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DOCÊNCIA EM SAÚDE PERSONAL DIET 1 Copyright © Portal Educação 2012 – Portal Educação Todos os direitos reservados R: Sete de setembro, 1686 – Centro – CEP: 79002-130 Telematrículas e Teleatendimento: 0800 707 4520 Internacional: +55 (67) 3303-4520 atendimento@portaleducacao.com.br – Campo Grande-MS Endereço Internet: http://www.portaleducacao.com.br Dados Internacionais de Catalogação na Publicação - Brasil Triagem Organização LTDA ME Bibliotecário responsável: Rodrigo Pereira CRB 1/2167 Portal Educação P842p Personal diet / Portal Educação. - Campo Grande: Portal Educação, 2012. 229p. : il. Inclui bibliografia ISBN 978-85-8241-252-7 1. Personal diet. 2. Dietas. I. Portal Educação. II. Título. CDD 613.26 2 SUMÁRIO 1 O PERSONAL DIET ..................................................................................................................... 10 1.1 Significado de personal diet ....................................................................................................... 10 1.2 ATIVIDADES E ATRIBUIÇÕES DE UM PERSONAL DIET ....................................................... 10 1.3 LEGISLAÇÃO ............................................................................................................................ 11 1.4 ÉTICA ........................................................................................................................................ 12 1.5 PERSONAL DIET: A NOVA OPÇÃO DE TRABALHO PARA O NUTRICIONISTA ................... 14 1.6 ATUAÇÃO DO NUTRICIONISTA COMO PERSONAL DIET..................................................... 15 1.7 O “PERSONAL DIET” NO BRASIL – HISTÓRICO .................................................................... 15 1.8 VANTAGENS DO ATENDIMENTO DOMICILIAR ..................................................................... 16 2 MARKETING E EMPREENDEDORISMO ................................................................................... 18 2.1 MARKETING APLICADO .......................................................................................................... 18 2.2 RECURSOS DE MARKETING E CAPTAÇÃO DE CLIENTES .................................................. 18 2.3 NOÇÕES GERAIS DE “EMPREENDEDORISMO EM NUTRIÇÃO” – FATORES-CHAVE PARA O SUCESSO PROFISSIONAL ................................................................................................. 19 2.4 PÚBLICO-ALVO E NICHOS DE MERCADO: QUEM SÃO E ONDE ESTÃO OS CLIENTES DO PERSONAL DIET? ........................................................................................................................ 19 2.5 RELAÇÃO PROFISSIONAL X CLIENTE ................................................................................... 20 2.6 DIVULGAÇÃO – MATERIAIS E MÉTODOS ............................................................................. 20 3 PRÉ-IMPLANTAÇÃO – ESTRUTURA DO SERVIÇO .............................................................. 22 3.1 ETAPAS DO SERVIÇO ............................................................................................................. 22 3 3.2 ELABORAÇÃO DA PROPOSTA DE SERVIÇO ........................................................................ 25 3.3 CÁLCULO DO CUSTO DO SERVIÇO ...................................................................................... 27 3.4 ELABORAÇÃO DO CRONOGRAMA DE ATIVIDADES ............................................................ 29 3.5 ELABORAÇÃO DO CONTRATO DE PRESTAÇÃO DE SERVIÇO .............................................. 29 3.6 EQUIPAMENTOS BÁSICOS – QUAIS SÃO, PARA QUE SERVEM, QUANTO CUSTAM E COMO ADQUIRI – LOS ....................................................................................................................... 30 3.6.1 Balança eletrônica portátil: valor: de R$ 100,00 a R$ 1.000,00 ................................................ 30 3.6.2 Adipômetro: valor: de R$ 250,00 a R$ 1.200,00 ........................................................................ 30 3.6.3 Estadiômetro: valor: de R$ 250,00 a R$ 450,00 ........................................................................ 31 3.6.4 Fita métrica: valor: de R$ 15,00 a R$ 30,00 .............................................................................. 31 3.7 EQUIPAMENTOS COMPLEMENTARES ...................................................................................... 31 3.7.1 Bioimpedância (BIA): valor: de R$ 9.000,00 a R$ 15.000,00 .................................................... 32 3.7.2 Glicosímetro: valor: de R$ 25,00 a R$ 750,00 ........................................................................... 32 3.7.3 Aparelho de pressão arterial: valor: de R$ 40,00 a R$ 550,00 .................................................. 32 3.7.4 Notebook: valor: de R$ 800,00 a R$ 11.000,00 ......................................................................... 33 3.7.5 Software: valor: de R$ 350,00 a R$ 500,00 ............................................................................... 33 3.7.6 Calculadora: valor: de R$ 3,00 a R$ 300,00 .............................................................................. 33 3.7.7 Outros ....................................................................................................................................... 34 3.7.7.1Jaleco ....................................................................................................................................... 34 3.7.7.2Tabelas .................................................................................................................................... 34 3.7.7.3Caneta e lápis ........................................................................................................................... 34 3.7.7.4Avental e short .......................................................................................................................... 35 4 3.8 MONTAGEM DAS FICHAS ........................................................................................................... 35 3.8.1 Ficha de avaliação .................................................................................................................... 35 3.8.2 Ficha de anamnese alimentar ................................................................................................... 36 3.8.3 Ficha de controle de aceitação das preparações ...................................................................... 36 3.8.4 Ficha para aplicação do check list no ambiente de preparo ...................................................... 36 3.9 MONTAGEM DAS SESSÕES DE REEDUCAÇÃO ALIMENTAR ................................................ 37 3.10 MONTAGEM DOS TREINAMENTOS ....................................................................................... 37 4 IMPLANTAÇÃO ........................................................................................................................ 39 4.1 SERVIÇOS DO PROGRAMA “PERSONAL DIET” .................................................................... 39 4.2 CONSULTA FAMILIAR .............................................................................................................. 40 4.3 AVALIAÇÃO NUTRICIONAL INDIVIDUALIZADA COMPLETA – CLÍNICA, ANTROPOMÉTRICA, ALIMENTAR .....................................................................................................41 4.3.1 Avaliação clínica ........................................................................................................................ 41 4.3.2 Avaliação antropométrica .......................................................................................................... 42 4.3.3 Avaliação alimentar ................................................................................................................... 59 4.4 DETERMINAÇÃO DOS OBJETIVOS INDIVIDUAIS .................................................................. 60 4.5 CÁLCULOS NUTRICIONAIS INDIVIDUALIZADOS ................................................................. 60 4.6 ENTREVISTA COM CLIENTE “CONTRATANTE” ..................................................................... 62 4.7 APLICAÇÃO DA FICHA DE PREFERÊNCIA ALIMENTAR ....................................................... 63 4.8 DIAGNÓSTICOS E METAS ...................................................................................................... 63 4.9 CRIAÇÃO E APRESENTAÇÃO DOS GUIAS ALIMENTARES PERSONALIZADOS ................ 64 4.10 ORGANIZAÇÃO DA ALIMENTAÇÃO DE CADA MEMBRO DA FAMÍLIA EM GUIAS .............. 65 5 4.11 MONTAGEM DOS MAPAS DE PREPAROS – DESJEJUM, COLAÇÃO ALMOÇO, LANCHE, JANTAR, CEIA .................................................................................................................... 65 4.12 ELABORAÇÃO DAS FICHAS DE PREPARO/RECEITAS...................................................... 67 4.13 COMO SABER SE UMA RECEITA “VAI DAR CERTO”? ......................................................... 