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Intolerância à lactose PEDIATRIA 1 alergia x intolerância - A alergia alimentar caracteriza-se por uma reação imunológica desencadeada por uma proteína presente no alimento. - A intolerância alimentar corresponde às alterações que podem ocorrer nos processos metabólicos de digestão e absorção de determinado componente do alimento SEM HAVER envolvimento de resposta imunológica nesse processo. introdução - Intolerância à lactose é uma síndrome clínica na qual o indivíduo, após ingestão de lactose ou alimentos que contenham lactose, apresenta um ou mais dos seguintes sintomas clínicos: · Dor abdominal, diarréia, náusea, flatulência e/ou distensão abdominal. · A intolerância à lactose resulta da má digestão e/ou má absorção da lactose, não havendo nenhum mecanismo imunológico envolvido na sua fisiopatologia. fisiopatologia - Os carboidratos da dieta humana são constituídos principalmente de: · Polissacarídeos (amido e celulose) · Dissacarídeos (lactose e sacarose) · Monossacarídeos (frutose) Obs: Os monossacarídeos constituem a única forma sob a qual os carboidratos são assimilados pelas células epiteliais. - Os polissacarídeos são hidrolisados em dissacarídeos e oligossacarídeos pelas amilases salivar e pancreática, produzidas respectivamente pelas glândulas salivares e pelo pâncreas. - Os dissacarídeos e oligossacarídeos, por sua vez, são hidrolisados em monossacarídeos pelos complexos enzimáticos lactase florizina-hidrolase. digestão da lactose - A lactose é um dissacarídeo composto por uma molécula de galactose ligada a uma molécula de glicose. - Ocorre natural e exclusivamente no leite dos mamíferos (7,2 g/100 ml no leite humano e 4,7 g/100 ml no leite de vaca). - A glicose absorvida é utilizada como fonte de energia, e a galactose, torna-se, no fígado, um componente de glicolipídios e glicoproteínas. - A atividade disscaridástica está associada aos enterócitos vilositários maduros das criptas. - Varia ao longo do intestino delgado, níveis máximos no jejuno proximal e mínimos no distal e no íleo terminal. - A lactase, por ser a mais superficial das dissacaridases, a de menor concentração, mais sensível a alterações na luz intestinal, é a mais vulnerável e a que mais precoce e frequentemente se altera. Absorção dos monossacarídeos - Os monossacarídeos (glicose, galactose e frutose), produtos provenientes da dieta ou da digestão de polissacarídeos e/ou dissacarídeos, são absorvidos na membrana das microvilosidades por meio de dois mecanismos. - Para a glicose e galactose, o transporte é ativo mediado por transportadores que estão localizados na borda em escova do enterócito e possui receptores e afinidades para glicose, galactose e sódio. A glicose ou galactose poderá então ser utilizada pela célula ou transportada passivamente por difusão simples para a circulação. absorção na il - Intestino delgado: carboidrato não digeridos e não absorvidos – gradiente osmótico com passagem de H2O e eletrólitos e crescimento bacteriano – aumento do peristaltismo/diarréia e rápida passagem para o - Intestino grosso: fermentação bacteriana – produção de gases (H2, CO2, metano), ácidos orgânicos (ácido lático, ácido acético, etc) e açucares. No cólon grandes quantidades de ácido e água são reabsorvidas. - pH baixo – diarréia ácida. Classificação - Deficiência congênita de lactase - Deficiência relativa de lactase do prematuro - Deficiência primária de lactase - Deficiência secundaria de lactase. deficiência congênita de lactase - Rara - Autossômica recessiva - Ausência ou intensa deficiência isolada de atividade lactásica. - A diarréia aparece ao nascimento, assim que o leite materno ou a fórmula contendo lactose é introduzida. deficiência relativa de lactase do prematuro - Observada em lactentes prematuros com < 34 semanas. - Entre 26ª e a 34ª semanas alguns dissacaridases já atingem 70% de produção. Mas nessa mesma época apenas 30% do complexo lactase florizina. Hidrolase foram produzidas, atingindo 70% por volta de 35 a 38 semanas. - Com consequente digestão e absorção diminuída da lactose. deficiência primária de lactase - A atividade lactásica diminui acentuadamente após o desmame = ontogênese. - É a causa mais comum de má absorção e de intolerância à lactose. - Afeta aproximadamente 70% da população mundial. - Demonstrando heterogeneidade no