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Programa de Pós-Graduação EAD UNIASSELVI-PÓS AUDITORIA Autores: Paulo Roberto da Cunha Luiz Felipe Haider 657.45 C972a Cunha, Paulo Roberto da. Auditoria / Paulo Roberto da Cunha; Luiz Felipe. Haider. Indaial : Grupo UNIASSELVI, 2011. 140 p. il. Inclui bibliografia. ISBN 978-85-7830-357-0 1. Auditoria - 2. Contabilidade I. Centro Universitário Leonardo da Vinci II. Núcleo de Ensino a Distância III. Título CENTRO UNIVERSITÁRIO LEONARDO DA VINCI Rodovia BR 470, Km 71, no 1.040, Bairro Benedito Cx. P. 191 - 89.130-000 – INDAIAL/SC Fone Fax: (47) 3281-9000/3281-9090 Reitor: Prof. Dr. Malcon Tafner Diretor UNIASSELVI-PÓS: Prof. Carlos Fabiano Fistarol Coordenador da Pós-Graduação EAD: Prof. Norberto Siegel Equipe Multidisciplinar da Pós-Graduação EAD: Profa. Elisabeth Penzlien Tafner Prof. Norberto Siegel Revisão de Conteúdo: Prof. Anacleto Laurino Pinto Diagramação e Capa: Carlinho Odorizzi Copyright © Editora Grupo UNIASSELVI 2011 Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri UNIASSELVI – Indaial. UNIASSELVI – Indaial. Possui Graduação em Ciências Contábeis pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul – PUCRS (1985), especialização em Auditoria e Perícia pela Universidade do Vale do Itajaí, UNIVALI (2003) e Mestrado em Ciências Contábeis pela Fundação Universidade Regional de Blumenau, FURB (2005). Atualmente, é coordenador do curso de Ciências Contábeis da Faculdade Metropolitana de Blumenau, FAMEBLU, do GRUPO UNIASSELVI, e professor de Contabilidade Avançada; Análise das Demonstrações Contábeis e Auditoria. Publicou: Evidenciação Contábil do Uso de Instrumentos Derivativos nas Empresas de Santa Catarina; Voluntary Disclosure in Brazilian Companies: An Experimental Study; e Agronegócio: influência da Produção sazonal. Luiz Felipe Haider Possui graduação em Ciências Contábeis (2000) pela Universidade Regional de Blumenau (FURB). Possui especialização em Contabilidade Financeira e Auditoria pelo INPG – Instituto Nacional de Pós-Graduação (2001). É mestre em Ciências Contábeis (2005) pela FURB e doutorando em Ciências Contábeis e Administração. Atualmente, é professor de graduação e pós-graduação, nas disciplinas auditoria, análise das demonstrações contábeis e contabilidade geral. Possui artigos publicados em congressos como: Congresso de Controladoria e Contabilidade da USP, EnANPAD, ANPCONT, Congresso Brasileiro de Custos, Semead, entre outros. Possui também artigos publicados em periódicos como: Revista de Contabilidade & Finanças da USP, Revista BASE, Revista de Informação Contábil (RIC), Revista de Produção Online. Paulo Roberto da Cunha Sumário APRESENTAÇÃO ......................................................................7 CAPÍTULO 1 Auditoria Independente ..........................................................9 CAPÍTULO 2 Execução dos Trabalhos de Auditoria e Relatório dos Auditores ...................................................43 CAPÍTULO 3 Auditorias em Processos de Negociação de Empresas .....................................................83 CAPÍTULO 4 Auditoria Fisco-Tributária .................................................101 CAPÍTULO 5 Planejamento Tributário ...................................................123 APRESENTAÇÃO Caro(a) pós-graduando(a): O conteúdo deste caderno auxiliará, de forma prática, o profissional em suas atividades numa relação direta ou indireta com a auditoria. De forma direta, em se tratando de um profissional de auditoria, reforçará conceitos acerca de suas atividades exercidas no cotidiano de seu trabalho. Já de forma indireta, auxiliará os profissionais que têm suas atividades auditadas por auditores internos ou externos à sua empresa. Assim, neste caderno serão abordados os seguintes temas em cada um dos capítulos: Capítulo 1 – Auditoria Independente: Neste capítulo conceituamos a auditoria independente e demonstramos seus objetivos. Destacamos quais são as normas e órgãos relacionados com a auditoria independente, bem como mostramos as diferenças existentes entre auditoria independente e auditoria interna. Para finalização do capítulo, discutimos sobre os procedimentos de auditoria, bem como sobre os papéis de trabalho do auditor. Capítulo 2 – Execução dos trabalhos de Auditoria e Relatórios dos Auditores: após conhecer as noções preliminares sobre a auditoria independente, passamos para uma etapa de execução dos trabalhos de auditoria. Nesse processo, discutimos o planejamento do trabalho do auditor, como são avaliados os controles internos das empresas e como percebemos a aplicação dos procedimentos de auditoria, estudados no capítulo anterior. Por fim, apresentamos como o auditor independente expressa sua opinião por meio dos relatórios de auditoria. Capítulo 3 – Auditorias em processos de negociação de empresas: Neste capítulo apresentamos o conceito e o entendimento dos tipos de transformação societária e como a auditoria se relaciona nesse processo. Também destacamos que em processos de aquisição de empresas, os serviços de due diligence são requisitados pelos compradores. Estes serviços também são realizados por consultorias que se utilizam de técnicas e do conhecimento da auditoria. Capítulo 4 – Auditoria fisco-tributária: Neste capítulo damos outro enfoque ao trabalho de auditoria, o tributário. Demonstramos um panorama geral sobre as auditorias na área fiscal e tributária, discorremos sobre programas de trabalho específico para este fim, bem como, apresentamos especificidades do relatório do auditor. Capítulo 5 – Planejamento tributário: Para fechamento do caderno, abordamos o planejamento tributário de uma empresa. Destacamos a necessidade do conhecimento da empresa, seus produtos e suas operações para que possamos executar o planejamento tributário. São enfatizadas apreciações objetivas e, em conjunto com os auditados, de possibilidades de economia tributária, legalmente admitidas. Bons estudos!!! CAPÍTULO 1 Auditoria Independente A partir da perspectiva do saber fazer, neste capítulo você terá os seguintes objetivos de aprendizagem: 9 Conhecer as normas e procedimentos exigidos pelo Conselho Federal de Contabilidade e Comissão de Valores Mobiliários relacionados à auditoria independente, para poder aplicar nas atividades profissionais. 9 Diferenciar a auditoria interna da auditoria independente. 9 Realizar auditorias de forma alinhada às exigências operacionais e legais. 10 Auditoria 11 Auditoria IndependenteCapítulo 1 Contextualização A elaboração e a divulgação das demonstrações contábeis devem atender aos princípios e normas gerais da contabilidade, aos órgãos reguladores e às legislações vigentes. Porém, apesar da necessidade de atender a esses princípios, normas e legislações vigentes, existe a possibilidade da elaboração das demonstrações contábeis sem atender a essas premissas. Para assegurarmos que as demonstrações contábeis apresentadas pelas organizações expressem a real situação econômico-financeira e patrimonial, é interessante e, em alguns casos, obrigatório, que as mesmas sejam revisadas e testadas por profissional de auditoria contábil. Nesse sentido, entendemos que a auditoria contábil é importante para conferir credibilidade ao processo e produto da contabilidade. As demonstrações contábeis auditadas tendem a conferir maior confiança, fazendo com que seus usuários possam tomar decisões pautadas em números que lhes transmitam segurança, evitando a preocupação de que as informações tenham sido manipuladas ou estejam revestidas de erros. Destacamos que a atividade profissional exercida pelo auditor contábil é associada às percepções de credibilidade,lisura, responsabilidade e confiabilidade perante a sociedade. Mesmo que o auditor emita seu parecer sobre as demonstrações contábeis da empresa que contratou seus serviços, sua opinião atinge uma dimensão maior, visto os diversos usuários que se utilizam das informações atestadas pelo auditor. Com a necessidade de atender às expectativas desses diversos usuários, o auditor assume responsabilidade social perante a credibilidade de fé pública, refletida no seu parecer de auditoria. Para fundamentar sua opinião, o auditor deve aplicar procedimentos de auditoria, que são o conjunto de técnicas que possibilitam, ao mesmo tempo, reunir evidências ou provas suficientes e adequadas para fundamentar e suportar seu parecer. Para tanto, faz-se necessário verificar e testar as transações ocorridas na empresa, analisar e testar documentos, livros, sistemas de controle interno, demonstrações contábeis. Devem ser observados e analisados pelo auditor todos os meios para satisfazer os requisitos necessários de apreciação, para suportar e servir de respaldo à emissão de sua opinião final. Além da opinião final do auditor, a auditoria atingiu uma dimensão mais ampla nas organizações, que ampliaram sua visão sobre os benefícios que uma auditoria traz consigo. Os serviços de auditoria não são mais contratados somente para atender às exigências de órgãos reguladores. 