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AULA 1 MAPEAMENTO DE STAKEHOLDERS Prof. Alexandre Francisco de Andrade 2 TEMA 1 – CRIANDO VANTAGEM COMPETITIVA Observamos que, diariamente, lidamos com muitas áreas de negócios. Temos que conhecer quais são as partes interessadas (stakeholders) que estão nestas áreas, pois cada uma delas tem a sua influência nas outras de forma diferente, mas deve ser pontuada como uma estrutura estratégica para o seu negócio alcançar os objetivos e o sucesso. Esse conhecimento será por meio do mapeamento de stakeholders. De acordo com Carneiro (2010), o processo “visa definir as partes interessadas e os seus interesses, áreas de influência e segmentos de atuação, para então desenvolver uma estratégia de gerenciamento dos stakeholders”. As partes interessadas que mais impactam nos negócios abrangem os seguintes grupos: clientes, funcionários, acionistas, fornecedores, entre outros, como observa-se na Figura 1. Muitos empresários de sucesso adotam estratégias exigentes para compreender os seus stakeholders; devido ao esforço que eles investem na construção de melhores relacionamentos em uma base do ganha- ganha oferecendo alavancagem para ambas as partes. Figura 1 – Partes interessadas que impactam nos negócios Fonte: Adaptado de Rocha, 2010. Muitas corporações reconhecem que para cada stakeholder existe um grau de influência e poder, ou seja, direito de deliberar e agir, conforme hierarquia política e financeira. Para outras, os stakeholders são identificados como involuntários (passivos), que têm direito sobre a corporação e cuidam para que os STAKEHOLDERS Públicos de interesse, grupos ou indivíduos que afetam e são afetados pelas atividades da organização ACIONISTAS CLIENTES FORNECEDORES COLABORADORES DISTRIBUIDORES IMPRENSA GOVERNO COMUNIDADE 3 planos sejam respeitados; e os voluntários (ativos) que atuam diretamente na corporação através de uma relação mútua (Pereira, 2017). Para Pereira (2017), o grande desafio das corporações é satisfazer as expectativas dos seus stakeholders. O autor exemplifica os passivos e os ativos: [...] exemplo de passivos os acionistas e investidores, as comunidades com as quais as empresas lidam, as associações empresariais, os profissionais e sindicatos, as instâncias do governo, as organizações não governamentais (ONGs) e a imprensa. Os ativos, por sua vez, são os proprietários, empregados, consumidores, fornecedores e concorrentes. (Pereira, 2017, p. 106) As corporações buscam as melhores táticas para atender às necessidades de cada grupo de stakeholders, sempre agindo com conduta ética. Seguem alguns pontos a considerar em seus planos estratégicos: • Clientes: atualmente, as corporações do universo B2B (business-to- business), ou seja, que fazem negócio como cliente e fornecedor (duas empresas). Isso pode não agradar alguns clientes, já que eles não querem mais fazer negócios com “empresas”, mas com “pessoas”. Neste caso, as corporações podem estabelecer relacionamentos baseados em integridade e confiança. Isso será fundamental para ouvir os clientes e ajudá-los a alcançarem seus sonhos ou evitarem seus medos. O retorno disso será o resultado de clientes parceiros a ponto de divulgar a marca da empresa; • Funcionários: são a base e força vital de qualquer negócio, principalmente, se a corporação criar um envolvimento, saber capacitá-los e recompensá- los. O mais importante é explicar de forma clara os principais objetivos da corporação (missão). Uma maneira simples é fornecer a eles os objetivos do trabalho em equipe, e instrui-los sobre como atingir e conquistar esses objetivos dentro da missão da empresa, procurando avaliá-los e remunerá- los com base na entrega dessas metas, na retenção de talentos existentes e na atração de novos talentos que surgirão; • Acionistas: é importante que a atenção do acionista seja de maneira compreensível ao receber a avaliação do negócio, pois perguntas serão feitas e feedbacks serão fornecidos (incorporar às estratégias). É interessante ser oportuno e generoso no gerenciamento de relatórios e compartilhamento de informações, mesmo sendo um trabalhador operacional ou o dono do negócio. Sendo o acionista, pense objetivamente sobre o negócio como um investidor e faça perguntas sobre questões comerciais, risco, lucratividade e ROI. Mantenha o foco na transparência, 4 na objetividade e na comercialidade (capitalizar forças positivas e oportunas); • Fornecedores: este stakeholder deve ser visto como um relacionamento inverso com o cliente, ou seja, uma corporação é o cliente para o seu fornecedor. Qualquer corporação quer compromisso absoluto de seus fornecedores, certo? Então, uma corporação quer garantir o fornecimento dos melhores produtos e serviços ao melhor preço e nas melhores condições. Elas querem fornecedores que possam lhes trazer vantagem competitiva e ajudar a agregar valor ao seu relacionamento. Estes pontos estratégicos de ação para cada stakeholder somente terão resultados no engajamento e na definição contextual se as variáveis comportamentais e estruturais mantiverem o alinhamento com as expectativas apresentadas pelas corporações. Figura 2 – Influência das partes interessadas Fonte: Adaptado de Harrison, 2005. Para Rocha (2010), “os stakeholders influenciam e são influenciados pela organização”, como demonstrado na Figura 2. Com isso, temos a visão na gestão dos stakeholders como uma vantagem competitiva para termos desempenho ante à concorrência, na busca das novas formas de criar e entregar maior valor. 5 Figura 3 – Gestão dos stakeholders em uma organização bancária Fonte: Adaptado de Rocha, 2010. Para tanto, o relacionamento e a comunicação devem estar refletidos no modelo de negócios da corporação, levantando ideias de valor para novos produtos e serviços, buscando um equilíbrio na gestão dos stakeholders. Veja um exemplo na Figura 3. Saiba mais Não deixe de verificar, no artigo a seguir, o desafio de uma corporação em sua capacidade industrial de alavancar estratégias locais em conjunto com todas as partes interessadas para incrementar uma capacidade industrial de maneira sustentável. Sabemos que, com a necessidade de desenvolver parcerias com stakeholders externos, temos que atender a requisitos regulatórios rigorosos para aumentar o crescimento sustentável e a vantagem competitiva por meio do desenvolvimento local. Disponível em: <http://www.dupont.com.br/produtos-e- servicos/consulting-services-process-technologies/artigos/aumentando-o- crescimento-sustentavel-e-a-vantagem-competitiva-at.html>. Acesso em: 21 jan. 2020. TEMA 2 – ORGANIZANDO OS STAKEHOLDERS Quando uma corporação já se encontra estruturada, ela precisará se preocupar com todos os seus stakeholders e, principalmente, fortalecer a vantagem competitiva por meio da confiança e de acordos. Melhores produtos e serviços para os clientes Aumentar a confiança dos stakeholders pelo engajamento dos funcionários Parceria com os fornecedores Respeito ao meio ambiente e envolvimento com a sociedade Gerar satisfação para os clientes Resultado para os acionistas 6 É necessário considerar as partes interessadas com interesses diretos ou indiretos, relacionados ao negócio da corporação, que podem influenciar ou ser afetados pelo resultado do gerenciamento e quem seria envolvido num processo de tomada de decisão. Saiba mais Você sabia que o termo stakeholder foi criado por Robert Edward Freeman, em 1963? Ele queria associar a definição de “grupos que sem seu apoio a organização deixaria de existir”. Aqui no Brasil, são públicos de interesse. Muitas vezes, para manter o desempenho da corporação, os stakeholders estão diretamente envolvidos no desenvolvimento e no processo, mas apenas algumas das autoridades ou partes responsáveis são necessárias para uma boa tomada de decisão.Sabemos que, à medida que um negócio cresce, o número de pessoas envolvidas também cresce. Por exemplo, desde o dia em que um empreendedor começa um novo empreendimento, há pelo menos uma pessoa interessada e investida no sucesso dessa empresa. Certamente, o número aumentará à medida que trabalhadores, parceiros, acionistas e outros interessados estiverem engajados. 2.1 Então, qual é o significado de ter os principais interessados? Um stakeholder terá interesse ou participação no sucesso ou fracasso de uma empresa. Imagine se uma empresa fechar no dia seguinte. As partes interessadas seriam afetadas de alguma forma, mesmo que estes stakeholders não se limitem àqueles que trabalham diretamente para ou com a empresa. Por exemplo, a influência de uma empresa pode passar por vários níveis, afetando funcionários de fornecedores ou outras empresas da mesma planta de negócios. Quando alguém é considerado como um dos principais interessados, significa simplesmente que essa pessoa é uma das principais partes interessadas nos negócios e em seus projetos. Determinar quais são as partes interessadas e fundamentais ao seu negócio pode ser complicado, uma vez que uma empresa pode sentir que todos os envolvidos em seus acontecimentos são críticos para seu sucesso, como aqueles que estão diretamente ligados às atividades econômicas da empresa e capazes de mobilizar até a opinião pública. 7 Figura 4 – Stakeholders secundários Fonte: Adaptado de Camargo, 2019. As partes interessadas podem variar de uma situação para outra, portanto, não pense que suas escolhas estão imutáveis, como é o exemplo da Figura 4. Você pode determinar as principais partes interessadas para algo tão simples quanto uma reunião de projeto e incluir apenas aquelas que têm interesse num tópico em questão? Você evita convidar pessoas que não poderão contribuir com nada para a reunião, certo? 