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Vitória Trindade DISTURBIOS DA CIRCULAÇÃO – PARTE 2 – EMBOLIA Obstrução de um vaso sanguíneo ou linfático por um corpo sólido, líquido ou gasoso, que não se mistura com o sangue ou a linfa. Esse corpo que não se mistura, chama-se de êmbolo. Diferença de trombo x êmbolo: DIFERENÇA ENTRE TROMBOSE E EMBOLIA → Quando se forma um trombo no vaso sanguíneo, isso é uma trombose. Porém, se esse trombo se desloca, isso é uma embolia. → Muitas vezes se utiliza o termo tromboembolia, porque a maioria das embolias surgem a partir de tromboses, ou seja, do rompimento dos trombos. → Entretanto, algumas tromboses nunca se tornam embolias. Além disso, as embolias podem ser causadas por outros fatores como gordura e bolhas de ar. EMBOLIA SÓLIDA • São fragmentos de trombos ou de tecidos. • Esses fragmentos são originados da fragmentação ou desprendimento de trombos em paredes cardíacas, valvas do coração, aorta e veias profundas. ORIGEM DOS TROMBOS: • Quando se originam em câmaras cardíacas esquerdas ou em artérias sistêmicas: ✓ Os êmbolos podem obstruir vasos em qualquer território do corpo e assim causar isquemia. • Quando se originam do coração direito ou de veias da grande circulação: ✓ Leva a obstrução das artérias pulmonares → causando uma embolia pulmonar. EMBOLIA PULMONAR • A embolia pulmonar é causada pela obstrução das artérias dos pulmões por coágulos (trombos ou êmbolos) que, na maior parte das vezes (não é a única causa), se formam nas veias profundas das pernas (trombose venosa profunda) e são liberados na circulação sanguínea. • A gravidade do quadro está diretamente correlacionada com o tamanho do êmbolo. Os maiores podem interromper completamente a circulação pulmonar. Essa condição pode ser mortal. • Consequências: ✓ Êmbolos volumosos: ▪ Obstruir o tronco da artéria pulmonar ▪ Se alojar na bifurcação do tronco pulmonar. Vitória Trindade ▪ Sinal/ sintoma: morte súbita por parada do fluxo sanguíneo pulmonar e das trocas gasosas nos pulmões. ✓ Êmbolos pequenos: ▪ Podem sofrer dissolução espontânea; ▪ Ou em alguns casos, levar a embolia nos ramos de artérias menores. ▪ Sinal/ sintoma: dor torácica e desconforto respiratório. Aspecto microscópico de trombo organizado em veia profunda da perna, com recanalização (setas – possibilitando o restabelecimento parcial do fluxo de sangue). No detalhe, vê-se tecido de granulação (tecido cicatricial) que substitui o trombo. EMBOLIA CEREBRAL • Decorrente de trombos originados no coração ou em artérias que irrigam o encéfalo. • Causam lesões isquêmicas de gravidade variada. • É a causa dos acidentes vasculares cerebrais. EMBOLIA MESENTÉRICA • Causada por trombos originados no coração ou na aorta. • Leva a isquêmica e infarto intestinal. • Na maior parte das vezes é fatal. OUTRAS EMBOLIAS SÓLIDAS: • Embolia séptica → causada pela infecção de fungos ou bactéria (endocardite infecciosa, trombos em locais de cateterismo arterial prolongado). Vitória Trindade Fragmento de trombo embolizado em ramo de artéria pulmonar com intensa colonização bacteriana. • Ateroembolia: ✓ Ocasionada Fragmentos de placas ateromatosas. ✓ Geralmente são pequenos e múltiplos. (obstrução de vasos menores que 200mm de diâmetro) Ateroembolia: êmbolo oclusivo com fendas de colesterol em pequena artéria. • Fragmentos de medula óssea, de tecido adiposo e neoplasias angioinvasivas: ✓ Fragmentos de medula óssea → após traumatismos; ✓ Tecido adiposo → caem na circulação durante lipoaspiração e lipoescultura. ✓ Neoplasias malignas → invadem vasos sanguíneos e linfáticos, originando embolos tumorais que podem resultar em metástases. Lipoaspiração Neoplasias malignas EMBOLIA GASOSA Consiste em bolhas de gás no sangue circulante que acabam por obstruir