12 Auditoria A classe empresarial adere aos trabalhos de auditoria na medida em que entende que a auditoria não se resume a uma atividade fiscalizadora. Empresas de auditoria auditam, geralmente, várias organizações do mesmo setor de atividade. Com isso, os auditores acumulam experiência em relação ao negócio e procuram utilizar as melhores medidas e práticas relacionadas com a atividade, efetuando um trabalho com qualidade em constante evolução. A respeito da utilização da auditoria nas organizações, Souza (1999, p. 2) descreve que: o uso da auditoria sempre é proveitoso para as empresas. Ainda que as contas estejam corretas e que os controles internos sejam seguros, a certificação do nível de qualidade e de credibilidade dos informes se constitui em sinalizador inequívoco para a condução dos negócios. Afora este aspecto, há que se considerar a importância da visão de profissionais externos, a imparcialidade da informação e a verdade acerca da performance das contas e da saúde do investimento. Para todas as entidades, públicas ou privadas, o uso da auditoria assume relevância crescente, à medida que a transparência precisa se constituir no centro do gerenciamento dos recursos. A utilização dos trabalhos de auditoria para verificar a adequação dos controles internos e das demonstrações contábeis faz parte de uma medida gerencial moderna e evoluída, comprometida com os propósitos determinados pela administração. Este capítulo é fundamental para os demais capítulos, pois os procedimentos de auditoria e os papéis de trabalho estarão relacionados com os seguintes tópicos: • planejamento de auditoria (no capítulo 2): um bom planejamento deve estar bem documentado nos papéis de trabalho, de forma a dar subsídios aos auditores na execução dos procedimentos de auditoria; • avaliação dos controles internos (no capítulo 2): na verificação dos controles internos, diversos procedimentos de auditoria devem ser executados. Cabe ao auditor escolher o procedimento mais adequado a cada tipo de teste realizado; • parecer dos auditores (no capítulo 2): o parecer é suportado pelos papéis de trabalho; • procedimentos de due diligence (capítulo 3): diversos procedimentos de auditoria são aplicados em trabalhos de due diligence. 13 Auditoria IndependenteCapítulo 1 Essa inter-relação você perceberá com o estudo deste e dos demais capítulos. Para tanto, no presente capítulo iniciamos com o conceito e objetivo da auditoria e os órgãos que se relacionam com a auditoria. A seguir, demonstramos a diferença entre a auditoria independente com a auditoria interna. Na sequência estudaremos os procedimentos de auditoria e finalizamos este capítulo com os papéis de trabalho. Conceito de Auditoria A auditoria, conforme o Report of the Committee on Basic Auditing Concepts of the American Accounting Association (Relatório da Comissão sobre Conceitos básicos de auditoria da Associação Americana de Contabilidade), citado por Boynton, Johnson e Kell (2002, p. 30-31), é definida como “um processo sistemático de obtenção e avaliação objetiva de evidências sobre afirmações a respeito de ações e eventos econômicos, para aquilatação do grau de correspondência entre as afirmações e critérios estabelecidos, e de comunicação dos resultados a usuários interessados”. Para você não ter dúvidas: Report of the Committee on Basic Auditing Concepts of the American Accounting Association – Relatório do Comitê sobre Conceitos Básicos de Auditoria da Associação Americana de Contabilidade. A partir da perspectiva desses autores, você verifica que a auditoria é concebida dentro de um contexto macro, mencionando o que é e para que se destina, sem uma abordagem direcionada de atuação. Franco e Marra (2001, p. 28) já possuem uma visão mais focada e definem a auditoria como “o exame de documentos, livros e registros, inspeções e obtenção de informações, internas e externas, relacionadas com o controle do patrimônio, objetivando mensurar a exatidão desses registros e das demonstrações contábeis deles decorrentes”. Observamos que a definição anterior tem um caráter de exame e verificação que se direciona às demonstrações contábeis. Porém, numa abordagem 14 Auditoria direcionada ao propósito da auditoria independente com foco nas demonstrações contábeis, a auditoria constitui o conjunto de procedimentos com objetivo a emitir um parecer sobre a sua adequação aos Princípios Fundamentais de Contabilidade, às Normas Brasileiras de Contabilidade e legislação específica pertinente. Entendemos, assim, que a auditoria das demonstrações contábeis é uma atividade que visa verificar as demonstrações contábeis de uma entidade por um profissional da especialidade, com base em normas profissionais e legais, cujo objetivo é verificar se essas representam a efetiva situação econômico-financeira e patrimonial da empresa. Você já deve ter percebido, a partir dos conceitos descritos, que o objetivo da auditoria das demonstrações contábeis consta no próprio conceito, que é o de expressar opinião se essas representam fidedignamente a situação econômico-financeira e patrimonial da empresa. De forma específica, descrevemos na seção a seguir o objetivo da auditoria. Objetivo da Auditoria Conforme Attie (1998, p. 32), o objetivo da auditoria das demonstrações contábeis: [...] é expressar uma opinião sobre a propriedade das mesmas [as demonstrações contábeis] e assegurar que elas representam adequadamente a posição patrimonial e financeira; o resultado de suas operações e as origens e aplicações de recursos correspondentes aos períodos em exame, de acordo com os princípios de contabilidade aplicados com uniformidade durante os períodos. A Resolução 1.203/09, do Conselho Federal de Contabilidade, em seu item 3, ressalta que: [...] o objetivo da auditoria é aumentar o grau de confiança nas demonstrações contábeis por parte dos usuários. Isso é alcançado mediante a expressão de uma opinião pelo auditor sobre se as demonstrações contábeis foram elaboradas, em todos os aspectos relevantes, em conformidade com uma estrutura de relatório financeiro aplicável. As demonstrações contábeis, nas quais o auditor emite sua opinião, são as preconizadas no art. 176 da Lei 6.404/76 com as alterações advindas da Lei A auditoria das demonstrações contábeis é uma atividade que visaverificar as demonstrações contábeis de uma entidade por um profissional da especialidade, com base em normas profissionais e legais, cujo objetivo é verificar se essas representam a efetiva situação econômico- financeira e patrimonial da empresa. 15 Auditoria IndependenteCapítulo 1 11.638/07, sendo: i) Balanço patrimonial; ii) Demonstração do resultado do exercício; iii) Demonstração dos lucros ou prejuízos acumulados; iv) Demonstração do fluxo de caixa; v) Demonstração do valor adicionado, se companhia aberta. Ressaltamos ainda que as demonstrações serão complementadas por notas explicativas, e outros quadros analíticos ou demonstrações contábeis, necessários para esclarecimento da situação patrimonial e dos resultados do exercício, que devem ser analisadas pelos auditores também. Para que a auditoria tenha os seus objetivos atingidos é necessário que seja conduzida em consonância às normas de auditoria. Nesse contexto, Almeida (2003, p. 37) esclarece que “as normas de auditoria representam as condições necessárias a serem observadas pelos auditores externos no desenvolvimento do serviço de auditoria”. Em relação às normas de auditoria no Brasil, temos novidades e veremos no próximo tópico. Normas de Auditoria Crepaldi (2004, p. 121) expõe que “as normas de auditoria geralmente aceitas orientam os auditores na realização de seus exames e na preparação de relatórios”. A auditoria independente de demonstrações financeiras de todas as empresas com exercícios iniciados a partir de janeiro de 2010 deverá obrigatoriamente ser feita utilizando as novas Normas Brasileiras de Auditoria, aprovadas no final de novembro de 2009 pelo Conselho Federal de Contabilidade (CFC). São 37 Normas Brasileiras de Contabilidade Técnica de Auditoria Independente de Informação Contábil Histórica (NBC TA) e uma Norma Brasileira de Contabilidade Profissional do Auditor Independente (NBC PA) que estão convergidas ao padrão internacional (IBRACON, 2009). Estas normas estão em consonância com as normas internacionais de auditoria, que são denominadas de IAS – A auditoria independente de demonstrações financeiras de todas as empresas com exercícios iniciados a partir de janeiro de 2010 deverá obrigatoriamente ser feita utilizando as novas Normas Brasileiras de Auditoria. São 37 Normas Brasileiras de Contabilidade Técnica de Auditoria Independente de Informação Contábil Histórica (NBC TA). 16 Auditoria International Auditing on Standards. Essas novas normas de auditoria são resultantes do esforço do Comitê Gestor da Convergência no Brasil, que contou com o apoio de profissionais associados ao Ibracon (Instituo Brasileiro de Auditores Independentes) e representantes do CFC que se dedicaram ao projeto. Para você não ter dúvidas: O Comitê Gestor, criado pelo CFC em 2007, coordena o trabalho de convergência de normas das áreas de auditoria, de assuntos regulatórios e contabilidade para o setor privado e o setor público, sendo que o alinhamento da contabilidade societária ao padrão internacional (IFRS) é operacionalizado fundamentalmente através do trabalho do Comitê de Pronunciamentos Contábeis (CPC). (IBRACON, 2009). Conforme o Ibracon (2009), as normas aprovadas mantêm a numeração original das normas internacionais, emitidas pela Federação Internacional de Contadores (IFAC - International Federation of Accounting). Por exemplo: - NBC TA 200 (Norma Brasileira). - ISA 200 (Norma Internacional). O Ibracon (2009) afirma que a numeração manteve-se igual ao IFAC para facilitar as citações e revisões futuras em comparação com as normas internacionais e, principalmente, para deixar transparente a equivalência entre as normas brasileiras e as internacionais. De maneira geral, isso facilitará a comunicação. Demonstramos, no quadro 1, todas as normas de auditoria que estão vigentes desde o dia 1º de janeiro de 2010, na qual os profissionais de auditoria deverão observar. NORMAS DE AUDITORIA - Norma Brasileira de Contabilidade Profissional do Auditor Independente (NBC PA): Estas normas estão em consonância com as normas internacionais de auditoria, que são denominadas de IAS – International Auditing on Standards. 