2.2 Dica para uma corporação alcançar seus propósitos De acordo com Marques (2010), um conjunto de tarefas e técnicas conhecida como análise de negócios pode funcionar como facilitador/interlocutor entre os diversos stakeholders de forma a entender o modus operandi, através de algumas alternativas de solução: entender como a organização funciona; definir as capacidades que a organização necessita; determinar o plano de ação; identificar como diversas unidades de negócio interagem; e como os diversos stakeholders interagem. Continuando organizando os stakeholders e para fins de documentação, você precisará identificar estes principais interessados ao criar um plano de negócios e apresentar aos investidores. É claro que na sua lista de stakeholders estarão aqueles que tem uma participação geral na empresa, pois essas são as pessoas que se envolverão nas discussões de um novo projeto e acompanhar seu progresso. A seguir, vejamos o exemplo de Rocha (2010). No Grupo Santander, o mapa de stakeholders criado apresenta uma lista dos principais públicos com os quais a empresa se relaciona, pois a participação de representantes de diversas áreas do banco na construção do mapa garantiu representatividade, levando em conta diversos pontos de vista e canais de relacionamento com os stakeholders. Eles determinaram de acordo com seu principal papel no processo de construção de valor para o banco: GOVERNO IMPRENSA ONGs 8 • Constroem: públicos envolvidos na operação do banco, participando mais diretamente da construção de valor; • Regulam: públicos que regulamentam e/ou supervisionam o processo de construção de valor; • Representam interesses: públicos que possuem interesses no processo de construção de valor. 2.3 Stakeholders internos versus stakeholders externos Um ponto importante que auxilia neste processo de organizar seus stakeholders é verificar sua equipe de liderança (gestores), colaboradores, membros do conselho e investidores, com interesses no negócio interno. O negócio de uma corporação tem uma responsabilidade para com seus stakeholders internos, já que eles têm um interesse na questão financeira e pessoal no alcance do sucesso sem cometer falhas. Na parte dos interessados externos, que não estão ativamente envolvidos nas atividades da corporação e sofrem impacto indireto do negócio, temos os stakeholders externos, como clientes, fornecedores e credores. Faça perguntas que orientem na organização dos stakeholders. Por exemplo, qual o efeito que essa pessoa interessada tem na corporação? Se o seu apoio num novo negócio fosse retirado, a corporação seria capaz de avançar? Sabemos que um stakeholder importante não apenas influencia o sucesso ou o fracasso de uma corporação, mas a sua aprovação é vital para o sucesso do negócio. TEMA 3 – MAXIMIZANDO O VALOR PARA O STAKEHOLDER O valor para as partes interessadas envolve a criação de um nível ótimo de retorno para todos os stakeholders em uma organização. Trata-se de um conceito mais amplo do que apenas maximizar os lucros líquidos ou fluxos de caixa. De acordo com Abreu (2015), “o lucro é a parte mais importante de uma organização e ao mesmo tempo a mais sensível do ponto de vista dos stakeholders, por isso exige cuidado no momento do planejamento para sua obtenção”. O conceito de valor para o stakeholder tem ênfase nos lucros líquidos ou fluxos de caixa, mas incorpora as necessidades de outras partes interessadas, como funcionários, comunidade local, governos, clientes e fornecedores. Assim, 9 podemos incluir as contribuições, financiamentos, reduzir recursos ou reforçar benefícios, entre outros pontos. O conceito de stakeholder tende a resultar em lucros líquidos mais baixos, a menos que as vendas da empresa realmente aumentem. Porém, um diretor- executivo deve estar preparado para defender estas ações junto ao conselho administrativo quanto aos gastos em áreas com maior probabilidade de beneficiar as partes interessadas. Por isso, é importante conhecer seu stakeholder e suas influências estratégicas. O conceito de valor para as partes interessadas tem mérito ao definir a estratégia corporativa em longo prazo. Por exemplo, uma vez que cria suporte entre um grande grupo que pode estar disposto a ajudar uma corporação durante os períodos em que sua situação financeira declina; ou pode levar a uma legislação favorável que dê à organização uma melhor postura competitiva com resultado positivo para a marca corporativa. Para Rocha (2010), “é fundamental que as empresas descubram o que seus stakeholders valorizam, e desenhar um processo de SDV – Stakeholders Value Determination ou determinar o que é valor para o stakeholder”, aplicando as seguintes etapas: • determinar o que os stakeholders selecionados valorizam (entrevistas); • determinar o que os stakeholders selecionados desejam em termos de dimensões (conjoint analysis ou ranking scales); • avaliar como está sendo a entrega do que os stakeholders selecionados valorizam (pesquisa de satisfação); • descobrir os motivos que fazem a empresa ser bem-sucedida ou não (técnicas qualitativas ou focus group); • determinar o que os stakeholders selecionados valorizam no futuro (processo de aprendizado dinâmico). 10 Figura 5 – Relação de interação entre os stakeholders As corporações devem buscar como determinar a criação de valor para os stakeholders e manter a conexão da ética com os negócios. Dessa maneira, a relação de interação entre os grupos interessados (Figura 5) criará a questão do valor, cabendo a cada corporação saber mensurá-lo. Ao realizar esse processo, a corporação deve tentar buscar na introdução do negócio os questionamentos referentes ao que quer realizar, pois os interesses dos stakeholders (necessidades, solicitações, reinvindicações e desejos) podem afetar a viabilidade do negócio. Pensar no ponto do plano econômico ou social é reconhecer o critério ou afunção objetiva a ser maximizada pelas corporações, ou seja, como avaliar e equilibrar as reinvindicações dos importantes stakeholders para a corporação. Considerando que os gerentes devem tomar decisões de modo a levar em conta todos os interesses de todos os interessados na corporação (poder, legitimidade e urgência). Toda estratégia organizacional, após reformulada, deve ter uma revisão na sua modelagem dos negócios; e compreensão das interrelações funcionais entre os ativos e os recursos de uma corporação, para articular o valor na ótica dos stakeholders. Compreender as fontes de criação de valor é entender a razão da existência da corporação, da sua base econômica e o que gera de benefícios aos seus consumidores. Considerando, assim, o desenvolvimento ou criação de novos métodos, tecnologias, formas e práticas de inovação. Uma corporação não pode maximizar o valor se ignorar os interesses de seus stakeholders. Dessa maneira, uma soma das interpretações tanto da maximização do valor quanto dos stakeholders é necessária para possibilitar um critério para reconhecer que a comunicação e a motivação dos gerentes, funcionários e parceiros de uma organização são extremamente difícil. 11 3.1 Como é na prática? É dar aos stakeholders uma estrutura suficiente para entender o que significa maximizar o valor de tal forma que eles possam ser guiados por ele e terem a chance de realmente alcançá-lo. Os stakeholders devem ser ligados pela visão ou pela estratégia, no sentido de que ela explora um profundo desejo de construir o melhor produto do mundo. A maximização de valor informa às partes interessadas de uma corporação como elas avaliarão seu sucesso na obtenção de uma visão ou na implementação de uma estratégia. Da mesma forma, nada diz aos funcionários ou gerentes sobre como encontrar ou estabelecer iniciativas ou empreendimentos que criem valor. Então, como definimos maximização de valor? Para Silva (2013, p. 184), “as organizações empresariais têm como último propósito a maximização do seu valor, a fim de criar riqueza para os seus acionistas ou sócios. Esta maximização deverá ter em conta dois aspectos essenciais”. Vejamos: • Relação entre rendibilidade (rentabilidade) e risco: maximização da rendibilidade para um certo nível de risco, ou a minimização do risco para um dado nível de rendibilidade; • Capacidade de gerar fluxos de caixa futuros, ou seja, receber dados financeiros de todas as áreas da empresa (vendas, compras, recebíveis, aplicações, receitas, despesas e previsões) e poder prever se terá dinheiro sobrando ou faltando. Vamos pensar no seguinte ponto: definir o que significa marcar um gol no futebol, por exemplo, não diz aos jogadores nada sobre como ganhar o jogo, mas diz a eles como a pontuação será mantida. E na vida corporativa? Este é o papel da maximização de valor: ela não nos diz como ter defesa ou ataque, ou que tipo de ações criar ou praticar. Apenas sabemos que isso faz parte da estratégia competitiva de qualquer corporação. Saiba mais Não deixe de verificar, no artigo a seguir, como as empresas podem adotar diversas práticas para valorizar pessoas que detêm ativos, com reflexos positivos para suas operações. Disponível em: <https://www.infomoney.com.br/onde- investir/noticia/2276339/como-companhias-podem-agregar-valor-aos-seus- acionistas>. Acesso em: 21 jan. 2020. 