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METODOLOGIA 
DO ENSINO DA 
MATEMÁTICA
Tiago Loyo
Aspectos históricos 
e epistemológicos 
da matemática
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
 Reconhecer os aspectos históricos do ensino da matemática.
 Identificar os aspectos epistemológicos do ensino da matemática.
 Analisar os aspectos epistemológicos e históricos na constituição do 
ensino da matemática.
Introdução
Certamente, a maior parte dos professores de matemática, principalmente 
do ensino fundamental, já ouviu a pergunta (ainda que retórica): “quem 
inventou a matemática?”. Mesmo no meio acadêmico matemático, muitos 
professores não têm resposta para essa questão, e vários deles nunca 
refletiram sobre os fundamentos da disciplina que lecionam.
Se cada professor pensar sobre a matemática desde os primórdios, 
usando o pensamento filosófico, assim como aquele que inspirou os 
gregos na era de ouro da matemática, então poderá mostrar aos seus 
alunos que, apesar de não haver uma resposta direta a essa pergunta, 
ela pode ser respondida no âmago de cada um.
Neste capítulo, você vai conhecer os aspectos históricos e epistemoló-
gicos da matemática, e compreender quais influências sociais e históricas 
nos fizeram chegar à forma de ensinar essa disciplina que conhecemos 
e utilizamos hoje.
Aspectos históricos do ensino da matemática
Uma questão que sempre gera divergências entre os matemáticos é se a ma-
temática é uma ciência ou uma linguagem. Na verdade, para não se perder 
em pensamentos fi losófi cos, muitos preferem deixar essa pergunta vagando 
no espaço de suas mentes.
Se a matemática é uma ciência, ela deveria estudar e explicar fenômenos 
por si mesma; porém, na maior parte da vezes, isso não ocorre. Por outro lado, 
se considerarmos a matemática como mera linguagem, estaremos desprezando 
todos os elementos matematicamente naturais, como os prismas de cristais, os 
espirais de um girassol ou os processos periódicos naturais. Ainda que todos 
eles necessitem de símbolos lógicos para a sua representação, encerram em 
si informações de padrões matemáticos.
Diante de um assunto tão filosófico e debatido há tantos anos, seria muita 
pretensão querer encontrar uma resposta aqui. O que importa é que o uso 
da matemática é inerente ao ser racional: o ser humano. Sem o pensamento 
matemático, o valor ordenado das letras nessa frase teria pouco sentido, os 
fenômenos físicos e químicos ocorreriam sem que pudéssemos compreendê-los, 
e o homem não seria mais que um mero espectador do Universo. A Figura 1 
ilustra com bom-humor a “invenção” da matemática.
Figura 1. A “invenção” da matemática.
Fonte: Andrini e Vasconcellos (2015, p. 20).
Para analisar os aspectos históricos do ensino da matemática e as suas 
mudanças sociais ao longo da história, devemos nos desprender de tudo que 
Aspectos históricos e epistemológicos da matemática2
sabemos e voltar a pensar no homem da idade das cavernas. De acordo com 
Eves (2004), as civilizações nômades iniciaram o desenvolvimento da conta-
gem por volta de 3.000 a.C. — ou seja, há aproximadamente cinco mil anos. 
Porém, bem antes dessa fase, não havia linguagem escrita, e as expressões 
verbais eram extremamente primitivas.
[...] a Idade da Pedra durou vários milhares de anos, começando talvez já 
em 5.000.000 a.C. e indo até por volta de 3.000 a.C. Num mundo de vastas 
pastagens e savanas onde abundavam os animais selvagens e as pessoas 
eram principalmente caçadores e colhedores. Suas vidas eram agrestes e 
difíceis, de maneira que elas viviam demasiado ocupadas e em permanente 
agitação para poderem desenvolver tradições científicas. Depois de 3.000 
a.C. emergem comunidades agrícolas densamente povoadas ao longo do rio 
Nilo na África, dos rios Tigre e Eufrates no Oriente Médio e ao longo do rio 
Amarelo na China. Essas comunidades criaram culturas nas quais a ciência 
e a matemática começam a se desenvolver (EVES, 2004, p. 24).