17 Auditoria IndependenteCapítulo 1 NBC PA 1 Controle de qualidade para auditores (pessoas jurídicas e físicas) que executam exames de auditoria e revisões de informação contábil histórica, outros trabalhos de asseguração e serviços correlatos. NBC PA 03 Independência - Normas Brasileiras de Contabilidade Técnica de Auditoria Independente de Informação Contábil Histórica (NBC TAs): NBC TA 01 Estrutura conceitual para trabalhos de asseguração. NBC TA 200 Objetivos gerais do auditor independente e a condução de uma auditoria em conformidade com normas de auditoria. NBC TA 210 Concordância com os termos de trabalho de auditoria. NBC TA 220 Controle de qualidade de uma auditoria de demonstrações contábeis. NBC TA 230 Documentação de auditoria. NBC TA 240 Responsabilidade do auditor relacionada com fraude em auditoria de demon- strações contábeis. NBC TA 250 Consideração de leis e regulamentos em auditoria de demonstrações contábeis. NBC TA 260 Comunicação com os responsáveis pela governança. NBC TA 265 Comunicação de deficiências do controle interno. NBC TA 300 Planejamento de uma auditoria de demonstrações contábeis. NBC TA 315 Identificação e avaliação dos riscos de distorção relevante por meio do entendi- mento da entidade e do seu ambiente. NBC TA 320 Materialidade no planejamento e na execução de auditoria. NBC TA 330 Resposta do auditor aos riscos avaliados. NBC TA 402 Considerações de auditoria para a entidade que utiliza uma organização presta- dora de serviços. NBC TA 450 Avaliação de distorções identificadas durante a auditoria. NBC TA 500 Evidência de auditoria. NBC TA 501 Evidência de auditoria - Considerações específicas para itens selecionados. NBC TA 505 Confirmações externas. NBC TA 510 Trabalhos iniciais, saldos iniciais. NBC TA 520 Procedimentos analíticos. NBC TA 530 Amostragem em auditoria. NBC TA 540 Auditoria de estimativa contábil, inclusive do valor justo, e divulgações selecio- nadas. NBC TA 550 Partes relacionadas. NBC TA 560 Eventos subseqüentes. NBC TA 570 Continuidade operacional NBC TA 580 Representações formais. NBC TA 600 Considerações especiais - Auditorias de demonstrações contábeis de grupos (incluindo o trabalho dos componentes). 18 Auditoria NBC TA 610 Utilização do trabalho de auditoria interna. NBC TA 620 Utilização do trabalho de especialistas. NBC TA 700 Formação da opinião e emissão do relatório do auditor independente sobre as demonstrações contábeis. NBC TA 705 Modificações na opinião do auditor independente. NBC TA 706 Parágrafos de ênfase e parágrafos de outros assuntos no relatório do auditor independente. NBC TA 710 Informações comparativas - Valores correspondentes e demonstrações con- tábeis comparativas. NBC TA 720 Responsabilidade do auditor em relação a outras informações incluídas em documentos que contenham demonstrações contábeis. NBC TA 800 Considerações especiais - Auditorias de demonstrações contábeis elaboradas de acordo com estruturas conceituais de contabilidade para propósitos especiais. NBC TA 805 Considerações especiais - Auditoria de quadros isolados das demonstrações contábeis e de elementos, contas ou itens específicos das demonstrações contábeis. . NBC TA 810 Trabalhos para a emissão de relatório sobre demonstrações contábeis conden- sadas Quadro 1 – Novas normas de auditoria Fonte: Extraído e adaptado de: Ibracon (2009). Observem no quadro 1 que as novas normas de auditoria estão agrupadas em seções, por aproximação de assuntos, da seguinte forma: – Seção 200 – Princípios Gerais e Responsabilidades; – Seção 300 e Seção 400 – Avaliação dos Riscos e Respostas aos RiscosAvaliados; – Seção 500 – Evidência de Auditoria; – Seção 600 – Utilização do Trabalho de Outros; – Seção 700 – Conclusão de Auditoria e Emissão de Relatórios; – Seção 800 – Áreas Específicas. Devemos entender que o auditor deve ater-se às normas de auditoria, visto que, conforme Crepaldi (2004, p. 124), as normas “são regras estabelecidas pelos órgãos reguladores da profissão contábil, em todos os países, com o objetivo de regular o exercício da função do auditor, estabelecendo orientação e diretrizes a serem seguidas por esses profissionais no exercício de suas funções”. O conhecimento e o respectivo atendimento às normas reveste os trabalhos dos auditores com a qualidade necessária que se espera deste tipo de profissional. As normas “são regras estabelecidas pelos órgãos reguladores da profissão contábil, em todos os países, com o objetivo de regular o exercício da função do auditor, estabelecendo orientação e diretrizes a serem seguidas por esses profissionais no exercício de suas funções”. 19 Auditoria IndependenteCapítulo 1 Caro(a) aluno(a), após apresentado o conceito e objetivo de auditoria e as normas de auditoria, no próximo tópico vamos discutir os órgãos que são relacionados a esta atividade e, na seqüência, qual a diferença entre a auditoria independente e a auditoria interna. Órgãos Relacionados à Auditoria Os principais órgãos relacionados com a auditoria no Brasil são o Conselho Federal de Contabilidade (CFC), o Conselho Regional de Contabilidade (CRC), a Comissão de Valores Mobiliários (CVM), o Instituto dos Auditores Independentes do Brasil (Ibracon) e o Instituto dos Auditores Internos do Brasil (Audibra). É possível que você já tenha ouvido falar de alguns desses órgãos, contudo, para conhecê-los com maior detalhamento, vamos descrevê-los a seguir. a) Conselho Federal de Contabilidade (CFC) e os Conselhos Regionais de Contabilidade (CRC) O CFC e os CRCs foram criados por meio do Decreto-lei 9.295, de 27 de maio de 1946. São os conselhos que representam a classe dos contadores no Brasil e, por consequência, os auditores. A principal finalidade dos conselhos é o registro e fiscalização do exercício da profissão do contador, além da emissão de normas técnicas e profissionais que norteiem o trabalho do profissional contábil. Destacamos que somente o contador registrado no CRC poderá exercer a função de auditor independente. Além disso, os contadores que pretendem atuar como auditores independentes no mercado de valores mobiliários, de instituições financeiras e seguros privados, devem ter o registro profissional no Cadastro Nacional de Auditores Independentes (CNAI) do Conselho Federal de Contabilidade (CFC). Para possuir esse registro, o contador deverá passar no Exame de Qualificação Técnica, que tem por objetivo aferir o nível de conhecimentos e a competência técnico-profissional necessários para atuação na área da Auditoria Independente. b) Comissão de Valores Mobiliários (CVM) A CVM foi criada por meio da Lei 6.385, de 7 de dezembro de 1976. É uma entidade autárquica em regime especial, vinculada ao Ministério da Fazenda, com personalidade jurídica e patrimônio próprios. Dentre as diversas finalidades da CVM, de modo geral sua função é regular e assegurar o funcionamento eficiente do mercado de valores mobiliários do Brasil. Almeida (2003, p.31) enfatiza que “ela funciona como um órgão fiscalizador 20 Auditoria do mercado de capitais do Brasil. O auditor externo, para exercer atividades no mercado de valores mobiliários, está sujeito ao prévio registro na CVM”. Este registro na CVM pode ocorrer sob duas categorias: a) Auditor independente – Pessoa Física, b) Auditor independente – Pessoa Jurídica. Para o contador efetuar o registro de auditor independente na CVM, esse deverá observar o que preceitua a Instrução da CVM 308, de 14 de maio de 1999. A Resolução 308 da CVM dispõe sobre o registro e o exercício da atividade de auditoria independente no âmbito do mercado de valores mobiliários e define os deveres e as responsabilidades dos administradores das entidades auditadas no relacionamento com os auditores independentes. Se você quiser conhecer o conteúdo integral da CVM 308, basta acessar o endereço a seguir: http://www.cvm.gov.br/asp/cvmwww/atos/exiato.asp?File=%5 Cinst%5Cinst308.htm Almeida (2003, p.31) complementa que “a CVM também estabelece regras para os auditores independentes e normas de contabilidade a serem seguidas pelas sociedades” que atuam no mercado de valores mobiliários. Auditoria Independente x Auditoria Interna Esse tópico procura demonstrar e diferenciar a auditoria independente (externa), foco desta disciplina, da auditoria interna. Inicialmente, procuramos mostrar essa diferença pelo conceito dos dois tipos de auditoria. O Conselho Federal de Contabilidade (CFC), por meio da Resolução 986, de 21 de novembro de 2003, descreve que a auditoria interna compreende os exames, análises, avaliações, levantamentos e comprovações, metodologicamente estruturados para a avaliação da A auditoria interna compreende os exames, análises, avaliações, levantamentos e comprovações, metodologicamente estruturados para a avaliação da integridade, adequação, eficácia, eficiência e economicidade dos processos, dos sistemas de informações e de controles internos integrados ao ambiente, e de gerenciamento de riscos, com vistas a auxiliar a administração da entidade no cumprimento de seus objetivos. 