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Aula Meningites (infecto)

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Meningites 
AULA xaq- 21/09/2020 
Infecto 
Yasmin Pelógio de Macêdo 
Meningoencefalites 
Bacterianas Agudas 
Definição 
Meningite: Inflamação ou edema das 
meninges ao redor do cérebro e da medula 
espinhal 
Encefalite: Inflamação do cérebro 
propriamente dito 
Meningoencefalite: Inflamação das meninges 
do encéfalo e da medula. Podem invadir o 
parênquima nervoso 
Revisão de Neuroanatomia 
• Tecido nervoso e as meninges - protegidos 
pelo crânio e a medula - protegida pela 
coluna vertebral 
• Presença de fontanela em bebês que fecham 
com 1 ano de idade 
• Camadas: 
- Pele 
- Camada óssea (camada de periósteo não é 
capaz de formar calo ósseo - importante 
para não comprimir o tecido nervoso) 
- Meninges: 
*Paquimeninges (duro) 
Dura-máter 
Aracnoide (parietal) 
*Espaço subaracnóideo: onde fica o LCR* 
*Leptomeninges (mole) 
Aracnoide (visceral) 
Pia-máter 
• Cada região do encéfalo tem uma função 
específica >> dependendo de onde está o 
processo patogênico, teremos uma 
apresentação clínica diferente. 
• ENCÉFALO = CÉREBRO + TRONCO 
ENCEFÁLICO 
- Meningite - inflamação >> o cérebro tende 
a sair pelo forame magno, ao extravasar/
herniar, tende a comprimir o centro 
respiratório no bulbo 
- Na criança, as fontanelas ficam abauladas! 
• VASCULARIZAÇÃO 
- Se a pressão sanguínea no cérebro estiver 
alta, o fluxo diminui devido à diminuição na 
diferença de pressão 
- Vasculites 
• LCR E MENINGES 
- Proteção física para o encéfalo e medula 
espinal 
- Regulação da pressão intracraniana 
- Defesa contra infecções: há a presença de 
células e anticorpos 
- Barreira hematoencefálica, hemoliquórica e 
líquor - encefálica - dispositivos que 
dificultam/impedem troca de substâncias 
entre o tecido nervoso e os diversos 
compartimentos de líquido no SNC 
(qualquer subst6ancia ou patógeno que 
atinge o líquor tem mais chance de chegar 
ao SNC do que substâncias que chegam ao 
sangue) 
- LCR normal: 
125-200ml 
Estéril 
Pressão a nível lombar: 18 a 25cm/H2O 
Macro: translúcido, incolor, como “água de 
rocha” 
Micro: 3 a 5 leucócitos - 100% mononucleares 
(linfócitos)/ Sem hemácias /Glicorraquia: 2/3 
da glicemia (40 a 80mg%)/ Proteinorraquia -20 
a 40mg/100ml 
• Suspeita de meningite: punção para coleta 
de líquor, solicitar hemograma +glicose 
(para comparar a glicose liquórica) 
Etiologia 
• Por bactérias - Culturas positivas (Meningite 
Bacteriana Aguda - MBA, meningites 
purulentas ou meningites de líquor turvo) 
Obs.: Há as meningites Assépticas (com 
culturas negativas): vírus (inúmeros), TB 
(Mycobacterium tuberculosis), fungos 
(Criptococose e Coccidiose), sífilis, lyme, 
medicações, câncer 
Epidemiologia 
Para adultos: 
• Streptococcua pneumoniae (pneumococo - 
mais comum) 
• Neisseria meningitidis (meninogococo) 
• Haemophilus influenzae 
De acordo com a faixa etária a etiologia pode 
mudar: 
• 1 a 3 meses: enterobactérias (relação com a 
via de parto), E.coli, SGB, Listeria 
monocytogenes 
• 3 meses a 5 anos: S.pneumoniae, Neisseria e 
Haemophilus 
• > 5 anos: Neisseria meningitidis e 
S.pneumoniae 
• Idoso > 60 anos: igual ao RN, devido à 
imunossupressão da idade (Listeria, 
principalmente) 
Meningite bacteriana nosocomial muda o 
agente etiológico: 
- Staphylococcus aureus 
Bacilos gram negativos 
 