12 TEMA 4 – ESTRATÉGIA NA GESTÃO DOS STAKEHOLDERS A gestão dos stakeholders é essencial para concluir qualquer estratégia e alcançar os objetivos com sucesso, pois se os interessados não estiverem satisfeitos, nenhum dos requisitos apresentados terá êxito. Com os recursos e tempo limitados num ambiente de trabalho dinâmico, a identificação das partes interessadas de alta prioridade e segregadas para o gerenciamento é importante para pensar num modelo de classificação de stakeholders, uma ferramenta útil. A primeira etapa é identificar quais partes interessadas são importantes e quais não são. A etapa seguinte é gerenciar as partes interessadas de acordo com seu poder, requisitos e interesse na corporação. É procurar questionar pontos importantes aos stakeholders, como: • Qual é o poder dos stakeholders? • Quanta influência eles têm na corporação? • Qual é o nível de interesse dos stakeholders? • Quanto eles desejam se envolver com a corporação? Depois de obter as respostas para essas perguntas, seguimos para a classificação das partes interessadas. Desta maneira, alguns modelos podem ajudar, como: • Poder e interesse; • Poder e influência; • Influência e impacto; • Poder, urgência e legitimidade. Num modelo de poder e interesse, a classificação é agrupar as partes interessadas de acordo com seu poder e nível de interesse na corporação ou em seu resultado, podendo atribuir características da seguinte maneira: alto poder ou baixo poder; alto interesse ou baixo interesse. Num modelo de poder e influência, a classificação é agrupar as partes interessadas de acordo com seu poder e nível de influência na corporação ou em seu resultado, podendo atribuir características da seguinte maneira: alto poder ou baixo poder; alta influência ou baixa influência. Num modelo de influência e impacto, a classificação é agrupar as partes interessadas de acordo com sua influência e nível de impacto na corporação ou 13 em seu resultado, podendo atribuir características da seguinte maneira: alta influência ou baixa influência; alto impacto ou baixo impacto. Num modelo de poder, urgência e legitimidade, a classificação é agrupar as partes interessadas de acordo com estes três parâmetros, atribuindo às partes interessadas pontos importantes: essencial, dominante, risco, dependente, arbitrário e exigente. Assim, com a classificação realizada, podemos desenvolver a estratégia para se concentrar nas partes interessadas com mais poder e influência. Com suporte robusto estando alinhado, poderá economizar menos energia concentrando-se nas partes interessadas de baixa influência. 4.1 Gestão de Stakeholders O modelo de poder e interesse é o mais conhecido para representarmos a estratégia de gestão de stakeholders. Figura 6 – Modelo de poder e interesse As estratégias para gerenciar esses stakeholders são as seguintes: • Os interessados com alto poder e alto interesse devem ser gerenciados com o máximo cuidado; • As partes interessadas com alto poder e baixo interesse devem ser mantidas satisfeitas; • As partes interessadas com baixo poder e alto interesse devem ser mantidas informadas; • As partes interessadas com baixo poder e baixo interesse exigem menos esforço do que o restante; elas só devem ser monitoradas. 14 Cada responsável deve continuar checando cada parte interessada e seus requisitos, pois nunca sabemos quando uma parte interessada de baixo poder se tornará alguém de alto poder e influência. O contrário poderá ocorrer se um stakeholder de alto poder se tornar menos poderoso e influente. O objetivo de uma estratégia de gestão de stakeholders é aumentar o apoio e minimizar os impactos negativos das partes interessadas. Desta maneira, uma estratégia bem-sucedida na gestão de stakeholders pode garantir um final positivo para os negócios corporativos, se planejada com cuidado e estando de acordo estratégia. Por exemplo, há alguns anos, uma empresa automobilística tentou abrir uma fábrica em determinado país. Os stakeholders colaboraram com o governo do estado e compraram a terra para construir a fábrica. A construção da fábrica estava quase completa. Então, os moradores da localidade, dos quais a terra foi adquirida, ficaram agitados e começaram a fazer exigências. A aflição se espalhou por todo o estado e a empresa teve que construir a fábrica em outro estado. Isso causou uma perda maciça para a corporação e constrangimento para o governo do estado. A razãopara essa perda foi que a corporação não ganhou a confiança das partes interessadas locais no início do negócio. Se eles os tivessem envolvido no processo de tomada de decisão, a situação teria sido diferente. A estratégia na gestão de stakeholders aplicada desde o início dos negócios ajuda no atendimento das necessidades, sem haver problemas e mantendo a qualidade. As partes interessadas estarão ativamente fornecendo recursos, garantindo uma comunicação regular e construindo uma confiança positiva. Saiba mais Leia o artigo O que são stakeholders e sua importância. Disponível em: <https://robsoncamargo.com.br/blog/O-que-sao-stakeholders-Saiba-tudo-sobre- eles-e-sua-importancia>. Acesso em: 21 jan. 2020. TEMA 5 – STAKEHOLDERS NA PRÁTICA Conhecer as melhores práticas para envolverem os stakeholders nos negócios corporativos é procurar entender que, na visão baseada na gestão superior dos stakeholders, a corporação é “o centro de uma rede de públicos interessados” (Rocha, 2010). 15 Com o entendimento nesta visão de gestão e após uma análise das partes interessas, citado por Rocha (2010) e adaptado de Harrison (2005), poderemos identificar uma administração estratégica de recursos e relacionamentos em quatro pontos: • Origem: ética empresarial e responsabilidade social; • Visão da empresa: uma rede de relações entre a empresa e seus stakeholders; • Método de formulação da estratégia: análise do interesse e do poder de influência dos vários stakeholders; • Fonte de vantagem competitiva: ligação superior com os stakeholders, gerando confiança e boa vontade, reduzindo a incerteza, melhorando os acordos comerciais, bem como o desempenho da corporação. Sabemos que, numa análise dos públicos de interesse, classificamos os stakeholders por interesse e poder. Para Harrison (2005), existem três tipos de interesse: • Interesse de propriedade: os ganhos do stakeholders dependem do valor da corporação e de suas atividades; • Interesse econômico: que o stakeholder possui uma relação econômica com a corporação; • Interesse social: quando o stakeholder não está diretamente associado à corporação, mas se interessa para garantir que ela siga socialmente responsável. Relacionado à influência, Rocha (2010) expõe que os stakeholders podem ter três tipos poder: • Poder formal: quando o stakeholder tem o direito legal ou contratual de tomar decisões em nome da corporação. Por exemplo, quando o dono do negócio e seus diretores tomam decisões, ou das agências reguladoras para as fiscalizações; • Poder econômico: quando o stakeholder detém algo de valor (serviços, produtos, capital, matéria-prima e mão de obra). Por exemplo, funcionários versus capacidade de trabalho; clientes versus capital; fornecedores versus matéria-prima; distribuidores versus centros de distribuição; 16 • Poder político: capacidade de persuadir legisladores, sociedade ou agências reguladoras. Por exemplo, notícias divulgadas que podem prejudicar ou beneficiar a corporação na sociedade. Em determinados projetos, os donos do negócio não interagem diretamente com demais pessoas envolvidas nas atividades. Não estão numa das equipes e nem na comunicação entre elas, pois acionistas e proprietários têm muitas outras responsabilidades. Eles não têm o tempo para dedicação, pois devem atender aos diversos conjuntos de recursos e capacidades que sua corporação possui. Todo relacionamento com stakeholders começa em manter um desempenho positivo, evitando ter outras pessoas representando o papel deles e que resultaria em confusão para todos, pois a insatisfação pode prejudicar a imagem e reputação da corporação. 5.1 Práticas para engajamento de stakeholders Muitas práticas compartilhadas em novos modelos de negócios e projetos podem conferir um melhor engajamento dos stakeholders. Para tanto, é preciso saber o que os stakeholders valorizam, tornando isso uma vantagem competitiva para a corporação. Seguem algumas práticas: • Tratar as partes interessadas como parceiros: esta prática resultará positivamente melhor se trabalharem juntas e cooperarem como parceiros. Esse esforço colaborativo funciona quando todas as partes interessadas sabem o que é necessário para ter sucesso, quando entendem e respeitam o que os colaboradores precisam; • Requerimentos: esta prática envolve as responsabilidades dos stakeholders, sendo importante para o entendimento de todos que as partes interessadas participam ativamente no negócio. Por isso, as partes interessadas precisam participar como parceiras, coletando informações básicas, documentando as regras do negócio, entre outros; • Manter um diálogo contínuo entre todos: nesta prática, é melhor trabalhar com as partes interessadas na identificação do que elas querem, obter feedback das partes interessadas e atualizar a solução. Por isso, todos os envolvidos precisam trabalhar de maneira evolutiva e colaborativa com os stakeholders; 17 • Manter os stakeholders envolvidos em todo o ciclo do novo projeto de negócio: esta prática envolve diálogo e participação pontual com os stakeholders, pois é importante estarem envolvidos e participarem de determinadas atividades, como: rever documentos; participar de demonstrações do projeto; participar das lições aprendidas; fornecer informações adicionais; construir cenários; realizar testes de aceitação; aprovar e definir mudanças nas especificações de requisitos; preparar a corporação para mudanças; • Garantir que todas as partes interessadas sejam identificadas: esta prática é importante para reconhecer a importância de identificar as partes interessadas para um novo processo, pois colherá aqueles que são afetados de alguma forma ou que podem influenciar no projeto; • Tornar as informações do novo projeto mais transparente para os stakeholders: esta prática refere-se a apresentar para as partes interessadas uma cópia do raciocínio para iniciar um projeto (documento estruturado), com a visão e os objetivos do projeto (melhorando a produtividade e a responsabilidade); • Usar tecnologia colaborativa: nesta prática, as partes interessadas devem poder revisar os requisitos à medida que são desenvolvidos e fazer comentários quando sentirem que os requisitos não atendem às suas necessidades. Uma boa dica é usar uma ferramenta colaborativa; • Monitorar o envolvimento das partes interessadas: nesta prática, os responsáveis pelo novo projeto ou negócio devem monitorar o engajamento das partes interessadas e tomar ações corretivas. É rastrear a atividade do stakeholder. Saiba mais Leia o artigo O que são e como usar ferramentas colaborativas, que oferece soluções que superam as barreiras geográficas e temporais entre pessoas, proporcionando economia financeira e aumento da competitividade entre empresas. Disponível em: <https://www.wetalkit.com.br/ferramentas- colaborativas/>. Acesso em: 21 jan. 2020. 