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- -1 Bases e Contribuições Maitê de Siqueira Brahm Introdução O cálculo de contracheques e a folha de pagamento são temas presentes na realidade de todos, visto que a maioria das pessoas já teve a oportunidade de analisar um contracheque. Mas é difícil não se perguntar: o que significam todas aquelas siglas? Porque existem tantos descontos? Porque não recebo algum benefício? Vamos, ao longo deste tema, responder alguns destes questionamentos. Nesta primeira etapa, você vai analisar as tabelas legais que incidem sobre os contracheques e buscar compreender a origem dos valores, índices e impostos. Ao final desta aula, você será capaz de: • descrever a origem dos descontos presentes nos contracheques, apresentando as tabelas de incidência e tabelas legais, bem como cálculo das bases. Folha de pagamento De acordo com Oliveira (2010), e a lei n. 13.467, em seu artigo 457, a folha de pagamento se divide em duas partes distintas: proventos e descontos. Ficando assim: - proventos: salário, hora extra, adicional de insalubridade, adicional de periculosidade, adicional noturno, salário-família; - descontos: quota de previdência, Imposto de Renda, contribuição sindical, seguros, adiantamentos, faltas e atrasos e vale-transporte. Nesta primeira etapa, você vai conhecer os descontos que incidem sobre a folha de pagamento e as suas respectivas tabelas de incidência e as tabelas legais. Primeiramente, entenda quais são os elementos de desconto. INSS: desconto do empregado para o Instituto Nacional do Seguro Social O desconto para o Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) é um dos mais conhecidos pela população e visa a contribuição para aposentadoria e demais benefícios da seguridade social (licença-saúde e licença maternidade, por exemplo). Para Oliveira (2010), a contribuição varia de 8% a 11%, de acordo com a tabela do salário contribuição determinado pela previdência social. Este desconto incide sobre o salário mais horas extras, insalubridade, periculosidade, adicional noturno, 13º e demais valores previstos na previdência social. • - -2 O valor é descontado diretamente na folha de pagamento, caso o trabalhador receba a mais que o teto previsto, deve ser descontado apenas o valor máximo estipulado, que atualmente é de 11%, conforme tabela a seguir. Tabela 1 - Tabela valores legais INSS Fonte: BRASIL, 2018a. Imposto de Renda e FGTS A tributação do Imposto de Renda (IRRF) incide sobre diversas formas de proventos. De forma específica, conforme Oliveira (2010), incide sobre: salários, ordenados, soldos, soldadas, subsídios, honorários, adicionais, vantagens, extraordinários, suplementação, abonos, bonificações, gorjetas, gratificações, 13º, participações, percentagens, prêmios, cotas-partes em multas ou receitas, comissões, corretagens, vantagens por transferência de local de trabalho, verbas de apresentações. Outro elemento presente nos contracheques é o Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS). Este fundo serve como um respaldo ao trabalhador que for demitido do emprego sem justa causa, uma vez que terá direito ao saque do valor total do FGTS. É responsabilidade do depositar, em uma conta na Caixaempregador Econômica, o valor referente à 8% do salário. Estes 8% não podem ser descontados do salário do trabalhador, mas tem o salário como base de cálculo para o valor a ser depositado. A composição final do FGTS é a soma total dos depósitos mensais realizados pelo empregador. É importante ressaltar que são abertos alguns precedentes legais para o uso do FGTS, sendo o mais comum para a compra de imóveis, não sendo necessária a demissão do trabalhador. Assim o trabalhador pode usar o seu saldo do FGTS SAIBA MAIS A partir de Lei n. 9.032/95 houve a obrigatoriedade do aposentado, que exerce atividade abrangida pelo sistema previdenciário, voltar a contribuir! Quer saber mais sobre esse tema? Leia o texto da legislação na íntegra. - -3 imóveis, não sendo necessária a demissão do trabalhador. Assim o trabalhador pode usar o seu saldo do FGTS para pagar uma parte do imóvel que deseja adquirir. Confira, de forma resumida, a incidência dos três principais elementos do contracheque: IRRF, FGTS e INSS, nas tabelas a seguir. FIQUE ATENTO A legislação que criou o FGTS foi o Decreto de Lei n. 5.107, de 1966. O percentual de 8% da retenção do FGTS não deve ser descontado do trabalhador, o salário serve apenas como base de cálculo do valor a ser depositado. Para os empregados contratados na condição de aprendizes, este percentual do FGTS será de 2%. - -4 Tabela 2 - Tabela de incidência INSS, FGTS e IRRF Fonte: elaborado pela autora, baseado em BRASIL, 2016. - -5 Tabela 3 - Tabela de incidência INSS, FGTS e IRRF Fonte: elaborado pela autora, baseado em BRASIL, 2016. As tabelas acima referem-se à incidência de INSS, FGTS e IRRF nos diferentes elementos que compõem o contracheque. Pegue como exemplo o 13º salário e analise as duas linhas que compõem o benefício: até 30/11 e até 20/12. Na primeira observe que incidem (colunas com afirmativa SIM) apenas no elemento FGTS, ou seja, para depósito do FGTS se considera o valor da primeira parcela do 13º. Já para o IRRF e INSS não há incidência de descontos na parcela de até 30/11. Na segunda linha, que se refere até 20/12, há a incidência dos três elementos, FGTS, IRRF e INSS. Ou seja, serão considerados para cálculo de desconto de IRRF e INSS o valor da segunda parcela e também para depósito de FGTS. Tabelas legais salário família e IRRF Como mencionado no item anterior, o Imposto de Renda incide sobre uma ampla gama de proventos dos empregados. Mas como saber qual valor deve ser retido (ou seja, descontado) deste trabalhador? Existem tabelas legais, elaboradas pela Receita Federal, que orientam esses descontos, balizados pelo valor do salário deste trabalhador. Quanto maior o salário, maior o desconto. Trabalhadores que recebem até R$ 1.903,98 mensais são isentos deste imposto. - -6 Tabela 4 - Tabela legal IRRF 2018 Fonte: BRASIL, 2018. Outro elemento importante de levar em consideração na composição do contracheque é o salário família. Ele atende uma série de requisitos, inclusive o fato de que acima dos 14 anos do filho perde-se o direito ao benefício. De acordo com o Instituto Nacional do Seguro Social (2018, on-line), O salário-família é um valor pago ao empregado, inclusive o doméstico, e ao trabalhador avulso, de acordo com o número de filhos ou equiparados que possua. Filhos maiores de 14 anos não têm direito, exceto no caso dos inválidos (para quem não há limite de idade). Como pré-requisito para receber este benefício, é necessário ter filhos menores de 14 anos e ter a remuneração máxima de R$ 1.319,18. O salário família conta com duas faixas e os valores recebidos pelos trabalhadores são diferentes, confira na tabela abaixo. Tabela 5 - Valor legal do salário família Fonte: BRASIL, 2018b. É importante ressaltar que os valores acima dos contemplados pela faixa 2 do salário família não recebem o benefício. Analise o exemplo a seguir: Joaquim recebe um salário mensal bruto de R$2.500,00 e tem um filho de 7 anos. Veja sua contribuição ao IRRF, FIQUE ATENTO Diferente do INSS e IRRF, o salário família não é um desconto no contracheque, mas sim um benefício assegurado pelo INSS a ser pago pelo empregador do trabalhador! E, acima dos 14 anos do filho, o beneficiado perde o direito de recebê-lo! - -7 Joaquim recebe um salário mensal bruto de R$2.500,00 e tem um filho de 7 anos. Veja sua contribuição ao IRRF, salário família, INSS e FGTS. · a alíquota base pela remuneração mensal é de 7,5%, e, conforme a tabela, o valor a IRRF: ser deduzido é R$ 142,80. O cálculo do desconto do IRRF será assim: Remuneração – desconto do INSS – dependentes – Pensão Judicial – Previdência Privada Base de Cálculo do IRRF x % IRRF – Dedução = desconto do IRRF 2.500,00 – 225,00 – 189,59 = 2.085,41 2.085,41 x 7,5% - 142,80 = R$ 13,60, este será o desconto do IRRF no contracheque · a alíquota de desconto do INSS para o caso do Joaquim é de 9%,conforme tabela 1. O cálculo a ser feito:INSS: R$ 2.500 x 0,09=225. · apesar do Joaquim ter um filho de 7 anos, o seu salário é superior ao estipulado na tabela 4Salário família: (máximo de R$ 1.319,18), portanto não receberá nenhum valor. · o desconto do FGTS é uma taxa única de 8%, que deve ser depositado em uma conta para o trabalhador.FGTS: O cálculo a ser feito: R$ 2.500 x 0,08=200. Com o exemplo fica mais fácil compreender como realizar os cálculos e como aplicar na prática os valores de bases e incidências. Assim, analise um contracheque e identifique todos os valores estudados. Fechamento O propósito desta unidade foi introduzir você no cálculo de contracheques, familiarizando-o com alguns dos principais impostos e benefícios trabalhistas. É importante entender a origem dos valores que estão nos contracheques e onde você pode pesquisá-los quando houver dúvidas. Muitos dos elementos apresentados nesta unidade já fazem parte do seu cotidiano. Lembre-se da diferença entre INSS, que é descontado para seguridade social (aposentadoria e benefícios); o FGTS, fundo que protege o trabalho em caso de demissão sem justa causa; e IRRF, imposto que incide sobre uma série de proventos dos trabalhadores e o salário-família, um benefício calculado baseado no salário do trabalhador. Referências BRASIL. , de 13 de julho de 2017. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-Lei n. 13.467 2018/2017/Lei/L13467.htm>. Acesso em: 11 dez. 2018. _____. Ministério do Desenvolvimento Social. Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). . 05 fev.Salário-família 2018c. Disponível em: <https://www.inss.gov.br/beneficios/salario-familia/>. Acesso em: 28 nov. 2018. _____. Ministério do Desenvolvimento Social. Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). Tabela de contribuição . 14 mai. 2018a. Disponível em: <mensal https://www.inss.gov.br/servicos-do-inss/calculo-da-guia-da- >. Acesso em: 27 nov. 2018.previdencia-social-gps/tabela-de-contribuicao-mensal/ _____. Ministério do Desenvolvimento Social. Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). Valor limite para o https://www.inss.gov.br/servicos-do-inss/calculo-da-guia-da-previdencia-social-gps/tabela-de-contribuicao-mensal/ https://www.inss.gov.br/servicos-do-inss/calculo-da-guia-da-previdencia-social-gps/tabela-de-contribuicao-mensal/ - -8 >. Acesso em: 27 nov. 2018.previdencia-social-gps/tabela-de-contribuicao-mensal/ _____. Ministério do Desenvolvimento Social. Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). Valor limite para o . 25 jan. 2018b. Disponível em: <direito ao salário-família https://www.inss.gov.br/beneficios/salario-familia >. Acesso em: 27 nov. 2018./valor-limite-para-direito-ao-salario-familia/ _____. Ministério da Fazenda. Receita Federal. . 16 mai. 2018.IRPF (Imposto sobre a renda das pessoas físicas) Disponível em: <http://idg.receita.fazenda.gov.br/acesso-rapido/tributos/irpf-imposto-de-renda-pessoa-fisica>. Acesso em: 27 nov. 2018. _____. Ministério da Fazenda. Receita Federal. . 08 nov. 2016. Disponível Tabela de incidência de contribuição em: <http://idg.receita.fazenda.gov.br/orientacao/tributaria/pagamentos-e-parcelamentos/emissao-e- pagamento-de-darf-das-gps-e-dae/calculo-de-contribuicoes-previdenciarias-e-emissao-de-gps/tabela-de- >. Acesso em: 28 nov. 2018.incidencia-de-contribuicao OLIVEIRA, A. . São Paulo: Atlas, 2010.Manual da prática trabalhista https://www.inss.gov.br/servicos-do-inss/calculo-da-guia-da-previdencia-social-gps/tabela-de-contribuicao-mensal/ https://www.inss.gov.br/beneficios/salario-familia/valor-limite-para-direito-ao-salario-familia/ https://www.inss.gov.br/beneficios/salario-familia/valor-limite-para-direito-ao-salario-familia/ http://idg.receita.fazenda.gov.br/orientacao/tributaria/pagamentos-e-parcelamentos/emissao-e-pagamento-de-darf-das-gps-e-dae/calculo-de-contribuicoes-previdenciarias-e-emissao-de-gps/tabela-de-incidencia-de-contribuicao http://idg.receita.fazenda.gov.br/orientacao/tributaria/pagamentos-e-parcelamentos/emissao-e-pagamento-de-darf-das-gps-e-dae/calculo-de-contribuicoes-previdenciarias-e-emissao-de-gps/tabela-de-incidencia-de-contribuicao http://idg.receita.fazenda.gov.br/orientacao/tributaria/pagamentos-e-parcelamentos/emissao-e-pagamento-de-darf-das-gps-e-dae/calculo-de-contribuicoes-previdenciarias-e-emissao-de-gps/tabela-de-incidencia-de-contribuicao - -1 Impostos Maitê de Siqueira Brahm Introdução Nesta unidade, você irá aprofundar seus conhecimentos sobre o Imposto de Renda, o imposto com maior arrecadação no Brasil desde a década de 1940. Vai compreender seu propósito, sua origem, a legislação que regra e entender como funciona a sua base de cálculo. O Imposto de Renda está presente no cotidiano de parte significativa dos trabalhadores e entender como funciona seu mecanismo é crucial para realizar o cálculo de contracheques. Mas, afinal, para que serve o Imposto de Renda? Como saber quanto reter do meu trabalhador por mês? O valor que eu pago de Imposto de Renda mensal está correto? Essas e outras perguntas serão respondidas ao longo desta unidade temática. Ao final desta aula, você será capaz de: • identificar a origem do valor de desconto do IRRF demonstrando as faixas de incidência e sua fórmula de cálculo. História do Imposto de Renda no Brasil Para iniciar a compreensão do Imposto de Renda (IRRF), é importante conhecer a sua origem no país. A ideia de um imposto baseado na cobrança de um valor sobre os rendimentos dos brasileiros data de 1843, ainda no reinado de Dom Pedro II, de acordo com informações da Receita Federal (2014). Mas, somente em 1922 que o Imposto de Renda foi efetivamente criado. “[...] Foi instituído no Brasil por força do artigo 31 da Lei n. 4.625, de 31 de dezembro de 1922, que orçou a Receita Geral da República dos Estados Unidos do Brasil para o exercício de 1923” (RECEITA FEDERAL, 2014, p. 31). Foi instituído, também, que só poderia incidir imposto sobre o que era efetivamente declarado e, assim, criou-se a Declaração de Renda para verificar sobre quais valores era possível incidir tributação deste imposto. Em 1944, de acordo com a Receita Federal (2014), o IRRF tornou-se o imposto número um em arrecadação e, em 1979, passou a reinar de forma absoluta na posição, pois até então dividia com o imposto de consumo. Em 1964 passa por uma importante reformulação, de acordo com a reforma tributária (1964 até 1967), com o surgimento dos incentivos fiscais (descontos para certos segmentos econômicos), definição do crime de sonegação e fraude ao IRRF. Outro momento importante para o Imposto de Renda foi que, a partir de 1991, teve início a informatização do processo de Declaração de Renda (RECEITA FEDERAL, 2014). Além disso, em 1996 surge a opção da Declaração Completa e da Declaração Simplificada, visto que o desconto geral de 20% sobre os rendimentos substituía todas as diferentes formas de deduções admitidas na legislação. A partir do início dos anos 2000 houve um aumento da preocupação da Receita Federal com o uso de tecnologias para facilitar a Declaração de Renda e evitar as fraudes ao imposto, e foram aceitas declarações enviadas via internet e telefone. Em 2010 foram excluídos os formulários em papel, sendo aceito apenas o envio através dos programas on-line via internet. Para a Receita Federal (2016), o propósito da sua existência era: O imposto sobre a renda é a forma de tributação que mais pode colaborar com uma melhor • - -2 O imposto sobre a renda é a forma de tributação que mais pode colaborar com uma melhor distribuição de renda, ser utilizada como instrumento de justiça fiscal, está mais ligada à capacidade contributiva da pessoa e que mais se presta a contribuir com uma sociedade menos desigual. Pode ser cobrado mais das pessoas que possuem mais renda e cobrado menos das que têm menos. (RECEITA FEDERAL, 2016, ).on-line É visível a relevância do IRRF para a construção dos tributos no Brasil, sendo ele o mais importante atualmente. Continuando o estudo, você irá analisar a legislação e, em seguida, a formade cálculo do IRRF, baseado nas tabelas atuais. Imposto de Renda – legislação, tabela de tributação e obrigatoriedade do pagamento O imposto de renda incide sobre diferentes formas de proventos, como já estudado anteriormente. De acordo com Oliveira (2010), incide sobre o IRRF: salários, ordenados, soldos, soldadas, subsídios, honorários, adicionais, vantagens, extraordinários, suplementação, abonos, bonificações, gorjetas, gratificações, 13º, participações, percentagens, prêmios, cotas-partes em multas ou receitas, comissões, corretagens, vantagens por transferência de local de trabalho, verbas de representação. SAIBA MAIS Quer conhecer ainda mais sobre a história do Imposto de Renda brasileiro? Veja o vídeo produzido pela TV Receita, que trata da constituição do imposto, objeto de estudo nesta unidade. - -3 Figura 1 - Diferentes elementos têm incidência do IRRF Fonte: Franck Boston, Shutterstock, 2019. A partir de agora, você vai entender mais sobre a legislação, tabela de tributação e a forma de cálculo do IRRF retido na fonte. Legislação do IRRF e tabela de tributação A legislação que rege o IRRF é a Lei n. 11.482, de 31/05/2007, que efetua alterações na tabela do Imposto de Renda. Já a Lei n. 13.149, de 21/07/2015, atualiza os valores da tabela mensal do Imposto de Renda Pessoa Física, sendo esta a última atualização na tabela mensal. Confira a seguir a tabela progressiva mensal. FIQUE ATENTO As alterações nas tabelas referentes à alíquota de Imposto de Renda são sempre estabelecidas em legislações, como a Lei n. 13.149/2015. Na legislação são estabelecidas quatro faixas de alíquotas que variam de 7,5% até 27,5%, dependendo da renda. - -4 Figura 2 - Tabela de incidência mensal IRRF Fonte: RECEITA FEDERAL, 2018a, on-line. Outro valor importante estabelecido legalmente é o valor de dedução por dependente, ou seja, filhos, cônjuges ou familiares que dependem do pagador do IRRF. O valor estabelecido é de R$ 189,59 de dedução mensal por dependente. Ou seja, caso a pessoa tenha 3 dependentes, o valor mensal a ser deduzido será de R$ 568,77. Obrigatoriedade IRR A legislação do IRRF também estabelece para quais pessoas o pagamento do IRRF é obrigatório. “Instrução Normativa RFB nº 1.794, de 23 de fevereiro de 2018, está obrigada a apresentar a Declaração de Ajuste Anual do Imposto de Renda Pessoa Física referente ao exercício de 2018, a pessoa física residente no Brasil que, no ano- calendário de 2017” (RECEITA FEDERAL, 2018, ):on-line - -5 Figura 3 - Obrigatoriedade de Pagamento IRRF 2018 Fonte: RECEITA FEDERAL, 2018b, on-line. Além das pessoas que têm obrigação de pagar IRRF, existem os casos em que há dispensa do pagamento do IRRF 2018, de acordo com Receita Federal (2018b, )on-line : - não se enquadre em nenhuma das hipóteses de obrigatoriedade da tabela anterior; - conste como dependente em declaração apresentada por outra pessoa física, na qual tenham sido informados seus rendimentos, bens e direitos caso os possua; - teve a posse ou a propriedade de bens e direitos, inclusive terra nua, quando os bens comuns forem declarados pelo cônjuge, desde que o valor total dos seus bens privativos não exceda R$ 300.000,00, em 31 de dezembro de 2017. De forma sintética, a tabela presente neste tópico apresenta todas as situações em que é obrigatório o pagamento de IRRF. - -6 Cálculo do Imposto de Renda Sobre este assunto, Oliveira (2010, p.59) afirma que “o imposto a ser descontado corresponderá à soma dos valores obtidos pela aplicação das respectivas alíquotas sobre a porção de renda compreendida nos limites de cada classe de renda da tabela progressiva.” Para qualquer cálculo que necessite ser feito, é importante que você tenha acesso às tabelas atualizadas da Receita Federal e INSS, visto que sobre o valor descontado à seguridade social não há incidência de IRRF. Com acesso a essas informações você conseguirá, com facilidade, calcular o valor do IRRF retido na fonte. Figura 4 - O cálculo do IRRF Fonte: Paul Maguire, Shutterstock, 2019. Para que você consiga efetuar os cálculos é importante que você realize exercícios com valores de remuneração EXEMPLO Confira o pagamento da senhora Fátima, em 31/03/2017, com dois dependentes e uma renda bruta de R$3.100,00. Qual a sua retenção na fonte? 