Esse período que antecede 3.000 a.C. (a chamada Idade da Pedra) foi 
marcado por uma grande evolução cognitiva e, em conjunto com ela, vinha 
a necessidade de contagem e enumeração de quantidades. Situações como 
quantidade de crianças na tribo, contagem de gado ou de dias começavam 
a ser um desafio ao homem naquela época. Segundo historiadores, diversas 
técnicas que buscavam representar quantidade foram desenvolvidas, como:
  colocar em uma bolsa de couro uma pedra para cada objeto que se 
queria quantificar;
  em uma corda, dar um nó para cada objeto que se queria quantificar; 
  criar marcas lineares em ossos — a técnica mais conhecida e talvez a 
mais comum.
O osso Ishango (Figura 2), por exemplo, data de aproximadamente 20.000 a.C. 
e traz marcações lineares para unidades. No entanto, segundo historiadores, 
essas marcações estão agrupadas de forma que podem representar bem mais 
que unidades simples, talvez um calendário lunar primitivo.
3Aspectos históricos e epistemológicos da matemática
Figura 2. Osso Ishango.
Fonte: Santos (2016, documento on-line).
Observe que os riscos primitivos que representam unidades simples são 
bem próximos ao nosso usual algarismo 1. Então, será que o homem teria 
criado a contagem de objetos, ou simplesmente formulado símbolos que a 
representassem, atendendo a uma demanda de sua época?
Talvez a resposta importe pouco, se pensarmos na linha evolutiva do ho-
mem, uma vez que essa contagem está tão próxima do seu início que podemos 
dizer que o homem como ser pensante já surgiu contando. Portanto, a mate-
mática é basicamente inerente ao ser humano.
Com o advento da escrita, pouco depois de 5.000 a.C., a matemática 
começou a se tornar mais socializável, já que o pensamento começou a 
ganhar forma em tábuas de pedra. Dessa forma, não somente para a mate-
mática, mas de forma geral, um homem poderia começar a passar os seus 
conhecimentos a outro de modo mais concreto do que simplesmente pela 
linguagem verbalizada.
Mais especificamente dentro da matemática, os babilônios e os egípcios 
foram precursores em escrever cálculos matemáticos na pedra e em pergami-
nhos, com o objetivo de passar a mensagem a outros. Assim, eles provavel-
mente deixaram os primeiros registros do ensino da matemática. A Figura 3 
traz o papiro Rhind, um dos mais antigos documentos matemáticos egípcios, 
que traz soluções para diversos problemas matemáticos. Justamente com o 
papiro Rhind, o papiro Moscou, encontrados no Egito, são possivelmente 
os documentos matemáticos mais antigos já encontrados. Na Figura 4, você 
pode ver a tábua Plimpton 322, de origem babilônica, que também apresenta 
soluções matemáticas.
Aspectos históricos e epistemológicos da matemática4
Figura 3. Papiro Rhind.
Fonte: Santos (2015, documento on-line).
Figura 4. Tábua Plimpton 322.
Fonte: Kelly (2017, documento on-line).
Quando avançamos para o período histórico que se inicia aproximadamente 
no século VI a.C., encontramos na Grécia uma época riquíssima para a ma-
temática. Pelo mundo, a matemática como linguagem foi sendo desenvolvida 
por diferentes civilizações de diversas formas. Assim, encontramos diferen-
tes símbolos em várias culturas para representar uma unidade simples, por 
5Aspectos históricos e epistemológicos da matemática
exemplo. Ainda, algumas culturas utilizavam base decimal, enquanto outras, 
mais baseadas em astrologia, utilizavam outras bases, como a sexagesimal 
(base 60). Entretanto, a grandeza dessa disciplina está no fato de que o seu 
pensamento lógico a torna universal. Uma unidade pode ter símbolos variados 
em culturas diferentes, mas continua sendo uma unidade.