68 4.14 ELABORAÇÃO DA LISTA DE COMPRA .................................................................................. 69 5 PERSONAL DIET GESTANTE ................................................................................................. 70 5.1 ACOMPANHAMENTO DO PESO ............................................................................................. 70 5.1.1 Alimentos seguros ..................................................................................................................... 73 5.1.2 Necessidades de suplementação .............................................................................................. 75 5.2 PERSONAL DIET BABY: ......................................................................................................... 81 5.2.1 Amamentação ........................................................................................................................... 81 5.2.2 Fórmulas lácteas ...................................................................................................................... 82 5.2.3 Introdução de novos alimentos .................................................................................................. 83 5.2.4 Apresentação dos pratos ........................................................................................................... 87 5.2.5 Lanches ..................................................................................................................................... 88 5.2.6 Receituário: papas e sucos ....................................................................................................... 88 5.2.7 Açúcar e sal ............................................................................................................................... 89 5.2.8 Louças e utensílios, higienização .............................................................................................. 89 5.3 PERSONAL DIET KIDS: ........................................................................................................... 90 5.3.1 Hábitos alimentares adequados ................................................................................................ 90 5.3.2 Comportamento alimentar ......................................................................................................... 91 5.3.3 Problemas comuns .................................................................................................................... 91 6 5.3.4 Lanche ....................................................................................................................................... 92 5.3.5 Açúcares e gordura ................................................................................................................... 94 5.3.6 Louças e utensílios .................................................................................................................... 94 5.4 PERSONAL DIET TEEN ........................................................................................................... 95 5.4.1 Hábitos alimentares ................................................................................................................... 95 5.4.2 Vegetarianos ............................................................................................................................. 96 5.4.3 Transtorno alimentares .............................................................................................................. 96 5.4.4 Motivo para adesão a dieta ...................................................................................................... 97 5.4.5 Orientações para quem mora sozinho ....................................................................................... 98 5.5 PERSONAL DIET GERIÁTRICO ............................................................................................... 99 5.5.1 Alimentos antienvelhecimento .................................................................................................. 99 5.5.2 Osteoporose – receitas ricas em cálcio ................................................................................... 101 5.5.3 Nutrientes importantes ............................................................................................................. 101 5.5.4 Fatores econômicos, sociais e psicológicos x comportamento alimentar e estado nutricional ........................................................................................................................... 103 5.5.5 Alterações fisiológicas e adequações na alimentação ............................................................. 103 5.5.6 Doenças crônicas ou degenerativas: Mal de Alzheimer, de Parkinson, artrite reumatoide ...... 105 6 ORIENTAÇÕES AO MANIPULADOR DE ALIMENTOS ......................................................... 108 6.1 AVALIAÇÃO DO AMBIENTE DE PREPARO ........................................................................... 110 6.2 ENTREVISTA COM O MANIPULADOR DE ALIMENTO .......................................................... 110 6.3 ORGANIZAÇÃO DA GELADEIRA E DESPENSA .................................................................... 110 7 6.4 VISITA AO SUPERMERCADO, À FEIRA LIVRE E AO SACOLÃO: ORIENTAÇÃO PARA COMPRAS, EDUCAÇÃO NUTRICIONAL, ESCOLHAS ADEQUADAS, ANÁLISE DA ROTULAGEM .................................................................................................................................... 112 6.5 LISTA DE COMPRAS ............................................................................................................... 115 6.6 ESCALA E MÉTODOS DE LIMPEZA ....................................................................................... 115 6.7 HIGIENIZAÇÃO DE UTENSÍLIOS E EQUIPAMENTOS ........................................................... 120 6.8 UTENSÍLIOS INDICADOS ....................................................................................................... 121 6.9 PANELAS E IMPLICAÇÕES NUTRICIONAIS .......................................................................... 123 6.10ALIMENTOS: TIPOS DE CORTE, MÉTODOS DE COCÇÃO E PRESERVAÇÃO DO VALOR NUTRICIONAL ..................................................................................................................... 124 6.11 ERVAS, ESPECIARIAS E AROMATIZANTES: COMO REALÇAR O SABOR DOS ALIMENTOS ....................................................................................................................................... 132 6.12 TREINAMENTOS SOBRE HIGIENE – PESSOAL, DO AMBIENTE E DOS ALIMENTOS ....... 134 6.13 TREINAMENTO DE COMPRAS E ANÁLISE DE RÓTULOS ................................................... 136 6.14 TREINAMENTO PARA CONSERVAÇÃO DE ALIMENTOS .................................................... 145 6.15 TREINAMENTO DE CONGELAMENTO DE ALIMENTOS ....................................................... 147 6.16 TREINAMENTO DE MICRO-ONDAS NO PREPARO DE CARNES, AVES E PEIXES, SOBREMESAS E ACOMPANHAMENTOS ........................................................................................ 150 6.17 OUTRAS SUGESTÕES DE TREINAMENTO .......................................................................... 158 7 GASTRONOMIA ..................................................................................................................... 160 7.1 GASTRONOMIA ESPECIALIZADA .......................................................................................... 160 7.1.2 Obesidade, cirurgia da obesidade – preparações indicadas nas fases pós-operatórias .......... 166 7.1.3 Cardiopatia; dislipidemia; HAS – substitutos do sal .................................................................. 169 7.1.4 Constipação e diarreia .............................................................................................................. 172 8 7.1.5 Intolerância à lactose e ao glúten ............................................................................................. 173 7.1.6 Gastrite, úlcera e flatulência ..................................................................................................... 174 7.1.7 Insuficiência renal ..................................................................................................................... 178 7.1.8 Câncer ...................................................................................................................................... 179 7.1.9 Cárie dental .............................................................................................................................. 180 7.1.10 Hepatopatias ............................................................................................................................ 181 7.2 CULINÁRIA LIGHT ................................................................................................................... 182 7.3 REAPROVEITAMENTO DE SOBRAS ..................................................................................... 