1º cálculo: valor do desconto de dependentes: 2x R$189,59=379,18 2º cálculo INSS (consultar tabela unidade 1)11%: 3100x0,11=R$ 341,00 Total dos abatimentos do Cálculo IR: 379,18+341=R$ 720,15 Para chegar na Base de Cálculo: (Renda Bruta) – (Total dos abatimentos) R$3100,00-R$720,15=R$2379,85 (valor da base de cálculo do IRRF) A base de cálculo é de . A senhora Fátima encontra-se na primeira faixa (de R$R$2379,85 1.903,99 até R$ 2.826,65 – conforme tabela 1 dessa unidade), com alíquota de 7,5%. Para saber o valor a ser retido na fonte calcula-se: R$2379,85 x 0,075=R$ 178,49 Na última coluna da tabela 1 ainda se tem a parcela a deduzir do IR, ou seja, mais um valor que deve ser DESCONTADO no cálculo do IRRF a ser retido na fonte. No caso da sra. Fátima: R$ 178,49 – R$142,80 .= R$ 35,69 A retenção mensal da fonte da sra. Fátima é de R$ 35,69. - -7 Para que você consiga efetuar os cálculos é importante que você realize exercícios com valores de remuneração diferentes, mas seguindo sempre as instruções acima apresentadas. Atente sempre para as faixas de INSS e às faixas de retenção do IRRF, observe também o caso de dependentes, visto que eles aumentam o volume de abatimentos no cálculo. Fechamento Nesta unidade, você teve a oportunidade de discutir o Imposto de Renda de forma aprofundada, compreendendo em quais situações ele é obrigatório e em quais não é. Outro ponto importante foi compreender a forma de cálculo do IRRF retido na fonte mensalmente, que tem uma importante aplicabilidade prática no cálculo de contracheques e nas folhas de pagamento. Além dessas informações essenciais, como o desconto por dependentes, é fundamental você se manter atualizado com relação às mudanças nos valores deduzidos e nas faixas de tributação através de fontes confiáveis, como o site oficial da Receita Federal. Referências BRASIL. Ministério da Fazenda. Receita Federal. segurança, rapidez e1977 a 2016 – o avanço tecnológico: facilidade no preenchimento e na entrega da declaração. Brasília, 23 mai. 2016. Disponível em: <http://idg. receita.fazenda.gov.br/sobre/institucional/memoria/imposto-de-renda/historia/1997-a-2014-o-avanco- >. Acesso em: 02 jan.tecnologico-seguranca-rapidez-e-facilidade-no-preenchimento-e-na-entrega-da-declaracao 2019. _____. Ministério da Fazenda. Receita Federal. . Disponível em: História do Imposto de Renda <http://idg.receita. >.fazenda.gov.br/sobre/institucional/memoria/imposto-de-renda Acesso em: 02 dez. 2018. _____. Ministério da Fazenda. Receita Federal. História do Imposto de Renda. [ ]. Brasília, 07 mar. 2016.vídeo Disponível em: < >. Acesso em: 02 jan. 2019.https://www.youtube.com/watch?v=iT6R1atkifk _____. Ministério da Fazenda. Receita Federal. enfoque da pessoa físicaHistória do imposto de renda no Brasil: (1922-2013). Brasília, 2014. Disponível em: <http://www.youblisher.com/p/997520-Historia-do-imposto-de- >. Acesso em: 02 jan. 2019.Renda-no-Brasil/ _____. Ministério da Fazenda. Receita Federal. IRPF (Imposto sobre a renda das pessoas físicas). Tabela de . Brasília, 16 mai. 2018a. Disponível em:incidência mensal <http://idg.receita.fazenda.gov.br/acesso-rapido /tributos/irpf-imposto-de-renda-pessoa-fisica#tabelas-de-incid-ncia-mensal>. Acesso em: 02 dez. 2018. _____. Ministério da Fazenda. Receita Federal. Brasília,Obrigatoriedade do pagamento de Imposto de Renda. 26 fev. 2018b. Disponível em: <http://idg.receita.fazenda.gov.br/interface/cidadao/irpf/2018/apresentacao >./obrigatoriedade Acesso em: 02 dez. 2018. OLIVEIRA, A. . São Paulo: Atlas, 2010.Manual da prática trabalhista http://idg.receita.fazenda.gov.br/sobre/institucional/memoria/imposto-de-renda/historia/1997-a-2014-o-avanco-tecnologico-seguranca-rapidez-e-facilidade-no-preenchimento-e-na-entrega-da-declaracaohttp://idg.receita.fazenda.gov.br/sobre/institucional/memoria/imposto-de-renda/historia/1997-a-2014-o-avanco-tecnologico-seguranca-rapidez-e-facilidade-no-preenchimento-e-na-entrega-da-declaracao http://idg.receita.fazenda.gov.br/sobre/institucional/memoria/imposto-de-renda/historia/1997-a-2014-o-avanco-tecnologico-seguranca-rapidez-e-facilidade-no-preenchimento-e-na-entrega-da-declaracao http://idg.receita.fazenda.gov.br/sobre/institucional/memoria/imposto-de-renda http://idg.receita.fazenda.gov.br/sobre/institucional/memoria/imposto-de-renda https://www.youtube.com/watch?v=iT6R1atkifk http://www.youblisher.com/p/997520-Historia-do-imposto-de-Renda-no-Brasil/ http://www.youblisher.com/p/997520-Historia-do-imposto-de-Renda-no-Brasil/ http://idg.receita.fazenda.gov.br/acesso-rapido/tributos/irpf-imposto-de-renda-pessoa-fisica#tabelas-de-incid-ncia-mensal http://idg.receita.fazenda.gov.br/acesso-rapido/tributos/irpf-imposto-de-renda-pessoa-fisica#tabelas-de-incid-ncia-mensal http://idg.receita.fazenda.gov.br/acesso-rapido/tributos/irpf-imposto-de-renda-pessoa-fisica#tabelas-de-incid-ncia-mensal http://idg.receita.fazenda.gov.br/interface/cidadao/irpf/2018/apresentacao/obrigatoriedade http://idg.receita.fazenda.gov.br/interface/cidadao/irpf/2018/apresentacao/obrigatoriedade - -1 Férias vencidas e proporcionais Maitê de Siqueira Brahm Introdução Nesta unidade, você irá aprofundar seus conhecimentos sobre o cálculo de férias vencidas e férias proporcionais, identificando as suas particularidades e aprendendo a efetuar o cálculo desses valores. As férias são um elemento bastante constante no cotidiano e, geralmente, são atreladas ao descanso da rotina de trabalho e de um valor extra no salário. Mas, afinal, quando se tem direito a férias? E se eu for demitido do meu emprego antes de completar 12 meses de trabalho, terei direito às férias? A partir de quando tenho direito de gozar deste benefício? É isso que você irá aprender, a partir de agora. Ao final desta aula, você será capaz de: • conhecer os diferentes tipos de férias, identificando suas diferenças e as suas fórmulas de cálculo. A legislação sobre férias no Brasil Para iniciar a discussão sobre o direito a férias, deve-se compreender qual a legislação que garante este direito ao trabalhador brasileiro. A Constituição Federal de 1988, em seu artigo 7º, inciso XVII, dispõe que é um direito de todos os trabalhadores urbanos e rurais gozar férias anuais, remuneradas. Além disso, este direito está positivado no artigo 130 da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), de 1943, e teve sua redação alterada pelo Decreto-lei n. 1.535/1977, que será reproduzido na íntegra a seguir: Art. 130 - Após cada período de 12 (doze) meses de vigência do contrato de trabalho, o empregado terá direito a férias, na seguinte proporção: I - 30 (trinta) dias corridos, quando não houver faltado ao serviço mais de 5 (cinco) vezes; II - 24 (vinte e quatro) dias corridos, quando houver tido de 6 (seis) a 14 (quatorze) faltas; III - 18 (dezoito) dias corridos, quando houver tido de 15 (quinze) a 23 (vinte e três) faltas; IV - 12 (doze) dias corridos, quando houver tido de 24 (vinte e quatro) a 32 (trinta e duas) faltas. § 1º - É vedado descontar, do período de férias, as faltas do empregado ao serviço. § 2º - O período das férias será computado, para todos os efeitos, como tempo de serviço (BRASIL, 1943, )on-line . É evidente, pelo texto apresentado pela CLT, que em função de faltas os trabalhadores perdem dias de direito a férias, sendo o valor mínimo de 12 dias quando houver de 24 a 32 faltas. Outra informação importante de consulta à legislação é com relação aos dias que NÃO SÃO CONSIDERADOS FALTAS, ou seja, não serão descontados do período de férias, que são apresentados na tabela a seguir: • - -2 Tabela 1 - Condições em que a ausência do empregado não é considerada falta ao serviço Fonte: Elaborada pela autora, baseado em BRASIL, 1943. Na tabela acima foram apresentadas as situações em que não podem ser consideradas faltas no registro ponto do trabalhador e as situações excepcionais nas quais a CLT garante. - -3 É preciso mencionar que é garantido em lei o direito ao abono pecuniário, como prevê o art. 143 da CLT: “é facultado ao empregado converter 1/3 (um terço) do período de férias a que tiver direito em abono pecuniário, no valor da remuneração que lhe seria devida nos dias correspondentes.” Ou seja, dos 30 dias regulares de férias, o trabalhador tem direito de vender esses dias ao seu trabalhador com a devida remuneração. Agora que você já sabe quando o trabalhador tem direito a férias, é importante saber quais elementos incidem sobre o cálculo desse benefício, é o que verá a seguir. Férias: terço de férias a mais no salário Conforme Oliveira (2010), está disposto no artigo 7º, inciso XVII, da Constituição Brasileira, o pagamento de um terço a mais do que o salário normal no caso de gozo de férias anuais remuneradas. Para o cálculo desse valor, consideram-se os elementos mencionado no artigo 457 da CLT. Há ainda o respaldo do Tribunal Superior do Trabalho (TST), através da súmula n. 328, que afirma: “o pagamento das férias, integrais ou proporcionais, gozadas ou não, na vigência da Constituição da República de 1988, sujeita-se ao acréscimo do terço previsto em seu art. 7º, inciso XVII.” Tipos de férias a serem gozadas pelo trabalhador Existem, basicamente, dois tipos de férias: as e . As vencidas seriam noférias vencidas proporcionais andamento do contrato de trabalho, quando o trabalhador adquiriu o direito de gozo de férias. As férias proporcionais são quando há demissão ou não há um período completo de 12 meses para gozo de férias, contudo, elas devem ser remuneradas proporcionalmente. Dentro das férias vencidas existem: SAIBA MAIS Existem algumas situações em que o trabalhador tem a perda do direito a férias. Para saber mais consulte o artigo 133, da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT). FIQUE ATENTO Os valores referentes ao pagamento