Nesse sentido, os gregos começaram a tratar a matemática não só como 
ferramenta, como as demais civilizações, mas também como meio de pen-
samento lógico, que poderia encerrar em si todas as explicações. Então, os 
gregos tinham para com essa disciplina um olhar mais filosófico e científico. 
Não é à toa que a palavra “matemática” vem do grego máthema, que significa 
ciência, conhecimento ouaprendizagem, e deriva da palavra mathematikós, 
que significa o prazer de aprender. Portanto, para esse povo, a matemática 
era a ciência do conhecimento.
Na época, muitas culturas mantinham registros matemáticos de como 
determinar ciclos lunares ou como medir áreas circulares, volumes, entre 
outros. Porém, todas essas situações sempre estavam de acordo com as suas 
necessidades práticas. Já os gregos tiveram uma influência enorme nos avanços 
matemáticos, uma vez que, ao se debruçarem sobre o assunto, desenvolveram-
-no além dos limites que o homem da época utilizava.
Dessa forma, avanços em diferentes áreas da matemática foram obtidos, 
mas o mais significativo para o nosso contexto é o surgimento de escolas de 
matemática — ainda que não da forma como as conhecemos hoje, mas como 
o seu esboço. Podemos citar Platão e os seus discípulos, ou Pitágoras e a sua 
“sociedade secreta”: os pitagóricos.
Portanto, iniciou-se uma revolução na forma de tratar a matemática, que 
passou de uma ferramenta simples a uma área de conhecimento, que é re-
conhecidamente expansível e a qual o homem reconhece não ter condições 
de finalizar com a sua vida efêmera. Seria necessário, dessa forma, passar 
adiante todo o conhecimento acumulado, bem como registrar os avanços para 
quem nos suceder.
Ainda na Antiguidade, por volta do século III a.C. foi fundada no norte 
do Egito a maior biblioteca da época, e possivelmente a mais importante da 
história, a Biblioteca de Alexandria. Ela tinha por finalidade reunir obras de 
todos os continentes e todo o conhecimento da humanidade.
Aspectos históricos e epistemológicos da matemática6
Muitos nomes de relevância para a matemática foram bibliotecários em Alexandria, 
tais como Euclides e Eratóstenes.
Eratóstenes foi um matemático egípcio, estudou em Cirene, Atenas e em Alexandria. 
Ficou conhecido, principalmente, por ter medido a circunferência da Terra com uma 
pequena margem de erro, utilizando apenas trigonometria simples, baseada na sombra 
de um pilar e na luz do sol no fundo de um poço. 
Por volta de 1600 d.C, ou seja, aproximadamente 800 anos depois, Galileu Galilei 
afirmou que a Terra era redonda.
Apesar da sua enorme importância, não vamos nos ater neste capítulo aos 
avanços matemáticos da Idade Média, deixando a cargo do leitor os aprofun-
damentos na história da matemática.
A História da Matemática é um campo que permite que o professor elabore 
sua concepção referente à disciplina, assim como colabora para a organização 
de abordagens pedagógicas que poderão contribuir no processo de ensino 
aprendizagem. Com o estudo da História da Matemática se pode analisar a 
construção das noções básicas dos conceitos matemáticos, com isso o aluno 
revive suas descobertas e aumenta a sua compreensão do conteúdo sem a 
necessidade de memorização de suas definições. O uso dos fatos históricos 
na sala de aula proporciona um melhor entendimento dos alunos no que diz 
respeito à dimensão histórica dos assuntos envolvidos, despertando assim o 
interesse dos alunos, motivando-os ainda mais a buscar o conhecimento. O 
professor precisa despertar nos alunos o aspecto investigativo para que ele 
próprio busque alternativas para resolver problemas, propiciando assim que os 
alunos desenvolvam o senso crítico, colaborando para que, se forme cidadãos 
mais críticos e conscientes do seu papel na sociedade contemporânea, o que 
faz com que se tenha uma possibilidade mais evidente de êxito na construção 
do conhecimento (OLIVEIRA, 2014, p. 2).