18 REFERÊNCIAS ABREU, J. C. Administração Financeira I: finanças para empreendedores e iniciantes. Rio de Janeiro: FGV, 2015. CARNEIRO, M. F. S. Gestão Pública: o papel do planejamento estratégico, gerenciamento de portfólio, programas e projetos e dos escritórios de projetos na modernização da gestão pública. Rio de Janeiro: Brasport, 2010. HARRISON, J. S. Administração estratégica de recursos e relacionamentos. Porto Alegre: Bookman, 2005. MARQUES, E. CBAP®PREP: um curso em um livro. AllPrint, 2010. PEREIRA, C. Planejamento de comunicação: conceitos, práticas e perspectivas. Curitiba: InterSaberes, 2017. PORTAL ROBSON CAMARGO. O que são stakeholders? Saiba tudo sobre eles e sua importância. 2019. Disponível em: < https://robsoncamargo.com.br/blog/O- que-sao-stakeholders-Saiba-tudo-sobre-eles-e-sua-importancia>. Acesso em: 3 mar. 2019. PORTAL WETALKIT. O que são e como usar ferramentas colaborativas. 2019. Disponívelem: <https://www.wetalkit.com.br/ferramentas-colaborativas/>. Acesso em: 3 mar. 2019. ROCHA, T. [Org.]. Gestão dos stakeholders. São Paulo: Saraiva, 2010. SILVA, E. S. Dicionário de gestão. Porto: Vida Económica, 2013. AULA 2 MAPEAMENTO DE STAKEHOLDERS Prof. Alexandre Francisco de Andrade 2 TEMA 1 – OS MOTIVOS DA PARTICIPAÇÃO Para uma corporação ser bem-sucedida, ela vai precisar do amparo de todos os stakeholders nos planos de negócio para incentivarem os trabalhos das equipes de forma ativa para atingir todos objetivos. Sabemos que as pessoas não são muito boas em definir detalhes e o que elas querem. Entretanto, elas são muito boas em indicar o que pensam que querem, o que gostam e o que não gostam. Por isso, precisamos trabalhar com nossos stakeholders para identificar o que eles acham que querem. Neste processo, poderá haver várias implicações. Para atingir os objetivos na estratégia de trabalhar com eles, seguem algumas considerações: • Decisões oportunas: as partes interessadas devem estar preparadas para compartilhar o conhecimento do negócio com a equipe e tomar decisões pertinentes e oportunas sobre o planejamento e suas prioridades de requisito; • Adotando técnicas: as partes interessadas precisam aprender e adotar princípios baseados em técnicas de conceito participativo, garantir que sejam envolvidos; • Gestão com habilidade e conhecimento: para a alta administração ter apoio efetivamente num planejamento, seus stakeholders precisam entender as tecnologias e técnicas que as equipes estarão usando, por que a equipe os está usando e as implicações de usá-los. Com o conhecimento, todos os esforços dentro da corporação serão eficazes nos momentos certos; • Equipe envolvida desde o início: as partes interessadas reconhecem que as operações devem investir os recursos necessários em todo sistema de negócio e nas tecnologias aplicadas. As equipes devem dedicar um tempo para o aprendizado (treinamento); • Ter visão corporativa: toda equipe comprometida com um novo planejamento precisa integrar-se a todo sistema corporativo. A integração é difícil — se não impossível — sem a participação ativa dos stakeholders. Imagine como seria difícil acessar informações de um banco de dados se os proprietários (partes interessadas) desse banco de dados se recusassem a fornecer qualquer informação. As considerações acima são estratégias para trabalhar com os reais interessados, ou seja, é importante ter acesso regular e direto a eles ou seus 3 representantes, pois todo novo projeto numa corporação — seja no setor financeiro (incluindo corretagem), varejo, telecomunicações, e-commerce, produtos de software, governo e outros — precisam dos stakeholders participando. O envolvimento ativo das partes interessadas é importante, pois em muitas corporações, o suporte delas auxiliam no entendimento e na educação corporativa (gestão), tanto na tomada de decisão (entender as alternativas e os trade-offs) quanto na flexibilidade de acesso a elas de forma contínua. Algumas vezes, temos que trabalhar com os representantes dos stakeholders, mas a participação ativa das partes interessadas é crucial para o sucesso de qualquer projeto. Para tanto, mantenha um fluxo regular de comunicação com as partes interessadas, reforçando um feedback positivo pela participação deles. Assim, uma corporação só alcança seus objetivos num negócio com o apoio direto e envolvimento dos stakeholders, por exemplo, numa fusão de empresas e integração de novas pessoas, no lançamento de um novo produto, no aumento da produtividade, numa atuação de responsabilidade social, na melhoria do atendimento, na expansão com novas filiais e na adequação de novas normas e regulamentações (Rocha, 2010). É importante que a corporação comunique seus stakeholders para seguirem uma abordagem inicial conhecendo e concordando com os requisitos do novo plano de um projeto. Procre manter estes stakeholders atualizados periodicamente de como o projeto está indo e ter a aceitação deles para a continuidade, ou seja, com períodos definidos para o envolvimento deles numa abordagem ágil e necessária. 1.1 E quais fatores poderiam afetar a participação dos stakeholders? Podemos citar alguns fatores que impactam potencialmente na falta da participação ou com participação dos stakeholders, como: • estilo de participação (reativo – retardar ou proativo – promover); • relação (negativo – menos frequência ou positivo mais frequência); • canal de comunicação (formal – documentação com sobrecarga burocrática ou informal – face a face para reduzir a complexidade e os custos); 4 • disponibilidade (irregular – construção errada ou contínuo – chances de sucesso do projeto); • interação (facilitado – riscos de falhas com uso de intermediários ou ativo); • localização (co-localizada – interação mais ativa ou global – mínimaschance de sucesso). Outro ponto importante é deixar claro para os stakeholders os direitos e responsabilidades deles no planejamento de num novo negócio. Alguns direitos e obrigações para com seus stakeholders são: • Tratar com respeito; • Produzir e receber trabalho de qualidade em todos os momentos com base nos padrões e princípios acordados; • Estimar as atividades com as quais estão ativamente envolvidos; • Receber recursos adequados (por exemplo, tempo e dinheiro) para o que lhe foi pedido; • Determinar como os recursos serão investidos (tendo financiamento ou como os fundos serão gastos); • Obter o conhecimento pertinente para tornar o projeto um sucesso (aprender sobre as tecnologias e técnicas do negócio); • Tomar decisões em tempo hábil; • Receber informações em tempo hábil (comerciais e técnicas); • Possuir nos processos as tecnologias específicas para melhorar ativamente o exercício da atividade econômica da corporação quando necessário. São algumas das responsabilidades para com seus stakeholders: • Produzir um sistema que melhor atenda às necessidades da corporação dentro dos recursos que os stakeholders estão dispostos a investir; • Estar disposto a trabalhar com os outros, particularmente aqueles que estão fora de suas especialidades escolhidas; • Compartilhar todas as informações, incluindo "trabalho em andamento"; • Expandir ativamente o conhecimento e as habilidades. 5 TEMA 2 – OS DIFERENTES NÍVEIS DE STAKEHOLDERS Para muitas corporações, identificar as partes interessadas não é suficiente para garantir que elas atendam ao processo de planejamento de recursos necessários. Sabemos que a participação dos stakeholders significa uma atividade importante para a gestão de recursos e resultados esperados. A participação é uma habilidade de aprendizado por parte dos membros interessados e depende de uma capacidade corporativa articular confiança entre os stakeholders para assumirem um papel ativo no planejamento de um novo projeto. Os diferentes níveis de stakeholders depende da capacidade de negociação com estes interessados (alavancar ou declinar os resultados), que envolve a questão política ou econômica. Então, é preciso determinar a influência de cada um dos stakeholders. Precisamos entender o quanto ou pouco uma decisão de negócio afeta uma das partes interessadas, ou um departamento, ou a corporação que depende de seus objetivos, perspectivas e de seus stakeholders. Quando analisamos as partes interessadas, verificamos que nem todos têm as mesmas expectativas. É importante distinguir, para os diferentes níveis de stakeholders, a identificação e o gerenciamento de expectativas. Neste processo, são documentadas as necessidades e avaliado o nível de interesse ou influência de cada parte interessada. Com essas informações, é classificado cada tipo de stakeholder como principal, secundário ou terciário. Saiba mais No Portal Voitto, Thiago Coutinho descreveque o sucesso de qualquer empreendimento depende da participação de suas partes interessadas. Por isso, é necessário fazer um gerenciamento pautado na constante análise de stakeholders. Dessa forma, a empresa se assegurará de que as expectativas e interesses de cada parte sejam conhecidos e considerados pelos gestores em cada decisão a ser tomada. De modo geral, essas expectativas envolvem satisfação de necessidades, compensação financeira e comportamento ético. Cada interveniente ou grupo de intervenientes representam um determinado tipo de interesse no processo. O envolvimento de todos os intervenientes não maximiza obrigatoriamente o processo, mas permite achar um equilíbrio de forças, promover um bom relacionamento e minimizar riscos e impactos negativos na execução desse processo. Disponível em: 6 <https://www.voitto.com.br/blog/artigo/gestao-de-stakeholders>. Acesso em: 21 jan. 2020. 