do terço de férias recaem apenas sobre o salário do trabalhador. Demais benefícios não são considerados para cálculo do terço de férias! - -4 Dentro das férias vencidas existem: · as individuais; · as coletivas: conforme o art. 139 da CLT, elas poderão ser concedidas “a todos os empregados de uma empresa ou de determinados estabelecimentos ou setores da empresa”; · as férias pagas em dobro: como dispõe o art. 137 da CLT: “sempre que as férias forem concedidas após o prazo de que trata o art. 134, o empregador pagará em dobro a respectiva remuneração”. Figura 1 - A importância das férias vencidas para o trabalhador Fonte: Glovatskiy, Shutterstock, 2019. É importante que você se atenha na questão das férias pagas em dobro. O trabalhador deve gozar férias referentes ao ano de ingresso no ano posterior, ou seja, caso tenha sido admitido em janeiro de 2016, ele tem até dezembro de 2017 para tirar suas férias, sem que haja a necessidade de pagamento dobrado. - -5 Figura 2 - Rescisão do contrato de trabalho gera férias proporcionais Fonte: tommaso79, Shutterstock, 2019. Já nas férias proporcionais existem: · as coletivas proporcionais com menos de um ano: “art. 140 - os empregados contratados há menos de 12 (doze) meses gozarão, na oportunidade, férias proporcionais, iniciando-se, então, novo período aquisitivo”; · por rescisão de contrato de trabalho. Cálculo das férias vencidas – 30 dias Para iniciar o cálculo das férias vencidas, é importante consultar a tabela de incidência para saber se há incidências de INSS, FGTS e IR, bem como quais os valores. - -6 Figura 3 - A importância do cálculo correto para os tipos de férias Fonte: Zerbor, Shutterstock, 2019. O primeiro cálculo envolve um trabalhador, com período de 12 meses completos, salário de R$ 2.300,00 e gozo de 30 dias de férias, sem abono pecuniário. Neste caso há incidência de INSS, FGTS e IRRF. Férias 30 dias = 2.300,00 1/3 férias = 766,67 Valor bruto de férias = 3.066,67 INSS = 3.066,67 x 11% = 337,33 IRRF = 3.066,67 –337,33 = IRRF = 2.729,34 x 7,5% - 142,80 = IRRF = 61,90 LÍQ. FÉRIAS = 3.066,67 – 337,33 – 61,90 O valor total a ser recebido em férias será de R$ 2.667,44. O cálculo para férias coletivas, individuais e em dobro são iguais. Apenas que, no caso de direito ao dobro de férias, não há incidência de INSS, FGTS e IR. Assim, o valor a ser remunerado ao trabalhador não teria os descontos, o valor a ser pago, somado ao 1/3 de férias, seria de R$ 2.667,44 + 3.066,67 = 5.734,11 e ele teria direito de gozo apenas de 30 dias. Cálculo das férias proporcionais e abono pecuniário As férias proporcionais, diferentemente das vencidas, não sofrem a incidência de INSS, FGTS e IR. Veja como fica o cálculo. Um trabalhador com período de 8 meses completos e salário de R$ 3.500,00. R$ 3.500/12 x 8 = R$ 2.333,33. Como o trabalhador não completou 12 meses, ele tem direito apenas às férias proporcionais. Contudo, ainda existe o direito a 1/3 de férias proporcional, assim, calcula-se: R$ 2.333,33/3 = R$ 777,78. O valor total a ser recebido de férias proporcional é , referente aos 8 meses trabalhados. O cálculoR$ 3.111,10 acima serve também para saber os valores a serem pagos a trabalhadores que foram demitidos sem ter completado 12 meses, ou seja, o cálculo será proporcional ao número de meses trabalhados. - -7 Tanto o cálculo de férias proporcionais, quanto de abono pecuniário devem ser feitos com muita atenção para que não haja erros. São vários detalhes que o responsável pela folha de pagamento deve estar ciente. Os cálculos das férias precisam ser exercitados, diversas vezes, para garantir a fixação da forma de realizá-los. Use a criatividade e altere o valor dos salários e número de meses trabalhados, assim poderá visualizar diferentes cenários de pagamentos. Fechamento Nesta unidade, você teve a oportunidade de conhecer os tipos de férias: as vencidas e as proporcionais. Analisou a legislação vigente que trata do assunto e entendeu as diferenças mais representativas entre elas. Lembre-se que as férias vencidas são um direito do trabalhador em gozá-las dentro do período legal estabelecido, enquanto as férias proporcionais devem ser remuneradas, com base no tempo de trabalho efetivamente praticado. Os desafios desta unidade centram-se nos cálculos e no atentar para a minúcia de informações que os cálculos corretos de férias exigem. É preciso que você esteja atento na realização dos cálculos, visto que eles têm uma enorme aplicabilidade prática na rotina de folha de pagamento. EXEMPLO O sr. Jonas tem direito a 30 dias corridos de férias, contudo, vai vender 10 dias para requer o abono pecuniário. Seu salário é R$ 2.369,00, qual será o seu valor de abono pecuniário? Férias 20 dias = 2.639,00 / 30 x 20 = 1.579,33 1/3 férias = 1.579,33 / 3 = 526,44 Abono férias = 2.369,00 / 30 x 10 = 789,67 1/3 abono = 789,67 / 3 = 263,22 Valor do abono férias = 789,67 + 263,22 = 1.052,89 FIQUE ATENTO Sobre o cálculo de abono e férias proporcionais não há a incidência de INSS, FGTS e IR! Além disso, atente para o efetivo número de meses trabalhados para calcular as férias proporcionais. - -8 Referências BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br >. Acesso em: 12 dez. 2018./ccivil_03/Constituicao/Constituicao.htm _____. Decreto Lei n. 5.452, de 1 de maio de 1943. Aprova a Consolidação das Leis do Trabalho. Disponível em: < >.http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Decreto-Lei/Del5452.htm Acesso em: 12 dez. 2018. _____. Tribunal Superior do Trabalho. Súmula n. 328. Disponível em: <http://conteudojuridico.com.br/sumula- >.organizada,tst-sumula-328,6890.html Acesso em: 12 dez. 2018. OLIVEIRA, A. . São Paulo: Atlas, 2010.Manual da Prática Trabalhista http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituicao.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituicao.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Decreto-Lei/Del5452.htm http://conteudojuridico.com.br/sumula-organizada,tst-sumula-328,6890.html http://conteudojuridico.com.br/sumula-organizada,tst-sumula-328,6890.html - -1 Cálculo do 13º Salário Maitê de Siqueira Brahm Introdução O 13º é um direito do trabalhador brasileiro, garantido pela Constituição Federal, contudo, ainda pairam muitas dúvidas sobre quem efetivamente deve receber. E, assim, surgem questões como: quando se tem direito ao 13º? E se eu for demitido do meu emprego antes de completar 12 meses de trabalho, receberei o 13º? Como se chega ao valor do 13º? Quando irei receber o benefício? Ao longo desta unidade, você vai saber a resposta para todos esses questionamentos. Ao final desta aula, você será capaz de: • entender como calcular o 13º salário, identificando os elementos necessários para sua obtenção. O 13º salário na legislação brasileira Para começar a explorar o 13º salário, é importante compreender a legislação que o regula. A lei que estabeleceu o 13º salário foi a Lei n. 4.090, de 13 de julho de 1962, que afirma: Art. 1º - No mês de dezembro de cada ano, a todo empregado será paga, pelo empregador, uma gratificação salarial, independentemente da remuneração a que fizer jus. § 1º - A gratificação corresponderá a 1/12 avos da remuneração devida em dezembro, por mês de serviço, do ano correspondente. § 2º - A fração igual ou superior a 15 (quinze) dias de trabalho será havida como mês integral para os efeitos do parágrafo anterior. § 3º - A gratificação será proporcional: I - na extinção dos contratos a prazo, entre estes incluídos os de safra, ainda que a relação de emprego haja findado antes de dezembro; e II - na cessação da relação de emprego resultante da aposentadoria do trabalhador, ainda que verificada antes de dezembro. Art. 2º - As faltas legais e justificadas ao serviço não serão deduzidas para os fins previstos no § 1º do art. 1º desta Lei (BRASIL, 1962, ).on-line Além da Lei n. 4.090, o 13º salário também foi definido pela Lei n. 4.749, de 12 de agosto de 1965. Esta segunda lei é de fundamental importância, pois apresenta a forma de pagamento do 13º e garante um outro benefício, o adiantamento de 13º, conforme seguem trechos do texto da lei: Art. 1º - A gratificação salarial instituída pela Lei número 4.090, de 13 de julho de 1962, será paga pelo empregador até o dia 20 de dezembro de cada ano, compensada a importância que, a título de adiantamento, o empregado houver recebido na forma do artigo seguinte. [...] Art. 2º - Entre os meses de fevereiro e novembro de cada ano, o empregador pagará, como • - -2 Art. 2º - Entre os meses de fevereiro e novembro de cada ano, o empregador pagará, como adiantamento da gratificação referida no artigo precedente, de uma só vez, metade do salário recebido pelo respectivo empregado no mês anterior (BRASIL, 1965a, ).on-line A Lei n. 4.749 institui as datas e a forma para pagamento do direito ao 13º, contudo, existe um outro dispositivo legal que o regulamenta. É o Decreto n. 57.155, de 1965. Os elementos principais do decreto são transcritos a seguir: Art. 2º Para os empregados que recebem salário variável, a qualquer título, a gratificação será calculada na base de 1/11 (um onze avos) da soma das importâncias variáveis devidas nos meses trabalhados até novembro de cada ano. A esta gratificação se somará a que corresponder à parte do salário contratual fixo. (...) Art. 3º Entre os meses de fevereiro e novembro de cada ano, o empregador pagará, como adiantamento da gratificação, de uma só vez, metade do salário recebido pelo empregado no mês anterior. § 1º Tratando-se de empregados que recebem apenas salário variável, a qualquer título, o adiantamento será calculado na base da soma das importâncias variáveis devidas nos meses trabalhados até o anterior àquele em que se realizar o mesmo adiantamento. § 2º O empregador não estará obrigado a pagar o adiantamento no mesmo mês a todos os seus empregados. § 3º A importância que o empregado houver recebido a título de adiantamento será deduzida do valor da gratificação devida. § 4º Nos casos em que o empregadofor admitido no curso do ano, ou, durante este, não permanecer