o fluxo sanguíneo. SÍNDROME DE DESCOMPRESSÃO • Resulta da formação de bolhas de ar, especialmente nitrogênio, quando um indivíduo submerso em grande profundidade retorna à superfície. • Explicando: ✓ A pressão atmosférica elevada aumenta a solubilização do nitrogênio do ar, no sangue. ✓ Se o individuo retorna rapidamente à superfície: ▪ A pressão atmosférica vai; ▪ O nitrogênio dissolvido volta ao estado gasoso e forma bolhas (êmbolos) que obstruem vasos na microcirculação. Vitória Trindade EMBOLIA GASOSA IATROGÊNICA • Acontece a partir de procedimentos invasivos, por meio da inserção de agulhas e cateteres em vasos ou em cavidades. • Principais causas: ✓ Instrumentos de infusão de líquidos por via parenteral: ▪ Conexão acidental com equipamentos com ar comprimido. ▪ Podendo haver injeção acidental de ar na circulação. ✓ Conexão acidental de cateteres para via de acesso em veia profunda ou durante a punção para colocação de cateteres e passagem de sondas. ▪ Pode haver passagem acidental de ar para a circulação. • Consequências: ✓ Pequenas quantidades de ar introduzido podem se dissolver e não ter repercussões. ✓ Grande quantidade de ar pode formar bolhas que interferem no fluxo sanguíneo. • Manifestações clínicas: ✓ São relacionadas com o SNC → paralisias, paresias e quadros de isquemia cerebral. EMBOLIA POR LÍQUIDOS • Tipos mais comuns: ✓ Embolia de líquido amniótico ✓ Embolia gordurosa EMBOLIA DE LÍQUIDO AMNIÓTICO • A embolia por líquido amniótico ocorre quando um pouco do líquido amniótico (o líquido que envolve o feto dentro do útero) que contém células e tecido do feto entra na corrente sanguínea da mãe e causa uma reação grave na mulher. • A coagulação intravascular disseminada é uma complicação que ocorre com frequência. Nesse distúrbio, pequenos coágulos se formam dentro da corrente sanguínea, o que resulta em um sangramento difuso com perda significativa de sangue. É necessário prestar cuidados de emergência. • O que ocorre é que o líquido amniótico tem: ✓ Atividade pró-coagulante; ✓ Favorece a formação de microtrombos disseminados (coagulação intravascular disseminada); ✓ Juntamente com as lesões pulmonares provoca o óbito. EMBOLIA GORDUROSA • É provocada por: ✓ Infusão inadequada de substancias oleosas na circulação sanguínea – injeções oleosas intramusculares. ✓ Esmagamento do tecido adiposo ou medula óssea amarela em indivíduos politraumatizados. ✓ Lise de hepatócitos com esteatose acentuada, levando a migração de gordura para as veias hepáticas. • Outras causas: ✓ Fraturas de ossos – fêmur, tíbia. Vitória Trindade ✓ Pós operatório de cirurgias ortopédicas. ✓ Após cirurgias plásticas e procedimentos estéticos – lipoaspiração, ruptura de próteses e preenchimentos com gordura. ISQUEMIA • Redução ou a falta de fluxo sanguíneo para um órgão ou território do organismo. • Sendo assim, o aporte insuficiente de sangue para manter as necessidades metabólicas dos tecidos → leva a hipóxia (redução no fornecimento de oxigênio) ou anóxia (ausência do suprimento). • É um processo localizado, mas compromete vários órgãos simultaneamente. Causas: • Obstrução total ou parcial das artérias, veias ou capilares. • Pode ocorrer: na luz do vaso ou fora do vaso (compressão da parede vascular). ✓ Obstrução intravascular (parcial ou total) → placa de aterosclerose, trombose arterial, embolia e arterite. ✓ Espasmos arteriais → desequilíbrio entre agentes vasodilatadores e vasoconstritores. ✓ Compressão extrínseca → tumores e compressão de tecidos moles no decúbito prolongado. Obstrução da microcirculação: • Aumento da viscosidade sanguínea – síndrome da hiperviscosidade (ex. anemia falciforme); • Coagulação intravascular disseminada – formação de microtrombos na microcirculação; • Compressãoextrínseca – paciente