183 7.4 CULINÁRIA FUNCIONAL ......................................................................................................... 184 7.5 SUCOS NUTRITIVOS................................................................................................................. 187 7.6 GASTRONOMIA E EVENTOS ................................................................................................. 187 7.6.1 Espumantes e vinhos ............................................................................................................... 188 7.6.2 Queijos .................................................................................................................................. 192 7.6.3 Coquetéis ................................................................................................................................. 194 7.6.4 Azeites e vinagres aromatizados .............................................................................................. 197 7.6.5 Molhos prontos ......................................................................................................................... 198 7.6.6 Sobremesas ............................................................................................................................. 199 7.6.7 Colocação da mesa e normas de etiqueta ............................................................................... 200 7.7 GASTRONOMIA E ESTÉTICA ................................................................................................. 206 7.7.1 Avaliação clínico-nutricional ..................................................................................................... 206 7.7.2 Acne, celulite, estrias, envelhecimento da pele, unhas, saúde capilar e gordura localizada ... 207 7.7.3 Anemia .................................................................................................................................. 210 9 7.7.4 TPM .................................................................................................................................. 210 7.7.5 Inchaço .................................................................................................................................. 212 7.7.6 Menopausa ............................................................................................................................... 212 7.7.7 Alimentos cosméticos ............................................................................................................... 213 7.7.8 Nutrição preventiva: nutrição, suplementos, terapia antioxidante, nutricosméticos – indicação e prescrição ........................................................................................................................ 213 8 CONTINUAÇÃO ....................................................................................................................... 218 8.1 DANDO CONTINUIDADE DO TRABALHO .............................................................................. 218 8.2 CONTROLE E MONITORAMENTO ........................................................................................ 218 8.3 REVISÃO E SUBSTITUIÇÃO DAS RECEITAS DE ACORDO COM A ACEITAÇÃO .............. 218 8.4 REAVALIAÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS ................................................................... 219 REFERÊNCIAS .................................................................................................................................. 220 10 1 O PERSONAL DIET 1.1 SIGNIFICADO DE PERSONAL DIET “Personal diet” designa dieta personalizada, ou seja, um plano alimentar nutricionalmente equilibrado, elaborado por nutricionista, baseado nas preferências alimentares do paciente. Trata-se de um programa personalizado, feito em domicílio, abrangendo toda a família. O personal diet é o profissional formado em nutrição, que orienta todas as etapas da alimentação de uma pessoa enferma ou não. 1.2 ATIVIDADES E ATRIBUIÇÕES DE UM PERSONAL DIET O nutricionista pode desenvolver muitos serviços no ambiente domiciliar. Para isso, é preciso usar a criatividade para atender aos diferentes tipos de cliente. Podemos citar alguns serviços, como: Consulta nutricional – individualizada ou familiar. O atendimento tem o mesmo padrão do feito em consultório, podendo ser com um ou com todos os membros da família. Inicia-se com a avaliação física dos participantes do programa. Nesta etapa, avalia-se o estado nutricional do cliente, a partir de diagnóstico clínico, exames laboratoriais, anamnese alimentar e exames antropométricos. Planejamento, prescrição e orientação nutricional por via enteral – Nas consultas, o nutricionista faz avaliaçõesclínica, antropométrica e dietética (identificando e quantificando os nutrientes ingeridos) e do ambiente, a fim de identificar fatores que possam comprometer as 11 recomendações. Ele prescreve as dietas e orientações sobre hidratação, via de alimentação (oral, enteral), volume, administração e tipo de dieta com características nutricionais; Reeducação alimentar para adultos e crianças – São feitas dinâmicas com a família, com o objetivo de explicar – lhe os hábitos alimentares saudáveis e como adquiri – los, a partir de mudanças no comportamento alimentar. Para as crianças, são feitas dinâmicas de acordo com a idade, para que elas possam entender quais são os benefícios de uma alimentação saudável; Treinamentos para manipuladores de alimento – Os treinamentos acontecem na residência do cliente. Podem ser feitos tanto para donas de casa, como para cozinheiras, cuidadores e acompanhantes de idosos e enfermeiros. Os temas são sugeridos de acordo com a necessidade observada. Existem vários temas a ser abordados, como: técnicas para conservar os alimentos, estocagem e higienização destes, organização da geladeira, técnicas saudáveis de preparo, cuidados com a manipulação da dieta enteral; merenda escolar saudável, etc.; Planejamento de cardápios com fichas de preparo – O nutricionista pode planejar cardápios de almoço, lanche, jantar e merenda escolar, semanais e/ou mensais, bem como desenvolver e fornecer receituário de preparo culinário. 1.3 LEGISLAÇÃO De acordo com a Resolução número 236 do CFN, Conselho Federal de Nutricionistas, as atribuições do nutricionista na área de nutrição clínica abrangem o atendimento ao paciente na internação, no ambulatório, no consultório e em domicílio. Assim, o nutricionista pode atuar em nível domiciliar como autônomo ou como integrante de equipes de saúde. 12 A Resolução nº 380, de 28/12/2005 do CFN (D.O.U. 10/01/2006, SEÇÃO I), dispõe sobre a definição das áreas de atuação do nutricionista e suas atribuições, estabelece parâmetros numéricos de referência por área de atuação e dá outras providências. ●Assessoria em nutrição (artigo IV); ●Atendimento domiciliar (artigo VI); ●Avaliação nutricional (artigo IX); ●Consulta inicial (XVI); ●Consultoria em nutrição (artigo XVII). 1.4 ÉTICA A Resolução do CFN nº 334/2004 estabelece o Código de Ética do nutricionista. Seguem alguns artigos importantes na atuação do personal diet: Dos princípios fundamentais Art. 1°. O nutricionista é profissional de saúde, que, atendendo aos princípios da ciência da nutrição, tem como função contribuir para a saúde dos indivíduos e da coletividade. Art. 2°. Ao nutricionista cabe a produção do conhecimento sobre a alimentação e a nutrição nas diversas áreas de atuação profissional, buscando continuamente o aperfeiçoamento técnico – científico, pautando-se nos princípios éticos que regem a prática científica e a profissão. Art. 3°. O nutricionista tem o compromisso de conhecer e pautar a sua atuação nos princípios da bioética, nos princípios universais dos direitos humanos, na Constituição do Brasil e nos preceitos éticos contidos neste código. Da responsabilidade profissional 13 I – prescrever tratamento nutricional ou outros procedimentos somente após proceder à avaliação pessoal e efetiva do indivíduo sob sua responsabilidade profissional; II – atender às determinações da legislação própria de regulação de proteção e defesa do consumidor; III – assumir a responsabilidade de qualquer ato profissional que tenha praticado ou delegado, mesmo que tenha sido solicitado ou consentido pelo indivíduo ou pelo respectivo responsável legal; IV – prestar assistência, inclusive em setores de urgência e emergência, quando for de sua obrigação fazê-lo; VI – analisar, com rigor técnico e científico, qualquer tipo de prática ou pesquisa, abstendo-se de adotá-la se não estiver convencido de sua correção e eficácia; VII – respeitar o pudor, a privacidade e a intimidade de qualquer pessoa sob seus cuidados profissionais; VIII – alterar prescrição ou orientação de tratamento determinada por outro nutricionista quando tal conduta deva ser adotada em benefício do indivíduo, devendo comunicar o fato ao responsável pela conduta alterada ou ao responsável pela unidade de atendimento nutricional. Do sigilo profissional Art. 17. É dever do nutricionista manter o sigilo no exercício da profissão sempre que tal seja do interesse dos indivíduos ou da coletividade assistida, adotando, dentre outras, as seguintes práticas: I – manter a propriedade intelectual e o sigilo ético profissional, ao remeter informações confidenciais a pessoas ou entidades que não estejam obrigadas ao sigilo por força deste código; II – assinalar o caráter confidencial de documentos sigilosos remetidos a outros profissionais; III – impedir o manuseio de quaisquer documentos sujeitos ao sigilo profissional, por pessoas não obrigadas ao mesmo compromisso; 14 IV – manter sigilo profissional referente aos indivíduos ou coletividade assistida de menor idade, mesmo que a seus pais ou responsáveis legais, salvo em caso estritamente essencial para promover medidas em seu benefício. 