21 Auditoria IndependenteCapítulo 1 integridade, adequação, eficácia, eficiência e economicidade dos processos, dos sistemas de informações e de controles internos integrados ao ambiente, e de gerenciamento de riscos, com vistas a auxiliar a administração da entidade no cumprimento de seus objetivos. Diversas empresas têm o setor de auditoria, que efetuam trabalhos de controle interno nas áreas de compras, vendas, estoques e custos, no financeiro, entre outras áreas, com o intuito de verificar a integridade e adequação dos processos. Em relação à auditoria independente (externa), o foco está na auditoria das demonstrações contábeis. Nesse sentido, o Conselho Federal de Contabilidade, por meio da Resolução 1.203, de 27 de novembro de 2009, destaca que o objetivo da auditoria é aumentar o grau de confiança nas demonstrações contábeis por parte dos usuários. Isso é alcançado mediante a expressão de uma opinião pelo auditor sobre se as demonstrações contábeis foram elaboradas, em todos os aspectos relevantes, em conformidade com uma estrutura de relatório financeiro aplicável. No caso da maioria das estruturas conceituais para fins gerais, essa opinião expressa se as demonstrações contábeis estão apresentadas adequadamente, em todos os aspectos relevantes, em conformidade com a estrutura de relatório financeiro. A auditoria conduzida em conformidade com as normas de auditoria e exigências éticas relevantes capacita o auditor a formar essa opinião. Você deve ter compreendido que, nos conceitos utilizados pelo CFC, a auditoria interna tem um direcionamento para avaliação e adequação dos controles internos; enquanto que na auditoria externa o foco está na emissão do relatório de auditoria. Para Crepaldi (2004, p. 48), existem diferenças fundamentais entre a auditoria independente (externa) e a auditoria interna, entre as quais ressalta: a) extensão dos trabalhos: o escopo dos trabalhos feitos pelo auditor interno normalmente é determinado pela gerência; enquanto a extensão do exame do auditor externo é determinada pelas normas usuais reconhecidas no país ou requerida por legislação específica; b) direção: o auditor interno dirige seus trabalhos para assegurar que o sistema contábil e de controle interno funcione eficientemente,a fim de que os dados contábeis fornecidos à gerência apresentem os fatos com exatidão. Os trabalhos do auditor externo, entretanto, são determinados por seu dever de fazer com que as demonstrações contábeis a serem apresentadas a terceiros, como, por exemplo, Auditoria independente (externa), o foco está na auditoria das demonstrações contábeis. O objetivo da auditoria é aumentar o grau de confiança nas demonstrações contábeis por parte dos usuários. 22 Auditoria acionistas, investidores, fornecedores, fiscalização, reflitam com propriedade a situação contábil de uma empresa em certa data, e os resultados das operações do período examinado; c) responsabilidade: a responsabilidade do auditor interno é para com a gerência; ao passo que a responsabilidade do auditor externo geralmente é mais ampla. É evidente que o auditor interno, sendo funcionário da empresa, não tem a condição de total independência que possui o auditor externo; d) métodos: não obstante as diferenças apontadas, os trabalhos de ambos são efetuados em geral por métodos idênticos. O auditor interno segue mais as rotinas de cunho interno, ou seja, observa o cumprimento rígido das normas internas, pois ele tem o domínio da cultura da empresa; enquanto o auditor externo observa mais o cumprimento das normas associadas às leis de forma bem ampla, ele tem melhor domínio dos aspectos de interesse coletivo. Mediante estas diferenciações entre auditoria interna e externa, numa análise acerca da extensão e direção dos trabalhos, responsabilidade do auditor e métodos utilizados, podemos delinear ainda a diferenciação entre ambas, da seguinte forma: Elementos Auditoria Externa Auditoria Interna Sujeito Profissional independente Auditor interno (funcionário da empresa) Ação e objetivo Exame das demonstrações contábeis Exame dos controles operacionais Finalidade Opinar sobre as demonstrações contábeis Promover melhorias nos controles internos Relatório principal Parecer Recomendações de controle interno e eficiência administrativa Grau de independên- cia Mais amplo Menos amplo Interessados no trabalho A empresa e o público em geral A empresa Responsabilidade Profissional, civil e criminal Trabalhista Número de áreas cobertas pelo exame durante um período Maior Menor Intensidade dos trabalhos em cada área Menor Maior 23 Auditoria IndependenteCapítulo 1 Continuidade do trabalho Periódico Contínuo Quadro 2 – Diferenças entre auditoria externa e auditoria interna Fonte: Crepaldi (2004, p.50). Embora sejam apresentadas essas diferenças entre a auditoria externa com a auditoria interna, a integração entre ambas é muito proveitosa para a empresa, especialmente nas questões relacionadas à avaliação dos controles internos. Franco e Marra (2001) destacam que é perfeitamente possível que os auditores externos e internos trabalhem em colaboração, programando em conjunto os serviços, de forma que ao auditor interno caibam todos os serviços analíticos, tais como levantamentos, verificação de contas, conciliações e, até mesmo, a revisão integral dos registros contábeis. Ao passo que ao auditor externo caberia conferir esses serviços, por amostragem e ao acaso, segundo seu próprio juízo. Nesse caso, o trabalho do auditor externo inicia onde termina o do auditor externo. Enfatizamos que, tanto para a auditoria interna quanto para a externa, os procedimentos de auditoria que ambas utilizam em seus trabalhos são similares, com o intuito de levantar evidências que sustentem seus relatórios ou parecer. Vamos estudar esses procedimentos de auditoria no item seguinte. Atividade de Estudos: 1) O auditor independente, durante a realização do seu trabalho de avaliação dos controles internos de uma empresa, pode utilizar trabalhos realizados pelos auditores internos da empresa auditada. Diante dessa afirmação, relacione dois exemplos da afirmação realizada e explique-os. ______________________________________________________ _______________________________________________________ _______________________________________________________ _______________________________________________________ _______________________________________________________ _______________________________________________________ _______________________________________________________ _______________________________________________________ _______________________________________________________ Embora sejam apresentadas essas diferenças entre a auditoria externa com a auditoria interna, a integração entre ambas é muito proveitosa para a empresa, especialmente nas questões relacionadas à avaliação dos controles internos. 24 Auditoria 2) Leia as afirmações abaixo e coloque “V” para afirmações verdadeiras e “F” para afirmações falsas: ( ) O principal objetivo do trabalho da auditoria interna é promover melhorias nos controles internos da empresa. ( ) O escopo dos trabalhos da auditoria independente é determinado pela administração da empresa contratante. ( ) São usuários do parecer dos auditores independentes: acionistas, investidores, sociedade. ( ) Um dos objetivos da auditoria independente é aumentar o grau de confiança nas demonstrações contábeis por parte dos usuários. ( ) Os métodos utilizados pelo auditor interno e pelo auditor externo são similares. ( ) A seção 700 das normas de auditoria no Brasil, agora em linha com as normas internacionais de auditoria, trata dos aspectos relacionados à evidência de auditoria. ( ) A CVM é uma entidade autárquica, vinculada ao Banco Central, com personalidade jurídica e patrimônio próprios, que regula as empresas de capital aberto no Brasil. ( ) As seções 300 e 400 tratam de aspectos relacionados à avaliação dos Riscos e Respostas aos Riscos Avaliados. Procedimentos de Auditoria Os procedimentos de auditoria constituem-se no conjunto de técnicas de que o auditor fará uso durante o trabalho de auditoria, para obter evidências adequadas que possam embasar ou dar sustentação à opinião que dará sobre as demonstrações contábeis auditadas. Nesse sentido, Attie (1998, p. 131) expõe que “o desempenho da atividade de auditoria requer, como em qualquer outra função, a utilização de ferramentas de trabalho que possibilitem formar uma opinião”. O autor elucida ainda que “cabe ao auditor identificar e atestar a validade de qualquer afirmação, aplicando os procedimentos adequados a cada caso, na extensão e profundidade que cada caso requer, até a obtenção de provas materiais que comprovem, satisfatoriamente, a afirmação analisada”. Os procedimentos de auditoria são os caminhos percorridos pelo auditor para se atingir o objetivo do trabalho. Assim podemos dizer que: O desempenho da atividade de auditoria requer, como em qualquer outra função, a utilização de ferramentas de trabalho que possibilitem formar uma opinião. 