 
Transmissão 
 
De pessoa a pessoa: gotículas 
- Meningococo e Haemophilus 
- Nasofaringe 
A bactéria pode chegar ao SNC a partir de 
uma foco - contiguidade 
- Sinusite ou otite, bronquite 
- Pneumoco ou Haemophilus 
- Alguns pacientes com meningite bacteriana 
aguda relatam cefaleia prolongada, mas 
geralmente, isso ocorre devido a uma 
sinusite. Quando há o acometimento de 
meninges, o quadro de cefaleia se 
intensifica e agudiza. 
RN: canal do parto 
Inoculação direta - TCE ou procedimentos 
Vias de Infecção 
• Direta - TCE ou soluções de continuidade 
• Hematogênica (Meningococo) 
• Contiguidade (otite, sinusite) (Hemophilos e 
pneumococo) 
• Bainha nervosa (n. Olfatório, ameba de vida 
livre) 
Fatores de Risco 
• Não vacinação 
• Idade - maior incidência em crianças 
• Imunidade - imunodeficiência 
• Infecção não tratada adequadamente - 
podendo se tornar um foco 
• Fístulas rinoliquórica ou otoliquórica (TCE) 
Fisiopatologia 
• Interação patógeno x hospedeiro 
• Infecção: virulência do patógeno vence 
hospedeiro 
• Distribuição inicial das bactérias 
• Liberação maciça de citocinas inflamatórias 
• Aumento da PIC 
• Radicais livres e estresse oxidativo 
• Tudo isso causa injúria neuronal 
• Edema vasogênico >> hidrocefalia 
• Aumento do volume encefálico - herniações 
• Exsudato purulento no espaço 
subaracnóideo 
Meningite meningocócica 
• Transmissão via respiratória - pcte 
confinado. 
● Portador assintomático 
● Doença ocorre, sobretudo, em pctes que se 
internaram recentemente 
● Período de colonização em orofaringe pode 
ser extremamente curto 
● Risco de adoecer existe em todas as idades, 
mas é inversamente proporcional a idade - 
quanto mais novo, maior o risco de adoecer 
● Ausência de petéquias não exclui o 
diagnóstico 
Formas clínicas da doença meningocócica: 
• Portador assintomático temporário em naso 
ou orofaringe 
● Faringoamigdalite 
● Meningite sem septicemia 
● Meningococcemia (SEPSE!) sem ou com 
meningite - mesmo sem SIMR e LCR 
normal meningo no SNC. 
● Formas crônicas e localizadas 
Quadro Clínico: Meningite x Encefalite 
Obs.: Na maioria dos casos, não existirá uma 
distinção dos sintomas, o que resultará na 
apresentação clínica da meningoencefalite 
A meningite bacteriana se apresenta 
clinicamente como uma meningoencefalite! 
(quadros mais graves) 
Clínica da Meningite Bacteriana 
Diagnóstico de Meningite pela tríade: 
Síndrome infecciosa/ toxêmica 
Síndrome de irritação meningo radicular 
(SIMR) 
Síndrome da hipertensão intracraniana 
(HIC) 
Síndrome purpúrica 
Síndrome Infecciosa 
• Febre, mialgia, astenia, anorexia, mal-estar 
• Taquicardia e taquipneia 
• Pode estar presente sinal de Faget 
(dissociação pulso-temperatura) 
• Diagnóstico diferencial: dengue (importante 
observar sinais de irritação meníngea, 
hemograma) 
SHIC - Síndrome da hipertensão 
intracraniana 
• Cefaleia progressivamente intensa, 
holocraniana ou nucal 
• Fotofobia, vômitos sem náuseas (em jato, 
repetidos e incoercíveis) 
• Alteração da consci6encia (sonol6encia, 
confusão até coma profundo) 
• Bradicardia relativa - sinal de Faget 
• Convulsão 
• Respiração de Cheyne-Stokes 
• Papiledema 
• Fenômeno de Cushing - PA elevada e FC 
baixa 
MENINGITE ENCEFALITE
Cefaleia Alteração da função
Febre Estado Mental (sono, 
confusão)
Meningismo Cognitivo-
comportamental
Letargia Sinal Neurológico focal
Nos RN: irritabilidade, recusa alimentar, 
abaulamento da fontanela 
SIMR - Síndrome da irritação 
meningo-radicular 
O que é o meningismo? 
Conceito de exame neurológico: 
- Rigidez nucal 
- Sinal de Kernig (extensão do joelho - knee) 
- Sinal de Brudzinski 
Sinais de irritação meníngea 
Síndrome purpúrica 
• Alerta para meningoco! 
• Petéquias e equimoses 
• Diagnóstico diferencial com dengue: 
petéquias da dengue se concentram em 
áreas de maior pressão: membros inferiores, 
regiões de pressão. 
• Hipotensão, má perfusão, CIVD (coagulação 
intravascular disseminada) e choque >> 
rápida evolução e muitas vezes fulminante. 
• No início, maculo-papilar. 
• Vermelho-vinhoso amarronzado. 