1.5 PERSONAL DIET: A NOVA OPÇÃO DE TRABALHO PARA O NUTRICIONISTA A nutrição tem se tornado um dos temas mais especulativos relacionados às ciências da saúde. Com isso, a expectativa da população em relação à nutrição e à atuação do nutricionista tem aumentado. Na crescente busca de qualidade de vida que tomou conta do país, os nutricionistas descobriram novos horizontes de mercado. Antes, restritos à nutrição clínica, de refeições coletivas ou da área social, os profissionais têm agora um amplo leque de oportunidades para desbravar. Um bom exemplo é o serviço de personal diet. Este serviço torna-se diferenciado por alguns fatores: O paciente não precisa esperar para ser atendido como acontece no atendimento em consultório, tornando-se cliente. O nutricionista personal diet é que vai até sua residência. A espera para o atendimento pode ser um fator que conduz à desistência da próxima consulta. O serviço do personal diet possibilita maior adesão dos clientes, já que o acesso à rotina do cliente, o contato com o ambiente de armazenamento, preparo e consumo dos alimentos, a possibilidade de orientar os manipuladores de alimentos, e o envolvimento da família no processo de mudança de hábitos alimentares constituem aspectos que diferenciam esse tipo de atendimento, que visa à recuperação do estado nutricional e, sobretudo, à promoção da saúde e da qualidade de vida da família. Assim, a atuação do personal diet baseia-se em três princípios fundamentais: 1. envolvimento de todos os membros da família; 2. promoção da alimentação saudável; 3. aperfeiçoamento das técnicas dietéticas usadas no preparo dos alimentos. 15 Além disso, este serviço resgata o hábito de se alimentar em família, um aspecto considerado importante na adoção de hábitos alimentares saudáveis e na promoção da saúde e da qualidade de vida. Para que a família tenha êxito na mudança de seus hábitos alimentares, algumas estratégias são indispensáveis: Reunir todos os membros da família participantes do programa; Estabelecer metas conforme as prioridades da família; Elaborar cardápios variados, conforme o estilo de vida da família; Utilizar receitas práticas e funcionais; Orientar quanto à lista de compras dos alimentos.1.6 ATUAÇÃO DO NUTRICIONISTA COMO PERSONAL DIET Novo conceito de prestação de serviço na área de saúde é o atendimento em domicílio, que enfoca o binômio paciente/família, com o objetivo de planejar e estruturar a assistência nutricional, buscando melhorar e/ou manter o estado nutricional. O campo de atuação em que o nutricionista é denominado personal diet, compreende uma consultoria domiciliar, oferecendo um plano alimentar completo, envolvendo todas as etapas do processo alimentar, desde a aquisição do alimento até seu consumo, ocasionando mudanças na rotina alimentar da família, contribuindo para a qualidade de vida e, além disso, promovendo educação em saúde ao lado dos familiares e cuidadores. 1.7 O “PERSONAL DIET” NO BRASIL – HISTÓRICO 16 Em 2007, a profissão de nutricionista completou 40 anos de regulamentação no Brasil. Atualmente, o existem quase 50 mil profissionais atuando em diversas áreas, sendo a de maior concentração a de nutrição clínica, com 41,7% de profissionais. Em seguida está a área de alimentação coletiva, em que atuam 32,2% dos nutricionistas. Segundo Vasconcelos, a profissão do nutricionista no Brasil passou por 4 fases: 1ª fase: "Emergência da profissão" (1939 a 1949) – abertura do primeiro curso de nutrição no país; 2ª fase: "Consolidação da profissão" (1950 a 1975) – luta em prol da regulamentação da profissão; 3ª fase: "Evolução da profissão" (1976 a 1984) – criação dos conselhos Federal e Regionais de Nutricionistas e de vários cursos de graduação em nutrição; 4ª fase: "Reprodução ampliada" (1985 a 2000) – importantes eventos técnico- científicos e crescente processo de mobilização e politização da categoria. Os campos de atuação profissional são ampliados, gerando uma demanda pela educação continuada do nutricionista, visando à aquisição de novos conhecimentos e ao domínio de novas ferramentas tecnológicas. Com algumas mudanças no padrão alimentar da população brasileira, aumento da incidência de doenças não transmissíveis e a influência de fatores ambientais e da mídia, as pessoas passam a procurar alternativas de melhoria da qualidade de vida. Com isso, aumenta- se a busca da adoção de uma alimentação saudável, cuja relação com a saúde tem sido reconhecida por consumidores de diferentes segmentos da sociedade. Daí o aumento da procura pelo profissional nutricionista e consequente aumento nos campos de atuação, sendo destacado o serviço de personal diet. 1.8 VANTAGENS DO ATENDIMENTO DOMICILIAR 17 São muitas as vantagens do serviço de personal diet: Para o cliente: Praticidade – o cliente não precisa sair de casa, não há deslocamento; Comodidade – o cliente será atendido em sua residência; Eficácia – o profissional pode preparar um atendimento mais eficaz e próximo da realidade do cliente ao se conhecer o ambiente em que ele vive; Segurança – evitam-se os perigos da violência urbana e do trânsito caótico. Para o profissional: Economia – evitam-se despesas fixas como aluguel, IPTU, condomínio, energia elétrica, custos com profissionais auxiliares e mobiliários; Flexibilidade de horário – o horário é estabelecido de acordo com a disponibilidade do profissional, podendo este conciliar o trabalho com outras atividades. 18 2 MARKETING E EMPREENDEDORISMO 2.1 MARKETING APLICADO Segundo Pinho (2002), marketing é o planejamento e o execução de todos os aspectos de um produto (ou serviço), em função do consumidor, visando sempre a maximizar o consumo e a minimizar os preços, tudo resultando em lucros contínuos e em longo prazo para a empresa. Para Zela (2005), marketing é o ato de conhecer o mercado de atuação de uma organização, para posteriormente oferecer, de forma inovadora e criativa, os produtos e serviços que esse mercado deseja. É um processo social por meio do qual pessoas obtêm aquilo de que necessitam e o que desejam, por meio da criação, da oferta e da livre negociação de produtos e serviços de valor com outros. O marketing trata de identificar as necessidades do consumidor e desenvolver produtos que as satisfaçam. Resumindo: marketing quer dizer ação no mercado. Dessa forma, o marketing pessoal faz com que seus pensamentos e atitudes, sua apresentação e comunicação, trabalhem a seu favor no ambiente profissional. 2.2 RECURSOS DE MARKETING E CAPTAÇÃO DE CLIENTES Num mercado de trabalho concorrido, vence aquele que se destaca, com conhecimento de seu serviço, atualização em sua área, criatividade e produtos diferenciados. Para captar os clientes, é preciso divulgação, é preciso lançar mão de recursos para divulgar seu trabalho, fazendo uma boa propaganda do que você tem a oferecer. Pequenas reuniões em parcerias com lojas, condomínios, prédios ou com qualquer outro grupo de pessoas 19 são eficazes para captar clientes. Nelas podem ser ministradas palestras sobre nutrição e qualidade de vida e, em seguida, divulgar os serviços oferecidos pelo profissional. 2.3 NOÇÕES GERAIS DE “EMPREENDEDORISMO EM NUTRIÇÃO” – FATORES-CHAVE PARA O SUCESSO PROFISSIONAL O empreendedorismo significa identificar oportunidades e explorá-las, usando de criatividade e inovação. É enxergar oportunidades de negócio e assumir riscos. Segundo Robert Hirsch, empreendedorismo é o processo de criar algo diferente e com valor, dedicando tempo e esforço necessários, assumindo os riscos financeiros, psicológicos e sociais correspondentes e recebendo as consequentes recompensas da satisfação econômica e pessoal. O objetivo é traçar um planejamento das ideias e coloca-las em prática, visando a atingir o alvo comercial. Para ser um bom empreendedor, é preciso ter motivação, autoconfiança, criatividade, flexibilidade, perseverança e iniciativa. Identificar oportunidades, agarrá-las e buscar os recursos para transformá-las em negócio lucrativo. 