à disposição do empregador durante todos os meses, o adiantamento corresponderá à metade de 1 /12 avos da remuneração, por mês de serviço ou fração superior a 15 (quinze) dias (BRASIL, 1965b, ).on-line O Decreto apresenta a forma de remuneração dos empregados com salário variável em seu artigo 2º. Já o art. 3º estabelece o período de pagamento da primeira metade do 13º. Outro esclarecimento importante é o trazido por Oliveira (2010), que afirma que o pagamento da segunda parcela deve ser feito até 20 de dezembro do ano corrente, e seu valor corresponde à 1/12 da remuneração referente ao salário de dezembro. É importante salientar que a fração, igual ou superior a 15 dias, será contabilizada como mês de trabalho integral. Com relação às faltas legais e justificadas, estas não podem ser deduzidas para pagamento do 13º. O adiantamento, de que trata o Decreto, é quando o trabalhador solicita que a primeira parcela não seja paga até 30 de novembro (data legal limite da primeira parcela do 13º), mas sim no momento de suas férias. Nessa situação, o trabalhador recebe a primeira parcela nas suas férias e a segunda em até 20/12. FIQUE ATENTO O 13º deve ser pago em duas parcelas: uma na data máxima de 30 de novembro e, a segunda parcela, até 20 de dezembro! - -3 Agora que você já entendeu como a legislação trata o 13º salário, aprenderá as formas de cálculo desse benefício. Formas de cálculo do 13º salário Vajamos as especificidades dos cálculos do 13º salário. Cálculo da primeira parcela (entre fevereiro até 30/11) A primeira parcela deve ser paga entre fevereiro e novembro, salvo quando ela for solicitada pelo empregado junto às férias, o chamado adiantamento. Pessoas admitidas até 17/1 (regra dos 15 dias trabalhados contam como integral) recebem o benefício de forma integral. Na primeira parcela não há incidência de descontos, apenas de recolhimento de FGTS. • Mensalista: salário mensal de R$ 1.365,00/12 = 113,75x6= R$ 682,50 a ser pago na primeira parcela. • Diarista: se recebe R$ 25,00 por dia, recebe a meta de 30 dias. Logo, 25 x 30= 750 /2= R$ 375,00. • Horista: recebe R$ 11,00 por hora, em uma jornada de 220h faz jus a sua metade. Logo, 11 x 220 =2.420 /2= R$ 1.210,00 • Salário variável: quando o salário é variável paga-se a metade da média mensal até o mês de outubro, pois a primeira parcela será em novembro. Figura 1 - Salários variáveis para cálculo do 13º salário Fonte: Elaborado pela autora, 2019. SAIBA MAIS Quer saber mais sobre a data de pagamento do benefício e outras informações importantes? Leia a matéria da Folha de São Paulo, intitulada “Entenda como são calculadas a 1ª e 2ª parcelas do 13º salário”. • • • • - -4 Fonte: Elaborado pela autora, 2019. Média mensal: 60.600/10 = 6.060,00 /2 = R$ 3.030,00 valor da primeira parcela. • Salário variável mais fixo: nesse caso, é preciso verificar a média dos valores variáveis e somá-la aos valores fixos. Se atenha a média de salários apresentados na tabela 1 e um salário fixo mensal de R$ 1.800,00. Sendo que esse trabalhador recebe o fixo + variável todos os meses, assim: média: R$ 6.060,00 + 1.800,00= 7.860,00/2= R$ 3.930,00 valor da primeira parcela. • Salário por tarefa: esse tipo de remuneração se dá quando o trabalhador recebe por produção, exemplo, por número de peças. Figura 2 - Produção por tarefa Fonte: Shutterstock, 2019. Veja como ficaria o cálculo no exemplo do trabalhador que recebe por número de peças produzidas. Um empregado produziu 95 mil peças de janeiro a outubro, e a remuneração por peça foi de R$ 0,58. Calcula-se primeiro a média mensal de produção: 95.000/10= 9.500 peças/mês. 9.500 x 0,58 = R$ 5.510,00/2 = R$ 2.755,00 valor da primeira parcela do 13º. • Trabalhadores admitidos após 17/1: quando os trabalhadores são admitidos ao longo do ano, o pagamento do 13º salário deve ser feito atribuindo 1/12 do salário mensal percebido, contado da admissão até o mês anterior do pagamento do total encontrado. Imagine que um trabalhador foi contratado dia 19/7/2018, com salário mensal de R$ 2.400,00, trabalhou 5 meses, sendo que julho não conta (menos de 15 dias trabalhados). O cálculo ficaria assim: 2.400/12 = 200,00 x 5 = 1.000,00/2= R$ 500,00. • • • - -5 Esse modelo serve para todos as outras formas de remuneração trabalhadas acima, é importante encontrar o número de meses trabalhado e realizar o cálculo proporcional. Cálculo da segunda parcela (20/12) Para o cálculo da segunda parcela, é importante consultar a tabela de incidências já estudada, assim você descobre se há incidência de INSS, FGTS e IRRF. Os critérios para o cálculo da segunda parcela são exatamente os mesmos, contudo, nessa parcela incidem os descontos. Figura 3 - Incidência de INSS, FGTS e IRRF na 2ª parcela do 13º Salário Fonte: alexskopje, Shutterstock, 2019. Veja como ficariam os cálculos da segunda parcela. • Mensalista: salário mensal de R$ 2.500,00 e admissão em 10/1/17: - INSS: 2.500 x 0,09 (conforme tabela de incidência) = 225,00 2.500 - 225= R$ 2.275,00 - IRRF: 2.275 x 0,075 = 170,62-142,80 =27,82, assim, R$ 2.275-27,82= R$ 2.247,18 - Valor de base da 2º parcela do 13º: R$ 2.247,18 – 1.250 (1º parcela) = 997,18 - Valor da segunda parcela R$ 997,18. • Salário variável: para você entender melhor, veja no exemplo a seguir. O 13º salário proporcional deve ser calculado para os empregados admitidos depois de 17 de janeiro, e que tenham trabalhado 15 dias ou mais no mês de admissão, para que ele seja contabilizado em sua totalidade! FIQUE ATENTO • • EXEMPLO Estime que a soma dos salários do trabalhador, até novembro, foi de R$ 37.400,00. - -6 Essa forma de cálculo da 2ª parcela se adequa às demais formas salariais analisadas no primeiro tópico, diarista, horista, salário variável mais fixo e salário por tarefa. Figura 4 - Pagamento da 2ª parcela do 13º salário Fonte: Syda Productions, Shutterstock, 2019. Não se esqueça de treinar os cálculos, principalmente da segunda parcela, e consultar as tabelas de incidência quando for fazer exercícios relacionados a estas unidades. Estime que a soma dos salários do trabalhador, até novembro, foi de R$ 37.400,00. 1° cálculo: média mensal 37.400/11= 3.400,00 (média mensal) 1ª parcela do 13º salário: 3.400/2= 1.700,00 2ª Parcela (INSS): 3.400,00 x 0,11 = 374,00 IRRF = 3.400-374= 3.026 x 0,15= 453,90- 354,80 = 99,10 3.026-99,10 = 2.926,90 – 1.700,00 (1ª parcela do 13º) = R$ 1.226,90 (valor da 2ª parcela do 13º salário). - -7 Fechamento Nesta unidade tivemos a oportunidade de aprender o que é o 13º salário e quem tem direito de receber esse benefício. Podemos analisar a legislação que estabelece o benefício, quem tem direito de receber e quem tem direito de receber proporcionalmente ao tempo de trabalho realizado. Os desafios desta unidade centram-se nos cálculos e no cálculo de tempo a ser contabilizado para o pagamento do benefício, visto que um mês contabilizado erroneamente pode incidir em uma enorme diferença no pagamento de um trabalhador. Não esqueça de verificar também as tabelas trabalhistas vigentes. Referências BRASIL. Decreto n. 57.155, de 3 de novembro de 1965b. Disponível em: <http://www2.camara.leg.br/legin/fed >. /decret/1960-1969/decreto-57155-3-novembro-1965-397497-publicacaooriginal-1-pe.html Acesso em: 20 dez. 2018. _____. Lei n. 4.090, de 13 de julho de 1962. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L4090. >. Acesso em: 26 dez. 2018.htm _____. Disponível em: <Lei n. 4.749, de 12 de agosto de 1965a. https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis >. A/L4749.htm cesso em: 26 dez. 2018. ENTENDA como são calculadas a 1ª e 2ª parcelas do 13º salário. , 30 nov. 2018. DisponívelFolha de São Paulo em: <https://www1.folha.uol.com.br/mercado/2018/11/entenda-como-sao-calculadas-a-1a-e-a-2a-parcelas- do-13o-salario.shtml>. Acesso em: 09 jan. 2019. OLIVEIRA, A. . São Paulo: Atlas, 2010.Manual da prática trabalhista http://<http://www2.camara.leg.br/legin/fed/decret/1960-1969/decreto-57155-3-novembro-1965-397497-publicacaooriginal-1-pe.htmlhttp://<http://www2.camara.leg.br/legin/fed/decret/1960-1969/decreto-57155-3-novembro-1965-397497-publicacaooriginal-1-pe.html http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L4090.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L4090.htm https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L4749.htm https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L4749.htm - -1 Cálculo do contracheque Maitê de Siqueira Brahm Introdução Você sabe o que são vencimentos e o que são descontos? Quando o trabalhador tem direito de receber vale- transporte e qual o desconto? Quais são os descontos referentes a adiantamentos salariais? Nesta unidade, iremos estudar o cálculo do contracheque de forma estruturada, passando pelos elementos que o compõem, como vencimentos e descontos, INSS, IRRF, salário-família e FGTS, desconto de vale-transporte e de Ao final desta aula, você será capaz de: • descrever como é realizado o cálculo do valor líquido, conhecendo os elementos que compõem o contracheque. Elementos do contracheque Para começarmos a explorar os elementos constituintes do contracheque, é preciso entender o que são proventos e descontos. Para Oliveira (2010), a divisão desses elementos se dá em: • proventos (aqueles que somam valores ao contracheque do trabalhador): salário, hora extra, adicional de insalubridade, de periculosidade, noturno e salário-família; • descontos (valores que diminuem o valor do contracheque): quota de previdência, Imposto de Renda, contribuição sindical, seguros, adiantamentos, faltas e atrasos e vale-transporte. Ainda conforme Oliveira (2010, p. 44), o salário é “a contraprestação devida e paga pelo empregador a todo empregado. Ele pode ser pago mensal, quinzenal, semanal, diariamente por peça ou tarefa; sempre se obedecerá o salário-mínimo”. Fazem parte do salário as comissões, importância fixa estipulada e as gratificações legais. Com relação aos descontos, temos o desconto do INSS e do IRRF e a contribuição sindical facultativa, a critério do trabalhador, caso deseje contribuir. Com