da escola, sendo assim devemos entender que cada criança passará por este processo de uma forma especifica e única. Deste modo, é óbvio entender que a aprendizagem não pode ser algo igual para todos. Ferreiro (1996) mostra que a criança elabora uma série de hipóteses, trabalhadas por meio da construção de princípios organizadores, isto é, o resultado não só das vivências externas, mas também de um processo interno. Isso evidencia que a criança assimila, de forma seletiva, as informações que lhe é disponível e faz interpretações antes mesmo de compreender a relação entre os sons da linguagem e as letras. Emília Ferreiro e Ana Teberosky (1986) ressaltam que essas soluções são baseadas nos conhecimentos prévios da criança, mas que para alcançar os 15 conhecimentos reais da leitura e escrita, as crianças passarão por hipóteses até se apropriarem definitivamente do conhecimento e complexidade da língua escrita. 16 CAPÍTULO 5: CONCLUSÃO Podemos concluir o quão necessário que haja uma reestruturação interna nas escolas, de uma maneira ampla no que diz respeito a forma de alfabetizar. É imprescindível que exista um olhar diferenciado e um ensino de qualidade, sendo necessário pensar em uma ação pedagógica equivalente com a realidade do aluno como ser único e individual que possui diferentes estímulos, contextos familiares, vivências. Quando a alfabetização ocorre de uma forma onde o aluno é visto de forma singular, sendo este, dotado de experiências e conhecimentos individuais, possuindo necessidades e demandas subjetivas, inclusive possuindo influências externas e contextos familiares muito particulares, a alfabetização ocorre de uma forma mais tranquila e eficaz. Uma vez que as crianças estão inseridas no mundo letrado desde sempre, a curiosidade por esse universo é muito grande e saber estimular essa curiosidade sem causar pressão torna a alfabetização mais fácil. Por meio de suas pesquisas, Emilia Ferreiro trouxe para o Brasil sua contribuição na prática do construtivismo, possibilitando uma significativa reestruturação e desenvolvimento de novas práticas dentro da alfabetização, onde se parte do ponto onde há uma valorização do conhecimento já existente da criança dentro do desenvolvimento educacional. O construtivismo é uma teoria do conhecimento que engloba numa só estrutura os dois polos, sujeito histórico e o objeto cultural, em interação recíproca, ultrapassando dialeticamente e sem cessar as construções muita das vezes já definidas, no intuito de satisfazer as lacunas ou necessidades dentro do processo de mediação educacional, onde temos o educador como um mediador dessa construção do processo de alfabetização, reconhecendo e identificando a etapa cognitiva no qual se encontra o aluno em questão, oferecendo estímulos específicos e inerentes. 17 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR 14724: Informação e documentação. Trabalhos Acadêmicos - Apresentação. Rio de Janeiro: ABNT, 2002. Construtivismo, Maria da Graça Azenha, 128 págs. Ed. Ática. Cultura Escrita e Educação, Emilia Ferreiro, 179 págs. Ed. Artmed. Psicogênese da Língua Escrita, Emilia Ferreiro e Ana Teberosky, 300 págs. Ed. Artmed. INTRODUÇÃO Capitulo 1 – O processo de alfabetização Construtivista CAPÍTULO 2 – REFERENCIAIS TEÓRICO-METODOLÓGICOS 2.1 – Referenciais Metodológicos 2.2 – Referenciais Teóricos CAPÍTULO 3 – Teoria da Psicogênese CAPÍTULO 4 – PESQUISA DE CAMPO 4. 1 – Descrevendo a metodologia: análise de questionários. CAPÍTULO 5: CONCLUSÃO REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Compartilhar