2.1 Os stakeholders principais Um stakeholder principal pode ser o beneficiário ou o alvo. Por exemplo, para as partes interessadas principais, um novo projeto poderia trazer benefícios individuais e práticos. Na reformulação de um processo de negócios, auxiliaria um departamento específico. Independentemente disso, as necessidades e expectativas dos stakeholders principais detêm a maior importância. 2.2 Os stakeholders secundários Em muitos projetos ou decisões, sempre afetarão pessoas ou grupos identificados como stakeholders secundários e seus efeitos podem ser positivos ou negativos, de forma sempre indireta. Por exemplo, um programa de segurança ocupacional voltado para reduzir lesões no local de trabalho pode diminuir o tempo de mão de obra gasto, criando relatórios de lesões, além de aumentar a produtividade e desempenho do processo. Neste ponto, as necessidades e expectativas das partes interessadas secundárias não são tão importantes quanto as partes interessadas primárias, pelo motivo da influência. 2.3 Os stakeholders terciários Este nível inclui as partes interessadas afetadas de forma mais indireta do que os stakeholders secundários, pois esse grupo inclui o proprietário da corporação, as agências públicas (federais e estaduais). Nesta etapa, é importante envolver as partes interessadas, pois suas opiniões e percepções podem determinar se um projeto será bem-sucedido ou não. Por exemplo, é vital obter o apoio de um grande patrocinador, como a de um proprietário de negócio, para um projeto que apresenta uma missão crítica ou uma importante decisão para os negócios. Outro ponto é o público apoiar ou se opor a uma tomada de decisão de negócios que envolve a mudança da corporação para uma determinada área, baseado nos benefícios ou riscos percebidos pela comunidade. 7 2.4 Tipos de stakeholders Não esqueçamos de que as partes interessadas são os indivíduos ou corporações que se interessam e participam ativamente num novo projeto de forma positiva ou negativa. Para Daychouw (2007), os tipos podem ser classificados como: • Campeões ou patrocinadores: acionistas, investidores, financiadores, parceiros, fontes externas de capitais, supervisores da alta gerência, diretores, dirigentes; • Internos: gerente de projeto, equipe do projeto, executivos, funcionários da organização, subcontratados, terceirizados, colaboradores, departamentos, fundos de serviços internos; • Externos: órgãos governamentais, fiscalização, agências reguladoras, sindicatos, ambientalistas, líderes de comunidade, comunidade, sociedade, mídia, grupos comunitários, familiares dos integrantes dos projetos, vizinhança; • Mercado do produto ou serviço: clientes (internos e externos), usuários, concorrentes, canais de distribuição, atacadistas, varejistas; • Mercado de fornecedores: fornecedores de matérias-primas, fornecedores de serviços, fornecedores de tecnologia. TEMA 3 – O PROCESSO PARA PARTICIPAR Todo processo participativo numa corporação requer o envolvimento de seus stakeholders. Claro que isso inclui a identificação das preocupações e valores públicos, tendo o desenvolvimento de um amplo consenso sobre as iniciativas nos negócios. É importante a utilização da quantidade de informação e conhecimento que os stakeholders detêm para encontrar as soluções viáveis, eficientes e sustentáveis. Na análise dos stakeholders, a corporação saberá o quanto terá de participação. Para isso, é necessário saber: • como identificar seus stakeholders; • qual a importância e influência deles; • os interesses deles; • o plano de estratégia deles. 8 Após a identificação, é analisada a importância de certos stakeholders envolvidos, o grau de influência e poder que uma parte interessada tem para afetar o resultado de sua participação. A participação dos stakeholders fornece uma compreensão de como: • associar-se a eles; • saber evitar possíveis conflitos; • ter uma visão geral sobre a importância dos stakeholders; • lidar com possíveis problemas; • facilitar o planejamento da interação dos stakeholders na corporação. A participação dos stakeholders nos negócios da corporação significa compartilhar um entendimento e envolvimento comum no processo de tomada de decisão, ou seja, uma decisão conjunta entre todos. Esse processo: • garante que as atividades dos stakeholders tenham reflexo nas reais necessidades e prioridades da corporação; • desenvolve um ambiente de confiança, permitindo que as informações dos stakeholders sejam ouvidas e seus possíveis problemas sejam conhecidos; • torna uma responsabilidade das partes interessadas; • permite aumentar o nível de confiança nas relações entre a corporação e seus stakeholders; • promove a transparência das ações; • garante que os stakeholders tenham responsabilidade por suas ações; • aumenta o interesse dos stakeholders, levando em conta suas opiniões e motivações. A participação dos stakeholders é uma estratégia fundamental para obter seu apoio ao negócio, seu comprometimento e aumentar as chances de sustentabilidade futura. Por exemplo, a elaboração de uma matriz de interesses e envolvimentos pode auxiliar a corporação a entender o nível de participação dos stakeholders. Podemos classificar as partes interessadas em primárias, secundárias e terciárias, separadas ainda por interesses, seu impacto potencial num negócio e sua prioridade. 9 Quadro 1 – Classificação das partes interessadas PARTES INTERESSADAS INTERESSES IMPACTO POTENCIAL PRIORIDADES PRIMÁRIOS SECUNDÁRIOS TERCIÁRIOS Claro que precisamos levar em consideração os recursos dos stakeholders no processo de sua participação, considerando seus recursos materiais e seus recursos imateriais, ou seja, seus conhecimentos, suas expertises e suas habilidades de liderança. Podemos, por exemplo, listar todos os stakeholders; separar por seus níveis de conhecimento e ação (pontuando sua contribuição de 0 a 3). Em seguida, aplicamos a mesma ideia de pontuar de 0 a 3 seus interesses e impactos, visando os objetivos da corporação e dos negócios. Depois, analisamos a legitimidade do stakeholder na sua participação e potencialidade com a mesma pontuação de 0 a 3. Assim, temos que identificar os seus recursos, inserindo também a pontuação de 0 a 3. Finalmente, somamos para obter a pontuação e concluímos por uma classificação o potencial de participação de cada stakeholder. Quadro 2 – Pontuação das partes interessadas PARTES INTERESSADAS C O N H E C IM E N T O IM P A C T O P O T E N C IA L L E G IT IM ID A D E R E C U R S O S F IN A N C E IR O S R E C U R S O S L O G ÍS T IC O S R E C U R S O S H U M A N O S P O N T U A Ç Ã O PRIMÁRIOS 1 2 3 3 0 1 10 SECUNDÁRIOS TERCIÁRIOS Este é apenas um exemplo. Cada corporação pode fazer mais matrizes e cruzar informaçõesque asseguram a harmonia na participação de seus stakeholders. Todo planejamento, com o apoio dos stakeholders, aumenta o engajamento dos interessados de forma geral, estruturado numa orientação de disseminar informações para facilitar as oportunidades e manter os recursos a serem financiados. 10 A estratégia da participação das partes interessadas está ligada à tomada de decisão. Diferencia-se para cada corporação, levando em conta o cenário em que se encontra, como as condições sociais, econômicas e políticas, pois teremos diferentes métodos de participação dos stakeholders, com uma abordagem e filosofia diferenciada. Lembre-se de envolver publicamente a parte interessada por meio de fóruns; elabore comitês consultivos para articular os interesses; reunir as partes interessadas para diálogos formais para aumentar a compreensão de um problema ou questão; fazer pesquisas para gerar informações relacionadas aos planos de negócio; montar grupos focais para concentrar assuntos específicos. Todo processo de participação será eficaz se integrar todos estes pontos que permitirá um papel importante no desempenho dos stakeholders. Saiba mais Leia o artigo A participação de stakeholders no planeamento e gestão do turismo e da recreação em áreas protegidas: fundamentos sobre o processo participativo. Disponível em: <http://www.scielo.mec.