2.4 PÚBLICO-ALVO E NICHOS DE MERCADO: QUEM SÃO E ONDE ESTÃO OS CLIENTES DO PERSONAL DIET? São vários os locais onde o personal diet pode divulgar seu serviço. Dentre eles estão as academias de ginástica, clínicas de estética, empresas, etc. Os clientes geralmente são: mulheres que se preocupam com a saúde e estética, recém-casados, portadores de algum tipo de patologia, que necessitam de cuidados nutricionais, gestantes e lactantes, famílias que buscam qualidade de vida, praticantes de atividade física, etc. 20 Porém, sendo um serviço bem complexo, o personal diet acaba tendo alto custo. Desta forma, atinge, na maioria das vezes, as classes média a alta, em que a renda familiar supera 10 salários mínimos. Daí a sugestão de focar a divulgação nos ambientes onde predominam tais classes. Contudo, também é possível buscar clientes pertencentes a outras classes econômicas. 2.5 RELAÇÃO PROFISSIONAL X CLIENTE O primeiro contato com o cliente deve causar boa impressão. Para isso, deve-se manter o foco e a postura profissionais. Boa aparência, asseio pessoal e organização também são fatores relevantes para se causar boa impressão, bem como a pontualidade e o fato de ter sempre em mãos os materiais necessários (cartão de visitas, caneta, calculadora, etc.), evitando-se a necessidade de pedi-los emprestado ao cliente. O cliente gosta de ser tratado com educação, bom humor e simpatia. Deve-se saber ouvi-lo com atenção, a fimde evitar possíveis equívocos, causando sua insatisfação. Além disso, é de grande importância a boa comunicação, sem uso de gírias nem termos técnicos. Seja claro e preciso, concentre-se e procure entender o cliente com bastante sensibilidade. E acima de tudo: RESPEITE-O para ser respeitado e mantenha o bom senso. 2.6 DIVULGAÇÃO – MATERIAIS E MÉTODOS O cliente só chegará a você mediante sua divulgação. Ela pode ser feita boca a boca, por meio de materiais gráficos ou da mídia. Exemplos: Boca a boca – Parceria com outros profissionais; – Propagandas feitas por outros clientes satisfeitos. 21 Materiais gráficos – Cartão de visitas; – Folder ou flyer. Mídia – Propaganda em rádios, jornais e/ou TV locais; – Sites, blogs e redes de relacionamento. 22 3 PRÉ-IMPLANTAÇÃO – ESTRUTURA DO SERVIÇO Antes de dar início ao serviço, é preciso estrutura-lo. Para facilitar, sugere-se que se monte uma pasta com todos os documentos, fichas e aulas/treinamentos que serão utilizados, bem como uma bolsa com todos os equipamentos necessários. Documentos: – modelo de proposta de serviço (anexo 1); – tabela de custo do serviço (anexo 2); – modelo de cronograma de atividades (anexo 3); – modelo de contrato de prestação de serviço anexo 4). Equipamentos: – balança eletrônica portátil; – estadiômetro; – adipômetro; – fita métrica; – equipamentos complementares; Fichas: – ficha de avaliação (anexo 5); – ficha de anamnese alimentar (anexo 6); – ficha de controle de aceitação das preparações (anexo 7); – ficha para aplicação do check list no ambiente de preparo (anexo 8). Aulas/treinamentos: – sessões de reeducação alimentar; – treinamentos. 3.1 ETAPAS DO SERVIÇO 23 a) Entrevista com o contratante; b) Consulta em família; c) Analisar o ambiente onde são preparados os alimentos; d) Sessão de reeducação alimentar; e) Treinamento para manipulador de alimento; f) Montagem dos guias alimentares; g) Montagem de cardápio familiar; h) Criação das fichas de preparo; i) Entrega do material; j) Serviços extras. A seguir, uma sugestão de serviços por visita: 1ª VISITA Neste primeiro momento, é preciso ter contato com todos os moradores da casa, incluindo-se a pessoa responsável pela alimentação da família (o manipulador de alimentos). Devem ser identificados todos os fatores relacionados à alimentação da família e, em seguida, partindo do objetivo principal, devem-se elaborar as propostas de mudanças. Neste período realiza-se: a) Entrevista com o responsável (contratante) Identificar os maiores problemas relacionados à alimentação; Oferecer todos os serviços de personal diet necessários Definir os serviços; Questionar o perfil do manipulador de alimento (quais suas atribuições, horários); Verificar a frequência das compras; Questionar a existência de solicitações especiais; Propor um plano de acompanhamento de, no mínimo, dois meses; Definir a periodicidade das visitas; Estipular data para entrega da proposta e do cronograma de serviços. b) Consulta em família 24 Avaliação nutricional de todos os membros da família que participarão do programa, tanto clínica, quanto antropométrica e alimentar; Traçar diagnósticos Estabelecer os objetivos individuais e as metas c) Analisar o ambiente onde são preparados os alimentos Conhecer e analisar o local onde são preparados os alimentos (móveis, utensílios e equipamentos) – check list (anexo 8); Analisar o armazenamento dos alimentos; Analisar procedimentos corretos e incorretos no preparo dos alimentos; Conhecer o manipulador (pessoa que prepara os alimentos) e analisar quais são suas maiores dificuldades no preparo dos alimentos; Orientar a cozinheira previamente sobre as mudanças gerais na rotina culinária; Analisar o local destinado ao lixo. Materiais necessários: modelo de proposta de serviço, tabela de custo do serviço, modelo de cronograma de atividades, modelo de contrato de prestação de serviço, balança eletrônica portátil, adipômetro, fita métrica, equipamentos complementares, ficha de avaliação, ficha de anamnese alimentar, ficha para aplicação do check list no ambiente de preparo; 2ª VISITA A segunda visita deverá ocorrer uma semana após a primeira visita. Neste momento, devem-se verificar as metas alcançadas e se houve melhora na qualidade da alimentação. Deve- se: d) Promover uma sessão de reeducação alimentar; Promover uma sessão de reeducação alimentar para a família; Utilizar um material educativo (ex.: pirâmide alimentar, caderno de atividades, etc.); Montar apresentação em slides para facilitar sua compreensão. e) Treinamento do manipulador de alimentos; 25 Treinamento sobre temas que julgou necessários mediante avaliação do ambiente e preparo dos alimentos; Entregar apostila com os treinamentos para o manipulador; Entregar certificado para o manipulador após o treinamento. 3ª VISITA A terceira visita deverá ocorrer uma semana após a segunda. Neste momento, deve-se entregar o material e, se solicitados, realizar os serviços extras. i) Entrega do material; Entregar guias alimentares individuais com lista de substituição e orientações nutricionais – (modelo de guia alimentar – anexo 9); Entregar cardápio de dias e fichas de preparo dos alimentos (modelo de cardápio e ficha de preparação – (anexo 10); Fornecer ficha de controle de aceitação. j) Serviços extras Elaboração da lista de compras (modelo – anexo 11); Compra dos itens listados; Aulas de gastronomia especializada. 4ª VISITA A terceira visita deverá ocorrer uma semana após a terceira. Neste momento, deve-se: Promover nova avaliação física; Se necessário, fazer alterações na dieta. 3.2 ELABORAÇÃO DA PROPOSTA DE SERVIÇO 26 Deve-se elaborar uma proposta personalizada, conforme os objetivos do cliente. Isso irá demonstrar sua preocupação em resolver seus problemas, aumentando a confiança e as chances de conseguir um bom resultado. Alguns dados ajudarão na elaboração da proposta: Número de pessoas e idade dos participantes do serviço – esta informação poderá influenciar no custo e no tempo do serviço; Existência de um manipulador de alimentos – se existir um manipulador, você poderá propor alguns temas de treinamento; Onde são feitas as refeições da família e se todos os participantes fazem essas refeições. Isso possibilitará o cálculo do custo dos mapas e identificar os mapas que você poderá propor Quais os principais problemas com a alimentação familiar (exemplo: existência de patologias). Com esta informação, você saberá se terá um trabalho extra para alcançar os resultados, e, se tiver, poderá acrescentar um valor para isso. Estrutura: Na proposta deverão constar os seguintes itens: Introdução – texto com explicações sobre o serviço de personal diet; Descrição das etapas – as etapas deverão ser detalhadas, em ordem cronológica do desenvolvimento do trabalho. Ao final de cada explicação, deverão ser estipulados prazos para execução (em qual visita será realizado); Custos – ao fim da proposta, você estipulará o custo do trabalho. Para isso, poderá utilizaruma tabela simples, de acordo com cada etapa. Pacotes – poderá oferecer alguns serviços de acordo com a necessidade da família, num custo menor (desconto) ou fornecendo alguns brindes, como exemplo: cardápio festivo ou treinamento extra, etc. Modelo para solicitar a proposta: Muitos clientes já fornecem as informações necessárias para organização da proposta por e-mail ou telefone. Caso contrário, faz-se 27 necessário solicitar tais informações. A seguir, apresenta-se um modelo de solicitação de proposta, com todas as informações necessárias para sua elaboração: TABELA 1 – Solicitação de proposta 3.3 CÁLCULO DO CUSTO DO SERVIÇO O custo poderá ser elaborado conforme a tabela dos conselhos regionais ou o mercado local. Antes de passar o orçamento para o cliente, deve-se criar uma tabela de preços, com os valores discriminados de cada serviço. Isso facilitará e agilizará os cálculos. Seguem algumas sugestões de custos (lembrando que o custo depende das tabelas de cada