relação aos adiantamentos, conforme Oliveira (2010), algumas empresas mensalistas fazem, no décimo quinto ou vigésimo dia, um adiantamento (vale do salário) a seus empregados, e, geralmente, são permitidos adiantamentos de até 50% do salário. Ressalta-se que não é permitido realizar outros descontos, salvo quando • • • SAIBA MAIS Para que não tenha problemas e dificuldades em seu dia a dia profissional, você deve entender, detalhadamente, sobre os descontos e os proventos a serem gerenciados na folha de pagamento. Dessa forma, leia atentamente o artigo nº 457 da CLT e conheça os elementos compreendidos na remuneração do trabalhador. - -2 adiantamentos de até 50% do salário. Ressalta-se que não é permitido realizar outros descontos, salvo quando resultar de dispositivo legal ou Convenção Coletiva de Trabalho (CCT). Cálculo do INSS, IRRF, salário-família e FGTS Iniciaremos o estudo dos cálculos desses quatro elementos com uma situação-problema: Raul tem dois filhos de 10 e 12 anos e recebe mensalmente R$ 1.310,00. A partir desses dados, vamos identificar a sua contribuição de INSS, IRRF, salário-família e FGTS. Lembrando que, para consultar as tabelas de valores de referência, você deve acessar os oficiais da Receita Federal ou do INSS.sites Figura 1 - Cálculo dos impostos Fonte: Paul Maguire, Shutterstock, 2018. Então, conforme os dados da situação-problema, temos: • IRRF: ao consultar a tabela, é possível ver que Raul está isento de Imposto de Renda, pois sua renda é inferior a R$ 1.903,98 mensais; • INSS: a alíquota de desconto do INSS para o caso de Raul é de 8%, conforme a tabela oficial. O cálculo a ser feito será: 1.310 x 0,08 = 104,80; • Salário-família: Raul tem dois filhos que estão dentro da idade-limite (menos de 14 anos), portanto, receberá o valor referente à faixa 2, ou seja, R$ 32,80 por filho, totalizando R$ 65,60; • FGTS: o FGTS é uma taxa única de 8%, que deve ser depositado em uma conta para o trabalhador. O cálculo a ser feito será: 1.310 x 0,08 = 104,80. Observe essas informações na tabela de bases e de contribuições, a seguir: • • • • - -3 Figura 2 - Bases e contribuições do trabalhador Fonte: Elaborada pela autora, 2019. Portanto, o valor líquido a ser recebido por Raul é de: R$ 1.310,00 – 114,80 = R$ 1.195,20 + R$ 65,60 (salário- família) = R$ 1.260,80 de líquido a receber. Agora que estudamos a forma de cálculo dos impostos e do salário-família, iremos visualizar como funciona os descontos de vale-transporte e os adiantamentos ao trabalhador. Descontos de vale-transporte e de adiantamentos A legislação que institui o vale-transporte é o Decreto-Lei nº 7.619, de 30 de setembro de 1987. Com relação às pessoas que têm direito ao benefício, o art. 1 dispõe que são os empregados (conforme definido na CLT), os empregados domésticos (conforme definido na Lei nº 5.859/1972), os trabalhadores de empresas de trabalho temporário (conforme a Lei nº 6.019/1974), os empregados a domicílio para os deslocamentos indispensáveis à prestação do trabalho, os empregados do subempreiteiro (em relação a este e ao empreiteiro principal – art. 455 da CLT), os atletas profissionais (conforme a Lei nº 6.354/1976) e os servidores da União, DF, Territórios e suas autarquias (BRASIL, 1987). É importante ressaltar que o vale-transporte vale para todas as formas de transporte coletivo, sendo ele urbano, intermunicipal ou interestadual, tendo o empregado o direito a seu recebimento. Além disso, o empregador está livre do pagamento de vale-transporte caso disponha de transporte próprio (fretamento) para a realização do deslocamento dos empregados. Ainda conforme o Decreto-Lei nº 7.619/1987, art. 9, o vale-transporte será custeado pelo empregado (o FIQUE ATENTO Consulte as tabelas dos valores de referência no da Receita Federal ou do INSS para sabersite os valores-base dos impostos. Além disso, lembre-se de que o salário-família se divide em duas faixas e só têm direito a receber os trabalhadores com filhos de até 14 anos de idade. - -4 Ainda conforme o Decreto-Lei nº 7.619/1987, art. 9, o vale-transporte será custeado pelo empregado (o equivalente de até 6% de seu salário-base) e pelo empregador no que exceder essa parcela de até 6%. Então, a base de cálculo para a determinação dessa parcela será o salário básico ou vencimento ou o montante percebido no período, no caso do trabalhador remunerado por tarefa ou serviço, ou remuneração constituída exclusivamente por comissões, percentagens, gratificações, gorjetas ou equivalentes (BRASIL, 1987). Usando como exemplo a situação de Raul, que tem salário-base de R$ 1.310,00, ele teria um desconto de R$ 78,60 referente ao vale-transporte. Também é importante considerar que o valor do vale-transporte depende do tipo da condução que o trabalhador usa e do valor da passagem. Vamos supor que Raul usa 4 ônibus diários com valor de passagem de R$ 3,50 cada. Ele teria, portanto, um gasto diário de R$ 14,00. Sendo 22 dias trabalhados, seu gasto total seria de R$ 308,00. O empregador fica então comprometido a gastar o valor referente a R$ 308 - R$ 78,60 = 229,40 reais. Com relação ao desconto de adiantamento, a legislação brasileira, em especial a CLT, é bastante vaga acerca da concessão de adiantamentos salariais, pois autoriza a concessão de adiantamentos, mas não estipula valores- limite mínimos ou máximos. Algumas Convenções Coletivas de Trabalho preveem esse benefício ao trabalhador e estipulam regras mais claras, sendo que a maioria prevê até 40% de adiantamento. No que diz respeito à retenção de IRRF sobre os adiantamentos, o Decreto nº 3.000 de 1999, art. 621, afirma que os adiantamentos dos rendimentos de determinado mês não estão sujeitos à retenção, desde que sejam integralmente pagos no próprio mês a que se referirem, momento em que se realizam os cálculos e a retenção do imposto total dos rendimentos mensais (BRASIL, 1999). Retomando o exemplo de Raul, se ele solicitasse um adiantamento no mês de março, na folha de abril, seria abatidoo valor total do adiantamento solicitado. Figura 3 - Adiantamento salarial Fonte: Shuttertock, 2018. FIQUE ATENTO É importante que fique claro que o empregado é responsável pelo custeio somente de uma parte do vale-transporte, até 6% de seu salário bruto! O restante do gasto com passagens a ser pago dependerá do valor da passagem do transporte e do trajeto utilizado pelo empregado. - -5 Para fixar a aplicação dos cálculos compilados neste tema, vamos analisar a seguinte situação-problema como exemplo. Em seu dia a dia profissional e, até mesmo, para que consiga conferir se o que foi calculado em sua folha de pagamento está correto, é fundamental que você saiba analisar essas informações. Portanto, analise na tabela a seguir como ficará a folha de pagamento do sr. Garcia, conforme o exemplo: INSS = 3.150,00 x 11% = 356,50 IRRF = 3.150,00 – 346,50 – 189,59 = IRRF = 2.613,91 x 7,5% - 142,80 = 53,24 SALÁRIO FAMÍLIA → não tem direito FGTS = 3.150,00 x 8% = 252,00 VALE TRANSPORTE = 3.150,00 x 6% = 189,00 ADIANTAMENTO = 3.150 x 10% = 315,00 LÍQUIDO = 3.150,00 – 346,50 – 53,24 – 189,00 – 315,00 LÍQUIDO = 2.246,26 Veja como ficam claros todos os elementos que devem ser considerados para o cálculo do contracheque. É importante atentar para os elementos do vale-transporte e do adiantamento salarial, que devem ser analisados de forma individual, dependendo da situação do trabalhador. Fechamento Neste tema, consolidamos conhecimentos sobre o cálculo do contracheque, podendo analisar a legislação que estabelece o vale-transporte, quem tem direito ao seu recebimento e as contrapartidas por parte do trabalhador para receber o benefício. A aplicabilidade prática dos conhecimentos desenvolvidos aqui são enormes, visto que podem ser utilizados no seu dia a dia, na conferência de seus direitos como empregado, bem como na avaliação dos benefícios dos funcionários, estando atento à legislação trabalhista e suas alterações. Referências BRASIL. Decreto-Lei n. 5.452, de 1º de maio de 1943. Aprova a Consolidação das Leis do Trabalho. Disponível em: < >. Acesso em: 29/12/2018.http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Decreto-lei/Del5452.htm ______. Decreto n 95.247, de 17 de novembro de 1987.. Regulamenta a Lei n° 7.418, de 16 de dezembro de EXEMPLO O sr. Garcia recebe R$ 3.150,00 mensais, tem uma filha de 8 anos e solicitou um adiantamento de 10% do salário no mês 3. Sabe-se que o sr. Garcia usa 4 conduções diárias no valor de R$ 3,90 cada. A partir desses dados, você deve conseguir calcular o salário do sr. Garcia no mês 4, considerando INSS, IRRF, salário-família, FGTS, vale-transporte e adiantamento. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Decreto-lei/Del5452.htm - -6 ______. Decreto n 95.247, de 17 de novembro de 1987.. Regulamenta a Lei n° 7.418, de 16 de dezembro de 1985, que institui o Vale-Transporte, com a alteração da Lei n° 7.619, de 30 de setembro de 1987. Disponível em: < >. Acesso em: 29/12/2018.http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/D95247.htm ______. . Decreto n. 3.000, de 26 de março de 1999 Regulamenta a tributação, fiscalização, arrecadação e administração do Imposto sobre a Renda e Proventos de Qualquer Natureza. Disponível em: <http://www. >. Acesso em: 10/01/2019.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/d3000.htm OLIVEIRA, A. . São Paulo: Atlas, 2010.Manual da Prática Trabalhista http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/D95247.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/d3000.