25 Auditoria IndependenteCapítulo 1 • Se o objetivo é verificar se documentos são hábeis e fidedignos, tem-se que aplicar o procedimento de análise documental; • Se o objetivo é verificar a existência de bens escriturados nos livros contábeis, tem-se que aplicar o procedimento de verificação in loco, ou seja, verificar fisicamente; • Se o objetivo é saber se o valor dos tributos registrados nos livros contábeis está correto, faz-se necessário aplicar o procedimento de conferência de cálculos. E assim, alinhado com o objetivo geral do trabalho de auditoria, o auditor deverá aplicar procedimentos pertinentes em cada etapa ou momento do trabalho, sempre tendo como parâmetro que esses procedimentos o ajudarão na emissão de sua opinião final. Até aqui, fizemos uma introdução aos procedimentos de auditoria. Na sequência, relacionamos alguns procedimentos de auditoria, destacados por Attie (1998):– exame físico; – confirmação ou circularização com terceiros; – exame de documentos originais; – conferências de somas e cálculos; – exames de escrituração; – inquérito (entrevista); – observação. A seguir, detalhamos cada procedimento de auditoria, para que você possa compreendê-los melhor. Para tanto, recorremos à abordagem de Attie (1998): a) Exame físico O exame físico consiste na verificação in loco do objeto auditado, com o intuito de constatar sua existência física. Attie (1998, p.133) destaca que é necessário observar as principais características na realização deste procedimento: a) identificação: comprovação através do exame visual do item específico a ser examinado; b) existência física: comprovação, através da constatação visual, de que o objeto ou item examinado realmente existe; c) autenticidade: poder de discernimento de que o item ou objeto examinado é fidedigno; d) quantidade: apuração das quantidades reais existentes 26 Auditoria fisicamente, somente se dando por satisfeito após apuração adequada; e) qualidade: exame visual de que o objeto examinado permanece em uso, não está deteriorado e merece fé. A contagem de caixa, a contagem de estoque e a contagem do ativo imobilizado são exemplos de verificações que utilizam o procedimento de exame físico. b) Confirmação ou circularização com terceiros A confirmação ou circularização com terceiros é o procedimento de auditoria, conforme preceitua Attie (1998, p. 134), que “implica a obtenção de declaração formal e imparcial de pessoas independentes à empresa e que estejam habilitadas a confirmar”. A obtenção de informações externas à empresa auditada, em muitos casos, se torna uma fonte mais confiável e sem viés do que utilizar de fontes internas da empresa. Porém, esse procedimento deve ser revestido de todo um cuidado, controle e habilidade por parte do auditor. O cuidado refere-se à seleção dos terceiros a quem serão enviadas as circularizações, aos cuidados de quem deverá ser enviado o processo de controle dos envios e dos retornos das respostas. Qualquer descuido pode invalidar o procedimento de auditoria aplicado, ou seja, os resultados obtidos com esse procedimento podem não inspirar confiança. Os tipos de circularização podem ser positiva ou negativa. O tipo positiva é quando “se faz necessária” a resposta da pessoa circularizada, ou seja, deve haver o retorno da resposta de maneira formal. Como exemplo, vejamos a circularização de um fornecedor: Blumenau, 15 de janeiro de 2010. Ao Fornece Mais Ltda Av. Sete de Setembro, 100 - Bairro Centro São Paulo – SP Senhores: A título de simples conferência e a pedido de nossos auditores, PK Auditores Independentes, aos quais confiamos a revisão dos 27 Auditoria IndependenteCapítulo 1 nossos livros, solicitamos a V.Sªs. a gentileza de confirmarem aos referidos auditores a composição de nossos saldos em 31 de dezembro de 2009, descrevendo o número da nota fiscal, a data, o vencimento e o valor. Solicitamos que sua resposta seja endereçada diretamente à Rua 15 de Novembro, 150, na cidade de Blumenau – SC. Atenciosamente, Empresa Brasil Ltda. Verifica-se no exemplo de circularização efetuado que não foram colocados ou anexados valores para que os circularizados confirmem ou façam as suas divergências. Esse tipo de circularização é do tipo positiva branca. Quando é anexada uma relação dos itens nas circularizações para que sejam confirmadas ou não, esse tipo de circularização é classificado como tipo positiva preta. O outro tipo de circularização, do tipo negativa, é utilizada somente quando a resposta por parte do circularizado for necessária em caso de divergência dos itens encaminhados na circularização para confirmação. Nesse sentido, a falta de confirmação pelo circularizado dá o entendimento de que os saldos estão corretos. Esse tipo não é muito utilizado, devido às possibilidades de falha que podem ocorrer, como: a circularização não chegar às mãos da pessoa correta, a pessoa esquecer de responder, o extravio no correio. Assim, o auditor, ao não ter o retorno, entenderia como os saldos questionados estarem corretos, o que pode não ser a verdade dos fatos. Durante a execução desse procedimento de auditoria é necessário um controle adequado dos papéis de confirmação. A esse respeito, Attie (1998, p. 135) comenta que “uma vez feita a seleção dos itens a serem confirmados, o auditor deve exercer controle rigoroso quanto ao despacho dos pedidos de confirmação e o efetivo recebimento das respostas”. Entre outras, o autor ainda destaca que as seguintes informações relativas ao procedimento de confirmação são de grande valia: • seleção criteriosa dos itens a serem confirmados; • redação concisa das cartas de pedidos de confirmação, com as datas determinadas como base para o procedimento de confirmação; • revisão detalhada, pelo auditor, quanto ao nome e endereço da pessoa selecionada, data-base do pedido de confirmação e as assinaturas autorizadas; Durante a execução desse procedimento de auditoria é necessário um controle adequado dos papéis de confirmação. 28 Auditoria • controle dos pedidos de confirmação a serem despachados; • envelopamento das circulares, colocação do envelope de retorno, selagem e postagem; • verificação das confirmações recebidas e despacho do 2º pedido para as não respondidas; • confirmação pessoal para os pedidos de confirmação não respondidos aos 1º e 2º pedidos; e • procedimento alternativo de verificação para as respostas não recebidas, através de 1º, 2º pedidos e de confirmação pessoal. Como exemplos de procedimentos de auditoria de confirmação, temos: a) confirmação com advogados, b) contas a receber, c) contas a pagar, d) empréstimos bancários. c) Exame de documentos originais É o procedimento de auditoria aplicado com o objetivo de comprovar as transações que, por exigências legais, comerciais ou de controle, são evidenciadas por documentos comprobatórios dessas transações. Attie (1998, p. 136) menciona que “as transações comerciais compreendem o repasse de propriedade de bens ou serviços prestados. Acompanha e atesta a idoneidade de sua realização, documentação hábil que é a base de inúmeras ocorrências contábeis, fiscais e legais”. Quando se trata de documentação hábil para fins de controle, o autor explana que “dentro da própria empresa existem transações que merecem também ser evidenciadas por documentação que forneça suporte contábil e de controle interno de sua realização”. (ATTIE, 1998). Ao realizar o exame dos documentos originais, o auditor deve observar diversos itens, conforme entende Attie (1998, p. 137): a) autenticidade: constatar se a documentação é fidedigna e merece crédito; b) normalidade: constatar que a transação refere-se à operação normal e de acordo com os objetivos da entidade; c) aprovação: verificação de que a operação e os documentos foram aprovados por pessoa autorizada; d) registro: comprovar que o registro das operações foi adequado, a documentação é hábil e houve correspondência contábil, fiscal, etc. Como exemplo do procedimento de documentos originais, temos a documentação da compra de estoques, documentação da compra de ativo imobilizado, documentação de requisição de materiais no almoxarifado, 29 Auditoria IndependenteCapítulo 1 documentação de apontamento de horas, etc. d) Conferências de somas e cálculos Esse procedimento de auditoria, apesar de sua simplicidade, é a única forma de verificar e testar a exatidão dos cálculos. Attie (1998) destaca que é um procedimento voltado para constatação e adequação das operações aritméticas e financeiras e que ele é simples e completo em si mesmo, porém se constitui na única forma de constatação dasvárias operações que envolvem somas e cálculos. É uma técnica amplamente utilizada nos trabalhos de auditoria, visto que as diversas operações registradas contabilmente são oriundas de algum cálculo. Ressaltamos que algum registro efetuado, advindo de algum cálculo incorreto, pode gerar distorções significativas nas demonstrações contábeis. Exemplos de procedimentos de auditoria de conferência de cálculo são: cálculo da depreciação dos bens do ativo imobilizado, cálculo dos juros pagos ou recebidos, cálculos dos encargos sobre a folha de pagamento, cálculo da distribuição dos lucros ou dividendos, etc. e) Exames de escrituração É o procedimento de auditoria utilizado para verificar se as informações contábeis registradas são verídicas, verdadeiras. Attie (1998) descreve que esse procedimento é utilizado para constatação da veracidade das informações contábeis e para o levantamento de análises, composições de saldos, conciliações, etc. Pela exposição do autor, partimos dos valores registrados nas demonstrações contábeis para verificações mais analíticas, como composições e conciliações. Ao fazer essa análise mais analítica, podemos verificar com maior propriedade se os valores constantes nas demonstrações contábeis são oriundos de transações consistentes, bem ordenadas e controladas. Como exemplo, podemos proceder ao exame da conta de fornecedores, a partir de seu saldo no balanço patrimonial. Suponhamos que o saldo contábil seja de R$ 50.000,00. Ao efetuar esse procedimento, constatamos que o saldo é composto de diversos fornecedores: Fornecedor A R$ 5.000,00 Fornecedor B R$ 10.000,00 É uma técnica amplamente utilizada nos trabalhos de auditoria, visto que as diversas operações registradas contabilmente são oriundas de algum cálculo. 