O trecho citado vem reforçar a sugestão dos PCNs para a educação básica, 
no que tange ao auxílio na compreensão e memorização dos conteúdos. Dessa 
forma, a construção do conhecimento por parte do aluno passa a ter mais 
significado quando acontece por meio de um processo investigativo e crítico.
7Aspectos históricos e epistemológicos da matemática
Alguns dos grandes matemáticos gregos são Tales de Mileto, Sócrates, Platão, Aristóteles, 
Pitágoras, Euclides, Apolônio e Eratóstenes. Na Idade Média, exemplos de grandes 
matemáticos são Kepler, Galileu Galilei, Newton, Fermat, Euler, Gauss e Fibonacci.
 Aspectos epistemológicos do ensino 
da matemática
O ramo da fi losofi a que estuda a natureza do conhecimento é chamado de 
epistemologia. Esse termo foi utilizado pela primeira vez pelo fi lósofo escocês 
James F. Ferrier, e é composto pelos conceitos de episteme e logos. O primeiro 
signifi ca conhecimento, enquanto o segundo corresponde a palavra (ainda 
que os sentidos mais utilizados sejam o de estudo ou ciência).
Dentro do ensino da matemática, há diversas correntes metodológicas, que 
podem ser vistas como tendências em educação matemática. Os aspectos epis-
temológicos do ensino da matemática formam um conjunto dessas tendências, 
englobando aquelas que tratam as teorias da educação matemática e o uso 
da própria educação matemática como campo científico. O construtivismo 
radical, as teorias da psicologia e a filosofia da educação também fazem parte 
desse grupo.
A epistemologia e a história esclarecem aspectos relacionados à complexidade 
dos conceitos e suas relações entre si. Essas considerações devem iluminar 
discussões curriculares e constituem uma fonte de hipóteses para as investi-
gações psicológicas e pedagógicas (CAMPOS; NUNES, 1994, p. 6).
Os aspectos epistemológicos e históricos para a educação matemática 
buscam teorizar os conhecimentos matemáticos. Dessa forma, essa corrente 
busca fazer com que o professor tenha os conhecimentos históricos como 
alicerce para uma teorização e aplicação baseada no amplo conhecimento do 
conteúdo a ser abordado.
Logo, o professor teria uma base concreta para ter a segurança necessária 
à produção de novos conhecimentos e de investigações temáticas, e ao desen-
volvimento de aplicações pedagógicas do tema.
Campos e Nunes (1994) acreditam que essa perspectiva epistemológica 
coloca como questão essencial o papel assumido pelo professor. Salientamos 
Aspectos históricos e epistemológicos da matemática8
que o professor deve assumir um papel de grande significado nessa prática, 
em que a sua experiência e a forma como ele a transmite serão o principal 
norteador de como se dará a sua prática pedagógica em sala de aula.
Quando um professor decide seguir determinada prática pedagógica com o 
objetivo de facilitar a absorção do conhecimento por parte dos seus discentes, 
ele está se apoiando — ainda que de forma subconsciente — na sua bagagem 
epistemológica, que seria o conjunto de suas convicções, seus saberes e suas 
experiências enquanto aluno.
É justamente no reforço e na ampliação dessa bagagem que se estruturam 
os aspectos epistemológicos da educação matemática. Para a plena aplicação 
das práticas epistemológicas, o professor precisará dominar o conhecimento 
pedagógico do assunto, bem como o conhecimento matemático relacionado.
Dentro do conhecimento pedagógico, o professor precisará conhecer os 
métodos de ensino e aprendizagem relacionados ao tema, ter empatia para 
com os alunos, assim como carisma, que não pode ser desconsiderado como 
característica importante ao bom locutor.
Já o conhecimento matemático servirá de base para o professor construir 
estratégias para a aplicação e o desenvolvimento do conteúdo. Dessa forma, 
dominar cada conteúdo é fundamental para conhecer os caminhos e as pos-
sibilidades a serem tomadas dentro da realidade de cada aluno ou turma.