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/d3000.htm - -1 Rescisão de contrato de trabalho Juliani Karsten Alves Introdução O cálculo da folha de pagamento, realizado pelo departamento de pessoal ou contador, mensalmente, envolve diversas verbas. Devem ser calculados valores referentes, por exemplo, ao salário do empregado, ao 13º, às férias e ao FGTS. Mas, como ficam essas verbas quando acontece a rescisão do contrato de trabalho? A forma de rescisão altera as verbas? Iremos estudar essas formas de rescisão do contrato de trabalho e os cálculos das verbas rescisórias neste tema, pois cabe ao profissional contábil realizar esses cálculos. A rescisão do contrato de trabalho Para uma empresa ou empresário conseguir realizar as operações, há a necessidade de contratação de mão-de- obra de terceiros. Nesse sentido, o contrato de trabalho é firmando para que uma pessoa física ponha sua força de trabalho à disposição de outra pessoa física ou jurídica (MOURA, 2016). Nesse sentido, o departamento de pessoal ou o contador assume o papel para formalizar as relações empregatícias a que esses estão envolvidos. Entretanto, também é importante o suporte que esse profissional deve oferecer no momento em que acontece a rescisão de contrato de trabalho firmado anteriormente entre empregado e empregador. Um dos fatores a que o departamento de pessoal ou o contador deve estar atento é a forma como ocorreu essa rescisão, pois isso influenciará em quais e como ele deverá considerar as verbas trabalhistas no cálculo da rescisão do contrato de trabalho. A figura a seguir apresenta algumas das formas de rescisão dos contratos de trabalho, trazidas pela legislação brasileira. - -2 Figura 1 - As formas de rescisão Fonte: Elaborado pela autora, 2018. Além disso, há outras formas de rescisão, como a rescisão indireta, por término de experiência etc. Nesse sentido, o profissional deve considerar que cada um desses tipos de rescisão trará uma peculiaridade em como devem ser realizados os cálculos. As verbas que devem ser consideradas pelo departamento de pessoal ou contador no cálculo das rescisões são: saldo de salários, multa sobre o valor do FGTS, 13º salário proporcional, aviso prévio, férias vencidas, férias proporcionais, depósito e saque do FGTS. Vamos conhecer como é realizado o cálculo dessas verbas no caso da rescisão a pedido do empregado e rescisão sem justa causa? Cálculo da rescisão a pedido do empregado Um dos casos previstos para a rescisão do contrato de trabalho é a pedido do empregado, conhecida como pedido de demissão. Nesse caso, o empregador pede o seu desligamento junto ao empregador, comunicando se trabalhará pelo tempo do aviso prévio, ou se deseja desligar-se imediatamente do empregador (MOURA, 2016). Para o cálculo do tempo a ser concedido de aviso prévio é necessário estar atento a quanto tempo faz que o contrato de trabalho está em vigor. Segundo a Lei nº 12.506, os empregados que possuem até um ano de serviço para aquele empregador, o tempo de aviso prévio é de 30 dias. Entretanto, para empregados que trabalham além desse período, serão acrescidos três dias por ano de serviço prestado na mesma empresa, sendo o limite de 60 dias, perfazendo um total máximo de até 90 dias de aviso prévio (BRASIL, 2011). - -3 A seguir, no quadro são apresentadas as especificações em relação a cada uma das verbas trabalhistas devidas quando ocorre a rescisão a pedido do empregado. Figura 2 - Cálculo das verbas na rescisão a pedido do empregado Fonte: Elaborado pela autora, 2018. Portanto, nesse tipo de rescisão deve-se, resumidamente, ser pago ao empregado: o saldo de salários devido, 13º proporcional, férias vencidas se houver, férias proporcionais, e o aviso prévio, se tiver sido trabalhado. FIQUE ATENTO Caso o trabalhador opte por trabalhar durante o tempo do aviso prévio, esse período será contado como tempo trabalhado, inclusive sendo calculado INSS, IRPF e FGTS sobre a verba a ser paga devido ao trabalho no tempo do aviso. Ou seja, para cálculo do aviso prévio trabalhado e as verbas que incidirão sobre ele, deve-se considerá-lo como uma verba salarial (OLIVEIRA, 2017). - -4 Mas essas verbas são modificadas quando a rescisão acontece por vontade do empregador, seja com ou sem justa causa, como estudaremos a seguir. Cálculo da rescisão sem justa causa Outro caso previsto para a rescisão do contrato de trabalho é a pedido do empregador, sem que exista justa causa (MOURA, 2016). No quadro a seguir são apresentadas as especificações em relação a cada uma das verbas trabalhistas devidas quandoocorre a rescisão sem justa causa a pedido do empregador. EXEMPLO Um funcionário trabalha há um ano em uma empresa e seu contrato de trabalho será rescindido. Se o empregado solicitou a rescisão e não cumprirá o aviso prévio: a) saldo de salários: haverá apenas o que a empresa estiver devendo dos meses anteriores; b) 13º salário proporcional: por exemplo, se o contrato iniciou em setembro, em dezembro ele recebeu o valor referente aos quatro meses daquele ano; c) férias: se ele trabalhou um ano, então deve receber o valor de um mês de trabalho, acrescido de 1/3. - -5 Figura 3 - Cálculo das verbas na rescisão sem justa causa a pedido do empregador Fonte: Elaborado pela autora, 2018. Entretanto, quando a rescisão também é a pedido do empregador, mas possui uma justa causa, o departamento de pessoal ou o contador deve estar atento, pois o cálculo a ser realizado é modificado. Cálculo da rescisão por justa causa A rescisão do contrato de trabalho também pode acontecer por vontade do empregador, possuindo uma justa causa para o encerramento da relação entre as partes (MOURA, 2016). FIQUE ATENTO A verba referente ao saque do FGTS não é paga pelo empregador. Esse valor está vinculado a uma conta na Caixa Econômica Federal, sendo responsabilidade do empregador comunicar a rescisão por meio do canal eletrônico Conectividade Social para que seja disponibilizado ao empregado o saque desse valor. - -6 No próximo quadro são apresentadas as especificações em relação a cada uma das verbas trabalhistas devidas quando ocorre a rescisão com justa causa a pedido do empregador. Figura 4 - Cálculo das verbas na rescisão com justa causa a pedido do empregador Fonte: Elaborado pela autora, 2018. Percebe-se que, nesse caso, por haver a justa causa, não há a existência de diversas verbas nos cálculos. Assim, é necessário que o departamento de pessoal ou o contador certifique-se que realmente a situação é passível de justa causa. SAIBA MAIS O Art. 482 da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), Decreto-Lei n.º 5.452, de 1º de maio de 1943, traz os fatores que podem ser considerados como justa causa para a rescisão do contrato de trabalho pelo empregador. Acesse a CLT e leia mais sobre todos esses fatores. - -7 Cálculo da rescisão por acordo A denominada Reforma Trabalhista, Lei nº 13.467, de 13 de julho de 2017, trouxe uma nova forma de rescisão dos contratos de trabalho: a rescisão por comum acordo. Diferentemente das demais formas, esse tipo de rescisão é uma decisão tomada conjuntamente entre o empregado e empregador. No quadro a seguir são apresentadas as especificações em relação a cada uma das verbas trabalhistas devidas quando ocorre a rescisão por acordo. Figura 5 - Cálculo das verbas na rescisão por comum acordo Fonte: Elaborado pela autora, 2018. Ressalta-se que a rescisão por comum acordo é a única forma de encerramento de contrato de trabalho em que a verba referente ao aviso prévio, se não trabalhada, será devida pela metade (BRASIL, 2017). Fechamento A partir dos conteúdos estudados, percebemos como o cálculo das rescisões exige cautela do profissional departamento de pessoal ou contábil. Dependendo da forma de rescisão, haverá mudança nas verbas a serem consideradas, nos cálculos a serem realizados e, por consequência, nos valores a serem pagos pelo empregador e recebidos pelo empregado. Cabe ao departamento de pessoal ou contador, quando realizar o cálculo das verbas trabalhistas referentes a uma rescisão, enquadrar corretamente essa rescisão em uma das formas trazidas pela legislação e, assim, considerar como realizar a apuração dos valores devidos ao empregado. Também é necessária a atenção do - -8 uma rescisão, enquadrar corretamente essa rescisão em uma das formas trazidas pela legislação e, assim, considerar como realizar a apuração dos valores devidos ao empregado. Também é necessária a atenção do profissional às recorrentes mudanças na legislação trabalhista, a fim de agir de acordo com a legislação vigente. Referências BRASIL. Casa Civil. Subchefia para Assuntos Jurídicos. Decreto-Lei n. 5.452, de 1º de maio de 1943.Aprova a Consolidação das Leis do Trabalho. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/Del5452. >. Acesso em: 25 out. 2018.htm ______. Lei n. 12.506, de 11 de outubro de 2011. Dispõe sobre o aviso prévio e dá outras providências. Brasília: Casa Civil, 2011.Disponível em: < >.http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2011/lei/l12506.htm Acesso em: 25 out. 2018. ______. Lei n. 13.467, de 13 de julho de 2017. Altera a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), aprovada pelo Decreto-Lei no 5.452, de 1o de maio de 1943, e as Leis nos 6.019, de 3 de janeiro de 1974, 8.036, de 11 de maio de 1990, e 8.212, de 24 de julho de 1991, a fim de adequar a legislação às novas relações de trabalho. Brasília: Casa Civil, 2017. Disponível em: < >.http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2017/lei/L13467.htm Acesso em: 03 nov. 2018. MOURA, M. . 2. ed. São Paulo: Saraiva, 2016.Curso de direito do trabalho OLIVEIRA, A. . 29. ed. São Paulo: Atlas, 2017.Cálculos trabalhistas http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/Del5452.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/Del5452.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2011/lei/l12506.