consultório de nutrição): a) CONSULTA Custo da sua consulta: – domiciliar – R$ 130,00 – no consultório – R$ 90,00 Numa família de cinco pessoas: 28 – primeira pessoa – R$ 130,00 – demais – R$ 90,00 cada uma = R$ 360,00 O deslocamento já foi incluído no valor da consulta da primeira pessoa, podendo as demais terem o mesmo valor da consulta no consultório (R$ 90,00). Porém, uma vez que um dos integrantes não esteja presente no mesmo dia, pode-se cobrar para este o mesmo valor da primeira pessoa (R$ 130,00), já que haverá novo deslocamento. Outra alternativa é marcar esta consulta para o dia da próxima visita, pois assim não precisará cobrar novo deslocamento. b) Treinamentos – Treinamento básico para o manipulador = R$ 50,00 hora = 2 horas = R$ 100,00; – Reeducação alimentar para crianças = R$ 70,00 cada módulo = 2 módulos = R$ 140,00. c) Mapas com fichas de preparo Almoço e Jantar – 4 mapas para a primeira pessoa = R$ 20,00 por mapa X 4 (semanas) = R$ 80,00; – Para as demais, 40% do valor referente ao da primeira pessoa = R$ 32,00 (40% de 80) X 4 (número de pessoas) = R$ 128,00 Lanche da noite (substituto do jantar): – 4 mapas lanche da noite uma pessoa = R$ 15,00 por mapa X 4 = R$ 60,00 – Para as demais, 40% do valor referente ao da primeira pessoa = R$ 24,00 (40% de 60) X 4 (número de pessoas) = R$ 96,00 29 Total da Proposta = R$ 1.094,00 O pagamento poderá ser feito da seguinte forma: sinal na primeira visita + restante na terceira visita. 3.4 ELABORAÇÃO DO CRONOGRAMA DE ATIVIDADES Como o nutricionista é um profissional liberal, o contrato de prestação de serviço é um documento de garantia. Nele, deverão constar claramente, cláusulas com os direitos e deveres tanto do cliente quanto do nutricionista. Além de deveres e direitos das partes, deverá conter também os tópicos abaixo: Valor total a ser pago e a forma de pagamento (à vista ou parcelado); Data para entrega dos guias alimentares e mapas diários. Porém, é fundamental a ajuda de um advogado para escrevê-lo conforme as normas da legislação. 3.5 ELABORAÇÃO DO CONTRATO DE PRESTAÇÃO DE SERVIÇO Como o nutricionista é um profissional liberal, o contrato de prestação de serviços é uma forma de garantia, e deve ter cláusulas claras sobe os direitos e deveres de ambas as partes. Outros tópicos que deverão ser abordados no contrato são: a remuneração e forma de pagamento, bem como as datas para entrega dos materiais. Porém, mesmo sendo um contrato simples, é importante que um advogado ajude a escrevê-lo de acordo com a legislação. 30 3.6 EQUIPAMENTOS BÁSICOS – QUAIS SÃO, PARA QUE SERVEM, QUANTO CUSTAM E COMO ADQUIRI-LOS Para desenvolver o seu trabalho, o nutricionista que atua como personal diet necessita de alguns equipamentos portáteis básicos, devendo assim, arcar com alguns custos. Existe muita variação de preço de acordo com as lojas, portanto, faz-se necessária uma pesquisa antes de compra-los. Outros itens importantes a serem verificados são: a marca (se atende as suas necessidades) e se seu transporte é simples. 3.6.1 Balança eletrônica portátil: valor: de R$ 100,00 a R$ 1.000,00 No mercado, podem-se encontrar vários tipos e modelos de balanças. Mas o importante na hora da compra é observar a capacidade máxima e se nela há quatro sensores de peso, no mínimo Em algumas balanças existe bioimpedância, porém, sendo bipolar, a onda eletromagnética limita-se aos membros inferiores, e assim, não consegue calcular o percentual de gordura do corpo todo. Entretanto, já existem no mercado algumas tetrapolares. 3.6.2 Adipômetro: valor: de R$ 250,00 a R$ 1.200,00 O seu uso é fundamental para um trabalho mais completo. O nutricionista deve escolher um que atenda as suas necessidades, uma vez que existe grande variação de preço e 31 modelos. Na hora da compra, opte por um modelo que seja fácil de usar, feito com material resistente. 3.6.3 Estadiômetro: valor: de R$ 250,00 a R$ 450,00 Este é um equipamento que tem a finalidade de medir a estatura e o comprimento. Na hora da compra, é importante observar se o estadiômetro é fácil de ser transportado e se é leve. 3.6.4 Fita métrica: valor: de R$ 15,00 a R$ 30,00 A fita métrica é utilizada para medir as circunferências. São muitos os modelos e marcas disponíveis, porém as melhores são as de fácil leitura e de material mais maleável. Existem algumas com outra classificação de leitura (ex.: polegadas), o que pode causar erro de leitura. Desta forma, na hora de comprar, prefira aquela com apenas um tipo de medida. 3.7 EQUIPAMENTOS COMPLEMENTARES Existem outros equipamentos que complementam e/ou facilitam o atendimento nutricional, além dos básicos: 32 3.7.1 Bioimpedância (BIA): valor: de R$ 9.000,00 a R$ 15.000,00 Este aparelho afere a gordura do corpo por meio de uma corrente elétrica, podendo substituir o adipômetro. Como a água é um condutor, quanto mais água existir em um órgão, mais facilmente a corrente passará. Desta maneira, registra-se a corrente elétrica conforme a quantidade de água e de gordura existentes no corpo. Porém, para que o cálculo do percentual de gordura não seja alterado, faz-se necessário seguir um protocolo. 3.7.2 Glicosímetro: valor: de R$ 25,00 a R$ 750,00 É um equipamento bastante útil nas consultas, principalmente para clientes que apresentam sintomas de hipo ou hiperglicemia. Sua finalidade é monitorar a glicemia. Geralmente clientes diabéticos do tipo I já possuem esse equipamento. 3.7.3 Aparelho de pressão arterial: valor: de R$ 40,00 a R$ 550,00 Serve para aferir a pressão arterial. Não é muito utilizado, porém pode complementar a avaliação em casos de hipertensão ou grupos de risco. Existem vários modelos (mecânicos e digitais), e várias marcas. Portanto, a escolha é pessoal. 33 3.7.4 Notebook: valor: de R$ 800,00 a R$ 11.000,00 O notebook contribui para dar agilidade na consulta, permitindo que se façam os cálculos mais rapidamente. Porém, é um equipamento de alto custo, necessitando de uma avaliação de sua necessidade. Caso opte por utilizá-lo, ao comprar, deve-se levar em consideração o tamanho, o peso e o seu potencial. Caso opte por instalar programas (softwares), é precisoverificar se no notebook há memória e processadores compatíveis com eles, pois dependendo do tipo e do tamanho do software, o equipamento pode tornar-se lento. 3.7.5 Software: valor: de R$ 350,00 a R$ 500,00 São programas utilizados para fazer os cálculos necessários na consulta nutricional. Sua vantagem é que com eles as dietas podem ser calculadas e entregues para o cliente na hora. 3.7.6 Calculadora: valor: de R$ 3,00 a R$ 300,00 É essencial para o nutricionista fazer cálculos como IMC, gasto energético total (GET), entre outros. Não é aconselhável usar a calculadora do celular para fazer tais contas, visto que passa uma ideia de desorganização. É mais profissional usar outra calculadora. 34 3.7.7 Outros 3.7.7.1 Jaleco Usar o jaleco durante a consulta passa a ideia de ser um profissional da saúde, que está ali a trabalho, além de demonstrar profissionalismo. 3.7.7.2 Tabelas O nutricionista deve levar as tabelas: IMC; Fator atividade; GEB; Percentual de gordura. Elas permitem ao profissional apresentar para o cliente sua classificação frente ao percentual de gordura e IMC, e a quantidade de calorias estipuladas para plano alimentar. 3.7.7.3 Caneta e lápis 35 Pedir estes materiais emprestados ao cliente passa a ideia de desorganização. Desta forma, leve sempre mais de uma caneta, caso alguma falhe na hora, pois são materiais essenciais na consulta. 3.7.7.4 Avental e short Aconselha-se que o profissional leve uma roupa adequada para avaliação antropométrica. Caso contrário, basta solicitar ao cliente para se vestir com roupas apropriadas, como camiseta e short. 3.8 MONTAGEM DAS FICHAS O nutricionista deverá montar algumas fichas para coletar os dados necessários para elaborar o plano alimentar: 3.8.1 Ficha de avaliação Esta ficha será usada na primeira visita, e deverá conter os dados necessários para a avaliação clínica e antropométrica. 36 3.8.2 Ficha de anamnese alimentar Deverá ser elaborada uma ficha de anamnese alimentar, com dados sobre os hábitos alimentares do cliente. 3.8.3 Ficha de controle de aceitação das preparações Junto com os mapas, poderá ser entregue uma tabela com o controle de aceitação das preparações. Desta forma, conforme os clientes forem experimentando as preparações, avaliam- nas, dizendo se gostaram ou não. 3.8.4 Ficha para aplicação do check list no ambiente de preparo Esta ficha deve ser montada para auxiliar no conhecimento e na análise do ambiente de preparo dos alimentos. Deverá conter itens que avaliem o armazenamento e o seu preparo. 