acamados com úlceras de decúbito; • Embolia gasosa e gordurosa; • Parasitismos de células endoteliais – infecções por microrganismos (toxoplasmose, calazar e citomegalovirose). Consequências: • A intensidade da isquemia depende: ✓ Do grau de obstrução (total ou parcial); ✓ Se ocorre de forma rápida (trombo) ou lenta (obstrução por placa ateromatosa). • Principal consequência da isquemia → hipóxia ou anóxia. • As demais consequências vão depender: ✓ Extensão da área isquêmica e sua localização; ▪ Miocárdio → quanto mais extensa mais grave a isquemia; ▪ SNC → pode ser fatal ou deixar sequelas graves. ✓ Velocidade de instalação (súbita ou lenta); ▪ Cérebro → isquemia súbita leva a perda de consciência. ▪ Isquemia lenta → o fornecimento de nutrientes é reduzido e o tecido procura se adaptar à nova situação (degeneração hidrópica). ✓ Existência de circulação colateral; ✓ Sensibilidade dos tecidos atingidos à hipóxia ou anóxia. ▪ Tecido nervoso → muito sensível a hipóxia. Os neurônios sofrem necrose após minutos de anóxia. ▪ Tecido muscular estriado e tecido ósseo → mais resistentes as hipo/ anóxia. Transplantes: • O órgão a ser transplantado pode permanecer em anóxia sem lesões graves. • Para isso, deve ser preservado em baixas temperaturas → pois, reduz a atividade metabólica do tecido, diminuindo o risco de necrose. Progressão da isquemia: • Células tendem a se hipotrofiar → o número delas se reduzem (apoptose) → há aumento da Vitória Trindade produção de matriz extracelular e instalação de fibrose. Isquemia generalizada: • Vários órgãos são afetados simultaneamente. • Desenvolve o choque – devido a falência sistêmica do sistema circulatório em manter a perfusão tecidual. • Em consequência diversos órgãos apresentam lesões que se instalam em tempos diferente e em localizações distintas. INFARTO É uma área localizada de necrose isquêmica, por interrupção do fluxo sanguíneo arterial ou venoso. INFARTO BRANCO • A região afetada fica mais clara (branca ou amarelada) do que a cor normal do órgão. ✓ Nas margens do infarto: se forma um halo hiperêmicohemorrágico (vermelho). • É causado por obstrução arterial em territórios sem ou com escassa circulação colateral. ✓ Ex: no coração, encéfalo, rins e baço. A. Infartos brancos recentes, no rim. B. Infartos antigos no rim, representados por cicatrizes que formam depressões irregulares. C. Infarto branco recente do baço. INFARTO VERMELHO • Região comprometida fica vermelha pela hemorragia que se forma na área infartada. • Causada por obstrução tanto arterial como venosa. • Ocorre em órgão com estroma frouxo, com circulação dupla ou vasos colateria. o Ex. pulmões, intestinos. Obstrução de uma artéria em órgão cujos ramos colaterais podem manter o suprimento sanguíneo NÃO CAUSA NECROSE ISQUÊMICA. • Material necrótico: vermelho-escuro (mistura de restos celulares com sangue extravasado). • Nem sempre é possível diagnosticar macroscopicamente um infarto muito recente, pois as alterações macroscópicas demandam tempo para se instalar. INFARTO PULMONAR • No pulmão → quando há obstrução da artéria pulmonar (embolia), a circulação pelas artérias brônquicas é suficiente para manter o parênquima pulmonar. ✓ Entretanto, essa obstrução leva ao infarto pulmonar vermelho ou hemorrágico. • Se o paciente tem insuficiência cardíaca → o fluxo sanguíneo pelas artérias brônquicas não é suficiente para garantir a irrigação necessária. • Clínica do paciente: ✓ Dispneia; ✓ Dor torácica; ✓ Tosse com expectoração sanguinolenta (por causa da necrose hemorrágica no parênquima pulmonar). Vitória Trindade Consequências do infarto: • Vai depender da extensão e do órgão comprometido: ✓ Infartos que podem ser fatais → do miocárdio, do encéfalo e do intestino. ✓ Infartos que podem passar