30 Auditoria Fornecedor C R$ 8.000,00 Fornecedor D $ 27.000,00 Total dos Fornecedores R$ 50.000,00 Uma decomposição ainda é pertinente por fornecedor, por exemplo, do Fornecedor A: Nota fiscal de entrada 301 R$ 2.500,00 Nota fiscal de entrada 420/A R$ 1.250,00 Nota fiscal de entrada 420/B R$ 1.250,00 Total do Fornecedor “A” R$ 5.000,00 Attie (1998, p. 139) explica que “a conciliação de saldos tem por objetivo a obtenção de um saldo comum propiciado por diferenças existentes entre duas ou mais fontes de informação”. Por exemplo, a conciliação de fornecedores realizada pela contabilidade confrontando o relatório analítico das contas a pagar com o saldo da contabilidade. f) Inquérito O inquérito também se constitui num procedimento de auditoria muito recorrente nos trabalhos de um auditor, visto que, com frequência no decorrer dos trabalhos, o auditor efetua questionamentos ao auditado. Attie (1998, p. 140) explica que “o inquérito consiste na formulação de perguntas e obtenção de respostas satisfatórias. É um dos procedimentos de auditoria de grande valia, desde que corretamente aplicado”. Attie (1998, p.140) ressalta ainda que “o inquérito, como procedimento de auditoria, pode ser utilizado através de declarações formais, conversações normais ou sem compromisso”. Como toda constatação obtida por algum procedimento de auditoria, as respostas dadas pelos auditados devem ser trianguladas (confrontadas) com outros procedimentos de auditoria. Esta triangulação se faz importante ao aplicar o inquérito como procedimento, no que Attie (1998, p.141) alerta que, “geralmente, as entrevistas envolvem vários pontos de vista, e nem sempre aquilo que se quer saber é dito, sendo comum surgirem opiniões, filosofias, pontos de vista, meias verdades etc. Ao auditor interessam somente informações verdadeiras, baseadas em fatos reais e relevantes”. Como exemplo da aplicação do inquérito, temos os questionamentos sobre os procedimentos e controles internos, volume de compras, volume de horas O inquérito também se constitui num procedimento de auditoria muito recorrente nos trabalhos de um auditor, visto que, com frequência no decorrer dos trabalhos, o auditor efetua questionamentos ao auditado. 31 Auditoria IndependenteCapítulo 1 extras, etc. g) Observação O procedimento da observação é um dos mais aplicados em auditoria, utilizado a todo o momento pelo auditor. Attie (1998, p. 143) enfatiza que “a observação é a técnica indispensável à auditoria. Pode revelar erros, problemas ou deficiências através de exame, e é uma técnica dependente da argúcia, dos conhecimentos e da experiência do auditor, que, colocada em prática, possibilitará que sejam identificados quaisquer problemas no item em exame”. Nesse contexto, é importante ressaltar que trabalhos em setores ou áreas com maior complexidade na empresa devem ser executados por um auditor sênior ou por um gerente de auditoria, em virtude de suas experiências anteriores e pelo poder de observação, análise, síntese e senso crítico já desenvolvido com a prática em trabalhos anteriores. Podemos exemplificar a aplicação desse procedimento na observação de atendimento aos princípios de contabilidade, na observação de falhas na execução de contagem dos estoques, observação de possíveis contingências trabalhistas ou fiscais, etc. A utilização de um ou outro procedimento de auditoria deve estar alinhado a vários aspectos: os objetivos da auditoria, a época de realização da auditoria, a complexidade do objeto de auditoria. Dentre esses aspectos, é possível que um único procedimento de auditoria aplicado possa atender ao objetivo da auditoria; em outros, a utilização de diversos procedimentos dará essa condição. O período de realização dos trabalhos de auditoria também pode impactar na utilização dos procedimentos de auditoria. Nesse sentido, o planejamento dos trabalhos deve ser bem delineado, levando em conta os aspectos anteriormente enumerados, para que o trabalho possa ser realizado com vistas a suportar a opinião final do auditor. Se você quiser aprofundar seus conhecimentos, recomendo a leitura do artigo “Procedimentos de auditoria utilizados pelas empresas de auditoria independente estabelecidas em Santa Catarina”. O texto retrata uma pesquisa com as empresas de auditoria de Santa Catarina para identificar quais são os procedimentos de auditoria utilizados por elas nas diversas áreas de auditoria das empresas. Basta acessar o endereço a seguir: O procedimento da observação é um dos mais aplicados em auditoria, utilizado a todo o momento pelo auditor. 32 Auditoria http://www.unisinos.br/publicacoes_cientificas/images/stories/ Publicacoes/Basev3n1/art06_cunha_beiren_hein.pdf Atividade de Estudos: 1) Você já trabalhou ou trabalha numa empresa que é auditada por uma auditoria independente? Se sim, tente lembrar-se das auditorias e relacionar quais os procedimentos de que o auditor fez uso ao auditar sua área. ______________________________________________________ ______________________________________________________ ______________________________________________________ ______________________________________________________ ______________________________________________________ ______________________________________________________ ______________________________________________________ ______________________________________________________ 2) Procedimentos de auditoria são o conjunto de investigações técnicas feitas com o intuito de reunir conhecimentos e provas que possibilitem ao auditor formar uma opinião sobre o exame efetuado. Os procedimentos de auditoria mais utilizados são: a) Exame físico b) Circularizações/Confirmações Formais c) Exame da Documentação Original d) Conferência de Somas e Cálculos e) Exame da Escrituração f) Inquérito g) Observação 3) Dos procedimentos de auditoria elencados, identifique-os nas afirmações abaixo: ( ) É o procedimento de auditoria que se utiliza de questionamentos sobre o objeto deauditoria. 33 Auditoria IndependenteCapítulo 1 ( ) A solicitação aos bancos de todas as contas, saldos de contas, saldos de empréstimos, pessoas autorizadas a assinar pela entidade são exemplos desse tipo de procedimento de auditoria. ( ) É o procedimento de auditoria que contempla as seguintes características: quantidade, existência física, identificação, autenticidade e qualidade. ( ) É o procedimento usado pela auditoria para constatação da veracidade das informações contábeis, fiscais etc., além de possibilitar levantamentos específicos nas análises, composição de saldos e conciliações. ( ) A contagem de caixa e de estoque são exemplos da aplicação desse procedimento de auditoria. ( ) É a técnica amplamente utilizada que se volta à constatação da adequação aritmética das operações aritméticas. ( ) É um procedimento que terá maior eficiência quando o auditor possuir mais experiência, visto que ela ocorre a todo momento, pela identificação de quesitos importantes. Cruzamentos de informações são realizados quando percebidos e observados tais fatos. ( ) É o procedimento de auditoria que faz a verificação documental que comprove transações comerciais ou de controle. ( ) A solicitação ao advogado dos processos que a entidade possui se constitui neste tipo de procedimento de auditoria. 4) Uma empresa exportadora apresentou em seu balanço um valor elevado de despesas de viagens. Para tanto, os auditores independentes selecionaram essa conta para a realização de testes de auditoria. Que procedimentos de auditoria os auditores poderão fazer uso para a realização da auditoria da conta de despesas de viagens? ______________________________________________________ ______________________________________________________ ______________________________________________________ ______________________________________________________ ______________________________________________________ ______________________________________________________ ______________________________________________________ 34 Auditoria Papéis de Trabalho O trabalho de auditoria deve ser todo documentado, para que o auditor tenha seu parecer suportado pelas evidências constatadas. Essa documentação que o auditor reúne, por meio de seu trabalho, é chamada de papéis de trabalho. Crepaldi (2004, p. 288) menciona que “o auditor deve documentar, através dos papéis de trabalho, todos os elementos significativos dos exames realizados e que evidenciam ter sido a auditoria executada de acordo com as normas aplicáveis”. O autor menciona ainda que “um papel de trabalho é qualquer registro que o auditor faz de seu trabalho, ou de material que ele encontra, a fim de consubstanciar seu parecer”. Crepaldi (2004) destaca, com muita propriedade, que os papéis de trabalho devem ter abrangência e grau de detalhe suficiente para propiciar o entendimento e o suporte de auditoria executada, compreendendo a documentação do planejamento, a natureza, oportunidade e extensão dos procedimentos de auditoria, bem como o julgamento exercido pelo auditor e as conclusões alcançadas. Assim, segundo Atiie (1998), Almeida (2003), Crepaldi (2004), os objetivos dos papéis de trabalho são: • reunir evidências e provas necessárias para suportar o parecer do auditor; • auxiliar o auditor na execução de seus exames; • facilitar a revisão por parte do auditor responsável, para que ele assegure-se de que o serviço foi efetuado de forma correta; • ajudar no trabalho da próxima auditoria (um conjunto de papéis de trabalho bem preparados serve de guia na auditoria do outro exercício social, contribuindo para que ela seja conduzida de forma mais eficiente); • servir de base de estudo e planejamento para a próxima auditoria; • melhorar o planejamento e na execução da próxima auditoria; • facilitar a revisão; • contribuir na avaliação dos atributos dos auditores da equipe em relação à competência em assuntos de auditoria, percepção de organização e sistematização e habilidade no planejamento e execução do trabalho de auditoria. Um papel de trabalho é qualquer registro que o auditor faz de seu trabalho, ou de material que ele encontra, a fim de consubstanciar seu parecer. 