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Aspectos Fisiopatológicos da Hipertensão Arterial Sistêmica PIN: 01GMQH Bibliografia Indicada • Bogliolo - capítulo 16 • Patologia Básica – cap. 10 Relembrando a histologia do sistema circulatório • Componentes: coração + vasos sanguíneos + sangue → distribuição: gases, nutrientes, moléculas sinalizadoras e resíduos VASOS SANGUÍNEOS • Túnica íntima (endotélio + lâmina basal + lâmina elástica interna), túnica média (músculo liso) e túnica adventícia (conjuntivo frouxo) • Veias apresentam túnica adventícia maior em proporção • Artérias apresentam túnica média (muscular) maior em proporção • Arteríola tem apenas uma camada muscular • Lâmina elástica constituído por várias fibras elásticas • Artérias elásticas tem muitas fibras elásticas ao longo da parede do vaso; já artérias musculares tem duas fibras elásticas notáveis (interna e externa) CORAÇÃO EPICARDIO • Tecido conjuntivo revestido por mesotélio • Camada mais externa • Colágeno e fibras elásticas • Revestido por mesotélio • Conjuntivo denso não modelado • Camada interna (subepicárdica) o Adipócitos o Vasos sanguíneos o Fibras de colágeno e elásticas o Tecido conjuntivo propriamente dito frouxo com células adiposas uniloculares MIOCARDIO • Células unicelulares • Discos intercalares • Núcleos centrais (no corte transversal) • Estriações (no corte longitudinal) • Fibras com ramificações ENDOCARDIO • Endotélio a. Tec. epitelial simples pavimentoso b. Forma o lúmen do coração c. Este endotélio é continuo com o endotélio das veias e das artérias que entram e saem do coração • Subendotelial a. Tecido conjuntivo frouxo rico em fibras colágenas, fibras elásticas e células musculares lisas isoladas. • Subendocárdica a. Tecido conjuntivo frouxo b. Fibras de Purkinje (e na histologia ficam com cor mais clara): são cardiomiócitos modificados VALVAS CARDÍACAS • Átrio-ventriculares: impedem o retorno para os átrios • Semnilunares: impedem retorno para os ventrículos O que é pressão arterial? • Variável física • Garante perfusão dos tecidos • Dependente: forção de contração cardíaca e condição dos vasos sanguíneos • Força que impulsiona o sangue contra as paredes das artérias FÓRMULA A pressão arterial depende da relação de dois fatores hemodinâmicos e ela é diretamente proporcional à variação destes fatores PA = DC X RVP PA = (FC X VS) X RVP PA: pressão arterial VS: volume sistólico DC: débito cardíaco RVP: resistência vascular periférica (vasodilatação e vasoconstrição interferem) → Pressão arterial diastólica alta (maior que 80mmHg) é muito crítico para os vasos de pequeno calibre porque aumenta a pressão que o sangue chega até eles Aumento de PA é chamado de doença arterial hipertensiva; já a diminuição é o choque hemodinâmico ↑ volemia = ↑ PA = edema agudo de pulmão Sistema de controle da pressão arterial ● NERVOSO ○ SNA: FC ↑ ○ Alterando DC ○ Tônus vascular periférico (receptores Ɑ e ẞ adrenérgicos) ○ Secreção hormonal (renal, p.ex.) ○ Regulação do centro da sede e saciedade ○ Reflexo Baroceptores ● LOCAL (VASO) ○ Fatores endoteliais locais vasodilatadores e constritores ○ Resíduos metabólicos (CO2 e H+) ○ Agregação plaquetária e subprodutos (Tromboxano, PDGF) (NERVOSO e LOCAL) CONTROLE RÁPIDO E IMEDIATO DE ALTERAÇÕES PRESSÓRICAS – BARO E QUIMIORRECEPTORES ● HUMORAL ○ Liberação de fatores que atuam sobre os vasos e a volemia (pré e pós-carga) ○ Sistema RAA - Secreção de ADH Peptídeo atrial natriurético - Cininas - secretado quando a volemia está alta pelos átrios ○ CONTROLE A LONGO PRAZO MEDIADORES HIPOTENSORES → VASODILATADORES: Péptido Natriurético Atrial; Óxido nítrico, Prostaglandina; Cinina MEDIADORES HIPERTENSORES → VASOCONSTRITORES: Mineralocorticóides; Catecolaminas; Renina; Angiotensina II; Aldosterona; Endotelinas; Insulina, Tromboxanos A elevação da pressão arterial comprime as terminações neurais aumentando a atividade dos barorreceptores, inibindo a atividade tônica simpática para os vasos. Isso causa bradicardia, uma redução da RP total e do DC, contribuindo, assim, para o retorno da PA aos níveis normais. A pressão reduzida inibe a ação barorreceptora, provocando um reflexo imediato, que resulta em forte descarga simpática por todo corpo, minimizando, assim, a diminuição da PA na porção superior do corpo. SITUAÇÕES DE HIPOTENSÃO SITUAÇÕES DE HIPERTENSÃO Mecanismo Renal de Regulação da PA: • Um pequeno aumento na pressão arterial pode dobrar a excreção de H2O e Na+ com aumento da filtração glomerular e redução da reabsorção tubular (DIURESE E NATRIURESE PRESSÓRICA) • A excreção de Na+ e H2O leva a redução do volume de líquido extracelular, reduzindo a pressão arterial. Pontos Interessantes sobre a Hipertensão arterial ● A hipertensão arterial é uma das doenças mais importantes no mundo todo, por sua elevada prevale ̂ncia e gravidade. ● Assintomática → a doença evolui por muito tempo sem ser diagnosticada (fase subclínica - doença evolui sem pedir nada) ● Sem controle ou tratamento → o estado hipertensivo evolui com sobrecarga ao coraça ̃o e aos vasos sanguíneos de vários órgãos → uma doença de gravidade variada. ● Pode chegar a ser letal → AVE ● Importante causa de morbidade e mortalidade. “Dados norte-americanos de 2015 revelaram que HAS estava presente em 69% dos pacientes com primeiro episódio de IAM, 77% de AVE, e 75% com IC e 60% . A HAS é responsável por 45% das mortes cardíacas e 51% das mortes decorrentes de AVE No brasil, HAS atinge 32,5% (36 milhões) de indivíduos adultos, mais de 60% dos idosos, contribuindo direta ou indiretamente para 50% das mortes por doença cardiovascular”. Rev Bras Hipertens 2017; Vol.24(1): 12-7 OBS.: IC (isquêmica coronariana) = DAC (Doença arterial coronariana) O que é a hipertensão? Doença crônica, não transmissível, de origem multifatorial, freqüentemente assintomática, em que hácomprometimento do equilíbrio entre fatores vasodilatadores e vasoconstritores, com consequente elevação dos níveis da pressão sangüínea nas artérias capaz de, por progressiva alteração da perfusão tecidual, provocar danos aos órgãos por elas irrigados. • Condição clínica multifatorial caracterizada por elevação sustentada dos níveis pressóricos ≥ 140 e/ou 90 mmHg. • Frequentemente se associa a distúrbios metabólicos, alterações funcionais e/ou estruturais de órgãos-alvo, sendo agravada pela presença de outros fatores de risco, como dislipidemia, obesidade abdominal, intolerância à glicose e DM. → A hipertensão ocorre do desequilíbrio entre os componentes de vasodilatação e vasoconstrição corporal CLASSIFICAÇÃO PAS (mmHg) PAD (mmHg) Normal <120 <80 Pré-hipertensão 120–139 80–89 Estágio 1 140-159 90-99 Estágio 2 >159 >99 Crise hipertensiva >180 >120 Fatores de risco para HAS (não modificáveis): ● Quanto maior a idade, maior a prevalência ● Mais prevalente na etnia negra Fatores de risco para HAS (modificáveis): ● Excesso de peso (prevalência entre adultos aprox. 40%) e obesidade (prevalência aprox. 