despercebidos → infartos renais, esplênicos e pequenos infartos do miocárdio ✓ No SNC → infartos brancos levam a áreas amolecidas por necrose liquefativa. Achados microscópicos: • Necrose isquêmica ou necrose por coagulação. Miocárdio: Citoplasma acidófilo → necrose por coagulação, com células fagocitárias e linfócitos. Evolução do infarto: • Cura com cicatrização. Pode ser: ✓ Completa – resultando em cicatriz retrátil. ✓ Incompleta – com formação de cistos (SNC). ▪ No SNC → gliose – reparação por proliferação de astrócitos que ocupam o lugar do tecido necrosado. • O infarto produz uma área desvitalizada: ✓ Com isso, pode haver colonização e proliferação de bactérias, originando abscessos ou gangrena. Infarto intestinal: gangrena por crescimento de microrganismos anaeróbios da microbiota endógena, sendo frequente em lesões que não são removidas cirurgicamente. Vitória Trindade EDEMA • Consiste no acúmulo patológico de líquido no interstício ou em cavidades (peritônio, pleura, pericárdio, alvéolos pulmonares) do organismo. • Pode ocorrer de forma localizada ou sistêmica (anasarca). Classificação do edema conforme a composição: • Exsudado: o Aspecto leitoso, turvo, com alto conteúdo proteico. o É formado pelo aumento da permeabilidade dos vasos que permite a saída de proteínas e células inflamatórias para o interstício ou cavidades. • Transudado: o Aspecto límpido, branco a amarelado e possui baixo conteúdo proteico. Obs. O exsudado se relaciona com processos inflamatórios, diferente do transudado que não possui essa relação. Principais causas de edema: • Aumento da pressão hidrostática intravascular; • Aumento da permeabilidade capilar; • Obstrução da drenagem linfática. Características: • Macroscópicas: órgão volumoso, úmido e brilhante. • Microscópicas: pode se observar um afastamento das fibras e células representado por espaços claros com material acidófilo. Consequências: • Edema pulmonar (hidrotórax) → dificulta a hematose; • Edema cerebral (hidrocefalia) → HIC; • Edema de glote → sufocamento; • Ascite (hidroperitônio) → pode comprimir o diafragma e dificultar a respiração. Sinal de cacifo → identificar edema. CHOQUE Caracterizado pela incapacidade do sistema circulatório de manter a pressão arterial em nível suficiente para garantir a perfusão sanguínea ao organismo. Falência circulatória que resulta num quadro patológico de hipoperfusão generalizada de órgãos e tecidos. Vitória Trindade Causas: • Falência da bomba cardíaca (choque cardiogênico); • Redução da volemia (choque hipovolêmico). • Aumento do compartimento vascular (choque distributivo). • Falência no enchimento do ventrículo esquerdo (choque obstrutivo). CHOQUE CARDIOGÊNICO • Resultante do infarto agudo do miocárdio ou miocardite aguda. • Surge por insuficiência cardíaca, especialmente do ventrículo esquerdo → resultando em incapacidade do coração em bombear sangue para a circulação sistêmica. • Para ocorrer choque cardiogênico, deve haver redução da capacidade de ejeção ventricular acima de 80%. CHOQUE HIPOVOLEMICO • Causado por redução aguda e intensa do volume circulante, por perda de líquidos: ✓ Hemorragia grave, vômitos e diarreia; ✓ Perda cutânea (Ex. Queimaduras); ✓ Passagem rápida de líquido do meio intravascular para a MEC (dengue). CHOQUE DISTRIBUTIVO • Devido a vasodilatação arteriolar periférica que resulta em queda da resistência vascular periférica, inundação de capilares e redução drástica do retorno venoso. • Dividido em: ✓ Choque anafilático ✓ Choque séptico ✓ Choque neurogênico CHOQUE OBSTRUTIVO • Tem como mecanismo restrição no enchimento das câmaras cardíacas esquerdas de instalação súbita. • Principais causas: ✓ Embolia pulmonar;✓ Hidro ou hemopericárdio agudo.
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