35 Auditoria IndependenteCapítulo 1 Os papéis de trabalho são elaborados pelos auditores e são de propriedade exclusiva do auditor, embora sua constituição ocorra com base em documentos e relatórios da empresa auditada. Parte dos papéis de trabalho pode ser constituída com documentos entregues pela empresa, como: balancetes, demonstrações contábeis, cópias de atas, estatutos e contratos, relatórios e listagens internas. Nesse sentido, cabe ao auditor verificar a veracidade desses documentos entregues pela empresa auditada. É importante ressaltar que a elaboração de papel de trabalho deve considerar os seguintes aspectos, conforme destaca Crepaldi (2004, p. 291): a) concisão: os papéis de trabalho devem ser concisos, de forma que todos entendam sem a necessidade de explicações da pessoa que os elaborou; b) objetividade: os papéis de trabalho devem ser objetivos, de forma que se entenda aonde o auditor pretende chegar; c) limpeza: os papéis de trabalho devem ser elaborados de forma lógica de raciocínio, na sequência natural do objetivo a ser atingido; d) completos: os papéis de trabalho devem ser completos por si só. Os principais tipos de papéis de trabalho são: Figura 1- Tipos de papéis de trabalho Fonte: Adaptado de Almeida (2003, p. 89-90). Os papéis de trabalho são elaborados pelos auditores e são de propriedade exclusiva do auditor. 36 Auditoria Quanto à natureza dos papéis de trabalho, podem ser de natureza permanente ou de natureza corrente, como bem ilustra a figura 2: Figura 2 - Natureza dos papéis de trabalho Fonte: Adaptado de Almeida (2003, p. 90). Conforme a concepção de Almeida (2003), algumas técnicas básicas devem ser observadas pelos auditores na elaboração dos papéis de trabalho: • os papéis de trabalho devem, sempre que possível, ser escriturados a lápis (preto) a fim de facilitar possíveis alterações durante a execução do serviço, principalmente em função de revisões mais experientes. Atualmente, a maioria dos auditores já elabora seus papéis de trabalho no computador; • na parte superior do papel de trabalho deve ser colocado o nome da entidade auditada, a data-base do exame, área; • o verso da folha do papel de trabalho não é utilizado; • devem ser convencionados os tiques ou símbolos que serão utilizados nos papéis de trabalho. A seguir, enumeramos alguns exemplos: Quanto à natureza dos papéis de trabalho, podem ser de natureza permanente ou de natureza corrente. 37 Auditoria IndependenteCapítulo 1 • evitar a utilização de muitos tiques num papel de trabalho; • o auditor pode utilizar o sistema de notas para dar explicações necessárias aos papéis de trabalho; • somente elaborar papéis de trabalho que tenham um fim útil; • as informações nos papéis de trabalho devem limitar-se aos dados necessários; • os comentários devem ser sucintos e com redação clara e compreensível; • a forma de apresentação e o conteúdo dos papéis de trabalho devem permitir que uma pessoa que não participou do serviço de auditoria possa compreendê-los de imediato; • os papéis de trabalho devem indicar as conclusões alcançadas. Durante a realização dos trabalhos de auditoria ocorre também a revisão dos papéis de trabalho pelos supervisores e gerentes de auditoria, principalmente quando o trabalho for executado por assistentes. Almeida (2003, p. 94) menciona que “o objetivo principal da revisão dos papéis de trabalho é garantir que o serviço foi executado de acordo com as normas de auditoria geralmente aceitas”. O autor destaca ainda os seguintes pontos relacionados à revisão dos papéis de trabalho: • os papéis de trabalho devem tera assinatura e a rubrica de quem os preparou e de quem os revisou; • a revisão deve ser efetuada conforme as etapas da auditoria definidas no planejamento forem finalizadas. Se os papéis de trabalho não estão adequados, ou foram omitidos procedimentos importantes de auditoria, o revisor deve tomar notas em folhas à parte. Essas folhas são utilizadas como guias pelos auditores para complementação do trabalho; • na revisão dos papéis de trabalho deve-se observar se todos os programas de auditoria foram completados e assinados; • observar se as falhas de controle interno foram consideradas no escopo do exame; • verificar se as análises específicas foram adequadamente preparadas, ou seja, se definem, com clareza, natureza, extensão e datas de procedimentos de auditoria. Durante a realização dos trabalhos de auditoria ocorre também a revisão dos papéis de trabalho pelos supervisores e gerentes de auditoria, principalmente quando o trabalho for executado por assistentes. 38 Auditoria Para conhecer modelos de papéis de trabalho, sugiro a leitura dos capítulos denominados papéis de trabalho das seguintes obras: - ALMEIDA, Marcelo Cavalcanti. Auditoria: um curso moderno e completo. 6. ed. São Paulo:, 2003; - ATTIE, W. Auditoria: Conceitos e Aplicações. 3 ed. São Paulo: Atlas, 1998. Vejamos um exemplo de um papel de auditoria na área dos estoques: Figura 3 – Modelo de papel de trabalho: área dos estoques Fonte: Elaborado pelos autores. 39 Auditoria IndependenteCapítulo 1 É importante destacar que a utilização de símbolos e sinais, bem como a amarração dos papéis de trabalho devem ser padronizadas pelas empresas de auditoria, para facilitar a leitura e entendimento dos diferentes auditores. Isso é importante, pelo fato de que os membros de uma equipe de auditoria podem não dar continuidade aos trabalhos anteriores e assim não causar prejuízo de entendimento do trabalho já realizado e das constatações obtidas. Atividade de Estudos: 1) O objetivo principal dos papéis de trabalho é: ( ) Ajudar a empresa auditada no fechamento das demonstrações contábeis. ( ) Contribuir para o auditor independente elaborar as demonstrações contábeis conforme a Lei 11.638/07. ( ) Reunir evidências necessárias para dar sustentação ao parecer do auditor. ( ) Identificar para a contabilidade se o fluxo de informações na empresa transcorre adequadamente. 2) Dos itens abaixo, qual representa um papel de trabalho permanente? ( ) Conciliação bancária ( ) Relação da contagem de estoques ( ) Cópia da Ata do Conselho de Administração ( ) Cópia da relação de clientes em aberto 3) Dos itens abaixo, qual representa um papel de trabalho corrente? ( ) Cópia da alteração do contrato social ( ) Cópia dos contratos de financiamentos ( ) Cópia da relação de fornecedores em atraso ( ) Cópia da Ata do Conselho de Administração 4) Os papéis de trabalho são documentos que devem ficar em poder: A utilização de símbolos e sinais, bem como a amarração dos papéis de trabalho devem ser padronizadas pelas empresas de auditoria, para facilitar a leitura e entendimento dos diferentes auditores. 40 Auditoria ( ) Da área auditada ( ) Da diretoria da empresa auditada ( ) Do Conselho Regional de Contabilidade ( ) Do auditor independente ou da empresa de auditoria independente 5) Um dos objetivos de codificar e referenciar os papéis de trabalho é: ( ) Facilitar de imediato a identificação das informações pela equipe de auditoria. ( ) Avaliar os auditores. ( ) Perceber o poder de síntese dos auditores. ( ) Treinar os auditores assistentes. Algumas Considerações Ao final deste capítulo podemos verificar que nossos objetivos iniciais foram atingidos ao conhecermos o conceito, objetivos e as normas de auditoria. Verificamos que as normas relacionadas com a auditoria tiveram mudanças no exercício de 2009 para nos adequarmos às normas internacionais de auditoria. Também verificamos neste capítulo qual o papel do Conselho Federal de Contabilidade e da Comissão de Valores Mobiliários em relação à auditoria. Também identificamos as diferenças relacionadas entre a auditoria interna e a auditoria externa numa análise acerca da extensão e direção dos trabalhos, responsabilidade do auditor e métodos utilizados. Por fim, verificamos os diferentes procedimentos de auditoria, bem como os papéis de trabalho, que são aspectos observados em um trabalho de auditoria. Os procedimentos de auditoria num contexto de demonstrar as ações tomadas pelos auditores na realização dos testes efetuados, e os papéis de trabalho, como forma de documentar os procedimentos realizados e sustentar o parecer do auditor. No que diz respeito à Auditoria, percorremos um bom caminho. Estudamos os principais conceitos e objetivos relacionados com a Auditoria. Paralelamente, vimos quais são as normas que regulamentam esta área da contabilidade e percebemos que o Brasil se encontra em um processo de convergência às normas internacionais de auditoria e que, a partir de 1º de janeiro de 2010, as 41 Auditoria IndependenteCapítulo 1 novas normas já terão validade. Avançamos neste capítulo, com o estudo dos procedimentos de auditoria e com os papéis de trabalho. São dois tópicos importantes que estão presentes durante todo um processo de auditoria. No próximo capítulo caminharemos sobre assuntos ligados à execução dos trabalhos de auditoria, bem como ao relatório de opinião dos auditores em relação às demonstrações contábeis. Referências ALMEIDA, M. C. Auditoria: um curso moderno e completo. 6. ed. São Paulo: Atlas, 2003. ATTIE, W. Auditoria: conceitos e aplicações. 