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2017/lei/L13467.htm - -1 Tipos de folha de pagamento Juliani Karsten Alves Introdução Dentre as funções do administrador de pessoal ou contador, uma delas é dar o suporte à empresa no que diz respeito às verbas trabalhistas oriundas dos contratos de trabalho firmados entre ela e empregados. Nesse sentido, mensalmente o profissional tem de realizar os cálculos das verbas e descontos, e esclarecer para a empresa questões como: quanto pagar para esse funcionário? O que aconteceu para ser necessário pagar um valor maior a ele? E o que será descontado dele? Todos esses questionamentos são esclarecidos pelo profissional e expostos em uma obrigação acessória denominada folha de pagamento mensal, a ser entregue ao empregador. Ao final desta aula, você será capaz de: • classificar uma folha de pagamento como analítica ou sintética; • reconhecer os elementos que compõem a folha de pagamento. A folha de pagamento O profissional, ao ser responsável pelo Departamento de Pessoal da contabilidade de uma empresa, depara-se com obrigações que vão além da elaboração e registro do Livro Diário. Nesse sentido, surgem as denominadas obrigações acessórias, que devem ser cumpridas com igual importância que as principais. O decreto n. 3.048, de 6 de maio de 1999, traz a folha de pagamento como uma obrigação acessória das empresas: Art. 225. A empresa é também obrigada a: I - preparar folha de pagamento da remuneração paga, devida ou creditada a todos os segurados a seu serviço, devendo manter, em cada estabelecimento, uma via da respectiva folha e recibos de pagamentos; II - lançar mensalmente em títulos próprios de sua contabilidade, de forma discriminada, os fatos geradores de todas as contribuições, o montante das quantias descontadas, as contribuições da empresa e os totais recolhidos (BRASIL, 1999). Portanto, não basta a empresa estar em dia com os salários que acordou pagar aos seus funcionários. É necessário que se saiba todas as verbas remuneratórias a que o funcionário tem direito e as que devem ser descontadas dele, além de elaborar uma folha de pagamento mensalmente e manter em cada estabelecimento da empresa uma via da respectiva folha e os recibos de pagamento (SILVA, 2015). • • - -2 Além dessa obrigação mensal trazida pela legislação, de elaboração da folha de pagamento, é necessário que a folha de pagamento apresente elementos obrigatórios para que esteja adequada. Elementos da folha de pagamento A folha de pagamento precisa contar com alguns elementos obrigatórios, conforme estabelece o art. 225, inciso VII, § 9º do Decreto n. 3.048/1999, que regula a Previdência Social, e que podem ser conhecidos no quadro a seguir:Quadro 1 - Os elementos obrigatórios na folha de pagamento Fonte: BRASIL, 1999. Em relação ao elemento das parcelas, é importante conhecer as que integram a remuneração, bem como os descontos legais a constarem na folha de pagamento. FIQUE ATENTO O prazo de realização da folha de pagamento tem que se adequar ao dia do pagamento do empregado, de forma que esteja pronta para apresentar à empresa os valores a serem pagos aos funcionários. Geralmente, a empresa paga mensalmente os salários, nesse caso, até o 5º dia útil do mês subsequente ao vencido (BRASIL, 1943). Assim, esse é o prazo para fornecer a folha de pagamento à empresa. - -3 A principal parte integrante da remuneração diz respeito ao salário. Romar (2013, p. 410) define o salário como “a retribuição devida e paga diretamente pelo empregador ao empregado como contraprestação pelos serviços e pelo tempo que este fica à sua disposição”. Na figura a seguir são ilustradas as verbas que integram essa remuneração. Figura 1 - Como é formada a remuneração Fonte: Elaborado pelo autor, 2018. A primeira verba que integra a remuneração é o salário base. Esse componente refere-se à “contraprestação salarial fixa paga pelo empregador ao empregado em decorrência do contrato de trabalho” (ROMAR, 2013, p. 387). Essa verba integra a base irredutível da remuneração (BASILE, 2018). Já as comissões e percentagens referem-se a uma parte variável a ser recebida pelo empregado, normalmente estão atreladas a um serviço prestado ou produção alcançada pelo empregado, fazendo com que ele receba uma verba a mais como contraprestação. E as gratificações são reconhecimentos financeiros com justificativa, geralmente “destinados ao trabalhador pela assiduidade, produtividade, empenho, dedicação, permanência, maior responsabilidade, alcance de metas, confiança” (BASILE, 2018, p. 14). Há também a gratificação natalina, que consiste no 13º salário obrigatório. Além dessas verbas que integram a remuneração, há os descontos que aparecerão na folha de pagamento, e não necessitam da autorização do empregado para que sejam realizados. A figura a seguir apresenta esses descontos: FIQUE ATENTO A legislação exige também que essas informações referentes a remunerações estejam nos livros contábeis Diário e Razão, até noventa dias, contados da ocorrência dos fatos geradores das contribuições, estando de acordo com o regime contábil da competência (BRASIL, 1999). Portanto, em uma fiscalização podem ser exigidos esses registros após esse prazo. - -4 Figura 2 - Descontos que não necessitam de autorização do empregado Fonte: Elaborado pelo autor, 2018. Todos esses descontos apresentam previsão legal para que a empresa possa realizar. Ou seja, não dependem da vontade do empregado, e caso a empresa não os faça, pode vir a ser responsabilizada legalmente. Além desses, há descontos que são admitidos desde que haja a autorização do empregado. São exemplos desses: seguro de vida, vales para refeição, vales para transporte, despesas com medicamentos, vales para compra em supermercados, mensalidade sindical, cesta básica, entre outros (SILVA, 2015). Além da obrigatoriedade de realizar a folha de pagamento e nela constarem todas essas verbas, o gestor deve SAIBA MAIS A contribuição sindical foi um dos pontos que a Reforma Trabalhista modicou. Após essa mudança, deixou de ser obrigatório o desconto da remuneração de um dia do empregado, que era repassado ao sindicato representante da sua categoria. Acesse a Cartilha da Reforma Trabalhista, da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo, e se atualize sobre outros pontos que também sofreram alterações. EXEMPLO No caso do Imposto de Renda, o contador deverá analisar se a remuneração devida ao empregado possui incidência desse imposto a ser retido ou não. Em 2018, um funcionário que recebe até R$ 1.903,98 será isento dessa verba, enquanto outro que receba de R$ 1.903,99 até 2.826,65 sofrerá a retenção na alíquota de 7,5%. Assim, essa retenção fará com que o valor pago pelo empregador ao empregado seja menor do que o salário. - -5 Além da obrigatoriedade de realizar a folha de pagamento e nela constarem todas essas verbas, o gestor deve estar atento aos dois tipos de folha existentes: analítica e sintética. Folha de pagamento analítica e sintética Outro conhecimento importante sobre a folha de pagamento é no sentido da forma que ela é apresentada, ou seja, de forma analítica ou sintética. A folha de pagamento analítica refere-se ao modelo que apresenta de forma detalhada a memória do cálculo de cada uma das parcelas pagas pelo empregador, bem como de cada uma das retenções realizadas. Já a folha de pagamento de forma sintética é feita através da apresentação resumida dos valores totais pagos pelo empregador e descontados do empregado. A figura abaixo apresenta um modelo de folha de pagamento. Figura 3 - Modelo de folha de pagamento Fonte: OLIVEIRA, 2017, p. 16. Percebe-se que ela é formada por diversas colunas e linhas, o que demonstra que ela apresenta de forma discriminada cada um dos valores. Portanto, pode-se concluir que foi realizada de forma analítica. O ideal é que se tenha a possibilidade, através do sistema informacional que utiliza, de gerar ambos os tipos de folha de pagamento. Pois, por exemplo, no caso de análises gerenciais pode ser suficiente saber os valores de forma resumida, mas já no caso de um litígio será necessário apresentar as folhas de pagamento de maneira analítica, para que possa ser conferida cada uma das verbas e descontos daquele funcionário. - -6 Fechamento Por meio dos conteúdos estudados, é possível perceber como o cálculo das verbas remuneratórias e descontos exige cautela para que se elabore a folha de pagamento de forma adequada. Além de colaborar com o correto pagamento e desconto dessas verbas, elaborar a folha de pagamento é uma exigência legal. Deve-se estar atento a cada um dos funcionários da empresa, sabendo as verbas a ele pagas e descontadas, para que realize a folha de pagamento, sintética ou analítica, com as informações corretas e, assim, dê o suporte que a empresa precisa. Além disso, elaborar e apresentar a folha de pagamento corretamente cumpre com as exigências legais e evita, por exemplo, futuros processos trabalhistas para a empresa. Referências BASILE, C. O. Direito do trabalho: remuneração, duração do trabalho e direito coletivo. Coleção sinopses 8. ed. São Paulo: Saraiva, 2018.jurídicas, BRASIL. Aprova o Regulamento da Previdência Social, e dá outrasDecreto n. 3.048, de 6 de maio de 1999. providências. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/D3048.htm>. Acesso em: 06 nov. 2018. _____. Decreto-lei n. 5.452, de 1º de maio de 1943. Aprova a Consolidação das Leis do Trabalho. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/Del5452.htm>. Acesso em: 07 nov. 2018. CONFEDERAÇÃO NACIONAL DO COMÉRCIO DE BENS, SERVIÇOS E TURISMO. a novaA reforma trabalhista – Consolidação das Leis do Trabalho. Disponível em: <http://cnc.org.br/sites/default/files/arquivos /cartilha_reformatralhista_interativa_0.pdf>. Acesso em: 07 nov. 2018. OLIVEIRA, A. 29. ed. São Paulo: Atlas, 2017.Cálculos trabalhistas. ROMAR, C. 4. ed. São Paulo: Saraiva, 2013.Direito do trabalho esquematizado. SILVA, M. 14. ed. São Paulo: Érica, 2015.Administração de departamento de pessoal. http://legislacao.planalto.gov.br/legisla/legislacao.nsf/Viw_Identificacao/DEC%203.048-1999?OpenDocument - -1 Encargos sociais Juliani Karsten Alves Introdução As empresas contratam a mão de obra de seus empregados para conseguir o apoio para realizar suas atividades mensalmente. Isso gera alguma obrigação para o empregador? Sim, pois esses contratos de trabalho trazem para o empregador obrigações perante seus funcionários, que serão expostas na folha de pagamento mensal. Entretanto, além do que é pago ao funcionário, será que a empresa tem mais alguma obrigação? Terá de fazer algum recolhimento que será calculado sobre o valor da folha de pagamento? Você irá
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