37 3.9 MONTAGEM DAS SESSÕES DE REEDUCAÇÃO ALIMENTAR O objetivo da reeducação alimentar é mostrar a importância de hábitos alimentares saudáveis. Para montar uma sessão de reeducação alimentar, a primeira coisa que se deve saber é a faixa etária dos participantes e se eles têm algum conhecimento sobre nutrição. Em seguida, deve-se ter conhecimento dos objetivos e dos interesses da clientela. O conteúdo deve ser passado de forma clara e atrativa. Podem ser usados recursos didáticos diversos como filmes, folders, cartazes, pôsteres e apresentações de slides, caso o nutricionista tenha um notebook. Nas sessões de reeducação alimentar, pode-se fazer dinâmicas com a família, a fim de ensinar mudanças no comportamento alimentar. Para as crianças, as dinâmicas podem ser lúdicas, por meio de jogos, brincadeiras e réplicas para conhecer os alimentos, para facilitar o entendimento. E para os adultos, poderá ser utilizada a pirâmide alimentar. Essas sessões poderão ser divididas em módulos, e junto com o cliente, deverão ser definidos quais serão dados. A duração de cada módulo dependerá do número de pessoas e de questionamentos. 3.10 MONTAGEM DOS TREINAMENTOS Para definir quais treinamentos serão necessários, pode-se perguntar para o membro responsável da família quais os problemas e/ou dúvidas ele tem relacionados ao preparo dos alimentos e se existe algum problema repetitivo na cozinha. Em seguida, listam-se esses problemas e desenvolvem-se treinamentos com o objetivo de saná-los. 38 Para melhor fixação, pode-se elaborar uma avaliação por escrito para o manipulador de alimentos que receberá o treinamento, e caso tenha uma boa pontuação, concede-se um certificado. 39 4 IMPLANTAÇÃO A partir de um criterioso diagnóstico da realidade, devem-se formular propostas de mudanças, as quais exigirão ações de prevenção e recuperação da saúde. Contudo, algumas famílias podem não apresentar problemas alimentares e nutricionais e, diante disso solicitar o serviço de consultoria apenas para planejar e variar cardápios e aperfeiçoar práticas culinárias por exemplo. Mas é possível que este tipo de clientela apresente hábitos e comportamentos alimentares inadequados. Dessa forma, a partir de um inquérito detalhado, o nutricionista poderá identificar todos os aspectos envolvidos com a alimentação e a nutrição da família, e determinar as intervenções necessárias, visando à saúde e à qualidade de vida dos clientes. Porém, para que os novos hábitos alimentares sejam incorporados é necessário que haja impacto positivo na saúde dos indivíduos e que se alcance o objetivo principal. Para isso, devem-se estipular metas e implantar correções e adaptações necessárias, em prazos bem definidos. 4.1 SERVIÇOS DO PROGRAMA “PERSONAL DIET” O nutricionista deverá determinar o melhor tipo de serviço, de acordo com as particularidades de cada cliente. Alguns exemplos de serviços que podem ser oferecidos são: Consulta familiar; Treinamentos para manipuladores de alimentos; Elaboração de cardápio com fichas de preparo; Elaboração de guia alimentar e orientação nutricional; Reeducação alimentar; Elaboração da lista de compras; 40 Visitas ao supermercado. 4.2 CONSULTA FAMILIAR A consulta familiar, como o próprio nome diz, deve ser feita de preferência com todos os membros da família, para melhor adesão ao programa. Porém, a avaliação nutricional deve ser aplicada de forma individualizada, pois utilizam-se dados individuais para a montagem das guias ou planos ou mapas alimentares. Durante as consulta, são: Aplicação da ficha de preferência alimentar: É muito importante para dessa forma o nutricionista montar os guias alimentares de acordo com as preferências, o que traz satisfação do cliente; Avaliação antropométrica: São aferidos peso, altura, circunferências e pregas cutâneas de cada membro participante do programa; Avaliação clínica: Avaliação de exames laboratoriais para conhecimento da saúde do cliente, possíveis problemas de saúde e sobre o uso de medicamentos, além da avaliação subjetiva global, caso o nutricionista ache necessário; Avaliação alimentar: Avaliação do consumo e frequência dos alimentos, avaliação do fracionamento e horário das refeições por meio da aplicação de inquéritos alimentares; Diagnóstico: O nutricionista informa ao cliente o diagnóstico obtido pelas avaliações; Determinação das metas e objetivosindividuais: Logo após o nutricionista identificar o diagnóstico e o objetivo pessoal de cada membro da família, ele deve informar estes resultados aos membros e fixar metas. Devem ser feitos os cálculos para determinar o gasto energético total (GET), mostrando ao cliente quais serão os métodos utilizados para alcançar o objetivo; Sessão de reeducação alimentar: É o processo de aprendizagem pelo qual o cliente passará logo após a avaliação dietética. Na reeducação, serão feitas 41 orientações nutricionais exclusivas para ele conhecer e agregar hábitos alimentares saudáveis ao longo de sua vida; A partir das informações coletadas por meio da consulta familiar, são estabelecidas mudanças necessárias dos hábitos alimentares visando à promoção da saúde, com metas definidas de acordo com o objetivo principal da família. A coleta de dados durante a consulta familiar é de extrema importância na definição da conduta nutricional e das metas a serem estabelecidas, para que desta forma a elaboração do cardápio seja de acordo com os hábitos e a rotina da família. Devem-se definir as características do cardápio juntamente com a família. É de grande importância que as metas propostas e os cardápios prescritos sejam os mesmos para todos os membros do lar. Porém, a individualização do consumo energético e da suplementação de nutrientes para algum deles pode vir a ser necessária. Sendo assim, a anamnese individual deve conter o máximo de informações possíveis da situação nutricional e de saúde do indivíduo. 4.3 AVALIAÇÃO NUTRICIONAL INDIVIDUALIZADA COMPLETA – CLÍNICA, ANTROPOMÉTRICA, ALIMENTAR 4.3.1. Avaliação clínica Na avaliação clínica, o nutricionista terá conhecimento do histórico familiar de doenças, o que lhe possibilitará usar a nutrição preventiva sobre doença pregressa e/ou atual, poderá fazer a avaliação subjetiva global, caso julgue necessário, apalpação para verificar edemas, além da observação de sinais clínicos. É importante que o nutricionista não se esqueça de cruzar sinais e sintomas com achados de deficiências nutricionais, conhecer os hábitos do cliente e avaliar as interações droga versus nutrientes. 42 AVALIAÇÃO DOS MEDICAMENTOS Devem-se procurar informações sobre: Horário e dosagem do medicamento; Se o medicamento é ingerido em jejum ou não, com alguma bebida, como exemplo, água, suco ou chá; Essas informações são importantes para a orientação do cliente. O nutricionista deve consultar um guia de medicamentos, avaliando amplamente o medicamento, para verificar as possíveis interações destes com os nutrientes. 4.3.2 Avaliação antropométrica A antropometria servirá como instrumento para avaliar o plano alimentar prescrito e a evolução do cliente. Fazem parte desta avaliação: Estatura; Peso; IMC (Índice de massa corporal) Pregas cutâneas que podem ser usadas isoladamente ou em sua totalidade para o cálculo do percentual de gordura; Circunferências. A antropometria é o método mais utilizado, pois é de baixo custo, visto que os equipamentos utilizados são portáteis, mais baratos e de simples manuseio, comparando-se com a bioimpedância, porém exige treinamento. 43 TABELA 2 - Parâmetros Antropométricos: GRUPO PARÂMETROS ANTROPOMÉTRICOS Crianças menores de 10 anos Peso/idade; altura/idade; peso/altura Adolescentes IMC percentilar Adultos IMC, circunferências dobras, cutâneas Idosos IMC para idosos Gestantes IMC por semana gestacional FONTES: criança, adolescente e adulto: WORLD HEALTH ORGANIZATION - WHO. Physical Status: the use and interpretation of anthropometry. WHO Technical Report Series n. 854. Geneva: WHO, 1995. Idoso: LIPSCHITZ, D. A. Screening for nutritional status in the elderly. Primary Care, 21 (1): 55-67, 1994.Gestante: ATALAH, E. et al. Validation of a new chart for assessing the nutritional status during pregnancy. First draft, 1999. AVALIAÇÃO ANTROPOMÉTRICA EM CRIANÇA COMPOSIÇÃO CORPORAL A análise da composição corporal torna possível entender as mudanças provenientes de alterações metabólicas e identificar os riscos que essas levam à saúde. Nesta fase, avaliam- se ossos, musculatura, resíduos e gordura corporal. O peso corporal não é suficiente na avaliação de riscos para doenças que estão relacionadas ao seu excesso. A avaliação antropométrica em criança deve considerar o peso da criança ao nascer e o comprimento, índices como peso/idade, estatura/idade, peso/estatura (no caso de prematuros, é importante fazer os ajustes). Para crianças maiores, pode-se utilizar o IMC de acordo com as distribuições percentilares propostas por Nahanes (2003). No momento da interpretação dos resultados, deve-se avaliar a alimentação da criança e genética familiar. Peso ao nascer 44 O peso ao nascer (PN) pode ser classificado em: TABELA 3 – Classificação do peso ao nascer PN maior que 4.000 g Excesso de peso PN maior 3.000 g e menor que 3.999 g Peso adequado PN maior que 2.500 g e menor que 2.999 g Peso insuficiente PN menor que 2.500 g Baixo peso ao nascer FONTE: OMS Estatura ao nascer A estatura ao nascer reflete o estado nutricional (EN) durante a gestação (taxa de crescimento intrauterino) e o tempo