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Queimaduras são definidas como troca brusca de energia entre o corpo humano e agentes físicos ou químicos. Podem ser causados pelo calor, eletricidade, produtos químicos, radiação, atrito e o gelo. Os principais sinais e sintomas são dor, hiperemia, bolhas, edema e destruição tecidual no local afetado. É classificada em três grau: • Primeiro grau: ocorre apenas o acometimento da epiderme, sendo mais superficial. É caracterizada por uma hiperemia local. • Segundo grau: é acometido a epiderme e a derme parcial. Há presença de bolhas. • Terceiro grau: lesa-se tecidos de forma profunda, acometendo a espessura total e até mesmo músculos e nervos. Devido as lesões, a queimadura não causa dor, mas a lesões associadas e o tecido lesado ao redor doem, além de que é muito raro queimadura exclusivas de apenas um grau. Extensão da área queimada: utiliza-se a regra dos nove. Nessa regra, divide-se o corpo em seguimentos que equivalem a uma porcentagem definida de queimadura. Para queimadura relativamente pequenas, que não chegama acometer todo um segmento, calcula-se o tamanho da palma da mão do doente equivalente a 1% de área corpórea afetada. Nunca devemos resfriar o local com gelo e furar as bolhas. A prevenção é a principal forma de evitar esses tipos de acidentes. Conduta (BLS): afastar fonte de queimadura, colocar água corrente em temperatura ambiente (evita progressão de lesões secundária pelo aquecimento), remover joias e outros objetos, não retirar roupas aderidas. A partir disso, calcula-se a profundidade e a área afetada que guiarão os próximos passos. Se a queimadura for: • 1º grau e 2º grau < 10% que não acometam estruturas nobres: continuar resfriando o local com água por 20 minutos, hidratar a vitima e fazer curativo. • 2º grau > 10%, 3º grau, queimadura químicas e elétricas: não se deve perder tempo! Cobrir o local com gaze e filme plástico, de preferencia estéreis para diminuir a exposição e susceptibilidade a microrganismos, hidratar a vítima e encaminhar para atendimento hospitalar (ABLS). Quando encaminhar o paciente ao atendimento em centro de queimado? Quando houver queimadura de 2º grau > 10% e de 3º grau, queimaduras químicas ou elétricas, suspeita de queimadura de vias aéreas, queimaduras em cabeça, face, mãos, pés, órgão genitais, regiões de articulações. Quando internar o paciente? Quando houver queimadura de 2º grau >15% (crianças > 10%) e 3º grau > 5% (crianças 2%), queimaduras químicas e elétricas, suspeita de queimaduras de vias aéreas e queimaduras em cabeça, face, mãos, pés, órgão genitais, regiões de articulações. Interação no CTI: crianças > 20% SCQ e adultos > 30% SCQ. Grande queimado: toda queimadura de 2º grau > 20% e 3º grau > 10%, queimaduras químicas ou elétricas, suspeita de queimaduras de vias aéreas, queimadura de períneo e queimaduras de 3º grau em cabeça, face, mãos, pés e axilas. Atendimento inicial ao queimado: 1. Avaliação do trauma (ABLS): vias aéreas, respiração, circulação, disfunções neurológicas, exposição e fluidos. - Vias aéreas e respiração: observar se a queimadura acomete supercílios, fimbrias nasais, mucosas. Avaliar a necessidade de máscara de oxigênio 100%, IOT, cricotireoidostomia. - Circulação: desidratação/choque, pulsos periféricos, perfusão dos membros queimados, acesso venosos. - Disfunções neurológicas – Glasgow: lesão combinada, hipóxia, entorpecentes. - Exposição: ficar atento para retirar adornos - Fluidos: ringer lactato 2. Exame secundário: exame físico detalhado, monitorização (sonda vesical de demora, sonda nasogástrica, ECG), coleta de história clínica (ambiente confinado, inalação), medicações e comorbidades, imunização de tétano, escarotomias, fasciotomias, mapeamento da extensão e superfície corpórea, exames gerais. Escarotomia/fasciotomia: A escarotomia é apenas uma incisão superficial na pele, e a fasciotomia é uma incisão mais pronfunda em músculo com o objetivo de tratar ou evitar uma síndrome compartimental. Há necessidade de realizar quando houver cianose, dor incompatível com a lesão e parestesia, diminuição do pulso, frialdade, pulso oxímetro/USG doopler. Prescrição: em pacientes grande queimado é muito comum o íleo paralítico, sendo indicado a dieta apenas após 24-48 horas, dando um aporte nutricional por via enteral ou parenteral após 48 horas. Além disso, é importante a reposição hídrica, analgesia EV (tramadol, nalbufina, morfina), protetor gástrico, vitamina C (antioxidante – combate radicais livres), profilaxia TVP, profilaxia do tétano. Reposição volêmica: a reposição volêmica é de extrema importância devido ao aumento da permeabilidade capilar e edema em 18-24 horas tendo o pico em 8 horas após a queimadura. O volume de cristaloide (ringer lactato) que deve ser administrado é guiado pela seguinte fórmula de Brooke: 2ml x peso x % SCQ. A fórmula de Parkland (4ml x peso x %SCQ) está em desuso devido ao excesso de cristaloide administrado. A reposição é feita de forma que 50% do total de cristaloide que deve ser administrado seja feito nas primeiras 8 horas iniciais e o restante distribuído nas 16 seguintes, sendo o total da fórmula administrado em 24 horas. Após as 24 horas, a reposição é baseada na diurese do paciente, sendo a diurese alvo 0,5 ml/kg/hr no adulto e 1ml/kg/hr na criança. Em pacientes com queimaduras graves, principalmente os de queimadura elétrica, existe a lesão de células musculares e a presença de mioglobinúria com possibilidade de radbomiólise. Nessa situação, além da reposição volêmica, é necessário a alcalinização da urina e o aumento da diurese por meio da administração de bicarbonato 1amp/ 1L RL e manitol 12,5g/ 1L. Lesão por inalação: pode haver lesão acima da glote, abaixo dela ou um envenenamento por CO. No envenenamento por CO, os sintomas vão depender da porcentagem presente. De 15- 40% são sintomas variados (letargia e agitação), de 40-60% os pacientes já podem perder a consciência e ter obnubilação. Acima de 60% é geralmente falta. Os sinais e sintomas incluem pele vermelho-cereja, geralmente eupneico, voz rouca, queimadura de face, PaO2 inalterada e hipóxia sem cianose. A lesão por inalação pode ser dividida em 3 fases: • 1º fase (até 36h): asfixia, broncoespasmo • 2º fase (48-96 h): edema pulmonar • 3º fase (até 10d): broncoespasmo de repetição O tratamento é feito com a administração de oxigênio em máscara a 100% até níveis < 15%. Pode ser feito o uso de broncodilatador. Em caso de edema de faringe, estridor, ruídos respiratórios e hipoxemia com O2 se deve fazer IOT. A reposição volêmica é essencial e em casos necessários fazer cricotireoidostomia e traqueostomia. Estabilização e transferência: o melhor momento para transferir um queimado é tão logo seja possível, porém sempre nas primeiras 24 horas. Além desse tempo, as alterações fisiopatológicas podem ser sérias e comprometer a vida do queimado, sobretudo em caso de longas distâncias.
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