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S2182- 84582016000200011>. Acesso em: 21 jan. 2020. TEMA 4 – STAKEHOLDERS E O RELATÓRIO DE SUSTENTABILIDADE Uns dos principais objetivos de uma corporação é compreender se as melhores práticas entre seus parceiros e ação no mercado de negócios adotam as diretrizes certas nos seus relatórios de sustentabilidade, e se os stakeholders são significativamente consultados e envolvidos, por serem provedores de garantia durante os processos. É importante verificar se a prática, conhecida como garantia dos stakeholders, é de fato observado nos relatórios de sustentabilidade (integrando indicadores de sustentabilidade para dentro da contabilidade), assegurando que a corporação atende às características de qualquer garantia das partes interessadas. A pressão das partes interessadas obriga qualquer corporação a comprovar a eficácia, a responsabilidade e a transparência da governança por meio da divulgação da sustentabilidade corporativa. Então, é recomendado atender às necessidades das diversas partes interessadas e alcançar a melhoria contínua, pois as corporações devem se envolver com seus stakeholders e obtenham um feedback significativo sobre seus processos de desempenho e 11 relatórios de sustentabilidade, o que ajuda a atender às demandas das partes interessadas e melhora a agenda futura de sustentabilidade da corporação. Toda corporação define seus stakeholders como indivíduos e organizações que afetam ou são afetados pelos negócios da empresa. Uma corporação deve abordar uma gestão que visa alinhar as atividades corporativas com as necessidades da sociedade. Deve concentrar-se em coletar feedback das partes interessadas e construir relações de confiança, refletindo desde o início do processo de suas operações. Também deve estar atenta às visões da sociedade, identificar as oportunidades, os riscos em suas operações iniciais e oferecer uma variedade de oportunidades para o diálogo com seus stakeholders. Devemos considerar que, os acionistas e investidores de uma corporação são parceiros na criação de uma sociedade mais sustentável, visando uma compreensão mais profunda do negócio. Desta maneira, a corporação deve implantar um programa ativo que forneça informações de forma rápida e transparente, que apresente oportunidades para divulgar suas informações sobre sua visão de longo prazo para estratégias de gestão, inovações que está adotando com foco em aumentar sua competitividade e ações para atender às últimas tendências do mercado. Uma das etapas para se comunicar com acionistas e investidores é ter uma equipe interna que realize briefings de resultados (trimestral, semestral etc.). Por exemplo, a equipe de uma corporação que se reúne frequentemente com investidores e analistas sell-side (serviços financeiros: mercado de ações, obrigações e câmbio) para responder a consultas em tempo hábil. Esta corporação divulga proativamente suas informações sobre operações por meio de briefings de negócios e participação em conferências organizadas por partes interessadas. Toda corporação deve realizar eventos para apresentar suas atividades de negócios aos seus stakeholders, concentrando-se em temas mais relevantes para eles e disponibilizando as informações necessárias, aumentando assim a compreensão de seus negócios. Nesta etapa, a corporação tem a oportunidade de envolver sua equipe executiva e os proprietários na comunicação direta com seus stakeholders, promovendo nas reuniões o desenvolvimento de uma confiança em formas de interação, escutando opiniões e oferecendo as explicações necessárias. A sustentabilidade corporativa é importante de ser compreendida no quesito de análise de resultados de medidas sustentáveis e no impacto social e 12 ambiental das operações de uma corporação. O relatório é importante para determinar as decisões e avaliar futuros investimentos, como também acompanhar o aumento de consumidores e investidores mais conscientes com o meio ambiente. Muitos estudos comprovam que as corporações em determinados países com economias variadas, que adotam práticas ambientalmente sustentáveis enfrentam menos barreiras financeiras e alcançam alta lucratividade. É recomendável que as diferentes corporações com intensivas linhas em termos ambientais conheçam as regulamentações e mercados diferentes, pois o impacto das práticas ambientalmente sustentáveis pode variar em diferentes situações. Uma corporação deve visar ser mais amiga do meio ambiente para se beneficiar financeiramente. O que toda corporação espera é ter o foco dos seus stakeholders — investidores, governo, público e demais interessados. Todos eles querem saber que não só a corporação está fazendo lucro, mas também está contribuindo para uma sociedade economicamente positiva. Por exemplo, uma das principais maneiras pelas quais as corporações se tornaram mais lucrativas por meio de práticas ambientais aprimoradas foi reduzindo o consumo de recursos. Determinadas corporações se situam em setores intensamente poluentes ou em economias com padrões regulatórios rígidos. Suas práticas ambientais e uso de relatórios de sustentabilidade se encontram em condições operacionais mais favoráveis e bem vistas pelos seus stakeholders. Um exemplo de desempenho melhorado é com a aplicação das práticas de determinados fatores, como risco mitigatório, lucro mais alto, retorno sobre ativos, vendas médias, crescimento e menor custo de capital. Sempre com a influência das seguintes categorias: redução de emissões, inovação de produto e redução de recursos. Dessa maneira, toda corporação poderá ter mudanças positivas, num ambiente mais limpo, melhorando os negócios, pois ao elaborar relatórios de sustentabilidade, tornamos público a visão, o desafio social e ambiental, e os resultados econômico-financeiros. Saiba mais Leia o artigo da Griscom, que trata sobre relatórios de sustentabilidade. Disponível: <https://griscom.com.br/2018/09/25/relatorios-de-sustentabilidade/>. Acesso em: 21 jan. 2020. 13 TEMA 5 – MODELO DE GRI NA PRÁTICA As corporações implantam práticas de negócios sustentáveis, que são impulsionados pelo desejo de contribuir e impactar positivamente no desenvolvimento das comunidades que elas operam e da sociedade como um todo, visando os benefícios potenciais para a organização. Nesta visão de ter transparência corporativa, os relatórios empresariais são muitos importantes, não só em relação a indicadores financeiros,mas em relação à sustentabilidade. Neste ponto, para Gonzalez (2012), o Global Reporting Initiative (GRI), que são padrões de conformidade internacional com um conjunto de normas específicas, integra indicadores de sustentabilidade para dentro da contabilidade, com as seguintes linhas: • Tradição em relatórios exclusivamente financeiros: as empresas vêm percebendo que, ao elaborar relatórios de sustentabilidade, encontram um caminho para refletir e internalizar o tema, além de tornar públicos sua própria visão, desafios e resultados econômico-financeiros, sociais e ambientais com uma plataforma de comunicação e diálogo com seus stakeholders; • É uma organização multistakeholder, sem fins lucrativos, que desenvolve uma estrutura de relatórios de sustentabilidade; • A visão da GRI é manter rotineiro os relatórios de sustentabilidade, de desempenho econômico, ambiental e social. Também segundo Gonzalez (2012), as diretrizes da GRI: • apresentam dez princípios específicos que auxiliam na elaboração de relatórios; • ajudam as organizações a apresentarem uma visão equilibrada de seus desempenhos econômicos, ambiental e social; • facilitam a comparabilidade de relatórios, levando em conta os aspectos práticos da divulgação de informações por parte de organizações dos mais variados tipos. Para muitas corporações, a sustentabilidade era considerada um assunto nos negócios como discussão na redução do consumo de energia, em iniciativas de reciclagem, de arborização e de ação coletiva na comunidade. Atualmente, com as mudanças no cenário corporativo, temos a integração da sustentabilidade 14 como o núcleo das operações de negócios e na avaliação das capacidades de liderança. As corporações vêm desenvolvendo estratégias de negócios e culturas corporativas que incorporam a sustentabilidade como ponto principal na modelagem de seus negócios, no crescimento e gerenciamento de riscos. Quando uma corporação publica um relatório, ela assume a responsabilidade da transparência e verdade na informação, pressupostos básicos para os stakeholders. São quatro princípios, segundo Gonzalez (2012): 1. Relevância: as informações no relatório devem cobrir temas e indicadores que reflitam o impacto econômico, social e ambiental da organização e que possam influenciar os stakeholders; 2. Inclusão de stakeholders: a organização deve identificar seus stakeholders e explicar no relatório que medidas foram tomadas em respostas a seus interesses; 3. Contexto de sustentabilidade: o relatório deverá apresentar o desempenho da organização no contexto mais amplo da sustentabilidade; 4. Abrangência: a cobertura dos temas e indicadores deve cobrir toda a gama de impactos da organização. Surgiram novos princípios corporativos, como a economia circular, em que as preocupações ambientais e a eficiência operacional estão alinhadas, medindo o impacto em termos econômicos, ambientais, sociais e financeiros. Assim como investidores e financiadores colocam uma maior ponderação sobre fatores ambientais, sociais e de governança na avaliação do risco de crédito e opções de investimento. Com isso, a sustentabilidade tornou-se mais tangível e visível. Os relatórios descrevem esforços de sustentabilidade de uma corporação, estruturados em torno de pilares de sustentabilidade, como sustentabilidade institucional, cultural, operacional, ambiental, financeira, econômica e social, entre outras. Para promover mais o desempenho e a geração de relatórios ambientais, sociais e de governança corporativa. É importante destacar a importância de práticas comerciais sustentáveis na entrega de valor para seus stakeholders e demais públicos investidores e interessados. Exemplos de como promover uma economia circular: • Ser um investidor fundador para incubar e financiar empresas e infraestrutura que evitam o desperdício no meio ambiente; • Participar como parceiro em ações globais do Fórum Econômico Mundial, destinado a reunir empresas, a sociedade civil, governos locais e nacionais, 15 grupos comunitários e especialistas de classe mundial para colaborar na solução da poluição em geral; • Investir em soluções de reciclagem e gerenciamento de resíduos, desenvolvendo novos modelos de negócios para reciclagem comercial e estratégias de crescimento que monetizam os fluxos de reciclagem de resíduos pelo mundo; • Trabalhar em colaboração com as organizações não-governamentais (ONGs), incluindo doações financeiras e apoiar as soluções ambientais. Toda corporação que promover divulgações transparentes sobre questões ambientais, sociais e de governança pode ajudar outras a acessar o capital sustentável em longo prazo que as ajudará a contribuir com seu papel de corporações com objetivos de desenvolvimento sustentável. Com isso, poderá impulsionar a conformidade regulatória, o gerenciamento proativo de riscos e a construção de confiança e boa vontade dos stakeholders. Uma corporação deve ter na visão inicial do seu negócio a criação de valor para todas os seus stakeholders e impactar positivamente em transformar as economias onde a corporação opera. 