da gestação. A estatura pode ser classificada em: AIG (adequado para idade gestacional); PIG (pequeno para idade gestacional) – indica retardo do crescimento intrauterino; GIG (grande para a idade gestacional) – indica sobrepeso ou obesidade. Peso/Idade Utiliza-se como referência a National Center of Health Statistics (NCHS) Classificação de Gomes – Baseia-se no índice peso / idade P/I = Peso Observado x 100 Peso esperado para idade/sexo (P50) 45 Classificação do estado nutricional, segundo o critério de Gomes, modificado por Bengoa. %ADEQUAÇÃO P/I ESTADO NUTRICIONAL 91 – 100% EUTROFIA 76 - 90% DESNUTRIÇÃO I GRAU 61 - 75% DESNUTRIÇÃO II GRAU < 60% DESNUTRIÇÃO III GRAU FONTE: J. Pediatri. (RJ) 200;76 (Supl. 3): 5275 – 5284 Estatura/idade, peso/estatura Classificação de Waterloo • Para crianças de 2 a 10 anos de idade; •Utiliza estatura como parâmetro; • Baseia-se nos índices de E/I e P/E; • Estabelece o tipo de desnutrição E/I = Estatura Observada x 100 Estatura esperada para idade/sexo (P50) 46 P/E = Peso Observado x 100 Peso esperado para estatura/sexo (P50) ALTURA / IDADE > 95% ≤ 95% PESO/ ESTATURA > 90% EUTROFIA DESNUTRIÇÃO CRÔNICA ≤ 90% DESNUTRIÇÃO ATUAL DESNUTRIÇÃO PREGRESSA FONTE: Waterlow JC. Classification and definition of Protein-Calória Malnutrition. Brit Med J. 1972;3:566 Pode-se ainda qualificar a severidade da desnutrição, utilizando-se subclassificações dos déficits de E/I e P/E, dentro da classificação de Waterlow. % PADRÃO DE REFERÊNCIA P50 NORMAL LEVE MODERADA SEVERA E/I 95 90-95 85-90 < 85 P/E 90 80-90 70-80 <70 MacLean Jr, usa;1987 47 Para determinar o sobrepeso e a obesidade, são utilizados os seguintes critérios (Waterlow): • Sobrepeso: ≥110% a < 120% do p50 de p/e • Obesidade: > 120% do P50 de P/E Os indicadores complementares que podem ser usados são: Avaliação da taxa de crescimento; Aferição do perímetro cefálico e do tórax. AVALIAÇÃO ANTROPOMÉTRICA EM ADULTO Os parâmetros utilizados na avaliação antropométricaem adultos são: estatura, peso, IMC, pregas cutâneas e circunferências. Quanto às circunferências, é necessária uma avaliação da composição corporal para se averiguar a exatidão dos resultados. Peso corporal Para aferição do peso corporal, é necessário utilizar-se das técnicas de mensuração a seguir: O cliente deve permanecer em pé (ereto); Manter os pés afastados (quadril), calcanhar unido; Manter-se no centro da plataforma; Ombros relaxados; Braços soltos ao lado do corpo. Estatura 48 Para aferição da estatura, é necessário utilizar-se das técnicas de mensuração a seguir: O cliente deve permanecer em pé (ereto); Pés descalços e juntos; Contato: posteriores do calcanhar, cintura pélvica, cintura escapular e região occipital; Ponto mais alto da cabeça ao final de uma inspiração. Perímetro Abdômen (aferição na altura do umbigo); Antebraço; Braço (relaxado e contraído); Cintura (medir na menor circunferência ou no ponto médio entre a crista ilíaca e a última costela); Coxa; Quadril; Panturrilha ou perna. Bioimpedância É um aparelho capaz de medir a gordura corporal por meio de uma corrente elétrica. Quanto maior a quantidade de água contida em um órgão, mais facilmente a corrente passará. Desta forma, registra-se a corrente elétrica de acordo com a quantidade de água e de gordura presentes no organismo. As equações da bioimpedância podem ser usadas para estimar água, percentual de gordura e massa magra. 49 Existe um protocolo da bioimpedância que deve ser informado ao cliente, que inclui jejum de no mínimo quatro horas, 24 horas antes do exame deve-se esforçar o mínimo, não ingerir bebidas alcoólicas pelo menos 48 horas antes do exame, urinar 30 minutos antes do exame, não usar diuréticos uma semana antes, além de repouso 10 minutos antes. As vantagens na utilização deste método são: Não requer conhecimento técnico; Pode ser utilizada em clientes com obesidade; É confortável; Possui equações para diferentes grupos. As desvantagens são: Não poder ser usada em todos os grupos; Depende da colaboração do cliente avaliado; Possui custo elevado; É influenciada pelo estado fisiológico e hidratação do cliente. Dobras cutâneas É uma forma indireta de mensuração da adiposidade corporal. A dobra cutânea corresponde à gordura localizada acima do músculo em conjunto com a pele. Pode-se, pela determinação do tecido subcutâneo, estimar a densidade e a quantidade de gordura corporal. Dobra cutânea bicipital É o ponto de maior circunferência aparente do ventre muscular do bíceps (vertical) e deve ser mensurado de acordo com as seguintes técnicas: 50 O cliente deve permanecer em pé (ereto); Manter os braços estendidos e relaxados ao longo do corpo; Palma da mão virada para a frente. Dobra cutânea tricipital É o ponto médio entre o processo acromial da escápula e o processo olecraniano da ulna (vertical), e deve ser mensurado de acordo com as seguintes técnicas: O cliente deve permanecer em pé (ereto); Manter os braços estendidos e relaxados ao longo do corpo. Dobra cutânea axilar média É o ponto em que coincide o nível do processo xifóide (esterno) e a linha axilar média (obliquamente ou horizontal), e deve ser mensurado de acordo com as seguintes técnicas: O cliente deve permanecer em pé (ereto); Manter o braço direito levemente abduzido e flexionado ao lado do corpo. Dobra da coxa Encontra-se entre o ponto médio e a linha inguinal e a borda proximal da patela, e deve ser mensurado de acordo com as seguintes técnicas: O cliente deve permanecer em pé (ereto); Direção vertical; Não sobrecarregar a perna. 51 Dobra cutânea abdominal Localiza-se 2 cm à direita do umbigo (vertical ou horizontal) e deve ser mensurado de acordo com as seguintes técnicas: O cliente deve permanecer em pé (ereto); Pés afastados; Peso do corpo distribuído nos dois pés. Dobra cutânea peitoral Encontra-se entre no ponto medial entre a axila e o mamilo (diagonal), e deve ser mensurado de acordo com as seguintes técnicas: O cliente deve permanecer em pé (ereto); Manter os braços relaxados; Ombro solto e descontraído. Dobra cutânea subescapular Encontra-se 2 cm abaixo do ângulo inferior da escápula (diagonal), e deve ser mensurado de acordo com as seguintes técnicas: O cliente deve permanecer em pé (ereto); Manter os braços estendidos e relaxados ao longo do corpo. Dobra cutânea perna medial 52 Encontra-se na altura da maior circunferência da perna (vertical), e deve ser mensurada de acordo com as seguintes técnicas: Cliente deve permanecer sentado; Joelhos flexionados a um ângulo de 90º; Pés em contato com o solo. Avaliação da prega do tríceps É calculada de acordo com os seguintes passos: Medir a prega; Multiplicar por 100; Dividir pelo valor encontrado no percentil 50; Verificar o percentual de adequação e classificar. TABELA 4 – Percentis para prega cutânea do tríceps (mm) 53 TABELA 5 – Classificação do estado nutricional de acordo com a prega cutânea tricipital TABELA DE CLASSIFICAÇÃO Menor que 70% Desnutrição grave de 70% a 80% Desnutrição moderada de 80% a 90% Desnutrição leve de 90% a 110% Eutrofia FONTE: Frisancho, 1990. % de gordura corporal Existem vários protocolos para avaliação do percentual de gordura por meio das dobras cutâneas. Uma sugestão é o Protocolo de Faulkner (1968): 4 dobras cutâneas: tríceps, subescapular, suprailíaca e abdome; (TR = Dobra cutânea do tríceps, SI = D.C. suprailíaca, AB=D.C. abdominal, SB=D.C.subescapular). G% = [ (TR +SI +SB + AB) x 0,153 + 5, 783] Avaliação da estatura estimada Pode-se estimar a estatura do indivíduo pela seguinte técnica: Altura do joelho Faz-se com a perna flexionada, formando com o joelho um ângulo de 90°, posicionando- se a régua embaixo do calcanhar do pé e a haste, pressionando-se a cabeça da fíbula; O indivíduo precisa estar deitado; 54 Está diretamente correlacionada com a estatura é pouco alterada com o processo de envelhecimento. TABELA 6 – Fórmulas para estimativa da altura a partir da altura do joelho: Homens brancos (cm) = (2,08 x altura do joelho) + 59,1 Mulheres brancas (cm) = (1,91 x altura do joelho) – (0,17 x idade) + 75,0 Homens negros (cm) = (1,37 x altura do joelho) + 95,79 Mulheres negras (cm) = (1,96 x altura do joelho) + 58,72 FONTE: WHO, 1995 Outras formas para estimar a altura: Comprimento ou envergadura do braço: É medido o comprimento das extremidades distais de um braço ao outro. A altura estimada será igual ao valor encontrado; Hemienvergadura: É medida da mesma forma que o comprimento ou envergadura, porém a leitura é feita entre a extremidade de um braço e o ponto central do osso esterno. A altura estimada será igual ao dobro do valor encontrado; Lenght recumbent: O comprimento do indivíduo deitado, medindo da cabeça ao calcanhar, é usado como sinônimo de estatura. Pode-se estimar o peso do indivíduo pela seguinte equação: Peso de homens = (0,98 x circ. panturrilha) + (1,16 x altura joelho) +(1,73 x circ. braço) + (0,37 x pcse) - 81,69 Peso de mulheres = (1,27 x circ. panturrilha) + (0,87 x altura joelho) + (0,98 x circ. braço) + (0,4
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