3. ed. São Paulo: Atlas, 1998. BOYNTON, C. W.; JOHNSON, R.N.; KELL, W.G. Auditoria. São Paulo: Atlas, 2002. BRASIL. Decreto-Lei nº 9.295, de 27 de maio de 1946. Cria o Conselho Federal de Contabilidade, define as atribuições do Contador e do Guarda- livros e dá outras providências. Disponível em: <http://www.cfc.org.br/conteudo. aspx?codMenu=51>. Acesso em: 09 maio 2010. BRASIL. Lei 6.404, de 15 de dezembro de 1976. Dispõe sobre as sociedades por ações. Disponível em: < http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/ L6404consol.htm>. Acesso em: 09 maio 2010. CONSELHO FEDERAL DE CONTABILIDADE. Resolução 986, de 21 de novembro 2003. Aprova a NBC T 12 – Da Auditoria Interna. Disponível em: <http://www.cfc.org.br/sisweb/sre/docs/RES_986.doc> Acesso em: 30 jul. 2010. COMISSÃO DE VALORES MOBILIÁRIOS. A CVM. Disponível em: <http://www. cvm.gov.br/ indexpo.asp>. Acesso em: 09 maio 2010. COMISSÃO DE VALORES MOBILIÁRIOS. Instrução CVM 308, de 14 de 42 Auditoria maio de 1999. Dispõe sobre o registro e o exercício da atividade de auditoria independente no âmbito do mercado de valores mobiliários, define os deveres e as responsabilidades dos administradores das entidades auditadas no relacionamento com os auditores independentes, e revoga as Instruções CVM nos 216, de 29 de junho de 1994, e 275, de 12 de março de 1998. COMISSÃO DE VALORES MOBILIÁRIOS. Lei nº 6.385, de 7 de dezembro de 1976. Dispõe sobre o mercado de valores mobiliários e cria a Comissão de Valores Mobiliários. Disponível em: < http://www.cvm.gov.br/indexpo.asp>. Acesso em: 09 mai. 2010. CONSELHO FEDERAL DE CONTABILIDADE. Resolução CFC 1.203, de 27 de novembro de 2009. Aprova a NBC TA 200: objetivos gerais do auditor independente e a condução da auditoria em conformidade com normas de auditoria. CREPALDI. S.A. Auditoria contábil: teoria e prática. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2004. FRANCO, Hilário; MARRA, Ernesto. Auditoria contábil. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2001. IBRACON – Instituto dos Auditores Independentes do Brasil. Novas normas brasileiras de auditoria devem ser aplicadas a partir de 2010. 2009. Disponível em: <http://www.ibracon.com.br/noticias/destaque. asp?identificador=3617>. Acesso em: 30jul. 2010. SOUZA, Natólio de. Auditoria e gestão, aliança na evolução dos negócios. Gazeta Mercantil. São Paulo, 23 ago. 1999. Caderno D, p. 2. CAPÍTULO 2 Execução dos Trabalhos de Auditoria e Relatório dos Auditores A partir da concepção do saber fazer, neste capítulo você terá os seguintes objetivos de aprendizagem: 9 Entender o planejamento da auditoria. 9 Conhecer a forma de execução da auditoria e os cuidados nas avaliações por meio de avaliação dos controles internos e aplicação de procedimentos de auditoria. 9 Conhecer e diferenciar os diferentes tipos de pareceres de auditoria. 44 Auditoria 45 Execução dos Trabalhos de Auditoria e Relatório dos AuditoresCapítulo 2 Contextualização No capítulo anterior estudamos o conceito e os objetivos da auditoria independente e mostramos sua diferença relacionada à auditoria interna. Abordamos ainda sobre dois tópicos importantes: procedimentos de auditoria e papéis de trabalho. Neste capítulo avançaremos nos aspectos relacionados à execução dos trabalhos de auditoria. Assim, estudaremos aspectos importantes neste contexto: o planejamento de auditoria, a avaliação dos controles internos e a aplicação dos procedimentos de auditoria. Por fim, como resultado final de um trabalho de auditoria, cabe a nós fecharmos este ciclo com os relatórios dos auditores independentes. Ressalta-se que o estudo deste capítulo contribuirá para avançarmos na disciplina de auditoria nos capítulos que abordarão a auditoria em processos de negociação de empresas e auditoria fisco-tributária. Um bom planejamento é essencial para qualquer atividade que executamos em nossas vidas. No trabalho de auditoria não é diferente. Este planejamento é um processo que deve ser elaborado por um auditor experiente e deve ser divulgado e discutido com a equipe de auditores que realizarão os trabalhos de campo. Um planejamento adequado é importante para a fase de execução dos trabalhos do auditor. Com base nesse planejamento o auditor terá um direcionamento quanto às áreas mais sensíveis da empresa e que por consequência demandam uma maior atenção pelos mesmos. Porém, o planejamento pode ser revisto em qualquer fase da auditoria, desde que seja necessário redirecionamento do trabalho mediante novos fatos identificados no decorrer dos testes de auditoria realizados. Desta forma, com um planejamento bem elaborado, o processo da auditoria, por meio da avaliação dos controles internos e dos procedimentos de auditoria aplicados, tende a ser conduzido de forma a atender aos objetivos propostos pelos auditores. Nesse sentido, este capítulo se justifica na medida em que em todo trabalho de auditoria se faz necessário um planejamento adequado, com aplicação de procedimentos de auditoria oportunos e condizentes, tanto na avaliação dos controles internos como na avaliação dos saldos das demonstrações contábeis, para contribuir na opinião final do auditor, por meio de seu parecer de auditoria. Vejamos então como estes tópicos se relacionam!!! 46 Auditoria Planejamento de Auditoria O planejamento de um trabalho de auditoria é o primeiro passo para que se obtenha sucesso com a auditoria das demonstrações contábeis. Almeida (2003. p. 154) descreve a importância do planejamento de auditoria ao expor que “planejar significa estabelecer metas para que o serviço de auditoria seja de excelente qualidade e ao menor custo possível”. Percebam dois aspectos destacados pelo autor: qualidade e baixo custo. Quem contrata um trabalho de auditoria independente busca a qualidade intrínseca deste profissional e a um custo compatível com o trabalho. Para que ambos sejam alcançados, qualidade e baixo custo, um adequado planejamento se faz necessário para que recursos sejam utilizados da forma mais otimizada possível. Crepaldi (2004, p. 334) enfatiza que: o planejamento correto de um serviço de auditoria compreende a preparação de um plano de auditoria, o desenvolvimento de um programa de auditoria e a compilação de uma previsão de horas de trabalho, assim como a seleção dos auditores e a distribuição dos serviços entre eles. O planejamento de auditoria é norteado pela Resolução do CFC nº 1.211/09 que aprova a Norma Brasileira de Contabilidade NBC TA 300 – Planejamento da Auditoria de Demonstrações Contábeis. Esta norma trata da responsabilidade do auditor no planejamento da auditoria das demonstrações contábeis. A Resolução do CFC nº 1.211/09 discorre que o planejamento da auditoria envolve a definição de estratégia global para o trabalho e o desenvolvimento de plano de auditoria e enfatiza que um planejamento adequado é benéfico para a auditoria das demonstrações contábeis sob várias maneiras, como: a) auxiliar o auditor a dedicar atenção apropriada às áreas importantes da auditoria; b) auxiliar o auditor a identificar e resolver tempestivamente problemas potenciais; c) auxiliar o auditor a organizar adequadamente o trabalho de auditoria para que seja realizado de forma eficaz e eficiente; d) auxiliar na seleção dos membros da equipe de trabalho com níveis apropriados de capacidade e competência para responderem aos riscos esperados e na alocação apropriada de tarefas; e) facilitar a direção e a supervisão dos membros da equipe de trabalho e a revisão do seu trabalho; f) auxiliar, se for o caso, na coordenação do trabalho realizado por outros auditores e especialistas. O planejamento de um trabalho de auditoria é o primeiro passo para que se obtenha sucesso com a auditoria das demonstrações contábeis. 47 Execução dos Trabalhos de Auditoria e Relatório dos AuditoresCapítulo 2 Um planejamento de auditoria das demonstrações contábeis não será igual em todos os trabalhos de auditoria. Nesse sentido, a Resolução do CFC nº 1.211/09 expõe que a natureza e a extensão das atividades de planejamento irão variar conforme: • o porte e a complexidade da entidade; • a experiência anterior dos membros-chave da equipe de trabalho com a entidade; • as mudanças nas circunstâncias que ocorrem durante o trabalho de auditoria. Já sabemos da importância de um bom planejamento de auditoria e que o planejamento é diferenciado por empresa. Mas quem é o responsável por planejar a auditoria? O planejamento não ocorre pela ação de uma única pessoa. O planejamento deve envolver o sócio responsável pelo trabalho de auditoria e outros membros-chave da equipe de trabalho. Estes devem efetuar propriamente o planejamento de auditoria, bem como, discuti-lo com os membros da equipe de auditoria que irão realizar o trabalho de campo. Com o planejamento, o auditor obterá um plano de auditoria, que deve ser desenvolvido por meio de uma estratégia global de auditoria que defina o alcance, a época e a direção da auditoria. O quadro 3 destaca o que o auditor deve definir como estratégia global no momento do planejamento da auditoria. ESTRATÉGIA GLOBAL DO PLANEJAMENTO DE AUDITORIA → Identificar as características do trabalho para definir o seu alcance; → Definir os objetivos do relatório do trabalho de forma a planejar a época da auditoria e a natureza das comunicações requeridas; → Considerar os fatores que no julgamento profissional do auditor são significativos para orientar os esforços da equipe do trabalho; → Considerar os resultados das atividades preliminares do trabalho de auditoria e, quando aplicável, se é relevante o conhecimento obtido em outros trabalhos realizados pelo sócio do trabalho para a entidade; e O planejamento não ocorre pela ação de uma única pessoa. O planejamento deve envolver o sócio responsável pelo trabalho de auditoria e outros membros- chave da equipe de trabalho. Um planejamento de auditoria das demonstrações contábeis não será igual em todos os trabalhos de auditoria. 48 Auditoria → Determinar a natureza,
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