16 REFERÊNCIAS DAYCHOUW, M. 40 Ferramentas e Técnicas de Gerenciamento. São Paulo: Brasport, 2007. FORTES, W. G.; SILVA, M. B. R. Eventos: estratégias de planejamento e execução. São Paulo: Summus, 2011. GONZALEZ, R. S. Governança corporativa: o poder de transformação das empresas. São Paulo: Trevisan, 2012. ROCHA, T. [Org.]. Gestão dos stakeholders. São Paulo: Saraiva, 2010. AULA 3 MAPEAMENTO DE STAKEHOLDERS Prof. Alexandre Francisco de Andrade 2 TEMA 1 – ENTENDENDO A GOVERNANÇA CORPORATIVA Governança corporativa é o sistema de regras, práticas e processos pelos quais uma empresa é dirigida e controlada. Envolve, essencialmente, equilibrar os interesses das diversas partes interessadas de uma empresa (como acionistas, executivos da alta administração, clientes, fornecedores, financiadores, governo e comunidade). “Trata da justiça, da transparência e da responsabilidade das empresas no trato de questões que envolvem os interesses do negócio e os da sociedade como um todo” (Gonzalez, 2012). A governança corporativa fornece a estrutura para alcançar os objetivos da empresa, abrangendo praticamente todos os aspectos da administração, desde planos de ação e controles internos até a mensuração do desempenho e divulgação. “São padrões de comportamento que conduzem à eficiência, ao crescimento e ao tratamento dados aos acionistas e a outros públicos estratégicos, tendo por base princípios definidos pela ética” (Gonzalez, 2012). Saiba mais Como podemos buscar soluções e melhorar as rotinas de governança corporativa? A Even Construtora e Incorporadora apostou na tecnologia para organizar as reuniões de seu conselho e seus comitês, que antes eram feitas de maneira manual. No final de 2017, a empresa de capital aberto, que atua no segmento de empreendimentos residenciais e comerciais há mais de 40 anos, implementou a plataforma Atlas Governance, que tem como objetivo automatizar as rotinas de governança corporativa de empresas, associações, cooperativas e outras entidades que possuam processos de governança. Para a Even, o principal ganho com a ferramenta foi na gestão do tempo (estimativas de mercado indicam que conselheiros desperdiçam até três horas por mês acessando materiais), já que a solução ajuda na organização da reunião, compartilhamento e proteção de materiais, e acompanhamento da implementação das decisões tomadas. Para atender a este público, a Atlas Governance investiu em uma aplicação ágil e extremamente simples. Com uma simples autenticação por reconhecimento facial ou impressão digital, o conselheiro já tem acesso aos materiais do Conselho ou comitê do qual participa (Portal Inforchannel, 2019). 3 1.1 Noções básicas de governançacorporativa Podemos dizer que governança se refere especificamente ao conjunto de regras, controles, políticas e resoluções postas em prática para ditar o comportamento corporativo. Os acionistas são partes interessadas importantes que afetam a governança, e “as boas práticas de governança corporativa visam alinhar os interesses dos stakeholders com a finalidade de preservar e otimizar o valor da organização” (Ruzzarin e Simionovschi, 2016). A palavra vem de um vocábulo grego que significa direção, ou seja, ato ou efeito de governar. “É a maneira pela qual o poder é exercido na administração dos recursos sociais e econômicos de um país visando o desenvolvimento” (Banco Mundial, 1992). A comunicação da governança corporativa é um componente essencial voltado para a comunidade e para as relações com investidores. Para Gonzalez (2012), a governança tem um foco maior em proprietários e seu retorno, pois é estratégico ter relações claras e transparentes com determinados públicos para atingir o retorno dos investimentos dos acionistas. A maioria das corporações se esforça para ter um alto nível de governança corporativa. Um ponto interessante é que, para muitos acionistas, não basta que uma corporação seja meramente lucrativa, ela precisa demonstrar boa cidadania corporativa por meio da conscientização ambiental, comportamento ético e práticas sólidas de governança corporativa. Figura 1 – Características de uma boa governança corporativa A governança corporativa é a estrutura de regras, práticas e processos usados para dirigir e administrar uma empresa. Seu objetivo é estreitar os relacionamentos e controles sobre os executivos, acionistas controladores e não controladores (Gonzalez, 2012). Não podemos esquecer que o conselho de administração de uma corporação é a principal força que influencia a governança corporativa. A má governança corporativa pode lançar dúvidas sobre a confiabilidade, integridade e BOA GOVERNANÇA CORPORATIVA CONJUNTO DE REGRAS E CONTROLES INCENTIVOS: Acionistas Conselheiros Diretores 4 transparência de uma corporação, afetando sua saúde financeira e a preocupação pública e governamental sobre governança corporativa. Sabemos que revelações divulgadas sobre a má conduta corporativa reavivam o interesse neste assunto. Por exemplo, a governança corporativa tornou-se uma questão considerável em alguns países na virada do século 21 após as práticas fraudulentas e falências de corporações de alto nível. Isso resultou na aprovação nos Estados Unidos, em 2002, da Lei Sarbanes-Oxley, que obriga exigências mais rígidas de manutenção de registros, além de duras penalidades criminais por violações e outras leis de valores mobiliários, visando restaurar a confiança do público. 1.2 Conhecendo o Conselho de Administração Os conselheiros são eleitos pelos acionistas ou indicados por outros conselheiros que representam os acionistas da corporação. São encarregados de tomar decisões importantes, como nomeação de executivos, remuneração de executivos e política de dividendos. Suas obrigações estendem-se além da otimização financeira, como resoluções que exigem determinadas questões sociais ou ambientais para serem priorizadas. A governança corporativa é a “representação das práticas e dos relacionamentos entre os acionistas/sócios, conselho de administração, diretoria, auditoria independente e conselho fiscal, com a finalidade de otimizar o desempenho das organizações e facilitar o seu acesso ao capital (Carver e Oliver, 2003). Saiba mais Leia os artigos da Money Times que tratam sobre governança corporativa. Disponível em: <https://moneytimes.com.br/governanca-corporativa/>. Acesso em: 21 jan. 2020. TEMA 2 – CRIANDO COMUNICAÇÃO EXTERNA Para manter e melhorar as relações com todos os interessados, ou seja, os stakeholders, é importante estabelecer e manter uma comunicação e um intercâmbio com essas partes interessadas. Desta maneira, os laços são fortalecidos à medida que a confiança é estabelecida, com base nas informações comunicadas, na abertura e transparência mostradas pela corporação. 5 A menos que exista um mecanismo claro e preciso para transmitir estas informações, existe o risco de omitir certos elementos que podem prejudicar a credibilidade da corporação e dar lugar a rumores e especulações. Em algumas situações, é necessário ter um plano de comunicação que procure definir os objetivos de comunicação de forma clara e precisa, além de definir a “mensagem” que a corporação queira transmitir. Figura 2 – Etapas do plano de comunicação externa A intenção do plano de comunicação é destacar o lugar da corporação no mercado e a natureza de sua contribuição e compromisso. Uma corporação deve construir ações que influenciam as melhores práticas para encontrar uma solução, reforçando que as relações com as partes interessadas sejam boas. Podemos afirmar que, quanto mais conciso o relacionamento entre uma corporação e seus stakeholders, mais o vínculo e o tipo de informação transmitida se aperfeiçoarão. Desta maneira, à medida que as partes interessadas e a corporação aprendem a se conhecer, informações mais específicas serão comunicadas. Nesse ponto, a corporação deve estar preparada para começar a criar a estrutura para sua definição de comunicação externa. Se realizada corretamente, pode ter um impacto significativo no crescimento de seu negócio. Os stakeholders não apenas ajudam a gerar o interesse e a atenção de que a corporação precisa, mas também dão a oportunidade de criar relacionamentos poderosos e positivos em longo prazo. 