A construção do processo de ensino 
da matemática ao longo da história
Tomando como base a interação entre conhecimento e domínio do conteúdo, 
para consequente refl exão e aplicação, usaremos como base a história da 
matemática e o desenvolvimento de cada processo de ensino/aprendizagem 
para a construção do pensamento fi losófi co e matemático.
Vimos que o processo de ensino da matemática passou por diferentes 
fases e formas ao longo da história de diferentes civilizações. Gomes (2005) 
escreve que, além dos grandes nomes para essa disciplina, a cultura grega, no 
período chamado cosmopolita,trouxe a separação entre os estudos das áreas 
do conhecimento. Os que podiam pagar estudos já o faziam com mestres 
ou tutores. Havia também grupos que se reuniam para promover estudos de 
determinadas áreas, como os pitagóricos. Além disso, os primeiros registros 
históricos deram início à propagação do conhecimento, e a datação e referência 
a feitos e descobertas passou a ser mais precisa.
9Aspectos históricos e epistemológicos da matemática
Outro fator importante para todo esse registro foram os Elementos de 
Euclides, uma coletânea de livros nos quais Euclides de Alexandria juntava 
todo o conhecimento matemático da humanidade até aquele momento.
De acordo com Gomes (2005), todo esse avanço grego se viu interrompido 
por volta do século V d.C., quando os bárbaros tomaram Roma. Na verdade, 
bem mais que interrompido, o conhecimento histórico acumulado até ali 
quase foi totalmente destruído. Nesse período, os mosteiros católicos eram 
praticamente a única forma de propagação e ensino de matemática. Porém, a 
forma de educação cristã da época não estimulava a filosofia e o pensamento 
criativo, sendo um grande inibidor da ciência e da sua evolução. Essa forma 
de conceber o ensino é uma antítese ao pensamento grego, e isso também foi 
fundamental para a “estagnação” do desenvolvimento matemático por séculos.
Nos séculos seguintes, a educação voltou a se expandir, e a ciência se tornou 
popular, principalmente entre os nobres. Dessa forma, surgiram os grandes 
nomes da matemática da Idade Média. Com a Idade Moderna, vieram algumas 
constatações reflexivas sobre a educação, entre elas o fato de que a educação 
secundária estava divergente na sociedade industrial que despertava mundo 
afora. Houve então uma necessidade de aprimoramento dos professores, bem 
como de ampliação do quadro para a educação pública.
Dessa forma, iniciou-se o pensamento e o aprimoramento da educação 
matemática, um movimento internacional de renovação e modernização. No 
início do século XX, esse processo ganhou espaço no Brasil com o movimento 
da Escola Nova.
No nosso país, um marco importante da modernização da educação foi 
a unificação das matemáticas. Até então, tínhamos as três principais áreas 
da matemática divididas como diferentes disciplinas: álgebra, aritmética e 
geometria. Assim, para ser aprovado em matemática, um aluno precisaria ser 
aprovado em três disciplinas, com exames e notas diferentes.
Os reflexos dessa mudança podem ser notados na cultura escolar e em 
muitos livros até os dias atuais, uma vez que cada professor tinha uma área 
de preferência. Dessa forma, professores de álgebra e aritmética tinham uma 
maior dificuldade nos temas geométricos. Então, muitos livros lançados nas 
décadas seguintes deixavam de abordar conteúdos de geometria, ou os traziam 
nos últimos capítulos, nos quais os professores quase nunca conseguiam chegar 
ao longo do ano letivo.
Na década de 1950, com os avanços da corrida espacial, muitos países da 
Europa viram a necessidade de investir no ensino de matemática, a fim de 
não ficarem para trás em termos de avanços científicos. Seguindo esse mesmo 
Aspectos históricos e epistemológicos da matemática10
impulso, o Brasil precisou aproveitar o crescimento econômico para entrar 
nessa corrida. Por volta da década de 1960, teve início no país o Movimento 
da Matemática Moderna.