grupo de indivíduos com deficiência primária de lactase. deficiêncua secundária de lactase - Instala-se secundariamente a uma condição fisiopatológica. - Essa intolerância ocorre concomitantemente e/ou posteriormente a uma infecção viral ou bacteriana intestinal e pode persistir por semanas a meses. - Em segundo grupo – os prematuros: imaturidade + infecção. - Em terceiro grupo – as cirurgias do aparelho digestivo: gastrostomia, ileostomia, colostomia, anastomoses do intestino delgado. Ressecções intestinais. clínica - Diarréia - A criança apresenta-se com fezes líquidas, explosivas, ácidas, acompanhadas de borborigmo, flatulência, dor abdominal e dermatite perineal. - Desidratação e acidose metabólica. - Compromete o crescimento ponderoestatural, podendo evoluir para diarréia persistente e desnutrição acentuada. - Em certos indivíduos, aversão ao leite pode ser o único sintoma apresentado. diagnóstico - Aparecimento de sintomas em vigência da ingestão da lactose e rápida regressão do quadro clínico, quando se retira a lactose, praticamente fecha o diagnóstico. - Nos distúrbios primários de intolerância à lactose, os sintomas aparecem em geral nas primeiras 48 horas de vida, após as primeiras tomadas de qualquer leite humano ou animal. - Nos distúrbios secundários, há história de doença prévia que determinou lesão grave da mucosa intestinal. exames complementares - Medida do pH e de substâncias redutoras nas fezes: · Considera-se sugestivo de intolerância à lactose o achado de pH ≤ 5. · Presença de substâncias redutoras ≥ 0,5 g% nas fezes. Obs: O pH fecal é o primeiro a se altera, sendo mais sensível que a presença de substâncias redutores nas fezes. - Teste de absorção de lactose pela sobrecarga oral: · Retirar a lactose 3 dias antes desse exame - Teste do H2 expirado: · 20% do H2 formado durante a fermentação pelas bactérias no cólon é absorvido e eliminado pelos pulmões. São coletadas amostras de jejum, 60, 90 e 120 minutos pós ingestão da lactose. Obs: O valor basal de H2 deve ser menor que 10 ppm em condições adequadas de jejum, e considera-se indicativo de má absorção o valor > 20 ppm de H2. - Teste rápido de lactose em fragmento de biopsia. - Dosagem das dissacaridases em fragmentos de mucosa intestinal. - Teste genético: · Pesquisa das mutações do gene que controla a expressão da enzima lactase florizina-hidrolase. · Genótipo C/C I3910 está associada à hipolactasia tipo adulto. · Genótipos C/T I3910 e T/T I3910 estão associados à persistência da lactase. tratamento - Fórmulas infantis à base de leite de vaca isentas de lactose: são elaboradas de modo a atingir as necessidades nutricionais recomendadas para a faixa etária pediátrica. - Fórmulas infantis à base de proteínas isolada de soja também uma vez que também são adequadas às necessidades do lactente e não contêm lactose na sua composição. - Nas crianças com intolerância à lactose em uso de dietas restritivas de leite ou mesmo nas quase não se consegue manter adequada ingestão de leite e/ou derivados, deve-se fazer suplementação de cálcio e de vitamina D. - Na deficiência congênita de lactase: · Devem ser suspensos o leite materno ou de vaca contendo lactose. · Oferecer fórmulas à base de leite de vaca modificado sem lactose ou leite de soja (sem traço de lactose). Obs: Medicação e alimentos podem ter traço de lactose. - Deficiência relativa de lactase do prematuro: · Fórmulas com redução de lactose ou com adição de lactase beneficiou os prematuros. · A maioria dos serviços não interrompem o uso de leite humano ou de fórmulas com lactose, por não produzir efeitos deletérios em curto ou longo prazo. - Deficiência primária de lactase: · Quantidade-dependente - Deficiência secundária delactase: · A restrição dietética a lactose em geral é temporária, variando de algumas semanas a meses, pois a tolerância geralmente é readquirida após o início do ganha ponderal. · O tratamento consiste na suspensão do leite, EXCETO o leite materno. outras estratégias de tratamento - Produtos lácteos pré-digeridos com lactase+ - Cápsulas de lactase obtidas de Aspergillus oryzae (Lacdigest), Kluyveromyces lactis (Silact). - Fungos ou leveduras (beta-galactosidases) para serem ingeridas imediatamente antes da ingestão dos alimentos lácteos como terapia de reposição enzimática - Probióticos.
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