• NÃO desaparece à pressão. 
• Petéquias conjuntivais e rash purpúrico. 
• Meningococo! 
• Meningococcemia - emergência em doença 
infecciosa 
Qual o provável patógeno pela história 
clínica? 
• Pneumococo: IVAS, otite, trauma de crânio 
• Meningococo: púrpura, contato com 
meningite 
• Listeria: idosos - rombencefalite (atinge o 
tronco encefálico - atingindo os nervos 
cranianos e causando sintomas de suas 
“lesões”) 
• S.aureus: drogas ilícitas injetáveis, 
neurocirurgia 
Diagnóstico 
• Análise do LCR: exame quimiocitológico e 
cultura 
• Neuroimagem antes do líquor (TC): 
- Deficits focais,convulsões 
- Lesões prévias no SNC 
- Rebaixamento da consciência 
- Sinais de HIC 
• Diagnóstico Laboratorial: 
- Hemograma: leucocitose, neutrofilia, 
desvio à esquerda 
- Hemocultura: > 50 a 90% 
- Raspado de lesões 
• Análise Liquórica 
- Aumento da pressão e da turvação 
- >500 polimorfonucleares (normal de 3 a 5) 
- Glicorraquia < 40 (normal <2/3 da 
glicemia) 
- Proteinorraquia > 100 (normal de 20-40) 
- Lactato elevado 
• Gram e cultura 
• Pesquisa de antígenos 
• PCR 
A combinação desses achados, pode sugerir 
uma etiologia, se persistir a dúvida, manter a 
terapia empírica 
Diagnóstico diferencial 
Meningite Bacteriana Aguda (MBA) 
• Meningoencefalite viral (herpes), fúngica e 
TB 
• Supurações do SNC 
• Eventos vasculares do SNC 
• Endocardite 
• Neurotoxoplasmose - quadro mais arrastado 
• Tumores 
Meningococcemia - precisa de diagnóstico 
mais rápido 
• Doenças virais - Chikungunya 
• Febres hemorrágicas - dengue 
• Púrpuras não infecciosas 
• Petéquias de esforço (vômitos e tosse) 
comum em crianças, ex: crianças com 
coqueluche que tossem muito. 
Tratamento 
Antibioticoterapia: 
• Escolha adequada 
• Atue contra o agente causal 
• Atravessar a BHE 
• IV durante todo o ttm 
• Não demorar o início 
• Não esperar TC 
Não diminuir a dose - dose é a mesma 
durante todo o ttm. 
Terapia adjuvante 
• Antibiótico mata as bactérias mas não 
resolve a inflamação 
• Corticóide - Dexametasona 
- Reduz o edema cerebral 
- Redução do dano auditivo, sequelas 
neurológicas e 
- mortalidade: pneumocócica/haemophilus/
etiologia indefinida 
- Quando é meningococo não se tem certeza 
dos benefícios 
- Reduz a penetração do ATB pela BHE - 
vancomicina. 
Terapia de suporte - ABC 
ABC - airways, breathing, circulation 
• Ressuscitação do choque 
• Distúrbios hidroeletrolíticos/metabólicos 
• Combate a HIC: 
- Elevação da cabeceira, coticóide, combate a 
febre 
- Convulsões 
Complicações imediatas: 
■ Supurativas: 
● Coleção subdural 
● Empiema subdural 
● Abscessos cerebrais 
● Trombose séptica de seios venosos e 
ventriculite 
■ Neurológicas: 
● Arterites de vasos cranianos 
Complicações tardias: 
•Hidrocefalia 
•Surdez 
•Paralisia cerebral 
•Retardo mental 
•Epilepsia 
•Deficiência de aprendizagem 
• Precaução/isolamento respiratório 
- Gotícula e Partículas 
- Hemófilo e meningococo, principalmente 
- Máscara, quarto privativo, higienização das 
mãos 
● Quimioprofilaxia contra Haemophilus 
influenzae 
- Quem teve contato com o paciente se 
houver crianças >> 4 anos susceptíveis. 
- Rifampicina 
 
● Quimioprofilaxia contra n.meningitidis: 
Pctes não tratados com cefalosporinas de 3 
geração: podem se tornar portadores 
assintomáticos >> Rifampicina. 
Contactantes íntimos (pessoas que habitam 
mesma casa ou compartilham dormitórios). 
Profissionais que entraram em contato 
direto com secreções do pcte. 
○ Rifampicina 
○ Ciprofloxacino 
○ Ceftriaxona 
Vacinação 
• Vacinas conjugadas: 
- Anti-haemophilus b 
- Anti-meningo C 
- Anti-meningo B 
- Anti-pneumo 
• Vacina não conjugada: 
- Anti-pneumo 23 
• Programa Nacional de Vacinação 
- A incidência tem caído com o passar do 
tempo 
- Vacinar as crianças teve um grande impacto 
na incidência de meningite 
- pneumocócica, além de diminuir a 
resistência deles à penicilina 
- No Brasil predomina o meningococo 
sorotipo C (é o que tem no programa 
nacional de vacinação) 
- B e C tem alta incidência, mas o C 
diminuiu devido à vacinação

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