Para saber mais sobre esse movimento, acesse o artigo 
O Movimento da Matemática Moderna no Brasil: encontro de 
certezas e ambiguidades (BÚRIGO, 2006) no link ou código 
a seguir.
https://goo.gl/2FmZUG
Esse movimento tinha como principais objetivos a consolidação da unifi-
cação das três matemáticas, a ênfase na precisão, formalização da Matemática 
e no método de expressar a linguagem matemática, e a modernização do 
ensino de 1º e 2º grau (Ensino Fundamental e Ensino Médio), por meio de 
um processo algébrico rigoroso e abstrato. Além disso, introduziu elementos 
de teoria dos conjuntos no currículo básico.
O uso da história da matemática para o ensino dessa disciplina é uma 
tendência moderna — mais especificamente dos dias atuais, com o uso da 
tendência epistemológica, que visa à associação direta do uso da história. 
Segundo os PCNs:
Ao revelar a Matemática como uma criação humana, ao mostrar necessidades 
e preocupações de diferentes culturas, em diferentes momentos históricos, 
ao estabelecer comparações entre os conceitos e processos matemáticos do 
passado e do presente, o professor tem a possibilidade de desenvolver atitu-
des e valores mais favoráveis do aluno diante do conhecimento matemático. 
Além disso, conceitos abordados em conexão com sua história constituem-
-se veículos de informação cultural, sociológica e antropológica de grande 
valor formativo. A História da Matemática é, nesse sentido, um instrumento 
de resgate da própria identidade cultural. Em muitas situações, o recurso à 
História da Matemática pode esclarecer ideias matemáticas que estão sendo 
construídas pelo aluno, especialmente para dar respostas a alguns “porquês” 
e, desse modo, contribuir para a constituição de um olhar mais crítico sobre 
os objetos de conhecimento (BRASIL, 1997, p. 34)
11Aspectos históricos e epistemológicos da matemática
Como já foi citado, a associação dos conteúdos com a história da mate-
mática traz consigo a reflexão sobre as necessidades humanas que fizeram 
despertar aquele conhecimento. Além disso, permite reflexões filosóficas 
com base naquele contexto histórico-social, associado ao conteúdo e às suas 
aplicações nos dias atuais.
Dessa forma, podemos concluir como sendo de grande importância reflexiva 
o uso das tendências histórico-epistemológicas na educação matemática, que 
se apropria da experiência e do conhecimento do professor para fazer com que 
o aluno reflita e possa criticar todo o processo de construção do conhecimento 
matemático. Essa tendência gera ainda uma experiência bem mais significativa 
ao aluno, que passará a ter também uma bagagem e um repertório mais amplos 
sobre cada conteúdo estudado.
1. De acordo com os PCNs, a história 
da matemática é capaz de 
estimular alguns conceitos nos 
alunos (BRASIL, 1997). Entre esses 
conceitos, podemos destacar:
a) conceitos abordados em 
conexão com a sua história, 
que se constituem como 
veículos de informação cultural, 
sociológica e antropológica 
de grande valor formativo.
b) conceitos de álgebra linear, 
já que todo conhecimento 
algébrico é calçado na 
história da matemática.
c) conceitos relacionados única e 
exclusivamente às competências 
que devemos desenvolver com 
os alunos em sala de aula.
d) conceitos complexos 
relacionados à construção e 
demonstração dos teoremas 
e postulados elaborados 
por antigos matemáticos.
e) conceitos simples do conteúdo 
matemático, tendo em vista 
que os assuntos mostrados 
a partir da história são os 
mais elementares, não 
permitindo, com isso, abordar 
a matemática mais profunda.
2. Eratóstenes, um dos bibliotecários 
da Biblioteca de Alexandria, por 
volta de 200 a.C., utilizando uma 
matemática simples, fez uma grande 
contribuição à ciência. O que ele 
determinou de forma aproximada?
a) A circunferência da Terra.
b) O volume de água 
presente no rio Nilo.
c) O volume da Pirâmide 
de Quéops.
d) A massa da Terra.
e) A distância da Terra à Lua.