17%) ● Ingestão de sal (consumo recomendado é de 2g/dia de sódio. Estudos mostram ingesta média de 4,7 g/dia de sódio na pop brasileira) ● Ingestão de álcool (30 ml/dia de etanol, consumo limite, já é fator de risco. Consumo acima do limite foi observado em aprox. 16% adultos) ● Sedentarismo (aprox. 46% da pop. Brasileira é insuficientemente ativa) ● Diabetes Mellitus Diabetes Mellitus e HAS • Insulina – sensibilização das suprarrenais e angiostensina II – aumento de aldosterona – retenção de água e sal • Hiperinsulinemia: o Aumento da reabsorção de sódio o Aumento da contratilidade muscular o Aumento da atividade simpática o Aumentoda RVP e volume sanguíneo Estresse e HAS • Liberação constante de adrenalina: o Aumento da FC o Vasoconstrição o Aumento da RVP o Aumento da PA Classificação • Hipertensão primária (essencial) representa a grande maioria dos casos (90 a 95%) • Hipertensão secundária (5 a 10%) aparece em grande número de doenças Patogênese HIPERTENSÃO PRIMARIA / ESSENCIAL / IDIOPÁTICA • Mecanismos patogenéticos envolvidos são muito claros, havendo aspectos não suficientemente esclarecidos o Aumento da atividade do sistema nervoso simpático; o Aumento da produção de hormo ̂nios retentores de sódio e de vasoconstritores; o Aumento prolongado da ingestão de sódio durante a vida; o Ingestão inadequada de potássio e cálcio; o Aumento da secreção ou secreção inapropriada de renina, com conseqüente aumento na produção de angiotensina II e aldosterona; o Deficie ̂ncia na produção de vasodilatadores como prostaciclinas, óxido nítrico (NO) e peptídeos natriuréticos; o Alterações na expressão do sistema calicreínacinina; o Anormalidades dos vasos de resistência, incluindo lesões seletivas da microvasculatura renal; o Diabetes mellitus e resistência à insulina; obesidade; o Aumento na atividade de fatores de crescimento vascular; o Alterações dos receptores adrenérgicos, influenciando a FC, a resposta inotrópica do coração e o tônus vascular; e alterações no transporte iônico celular. • Associa-se aos fatores genéticos (associação genética inquestionável) o São conhecidos alguns polimorfismos gênicos associados à doença (genes do angiotensinogênio, de proteínas G, de endotelinas etc.) o Defeitos enzimáticos da degradação de aldosterona e mutações que favorecem aumento da reabsorção de Na+ e agua, hiperatividade dos corpúsculos carotídeos o Redução da excreção renal de sódio; o Aumento da resistência vascular arterial periférica; o Entre outros indicadores como história familiar HIPERTENSÃO SECUNDÁRIA • Mecanismos patogenéticos da HA podem ser conhecidos a partir da fisiopatologia de cada doença: o Doenças dos rins, frequentemente há isquemia renal e aumento da produção de renina; o Doenças endócrinas, muitas vezes há aumento da volemia por retenção de líquidos ou produção de catecolaminas; o Lesões encefálicas, o aumento da pressão arterial tem mecanismos variados; o Hipertensão da gravidez (pré-eclâmpsia), a tensão arterial se eleva por aumento de substâncias vasoconstritoras liberadas pela placenta Tipos e causas de hipertensão arterial sistêmica Hipertensão primária (essencial) Hipertensão secundária Doenças renais Glomerulonefrites agudas Nefropatias crônicas Doença cística renal (rins policísticos) Estenose da artéria renal (hipertensão renovascular) Doenças endócrinas Suprarrenais Síndrome de Cushing Hiperaldosteronismo primário Feocromocitoma Tireoide Hipertireoidismo* Doenças cardiovasculares Coarctação da aorta Rigidez da aorta Alto débito cardíaco Doenças neurológicas Hipertensão intracraniana Apneia do sono Outras Pré-eclâmpsia/eclâmpsia Consequências