2.1 Como aproveitar estrategicamente a comunicação externa? Primeiramente, é preciso conhecer o público de interesse e saber a linguagem para decidir como será construída a comunicação, pois é necessário saber quem a receberá. Por exemplo: • Investidores e acionistas: são as pessoas de fora da corporação que ajudam ela a continuar crescendo; 6 • Influenciadores e parceiros: são as partes interessadas para ajudar a corporação em trabalhos que desenvolvam a marca; • Clientes e consumidores: são as pessoas que compram os produtos ou investem em seus serviços; • E todos aqueles que estão ao redor da corporação. Para Mendes (2017), as técnicas de diálogo com os stakeholders formulam estrategicamente a capacidade de uma corporação expressar seu compromisso com o ambiente externo, com os objetivos de: • manter todos os stakeholders da área de influência do empreendimento permanentemente informados a respeito das operações em curso; • criar um canal de comunicação permanentemente entre a corporação e seus stakeholders, construindo um ambiente de confiança entre eles; • desenvolver mecanismos que ajudem a promover a coexistência social pacífica e colaborativa entre a equipe de trabalhadores e funcionários da corporação e os habitantes das regiões em que atuam; • identificar os focos potenciais de conflito para apoiar uma ação estratégica futura; • buscar o consenso em torno de questões polêmicas surgidas ao longo do processo de diálogo. Os melhores resultados aparecem em cada parte da comunicação externa que possa agregar valor a cada uma das partes interessadas. Um ponto importante é pensar no que seus investidores precisam saber quanto aos valores da corporação. Atingir uma comunicação externa eficaz é essencial no aprimoramento da imagem corporativa criada e manter o relacionamento com os clientes. Para a maioria das corporações, o caminho para o sucesso é estruturado com análises, pois quanto mais se aprende sobre os stakeholders com os quais a corporação está se comunicando, mais aprimorada será a comunicação. Ao projetar as estratégias de comunicação externa, uma corporação deve avaliar e pensar nas diferentes preferências que cada parte interessada tem, ou seja, olhar para osacionistas, parceiros, consumidores, entre outros e encontrar os pontos que possam estimulá-los. 7 2.2 Vantagens das comunicações externas Para manter a eficiência e eficácia, a corporação deve estar organizada para entregar seus produtos e serviços aos seus clientes, deixando claro qual é o seu papel e sua responsabilidade na definição dos seus negócios, sabendo: • instruir clientes, acionistas e outras partes interessadas sobre o que a corporação representa, o que vende e para onde está indo; • sustentar as comunicações externas para manter relacionamentos duradouros com seus stakeholders e manter o interesse nos negócios por mais tempo; • envolver uma estratégia de comunicação externa para manter os diálogos com clientes, parceiros e outras partes interessadas; • mostrar aos seus stakeholders o que torna seu produto ou serviço tão valioso e convencer os investidores; • alimentar consistentemente que os negócios da corporação podem obter mais vantagem com novas conexões e relacionamentos. Construir uma estratégia de comunicação externa não é fácil, pois exige muita atenção da corporação tomar cuidado em traduzir a sua mensagem para vários públicos diferentes, ou seja, as partes interessadas. A vantagem é que, ao ser usada corretamente, as comunicações externas também ajudarão a alcançar muitos objetivos importantes para a corporação. O mais importante na comunicação externa é sobre ter discussões valiosas e reais com os stakeholders. Através dessas discussões, a corporação poderá desenvolver insights úteis sobre como tornar seu negócio mais lucrativo. Saiba mais Leia o artigo da EOS Consultores que trata sobre a comunicação corporativa. Disponível em: <https://www.eosconsultores.com.br/comunicacao- corporativa/>. Acesso em: 21 jan. 2020. TEMA 3 – APLICANDO AUDITORIA Com a contribuição das auditorias, os stakeholders podem conhecer como é a realidade de um componente do processo de desenvolvimento estratégico em andamento. Ou seja, a corporação pode ter vantagens com as auditorias, de maneira que possa revisar e avaliar seus controles internos, pois são um 8 componente imperativo de um programa de gerenciamento de problemas, que faz parte e é integrante da boa governança corporativa, essencial para contínua colaboração dos stakeholders. A análise feita pelas partes interessadas deve ser realizada como parte do comitê administrativo, em que determinadas atividades devem ser reportadas e ser de conhecimento de todos. Essa análise desempenha um papel importante na execução da estratégia, à medida que é alinhado com os stakeholders à sua estratégia. Mesmo com adoção de uma abordagem de “gerenciamento de stakeholders”, nos pontos a serem observados, uma mentalidade diferente é sugerida para a execução da estratégia, e o objetivo é adotar uma abordagem colaborativa com as partes interessadas, ou seja, um relacionamento recíproco mutuamente definido (ideia de troca ou permuta) deve ser reforçado. Os pontos observados, tendo de um lado os stakeholders e de outro o comitê administrativo da corporação. Eles correspondem às principais políticas contábeis, deficiências e falhas nos controles internos, relatórios financeiros, avaliação de riscos e possibilidades de fraudes. Estes devem ser divulgados aos stakeholders, pois à medida que os auditores iniciam os procedimentos de auditoria, muitas considerações podem aparecer, como mudanças impostas aos clientes internos pelo pessoal da contabilidade; mudanças nos sistemas contábeis e modelos de relatórios; mudanças nos processos de negócios; mudanças com fornecedores e terceiros; mudanças nas partes interessadas; entre outras. Na auditoria não pode haver dúvidas. Todo negócio de uma corporação deve estar alinhado à legislação e aos princípios contábeis, de acordo com os critérios e conformidade ao regime de competências. Toda auditoria num determinado processo da corporação e de interesse aos stakeholders deve iniciar e terminar dentro de uma conduta sem haver conflito que comprometa os administradores e funcionários. Quando falamos de conduta, toda corporação tem seu código que define responsabilidades sociais e ambientais, reflete a cultura corporativa e enuncia seus princípios fundamentados. Isso deve manter um relacionamento de ordem ética com seus stakeholders. Toda mudança cria riscos para uma auditoria e compromete a merecida confiança dos stakeholders. O lucro do engajamento diminui com esses fatores imprevistos, que leva os auditores a terem mais tempo no processo, custando mais do que o planejado. As partes interessadas mais poderosas e influentes podem conflitar com o mau uso dos ativos e nos abusos das novas transações entre eles. 9 3.1 Como mitigar esses possíveis riscos e não comprometer uma auditoria? É importante obter informações estratégicas exatas com todos os envolvidos na corporação e partes interessadas, focando num esforço de auditoria que atestará no final a sustentabilidade do negócio, dentre elas: • realizar uma análise dos stakeholders (um planejamento prévio adequado evitará um desempenho ruim); • definir seus stakeholders em indivíduos, grupos ou organizações que possam afetar ou serem afetados por uma decisão, por atividade ou por resultado (qualquer um que impacta positivamente ou negativamente é um stakeholder). Toda corporação deve criar um sistema de auditoria que contenha os critérios que suportam suas diretrizes de maneira adequada, e que apresentam periodicidade e profundidade na sua realização, conforme os objetivos corporativos. Toda auditoria garante a qualidade do produto ou serviço e é uma importante ferramenta para manter a confiança dos stakeholders. As partes interessadas típicas numa auditoria podem incluir: • CFO – Chief Financial Officer (Gerente de Controladoria); • CEO – Chief Executive Officer (autoridade máxima na corporação); • Clientes (parte interessada mais importante); • Acionistas (poder de decisão sobre os rumos que a corporação vai tomar); • Governo (interfere diretamente no contexto externo); • Órgãos reguladores (produtos devem atender requisitos estatutários); • Colaboradores (executam os processos); • Fornecedores (entrega de matéria-prima não conforme pode afetar a qualidade). Sabemos que as influências dos stakeholders podem configurar uma importante avaliação na questão de afetar ou ser afetados, principalmente, os que estão envolvidos na alocação de recursos, no recebimento da entrega e na conclusão do projeto. O objetivo é que identifiquem quais são seus stakeholders em diferentes níveis da corporação, analisando os seguintes pontos: • Quem será afetado pela auditoria? • Quais são os interesses, necessidades e expectativas? • Quais são as preocupações, fatores limitantes e restrições? 10 • Qual é o nível de poder e influência? Lembre-se de investir um pouco de tempo no início da auditoria e periodicamente identificar os stakeholders. Desta maneira, será determinado com antecedência como será o envolvimento das partes interessadas de alto poder e de alta influência. Assegurando, assim, a qualidade dos processos e cumprindo com os padrões estabelecidos pela corporação dentro das exigências legais. Saiba mais Leia o artigo Stakeholders têm a última palavra sobre se a auditoria interna agrega valor. Disponível em: <https://global.theiia.org/knowledge/chambers- portuguese/Pages/Stakeholders-tem-a-Ultima-Palavra-Sobre-se-a-Auditoria- Interna-Agrega-Valor.aspx>. Acesso em: 21 jan. 2020. TEMA 4 – CÓDIGO DE CONDUTA E SEUS STAKEHOLDERS Sabemos que os stakeholders são indivíduos ou grupos que se beneficiam com a transparência e valores éticos e morais de uma corporação que está comprometida com seus negócios através de uma conduta interna profissional que visa a conformidade dos seus processos de trabalho, a padronização e o
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