3. Podemos resumir o Movimento da 
Matemática Moderna no Brasil como:
a) um movimento preocupado 
com o excesso de informação 
que nossos alunos vinham 
Aspectos históricos e epistemológicos da matemática12
tendo, propondo desta 
forma um conteúdo mais 
simplificado, para que todos 
pudessem acompanhar.
b) um ensino baseado nas 
aplicações da matemática na área 
computacional, tendo em vista 
que os primeiros computadores 
pessoais começaram a surgir 
logo após a II Guerra Mundial.
c) o conteúdo matemático baseado 
apenas em movimentos políticos, 
voltados à democracia, pois 
não se suportava mais tanta 
repressão por parte dos militares. 
d) a formalização da matemática 
e a introduçãode elementos 
baseados na teoria dos 
conjuntos, dando ênfase à 
precisão e ao rigor matemático.
e) a substituição gradual dos 
professores presenciais por 
módulos de aula EaD.
4. Temos hoje a matemática como uma 
disciplina única, composta por suas 
subáreas de forma unificada para 
a Educação Básica. Essa unificação 
ocorreu no Brasil como parte de 
um processo de modernização do 
currículo. Quais eram as disciplinas 
que foram unificadas para compor 
nossa atual matemática?
a) Álgebra e aritmética.
b) Álgebra, aritmética e geometria.
c) Aritmética e geometria.
d) Álgebra e geometria.
e) Álgebra e trigonometria.
5. Quais são os nomes dos primeiros 
documentos egípcios que relatam 
a existência da matemática 
nessa região do mundo?
a) Pergaminho luso e 
papiro de Moscou.
b) Papiro de Moscou e 
tábua algébrica.
c) Pergaminho luso e 
tábua algébrica.
d) Papiro de Rhind e 
papiro de Moscou.
e) Tábua Plimpton e tábua 
de logaritmos.
ANDRINI, Á.; VASCONCELLOS, M. J. Praticando matemática. São Paulo: Editora do Brasil, 
2015. (6º ano).
BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros 
curriculares nacionais: matemática. Brasília: MEC, 1997.
CAMPOS, T. M.M.; NUNES, T. Tendências atuais do ensino e aprendizagem da mate-
mática. Em Aberto, Brasília, v. 14, n. 62, p. 3-7, 1994.
EVES, H. Introdução à história da matemática. São Paulo: Unicamp, 2004.
13Aspectos históricos e epistemológicos da matemática
GOMES, E. B. A história da matemática como metodologia de ensino da matemática: pers-
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e Matemática, Universidade Federal do Pará, Belém, 2005.
KELLY, A. Trigonometria em tablete de 3.700 anos da Babilônia. Pesquisa FAPESP, São 
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trigonometria-em-tablete-de-3-700-anos-da-babilonia/>. Acesso em: 06 set. 2018.
OLIVEIRA, V. C. A história da matemática e o processo de ensino aprendizagem. In: 
ENCONTRO REGIONAL DE ESTUDANTES DE MATEMÁTICA DA REGIÃO SUL, 20., 2014, 
Bagé. Anais... Bragé: UNIPAMPA, 2014.
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SANTOS, J. Os papiros da matemática egípcia: o papiro de Rhind ou Ahmes. 201. Dis-
ponível em: <https://www.matematicaefacil.com.br/2015/11/papiros-matematica-
-egipcia-papiro-rhind-ahmes.html>. Acesso em: 06 set. 2018.
Leituras recomendadas
BOYER, C. B. História da matemática. São Paulo: Edgard Blücher, 1996.
BÚRIGO, E. Z. O movimento da matemática moderna no brasil: encontro de certezas 
e ambigüidades. Revista Diálogo Educacional, Curitiba, v. 6, n. 18, p. 35-47, maio/ago. 
2006. Disponível em: <https://periodicos.pucpr.br/index.php/dialogoeducacional/
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Aspectos históricos e epistemológicos da matemática14
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