da HAS • Sobrecarga ao miocárdio, que passa a trabalhar com maior força para vencer a resistência vascular periférica aumentada - (aumento de pós carga) • Hipertrofia concêntrica, inicialmente do ventrículo esquerdo, no qual as fibras cardíacas sofrem aumento da espessura devido a aumento em paralelo do número de sarcômeros • Hipertrofia ventricular (Cardiopatia Hipertensiva) o Fase compensada – mantém débito cardíaco o Fase descompensa – não mantém débito cardíaco • Formação de novos sarcômeros no sentido transversal (aumento principalmente do diâmetro mas também do comprimento das fibras) • Aumento das mitocôndrias, dos ribossomos e do núcleo • Cardiopatia Hipertensiva Pulmonar / VD — Cor Pulmonale o Hipertrofia e na dilatação do VD — frequentemente acompanhadas de ICC Direita — causadas por hipertensão pulmonar resultante de distúrbios primários do parênquima pulmonar ou da vasculatura pulmonar Distúrbios que Predispõem ao Cor Pulmonale Doenças do Parênquima Pulmonar Doença pulmonar obstrutiva crônica Fibrose intersticial pulmonar difusa Pneumoconiose Fibrose cística Bronquiectasia Doenças dos Vasos Pulmonares Tromboembolia pulmonar recorrente Hipertensão pulmonar primária Arterite pulmonar extensa (p. ex., granulomatose com poliangiite) Obstrução vascular induzida por fármacos, toxinas ou radiação Microembolia por tumor pulmonar extenso Distúrbios que Afetam os Movimentos Torácicos Cifoescoliose Obesidade acentuada (síndrome de Pickwick) Doenças neuromusculares Passo a passo da HAS 1. Dilatação da cavidade do VE 2. Diminuição da espessura de sua parede e aumento do coração como um todo 3. Dilatação do anel da valva mitral à insuficiência 4. Aumentam a sobrecarga e a dilatação do AE, o que favorece fibrilação atrial 5. Surge congestão pulmonar 6. Hipertensão pulmonar 7. Sobrecarga do VD 8. VD entra em descompensação 9. Dilatação da sua cavidade e do anel da valva tricúspide → insuficiente 10. Refluxo de sangue para o AD Distúrbios que Induzem Constrição das Artérias Pulmonares Acidose metabólica Hipoxemia Apneia obstrutiva do sono Hipoventilação alveolar idiopática as • Na HA maligna, pode haver também necrose fibrinoide da parede associada tanto à arterioloesclerose hialina como à hiperplásica. • As lesões arteriolares são importantes, porque podem reduzir a luz vascular e alterar a vasomotricidade, ambos capazes de produzir isquemia • Rins → nefrosclerose vascular • SNC → responsáveis por lesões isquêmicas variadas (lesões de pequenos vasos cerebrais) e associadas à hemorragia cerebral parenquimatosa • Retina → retinopatia hipertensiva • Aneurismas – SNA (imagem ao lado) o “formações saculares em arteríolas cerebrais com formação de trombos no seu interior em áreas de transição entre substância branca e substância cinzenta.” • Nas artérias de grande e médio calibres • HA favorece a ATEROSCLEROSE. • Nas pequenas artérias e arteríolas observamos: • ARTERIOLOESCLEROSE HIALINA à Deposição de material hialino na íntima do vaso, com redução da luz. A substância depositada origina-se da passagem de proteínas plasmáticas através do endotélio lesado pela hipertensão arterial e da síntese aumentada de matriz extracelular induzida também pelo estado hipertensivo. (Comum nos rins e em diabéticos) • ARTERIOLOESCLEROSE HIPERPLÁSICA. à Hiperplasia das células musculares (que formam camadas celulares concêntricas, com aspecto “em casca de cebola”) e de duplicação da membrana basal, o que resulta em estreitamento da luz.
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